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(1)1. MARCELO DE OLIVEIRA VOLPATO. CONFIGURAÇÕES E TENDÊNCIAS DAS RÁDIOS COMUNITÁRIAS DO INTERIOR PAULISTA DA REGIÃO DE BAURU. Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo – SP, 2010.

(2) 2. MARCELO DE OLIVEIRA VOLPATO. CONFIGURAÇÕES E TENDÊNCIAS DAS RÁDIOS COMUNITÁRIAS DO INTERIOR PAULISTA DA REGIÃO DE BAURU. Dissertação apresentada em cumprimento parcial às exigências do Programa de PósGraduação em Comunicação Social, da Universidade Metodista de São Paulo, para obtenção do grau de Mestre. Orientadora: Profa. Dra. Cicilia Peruzzo. Universidade Metodista de São Paulo Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo – SP, 2010.

(3) 3. FOLHA DE APROVAÇÃO. A dissertação de Mestrado “Configurações e tendências das rádios comunitárias do interior paulista da região de Bauru”, elaborada por Marcelo de Oliveira Volpato, foi defendida e aprovada no dia 29 de março de 2010, perante a banca examinadora composta por Dra. Cicilia Maria. Krohling. Peruzzo. (Presidente/UMESP),. Dr.. Daniel. dos. (Titular/UMESP), Dr. Fernando Kuhn (UNICAMP).. ________________________________ Profa. Dra. Cicilia Maria Krohling Peruzzo Orientadora e Presidente da Banca Examinadora. ________________________________ Prof. Dr. Sebastião Carlos de Morais Squirra Coordenador do Programa de Pós-Graduação. Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social Área de Concentração: Processos Comunicacionais Linha de pesquisa: Processos Comunicacionais Midiáticos. Santos. Galindo.

(4) 4. “O rádio seria o mais fabuloso meio de comunicação imaginável na vida pública, um fantástico sistema de canalização. Isto é, seria se não somente fosse capaz de emitir, como também de receber; portanto, se conseguisse não apenas se fazer escutar pelo ouvinte, mas também pôr-se em comunicação com ele. A radiodifusão deveria, consequentemente, afastar-se dos que a abastecem e constituir os radiouvintes como abastecedores.” Bertold Brecht, 1932.. “Experiências de cidadania marcadas pela efemeridade, instabilidade e desterritorialização, pautadas e organizadas pelo pertencimento a múltiplas identidades e redes sociais, interagem no espaço público, especialmente midiáticos, associando matrizes clássicas a novos modos de expressão cidadã, que resultam de competências e habilidades para apropriação e usos dos recursos comunicacionais e midiáticos, como os digitais, não raramente desenvolvidas à margem da educação formal.” Denise Cogo, 2004.. “Nossa sociedade é plural e contraditória. Ao mesmo tempo em que há movimentos que favorecem a reprodução de valores egoísticos e de isolamento pessoal, estes também acabam por gerar o seu contrário.” Cicilia Peruzzo, 2002.. “Portanto, se você também pretende um Mundo Melhor, saiba que o trabalho é um trabalho de cada um dentro de si. Sinta o que você já sabe. Use a Paciência: ela sedimenta. Medite sobre os pontos do Conhecimento. Olhe dentro de você. Sabedoria é conhecer-se.” Dr. Celso Charuri, 1981..

(5) 5. Ao Ideal de um Mundo Bem Melhor..

(6) 6. Agradecimentos Sempre que nos propomos a alguma coisa, um novo ciclo se inicia. Ao chegar ao fim do processo, podemos estabelecer uma comparação entre os dois momentos – inicial e final – e tecer algumas análises. Uma delas, a qual sempre chegamos, é que existe Vida em todo o processo e não somente na sua concretização, considerada por muitos como o ponto máximo. Outra conclusão é a de que ainda existem homens de boa-vontade, pessoas dispostas a dar suas contribuições. Nesse processo, pude contar com várias delas, a quem deixo aqui minha gratidão. À Força Maior, única, fonte inesgotável dos mais sublimes sentimentos, razão de todas as coisas, da qual descendemos e para a qual iremos voltar, um dia. Razão desta magia que, por ora, convencionamos chamar de “Vida”. Aos meus Pais, Nilton (in memorian) e Norma, meu porto-seguro, meu eterno agradecimento porque me deram a oportunidade de viver aqui, lugar, sem dúvida, de que eu mais precisava. Ao meu Mestre, Dr. Celso Charuri, meu eterno agradecimento pelo seu exemplo de Sabedoria e por tudo que me tem ajudado a reconhecer. A Thaty, pela paciência, carinho e amor. A toda a minha Família, pelo incentivo e apoio. Aos meus Amigos, verdadeiros exemplos de homens de boa-vontade. À minha orientadora, professora Dra. Cicilia Peruzzo, que, muito mais do que uma exímia orientadora e pesquisadora de rigor metodológico e teórico infinito, é um exemplo vivo de mansidão, compreensão, generosidade e esperança. Aos colegas de Mestrado, em especial a Nivea Bona, Carina Rufino, Francisco de Assis, Paula Takada, Cloves Costa e Orlando Berti. Sem dúvida, escreveríamos um livro se fôssemos contar tudo o que vivemos. Aos professores e funcionários da Metodista, pelos ensinamentos e pelas provocações intelectuais, em especial a José Marques de Melo, Isaac Epstein e Antonio Ruótolo, com quem pude compartilhar devaneios comunicacionais. Ao meu ex-orientador, professor Dr. Roberto Reis de Oliveira, pelo incentivo e ajuda. A todos os colegas das 23 rádios comunitárias visitadas, pela paciência em me atender, muitas vezes em momentos nem tão oportunos assim. A todos que me ajudaram, de uma forma ou de outra, na construção desta pesquisa. A todos que passaram pela minha vida e me ensinaram indeléveis lições. A todos que torceram para que nada disso desse certo. Vocês me fazem cada vez mais forte e vencedor!.

(7) 7. Lista de tabelas e ilustrações Ilustração 1 – Mapa da Região Administrativa de Bauru – pág. 90 Tabela 1 – Rádios comunitárias e seus municípios na Região Administrativa de Bauru-SP – pág. 91 As ilustrações do início dos capítulos foram retiradas de “Para fazer rádio comunitária com „C‟ maiúsculo”, organizado por Ilza Girardi e Rodrigo Jacobus et. al. e editado por Revolução de Ideias, Porto Alegre, em 2009. As imagens foram gentilmente cedidas pelos organizadores..

