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VALORES E CIRCUNSTÂNCIAS DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO BRASILEIRO: A GEOGRAFIA TEORÉTICA PONDERADA DE SPERIDIÃO FAISSOL

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Academic year: 2019

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GEOGRAFI A, Rio Cla r o, v. 3 1 , n. 3 , p. 4 8 1 - 5 0 4 , se t ./ de z. 2 0 0 6 .

PON DERADA DE SPERI DI ÃO FAI SSOL

Dant e Flávio da Cost a REI S JÚNI OR1

Resum o

Pa r a se co m p o r o m o sa i co q u e p a r e ce ca r a ct e r i za r o p e n sa m e n t o g e o g r á f i co b r a si l e i r o , t ê m si d o f r e q ü e n t e s a s p e sq u i sa s q u e a l t e r n a m i n v e st i g a çõ e s d e cu n h o h ist or iogr áfico: a obr a de u m au t or em especial, a in flu ên cia de u m a dou t r in a filosófica p ar t icu lar ou o p ap el j og ad o p or u m a in st it u ição at u an t e p olít ico- ad m in ist r at iv am en t e. O d esen v o l v i m en t o d a v er são d o m ést i ca d a esco l a q u an t i t at i v a co n st i t u i ex em p l o d e t em a ai n d a car en t e d e est u d o s d et i d o s. Sed u zi d o s p o r est a l acu n a, ap r esen t am o s o pr esent e ar t igo, o qual obj et iv a ex por a nat ur eza da pr odução cient ífica de um geógr afo b r a si l e i r o . Sp e r i d i ã o Fa i sso l ( 1 9 2 3 - 1 9 9 7 ) , q u e f o i u m d o s p r i n ci p a i s e x p o e n t e s e d i v u l g a d o r es d a No v a Geo g r a f i a n o Br a si l , p u b l i co u d ezen a s d e a r t i g o s d e co n t eú d o n ot ad am en t e alin h ad o com os p r essu p ost os d e u m a d iscip lin a r ev er en t e à f r aseolog ia est at íst i co - ab st r at a d as ci ên ci as n at u r ai s. D est acar em o s, p o r t an t o , o u so q u e f ez d e m ét od os m at em át icos n o t r at am en t o d as q u est ões sócio- esp aciais em Geog r af ia, b em co m o su b l i n h a r e m o s su a e l o g i á v e l t e n d ê n ci a a se r p o n d e r a d o ( e su g e r i r e st e com ed im en t o) n a em p r esa d e d escr ev er, p elo v iés q u an t it at iv o, os f en ôm en os d e in t e-r esse g eo g e-r áf i co . O ex am e d as t ex t u al i zaçõ es “ si n t o m át i cas” d est e au t o e-r f o i al v o d e n ossa Disser t ação de Mest r ado, def en dida em 2 0 0 3 – ocasião em qu e o geógr af o t er ia co m p l et ad o o i t en t a an o s.

Pa la v r a s- ch a v e: Geogr af ia n eoposit iv ist a; con t ex t o br asileir o; Sper idião Faissol.

Résum é

D e s v a le u r s e t d e s cir con st a n ce s d e la p e n sé e g é og r a p h iq u e b r é silie n n e : la g é og r a p h ie t h é or é t iq u e p r u d e n t e d e Sp e r id iã o Fa issol

Pour qu’on com pose la m osaïque qu’il sem ble car act ér iser la pensée géogr aphique br ésilienne, ce sont r écem m ent fr équent es les r echer ches qui alt er nent des inv est igat ions d ’or d r e h ist or iog r ap h iq u e: l’oeu v r e d ’u n au t eu r r ep r ésen t at if, l’in f lu en ce d ’u n e d oct r in e ph ilosoph iqu e par t icu lièr e ou le r ôle j ou é par u n e in st it u t ion at t ach ée au cadr e ex écu t if. Le dév eloppem en t de la v er sion en dogèn e de l’école qu an t it at iv e con st it u e u n ex em ple d e t h èm e d ’ét u d e en cor e t r ès p eu ex p loit é. Séd u it s p ar ce d éf icit n ou s p r ésen t on s cet a r t i cl e , l e q u e l a p o u r b u t d ’ e x p o se r l e ca r a ct è r e d e l a p r o d u ct i o n sci e n t i f i q u e d ’ u n g é o g r a p h e b r é si l i e n . Sp e r i d i ã o Fa i sso l ( 1 9 2 3 - 1 9 9 7 ) , q u i a é t é u n e d e s p r i n ci p a u x é m i n e n ce s p r o m o t r i ce s d e l a No u v e l l e Gé o g r a p h i e a u Br é si l , a p u b l i é d e s d i za i n e s d ’ar t icles d e con t en u r em ar q u ab lem en t alig n é av ec les p r éssu p osit ion s d ’u n e d iscip lin e dév ouée au v ocabulair e st at ist ique- abst r ait des sciences nat ur elles. Donc, nous r elev er ons l’u sage qu ’il a f ait de m ét h odes m at h ém at iqu es dan s le t r ait em en t des qu est ion s socio-spat iaux chez la Géogr aphie. D’ailleur s, nous souligner ons son at t it ude d’êt r e dav ant age r aisonnable ( et conseiller ce bon sens) dans l’ent r epr ise de décr ir e, au m oy en de l’angle q u an t i t at i f, l es p h én om èn es d ’i n t ér êt g éog r ap h i q u e. L’ex am en d es f r ag m en t s t ex t u el s “ r év élat eu r s” d e la p en sée d e Faissol a ét é la cib le d e n ot r e Disser t at ion d e Maît r ise, d é f e n d u e e n 2 0 0 3 – l ’ o cca si o n d a n s l a q u e l l e l e g é o g r a p h e cé l é b r e r a i t so n 8 0 - è m e a n n i v er sa i r e.

M o t s clé: Géogr aph ie n éo- posit iv ist e; con j on ct u r e br ésilien n e; Sper idião Faissol.

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I N TRODUÇÃO: UMA PAN ORÂMI CA

“ Mét odos quant it at ivos são um art efat o para analisar fenôm enos geográficos” ; eis um a frase que seria facilm ente m urm urada nos anos 70, inclusive no Brasil, entre aqueles pensadores/ pesquisadores de um a Geografia vist a, finalm ent e, com o ciência verdadeira. Elevar a Geografia ao m esm o pat am ar das ciências exat as, est abelecer os t ão desej ados “ princípios gerais” das ocorrências observadas, t odas as inquiet a-ções dessa nat ur eza er am pr ev isív eis dent r o do cír culo de pensador es engaj ados com a r enovação m et odológica. E Sper idião Faissol dev e ser v ist o com o um at or referencial nest e círculo; um verdadeiro ícone brasileiro no que t ange à escolha por um a perspect iva, ao m esm o t em po, quest ionadora de conceit os t eóricos vigent es e sensivelm ent e preocupada com a quest ão do planej am ent o.

