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(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE Escola de Ciências Médicas e da Saúde. RICARDO SILVA DOS SANTOS DURÃES. IDENTIFICAÇÃO DE DISTORÇÕES COGNITIVAS EM CASAIS E INTERVENÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL. São Bernardo do Campo 2016.

(2) 1. RICARDO SILVA DOS SANTOS DURÃES. IDENTIFICAÇÃO DE DISTORÇÕES COGNITIVAS EM CASAIS E INTERVENÇÃO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL. Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Escola de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP. Orientador: Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim.. São Bernardo do Campo, 2016.

(3) 2. A dissertação de mestrado sob o título “Identificação de distorções cognitivas em casais e intervenções cognitivo-comportamentais”, elaborada por Ricardo Silva dos Santos Durães foi apresentada e aprovada em 16 de novembro de 2016, perante a banca composta por Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim (Presidente/UMESP), Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno (Titular/UMESP) e Profa. Dra. Priscila Dib Gonçalves (Titular/Ipq-HCFMUSP).. ________________________________________ Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim Orientador e Presidente da Banca Examinadora. ________________________________________ Profa. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins Coordenadora do Programa de Pós-Graduação. Programa: Pós-Graduação em Psicologia da Saúde Área de Concentração: Psicologia da Saúde Linha de Pesquisa: Prevenção e Tratamento.

(4) 3. Epígrafe. “Em última análise, precisamos amar para não adoecer”. Freud. “Os psicólogos interessam-se, sobretudo, por saber em que ocasiões há, ou não, tomada de consciência, mas negligenciam demasiadamente a outra questão, que lhe é complementar e consiste em estabelecer ‘como’ ela se processa”. Jean Piaget. “O autoconhecimento tem um valor especial para o próprio indivíduo. Uma pessoa que se tornou consciente de si mesma, por meio de perguntas que lhe foram feitas, está em melhor posição de prever e controlar seu próprio comportamento”. Skinner. “Se nossos pensamentos forem limpos e claros, estaremos melhor preparados para alcançar nossos objetivos.” Aaron Beck.

(5) 4. RESUMO. Durães, R. S. S. (2016). Identificação de distorções cognitivas em casais e intervenções cognitivo-comportamentais. Dissertação de mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Escola de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), São Bernardo do Campo – São Paulo.. Os pensamentos automáticos, as emoções, os comportamentos e as respostas fisiológicas têm relações entre si e estão diretamente ligados às atribuição das causas, crenças, valores, atitudes e expectativas na relação dos casais e estão associados à satisfação conjugal e sofrimento psíquico. O objetivo desse estudo foi identificar distorções cognitivas em casais e intervir a partir da terapia cognitivocomportamental e aumentar os níveis de satisfação conjugal. A amostra foi composta por 16 casais heteroafetivos, brasileiros, maiores de 18 anos, alfabetizados e com no mínimo um ano de união. Assim, a idade média da amostra foi de 30,4 (DP=4,13) anos e a maioria (37,5%) relatou ter ensino médio completo. Foram utilizados os seguintes instrumentos: Escala de Satisfação Conjugal (ESC); Escala de Ajustamento Diádico (DAS); Inventário de Crença Sobre Relacionamento (RBI); Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC); Questionário de Pensamentos Automáticos (ATQ); Escala de Atitudes Disfuncionais (EAD); Inventário Back de Depressão – (BDI) e Inventário Beck de Ansiedade (BAI) aplicados antes e depois da intervenção cognitivo comportamental, além de um Questionário Sociodemográfico. Quanto ao procedimento, os casais passaram por 12 sessões de terapia de 50 minutos com base cognitivo-comportamental. Somente a segunda sessão foi individual. No entanto, a primeira e as demais sessões foram conjuntas. Os resultados mostraram que as distorções cognitivas mais frenquentes foram a Leitura de pensamento 34,4% (n=11) e de hipergeneralização 31,3% (n=10). Foi possível observar que a intervenção cognitivo comportamental se mostou eficaz, corroborando melhora nas satisfação conjugal da maioria dos casais. As correlações de amostras emparelhadas apresentaram significância estatística (p=0,00) na melhora dos níveis de satisfação conjugal, depressão, ansiedade, habilidades sociais conjugais e pensamentos automáticos comparado com o antes e depois da intervenção. Palavras-chave: Terapia cognitivo-comportamental; distorções cognitivas; relações conjugais. Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

(6) 5. ABSTRACT. Durães, R. S. S. (2016). Identification of cognitive distortions in marital relationship and cognitive-behavioral interventions. Master’s dissertation, Programa de PósGraduação em Psicologia da Saúde da Escola de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), São Bernardo do Campo, São Paulo, Brazil.. Automatic thoughts, emotions, behaviors and physiological responses have relationships with each other and are directly linked to the attribution of the causes, beliefs, values, attitudes and expectations in the relationship of couples and are associated with marital satisfaction and psychological distress. The aim of this study was to identify cognitive distortions couples and intervene from cognitivebehavioral therapy and increase levels of marital satisfaction. The sample consisted of 16 heteroafetivos couples, Brazilian, 18 years, literate and at least one year of marriage. Thus, the average age of the sample was 30.4 (SD=4,13) years and the majority (37.5%) reported having completed high school. The following instruments were used: Marital Satisfaction Scale (ESC); Dyadic Adjustment Scale (DAS); Relationship Belief Inventory (RBI); Marital Social Skills Inventory (IHSC); Automatic Thoughts Questionnaire (ATQ); Dysfunctional Attitude Scale (EAD); Back Depression Inventory - (BDI) and Beck Anxiety Inventory (BAI) applied before and after cognitive behavioral intervention, and a Questionnaire Sociodemographic. In the procedure, the couples came by 12 therapy sessions for 50-minutes weekly with cognitive-behavioral approach. Only the second session was individual. However, the first and the other sessions were combined. The results discloused as the most frenquentes cognitive distortions have the Mind Reading 34.4% (n = 11) and Hipergeneralization 31.3% (n = 10). In terms of final considerations it was observed that the cognitive behavioral intervention showed its effective, and then, corroborating improvement in marital satisfaction of most couples. Thus, the correlations of paired samples showed statistical significance (p=0,00) in the improvement of the levels of marital satisfaction, depression, anxiety, marital social skills and automatic thought compared to before and after the intervention.. Keywords: Cognitive-behavioral therapy; cognitive distortions; marital relations.. Support: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

(7) 6. DEDICATÓRIA. À minha querida esposa, Luziane Durães, com amor, admiração, apreço e gratidão, por sua compreensão, carinho, insentivo, presença constante e incansável e apoio ao longo do período da elaboração deste trabalho..

(8) 7. AGRADECIMENTOS. A Deus,. Aos meus pais, irmãos e irmã, Sogra, Sogro, cunhados e cunhadas,. Ao meu orientador Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim,. À banca de qualificação composta pelo Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim, Profa. Dra. Miria Benincasa Gomes e Profa. Dra. Maria GeraldaViana Heleno,. À banca de defesa da dissertação que foi composta pelo Prof. Dr. Antonio de Pádua Serafim, Profa. Dra. Priscila Dib Gonçalves e Profa. Dra. Maria GeraldaViana Heleno,. À Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde, Profa. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins,. A todos/as os/as professores/as do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo,. À Coordenadora do curso de Psicologia da Escola de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, Profa. Me. Mariantonia Chippari,. À Coordenadora do curso de Teologia da Escola de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo, Profa. Dra. Blanches de Paula..