(8) 8. SUMÁRIO Introdução ................................................................................................................................ 13 Capítulo I – Conceitos introdutórios: a comunidade, o local e a região ................................ 20 1. A comunidade ...................................................................................................................... 21 1.1. A mídia comunitária ......................................................................................................... 27 2. O local ................................................................................................................................. 29 2.1. A mídia local .................................................................................................................... 34 2.2. O local e o jornalismo de proximidade............................................................................. 36 3. A região ............................................................................................................................... 37 3.1. A mídia regional ............................................................................................................... 42 Capítulo II – Comunicação comunitária: suas trajetórias, complexidades e inovações ........ 47 1. Comunicação comunitária: em busca de uma historicização .............................................. 48 1.1. As interconexões entre comunicação popular, alternativa e comunitária ........................ 52 1.2. A participação popular na comunicação comunitária....................................................... 64 2. A Rádio Comunitária: quando a participação popular na mídia se faz ............................... 66 2.1. Uma breve trajetória histórica .......................................................................................... 66 2.2. A dimensão teórico-conceitual ......................................................................................... 70 2.2.1. Rádio Comunitária e a “educação para a cidadania” ..................................................... 72 2.2.2. Rádio Comunitária na promoção da cidadania .............................................................. 75 2.3. A dimensão juríco-legal.................................................................................................... 78 2.4. A dimensão técnico-estrutural .......................................................................................... 81 2.5. Alguns ruídos nas ondas comunitárias ............................................................................. 83 Capítulo III – Rádios Comunitárias do interior paulista: a região de Bauru ......................... 87 1. A Região Administrativa de Bauru ..................................................................................... 88 2. O rádio na Região Administrativa de Bauru ....................................................................... 88 2.1. Rádio 87 FM ..................................................................................................................... 91 2.2. Alternativa FM ................................................................................................................. 93 2.3. Centenário FM .................................................................................................................. 95 2.4. Cidade Jaú FM .................................................................................................................. 96.

(9) 9. 2.5. Rádio Criança ................................................................................................................. 98 2.6. Eclusa FM ....................................................................................................................... 100 2.7. Educadora FM ................................................................................................................ 102 2.8. Educadora Ruah .............................................................................................................. 104 2.9. Fama FM ........................................................................................................................ 106 2.10. Jornal FM...................................................................................................................... 108 2.11. Objetiva FM .................................................................................................................. 110 2.12. Pongaí FM .................................................................................................................... 111 2.13. Popular FM ................................................................................................................... 112 2.14. Rainha FM .................................................................................................................... 113 2.15. Real FM ........................................................................................................................ 115 2.16. Renascer FM ................................................................................................................. 116 2.17. Rádio RM (Bauru) ........................................................................................................ 119 2.18. Rádio RM 87 (Lençóis Paulista) .................................................................................. 120 2.19. Serena FM .................................................................................................................... 122 2.20. Sol FM .......................................................................................................................... 123 2.21. Terra FM ....................................................................................................................... 125 2.22. Verde é Vida FM .......................................................................................................... 127 2.23. Vila Nova FM ............................................................................................................... 128 Capítulo IV – Por um diagnóstico dos dados ....................................................................... 131 1. Programação ...................................................................................................................... 136 2. Gestão ................................................................................................................................ 139 3. Circunstâncias de outorga e legislação .............................................................................. 142 4. Sustentabilidade ................................................................................................................. 146 5. Promoção da cidadania ...................................................................................................... 147 6. Participação popular .......................................................................................................... 150. Considerações finais .............................................................................................................. 154. Referências ............................................................................................................................ 160.

(10) 10. VOLPATO, Marcelo de Oliveira. Configurações e tendências das rádios comunitárias do interior paulista da região de Bauru. 2010. 169 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2010. Resumo Esta pesquisa oferece um mapeamento das principais tendências e características das rádios comunitárias legalizadas na Região Administrativa de Bauru, interior paulista, o que totaliza 23 emissoras. Objetivou-se entender qual a relação dessas emissoras com a população local, o modo como operam, os modelos de gestão adotados, as circunstâncias em que foram outorgadas, se e como têm viabilizado a participação popular e contribuído para a ampliação da cidadania. A partir da discussão de conceitos como “comunidade”, “local” e “região”, buscou-se enumerar as características usualmente encontradas – e aquelas que idealmente deveriam estar presentes – nas mídias comunitária, local e regional, especialmente sob o aspecto da participação popular e da cidadania, para empregá-los como parâmetros norteadores de análise das rádios estudadas. O trabalho se utilizou do estudo de casos múltiplos como tipo de pesquisa, além da pesquisa bibliográfica. As técnicas utilizadas foram entrevistas com os gestores das emissoras, estudo de documentos e observação da programação. Considera-se que tais emissoras são fenômenos comunicacionais complexos, flexíveis e contingentes, contexto esperado por lidar com o estudo de objetos díspares e em circunstâncias variadas. Contribuem para a ampliação da cidadania e promovem a participação, quando e na proporção em que sua equipe de gestão possui esse foco de trabalho. Apesar de seus limites, representam avanço para a democratização das comunicações no Brasil, proporcionando acesso da população a um meio de comunicação local. Palavras-chave: Comunicação Comunitária; Rádio Comunitária; Interior Paulista;.

(11) 11. VOLPATO, Marcelo de Oliveira. Configurations and trends of community radio stations from the countryside of São Paulo in the regional of Bauru. 2010. 169 f. Dissertation (Master in Social Communication) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2010. Abstract This research provides a mapping of the main trends and characteristics involving the 23 legal community radio stations active in Administrative Region of Bauru, located in Brazil´s state of São Paulo. Its objective was to understand how they relate to the local population, the way they operate, their management models, the circumstances in wich they were licensed, as well as discussing whether and how they enable popular participation and contribute do the expansion of citizenship. Guiding parameters for the analysis of such radio stations were defined from the discussion of concepts like "community", “local" and "region", sought to enumerate the characteristics usually found (and those who ideally could be expected) in community, local and regional media, especially regarding the aspects of popular participation and citizenship. The study of multiple cases combined to bibliographical research was adopted as methodology of research. The techniques used consisted of interviews with the managers of the radio stations, study of documents and observation of their programming. The research revealed a complex, flexible and contingent universe, where the contribution to the promotion of citizenship is very much dependent on the managers intentions, availability and focus. Even so, and despite all their limitations, such radio stations represent a step forward in the democratization of communication in Brazil, especially in places where there is no other locally-based options available. Keywords: Community Communication; Community Radio; Countryside of São Paulo;.