Percebera que as circunst âncias pediam a ult rapassagem da fase m onográfica; clam av am pela for m ulação de t eor ias sobr e pr ocessos espaciais. Acat ou, ent ão, os dit am es vindos de fora e inconform ou- se com o det erm inism o e o possibilism o, que, segundo os crít icos, apenas const at avam realidades, ent ronizando as observações de cam po ( um a herança posit ivist a que se encont rou reduzida na Nova Geografia, m ais afeit a às est at íst icas e t eorizações e, nest e sent ido, t ribut ária de um posit ivism o “ re-novado” ) . Ent endeu que auxílios poderiam m uit o bem ser buscados em cam pos alhei-os: da Econom ia poderiam ser absorvidas t eorias locacionais e das ciências m at em á-t icas, m uiá-t os m éá-t odos analíá-t icos confeririam obj eá-t ividade aos dados. Faissol incorpo-r ou sem d if icu ld ad es a incorpo-r ev olu ção q u an t it at iv a, ao su st en t aincorpo-r q u e a p incorpo-r ecisão e a especificação, t razidas por ela, eram propriedades necessárias a qualquer ram o que se quisesse cient ífico. I lust rem os:

As r eações face aos ex ager os da t eor ia det er m iníst ica, sem a con t r apar t ida de u m n ov o ar cabou ço t eór ico, deix ar am a Geogr afia um pouco à m er cê de algum as noções de or igem t eológica de qu e o h om em t in h a o ar bít r io sobr e o espaço que ele ocupava. A t erra foi dada ao hom em para seu habitat, u so e g o zo . Est a s r e a çõ e s, a l i a d a s à f a l t a d e u m a conceit uação do espaço em t er m os r elat iv os, lev ar am a Ge-og r af ia a ad ot ar as f or m u lações id eGe-og r áf icas d e q u e cad a lugar é único e car act er izado por sua localização. ( FAI SSOL, 1975b, p. 7, gr ifo do aut or ) .

A m odernização das t écnicas t inha dado um ult im at o àquelas ciências ainda à procura de paradigm as e corpo t eórico, senão peculiares, ao m enos sist em at icam en-t e form alizados. Speridião Faissol, en-t endo sido um geógrafo de referência no I nsen-t ien-t uen-t o Brasileiro de Geografia e Est at íst ica, sent iu de pert o o arej am ent o t razido, pela sofis-t icação dos m ésofis-t odos de análise e processam ensofis-t o de dados, às ciências do hum ano. Faissol foi um dos grandes responsáveis pela divulgação, no Brasil, do poderoso arse-nal t écnico que v ir ia a per m it ir o t est e de hipót eses, a descr ição de est r ut ur as de relações e a sim ulação de episódios verificados no espaço. Procedim ent os dest oant es do hábit o descrit ivist a m ais t radicional:

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Já envolvido na t em át ica quant it at iva, Faissol t rabalha, j unt o ao I BGE, com a Divisão Regional do Brasil; im portante em preendim ento realizado a partir de um grande núm er o de dados est at íst icos, t abulados em decor r ência do Censo de 1970. Um a série de variáveis foi agregada para definir, por int erm édio de procedim ent os m at e-m át icos, divisões regionais segundo níveis ( processo denoe-m inado linkage t ree, pelo qual m últiplos fatores são analisados) . No ano anterior ao referido Censo, o geógrafo, int egrando o Grupo de Áreas Met ropolit anas ( vinculado ao Depart am ent o de Geogra-fia do I BGE) , par t icipa da aplicação de m odelos físicos e t écnicas m at em át icas na int enção de definir ár eas m et r opolit anas no t er r it ór io br asileir o. A dem ar cação das zonas t inha o propósit o de est abelecer que espaços deveriam m erecer um a enquêt e m ais det alhada ( a ser realizada j ust am ent e no ano seguint e) . Vem os, por aí, com o a quant ificação est eve present e t ant o na fase de am ost ragem , quant o no t rat am ent o dos dados que se referissem a ela.

A Matem ática é tida com o um instrum ento definidor de funções geradoras. Daí, a associação ent re form a e processo – um procedim ent o que sem pre foi em baraçoso em Geogr afia – poder ia ser deduzida, por exem plo, em t er m os de dist r ibuições de pr obabilidade. A “ m at em at ização” dos elem ent os que com põem a causalidade dos problem as e o esforço por um int ercâm bio ou com unhão ent re t écnica e ciência hu-m ana ( dois fat or es ihu-m pr escindív eis nas esfer as do planej ahu-m ent o e da ex ecução de polít icas) , povoaram grandem ent e o cont eúdo das obras de Speridião Faissol.

Nem por isso, com o verem os, a Geografia de Faissol est aria alheia aos proble-m as de j ustiça social. Pois uproble-m a vez que essa disciplina trate da organização social do espaço, os efeit os de um a desigual dist ribuição das conquist as m at eriais e cult urais passam , nat uralm ent e, a int eressar no exam e da sociedade cont em porânea. A Geo-grafia de Faissol é um a ciência sócio- espacial a serviço de um processo de eqüidade nas relações sociais; não se prende, irredut ivelm ent e, às abordagens ( neo) posit ivist as exclusivist as – quer dizer, deveria ult rapassar, t ant o quant o possível, a sim ples gera-ção de m odelos ( por exem plo, o da m axim izagera-ção de efeit os m ult iplicadores da at ivi-dade econôm ica) .

Aliás, a Geografia em si sem pre teria estado m ais próxim a das ciências sociais; o fat o de t er- se valido ( e, de quando em vez, valer- se ainda hoj e) de m ét odos m ais aplicáv eis às ciências nat ur ais, não im plicar ia em gr av e cont r adição. Ao cont r ár io, Faissol celebr ou o f at o da disciplin a pr eocu par - se com a or gan ização do espaço conduzida pela sociedade ( e é aqui que se encont raria o carát er social da disciplina! ) e, t am bém verem os, considerou um a conquist a a refut ação do excepcionalism o em pr ol da gener alização e da for m ulação de leis. A gr ande cont r ibuição t r azida pela Geografia seria a de conseguir fazer as vezes de elo ent re as ciências que exam inam pr ocessos espaciais “ sem o hom em ” e as que inv est igam o hom em alheio a um a conot ação espacial.

O HOMEM, SEU PEN SAMEN TO E SUA ÉPOCA: I N GREDI EN TES QUE CON SPI RAVAM

Speridião Faissol nasceu no ano de 1923, em I tuiutaba ( MG) , onde com pletou o ginásio e o 2o grau. Filho de pai fazendeiro, est udaria Direit o; m as acabou opt ando

pela Geografia, por influência de um am igo, vindo a cursar a Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro, no início dos anos 40.

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Est at íst ica, no Censo realizado nest e m esm o ano. É, port ant o, no Serviço Nacional de Recenseam ent o que ele com eça a t om ar cont at o prát ico com a disciplina.

Já for m ado, é r ecr ut ado par a t r abalhar j unt o ao CNG ( Conselho Nacional de Geografia) , órgão m uit o vinculado às quest ões do planej am ent o t errit orial, criado e bast ant e ativo durante o 2o Governo de Get úlio Vargas ( 1951- 1954) . Nos anos 50 ele

prest a assist ência ao professor Prest on Jam es, da Universidade de Syracuse ( EUA) , acom panhando- o em viagens feit as pelo Nordest e e Cent ro- Oest e brasileiros; e aca-ba se doutorando, a convite do professor, naquela instituição norte-am ericana e sob a sua orientação, no ano de 1956 ( sua Tese versou sobre o desenvolvim ento do Sudes-t e do PlanalSudes-t o CenSudes-t r al Br asileir o) . Quando r eSudes-t or nou da pós- gr aduação, assum iu a direção do Depart am ent o de Geografia do I BGE e a Secret aria Geral do CNG, cargos ocupados at é 1960 e que lhe propiciaram pleit ear recursos do Minist ério do Planej a-m ent o.