(9) 8. SUMÁRIO. 1. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 15 2. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 20 3.1. Satisfação conjugal ............................................................................................ 20 3.2. Satisfação conjugal e habilidades sociais ......................................................... 21 3.4. Satisfação conjugal, ansiedade e depressão ..................................................... 22 3.5. Satisfação conjugal e pensamentos automáticos negativos .............................. 23 3.6. Satisfação conjugal e ajustamento diádico......................................................... 24 3.7. Satisfação conjugal e crenças sobre o relacionamento ..................................... 26 3.8. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ......................................................... 27 3.9. Terapia cognitivo-comportamental com casais .................................................. 29 3.10. Distorções cognitivas e identificação ................................................................ 30 3.11. Pensamentos automáticos, pressupostos subjacentes e crenças centrais ...... 32 3.12. Regulação emocional e reestruturação cognitiva ............................................. 32 3.13. Questionamento socrático ................................................................................ 34 3.14. Seta descendente ............................................................................................ 34 3.15. Psicoeducação ................................................................................................. 35 3.16. Role-playing ..................................................................................................... 36 3.17. Treino em comunicação ................................................................................... 37 3.18. Conceitualização de caso cognitivo-comportamental ....................................... 38 3.19. Estrutura das sessões ...................................................................................... 41 3.20. Tarefas de casa ................................................................................................ 42 3.21. Sessões conjuntas e individuais na terapia com casais ................................... 43 3.22. Prevenção de recaída ...................................................................................... 44 4. OBJETIVOS .......................................................................................................... 45 4.1. Geral.................................................................................................................. 45 4.2. Específicos ........................................................................................................ 45 5. HIPÓTESE ............................................................................................................ 45 6. MÉTODO............................................................................................................... 45 6.1. Participantes...................................................................................................... 45 6.2. Obtenção da amostra ........................................................................................ 45.

(10) 9. 6.3. Critérios de Inclusão .......................................................................................... 46 6.4. Critérios de Exclusão......................................................................................... 46 6.5. Local .................................................................................................................. 46 6.6. Procedimentos .................................................................................................. 46 6.7. Aspectos Éticos ................................................................................................. 46 6.8.1. Questionário Sociodemográfico ....................................................................... 47 6.8.2. Inventário Back de Depressão (BDI – Beck Depression Inventory) .......... 47 6.8.3. Inventário Beck de Ansiedade (BAI – Beck Anxiety Inventory) .................. 47 6.8.4. Escala de Satisfação Conjugal (ESC)- (Pick de Weiss e Andrade Palos (traduzida e adaptada por Dela Coleta, 1989). ........................................................ 47 6.8.5. Escala de Ajustamento Diádico (DAS – Dyadic Adjustment Scale) (Spainer, 1976 (traduzida por Bernard, 2007). .......................................................... 48 6.8.6. Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC)- (Del Prette - Del Prette & Del Prette, 2001). ............................................................................................ 48 6.8.7 Inventário de Crença Sobre Relacionamento (RBI – Relationship Belief Inventory) (Eidelson e Epstein,1982 (traduzido por Peçanha e Rangé, 2008). ... 49 6.8.8. Questionário de Pensamentos Automáticos (ATQ – Automatic Thought Questionnaire) - (Philip C. Kendall and Steven D. Hollon, 1980). .......................... 49 6.8.9. Escala de Atitudes Disfuncionais (EAD – Dysfuctional Attitudes Scale) (Arlene Weissman - adaptado por Orsini, Tavares e Trccoli, 2005). ..................... 49 6.8.10. Registro Pensamentos Disfuncionais (RDT - Record of Dysfunctional Thoughts)(Whight, Beck, Rust at al, 1979). ............................................................... 50 6.9. Descrição do protocolo da terapia ...................................................................... 50 6.9.1. Protocolo piloto de atendimento ...................................................................... 50 6.10. Descrição dos procedimentos de atendimento por sessão .............................. 51 6.10.1. 1ª sessão – Rapport; Avaliação (conjunta) - Questionário sociodemográfico; ESC; BDI; BAI ............................................................................... 51 6.10.2. 2ª sessão – Avaliação (individual); DAS; QPA; EAD ................................. 51 6.10.3. 3ª sessão – Avaliação conjunta e plano de tratamento, IHSC, RBI ....... 52 6.10.4. 4ª sessão – Role playing (dramatização) ..................................................... 52 6.10.5. 5ª sessão – Psicoeducação sobre pensamentos automáticos, resposta comportamental, resposta fisiológica, estratégia compensatória de enfrentamento, regulação emocional .......................................................................... 53 6.10.6. 6ª sessão – Treino em comunicação e habilidades sociais conjugais .... 54.

(11) 10. 6.10.7. 7ª sessão – Treino em comunicação, identificação de distorções cognitivas ......................................................................................................................... 54 6.10.8. 8ª sessão – Treino em resolução de problemas baseado em evidências ........................................................................................................................................... 55 6.10.9. 9ª sessão – Treino em resolução de problemas, plano de ação ............. 56 6.10.10. 10ª sessão – Reestruturação cognitiva, RPD ........................................... 56 6.10.11. 11ª sessão – Prevenção de recaída ........................................................... 57 6.10.12. 12ª sessão – Feedback geral, devolução dos inventários, questionários e avaliações finais .......................................................................................................... 57 6.11.1 1º – 10’ - Cumprimento ao casal; obteção de uma atualização da sessão anterior até a atual e revisão do exercício de casa .................................................. 58 6.11.2 2º – 2’ - Verificação do humor ......................................................................... 58 6.11.3 3º – 5’ - Definição da pauta, embora pré-programada, acontece colaborativamente com os casais ................................................................................ 58 6.11.4 4º – 25’ – O desenvolvimento da pauta, definida em colaboração – terapeuta-casal ............................................................................................................... 58 6.11.5 5º – 3’ – A definição das tarefas de casa ...................................................... 58 6.11.6 6º – 5’ – É solicitação um resumo e feedback da sessão atual ................ 59 7. ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 60 8. RESULTADOS ...................................................................................................... 61 9. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 71 9.1. Comunicação e satisfação conjugal ................................................................... 71 9.2. Distorções cognitivas e funcionamento conjugal ................................................ 74 9.3. Satisfação conjugal ............................................................................................ 78 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 80 10.1. Limitações ........................................................................................................ 81 10.2. Orientações para futuras pesquisas ................................................................. 81 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 82 ANEXOS ................................................................................................................... 92 1 Termo de autorização da instituição ................................................................................ 93 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ................................................ 94 2 Questionário Sociodemográfico ....................................................................................... 96 3 Descrição de expectativas do casal ................................................................................. 100 3 Registro de Pensamentos Disfuncionais (RDT - Record of Dysfunctional Thoughts) ..... 101.

(12) 11. 13. Princípios Para Quem Fala e Para Que Ouve ................................................................ 102 Lista de Atribuições Disfuncionais ...................................................................................... 106 Lista de Expectativas Irrealistas .......................................................................................... 107 Distorções Cognitivas Comuns............................................................................................ 108 Regras Para Resolução de Problemas ................................................................................. 109 Modelo dos resultados de um caso ......................................................................... 110 Caso 1 ..................................................................................................................... 110 Resultados das avaliações – antes e depois da intervenção ............................... 116 Síntese dos resultados do caso 1 .............................................................................. 117.

