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Transparencia y auditoria de las deudas: condición para la Nueva Arquitectura Financiera Internacional 1

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Academic year: 2021

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Transparencia y auditoria de las deudas: condición para la Nueva 

Arquitectura Financiera Internacional

1 Rodrigo Vieira de Ávila Auditoria Cidadã da Dívida – Jubileu Brasil auditoriacidada@terra.com.br

A Dívida Pública no Brasil

A Dívida Pública externa e interna do Brasil representa a maior parte do orçamento nacional. De  janeiro a 20 de agosto de 2007, os juros e amortizações da dívida representaram 32,36% dos gastos,  enquanto a saúde recebeu 4,95%, a educação 2,14%, e a Reforma Agrária apenas 0,21%, conforme se  vê no gráfico abaixo.

Presupuesto Federal – 2007 (hasta 20/08/2007)

1 Texto apresentado no Simposio Internacional: "Construyendo una Nueva Arquitectura Financiera Internacional para la  Integración Suramericana y la Cooperación Sur­Sur",  Caracas, 17, 18 e 19 de novembro de 2007.

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Essencial à Justiça 0,42% Defesa Nacional 1,81% Segurança Pública 0,51% Relações Exteriores 0,18% Assistência Social 3,09% Previdência Social 27,46% Juros e  Amortizações da  Dívida Externa e  Interna 32,36% Cultura 0,04% Habitação 0,00% Urbanismo 0,07% Saneamento 0,00% Educação 2,14% Gestão Ambiental 0,11% Ciência e Tecnologia 0,30% Direitos da Cidadania 0,05% Trabalho 2,41% Saúde 4,95% Agricultura 0,85% Organização Agrária 0,21% Comércio e Serviços 0,14% Desporto e Lazer 0,13% Indústria 0,11% Outros Encargos Especiais 18,34% Transporte 0,36% Energia 0,04% Comunicações 0,04% Legislativa 0,58% Judiciária1,92% Administração1,35% Fonte: Orçamento Geral da União – Sistema Access da Câmara dos Deputados. Não inclui o refinanciamento da dívida. Nota: Os outros encargos especiais são formados, preponderantemente, pelas transferências a Estados e Municípios. Todo sacrifício social que vem sendo praticado para se pagar a dívida não foi suficiente para  impedir o crescimento explosivo da dívida interna federal em 2007. De dezembro de 2006 a setembro  de 2007, esta dívida cresceu de R$ 1.153 trilhão para R$ 1.376 trilhão, ou seja, um crescimento de  nada menos que 19% em apenas 9 meses. Em valores absolutos, esta dívida cresceu R$ 223 bilhões  nos primeiros 9 meses de 2007, valor este equivalente a 10 vezes todo o gasto com saúde até 20 de  agosto deste ano. No que se refere à dívida externa, ela cresceu fortemente em 2007, apesar de o governo afirmar o  contrário. A Dívida Externa, que era de US$ 199 bilhões em dezembro de 2006, cresceu nada menos  que 18% apenas nos 7 primeiros meses de 2007, atingindo US$ 235 bilhões em julho deste ano. Esse  crescimento não aparece nos dados constantemente divulgados na imprensa pelo governo, uma vez  que ele ocorreu na parcela “privada” da dívida externa, ou seja, aquela dívida tomada pelas empresas  nacionais junto a credores externos. Porém, a dívida externa “privada” é paga pelo povo brasileiro,  uma vez que cabe ao governo fornecer os dólares para os credores privados pagarem suas dívidas. Esta  explosão da dívida externa ocorreu principalmente nas operações de curto prazo, isto é, operações nas  quais os bancos nacionais tomam empréstimos lá fora para emprestar ao governo brasileiro, ganhando  os juros mais altos do mundo da dívida interna.

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Isto explica uma parte do crescimento da dívida interna. Porém, há outros fatores que também  explicam este crescimento, que iremos descrever a seguir.

Acúmulo de Reservas Cambiais: Troca de dívida Externa por Interna

Nos últimos anos, o Brasil tem aumentado suas receitas de exportação, principalmente em razão da  alta do preço das commoditties, como a soja, os minérios e o aço. Porém, como se vê no gráfico a  seguir,   mais   recentemente   a   entrada   de   dólares   no   país   tem   se   dado   mais   intensamente   nos  investimentos estrangeiros em Bolsa de Valores e Títulos de Renda Fixa, principalmente da “Dívida  Interna” brasileira. Principales Ingresos de Moneda Estranjera en Brasil  (USD millones) Balanza de  Comercio Bolsa de  Valores Bonos Renta  Fija Total ­20.000 0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000 160.000 180.000 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Fuente: Banco Central 2007: solamente de enero hasta setiembre Bolsa de Valores y Bonos Renta Fija: Ingresos Brutos Este processo é resultado de um grande ataque especulativo pelo qual passa o país, no qual os  investidores estrangeiros trazem seus dólares para investir na Bolsa e em títulos da dívida interna, e  assim forçam a desvalorização do dólar frente à moeda brasileira (o Real). Quando auferem seus  lucros e juros em reais, podem enviar ao exterior uma quantidade maior de dólares, uma vez que a  moeda brasileira se valorizou. O gráfico abaixo mostra como o dólar tem se desvalorizado fortemente  a partir de 2003.