Havia, no início dos anos 50, um a fort e preocupação governam ent al em acele-r aacele-r o desenv olv im ent o indust acele-r ial no Bacele-r asil. Mas um a séacele-r ie de pacele-r oblem as conex os exigia urgent e solução. Dent re eles, o processo m igrat ório do cam po para as m édias e grandes cidades, a expansão do setor terciário e o crescim ento dos núcleos urbanos brasileiros. Era, dessa form a, absolut am ent e previsível que inst it uições de pesquisa e cient ist as sociais ( com o era o caso do I BGE e de Speridião Faissol) est ivessem volt a-dos para o levant am ent o de daa-dos e para o planej am ent o de ações rem ediadoras de t ais problem as. Analisar dificuldades e form ular previsões est ava na dependência de um a eficient e colet a de dados e de um a rigorosa sist em at ização dest es.

Enquant o Secret ário Geral do CNG, Faissol est eve envolvido com a produção de alguns t rabalhos que se revelaram út eis t ant o no ensino quant o na pesquisa geo-gráfica: a publicação de dois volum es sobre a Geografia do Brasil, a preparação de um a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, a confecção da t ão esperada Cart a do Brasil e a publicação de um Atlas. Estas atividades estavam m uito relacionadas com a filosofia do Poder Execut ivo de ent ão. O Governo Kubit schek ( 1956- 1960) caract eri-zou- se por ser diligent e nos planos de ação; prim ava por um a excelência no levant a-m ent o das infora-m ações. Ua-m coa-m ent ário sint oa-m át ico:

[ . . . ] a at u al con j u n t u r a do país of er ece as in spir ações e a opor t unidade par a que a ciência geogr áfica m oder na se co-loq u e ef et iv am en t e, com o lh e cu m p r e, a ser v iço d a ad m i-n ist r ação, i-n o obj et iv o coi-n t ii-n u ado e per m ai-n ei-n t e de pr om o-v er o bem com u m , e, com r edobr adas r azões a ser o-v iço da adm in ist r ação dest e “ con t em por ân eo do f u t u r o” com o qu a-lif icou o depu t ado Pin h eir o Ch agas ao pr esiden t e Ju scelin o Kubit schek de Oliv eir a, que, decididam ent e, inst aur ou o im -pér io dos núm er os, das análises e planej am ent os r egionais, no gov er no da coisa pública. ( FAI SSOL, 1960, p. 189, gr ifo n o sso ) .

É, em sínt ese, no Governo de Juscelino Kubit schek que a prát ica do planej a-m e n t o v a i se r a-m a i s e x p r e ssi v a a-m e n t e e x e cu t a d a ; é n e l e q u e a p r e o cu p a çã o desenv olv im ent ist a ganha t onalidades de pr ecisão e clar eza, as quais cim ent ar am sob as m et as delineadas, t odo um r ecur so ao t ecnicism o cient ífico à disposição na década de 50: procedim ent os est at íst icos de colet a e de processam ent o das inform a-ções sobre o t errit ório brasileiro ( suas chagas e as possíveis alt ernat ivas para curá-las) . Carlos Fico ressalt a m uit o bem esse pont o quando diz que:

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m acr oeconôm icos ger ais, obj et iv os concr et os, t r aduzidos em r esu l t ad o s q u an t i f i cáv ei s, q u e d ev er i am ser at i n g i d o s n o p er íod o, d em ar cad o p olit icam en t e p elo slog an d e su cesso: 50 anos em 5. ( FI CO, 2000, p. 176) .

Por isso, ent ão, no cont ext o dos governos m ilit ares, a prát ica das elaborações de planos e program as j á est ava sedim ent ada; consequent em ent e, t am bém a im por-t ância do planej am enpor-t o na ordenação da vida econôm ica. Assim , os proj epor-t os de de-senv olv im ent o est r at égico dev em t er - se v alido do gr ande núm er o de infor m ações levant adas pelos quadros t écnicos de órgãos de dest aque ( o Escrit ório de Pesquisa Aplicada, por exem plo) . Adem ais, a concepção de planej am ent o, nest e período dit a-t orial, previa ea-t apas sucessivas e sisa-t em aa-t izadas: exam e da evolução da econom ia, m odelagem econom ét rica abarcando fat ores relevant es, est abelecim ent o dos obj et i-vos básicos, com put ação dos equívocos a serem evit ados e, por fim , norm at ização de um plano coerent e com os obj et ivos.

I dent ificar problem as am plos ou set oriais, arquit et ando soluções ponderadas, é um a at ribuição t rivial e t ípica dos Est ados cent ralizadores de decisão. Ent ret ant o, quando o exercício do raciocínio est rat égico passa a requerer sofist icação de m ét odos ( v ist o que as dem andas v olt am - se par a os conhecim ent os segur os e pr ecisos, nos quais se possa por fé) o que se verifica é que a at ividade da planificação som ent e prospera em cont ext os e circunst âncias m uit o peculiares. Em prim eiro lugar, faz- se necessário um apoio logíst ico de est irpe, um a ciência m adura e devidam ent e assist i-da pela est rut ura est at al: cent ros acadêm icos de pesquisa; fam iliarii-dade do corpo de pesquisadores com m et odologia m oderna de colet a e côm put o de dados; cont ingent e ex pr essiv o de t écnicos capacit ados a lidar com o inst r um ent al disponív el; e m assa crít ica apt a a int erpret ar percalços e divisar equacionam ent os. Em segundo lugar, é fundam ent al a det er m inação do poder cent r al em super ar fr agilidades est r ut ur ais pela v ia da in speção cr it er iosa e pr elim in ar ; é pr eciso, em ou t r as palav r as, u m engaj am ent o responsável na busca de alt ernat ivas e na agregação de inform ações. No Brasil, a em ergência deste engaj am ento e daquele apoio ocorre sobretudo a partir da década de 50 e, desde ent ão, m uit o da or ganização econôm ica do país est ar ia v inculada aos m ér it os de um cient ificism o im pecáv el, ainda que, ev ent ualm ent e, o rigor ( neo) posit ivist a t enha om it ido significados e singularidades, sim plificando as in-t er pr ein-t ações.

Faissol, nesse largo cont ext o de supervalorização de um planej am ent o regional pró- desenvolvim ent o, firm a laços profissionais e pessoais com um grande núm ero de pesquisador es, igualm ent e im por t ant es par a a Hist ór ia da Geogr afia no Br asil. O geógrafo t eve a oport unidade de conviver, ent re out ros, com Leo Waibel ( de quem recebeu influência em t rabalhos sobre colonização) e Orlando Valverde. Cont agiou- se t ant o por essa int im idade com profissionais à sua volt a com o pelo cont ext o hist órico no qual se encont rava – cont ext o que, por exem plo, chegou a caract erizar- se pelo em penho da adm inist ração pública em planej ar, concom it ant em ent e, int eriorização e int egração nacional. Am bos os fat ores ( convívio profissional e circunst ância hist órica) favoreceram , ao que nos parece, a det erm inação do rum o de sua carreira.