(13) 12. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS. A AS ATQ BAI BDI Cc D DAS Dc DP EAD ESC FA FI H HG IHSC LP M MD MH MM p PA PD PL RBI RL RPD RS T TAG Tc TCC TCLE. Antes da intervenção terapêutica Abstração seletiva (distorção cognitiva) Questionário de Pensamentos Automáticos (Automatic Thought Questionnaire) Inventário Beck de Ansiedade (Beck Anxiety Inventory) Inventário Back de Depressão (Beck Depression Inventory) Comunicação (queixas) Depois da intervenção terapêutica Escala de Ajustamento Diádico (Dyadic Adjustment Scale) Desconfiança (queixas) Desvio padrão Escala de Atitudes Disfuncionais (Dysfuctional Attitudes Scale) Escala de Satisfação Conjugal Falta de afeto (queixas) Falta de iniciativa (queixas) Homem Hipergeneralização (distorção cognitiva) Inventário de Habilidades Sociais Conjugais Leitura de pensamento (distorção cognitiva) Mulher Média Mau humor (queixas) Minimização e maximização (distorção cognitiva) Valor Pensamentos Automáticos Pensamento dicotômico (distorção cognitiva) Personalização (distorção cognitiva) Inventário de Crença Sobre o Relacionamento (Relationship Belief Inventory) Rotulação (distorção cognitiva) Registro Pensamentos Disfuncionais (Record of Dysfunctional Thoughts) Relações sexuais (queixas) Total da média geral Transtorno de Ansiedade Generalizada Traição (queixas) Terapia Cognitivo-Comportamental (Cognitive Behavioral Therapy) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

(14) 13. LISTA DE TABELAS. Tabela 1 – Composição da amostra (n=32 casais heteroafetivos). .......................... 61 Tabela 2 – Frequência das principais queixas entre os 32 participantes. ................. 63 Tabela 3 – Frequências das distorções cognitivas nos 32 participantes. ................. 63 Tabela 4 – Resultados das tabelas cruzadas para verificação de dependência entre variáveis sociodemográficas e distorções cognitivas. ............................ 64 Tabela 5 – Resultados da análise univariada das VD’s, antes da intervenção, entre as distorções, covariada por gênero. ..................................................... 66 Tabela 6 – Resultados das correlações das amostras emparelhadas – antes e depois da intervenção para todas as escalas......................................... 67 Tabela 7 – Resultados das correlações das amostras emparelhadas – antes e depois da intervenção. ........................................................................... 68 Tabela 8 – Resultados de teste não-paramétrico de BAI e RBI, antes e depois da intervenção. ............................................................................................ 69 Tabela 9 – Resultados das correlações de Pearson das variáveis por gênero – antes e depois da intervenção terapêutica. ...................................................... 69.

(15) 14. LISTA DE QUADROS. Quadro 1 – Descrição das distorções cognitivas e seus respectivos significados e exemplos.............................................................................................. 31 Quadro 2 – Registro de Pensamentos Disfuncionais .............................................. 33 Quadro 3 – Exemplo da utilização da seta descendente até a implicação do pensamento ......................................................................................... 35 Quadro 4 – Modelo de conceitualização de caso cognitivo-comportamental com casais ................................................................................................... 39 Quadro 5 – Passos importantes de uma sessão cognitivo-comportamental .......... 41 Quadro 6 – Descrição do protocolo piloto de atendimento da terapia .................... 50 Quadro 7 - Conceitualização do caso de Allinson .................................................. 111 Quadro 8 - Conceitualização do caso de Allan ....................................................... 113 Quadro 9 - Descrição de registro de pensamentos disfuncionais do caso Allan .. 116 Quadro 10 - Descrição de registro de pensamentos disfuncionais do caso Allinson ........................................................................................................... 117.

(16) 15. 1. JUSTIFICATIVA Esta pesquisa foi motivada a partir da percepção dos grandes e constantes conflitos entre casais bem como a dificuldade destes em resolverem seus problemas que, às vezes se mantêm por falta de habilidades sociais ou por padrões de pensamentos rígidos e irraizados, expectativas irrealistas sobre relacionamento conjugal, atribuições disfuncionais. Além disso, estes desajustes e insatisfações. conjugais. são. fatores. de. risco. para. transtornos. mentais,. principalmente a depressão. Após trabalhar com casais por uma década, percebi que, além de ser um tema relevante, havia a necessidade de se fazer um estudo de intervenção terapêutica com este público a fim de investigar as distorções cognitivas que interfem na dinâmica dos casais e o impacto que estas têm na satisfação conjugal e a relação com as suas crenças, habilidades sociais, pensamentos automáticos, padrões de comportamentos. Uma vez que a terapia cognitivo-comportamental tem sido eficaz no atendimento a casais, resolvemos utilizar desta abordagem a fim de reestruturar as cognições distorcidas dos casais participantes da pesquisa, melhorar a satisfação destes e, por consequência, aumentar os níveis de qualidade de vida, bem-estar e percepção de si próprio, do outro e do próprio futuro, além de propor um protocolo de atendimento para casais..

(17) 16. 2. INTRODUÇÃO De acordo com Zordan, Wagner e Mosmann (2012), pesquisas demonstram que. as. pessoas. consequentemente,. continuam querendo. considerando casar-se.. o. casamento. Entretanto,. algumas. importante. e,. características. tradicionais das uniões como, por exemplo, a estabilidade e durabilidade da relação, não têm sido mais uma premissa básica do casamento. Desta forma, há uma crescente diminuição das relações conjugais duradouras. A partir desses pressupostos, tem-se observado que nos últimos anos as uniões conjugais são múltiplas e a separação um fato recorrente. Entre as possíveis variáveis que podem contribuir para essas mudanças estão os fatores socioeconômico-culturais que têm atravessado um processo cada vez mais constante de transformações entre os casais (Wagner e Falcke, 2002). Além disso, tem o fato de que os interesses pessoais tendem a ser mais valorizados que os conjugais na relação, ou seja, relacionamentos marcados por demandas ou sobreposição dos interesses têm a tendência de reduzir os espaços e disponibilidade para compartilhar, dividir e socializar (Zordan,. Wagner, &. Mosmann, 2012). A “cultura do eu” toma o lugar da “cultura do nós”, estabelecendo, então, dificuldades nas relações conjugais e afetivas, pois, há um distanciamento e esfriamento emocional por estes viverem em constante busca de prazer próprio e nunca se satisfazerem (Perez-Alvarez, 2003). Outra questão que tem sido discutida sobre o divórcio, compreensão e razões predominantes às separações conjugais é a ascensão do status feminino e o fato de ambos os cônjuges poderem ser bem-sucedidos de forma igualitária (Zordan, Falcke, & Wagner, 2009; Zordan,. Wagner, & Mosmann, 2012). Não obstante,. aspectos como valores, hábitos, interesses, exercício de papéis familiares e domésticos, bem como a ruptura com a família extensa e o isolamento social, também tem sido pesquisado. No entanto, é difícil compreender ou indentificar apenas um motivo que implique na dinâmica do casal e leve à dissolução das relações (Wagner & Falcke, 2002). Segundo Rizzon, Mosmann e Wagner (2013), causas psicossociais permeiam os conflitos conjugais e podem levar ao divórcio. Associado a isto, estão fatores psicológicos e, em destaque, a influência da família de origem e do meio social..