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Tasa de cambio (Reais / Dolar) 0 0,51 1,52 2,53 3,54 4,5 1/ 7/ 19 94 1/ 7/ 19 95 1/ 7/ 19 96 1/ 7/ 19 97 1/ 7/ 19 98 1/ 7/ 19 99 1/ 7/ 20 00 1/ 7/ 20 01 1/ 7/ 20 02 1/ 7/ 20 03 1/ 7/ 20 04 1/ 7/ 20 05 1/ 7/ 20 06 1/ 7/ 20 07 Fuente: Banco Central Algumas medidas do governo brasileiro induziram este processo, como a manutenção das maiores  taxas de juros reais do mundo (incidentes sobre os títulos da dívida interna), a manutenção de uma  política de total priorização ao pagamento da dívida (conforme vimos no início deste texto), e a  recente isenção fiscal aos investidores estrangeiros. Em 2002, as movimentações em Bolsa de Valores  foram isentas de CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, atualmente de  0,38% sobre cada transação). Posteriormente, em 2006 os estrangeiros foram isentos de Imposto de  Renda sobre aplicações em títulos da dívida interna.  Como resultado, o país tem acumulado reservas internacionais, que dobraram em 2007, conforme  vemos no gráfico a seguir. Em apenas 9 meses do ano, o país obteve reservas equivalentes a tudo que  havia acumulado historicamente.

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Reservas Internacionales de Brasil (US$ millones)

0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000 160.000 180.000 de z/7 0 de z/ 71 de z/ 72 de z/ 73 de z/7 4 de z/ 75 de z/ 76 de z/ 77 de z/ 78 de z/ 79 de z/ 80 de z/8 1 de z/ 82 de z/8 3 de z/ 84 de z/8 5 de z/ 86 de z/ 87 de z/ 88 de z/ 89 de z/ 90 de z/ 91 de z/ 92 de z/ 93 de z/ 94 de z/9 5 de z/ 96 de z/ 97 de z/ 98 de z/ 99 de z/ 00 de z/ 01 de z/0 2 de z/ 03 de z/0 4 de z/ 05 de z/0 6 Fuente: Banco Central Porém, é importante ressaltar que, para o país acumular estas reservas, o Banco Central (BC) deve  comprar os dólares dos exportadores e investidores estrangeiros, fornecendo­lhes reais para gastarem  aqui no país. E quando fornece estes reais, o Banco Central julga que está injetando dinheiro na  economia, o que poderia causar inflação. Então, o BC retira de circulação quantidade equivalente de  dinheiro, através da colocação de títulos da dívida interna, isto é, pegando dinheiro emprestado e  aumentando a dívida interna. Ou seja: o acúmulo de reservas cambiais não significa redução da dívida,  mas a troca de dívida externa por dívida interna. Por esta razão, a dívida interna tem explodido,  conforme vemos no gráfico a seguir. 

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Fuente: Banco Central

Por outro lado, o governo brasileiro tem aplicado estas novas reservas cambiais na compra de  títulos do Tesouro Americano. Ou seja: estamos financiando o governo dos EUA a cobrir seu déficit e  custear, por exemplo, a Guerra no Iraque. O gráfico a seguir mostra que, apenas nos últimos meses, o  Brasil quase dobrou o estoque de títulos do Tesouro Americano, provocando grande prejuízo às contas  públicas   (representado   pelo   prejuízo   de   R$   30,3   bilhões   do   Banco   Central   apenas   no   primeiro  semestre), uma vez que a moeda americana está se desvalorizando. Reservas de Brasil en Bonos de EEUU  (mil millones de USD)

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jan/07 fev/07 mar/07 abr/07 mai/07 jun/07

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Esta troca de dívida externa por dívida interna é altamente danosa ao país, uma vez que os credores  da dívida “interna” também podem ser estrangeiros, o que aumenta nossa vulnerabilidade externa.  Também é danosa pois a dívida interna paga os maiores juros do mundo e possui prazos curtíssimos,  enquanto as reservas cambiais rendem juros baixíssimos, e ainda estão se desvalorizando, uma vez que  sua maioria está denominada em dólares e em títulos dos EUA. É como se uma pessoa tomasse  dinheiro emprestado no banco, pagando juros altíssimos, para aplicar na poupança, recebendo taxas  muito baixas (ou até negativas), levando o maior prejuízo e fazendo a sua dívida explodir. Parece  loucura, mas é o que o governo está fazendo! 

