VIA DE ACESSO TRANSPERITONEAL
E
RETROPERITONEAL
EM CIRURGIA
DE
AORTA.
COMPARA<
:
Ao
DE RESULTA
-DOS.
Orlando Caetano Junior • Ricardo S. M. Oliveira• Paulo Eduardo G. Braga••
Wolfgang G. W. Zorn •••
Bonno van Bellen•••
Apesar do primeiro acesso cirurgico
a
aorta ter sido feito por via retroperitoneal, a abordagem transperitoneal por incisao xifo-pubica passou a seramais habitualmente utilizada. Mais recentemente voltou aser demonstrado in-teresse pela via de acesso retroperitoneal. Isto se deveu ao pressuposto de que anao-abertura da cavidade peritoneal pudesse favorecer a recuperac;ao pos-operatoria do pa-ciente.
Com0objetivo de avaliar os dois tip os de acesso, 43
pacientes submetidos a cirurgia de aorta por via
transperitoneal foram comparados com outros 41
submetidos a cirurgia por via retroperitoneal. Os dois
grupos eram semelhantes quanto ao sexo,
a
idade,a
in-dicac;ao da cirurgia e aos fatores de risco. Foram estudados 0tempo de cirurgia, anecessidade de reposic;ao de sangue e cristaloides, 0 tempo de entubac;aoendotra-queal pos-o,peratoria, 0 tempo de retorno da func;ao in-testinal, 0 inrcio da deambulac;ao e 0 tempo de per-manencia hospitalar pos-operatorio.
Os resultados mostraram significativa diminuic;ao do tempo cirurgico quando 0 procedimento era um enxerto
aorto-aortico. Nao houve diferenc;a no tempo cirurgico quando 0 procedimento cirurgico era urn enxerto aorto-bifemoral. Observou-se significativa diminuic;ao da necessidade de reposic;ao de cristaloides nos casos abor-dados por via retroperitoneal,- 0 que nao aconteceu na reposic;ao de sangue. Houve diminuic;ao do tempo de en
-tUbac;ao pos-operatorio, diminuic;ao do tempo de retorno da func;ao intestinal, diminuic;ao do tempo de retomada da deambulac;ao. Apesar desses aspectos, nao houve diminuic;ao significativa do tempo de permanencia hospitalar.
A via de acesso retroperitoneal apresenta, portanto, vantagens no curso pos-operatorio dos .pacientes, em relac;ao
a
via transperitoneal. Sua indicac;aoe
mais formal em situac;oes de alto risco e no assim chamado abdome hostil.E
necessario, no entanto, que 0 cirurgiao adquira familiaridade com 0 procedimento, uma vez que alguma dificuldade tecnica sera encontrada no infcio da ex-periencia.Em alguns cas os de patologia intra-abdominal associada e na eventualidade de ser necessario abordar a
arteria renal direita e/ou a arteria iffaca direita, a
preferencia deve ser pela via transperitoneal de acesso
a
aorta.Trabalho realizado no &rvico de Cirurgia Vascular do Hospital da Beneficencia Portuguesa de SaoPaulo.
• Estagiario do Servic;:o •• Assistente do &rvic;:o ••• Responsavel pelo Servic;:o.
Desde que a reconstruc;ao da aorta abdominal, seja por doenc;a aneurismatica ou oclusiva, se tornou urn pro-cedimento de rotina, a via de acesso mais utilizada tern si
-do a transperitoneal, atraves da incisao xifo-pubica media-na,embora as primeiras abordagens a aorta ten ham sido realizadas por via retroperitoneal na epoca moderna por Leriche, Oudot eDubost9,22, que foi inicialmente realiza-da em 1796 por Abernethy e primeiramente descrita em 1808 por Cooper22. A penetrac;ao da cavidade peritoneal nesta epoca que antecede a modernas tecnicas de aneste-sia e de controle da infecc;ao cirurgica era motivo de gran-de morbi-mortalidagran-de, sendo esta a motivac;ao para seu uso.
o
interesse pela utilizac;ao da via retroperitonealco-mo rotina foi novamente despertado em 1963 devido a ex-tensa experiencia pessoal de Robl? Desde entao, diversos relatos favoraveis tern surgido, mostrando melhora da qualidade do pOs-operat6rio da.cirurgia deaorta. Oobjeti-vo do trabalho e comparar as duas vias de acesso visando a determinac;ao de eventuais diferenc;as de evoluc;ao p6s-operat6ria, nao sendo considerados por esta razao os pa-cientes que evoluiram a 6bito, que de qualquer maneira ocorreram sem diferenc;a estatistica significativa nos do is grupos e por causas nao atribuiveis a incisao per si.