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Nos anos 60, a curiosidade m atem ática, aliada a sua relativa fam iliaridade com o idiom a inglês, foi favorecendo o cont at o com t ext os inform at ivos e int rodut órios da t eorização geográfica. A relação que m ant eve com o professor Brian Berry, por volt a de 1967 e em out ras ocasiões, im prim iu- lhe m ais int eresse nas novas m et odologias. Em 1969, int ensos debat es com o professor Pet er Cole ( sobre m odelos de sim ulação, t eor ia dos j ogos, et c. ) fazem sedim ent á- las cada v ez m ais e sua par t icipação na r eunião da Com issão de Mét odos Quant it at iv os, ocor r ida na Polônia, em 1970, j á flagrava seu alinham ent o com a nova form a de pensar a Geografia.

Dur ant e os anos 70, at uando j unt o ao Depar t am ent o de Geogr afia do I BGE ( onde t r abalhou por m ais de 30 anos) , dedica- se a um a sér ie de est udos sobr e o sist em a de cidades brasileiras. Técnicas quant it at ivas e com put adores de grande por-t e perm ipor-t iram a m anipulação de consideráveis m assas de dados. A com binação des-t es, efedes-t uada de form a m ais eficiendes-t e, produziam índices precisos, os quais, acredides-t a-va- se, represent avam bem os padrões de organização espacial verificados no Brasil. Não é de causar est ranheza que m uit os pesquisadores ( Faissol ent re eles) t enham se v olt ado par a as at iv idades de um planej am ent o analít ico. Most r av a- se ex eqüív el e fért il o cam po de invest igação que, lidando com apet rechos sofist icados de Mat em át i-ca e Est at íst ii-ca, busi-cav a dar apoio infor m acional às int er v enções que est iv essem i n t en t an d o san ear d esco m p asso s d et ect ad o s ( u r b an i zação v er su s cr esci m en t o dem ográfico, por exem plo) . Faissol, nest e período, t am bém recebe considerável in-fluência de pr ofessor es v isit ant es. Com Cole ele desenv olv e j ust am ent e t r abalhos sobre urbanização, aprendendo a aplicar as t écnicas de análise fat orial. E, em decor-rência do convívio com Brian Berry – na época, President e da Com issão de Mét odos Quant it at iv os da União Geogr áfica I nt er nacional – acaba t or nando se m em br o cor -r espondent e dest a Com issão.

Faissol exerceu inúm eras at ividades de nat ureza acadêm ica. Minist rou discipli-na de Mét odos Quant it at ivos no curso de Mest rado em Geografia, discipli-na UFRJ, e auxiliou em cu r sos de aper feiçoam en t o par a pr ofessor es ( cu r sos or gan izados pelo I BGE) , quando então lhe coube o ensino de alguns m étodos quantitativos e a com unicação da est rat égia, defendida pela esfera do Poder Público Federal, de prom over o crescim en-t o econôm ico das r egiões br asileir as ociosas. Tam bém en-t ev e um a aen-t uação j unen-t o à Com issão de Geogr afia do I PGH ( I nst it ut o Pan- Am er icano de Geogr afia e Hist ór ia) com a qual or ganizou um t ex t o básico sobr e t endências na Geogr afia ( conceit os e m ét odos) , visando a inst rução de geógrafos lat ino- am ericanos.

Nos anos 80, época de propagação da vert ent e crít ica, a Geografia brasileira m uda de r um o. Os Depar t am ent os, nas v ár ias univ er sidades, sofr er am e t iv er am influência nesse m om ent o. Em 1982, Faissol aposent a- se enquant o pesquisador do I BGE, m as ingressa m ais int ensam ent e na at ividade do m agist ério ( UERJ) . Percebera que a universidade tinha se tornado um cam po de ação m uito m ais im portante que o pr ópr io I BGE. Pr oduções cient íficas de cunho geogr áfico, por cont a da gr ande fer -m ent ação int elect ual própria do a-m bient e da acade-m ia, podia-m ser -m elhor discut idas e acolhidas.

Sua últ im a grande part icipação no cenário acadêm ico acont eceria em Março de 1997, quando da realização do 6o Encont ro de Geógrafos da Am érica Lat ina, ocorrido

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OBJETOS QUE I N SPECI ON OU SOB OS ÂN GULOS ( PARCEI ROS) N UMÉRI CO E SI STÊMI CO

O problem a da regionalização foi central em Faissol. Entender a distribuição e a int egração dos fenôm enos geográficos no espaço, bem com o as conexões ent re um lugar e out ro ( int erações e form as de organização) – duas variant es daquele proble-m a – par ecia- lhe fundaproble-m ent al no m ét ier do geógr afo. E pesquisar o pr ocesso de regionalização resum iu- se, em grande part e dos t rabalhos de Faissol, num a descrição m atem ática por m eio de pares de m atrizes. Um a m atriz descrevendo os atributos dos lugares e out ra represent ando relações ent re eles.

A grande dificuldade nest e procedim ent o quant it at ivo foi a com posição de da-dos suficient es sobre o fluxo ent re lugares; est e det alhe im pedia um pouco a análise m ais det alhada das est rut uras de int eração dos m esm os. No ent ant o, os procedim en-tos de m atem ática m atricial não ficavam solen-tos nos artigos do autor; Faissol, ao m es-m o t ees-m po que coes-m ent ava a aplicabilidade dos es-m ét odos quant it at ivos, procurava di-agnost icar a causação e os efeit os dos problem as t rat ados: relações ent re a nat ureza do desenv olv im ent o indust r ial br asileir o, a acent uação das difer enças r egionais, a con cen t r ação de r en da n o set or em pr esar ial e os desn ív eis sociais decor r en t es. ( FAI SSOL, 1971c, 1975a) .

Dent ro da t em át ica regional, a cidade, com o foco do sist em a econôm ico ( onde e a part ir de onde se dão as t ransform ações, as irradiações, o int erm ediar de coisas, a difusão de novidades – e, por certo, tam bém o palco de desigualdades) , é o centro das discussões. E sua est rut ura m ult ivariada, sua form a definida por vários fat ores e for ças agindo ( pelo m enos apar ent em ent e) de m aneir a coer ent e, induz à aplicação de m odelos est ocást icos par a a descr ição do fenôm eno do cr escim ent o ur bano. As cidades – seus at ribut os e fenôm enos com preendidos – enquadravam - se num a pers-pect iva sist êm ica. Daí, a consideração de que as relações ent re cidades seriam ver-dadeiras redes urbanas, deu m argem a um conj unt o de out ras considerações descri-t ivas que visualizavam , na paisagem das cidades, m ecanism os análogos aos verifica-dos em ciências físicas ou nat ur ais: ex pansão e cont r ação da r ede ( em função da sim ilar idade ao “ aj ust am ent o hom eost át ico” – t ípico nos sist em as t er m odinâm icos abert os) ; relação insum o- produt o e fenôm enos de envio/ recepção de bens, serviços e pessoas ( int erpret ados segundo o est ado de sua “ ent ropia” ou energia disponível int ernam ent e) ; et c. ( FAI SSOL, 1972b, 1973b) .

O pensam ent o sist êm ico na obra de Faissol devia- se a um a pressuposição de que a sist em át ica seria inerent e às form as de organização, int eração e m odificação não só dos corpos físicos e dos organism os vivos, m as t am bém dos grandes grupos hum anos e suas int ervenções no espaço. A consciência de que o processo espacial é com plex o e m u lt iv ar iado, com pr een den do in t er ações m ú lt iplas en t r e sociedade e am bient e, t ornou adequado o em prego da t eoria sist êm ica: nada m ais lógico lançar m ão de t al ferram ent a, dado que ela foi desenvolvida j ust am ent e para que se fizes-sem not ar os conj unt os e a int erdependência de suas part es ( fizes-sem , t odavia, om it ir a singularidade que est as preservam – o que, presum ivelm ent e, dá m argem à noção de “ subsist em a” ) .