Vemos   no   gráfico   a   seguir   que   boa   parte   dos   credores   da   “dívida   interna”   brasileira   são  estrangeiros, uma vez que parcela importante do sistema bancário e empresas não financeiras (que  detém, juntos, 58% da dívida interna) foi – e continua sendo – desnacionalizada. Além disto, grande  parte   das   aplicações   em   fundos   de   investimentos   (com   25%   da   dívida)   também   pertence   aos  estrangeiros. Importante ressaltar também que, conforme já citado anteriormente, tem aumentado  fortemente a dívida externa privada, devido  à tomada  de empréstimos  pelos bancos e empresas  nacionais, para comprarem títulos da dívida interna.  Ou seja: o que tem ocorrido no Brasil é uma verdadeira reciclagem do velho mecanismo de  espoliação da dívida externa, com uma nova máscara: o endividamento “interno”. Este mecanismo é  altamente rentável aos investidores estrangeiros, uma vez que, desta forma, eles ficam imunes à  desvalorização da moeda americana, recebendo seus lucros e juros em uma moeda que não pára de se  fortalecer frente ao dólar. 

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Fonte: Banco Central (set/07) e Secretaria de Previdência Complementar (Informe Estatístico – Maio 2007).  Nota 1: Os recursos dos Fundos de Pensão em Fundos de Investimento de Renda Fixa foram subtraídos da rubrica “Fundos  de Investimento” e colocados na rubrica “Fundos de Pensões”. Nota 2: Inclui­se na rubrica “Bancos Nacionais e Estrangeiros” os Títulos Vinculados (que representam principalmente o  depósito, junto ao BC, pelas instituições financeiras, de títulos públicos como garantia de operações em Bolsa de Valores)  e as “Operações de Mercado Aberto” (que significam a retirada de moeda de circulação mediante entrega às instituições  financeiras dos títulos públicos em poder do Banco Central). Na figura a seguir, temos um resumo de como se opera este esquema, que continua sugando as  riquezas   nacionais   em   favor   das   elites   brasileiras   e   estrangeiras.   Os   investidores   estrangeiros   e  exportadores trazem os dólares ao país, que lhes são trocados por reais pelo Banco Central. Estes reais  são “esterelizados” através da emissão de mais títulos da dívida interna, de modo a cumprir com a  questionável política neoliberal de priorização absoluta às metas de inflação. Por outro lado, o Banco  Central aplica os dólares (recebidos dos investidores e exportadores) em títulos do Tesouro Americano  (que ajudam Bush a financiar seu déficit e, por exemplo, invadir o Iraque), que rendem menos da  metade dos juros pagos pelo governo brasileiro pelos títulos da dívida interna. Além do mais, o dólar  apresenta forte desvalorização, significando que os juros pagos pelo Tesouro Americano são, em  realidade, negativos.

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Dívida Interna: a nova face da Dívida Externa

Conclusão: A Dívida Interna e o favorecimento aos especuladores não pode 

ser a contrapartida do Banco do Sul

Conforme vimos, o recente acúmulo de reservas cambiais pelo Brasil esconde, na realidade, um  forte endividamento a juros altíssimos e prazos muito curtos. Além do mais, esconde também o saque  dos recursos naturais do país, uma vez que o aumento recente das exportações se deve à venda de  commoditties no mercado internacional. As monoculturas da soja, e agora a da cana­de­açúcar – que  deve aumentar consideravelmente a partir do acordo de Lula com Bush em maio, de produção de  etanol – consomem o solo e a água, além de precarizar as relações de trabalho no meio rural. Grandes  transnacionais têm comprado terras no Brasil, de modo a dominar este sistema produtivo. Este acúmulo de reservas cambiais pelo Brasil – e por vários países latino­americanos ­ tem  induzido as discussões sobre a criação do Banco do Sul, que investiria estas reservas nos próprios 

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países do Sul, e não em títulos do Tesouro Americano, conforme discutimos anteriormente. Portanto, o  surgimento de um Banco do Sul que seja solidário, e apóie as demandas das populações dos países – e  não das multinacionais, como fazem o Banco Mundial e demais instituições financeiras multilaterais –  não pode ser apenas uma pequena contrapartida de um sistema financeiro que continua espoliando  fortemente os países do Sul, usufrui de grandes e escandalosas isenções fiscais e consome mais de  30% do orçamento federal brasileiro, enquanto se gasta apenas 5% em saúde, 2% em educação e  0,21% em Reforma Agrária. Portanto, para que o Banco do Sul cumpra com sua missão de apoiar os países do Sul, deve  promover a auditoria das dívidas externa e interna de seus países membros, questionando, desta forma,  e   de   modo   contundente,   as   políticas   neoliberais   implementadas   em   seus   países,   que   continuam  perpetuando um ciclo de dominação e espoliação, agora mascarado pelo instrumento da “dívida  interna.” Esta dívida, que cresceu no Brasil a partir dos anos 90 com juros usurários, agora explode através  do mecanismo de substituição de dívida externa por interna, que precisa ser urgentemente auditado e  questionado, sob pena de vermos, por um lado, legitimada uma dívida externa ilegítima, e por outro,  sacrificado o futuro do país, que desde a crise da dívida dos anos 80 permanece paralisado sob  domínio do capital financeiro.

Referências

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