Com relac;ao as incisoes, utilizou-se na via trans peri to-neal a incisao xifo-pubica mediana, como classicamente utilizadall. Na via retroperitoneal utilizou-se a incisao descrita originalmente por Robl?, sendo realizadas modifi-cac;5esquanta asua altura e quanta a abordagem do mus-culo reto abdominal esquerdo. Os pacientes, submetidos a anestesia geral, sao posicion ados de maneira que 0quallril esquerdo tenha angulo de 30° e 0 t6rax angulo de 60°
em relac;ao a mesa cirurgica, ficando 0 membro superior esquerdo posicionado de maneira semelhante a de uma toracotomia esquerda, por cima da cabec;a. A mesa e elevada no seu centro e suas porc;oes superior e inferior sao abaixadas, ficando 0paciente na forma de urn V
in-vertido. A incisao e feita da linha mediana, a
aproximada-mente 3 centimetros abaixo da cicatriz umbilicai, em di-rec;ao do 99 OU 109 espac;o intercostal ate a linha axilar an-terior, podendo ser mais alta, conforme 0nivel da aorta
que se deseje abordar. A aponeurose obliqua externa e as
bainhas do musculo reto abdominal esquerdo saD seccio-nadas com bisturi e0 musculo reto abdominal e retraido para a direita, sendo seccionado apenas nos casos em que e necessaria maior dissecc;ao das arterias iliacas. Os mus-culos obliquo externo e interno sao seccionados com bis-turi etetrico, sendo 0musculo transverso preferencialmen-te divulsionado. Embora no inicio da experiencia tivesse sido feita ressecc;ao costal, esta mostrou-se desnecessaria. Aberta a fascia transversalis, e feito 0descolamento do sa-co peritoneal em todos os sentidos, sendo rebatido para 0
lado direito do paciente. Principalmente nas abordagens mais altas a -,aorta, feitas por toraco-freno-Iaparotomia, e necessaria a luxac;ao do rim esquerdo.
0
clampeamento ao nivel supra-celiaco e realizado atraves de divulsao do pilarVIA TRANSPERITONEAL
ANEURISMA D. OCLUSIV A
pon;ao postero-IateraI
6.Ap&
0termino do procedimento
,
e realizada drenagem de rotina por dreno tubular
multi-perfurado que e retirado apos 24 horas, visando a
monito-riza<.;aode eventual sangramento
.
0 fechamento
e feito
por pianos, com uso de fio inabsorvivel para as por<.;oes
aponeuroticas
e pele, e fio absorvivel para os demais
pia-nos.
Com rela<.;aoa popula<.;ao estudada
,
foram abordados
84 pacientes no periodo de 1988 a 1991
.
A via
transperito-neal tern computados
43 pacientes
,
sendo 23 portadores
de aneurisma, com 20 pacientes do sexo masculino e 3 do
feminino e 20 porta do res de doen<.;aoclusiva
,
com 18
pa-cientes do sexo masculino e 2 do feminino. As medias de
idade para ambos os sexos foi de 63 anos. Na via
retroperi-toneal, com 41 pacientes, 22 sao portadores de aneurisma,
divididos em 18 pacientes do sexo masculino e 4 do
femi-nino e 19 portadores de doen<.;aoclusiva, divididos em 16
pacientes do sexo masculino e 3 do feminino. As medias
de idade para os sexos mascu1ino e feminino foram de,
res-pectivamente,
62 e 58 anos (Tabela ll.
Foram considerados, na via trans peritoneal, 67% dos
pacientes como tendo indica<.;aosimples. Representam
op-<.;aoobrigatoria para a via
0acesso a arteria iliaca direita
(19%), a necessidade de associa<.;ao com outros
procedi-mentos, representados
principa1mente
pela
colecistecto-mia (12%) e
0acesso a arteria renal direita (2%). Na via
retroperitoneal,
78 % dos pacientes foram de indica<
.