(12) 12. VOLPATO, Marcelo de Oliveira. Características y tendencias das radios comunitarias de interior paulista de región de Bauru. 2010. 169 f. Disertación (Maestría en Comunicación Social) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2009. Resumen Esta investigación proporciona una cartografía de las principales tendencias y características de las estaciones de radios comunitarias legalizadas de la Región Administrativa de Bauru, Estado de São Paulo, por un total de 23 estaciones. Los objetivos fueron comprender la relación de estas radios con la población local y aprender cómo estas radios están operando, incluyendo los modelos de gestión adoptados, las circunstancias que fueron aprobadas, si y cómo han hecho posible la participación y cómo han contribuido a la expansión de la ciudadanía. A contar de la discusión de conceptos como “comunidad”, la “localidad” y la “región” trató de enumerar las características generalmente encontradas – y las que idealmente deben estar presentes – en los medios de comunicación comunitarios, locales y regionales, especialmente la cuestión de la participación popular y la ciudadanía. La obra se fundamenta en el estudio de casos múltiples, como el tipo de investigación, así como de la revisión bibliográfica. Las técnicas empleadas fueron entrevistas con los directores de las radios, el estudio de los documentos y observación de sus programaciones. Se considera que estas radios son fenómenos complejos de comunicación, flexibles y contingentes, contexto esperado por abordar el estudio de objetos dispares y en diferentes circunstancias; contribuyen a la expansión de la ciudadanía y promueven la participación, cuando y en la medida de que su equipo de gestión se ha centrado en este trabajo y, a pesar de sus limitaciones, representan un paso adelante para la democratización de la comunicación en Brasil, proporcionando el acceso de la población a un medio de comunicación local. Palabras-clave: Comunicación comunitaria; Radio Comunitaria; Interior de São Paulo;.

(13) 13. Introdução A comunicação comunitária tem-se mostrado uma vertente de pesquisa dos fenômenos comunicacionais bastante profícua. Por vários motivos, têm crescido as investigações científicas acerca de casos concretos e o interesse e empenho, por parte de pesquisadores da área, em entender tal prática. No Brasil, o estudo sobre rádios comunitárias – apenas uma das inúmeras maneiras de se forjar a comunicação comunitária e popular – tem encontrado um contexto social singular após 1998, ano de instituição e legalização do serviço de rádio comunitária no País. Claro que, antes disso, inúmeras rádios livres e comunitárias já existiam, mas, a partir dessa data, casos legalizados começaram a surgir. Tais emissoras têm operado de forma bastante complexa no que diz respeito às formas de produção de conteúdo, gestão, sustentação, estratégias de promoção da cidadania e de viabilização da participação popular. Também por isso, torna-se plausível o estudo empírico dessas emissoras, com a intenção de entender como elas têm operado na prática. Além disso, vive-se um contexto sócio-político diferente de décadas anteriores – quando começaram a se avolumar os paradigmas teóricos da área –, um novo momento histórico que contribui para algumas reelaborações teóricas sobre o tema, observadas também em casos concretos de comunicação comunitária. Este trabalho procura apreender as principais tendências das rádios comunitárias legalizadas do interior paulista, por meio de uma pesquisa com cada gestor das 23 emissoras legalizadas da Região Administrativa1 de Bauru. Procurou responder à seguinte questão: quais as similaridades e as diferenças entre as rádios comunitárias legalizadas na região de Bauru, em especial quanto às formas de participação popular praticadas em todo o processo de comunicação? O objetivo foi mapear as tendências das rádios comunitárias legalizadas na Região Administrativa de Bauru/SP, compreender as formas de participação popular implementadas e de que maneira as próprias emissoras consideram estar contribuindo para ampliar a cidadania. Para tanto, procurou-se: a) averiguar as finalidades das rádios comunitárias; b) analisar a programação e as formas de gestão e produção de cada emissora; c) identificar as estratégias de subsistência adotadas; d) identificar os níveis de participação popular; e) verificar em que 1. Região Administrativa é uma subdivisão do Estado que agrupa municípios levando em consideração aspectos geopolítico-econômicos. O Estado de São Paulo divide-se em 15 Regiões Administrativas: Metropolitana de São Paulo, Registro, Baixada Santista, São José dos Campos, Sorocaba, Campinas, Ribeirão Preto, Bauru, São José do Rio Preto, Araçatuba, Presidente Prudente, Marília, Central, Barretos e Franca. A Região Administrativa de Bauru possui 39 municípios..

(14) 14. circunstâncias as emissoras foram autorizadas; f) analisar como se dá a aplicação da Lei 9.612/98 no funcionamento das emissoras; g) verificar como essas rádios contribuem para a ampliação da cidadania. Alguns pesquisadores têm-se preocupado em mapear as configurações das rádios comunitárias, a exemplo de Gisele Sayeg Nunes Ferreira (2006), Terezinha Silva (2008) e Orlando Berti (2009). Essas pesquisas parecem comungar com algumas motivações desta nossa proposta. Uma delas é oferecer um estudo sobre como as emissoras se configuram na prática e quais suas finalidades enquanto veículos de comunicação de baixa potência. No caso deste trabalho, a escolha dessa temática dá-se, primeiramente, pela atuação profissional do autor em rádio comunitária do interior paulista e pelo seu interesse pela linha de pesquisa. Sua experiência lhe proporcionou a observação das configurações de algumas rádios comunitárias. Por vezes, pessoas se valem da Lei 9.612/98 como forma de obter autorização para funcionamento de emissoras que operam com finalidades comerciais, distanciando-se da finalidade principal da comunicação comunitária: dialógica, participatória, democrática, cidadã. Além disso, os estudos existentes sobre essa linha de pesquisa indicam a complexidade e as inter-relações entre a comunicação local, comunitária e também a regional, o que indica a pertinência de análises empíricas de fenômenos comunicacionais, capazes de revelar como se dão tais laços na prática. A relevância social deste trabalho advém da importância em se apreender as tendências das rádios comunitárias autorizadas, nesta região, entender como se dá o processo de solicitação de autorização e funcionamento, quem tem feito uso da lei 9.612/98 para ter acesso ao espectro das rádios comunitárias, considerando que se está fazendo uso de concessões públicas. Do ponto de vista da relevância científica, trata-se de uma tentativa de oferecer à comunidade acadêmica um estudo sobre o atual funcionamento das rádios comunitárias no Brasil. A razão de se optar pelas emissoras dos municípios da região de Bauru ocorre pela inserção do autor da pesquisa na respectiva área, além de sua importância geopolítico-econômica. Este trabalho se justifica ainda pela oportunidade de contribuir para a discussão das características da comunicação comunitária no início do século XXI. Sabe-se que ela tem suas raízes na comunicação popular e alternativa, práticas de reivindicações dos movimentos populares; entretanto, hoje, parece incorporar outras características, seja pelo contexto sociopolítico, seja pelo advento das novas tecnologias de comunicação, seja pela ampliação de seus públicos aos diversos segmentos da sociedade etc..