As aplicações da t eoria dos conj unt os ( oriunda da Mat em át ica) ao conceit o de região – afinal, esta categoria passava a ser vista com o com pósito de elem entos com “ m áxim a sim ilaridade int ragrupo” – e do m odelo probabilíst ico epidem iológico ( origi-nário da Est at íst ica) ao processo de difusão espacial, são m ais alguns exem plos do alinham ent o de Faissol com a het erodoxia própria da renovação geográfica.

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hum ana ao lado das out r as ciências sociais e biológicas que e st ã o o r g a n i za n d o se u co n h e ci m e n t o p o r e st a m a n e i r a . ( FAI SSOL, 1973a, p. 6) .

“ Enxergar” sist em icam ent e a quest ão urbana brasileira ( verificando, no caso, o r azoáv el aj ust am ent o de um m odelo do t ipo cent r o- per ifer ia) foi a codificação que est im u lar ia m u it o as p olít icas d e d esen v olv im en t o n o p aís. Um a t ex t u alização concer nent e:

A v isualização das cidades de um país sob o ângulo de um sist em a, cu j o am bien t e ex t er n o é o sist em a econ ôm ico do país, com o qual o sist em a urbano int erage e sobre o qual o m esm o ex er ce um a poder osa influência or ganizador a, cons-t icons-t u i, h oj e em dia, a ú n ica f or m a adequ ada à obcons-t en ção de um a clar a visão de am bos os sist em as. ( FAI SSOL, 1973c, p. 1 2 ) .

Recurso quantitativo m uito utilizado no tratam ento de dados disponíveis foi a j á m encionada análise fat or ial. Com ela er a possível com par ar e cor r elacionar gr ande núm er o de infor m ações sobr e os lugar es. Os aspect os agr upados dav am or igem a um “ fat or ”, o qual definia um a linha de variação espacial independent e ( em out ras palav r as, dim ensionav a o gr au de difer enciação espacial ent r e lugar es ou r egiões: m aior ou m enor sim ilar idade) . Dizia- se, com isso, que est ar ia cont or nado o v elho pr oblem a da t r ansição ent r e as r egiões, em pecilho par a um a delim it ação m inim a-m ente precisa destas. O fato era que, por a-m eio de ua-m a-m étodo quantitativo, se conj u-gav am sist em as cor r elacionados, cuj as sim ilar idades t endiam a ser m ax im izadas. Faissol em prega est a análise em est udos urbanos, m ais precisam ent e na classificação das cidades. Fat ores de diferenciação, com o a est rut ura econôm ica, o perfil et ário, a eficiência produt iva, a infra- est rut ura sócio- econôm ica e a quant idade de cent ros in-dust riais, eram os geradores dessa classificação. Seu art igo clássico sobre as gran-des cidagran-des brasileiras ( 1970) , é j ustam ente um a identificação de fatores, os quais as discrim inam segundo seu “ t am anho funcional”. A referência para est abelecer a dife-renciação entre as cidades nada m ais é do que a redução, proporcionada pela análise fat orial, de dados disponíveis ( norm alm ent e um grande núm ero deles) a um a m at riz de fat ores fundam ent ais, ou sim plesm ent e “ padrões”.

A concepção que paira sobre o cont eúdo do recém referido art igo é a de que, ao m esm o t em po que o processo de crescim ent o econôm ico t ende a criar t am anho, est e, reagindo no sent ido de reest rut urar a econom ia local, t am bém produz cresci-m ent o. Eis ucresci-m ex ecresci-m plo das concepções ( quase or ganicist as, por que t ax onôcresci-m icas) que povoavam o corpo t eórico de um a nova Geografia. Teorét ica e quant it at iva, ela conseguia est am par, na form a de m odelos, a exist ência de regularidades ent re est ru-t uras econôm icas e espaciais ( relações, por exem plo, enru-t re ru-t am anho de um a cidade, núm ero de funções exercidas e dim ensão das áreas sob sua influência) .

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i-co. Per cebe- se, assim , além do fenôm eno de int er dependência ( desenv olv im ent o ? sist em a urbano) , o fenôm eno de divisão do país em subsist em as, sendo que am bos são com pr ov ados pelas t écnicas m at em át icas de análise fat or ial, dim ensional e de agr u pam en t o.

Est udos que levavam em consideração processos do t ipo est ocást ico ou aleat ó-rio, com o foi o caso do exam e do fenôm eno da dist ribuição espacial de cent ros urba-nos no Brasil, dem onst ravam a am pla assim ilação m et odológica de Faissol. O uso do cálculo de probabilidades prest ava- se às pesquisas sobre difusão ( sabidam ent e, um análogo colhido da Física) e baseava- se no pressupost o do cont ágio das inform ações ( um a inovação em t ecnologia, por exem plo) pela proxim idade dos lugares. Segundo a hipót ese do aj ust am ent o, em cer t os casos, a dist r ibuição de cent r os t ende a se aj ust ar a um a feição pr obabilíst ica e num ar t igo que gir av a em t or no da quest ão ( 1973b) , o aut or t rat ou de exem plificar o processo com dois subsist em as brasileiros: o Cent ro- Sul e o Nordest e. Concluiu que am bas as regiões apresent avam bom aj us-tam ento a um padrão m atem ático, tanto no caso das regiões “ inteiras” ( com o aj uste a um a dist ribuição cham ada binom ial negat iva) , quant o no caso de am ost ras reunin-do suas part es m ais desenvolvidas ( com o aj ust e, por sua vez, a um a dist ribuição reunin-do t ipo Poisson) .

PREOCUPAÇÃO COM OS ALI CERCES E I N CLI N AÇÃO PARA O AN ALOGI SMO FI SI CI STA

Speridião Faissol inquietou- se m uito com a epistem ologia da Geografia, ou sej a, com seus aspect os conceit uais e m et odológicos e com a validade das argum ent ações t eóricas. Foi grat ificant e t erm os podido exam inar t ext os de um geógrafo t ão envolvi-do com t em as, t ais com o a t eor ia envolvi-do conhecim ent o, o pr incípio da causalidade, o clássico at rit o ent re det erm inism o e indet erm inism o, et c. A sim ples m enção aos pro-blem as t eóricos ( m uit as vezes de nat ureza m et afísica) das ciências em geral, m as, so b r et u d o , d a s ci ên ci a s d a so ci ed a d e, f l a g r o u seu i n t er esse ( e a t é u m cer t o enciclopedism o) nos vários cam pos da Filosofia. É not ável sua capacidade de envol-ver num só t ext o vários eixos t em át icos; fat o que, aliás, não envol-verificam os apenas nos ar t igos cuj o t ít ulo, por si só, j á ev idenciav a a pr eocupação epist êm ica. Assunt os, com o a adoção de princípios da física ( princípio da incerteza, por exem plo) , a rej eição das t eorias sim plist as ( abandono da idéia do “ hom em econôm ico” ) , a im possibilidade de um a visão cient ífica desprovida de preconceit os e valores, a incapacidade hum ana de um a percepção t ot al da realidade ( necessidade de sim plificá- la, ident ificando seg-m ent os r elevant es e, assiseg-m , j ust ificando a cr iação de seg-m odelos) , et c. Par a isso, ele cit a, em m uit as oport unidades, alguns aut ores – geógrafos e filósofos – cuj as obras, não est ranham ent e, cost um am inspirar a reflexão dos m esm os assunt os ( ent re ou-t ros, Fred K. Schaefer, Brian J. L. Berry, Peou-t er Haggeou-t ou-t , Rudolf Carnap, Thom as Kuhn e Kar l R. Popper ) . Daí, ent ão, ser com um encont r ar m os, im er sos em seus ar t igos, co m e n t á r i o s q u e p r o v a m a i n t i m i d a d e q u e d e se n v o l v e u e co n se r v o u co m a Epist em ologia:

• a necessidade do “ bom ” cient ist a est ar conscient e das lim it ações de um a conclusão que não pondere o livre- arbít rio ou os reflexos da int eração suj ei-t o- obj eei-t o de esei-t udo ( 1972a) ;

• a perspect iva int erdisciplinar t razida pela Nova Geografia ( dada a prescrição de um a com unhão de conceit os e de um m onism o m et odológico) ( 1972c) ; • a adm issão da insuficiência explicat iva int rínseca à “ m at em at ização” ( cont

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• a ênfase em que, não fosse o espaço um a porção da realidade ( no sentido de que pode ser abstraído dela) – e esta realidade interessa tam bém às dem ais ciências sociais! –, não poderíam os procurar um a dist inção ent re elas e a Geografia por essa via de argum ent o; out ram ent e dit o, a afirm ação, port an-to, de que o obj eto da Geografia seria m esm o o espaço, subentendido com o um segm ent o que se abst rai da realidade; logo, um segm ent o que escapa do cam po das out ras ciências sociais ( 1975b) ;

• o alinham ent o com a concepção ev olut iv a k uhniana ( idéia de “ r ev oluções cient íficas”, ant ecipadas por sit uações de cr ise e seguidas de consenso – t em porário, logicam ent e) ( 1978) ;

• a fidelidade a um a com preensão desm ist ificada de ciência, não se deixando levar por um a específica t radição posit ivist a – a de considerá- la alheia aos valores ou paixões hum anas –, não se apegando, pois, ao cacoete de visualizá-la com o o supra- sum o da razão ( 1987) .

Muit o provavelm ent e é est a proxim idade int elect ual com as quest ões caras à filosofia da ciência que t am bém pôs o geógrafo a par do progressivo enriquecim ent o t eórico j unt o aos cam pos disciplinares de linhagem nat uralist a. Previsível, por conse-guint e, t er post o reparo nos m odelos analógicos que se pret endiam replicadores de m ecanism os t ipicam ent e biofísicos.

Em artigo no qual aborda o tem a das m igrações internas ( 1971a) , o fenôm eno m esm o do deslocam ent o populacional é vist o com o um “ sist em a” que t ende a “ regu-lar desequilíbrios” regionais. A próxim a cit ação é m arcant e, um a vez que o aut or vai deix ar clar o o seu engaj am ent o com a fr aseologia fisicist a ( m ais par t icular m ent e aquela de parent esco com a t erm odinâm ica) :

An alisad o seg u n d o as con cep ções d e u m sist em a, o f lu x o de m igr ant es de um a ár ea par a out r a pode, não só ser en-t en d id o com o u m f lu x o en er g éen-t ico, com o en-t am b ém os p r o-cessos de per da e ganho que est e flux o acar r et a podem ser v i st o s e m t e r m o s d e a j u st a m e n t o s h o m e o st á t i co s, [ . . . ] ( FAI SSOL, 1971a, p. 163, gr ifo nosso) .

No m esm o artigo está presente a aplicação do cham ado m odelo gravitacional – um análogo derivado da clássica m ecânica vet orial de Sir I saac Newt on. A diferenci-ação est á em que “ dist ância” refere- se a um a t ransform diferenci-ação logarít m ica da dist ância linear, ao passo que “ m assa”, no caso específico, refere- se à renda gerada nos luga-r es luga-r elacionados ( o lugaluga-r “ at luga-r at oluga-r ” obv iam ent e eluga-r a aquele que apluga-r esent asse luga-r enda per capit a superior; curiosam ent e, t al qual fosse um a esfera celest e de m assa ast ro-n ôm ica) . Coro-n ceit os com o pu sh e pu ll descr ev em ali o m ecan ism o das m igr ações int er nas com o um m odelo m at em át ico. O pr im eir o significando r epulsão ( ligada ao superpovoam ent o em áreas rurais) e o segundo significando at ração ( norm alm ent e associada à m igração para as cidades) .

Diversas sim ulações poderiam ser t est adas no m odelo, a part ir de diferent es escalas de renda at ribuídas à área dest ino. Adem ais, em virt ude de serem bast ant e adapt áv eis aos int er esses do usuár io, os m odelos per m it iam v ar iáv eis subst it ut as; ist o é, o “ núm ero de t elefones”, por exem plo, t am bém faria as vezes de “ m assa” na m esm a finalidade de explanar acerca da hierarquia ent re cidades.

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[ ...] o est udo das cidades for nece im por t ant es indicações do pr ocesso de desenv olv im ent o, pr incipalm ent e por que o m o-der n o desen v olv im en t o t em ocor r ido sem pr e à base de u m com plex o u r ban o- in du st r ial. [ . . . ] Com o u m sist em a aber t o, as cidades im por t am ener gia, sob a for m a de insum os par a as at iv idades, [ . . . ] . ( FAI SSOL, 1970, p. 92, gr ifo nosso) . No caso da r ede ur bana br asileir a, obser v a- se um a r azoáv el r egu lar idade abaix o do n ív el das m et r ópoles m en or es e ci-dades int er m ediár ias ou subcent r os das duas pr incipais ár e-as m et r opolit ane-as, o que coincide com a noção de que est a part e da rede urbana brasileira t êm caract eríst ica de ent ropia, i st o é, v i v e f u n d am en t al m en t e v ol t ad a p ar a d en t r o d e si m esm a, ao passo que acim a dest e nív el for ças ex t er nas ao sist em a funcionam im pedindo a log nor m alidade. Est as for -ças ex t er n as podem ser in t er pr et adas pr in cipalm en t e com o r elacion adas ao est ágio de desen v olv im en t o at r av és da in -d u st r ialização r ecen t em en t e im p lan t a-d a, f azen -d o com q u e o pr ocesso est ocást ico t en h a sido afet ado pela especializa-ção in du st r ial, bem com o pela depen dên cia de u m sist em a de t r ocas, [ ...] . ( FAI SSOL, 1970, p.120, gr ifo nosso) .