;ao
simples e as op<.;oesobrigatorias foram a presen<.;ade
cirur-gia abdominal
anterior
(12 %) e a presen<.;a de doen<.;a
supra-renal e de DPOe
(com 5% cada -
Tabela 2).
Quanto as patologias associadas, foi estudada a
pre-sen<.;ade diabetes mellitus, de insuficiencia coronariana,
de insuficiencia renal, de hipertensao arterial e de DPOe
,
observando-se que os grupos nao diferiam
estatisticamen-te em nenhuma das patologias
.
Destaca-se a alta
inciden-cia de insuficieninciden-cia coronariana
e de hipertensao arterial
nos dois grupos (Tabela 3).
Para compara<
.
;ao dos resultados obtidos foi utilizado
o teste "Student" no nivel de significancia 0,05.
Nas duas vias de aces so foram estudados
0tempo
ci-rurgico das principais interven<.;oes realizadas, a reposi<.;ao
de liquidos nas primeiras 24 horas de pos-operatorio,
0tempo de extuba<.;ao,
0retorno a normalidade das fun<.;oes
do aparelho digestivo,
0inicio da deambula<.;ao e
0tempo
de permanencia
hospitalar pos-operatorio.
Obtiveram
di-feren<.;a significativa em favor da via retroperitoneal
as
medias de tempo do enxerto aorto-aortico, da reposi<.;aode
VIA RETROPERITONEAL IDA-DE ANEURISMA IDA-DE 62 (X) 58 (X) VIA TRANSPERITONEAL Simples - 67f1Jo Acesso iI iliaca D - 19f1Jo Procedimento associado - 12f1Jo Acesso iI renal D - 2f1Jo Tabela 2:Motivo da op~ao
VIA RETROPERITONEAL Simples - 78f1Jo
Cirurgia abdominal anterior - 12f1Jo Doen~a supra-renal - Sf1Jo DPOC - 5f1Jo TRANSPERITONEAL RETROPERITONEAL Insuf. coronariana 44f1Jo 37f1Jo Insuf. renal 02f1Jo 05f1Jo Hipertensao art. 54f1Jo 63f1Jo Diabetes 12f1Jo 15f1Jo DPOC 02070 05f1Jo
*p 0,05 - Analise de propor~oes: Teoria das grandes amostras Tabela 3: Doen~as associ ad as*
cristaloides, do tempo de extuba<
.
;ao
,
do retorno dos ruidos
hidro-aereos, do reinicio da dieta e da deambula<.;ao
(Tabe-las 4 a 8).
As complica<.;oes foram divididas em locais e gerais.
Na incisao retroperitoneal
as complica<.;oes locais mais
fre-quentes foram
0hematoma, em 12% dos casos, que nao
necessitou de tratamento
especifico, e hernia incisional,
em 5% dos casos. As complica<.;oes sistemicas tiveram
pre-dominancia da insuficiencia renal, em 7% dos casos
,
sen-do os tres pacientes submetisen-dos a clampeamento
supra-renal
(urn paciente
portador
de
aneurisma
toraco-abdominal,
urn com aneurisma
supra-renal
e urn com
pseudaneurisma).
Nenhum paciente necessitou de dialise
e todos obtiveram retorno da fun<.;ao renal aos niveis
pre-operatorios
.
Outras compli<
.
;oes,com urn caso cada, foram
trombose venosa profunda, infec<.;aosuperficial de
ingui-notomia, atelectasia eAVe,
todos com resolu<.;ao total.
Urn paciente teve oclusao de enxerto aorto-bifemoral
por
falta de fluxo distal, evoluindo com amputa<.;ao bilateral.
Na incisao transperitoneal
a complica<
.
;ao geral mais
freqiiente foi a insuficiencia respiratoria, em 7% dos casos
e sendo urn paciente DPOe, seguida de insuficiencia
car-diaca congestiva e insuficiencia renal
,
com 5% cada.
So-mente urn paciente teve clampeamento
supra-renal.
Ou-tras complica<.;oesforam hemorragia digestiva aHa eAVe,
com urn caso cada. Urn paciente teve oclusao de enxerto
aorto-iliaco,
sendo submetido
a enxerto
aorto-femoral
com boa evolu<.;ao.A complica<.;ao local mais freqiiente foi
a eviscera<.;ao(9% dos casos), sendo que todos os pacientes
foram submetidos a novo procedimento
cirurgico para a
re
s
sutura. Outra complica<.;ao foi
0seroma
,
em 5% dos
ca-sos (Tabela 9).