(15) 15. Cabe dizer que esta pesquisa se balizou em três hipóteses principais, com a finalidade de auxiliar os rumos e as estratégias da investigação sobre as rádios comunitárias do interior paulista. A primeira delas ressaltava que as rádios comunitárias, em sua essência, configuramse como espaço propício para o exercício da cidadania e à participação popular, entretanto, devido a inúmeros fatores, algumas rádios autorizadas a funcionar como comunitárias, no atual contexto sociopolítico, configuram-se como pequenas empresas comerciais ou com finalidades políticas ou religiosas. Já a segunda hipótese destacava que, na maioria das emissoras, a participação popular acontece em níveis limitados e os processos de promoção do exercício da cidadania acabam desarticulados, enquanto emissoras comunitárias com mais vínculo local e comprometimento com as causas sociais viabilizam níveis mais avançados de participação. Por fim, a terceira hipótese observava que limitações de ordem tecnológica, técnica, profissional e comprometimentos políticos e econômicos e, ainda, limitações da Lei 9.612/98 e a inexistência de legislação para emissoras comerciais de baixa potência contribuem para algumas distorções quanto às práticas e propósitos das mesmas.. Metodologia De início, convém dizer que não somente o método, mas as técnicas e os procedimentos de pesquisa são de tal importância que podem ser determinantes para o sucesso investigativo. Como nos mostra Pedro Demo (apud SANTAELLA, 2001, p. 134), A despreocupação metodológica coincide com baixo nível acadêmico, pois passa ao largo da discussão sobre modos de explicar, substituindo-a por expectativas ingênuas e de evidências prévias. Nada favorece mais o surgimento do discípulo “copiador” que a ignorância metodológica.. Seguindo a perspectiva do autor, optou-se por ancorar este trabalho ao método qualitativo de pesquisa, já que visou apanhar e entender um fenômeno atual e que passa por transformações e reelaborações. Como salienta Godoy (1995a, p. 58), trata-se de “compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo”. O estudo não buscou corroborar ou negar as hipóteses estabelecidas, mas parte de “questões ou focos de interesses amplos, que vão se tornando mais diretos e específicos no transcorrer da investigação” (GODOY, 1995a, p. 63). A opção em adotar o método qualitativo não se deu ao acaso. Mas porque esta pesquisa procurou entender o fenômeno como um todo, levando em conta sua complexidade e procurando apanhá-lo no contexto em que se insere e do qual faz parte. A opção metodológica está intimamente ligada à natureza e ao tipo de questão que se pretende estudar. É o problema de pesquisa que indica a metodologia adequada, tal como alerta Godoy (1995a, p. 63): “a.

(16) 16. opção pela metodologia qualitativa se faz após a definição do problema e do estabelecimento dos objetivos da pesquisa que se quer realizar”. Nesse mesmo sentido parecem caminhar os apontamentos de Richardson (2008, p. 79): A abordagem qualitativa de um problema, além de ser uma opção do investigador, justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social. Tanto assim é que existem problemas que podem ser investigados por meio de metodologia quantitativa, e há outros que exigem diferentes enfoques e, consequentemente, uma metodologia de conotação qualitativa.. Esta pesquisa apoiou-se na dialética, como estratégia metodológica, pois procurou entender o fenômeno social em seu contexto e em sua complexidade, abarcando desde suas transformações históricas, a dinamicidade dos processos sociais e os elementos que os constituem. Como ressalta Minayo (2007, p. 108), a dialética refere-se ao método de abordagem da realidade, reconhecendo-a como processo histórico em seu peculiar dinamismo, provisoriedade e transformação. A dialética é a estratégia de apreensão e de compreensão da prática social empírica dos indivíduos em sociedade (nos grupos, classes e segmentos sociais), de realização da crítica das ideologias e das tentativas de articulação entre sujeito e objeto, ambos históricos.. Trata-se ainda de estudo de casos múltiplos e de caráter explanatório, pois lidou com questões do tipo “como” e “por que”, enfocando um fenômeno contemporâneo e inserido em contexto social real. Além disso, para esta pesquisa, optou-se por trabalhar com ampla variedade de evidências, como documentos, entrevistas e observações, que, para Yin (2005, p. 26) trata-se de um diferencial do estudo de caso, um método “que abrange tudo – com a lógica de planejamento incorporando abordagens específicas à coleta de dados e à análise de dados” (YIN, 2005, p. 33). Em suma, por definição, para Yin (2005, p. 32-3) o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. [...] A investigação de estudo de caso enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidências, com os dados precisando convergir em um formato de triângulo, e, como outro resultado beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados.. Como se investigaram várias emissoras, esta pesquisa está ancorada no “estudo de casos múltiplos”, que resultam em evidências “consideradas mais convincentes, e o estudo global é visto, por conseguinte, como sendo mais robusto” (YIN, 2005, p. 68). Já que o objetivo foi estudar as emissoras legalizadas em uma região paulista, o “estudo de casos.

(17) 17. múltiplos” nos pareceu a metodologia adequada, por possibilitar conhecer as configurações das emissoras desta área, ao estabelecer comparações entre cada rádio comunitária. Levantaram-se informações gerais sobre a região administrativa de Bauru e sobre os municípios que possuem rádio comunitária autorizada. Por meio de uma pesquisa de campo, coletaram-se dados sobre os 23 casos estudados, servindo-se dos seguintes procedimentos de pesquisa: entrevista com os gestores das emissoras, análise de documentos relacionados à implantação e administração dessas, além da observação assistemática de suas programações radiofônicas. Após, as entrevistas foram transcritas. Optou-se por não se descaracterizar a forma de expressão dos entrevistados, alterando apenas pequenos desvios em relação à norma culta da língua portuguesa. Técnica indicada para captação de informações a partir das experiências dos sujeitos envolvidos com o fenômeno estudado, a entrevista nos permitiu coletar dados qualitativos acerca da atuação dos gestores das rádios comunitárias. Adotou-se a entrevista semiaberta, com questões semiestruturadas, já que se buscava explorar qualitativamente o assunto, ou seja, não se pretendia quantificar ou definir estatisticamente o fenômeno, mas saber “como” ele estava constituído. Como bem pontuou Duarte (2005, p. 62), a entrevista semiaberta é um recurso metodológico que busca, com base em teorias e pressupostos definidos pelo investigador, recolher respostas a partir da experiência subjetiva de uma fonte, selecionada por deter informações que se deseja conhecer.. Por meio dessa técnica de pesquisa, captaram-se informações junto aos responsáveis pela implantação e administração da rádio comunitária, a fim de identificar suas intenções e objetivos junto à emissora. Dessa forma, apanharam-se dados para a apreensão das tendências de cada emissora, uma espécie de “pseudoconversa realizada a partir de um quadro conceitual previamente caracterizado” (DUARTE, 2005, p. 64). Partiu-se de um roteiro de questões-guia2, fundamentado no problema de pesquisa, o que serviu para nortear a entrevista. As questões foram colocadas de forma aberta, pelo entrevistador, e das próprias respostas nasciam outros questionamentos. Somente quando o tema se esgotava é que o entrevistador partia para o próximo tópico do roteiro. Outra técnica aplicada com a intenção de coletar informações foi a análise documental, na qual se utilizou o estudo de documentos como fonte de informação. Verificava-se o teor dos dados desses materiais e sua importância para a pesquisa, sejam. 2. O roteiro pode ser encontrado em anexo..