A técnica da cadeia de Markov foi em pregada em estudos pretensiosam ente de ordem prognóst ica, sobre delim it ação regional e hierarquização ent re lugares. A bus-ca de um a com preensão t eóribus-ca do processo m igrat ório no Brasil ( int ensidade, t ipo e direção) revelou variações regionais do fenôm eno e, dado que est a het erogeneidade t inha r elev ância par a um a polít ica de or ient ação dos flux os m igr at ór ios, o r ecur so ganhou prest ígio no círculo de geógrafos ident ificados com o planej am ent o. O m odelo de cr escim ent o ur bano e m et r opolit ano no Br asil podia enfim ser elucidado com o au x ílio de u m a t écn ica qu e con sider av a o peso ( “ per cen t u al de ex plicação” ) e o ent rosam ent o m út uo de variáveis. ( Não exat am ent e em seu sent ido euclidiano, m as m ais associada aos significados econôm ico e percept ivo que pode encerrar, a dist ân-cia ent r e par es de cidades – por t ador as de um a r espect iv a m agnit ude – foi um a dessas variáveis.) . A cadeia de Markov, com t odas as suas sim plificações e det alhes problem át icos ( aliás, caract eríst icas que – Faissol sabia – não eram um “ privilégio” apenas dest e inst rum ent o) , const it uía um a ferram ent a a m ais na em presa de se ali-nhavar um a Geografia “ verdadeiram ent e cient ífica” ; a par de ut ilit ária. Na seqüência, cit am os m ais duas t ext ualizações selecionadas, nas quais Faissol dem onst ra convic-ção na significância m et odológica, m esm o est ando cient e de cert as fragilidades ine-r ent es:

[ . . . ] a u t ilização d e m ét od os com o Cad eia d e Mar k ov d ão um a per spect iv a adequada ao desenv olv im ent o dos pr ocessos espaciais t em por ais, con st it u in do assim u m a das solu -ções a u m dos pr oblem as cr u ciais n a Geogr af ia, qu e é si-m ult aneasi-m ent e lev ar esi-m cont a usi-m a est r ut ur a espacial, esi-m um det er m inado m om ent o do t em po, pr oj et ando- a par a pe-r íodos subseqüent es e dando assim à Geogpe-r afia um a capa-cidade pr edit iv a qu e ela n ão possu ía. ( FAI SSOL, 1 9 7 1 c, p. 1 5 ) .

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A FUN ÇÃO RESTRI TA DO CÁLCULO E DOS PROTÓTI POS MODELARES

As t écnicas m at em át ico- est at íst icas não perm it iram som ent e a análise de da-dos quant it at ivos; supost am ent e, dada-dos qualit at ivos t am bém seriam analisáveis por m eio delas. Por isso é que Faissol procura não ident ificar a “ revolução” com o m ero uso do dado quant ificado ( confusão, segundo ele, pr ópr ia de seus r epr esent ant es “ ex t r em ist as” ) . Pensar m at em at icam ent e os fenôm enos não pr ecisav a necessar ia-m ent e significar sua quant ificação ou ia-m ensuração. Valer- se de linguageia-m ia-m at eia-m át i-ca era, ant es de t udo, argum ent ar logii-cam ent e. Além do m ais, não se pret endia que fossem obt idas, de início, respost as exat as a part ir das análises quant it at ivas. Faissol dem onst ra prudência inquest ionável ao falar que a relação m odelo- realidade é feit a de t ent at ivas e erros; ou sej a, subent ende ensaios que, sendo balizados por form ula-ções sensat as, t rat arão de ir corrigindo aquela relação. Port ant o, a revolução quant i-t ai-t iva na Geografia, para Faissol, não significou sim plesm eni-t e o m anuseio de índices abst rat os ou o abandono com plet o das observações fat uais ( na sua opinião, at é um im portante avanço trazido por um a das fases da revolução – quando o em pírico vai se lim it ar a confirm ar os m odelos t eóricos) . Ela t inha, ist o sim , im plicado na procura de “ leis de com port am ent o” e, apenas por efeit o disso, na quant ificação dos enunciados prot ocolares ( de m odo a t orná- los operacionais, é claro) .

A m odelagem se m ost r av a um disposit iv o de enor m e pot encialidade par a a esfera da tom ada de decisão, j á que tinha o propósito de avaliar im pactos e prom over a inv est igação de alt er nat iv as. Mas hav ia, ao m esm o t em po, a consciência de que dificilm ent e seriam obt idos m odelos perfeit os, sobret udo aqueles de carát er predit ivo. Diga- se de passagem , as próprias t écnicas de análise eram vist as com o apenas aces-sór ias ou coadj uvant es num pr ocesso de “ m elhor conhecim ent o do pr oblem a”. Re-gr essões e análises fat or iais não poder iam ofer ecer par âm et r os ex plicat iv os; sobr e isso não r est ava dúv ida. Ent r et ant o, Faissol confiava em que o poder ex planat ór io dessas m esm as t écnicas iria ao encont ro dos int eresses da esfera do planej am ent o. E, ent ão, harm onizando- se com est es, os m odelos const ruídos seriam post os à prova, frent e à m anifest ação realíst ica dos event os e frent e à aleat oriedade do com port a-m ent o hua-m ano ( ia-m previsibilidade est a, elea-m ent o de grande freqüência nos processos sócio- econôm icos) .

O m odelo é [ . . . ] a r éplica da r ealidade, segundo a concep-ção de seu aut or, fundada em um a t eor ia de r elações e em um conj unt o de int er ações que pr oduzem det er m inados r e-sult ados, ignor adas out r as r elações e out r as int er ações que n ão aqu elas especificadas n o m odelo. Por t an t o é u m a con -cepção t eór ica da r ealidade. ( FAI SSOL, 1971b, p. 38) .

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ural-m ar x ist a”, segundo o qual t oda or ganização espacial é r eflexo de uural-m pr ocesso de acum ulação capit alist a e de reprodução das classes.

Faissol considera que seria um grande erro abandonar as analogias conceit uais ou ignor ar o pot encial que t êm . A ciência social guiada por r eceios ingênuos, ou cont inuaria com a sim ploriedade da m era descrição do em pírico e do fact ual ou – o que poder ia ser pior – pr ecisar ia v olt ar - se par a a ár dua elabor ação de um cor po t eórico próprio, deixando de lado ( por puro individualism o ou orgulho ant icient ífico) t oda a cont r ibuição t eór ica das dem ais ciências ( nat urais, pr incipalm ent e) . Faissol condena os dois ex t r em os e pr oclam a a consult a pr udent e ao acer v o dest as com o um a at it ude m ais t em perada ent re am bos. Era razoável supor, no ent ant o, que acon-t ecessem dissabores quando do em penho em elaborar analogias. A hisacon-t ória da ciên-cia era e é eloqüent e ao dem onst rá- los. Um a t ext ualização pert inent e:

O p r ob lem a m ais im p or t an t e a an alisar, [ . . . ] , n ão é o d a int er - r elação ent r e os difer ent es r am os das ciências sociais, m as o d e se o p r o cesso d e d esen v o l v i m en t o d e t eo r i a e m et o d o l o g i a, n as ci ên ci as so ci ai s, p o d e u sar co n cei t o s e m ét odos j á desenv olv idos em out r as ciências. [ ...] se adm i-t im os qu e os f en ôm en os esi-t u dados pelas ciên cias n ai-t u r ais são dif er en t es em espécie e n ão apen as em gr au de com -p lex id ad e a t r an s-p osição d e con ceit os n ão ser á -p er m it id a. No m ín im o ser ia n ecessár io adm it ir – par a poder con t in u ar u san do cer t as an alogias – qu e est a t r an sposição t er ia qu e ser feit a com part icular cuidado, pois a crença de que a at i-v idade hum ana no cam po do social pode ser ent endida nos m e sm o s t e r m o s d a s ci ê n ci a s n a t u r a i s co n st i t u i u m a ext r apolação não gar ant ida na hist ór ia da ciência. ( FAI SSOL, 1978, p. 13- 14) .