(18) 17. Em consequência, as pessoas que vivenciam o processo de separação também sofrem (Rizzon, Mosmann, & Wagner, 2013). Sobre a família de origem, Dattilio e Padesky (1995) acreditam que essa exerce um papel importante no modo como o indivíduo se relaciona e nas crenças que este carrega consigo. Geralmente, se ouve afirmações como, “Bem que minha mãe dizia”, “Meus pais nunca discutiram estas coisas” ou “Eu aprendi desta forma com o meu pai”. Assim, conversar sobre o relacionamento dos pais, como, por exemplo, costumes, valores, crenças pode ajudar o casal a compreender melhor alguns dos seus próprios padrões e tentar modificá-los, se necessário, e adotar novas diretrizes. Também, reforça a percepção da compreensão sobre o outro, as crenças derivadas da família de origem e a verificação do seu grau de funcionalidade em detrminada situação. Assim, cada cônjuge leva consigo uma bagagem de conteúdos para o relacionamento conjugal, por exemplo, conflitos, padrões de certo e errado, esquemas rígidos de valores, crenças. Estes podem ser aprendidos ou experienciado na convivência familiar de origem ao longo da vida, tanto entre os pais e irmãos como entre si. Às vezes, estes esquemas estão profundamente internalizados, enraizados e reforçados no indivíduo, que o torna cada vez mais resistente à mudanças (Dattilio, 2009). Segundo Sana e Scribel (2003), estas experiências podem aparecer na troca de mensagem entre os cônjuges e no padrão de atitudes que, muitas vezes, não comportam a realidade da vida conjugal, gerando assim, outros conflitos. No entanto, (Dattilio & Padesky, 1990) o reconhecimento por parte dos cônjuges sobre certos padrões ou esquemas serem derivados da família de origem, os ajuda a comprender melhor as suas interações conjugais e a funcionalidade dessas no relacionamento, podendo adotar novas diretrizes em busca da satisfação conjugal. De acordo com Rizzon, Mosmann e Wagner (2013), cônjuges com maiores índices de escolaridade relatam melhores níveis de satisfação conjugal, e, por outro lado, casais com menores oportunidades econômicos reportam maiores níveis de conflito conjugal e menores níveis de satisfação na relação. Segundo Dattilio (2009), os índices de novas uniões e as taxas mundiais de recasamento tem sido crescente ano após ano. Este fenômeno mostra que as pessoas têm buscado encontrar relacionamentos mais satisfatórios. Entretanto, as mesmas problemáticas têm sido observadas nos relacionamentos seguintes..

(19) 18. Zordan, Wagner e Mosmann (2012) concordam que as pessoas somente trocam de parceiros, no entanto, os problemas continuam. Assim, possivelmente, os motivos que levaram ao fim da primeira união podem se repetir nos relacionamentos sucessivos. A fim de aliviar o sofrimento dos cônjuges dentro da relação é necessário desenvolver um projeto piloto de intervenção com casais que indique alternativas de promoção de saúde e bem-estar, além de oferecer recursos que os auxiliem nos seus relacionamentos amorosos, desenvolvendo habilidades de comunicação e resolução de problemas, melhorando assim, a satisfação conjugal (Zordan, Wagner, & Mosmann, 2012). Casais que recebem orientações profissionais sobre relacionamento conjugal e resolução de possíveis conflitos, antes dos primeiros cinco anos de união, têm menor probabilidade de divórcio (Dattilio, 2009). As intervenções que têm uma perspectiva de psicoeducação, treinamento de habilidades sociais conjugais são alternativas cada vez mais relevantes na atualidade. Essa forma de intervenção terapêutica têm ajudado os casais nos processos de aprendizagem, reflexão, conscientização, empatia e, além disso, tende a melhorar níveis de saúde e bem-estar (Zordan, Wagner, & Mosmann, 2012). Ao longo da história humana, a família e o convívio conjugal nunca permaneceram na forma estacionária, ou seja, com as mesmas práticas, modelos e crenças, mas, a medida que a sociedade evolui, a família, também se estrutura de forma mais elevada. Sendo assim, estão em constante movimento de adaptação e sobrevivência. Em cada novo modelo há, também, novos desafios para as diversas áreas do conhecimento e para a sociedade (Engels, 2010). Segundo Dattilio (2009) e Lipp (2010), diante das mudanças no sistema familiar, especialmente na vivência conjugal, os conceitos, crenças e valores têm levado casais a se separarem ou viverem em constantes conflitos (o que é um agente estressor catastrófico capaz de levar os envolvidos a um estado de crise). Segundo Lipp (2010), quanto mais mudanças bruscas acontecerem no relacionamento e na sociedade, maior será a probabilidade de acontecer um stress que pode gerar conflitos e crises nos relacionamentos. Consequentemente, devido ao pouco conhecimento que cada cônjuge tem sobre suas próprias reações diante dos agentes estressores e da compreensão da relação entre pensamentos.

(20) 19. automáticos,. emoções,. comportamentos. e. respostas. fisiológicas,. estas. dificuldades podem levar à perda de controle, atitudes irracionais e até ao divórcio. Os processos cognitivos, emocionais, fisiológicos e comportamentais estão interligados (Lipp, 2010). O processo de informações do sistema nervoso se constitui de estruturas e funções de células que transmitem sinais elétricos neurais de um local para o outro do corpo humano. A maior concentração de neurônios está no neocórtex, parte associada ao complexo cognitivo, formando redes de transmissão de informações emocionais, sentimentais e fisiológicas (Sternberg & Sternberg, 2011). Assim, segundo Peçanha (2005), as intervenções terapêuticas cognitivocomportamentais, têm sido eficazes no tratamento das crenças disfuncionais, comunicação inadequada e resolução de problemas conjugais..

(21) 20. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1. Satisfação conjugal Segundo Wagner e Falcke (2002), a satisfação conjugal está associada às expectativas sobre o casamento e seus resultados e custos representados. Assim, a satisfação na relação conjugal é mais uma conceito intrapessoal que interpessoal, isto, devido a quantidade de crenças disfuncionais entre as expectativas que um cônjuge tem sobre o outro e a relação e recompensas recebidas na realidade. Dentre os diversos tipos de estudos realizados, a abordagem cognitivista da Psicologia tem utilizado as teorias e modelos baseados na percepção de si e do outro, na avaliação do relacionamento, na atribuição das causas, crenças, valores, atitudes e expectativas, para melhor entender as questões associadas a relação conjugal e seus conflitos (Machado, 2007). Nesta perspectiva, um cônjuge que obtém mais ganhos que perdas, tanto pessoais quanto no seu relacionamento, ou seja, menos exigência, pode ser considerada satisfeita na sua relação. Por outro lado, quando uma pessoa percebe que recebe muito menos do que ela doa na relação, esta possivelmente sentir-se-á insatisfeita com o/a parceiro/a (Wagner e Falcke, 2002). Os resultados obtidos pelos cônjuges em suas avaliações, do ponto de vista positivos ou negativos estão relacionados com o padrão interno de satisfação. Isto varia de acordo com as experiências passadas de cada indivíduo. Quanto mais resultados satisfatórios forem obtidos, maior será o nível de esperança na relação, ou seja, o indivíduo terá maiores expectativas racionais quando os benefícios superarem os custos (Sardinha, Falcone, & Ferreira, 2009; Machado, 2007). Sendo assim, satisfação conjugal, sobretudo, é uma relação subjetiva, pois envolve diferentes variáveis como características de personalidade de ambos os cônjuges, experiências vivenciadas ao longo da vida familiar, a forma como interpretam os eventos diários de uma relação conjugal. Neste escopo, as causas atribuídas para a satisfação conjugal são variadas (Wagner e Falcke, 2002). As variáveis para a satisfação conjugal podem estar no nível macro, ou seja, influências que estão fora do indivíduo, como família, condições de trabalho, pressões sociais ou, ainda, no nível micro que são características particulares do.