(18) 18. documentos da mídia impressa e eletrônica, relatórios técnicos, documentos oficiais, cartas de ouvintes e outros. Buscaram-se documentos que fornecessem informações acerca da trajetória da emissora, das suas configurações atuais, além de leis e decretos do Ministério das Comunicações, os quais regem as emissoras comunitárias. Como registra Moreira (2005, p. 274), De posse das informações existentes em acervos públicos ou particulares, o pesquisador está pronto para empreender a aventura rumo à análise documental propriamente dita. A análise crítica do material encontrado constitui importante fio condutor para a memória de eventos, pessoas e contextos. Muitas vezes a consulta aos acervos pode estimular aspectos ou ângulos de abordagem não previstos na fase de elaboração do projeto de pesquisa.. Nesse sentido, a pesquisa documental contribuiu com o trabalho porque possibilitou algumas análises. Como ressalta Godoy (1995b, p. 21), trata-se do “exame de materiais de natureza diversa, que ainda não receberam um tratamento analítico, ou que podem ser reexaminados, buscando-se novas e/ou interpretações complementares”. Conjugou-se a essas técnicas mencionadas a observação da programação das emissoras. Não foi possível ouvir por longos períodos de tempo a programação veiculada por cada emissora, por isso, durante as visitas, procurou-se solicitar informações ao próprio gestor, a locutores e/ou operadores de som. O objetivo era conhecer todos os programas da grade e qual o foco principal de cada programa. Trata-se, então, de observação assistemática da programação, na maioria das vezes construída a partir de dados fornecidos em entrevistas. A análise da grade de programação dessas rádios forneceu algumas informações sobre seu modus operandi. Através de observação de quais programas e de que forma compõem a grade, pôde-se inferir se a programação está voltada apenas para um segmento da população, se possui fins religiosos ou políticos, se possui participação da população local, dentre outras tendências. A principal dificuldade encontrada pelo autor da pesquisa está ligada à forma como este foi recebido pelos gestores. Muitos deles, talvez a maioria, demonstraram certo receio e desconfiança ao recebê-lo. A figura do pesquisador parecia ser confundida com a de um fiscal, preocupado em investigar possíveis irregularidades. Apesar disso, atenderam ao autor da pesquisa, com exceção de duas emissoras..

(19) 19. Estrutura O trabalho está dividido em quatro capítulos, pelos quais se procurou sistematizar informações e dados empíricos, além das construções teórico-conceituais sobre a temática. Esse conjunto é que nos possibilita tecer reflexões e interpretações sobre o fenômeno das rádios comunitárias no Brasil. O primeiro capítulo, “Conceitos introdutórios: a comunidade, o local e a região”, procura apresentar e discutir de forma preliminar alguns conceitos sobre dimensões espaciais, intrínsecos às manifestações comunicacionais da atualidade: a comunidade, o local e a região. São conceitos que se apresentam de forma bastante complexa, todavia, mesmo assim, não deixam de representar pistas importantes para o estudo de fenômenos de comunicação em perspectiva comunitária, local e regional. Em “Comunicação comunitária: suas trajetórias, complexidades e inovações”, o segundo capítulo, o leitor encontra a trajetória histórica da comunicação popular e comunitária, além de constatar suas características neste início de século. O objetivo do capítulo é oferecer um constructo teórico sobre essa prática de comunicação e suas transformações no Brasil. O tópico também trata do movimento de rádio comunitária no País, conceitos, aspectos legais, etc. O terceiro capítulo, intitulado “Rádios Comunitárias do interior paulista: a região de Bauru”, descreve cada um dos 23 casos estudados. Apresenta um panorama das emissoras, caracterizando seus aspectos formais, modelo de gestão, programação, formas de participação popular, como acreditam estar contribuindo para a ampliação da cidadania, entre outros. Foi organizado em 23 subitens, cada qual com o nome usado pela emissora. Ao contrário dos capítulos anteriores que apresentam discussões teóricas, este apresenta dados empíricos, colhidos para esta pesquisa. Por fim, “Por um diagnóstico dos dados”, o quarto capítulo, oferece uma análise de conjunto dos casos estudados. Apresenta reflexões e interpretações dos dados empíricos, sendo organizado em seis categorias: programação, gestão, circunstâncias de outorga e legislação, sustentabilidade, promoção da cidadania, participação popular. Serve-se de trechos de depoimentos dos gestores e de citações teóricas para discutir as principais tendências das emissoras pesquisadas..

(20) 20. Capítulo I Conceitos introdutórios: a comunidade, o local e a região.

(21) 21. Capítulo I – Conceitos introdutórios: a comunidade, o local e a região Em meio à intensidade da globalização, eis que ressurge a tendência à valorização do próximo. Paradoxalmente, apesar do fascínio pela informação internacionalizada e pela aparente homogeneização de valores, revitaliza-se o apreço pelo local, pela comunidade, pelo familiar. Não se negam as vantagens do mundo globalizado, entretanto, o interesse pelas raízes insere-se nessa complexidade a ponto de fazer-nos ver o mundo por meio das relações e articulações entre global e local, e não mais apenas pela globalização. Trata-se da glocalização3. É a dinâmica global que interage com o local, criando e recriando identidades globais e locais. Como mostra Octavio Ianni (2007, p. 250), o local e o global estão distantes e próximos, diversos e iguais. As identidades embaralham-se e multiplicam-se. As articulações e as velocidades desterritorializam-se e reterritorializam-se em ouros espaços, com outros significados. O mundo se torna mais complexo e mais simples, micro e macro, épico e dramático.. Alguns pesquisadores arriscam explicar esse processo social, como Manuel Castells (1999, p. 85), para quem a revitalização do local é uma reação defensiva ao atual contexto social da globalização, da formação das redes e da flexibilidade de tempo e espaço: quando o mundo se torna grade demais para ser controlado, os atores sociais passam a ter como objetivo fazê-lo retornar ao tamanho compatível com o que podem conceber. Quando as redes dissolvem o tempo e o espaço, as pessoas se agarram a espaços físicos, recorrendo à sua memória histórica.. O local, a comunidade, a família, nossas raízes, nossas identidades, aquilo que nos é próximo, tendem a representar segurança e proteção em um mundo aparentemente instável, de proporções globais, etc. Este trabalho se debruça sobre a comunicação comunitária; contudo, o conceito “comunidade”, basilar para tal discussão, apresenta-se envolto em certa complexidade e interligado a outras dimensões espaciais, como o local e o regional. Importa, então, para esta pesquisa, apanhar as relações, inter-relações e diferenças entre tais conceitos, além de suas origens e transformações no mundo atual.. 1. A comunidade O termo vem sendo utilizado, nos últimos tempos, de forma desordenada, o que contribui para uma confusão conceitual que esvazia seu significado. Qualquer agrupamento tem sido chamado de comunidade, sejam bairros, vilas, cidades, segmentos religiosos, 3. Neologismo resultante das palavras globalização e localização..