DIseussAo
TRANSPERITONEAL RETROPERITONEAL Tabela 4: Tempo cirurgico
ENX. AORTO-BIFEMORAL n = 28 x = 252 min n = 19 x = 266 min ENX. AORTO-AORTICO (*) n= 10 x=228 min n=16 x=180 min (*) p 0,05
SANGUE X= 1382 ml X= 1122 ml CRIST ALOIDES (*) X=4993 ml x=3808 ml (*) p 0,05 TEMPO * X= 22h 20min x = llh *p 0,05 RHA (*l x=5lh x = 22h 45min DIETA (*) x =87h x =39h 40min (*) p 0,05 DEAMBULA<;:Ao (*) x=88h 30min x = 58h 45min x=9,7 dias x = 7,5 dias (*) p 0,05
tru<;ao da aorta abdominal, a via transperitoneal xifo-pubica mediana apresenta alguns problemas. Face a boa
experiencia da via retroperitoneal na literatura, decidiu-se companl-Ia com a via cl<lssica,visando a determinacao da eventual superioridade de uma tecnica em relacao a outra.
Observou-se para 0 tempo cirurgico diminuicao sign i-ficativa do enxerto aorto-aortico, mas nao do aorto
-bifemoral. A literatura nao apresenta uniformidade de re-sultados, havendo relatos com tempo menor para a vida retroperitoneaJl 0,13,16 e outros com tempo igua!3,15,21, embora em todos tenha sido analisada a totalidade dos procedimentos cirurgicos.
Na reposicao de liquidos nas primeiras 24 horas de pos-operatorio houve menor reposicao de cristaloides e sangue, entretanto nao atingindo diferenca significante es-te ultimo. Na lies-teratura exises-tem relatos com menor reposi-cao de ambosI4,20,21 e outros com resultados semelhantes aos apresentados13,18. Embora a perda sanguinea seja urn dos fatores que afetam adversamente 0 prognostico das re
-construcoes aorto-iliacas8, julga-se que a menor reposicao de cristaloides nao representa vantagem a ser menospreza-da, face as possiveis complicacoes que podem induzir, principalmente a nivel respiratorio. Urn unico relato en-contra reposicao igual nos do is grupos, mas determinados aspectos devem ser considerados, citando como exemplos o uso de auto-transfusao e equipe anestesica especializada com padronizacao da reposica03, eventos nem sempre fa-cilmente disponiveis em nosso meio. Embora disponiveis no servico, parecem nao ter afetado os resultados apresen-tados.
Quanto ao tempo de extubacao, ha melhor evolucao dos pacientes submetidos a via retroperitoneal, 0 que e apoiado na literatura5,14, 16,20,29. Dois relatos obtiveram diferenca nao significante3,21, lembrando-se que no relato de Cambria3 foi utilizada uma associacao anestesica que consiste na combinacao de epidural e inalatoria, 0 que per-mitiu uma maioria de pacientes extubados na propria sala cirurgica. Embora desejavel, a extubacao precoce nao e,
na maioria das vezes, segura na anestesia geral e, por ou-trolado, lembra-se que a referida associacao anestesica tern sido controvert ida, ja que a epidural determina va-riacoes importantes de pre e pos-carga e os agentes haloge-nados, utilizados na anestesia inalatoria, tern efeito de-pressor da contratilidade cardiaca.
o
retorno da normalidade das funcoes do aparelho di-gestivo teve melhores resultados a favor da via retroperi-toneal, 0 que e praticamente unanime na literatu-ra1,3,5,10,12,13,14,15,16,19,21,27,29,ressaltando-se que diver-sos relatos computaram 0 tempo de permanencia da sonda naso-gastrica. Na experiencia do servico, esta foi abando-nada apos seu uso nos primeiros casos da via retroperito-neal, por nao se fazer necessaria.o
inicio da deambulacao foi mais precoce na via re-troperitoneal, 0 que demonstra melhor sensacao de bem-estar no pos-operatorio.Observa-se que, apesar dos diversos aspectos positivos encontrados, nao houve diminuicao do tempo de hospita-lizacao pos-operatorio, resultado semelhante a apenas ou-tro relato3, embora 0 restante da literatura apresente dimi-nuicao a favor da via retroperitoneaJlO.12,13,14,15,16,19,21. Embora as complicacoes como urn todo e as compli-cacoes gerais nao ten ham adquirido diferenca significante, esta ocorreu nas deiscencias, que obrigaram a reinter-vencoes, com conseqiiente aumento da morbidade na via transperitoneal.