(22) 21. indivíduo, como traços de personalidade, habilidades em diferentes áreas da vida, na qual, a comunicação é de importância considerável (Wagner e Falcke, 2002; Rizzon, Mosmann, & Wagner, 2013). De acordo com Epstein (2010), casais infelizes tendem a ter interações e comportamentos mais. disfuncionais do que aqueles que convivem num. relacionamento feliz. Além disso, os casais que vivem em conflitos tendem a ter déficits de habilidades comunicativas e de resolução de problemas, bem como atitudes defensivas e afastamento. 3.2. Satisfação conjugal e habilidades sociais Problemas de relacionamentos conjugais e de insatisfação com o casamento têm sido apontados como um dos maiores estressores da vida, levando a sofrimentos psíquicos e enfermidades físicas (Machado, 2007). O estresse na relação conjugal pode levar à violência entre os parceiros e, até consequências mais extremas como, por exemplo, o homicídio ou suicídio. Estes problemas podem afetar os filhos, familiares, amigos. A crise conjugal e o divórcio têm ocupado um papel importante na literatura psicológica. Por isso, há uma grande busca de protocolo de intervenções para tratar os conflito entre casais (Sardinha, Falcone, & Ferreira, 2009). Segundo Dela Coleta (1992), as pesquisas buscam compreender quais os principais fatores que contribuem para a satisfação conjugal, como também sobre os ganhos na saúde do indivíduo. Pois, esta satisfação fortalece o sistema imunológico e aumenta a longevidade do indivíduo. Para Dela Coleta (1992), satisfação conjugal envolve a relação de diversas variáveis,. como:. características. de. personalidade,. valores,. atitudes. e. necessidades, sexo, momento do ciclo da vida familiar, presença de filhos, nível de escolaridade, nível socioeconômico, nível cultural, trabalho remunerado e experiência sexual anterior ao casamento. Entretanto, a capacidade para se comunicar, que é um dos pontos principais para a resolução de problemas, sofre influência destas variáveis. Pois, as habilidades de manejo de críticas, de direitos e deveres, expressão de assertividade e sentimentos positivos, valorização do cônjuge e feedback de sentimentos e desejos, estabelecem um ambiente de satisfação na convivência conjugal (Del Prette, Villa, Freitas & Del Prette, 2008)..

(23) 22. Pesquisas mostram que a satisfação conjugal depende de habilidades de interação como, por exemplo, capacidade para lidar com conflitos; consultar o parceiro no momento da tomada de decisões; boa comunicação; valores como a confiança, respeito, compreensão e equidade; intimidade sexual e psicológica. Também, indivíduos que relatam maiores níveis de satisfação conjugal são mais habilidosos socialmente e comunicam mais adequadamente. Estes estudos mostram que a capacidade de escuta e de resolução de conflitos, além de levar ao aumento da satisfação conjugal, também reduz o índice de divórcio (Sardinha, Falcone, & Ferreira, 2009; Dela Coleta, 1992; Zordan, Wagner, & Mosmann, 2012). Neste cenário, terapeutas de base cognitivo-comportamental propõem que o desenvolvimento de habilidades sociais entre os casais em crise contribui significativamente para a maior eficácia da comunicação e resolução de problemas conjugais e, consequentemente, a prevenção de transtornos mentais como a depressão e a ansiedade (Dattilio, 2009; Epstein & Schlesinger, 2000). 3.4. Satisfação conjugal, ansiedade e depressão A ansiedade e a depressão têm afetado a satisfação nos relacionamentos entre os casais. As dificuldades conjugais relacionadas com a depressão e a ansiedade têm sido consideradas uma das maiores fontes de stress (Del Prette, Villa, Freitas, & Del Prette, 2008).. Assim, pessoas com maiores níveis de. ansiedade, geralmente têm mais prejuízos na relação conjugal. Um dos influenciadores é a grande expectativa de receber muito mais do que a relação oferece. Por outro lado, a depressão também tem afetado fortemente tanto homens como mulheres em suas relações conjugais, levado a relatos de baixos níveis de satisfação ao apresentarem sintomas depressivos (Wagner & Falcke, 2001). As crenças disfuncionais e os pensamentos automáticos negativos são fatores de vulnerabilidade para a depressão (Dezois & Beck, 2008). A prevalência de Depressão Maior é consistente ao redor do mundo, principalmente em países em desenvolvimento. Em uma revisão sistemática com 26 estudos focados na prevalência e incidência de depressão e fatores associados, Lima e Soares (2005) mostraram que as condições sociais, como sexo feminino, idade, baixa renda, educação e ocorrência de estresse na relação conjugal podem levar à depressão..

(24) 23. Além disso, a dificuldade em manter a satisfação conjugal, a insatisfação com o funcionamento conjugal também são fatores de risco para a depressão (Whisman & Kaiser, 2008; Miller, Mason, Canlas, Wang, Nelson, & Hart, 2013). Em um estudo (Rehman, Ginting, Karimiha & Goodnight, 2010) sobre os efeitos específicos da depressão sobre a satisfação conjugal foram identificados correlações entre os efeitos dos sintomas depressivos com uma comunicação disfuncional e insatisfação conjugal. De acordo com Cohen, O'Leary e Foran (2010), a melhora na percepção de satisfação conjugal tem impacto significativo na redução dos níveis de depressão em mulheres. Por consequência, os homens relatam maior satisfação conjugal com a mudança de percepção da mulher. Por outro lado, as mulheres relatam que as mudanças positivas em seus pensamentos, atitudes e comportamentos estão relacionados com a percepção de aumento da positividade e apoio aos seus maridos (Cohen, Daniel, O'Leary, Foran, & Kliem, 2014). 3.5. Satisfação conjugal e pensamentos automáticos negativos Segundo Beck (2011), os pensamentos automáticos (PA) é um fluxo de pensamentos que coexistem com outros que são manifestos em palavras, por exemplo, e não são baseados em reflexões nem deliberações. Geralmente, não se tem consciência destes pensamentos, contudo, pode-se treinar para trazê-los à consciência,. questioná-los. pensamentos. automáticos. e. modificá-los,. sejam. somente. pois,. embora. espontâneos,. pareça estes. que. os. tornam-se. previsíveis após crenças subjacentes serem identificadas. Na maioria das vezes, estes pensamentos são negativos. Para Banaco (2001), os PA são acessos imediatos que percorrem a mente sem o mínimo de esforço por parte do indivíduo. Portanto, são ideias, crenças e imagens específicas a determinadas situações. É um diálogo interno que parece claro e natural para o próprio indivíduo. Assim, o reconhecimento destes conteúdos permitem a descoberta de suposições e respectivas estruturas ou esquemas que se encontram no núcleo deste processo, que são as crenças centrais. Os PA’s causados por crenças centrais e intermediárias desadaptativas geram emoções adversas que podem ser, na maioria dos casos, negativas (Beck, Rush, Shaw, & Emery, 1997). Nesse sentido, diversos problemas conjugais estão relacionados a um padrão cognitivo peculiar, ou seja, são mantidos por certas.