(22) 22. segmentos sociais e outros. Além disso, as transformações sociais, resultantes das novas tecnologias da comunicação e da Comunicação Mediada por Computadores (CMC), têm contribuído ainda mais para estes desvios conceituais. Por isso, faz-se necessário, para este trabalho, resgatar os conceitos clássicos de comunidade, apanhá-los em suas re-elaborações e transformações, o que fornecerá embasamento para compreensão do que, conceitualmente, pode ser chamado por comunidade, hoje. Muitos foram os pensadores a se debruçar sobre comunidade. Poderíamos, a título de contextualização, citar alguns clássicos como Max Weber (1973), Ferdinand Tönnies (1973, 1995), Robert A. Nisbet (1953), Martin Buber (1987), Talcott Parsons (1969), além de contribuições mais recentes, como Manuel Castells (1999), Zygmunt Bauman (2003), Raquel Recuero (2003), Marcos Palácios (2001), Gianni Vattimo (2007), Roberto Espósito (2007), Davide Tarizzo (2007), e de Cicilia Peruzzo (2002) e Raquel Paiva (2003), entre outros, que procuraram relacionar os conceitos de comunidade à Comunicação. Entretanto, há que se partir de uma constatação de Palácios (2001, p. 1) de que a “ideia ou conceito de Comunidade, tão central na Sociologia Clássica, é uma invenção da Modernidade”. Com as novas formas de organização social é que surgem as contraposições entre comunidade e sociedade, tornando perceptíveis as diferenças entre elas. Mas o que não há como negar é que a palavra comunidade evoca sensações das mais agradáveis, independentemente de época ou de região. Hoje em dia é o lugar ideal onde todos almejam viver, um esconderijo dos perigos da sociedade moderna. Como nos mostra Bauman (2003, p. 7), “„comunidade‟ produz uma sensação boa por causa dos significados que a palavra „comunidade‟ carrega”: é a segurança em meio à hostilidade, o oásis em meio ao deserto. Para se compreender os aspectos fundamentais e essenciais do conceito, recuperam-se algumas contribuições teóricas de pensadores clássicos, como Weber (1973, p. 140-3) para quem a comunidade é um conceito amplo que abrange situações heterogêneas, mas que, ao mesmo tempo, apoia-se em fundamentos afetivos, emotivos e tradicionais. O autor (1973, p. 140) chama de comunidade “uma relação social quando a atitude na ação social – no caso particular, em termo médio ou no tipo puro – inspira-se no sentimento subjetivo (afetivo ou tradicional) dos partícipes da constituição de um todo”. Para Weber (1973, p. 141), assim como para Ferdinand Tönnies (1973), a “maioria das relações sociais participa em parte da comunidade e em parte da sociedade”. Entretanto, algumas características da comunidade estão evidentes no pensamento do autor. Weber (1973,.

(23) 23. p. 140-143) fala que na comunidade os fins são racionalmente sustentados por grande parte de seus participantes. O sentido contrapõe-se à ideia de “luta”, participação comum em determinadas qualidades, da situação ou da conduta, situação homogênea, sentimento da situação comum e de suas consequências, mesma linguagem. Entretanto, em si, isto não implica comunidade. Comunidade só existe propriamente quando, sobre a base desse sentimento [da situação comum], a ação está reciprocamente referida – não bastando a ação de todos e de cada um deles frente à mesma circunstância – e na medida em que esta referência traduz o sentimento de formar um todo (WEBER, 1973, 142).. Ferdinand Tönnies (1973, p. 104), além de trabalhar com as relações entre comunidade e sociedade, apoia-se essencialmente nas relações entre mãe e filho, entre esposos e entre irmãos e irmãs que se reconhecem filhos da mesma mãe. A existência de processos comunitários estaria ligada, em primeiro lugar, aos laços de sangue, em segundo lugar à aproximação espacial, e em terceiro lugar à aproximação espiritual. O autor (1973, p. 102), ainda relaciona comunidade a uma vontade comum, à compreensão, ao direito natural, à língua e à concórdia: “onde quer que os seres humanos estejam ligados de forma orgânica pela vontade e se afirmem reciprocamente, encontra-se alguma espécie de comunidade” (1995, p. 239), ou seja, a vida em comunidade baseia-se em relações sociais onde não são necessárias as mediações financeiras, nem do direito, nem da justiça como instituição social. Essa íntima relação entre os indivíduos e a origem de um estado natural podem ser observadas na seguinte definição: A teoria da comunidade se deduz, segundo as determinações da unidade completa das vontades humanas, de um estado primitivo e natural que, apesar de uma separação empírica e que se conserva através desta, caracteriza-se diversamente segundo a natureza das relações necessárias e determinadas entre os diferentes indivíduos que dependem uns dos outros (TÖNNIES, 1973, p. 98).. Ainda em Tönnies (1995, p. 239) encontramos que a comunidade de sangue (unidade de existência) tende a se desenvolver como comunidade de lugar (fundamentada na habitação comum) que, consequentemente, desdobra-se em comunidade de espírito (baseada em atividade comum). A comunidade de pensamento, que se expressa pelo conjunto coerente de vida mental, seria, para o autor, a mais elevada forma de comunidade, por ser mais especificamente humana. Em outras palavras, a base da vida comunitária estaria na comunhão de pensamento e de ideais. Tönnies (1995, p. 239), considera que as características da comunidade podem estar relacionadas a três gêneros de comunidades: a) parentesco; b) vizinhança; c) amizade. O.

(24) 24. parentesco relaciona-se aos laços de sangue e à vida comum em uma mesma casa, mas podem não se limitar à proximidade física. Esse sentimento pode existir por si mesmo com o afastamento físico; entretanto, as pessoas sempre estarão à procura da presença física e real da família, do parentesco. A vizinhança caracteriza-se pela vida em comum entre habitações próximas, da qual nasce um sentimento mútuo de confiança, de favores e outras ligações. Dificilmente se mantém sem a proximidade física. A amizade está ligada aos laços criados nas condições de trabalho ou no modo de pensar. Nasce das preferências entre profissionais de uma mesma área ou daqueles que partilham da mesma fé, trabalham pela mesma causa e se reconhecem entre si. Nessa perspectiva, o autor parece reconhecer a existência de comunidades na vida urbana, a qual, para ele, pode ser representada pela comunidade de vizinhança. Trata-se da tendência de Tönnies de apanhar a comunidade sempre em relação à vida em sociedade. Parecida com a perspectiva de Ferdinand Tönnies, Martin Buber (1987) tem uma visão de comunidade ideal, com base em um estado primitivo e natural, na qual vida e comunidade são duas ramificações de uma mesma raiz: a divindade, o criador. A comunidade possuiria a finalidade de promover a integração de homens íntegros, dotados de índole tal que os permitisse viver em comunhão, de forma a partilhar seus anseios e até se despojar de muitas vantagens e privilégios. Segundo Buber (1987, p. 34), a comunidade que imaginamos é somente uma expressão de transbordante anseio pela Vida em sua totalidade. Toda Vida nasce de comunidades e aspira a comunidades. A comunidade é fim e fonte de Vida. Nossos sentimentos de vida, os que nos mostram o parentesco e a comunidade de toda a vida do mundo, não podem ser exercitados totalmente a não ser em comunidade. E, em uma comunidade pura nada podemos criar que não intensifique o poder, o sentido e o valor da Vida. Vida e comunidade são os dois lados de um mesmo ser. E temos o privilégio de tomar e oferecer a ambos de modo claro: vida por anseio à vida, comunidade por anseio à comunidade.. Importante registrar ainda que, para Buber (1987, p. 39), a humanidade se originou em uma comunidade primitiva, passou pela escravidão da sociedade e “chegará a uma nova comunidade que, diferentemente da primeira, não terá mais como base laços de sangue, mas laços de escolha”. Nesse sentido, o autor já reconhecia e antecipava que as noções de parentesco e de território não são condição essencial e obrigatória para se caracterizar uma comunidade, mas sim a comunhão de escolhas, a vontade comum, a partilha de um mesmo ideal, noções atualmente primordiais para se entenderem as comunidades virtuais. Robert E. Park e Ernest W. Burgess (1973, p. 148) defendem que uma comunidade deve ser considerada a partir da “distribuição geográfica dos indivíduos e instituições de que.