Com relacao aos aspectos tecnicos, sao descritos na Ii-teratura varios tipos de acesso retroperitoneal, que podem ser divididos em incisoes que sao uma extensao de ingui-notomia 1,18, transversa IS, paramediana 12,27, mediana 24. A incisao pelos flancos pode ser dividida em antero-lateral, usada por Robl7 e Sicard21, bem como neste rela-to, e postero-Iateral, advogada por Leatherl4, Shepard20 e Williams29. Apesar de pequenas diferencas, elas tern sufi-ciente similaridade para serem comparadas em conjunto com a incisao xifo-pubica mediana.
A abordagem utilizada e facil, rapida e segura, fatos tambem relatados em duas revisoes da via retroperito-neaI22,23,havendo no entanto alguma dificuldade no ini-cio da experiencia pessoal, resolvida com a maior familia
-ridade com a tecnica.
0
ureter esquerdo e facilmente vi-sualizado, permitindo grande seguranca na necessaria lu-TRANSPERlT01\ EALInsuf. respiratoria - 3 (7070) ICC/Insuf. renal - 2 cada (5070) HDA -1 (2070)
Oclusiio enx. ao-i1 E - 1
(2070) Oclusiio enx. bifurcado - I (2070) AVC - 1 (2070) RETROPERITO'EAL Insur. renal - 3 (7070) TVP - I (2070) Infec~iio inguinolomia - I (2"10) AVC - 1(2070) Aleleclasia - I (2070) Hemaloma - 5 (12070) Hernia - 2 (5"10)
xac;ao em direc;ao medial, 0 que evita a sua lesao. Este e
tambemo caso das variac;oes das veias retroperitoneais, 0 que evita sangramentos
as
vezes letais. Sublinha-se como necessaria a luxac;ao do rim esquerdo para facilitar 0ace s-soa
aorta, especialmente na abordagem alta. Embora aIi-gadura da arteria mesenterica inferior seja considerada obrigatoria por alguns autores3,16,21 e opcional por o
u-trosI3,17,27,28, especialmente na abordagem das arterias iliacas, ela nao foinecessaria em nenhum dos casos deste relato. Na obesidade 0 acesso permite urn melhor manejo
do paciente e nos casos com incis~o retroperitoneal previa anova abordagem pela mesma via nao oferece maiores di -ficuldades e e mais segura.
Por outro lado, a inguinotomia e a anastomose f
emo-ral direita sao dificultadas pela posic;ao do paciente, bem
como a tunelizac;ao em direc;ao
a
mesma regiao. Esses in-convenientes sao facilmente contornaveis pela rotac;ao damesa no sentido do cirurgiao. Diversos autores acentuam a impossibilidade da restaurac;ao nao-ostial da arteria re
-nal direita, bem com a dificuldade do aces so
a
arteria ilia -ca direita5,IO,J3,15,J6,19,20,21,29. A opc;aoteorica para essescasos na mesma via pode ser representada peJoacesso pela
flanco direit02,15,28, ou pela incisao mediana24.