(25) 24. crenças centrais disfuncionais que acabam por desencadear PA que comprometem a qualidade de vida e, consequentemente a vida conjugal (Dattilio, 2009). Segundo Beck et al. (1997), os sintomas depressivos estão relacionados com a ativação de três padrões cognitivos, chamados de tríade cognitiva, que conduzem o indivíduo a ter uma visão negativa do self, ou seja, de si próprio, do mundo e do futuro. A maioria dos casais insatisfeitos com a relação conjugal relatam mais eventos e pensamentos negativos do que positivos. Assim, as estruturas cognitivas e padrões de pensamentos. influenciam na dinâmica e interação do casal. Os. conteúdos negativos afetam as reações cognitivas, emocionais e comportamentais levando assim, o casal a vulnerabilidade para conflitos (Dattilio, 2009; Beck, 1989). Os esquemas ou padrões de pensamentos influenciam na maneira como o indivíduo processa as informações em diferentes situações (Leahy, 2003; Dattilio, 2009). Desta forma, as diferentes perspectivas são centrais nos conflitos conjugais. Sendo assim, é de suma importância trabalhar os PA’s individuais entre o casal, pois as brigas e desentendimentos geralmente estão relacionados ao significado ou interpretação que um cônjuge tem da atitude do outro (Beck, 1989). 3.6. Satisfação conjugal e ajustamento diádico A. expressão. “ajustamento. conjugal”. propõe. harmonia,. comunicação,. felicidade, integração e satisfação na relação conjugal. No entanto, a constituição e manutenção do relacionamento conjugal tem sido influenciada por valores individualistas vigentes na sociedade contemporânea. Por outro lado, esta constituição demanda a avaliação de fatores como, interação conjugal, resolução de problemas conjugais, significados, expectativas e percepção da união de ambos os cônjuges, custos e benefícios e dificuldades no estabelecimento dessa conjugalidade (Scorsolini-Comin, & Santos, 2010). Entretanto, associadas a esta avaliação podem haver influências de respostas fisiológicas dos cônjuges, variáveis sociodemográficas, como renda, escolaridade, idade, questões religiosas, filosofia de vida, confiança sobre o/a parceiro/a, senso de compartilhamento emocional e expressão de amor afeto entre o casal, questões relacionadas a vida sexual ou, ainda, a saúde física de ambos, psicopatologia como a depressão, transtorno de estresse pós-traumático, traços de personalidade.

(26) 25. ou combinações entre essas variáveis (Scorsolini-Comin, & Santos, 2010; Ahmady, Karami, Noohi, Mokhtari, Gholampour, & Rahimi, 2009). A partir de uma pesquisa com amostra de 106 casais heteroafetivos foram apresentados resultados que indicam correlação entre satisfação conjugal e consenso e (r=-0,25; p<0,01), satisfação conjugal e coesão (r=0,55; p<0,01) e satisfação conjugal e expressão do afeto (r=0,45; p<0,01). Desta forma, a eficácia na interação não envolve apenas a troca de informações, sentimentos e expectativas, mas também o diálogo que promove bem-estar e satisfação na relação do casal (Scorsolini-Comin, & Santos, 2010). Outro estudo incluindo 1.800 casais heteroafetivos com idades entre 28 e 59 anos (M = 42, SD = 5.24) com o objetivo de medir a concepção de ajustamento diádico entre gênero em diferentes grupos e analisar se há invariância nas subscalas (consenso diádico, satisfação diádica, coesão diádica e expressão afetiva) da Escala de Ajustamento Diádico (DAS), mostrou baixa significância entre os homens nos fatores consenso (0.10 DP abaixo das mulheres; Z=− 2.14 p≤0.05) e na expressão de afeto (0.13 DP; Z=−2.66, p≤0.01). Por outro lado, não houve diferença entre gênero nos valores de satisfação e coesão (South, Krueger, & Iacon, 2009). De acordo com a pesquisa acima, há uma maior confiança de que a DAS fornece utilidade clínica, tanto para homens quanto para mulheres. Entretanto, também existe a necessidade de réplica de pesquisa utilizando a DAS com amostras clínicas de casais em crise (South, Krueger, & Iacon, 2009). Em outro estudo incluindo 188 mulheres e 35 homens com média de 28,9 anos de idade, a fim de examinar mediadores entre ajustamento diádico e sintomas. depressivos,. foram. encontrados. resultados. que. demonstraram. significante associação entre baixos níveis de ajustamento entre casais e sintomas depressivos. No entanto, os autores ampliaram a pesquisa a fim de identificarem a mediação de sintomas depressives e ansiedade e ajustamento diádico por subscalas (Satisfação, consenso e coesão) da DAS revisada (RDAS). Assim, a depressão e a ansiedade mediaram somente na coesão, porém não houve influência na associação entre satisfação e consenso com sintomas depressivos. (Parker, Tambling, & Campbell, 2013)..

(27) 26. 3.7. Satisfação conjugal e crenças sobre o relacionamento Desde que foi criado o Inventário de Crenças Sobre o Relacionamento (RBI) (James, Hunsley, & Hemsworth, 2002) muitos pesquisadores fizeram diversos estudos a fim de investigar a relação entre crenças disfuncionais e fatores como, por exemplo, a comunicação, o auto-conceito sobre o papel sexual, a percepção sobre a comunicação do cônjuge, desejabilidade social e ajustamento conjugal. Entre os mitos e crenças mais encontrados entre os casais estão: há uma pessoa no mundo separada para casar-se comigo; Enquanto a pessoa não encontrar o/a parceiro/a perfeita/a para casar-se não será possível estar satisfeita; A pessoa deve sentir-se totalmente competente sobre o cônjuge, mesmo antes de casar-se; A pessoa somente será feliz no casamento se o/a parceiro/a for escolhido arduamente; Uma pessoa tem que se casar com alguém que tenha características opostas a dela; Amar alguém é a razão suficiente para casar-se; A escolha do/a parceiro/a deve ser algo que “venha do coração”; Viver juntos leva os/as parceiros/as a uma preparação para o casamento, além de aumentar as chanches de serem felizes; Escolher o/a parceiro/a e preparar-se para o casamento é algo fácil e que acontece naturalmente; Não sabemos nada sobre os fatores que levam um casal a felicidade no casamento, então, vamos nos dar uma chance (Edmundson, 2005; James, Hunsley, & Hemsworth, 2002). Em uma pesquisa (James, Hunsley, & Hemsworth, 2002) visando identificar evidências da existência de falsas crenças e mitos sobre relacionamentos e casamento, com uma amostra composta de 210 participantes, sendo 110 mulheres e 99 homens, dos quais todos tinham sido casados ou conviviam com um parceiro/a do sexo oposto durante pelo menos 6 meses. Verificou-se os seguintes fatores: Desacordo é destrutivo, Leitura de pensamento, Parceiros não podem mudar e, Perfeccionismo Sexual e, ainda, a subscala sexos foi dividida em dois fatores: Sexos são diferentes em necessidades e Dificuldade em entender o sexo oposto. O resultado mais surpreendente foi a de que os sexos são diferente. Assim, dividido em dois fatores foram encontrados: Sexos são diferentes em necessidades e Dificuldade em entender o sexo oposto foi responsável por 39% da variância total. Além disso, houve uma correlação entre estes dois fatores. Também, houve.