(25) 25. são compostos”. Os autores trabalham na mesma perspectiva “tonniana” de relacionar comunidade e sociedade. Para eles, “toda comunidade é uma sociedade, mas nem toda sociedade é uma comunidade”. Segundo os autores (1973, p. 149), a noção do lócus territorial específico não deve ser vista como condição sine qua non para a existência de vida comunitária, mas segundo eles, a participação na vida comum da comunidade. Já em R. M. MacIver e Charles Page (1973, p. 122) encontramos que onde quer que os membros de qualquer grupo, pequeno ou grande, vivam juntos e de modo tal que partilhem, não deste ou daquele interesse, mas das condições básicas de uma vida em comum. [...] O que caracteriza uma comunidade é que a vida de alguém pode ser totalmente vivida dentro dela. Não se pode viver inteiramente dentro de uma empresa comercial ou de uma igreja. [...] O critério básico da comunidade, portanto, está em que todas as relações sociais de alguém podem ser encontradas dentro dela.. Complementando, os autores (1973, p. 122-3) pontuam que uma comunidade possui bases na localidade e no sentimento de comunidade, não necessitando ser autossuficiente: a) Localidade: refere-se à área territorial que a comunidade ocupa. Até mesmo comunidades nômades habitam um determinado local, mesmo que este seja alterado. A maioria das comunidades é fixa a um território, entretanto, este tipo de laço tem-se enfraquecido, no mundo contemporâneo, devido à atuação dos meios de comunicação. b) Sentimento de comunidade: implica coesão social e em coparticipação. Destes dois fatores nasce o sentimento de comunidade.. E no mundo atual, o que pode ser considerado comunidade? Ao discutir as formas de organização social na sociedade contemporânea, Marcos Palácios (2001, p. 4) defende que alguns elementos fundamentais caracterizam uma comunidade na atualidade: a) sentimento de pertencimento; b) sentimento de comunidade; c) permanência (em contraposição à efemeridade); d) territorialidade (real ou simbólica); e) forma própria de comunicação entre seus membros, através de veículos específicos. Para ele (2001, p. 7), a questão da territorialidade assume novo sentido: O sentimento de pertencimento, elemento fundamental para a definição de uma Comunidade, desencaixa-se da localização: é possível pertencer a distância. Evidentemente, isso não implica a pura e simples substituição de um tipo de relação (face a face) por outro (a distância), mas possibilita a coexistência de ambas as formas, com o sentimento de pertencimento sendo comum às duas..

(26) 26. Nessa perspectiva, a territorialidade pode assumir caráter físico ou simbólico. A localidade geográfica passa a não ser considerada característica intrínseca de uma comunidade, porque, mesmo a distância, pode-se se sentir parte. Não é que o território não possua mais valor para a comunidade, mas, agora, o mesmo pode ser físico-geográfico ou simbólico. Assim, adquire relevância o sentimento de pertença, já que se pode pertencer a distância. O que está em jogo é a vontade e os interesses dos membros. Para José Marques de Melo (1981, p. 58), comunidade é um fenômeno social inexistente no Brasil, ao menos em áreas urbanizadas e alfabetizadas, já que a nossa estrutura política, autoritária e desmobilizante, não tem permitido a disseminação dos ideais democráticos, indispensáveis a qualquer aglutinação comunitária. Talvez as experiências propriamente comunitárias no Brasil (além das sociedades tribais, isoladas da sociedade nacional) sejam aquelas que encontram na miséria um fator de aglutinação: nas favelas das grandes cidades e nos povoados das áreas rurais, constituídas respectivamente por migrantes e imigrantes potenciais.. Essas reflexões de Marques de Melo datam do início da década de 1980, época do regime militar no Brasil, contexto social de repressões políticas e sociais. Atualmente, vive-se outro contexto social, marcado pela globalização, que gera tendências individualistas e, ao mesmo tempo, agregadoras e de revitalização das identidades locais e de laços comunitários. Segundo Manuel Castells (1999, p. 79), é justamente nessas condições que “as pessoas resistem ao processo de individualização e atomização, tendendo a agrupar-se em organizações comunitárias que, ao longo do tempo, geram um sentimento de pertença e, em última análise, em muitos casos, uma identidade cultural, comunal”. A hipótese do autor é de que, por meio de um processo de mobilização social, as pessoas participem de movimentos urbanos, defendendo interesses em comum. Trata-se do fortalecimento das identidades locais, como bem mostrou Stuart Hall (2006, p. 85): “o fortalecimento de identidades locais pode ser visto na forte reação defensiva daqueles membros dos grupos étnicos dominantes que se sentem ameaçados pela presença de outras culturas”. São movimentos de construção de identidades, como ressalta Castells (1999, p. 24): a) identidade legitimadora: representada pelas instituições dominantes interessadas em expandir sua dominação; b) identidade de resistência: representada pelas pessoas em condições desvalorizadas e que resistem à dominação; c) identidade de projeto: quando as pessoas se mobilizam, criando uma identidade capaz de buscar a transformação social..