Emresumo, considera-se que, em vista da menor mor
-bidade no pos-operatorio e pelas facilidades tecnicas p ro-porcionadas pelaincisao, esta pode ser utilizada como rot
i-na, sendo excec;Oesos casos ja assinalados. Sao melhor manejadas especialmente as situac;oes de alto risco, como doenc;acardio-pulmonar importante, doenc;a oclusiva ou
aneurismMica supra-renal, aneurisma t oraco-abdominaI6,25, aneurisma inflamatorio, doenc;a visceral,
"redo" de aorta7 epresenc;ade rim em ferradura. Tambem na presenc;a do assim chamado abdome hostil, represe nta-do pela presenc;a de cirurgias abdominais multiplas, sepsis intra-abdominal ou radioterapia previa, a incisao esta me
-Ihor indicada, evitando a demorada lise de bridas, sempre
associam ao risco deperfurac;ao visceral econsequente in -fecc;ao. Sublinha-se a necessidade de propedeutica pre-operatoria minuciosa no sentido de diagnosticar situac;6es que exijam explorac;ao da cavidade peritoneal, como tu-mores26 e colelitiasel4, embora, na duvida, no peri
-operatorio possa ser realizada a abertura do perit6nio para inspec;ao da cavidade. Igualmente importante e a arter io-grafia pre-operatoria, no sentido de estudar eventual doenc;a renal, arterias renais acessorias e/ou rim em ferr
a-dura. Lembra-se que teoricamente se evita aobstruc;ao in
-testinal a posteriori e que nao ha ate 0momenta nenhum relato de fistula aorto-enterica apos 0 uso do acesso retr o-peritoneal. Considera-se que, embora advogada para 0
aneurism a rota por alguns autores4,17, a via
retroperito-.neal nao deve ser utilizada nessa situac;ao.
Transperitoneal access became the preferred route for abdominal aortic surgery despite the fact that the first
described casewas done through aretroperitoneal access. Recently this latter route was again described by some authors and regained attention by some surgeons. With the aim to compare the two ways of access to the ab -dominal aorta, 43 patients in which the transperitoneal procedure was usedwere compared toan equal number of patients in which theretroperitoneal approach was used. Duration of the procedure, blood loss, infusion of saline, duration of tracheal entubation, return of bowel function,
return to active deambulation and total post-operative hospitalization time were the compared parameters. There was no·significant difference between operative time when the procedure was anaortic bifemoral graft. In the cases in which an aortic tube was placed, the retroperitoneal approach was significantly shorter. Saline infusion was lesser in the cases operated upon the retroperitoneal approach. Need for blood infusion was equal. Tracheal entubation, bowel function and active walking occured in significantly shorter time in the cases in which the retroperitoneal access was used. Hospitaliza -tion time was unaffected.
The retroperitoneal access to the aorta showed to im-prove some intra and post-operative· parameters when compared to the transperitoneal access. The procedure is best indicated in higher risk cases and in hostile ab-domens. It is necessary, though, that the surgeon becomes familiar with this approach since some technical difficulties will be found in early experience. In some specific casesthe transperitoneal access should be prefer -red. Examples are the need for good access to the right il -iac arteries, the right renal artery.
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estudo eomparativo entre dois metodos de aeesso eirurgieo, em·bora nao sendo aleatorio, mostra·se de grande valor, basicamente porque
ambas easuistieas se equivalem, revelando boa experieneia dos au tores. e
por ter empregado teste estatistieo para analisa·los entre si.
Dos metodos apresentados urn
e
classieo (transperitoneal) eoutro(retroperitoneal) ofereee varias alternativas, tendo os autores realizado
uma clara deseri<;;iio de sua op<;;iio,tornando-a, assim, faeilmente repr
o-dutivel.
Os resultados seaproximam dos apresentados na literatura, parti
-eularmente no que se refere aotempo deextuba<;;ao,deambula<;;ao preeo·
ee, reinicio dos RHA e da via oral.
Quanto as eompliea<;;6es apresentadas, destaeo as pulmonares: 7% na via transperitoneal e2% na retroperitoneal. Outros autores ja ha
-18
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viam ehamado a aten<;;iio para que disturbios da fun<;;iiorespiraloria. e suas eonseqiientes eompliea<;;6es. eostumam st;r-menores nos aeessos ex -traperiloniais (HELSBY & MOOSSA, Z-kSICARD et ai, 87 e NE-VELSTEEN et al.publieado no Eur J Vase Surg, em 1988 enao eilado no presente trabalhol.
Para finalizar, eainda dentro das referencias bibliografieas. gosta-ria de sugerir a inclusao do lrabalho "Aeessos Extraperiloniais aAorta Abdominal", de autoria do eolega Ricardo Moreira, de Curiliba, por ler
sido 0primeiro publieado em nosso meio, em setembro de 1991, como monografia apresentada aSBACV para sua aseensiio Iieategoria de so
-eio tilular da mesma.
Airton D.Frankini Porto Alegre - RS.