(28) 27. uma associação entre crenças sobre o relacionamento e ajustamento do casal (James, Hunsley, & Hemsworth, 2002). Por outro lado, em um estudo que examinou as crenças que fizeram relacionamentos bem sucedidos em uma amostra de 230 participantes na Coréia do Sul, utilizando a Escala de Crenças Sobre o Relacionamento (RBS) não foram encontrados significância na correlação dos fatores com a satisfação com o relacionamento, mas sim, às atitudes de amor. Desta forma, demostrando crenças de mitos sobre relacionamento (Edmundson, 2005). Crenças irracionais sobre o relacionamento e insatisfação conjugal afetam negativamente o ajustamento do casal, o bem-estar, qualidade de vida e causa angústia e sofrimento mental. Entretanto, em estudos de 1972 a 1989 com casais foram identificados uma tendência a inconsistência na crença sobre felicidade pessoal ao longo dos anos. A pesquisa também mostrou que tanto homens quanto mulheres de pais divorciados tendem a ter mais problemas de ajustamento nos relacionamentos. Os resultados também se associaram com baixos níveis de educação, casamentos precoces, insatisfação na relação e maiores níveis de divórcio (Edmundson, 2005). Em outro estudo com o mesmo objetivo as mulheres tiveram resultados mais negativos (conflitos, pessimismo sobre a relação, desconfiança) em seus relacionamentos quando comparados com aquelas que não tiveram pais divorciados (Edmundson, 2005). Assim, há uma necessidade de avaliação das crenças, questionamentos dos pensamentos automáticos e distorções cognitivas e regulação emocional e reestruturação cognitiva, a fim de que os casais tenham expectativas e crenças mais realistas sobre a relação conjugal (Dattilio, 2009). 3.8. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) No início dos anos 60 iniciou-se na Universidade da Pennsylvania - EUA uma importante revolução cognitiva no que diz respeito à saúde mental. Este movimento foi impulsionado pelo Aaron T. Beck que, na época, era psicanalista e começou a questionar os processos psicanalíticos, em particular, com pesquisas sobre a depressão (Beck, 2011; Dobson & Dezois, 2010). Em seus experimentos em busca de explicações para a depressão, Beck identificou cognições negativas e distorcidas à realidade e, a partir daí, desenvolveu uma psicoterapia estruturada de curta duração e direcionada às.

(29) 28. situações do presente e em formas de modificação dos pensamentos. Este modelo de psicoterapia é chamado de Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Autores analistas pós-freudiano, como Karen Horney, Alfred Adler, George Kelly, Albert Ellis, Richard Lazarus, Albert Bandura e os primeiros filósofos, em especial, o estóico, Epiteto foram fontes de pesquisas para o desenvolvimento da teoria cognitiva (Beck, 2011). Desde então, com o desenvolvimento das pesquisas, Beck percebeu que os pensamentos automáticos negativos de seus clientes estavam ligados às suas emoções. Assim, passou a ensiná-los a identificar e modificá-los. Os resultados foram positivos e os clientes relatavam uma melhora rápida (Beck, 2011). No Brasil, a TCC começou a ser introduzida, somente nos anos 80, mais especificamente, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em 1985 com a criação de um Ambulatório no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Ipq-HCFMUSP) para tratamentos de ansiedade (AMBAN) surgiu, então um grupo de psiquiatras que, liderado pelo psiquiatra Francisco Lotufo Neto, desenvolveu diversos trabalhos cognitivocomportamentais. A partir daí, outros autores também se interessaram no aprofundamento do tema em território brasileiro (Rangé, Falcone, & Sardinha, 2011). As pesquisas mostram que a atividade cognitiva afeta o comportamento e esta pode ser monitorada e alterada. Assim, a mudança do comportamento desejado pode ser efetivado através da mudança cognitiva. Portanto, a TCC é uma abordagem. psicoeducacional,. colaborativa. e. objetiva,. principalmente,. na. monitoração dos pensamentos automáticos, teste e validação, substituição dos pensamentos distorcidos por cognições mais realistas, identificação e alteração de pensamentos subjacentes e centrais, reconhecimento da relação entre cognição, afeto e comportamento (Beck, 2011; Dobson & Dezois, 2010; Beck et al., 1979; Hawton, Salkovskis, Kirk, & Clark, 1997). Assim, a TCC busca desenvolver as habilidades do indivíduo, o capacitando a identificar. e. modificar. seus. próprios. pensamentos. disfuncionais,. crenças. irracionais, emoções negativas e comportamentos desadaptados. No processo terapêutico, o cliente é ensinado a refletir sobre as suas hipóteses distorcidas e buscar evidências que a confirmem ou não, a fim de chegar a uma ideia mais realista (Rangé, 2001)..

(30) 29. Segundo Beck (2011), a TCC pode ser adaptada a diferentes níveis de educação, renda, idade, etnia, cultura e, atualmente, tem sido eficaz em cuidados primários de saúde, programas escolares, vocacionais e prisionais, além de atendimentos em grupos, casais e famílias e têm demonstrado alterações neurobiológicas no tratamento de vários transtornos. A TCC também busca investigar o processamento de informações na atribuição dos significados, ou seja, a sua natureza e a função dos aspectos cognitivos que o indivíduo atribui às questões da vida. Portanto, sistemas de crenças precisam ser testados, avaliando assim, as suas consequências e funcionalidades em contextos específicos (Bahls & Navolar, 2004; Saffi, 2009). Sendo assim, ao identificar e prever relações complexas entre eventos, possivelmente facilitará a adaptação do cliente a ambientes passíveis de mudança, uma vez que a adaptação envolve processos cognitivos de crenças que implicam nas. percepções. como,. por. exemplo,. padrões,. expectativas,. suposições,. atribuições, atenção seletiva e, consequentemente, determina a emoção e o comportamento (McMullin, 2000; Dattilio, 2009). O funcionamento cognitivo se desenvolve a partir de esquemas, isto é, codificações mentais de experiências que, de forma organizada e perceptível cognitivamente, reage às situações da vida (Dattilio, 2009). Assim, neste processo existe níveis de pensamentos automáticos que direcionam a percepção e interpretação dos eventos, afetando então, os sentimentos do indivíduo. Estes pensamentos automáticos, uma vez conscientes, proporcionam um caminho de acesso aos esquemas pessoais básicos (Leahy, 2003). 3.9. Terapia cognitivo-comportamental com casais Até os anos 80, as avaliações cognitivas e emocionais concernentes às relações conjugais eram muito limitadas (Baucom, Epstein, Kirby & LaTaillade, 2010). Nos anos de 1981 e 1982 iniciou-se mensurações cognitivas de relacionamentos íntimos por meio do instrumento Relationship Belief Inventory (RBI) avaliando crenças que eram potenciais de conflitos e sofrimento conjugal (Epstain, 2010). Na intervenção com casais é importante levar em conta os aspectos emocionais que, também são potenciais influenciadores na relação conjugal, por exemplo, afeta a capacidade de expressar sentimentos ao/a. parceiro/a;.