(27) 27. Ainda de acordo com as idéias de Castells (1999, p. 84), no mundo atual as comunidades são construídas a partir dos interesses e anseios de seus membros, o que faz delas fontes específicas de identidades. Essas identidades podem nascer da intenção em manter o status quo, ou de resistir aos processos dominantes e às efemeridades do mundo globalizado, ou ainda de buscar a transformação da estrutura social. Em todas elas existem processos de identidade, objetivos e interesses em comum, a participação em prol desse objetivo, o sentimento de pertença, oriundo da identidade em questão. Talvez, nessas idéias de Castells (1999) e Hall (2006), estejam pistas para se entenderem os processos comunitários da contemporaneidade, algumas presentes desde as abordagens originárias. Em perspectiva correlata, Peruzzo (2002, p. 288-292) chama a atenção para um tipo de mobilização popular diferente das concepções tradicionais de comunidade, as quais podem ser percebidas na: passagem de ações individualistas para ações de interesse coletivo, desenvolvimento de processos de interação, a confluência em torno de ações tendo em vista alguns objetivos comuns, constituição de identidades culturais em torno do desenvolvimento de aptidões associativas em prol do interesse público, participação popular ativa e direta, e maior conscientização das pessoas sobre a realidade em que estão inseridas (PERUZZO, 2002, p. 290).. 1.1 A mídia comunitária Diante dessa breve discussão sobre os conceitos de comunidade, cabe ainda uma rápida explanação sobre as características da mídia comunitária. A intenção aqui é somente introduzir o tema, para relacionar os conceitos de comunidade e a comunicação. A questão será retomada e desenvolvida com maior profundidade no próximo capítulo. A mídia comunitária se configura como uma forma de comunicação desenvolvida por membros de movimentos sociais interessados na transformação de suas realidades. Eles estão preocupados em promover processos mobilizatórios, na linha da “identidade de projeto”, de Castells, por meio da participação popular na comunicação, com a finalidade de viabilizar a conscientização de seus direitos e deveres. Concordamos, portanto, com Peruzzo (2006, p. 150), quando afirma que a comunicação comunitária é aquela gerada no contexto de um processo de mobilização e organização social dos segmentos excluídos (e seus aliados) da população com a finalidade de contribuir para a conscientização e organização de segmentos subalternos da população, visando superar as desigualdades e instaurar mais justiça social.. A imprensa comunitária, nas palavras de Marques de Melo (1981, p. 52), deve ser ao mesmo tempo o veículo aglutinador e o porta-voz de um grupo de indivíduos conscientemente organizados (não importando se essa.

(28) 28. organização assume uma natureza geográfica, econômica, institucional ou ideológica). Em outras palavras, uma imprensa só pode ser considerada comunitária, quando se estrutura e funciona como meio de comunicação autêntico de uma comunidade. Isto significa dizer: produzido pela e para a comunidade.. No decorrer da história, esse tipo de comunicação recebeu diversas denominações como alternativa, popular, horizontal, participativa, participatória, democrática, educativa e outras. Conceitualmente, existem algumas diferenças entre a comunicação popular, alternativa e a comunitária, mas, na prática, elas acabam mesclando suas especificidades, o que pode gerar algumas incompreensões, conforme constatou Peruzzo (2008a, p. 369): na prática, a comunicação comunitária por vezes incorpora conceitos e reproduz práticas tipicamente da comunicação popular em sua fase original e, portanto, confunde-se com ela, mas ao mesmo tempo constrói outros matizes. Por exemplo, às vezes se desconecta de movimentos sociais e assume feições diversificadas quanto às bandeiras defendidas e mensagens transmitidas.. Como características principais, em uma acepção idealista, a comunicação comunitária tem a intenção de divulgar um conteúdo de interesse da população local, com temas ligados à realidade comunitária que geralmente não são relatados pela grande mídia, não possui finalidades lucrativas, é gerida pela própria população local, através da estratégia da participação popular, ou seja, não existem as figuras de emissores x receptores, já que ambos desenvolvem os dois papéis. Por meio da participação, promove processos educativos, de mobilização e de cidadania. Configura-se como comunicação contra-hegemônica porque veicula um conteúdo que contesta as formas e estruturas de dominação do mundo, possui bases plurais devido à sua capacidade de dar voz às diversas manifestações daquela população. Pode atuar como um espaço público que promove o debate e induz à reflexão; o resultado deste processo é a conscientização sobre diversos aspectos da sociedade. Não apresenta interesses políticos, religiosos, empresariais, particulares ou corporativos. Por isso, não permite intervenções por parte das instituições do poder local, políticos, grandes corporações da mídia ou outros setores. Ainda é necessário registrar que, nos processos de comunicação comunitária existentes hoje em dia, algumas distorções podem acontecer. Algumas pessoas se utilizam desse segmento da comunicação segundo seus interesses e promovem a monopolização do acesso a essas mídias. Deve-se ressaltar que esses fenômenos não merecem ser chamados de comunitários, pois se enquadram na lógica da mídia convencional e não desenvolvem um trabalho que vise ao bem comum. Conforme nos mostra Aprea (2004, p. 34), os “meios que.

(29) 29. atuam com objetivos de lucro evidente ou como órgãos oficiais de alguma corrente partidária ficam muito mais afastados do conceito de mídia comunitária”4. Assim, a comunicação comunitária possui alguns alicerces nos conceitos de comunidade e, por isso, pressupõe a existência de uma práxis que vai além do simples estar próximo ou compartilhar das mesmas situações. Pertencer a uma mesma etnia ou morar um mesmo bairro ou usar o mesmo transporte coletivo, não quer dizer que existam relações comunitárias. [...] Portanto, nem todo meio de comunicação local é comunitário (PERUZZO, 2008a, p. 377).. Por tudo isso, a comunicação comunitária, do ponto de vista teórico-conceitual, está envolta em certa complexidade e, conforme o caso, tangencia características inerentes às chamadas comunicações popular e alternativa, contudo mantém certas especificidades.. 2. O local A complexidade da questão advém da impossibilidade de se delimitar a localidade, estabelecer limites e demarcações. Primeiro porque se trata de um espaço no qual estão em jogo não apenas aspectos geográfico-territoriais, mas também elementos de ordem cultural, histórica, linguística, política, jurídica, de fluxo informacional e econômico. Devido às interrelações entre comunidade, local e região, há ainda dificuldade em se estabelecer fronteiras entre esses espaços, o que pode criar algumas confusões conceituais. Além disso, na prática, as características desses espaços acabam se misturando, principalmente entre o local e o comunitário. Neste sentido, Bourdin (2001, p. 13) esclarece que as delimitações da localidade são múltiplas e contingentes. A vizinhança, o bairro, a cidade ou a região urbana constituem pontos de referência relativamente estáveis, mas, conforme os contextos, estes níveis se definem diferentemente, e muitas coisas ou quase nada pode ocorrer aí.. Primeiramente, deve-se considerar que não existem territórios imutáveis e com demarcações absolutas, como já disseram Bourdin (2001) e Peruzzo (2006). Os contornos do local são efêmeros, transitórios, passíveis de mudanças e, muitas vezes, vagos. Assim, vales, montanhas, rios, etc. tornam-se fronteiras relativas, que não dão conta de definir localidades. Resta-nos, então, segundo Bourdin (2001, p. 20), apanhar essa questão nas suas relações e inter-relações entre os diferentes segmentos do contexto e da estrutura social, como o econômico, jurídico, político, de intercomunicabilidade, os poderes de aglomeração e descentralização. 4. Todas as citações em espanhol deste trabalho foram por nós traduzidas..

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