(31) 30. capacidade de regulação de expressão emocional; relação com os acontecimentos da vida. Portanto, a satisfação conjugal também está relacionada as respostas emocionais que um/a parceiro/a dá em relação ao outro. Assim, a intervenção cognitivo-comportamental com casais. busca modificar os comportamentos. disfuncionais, as cognições distorcidas e as emoções que contribuem e mantêm os conflitos conjugais (Epstein, 2010). Segundo Baucom et al. (2010), muitos conflitos conjugais podem ser solucionados através da comunicação construtiva, desenvolvimento de habilidades de interação, modificação de comportamento e pensamento negativo. Além disso, cinco fenômenos cognitivos (Percepção e expectativas sobre o relacionamento, suposições, atribuições ao/a parceiro/a, e padrões de pensamentos) podem influenciar no comportamento e na resposta afetiva aos acontecimentos no relacionamento amoroso (Baucom & Epstein, 1990). 3.10. Distorções cognitivas e identificação Como uma das finalidades da TCC é promover a reestruturação das cognições disfuncionais, sua aplicação com casais premite que cada cônjuge aprenda a compreender como seu comportamento se associa com a sua maneira de pensar e sua reação emocional e como isto contribui para um desajuste conjugal (Beck, 2011; Beck; 1989). O Registro de Pensamentos Disfuncionais é útil nesta atividade, pois, além de ajudar o cliente na identificação das distorções do pensamento, também o auxilia no desenvolvimento de habilidades para a redução, frequência e intensidade destes pensamentos (Wright, Basco, & Thase, 2006). Outra forma de auxiliar o/a cliente na observação de distorções cognitivas é disponibilizar uma lista com as distorções e seus respectivos exemplos, a fim de que este/a identifique-as no dia a dia, tornando-os/as conscientes destes pensamentos e/ou atitudes, facilitando assim, a mudança e restruturação cognitiva (Beck, 2011). Posteriormente. a. identificação. de. cognições. distorcidas,. busca-se. explicações alternativas racionais para o ocorrido, bem com, reavaliação dos estilos de pensamentos. Nesta etapa, o questionamento socrático é importante, pois as questões vão além do objetivo da obtenção de dados e detalhes de um fato (Abreu & Guilhardi, 2004; Wright et al., 2006)..

(32) 31. Assim, as questões, quando bem elaboradas, encorajam o indivíduo a analisar, sintetizar, avaliar diferentes fontes de informação sobre um determinado evento ocorrido, além de desenvolver habilidades para solução de problemas relacionados ao evento (Miyazaki, 2004). Por outro lado, é importante que tenha um equilíbrio entre questionamentos e outras formas de intervenção e estratégias educativas, ou seja, manter-se concentrado em uma área de questionamento de alto potencial pode ser mais eficaz (Wright et al., 2010; Dattilio, 2009). Quadro 1 – Descrição das distorções* cognitivas e seus respectivos significados e exemplos. Distorção Cognitiva. Significado. Exemplo. Leitura de pensamento. Saber o que outra pessoa está pensando e sentindo sem se comunicar diretamente com ela.. Ao notar que o marido/esposa está particularmente quieto e concluir: “Ele/Ela está infeliz com o nosso casamento e deve estar pensando em me abandonar”.. Hipergeneralização. Interpretar um evento isolado como representação de situações semelhantes em outros contextos, relacionados ou não relacionados.. Um cônjuge que é criticado pelo outro por não jogar o lixo fora, conclui: “Ele/Ela sempre me critica”, "nunca me elogia".. Abstração seletiva. Tirar informações de contexto e destacar certos detalhes, ignorando outras informações como um todo.. Um cônjuge, ao não responder o cumprimento do outro pela manhã, conclui: “Ele/Ela está me ignorando”.. Personalização. Atribuir eventos externos a si mesmo, quando não existem evidências suficientes para tirar uma conclusão.. Um cônjuge ao perceber que o outro não está comendo o jantar como havia previsto, conclui: “Ele/Ela detesta minha comida”.. Rotulação. Representar a si mesma ou outra pessoa em termos de características estáveis e globais, com base em ações passadas.. Após o cônjuge cometer vários erros no orçamento familiar e no equilíbrio das finanças, conclui: “Ele/Ela é negligente”.. Maximização/ minimização. Julgar um caso ou circunstância como tendo maior ou menor importância do que é adequado.. Caso o cônjuge esqueça a data de casamento, conclui: “Ele/Ela está deixando de me amar”.. Inferência arbitrária Pular para conclusões na ausência de comprovadas evidências concretas.. Um cônjuge, ao notar que o outro chegou em casa do trabalho com meia hora de atraso, conclui: “Ele/Ela deve estar fazendo algo escondido de mim”.. Pensamento dicotômico. Um cônjuge pode chegar à seguinte conclusão após uma discussão: “Se ele/ela não me ama, então me odeia”.. Classificar experiências em categorias extremas, mutuamente exclusivas, tais como êxito completo ou fracasso total. Nota: *Somente as distorções usadas nesta pesquisa..

(33) 32. Com o passar do tempo e a prática repetitiva, tanto por parte do cliente quanto do terapeuta, as habilidades de avaliação e respostas alternativas dos pensamentos são melhoradas (Beck, 2011; Leahy, 2003). 3.11. Pensamentos automáticos, pressupostos subjacentes e crenças centrais Os pensamentos automáticos surgem no dia a dia descrevendo imagens e pensamentos à medida em que as pessoas estão em consonência com as suas experiências. Geralmente, os PA’s não são conscientes às pessoas como são percebidas as reações emocionais que as precedem. Por outro lado, as crenças centrais são a base da construção da tríade cognitiva, ou seja, a visão de si mesmo, do mundo e do futuro (Kuyken, Padesky, & Dudley, 2010; Beck, 2011; Wright, Basco, & Thase, 2006). Identificar as crenças centrais do cliente é fundamental para o decorrer da terapia, pois, geralmente, está associado a problemas emocionais. No entanto, é necessário uma correta interpretação (McMullin, 2000). Estas são ideias mais profundas e rígidas sobre si próprio, geralmente, formadas desde a infância. Já as crenças intermediárias são suposições feitas pela pessoa sobre determinado evento, tendo base em atitudes e regras não relacionadas diretamente às situações (Abreu & Guilhardi, 2004). 3.12. Regulação emocional e reestruturação cognitiva A mudança ou reestruturação cognitiva é colocada como um dos fatores mais importantes para a melhora emocional. O primeiro passo no processo de reestruturação cognitiva é auxiliar o indivíduo a identificar o sentimento relacionado a um sofrimento significativo dentro de um contexto específico (Charchat-Fichman, Fernandes, & Landeira-Fernandez, 2012). O pensamento a ser identificado e modificado pode estar ligado diretamente à emoção desagradável intensa experimentada numa situação específica (Peçanha, 2005). O indivíduo é questionado por meio de técnicas de “flechas descendentes” e busca respostas mais racionais e explicações alternativas para seus pensamentos distorcidos específicos, bem como refletir sobre as vantagens e desvantagens de uma determinada crença (Beck, 2011; Leahy, 2003; Wright et al., 2010)..

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