A possibilidade divisada – por m ais que apenas aparente – de aj ustar os dados possuídos no m olde de padrões repetíveis, era, para Faissol, j á sinal de que não seria exatam ente um pecado se pensar em princípios gerais, pela via dos quais as deduzidas repet ições est ariam sendo verificadas. Form ular t eoria e ( não só isso) t est á- la est abelecia se com o um a possibilidade ex t r em am ent e at r aent e; não far ia sent ido, por -t an-t o, desdenhá- la. Por ou-t ro lado, o au-t or m an-t ém sem pre a vir-t ude da parcim ônia. Por ex em plo, em um ar t igo no qual ut iliza m odelos m at em át ico- pr obabilíst icos no estudo da distribuição de centros urbanos em duas regiões brasileiras ( 1973b) , Faissol preocupa- se em deixar claro que os m odelos ali aplicados não o est avam sendo de um a form a perfeit am ent e adequada. O problem a é que, com o as regiões sob análise er am consider av elm ent e am plas ( Cent r o- Sul e Nor dest e br asileir os) , a pr econdição de um a am ost ragem hom ogênea est ava sendo quebrada. Daí o seu cuidado em não ext rair grandes int erpret ações dos result ados obt idos. Faissol queria, sim , acredit ar que o r igor cient ífico v ir ia pela adoção de m odelos m at em át icos de análise, m as t am bém est av a conv ict o de que o uso não dev er ia se confundir com o abuso; em out r as palav r as, t al r ecur so pr ecisav a est ar cer cado de um a sér ie de cuidados, de m aneira que o problem a sob invest igação se perm it isse ident ificar perfeit am ent e ou est ivesse enquadrado, a cont ent o, na m oldura dos m odelos.

EVOLUÇÃO DO PEN SAMEN TO GEOGRÁFI CO: TRAN SI TORI EDADES E PERSI STÊN CI AS

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inu-ciosos de regiões que viviam a experiência de um a colonização assist ida. O Planalt o Cent r al Br asileir o r ecebe um ex am e quase pr ior it ár io nest e per íodo ( ent r e 1946 e 1952) . Pesquisas feit as no Cent ro- Oest e, m ais especificam ent e na área desenvolvida dest a r egião ( o sudest e) ger ar am consider áv el v olum e de infor m ações. Na época, Faissol ocupava o cargo de Chefe da Seção Regional Centro- Oeste do CNG e o estudo elaborado a part ir dos dados levant ados, ao que lhe parecia, serviria com o t est e de larga aplicabilidade em out ras áreas do Brasil; lugares que, event ualm ent e, apresen-t assem problem as sem elhanapresen-t es. ( FAI SSOL, 1949, 1951, 1952a, 1952b) .

O fat o é que t am bém na fase em que t rabalhou o t em a colonização, est eve alinhado com propósit os planificadores e com a racionalização das m edidas. No cená-r io hist ócená-r ico, um a das quest ões lat ent es ecená-r a a m udança da Capit al da República e Faissol procurava expor os riscos que seriam im inent es se as ações não fossem pre-vident es de problem as j á observados em out ros lugares ( erosão dos solos, abandono das áreas agrícolas, êxodo para as cidades, aum ent o do cust o de vida) . Em preendi-m ent os fut uros deveriapreendi-m est ar baseados epreendi-m “ levant apreendi-m ent o preendi-m inucioso” do apreendi-m bient e físico e dos tipos de uso do solo.

Nos art igos dos anos 80, encont ram os um Faissol ainda bast ant e preocupado com a t em át ica do desenvolvim ent o regional, sendo que j á explicit am ent e encaran-do- a pela ót ica da urbanização. A sint onia com os event os da polít ica e da econom ia m undiais faz com que pense nos fenôm enos urbano e industrial com o sendo integran-t es de um sisintegran-t em a com plexo crescenintegran-t e: o sisintegran-t em a capiintegran-t alisintegran-t a inintegran-t ernacional. Vê com o um desafio pensar a or ganização espacial/ t er r it or ial no cenár io cont em por âneo de relações em nível global. O aut or passa a t rat ar do processo de desenvolvim ent o do país em suas relações com um a lógica econôm ica im posit iva, esclarecendo suas m a-zelas ( ainda que Faissol, digam os de passagem , t enha percebido e reprovado o fat o de, com freqüência, os cient ist as sociais t erem concent rado apenas nessas m azelas seu s j u ízos cr ít icos, n ão r econ h ecen do possív eis avan ços) . ( FAI SSOL; MOREI RA; FERREI RA, 1987; FAI SSOL, 1989a) .

Apercebeu- se da influência de um a “ nova ordem m undial” nos conj unt os regi-onais, que t endiam a ser supr anacionais. A discussão da t r ansposição do m odelo núcleo- periferia para um a escala global lhe int eressou. Aparent em ent e, t eria perdido sent ido a pr eocupação com os pr oblem as int er nos aos países – sobr et udo aqueles que dizem respeito à organização de seus territórios – diante do “ sistem a hegem ônico” ( expressão do próprio aut or) , o qual faria inst it uir/ dissem inar valores eleit os e propa-garia a idéia de que só um a int ernacionalização do gerenciam ent o de recursos garan-t e a eficiência de seu uso. Mas ele esgaran-t ava convicgaran-t o de que esses problem as precisa-vam ser solucionados dent ro de um a polít ica de m anut enção da ident idade nacional/ cult ur al ( aliás, Faissol cult iv ou m uit o as ex pr essões “ pat r im ônio” e “ soberania” ) e segundo crit érios que dessem cont a de efeit os preocupant es ( por exem plo, sobre a est r ut ur a dem ogr áfica: o aum ent o da longev idade, ger ando idosos despr epar ados para enfr ent ar um m er cado com pet it iv o e eficient ist a) . ( FAI SSOL; LOPES; VI EI RA, 1992; FAI SSOL, 1994; FAI SSOL et al., 1995) . A propósito da “ nova ordem ”, um a refle-xão sua:

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Fa isso l “ co n t e x t u a liz a d o ” e m p a n o r a m a ( m odifica do de REI S JÚN I OR, 2 0 0 3 , p. 1 2 1 )

DESMI STI FI CAN DO JUÍ ZOS I N SI STEN TES: A PERMAN ÊN CI A DE UMA AVALI AÇÃO EPI STEMOLÓGI CA PON DERADA

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cont rovérsias que, na sua opinião, desencadearam a sit uação de crise. Seriam elas: os problem as da t eorização, da quant ificação, da ideologia e da relevância social.

A per m anência da cont r ov ér sia “ nom ot ét ico v er sus idiogr áfico”, par ece- lhe, at rapalhou um pouco a consolidação da onda t eorizant e. Além disso, a prát ica que est a t r oux e de, m uit as v ezes, abst r air sem m edidas, causav a desconfor t o àqueles que não ent endiam a necessidade da observação selet iva. E t am pouco a dificuldade ( im possível de quest ionar) em const ruir t eoria geográfica – o que, em últ im a análise, significa t eor izar, int egrat ivam ent e, a nat ur eza e o hom em – deixou de m ant er os incrédulos com seus dois pés atrás e de preocupar m esm o os profissionais que, com o Faissol, est iveram engaj ados no m ovim ent o de renovação.

Faissol supõe t er havido um a espécie de levant e ant i- quant ificação que, infeliz-m ent e, só deinfeliz-m onst rava a ignorância e o preconceit o de uinfeliz-m grupo de pesquisadores. Estes seriam contrários à heresia de um a visão do com portam ento hum ano que pare-cia fugir do qualitativo, refugiando- se, supostam ente, na abstração de índices e scores. Ao m esm o t em po, Faissol reconhece que m uit o cedo se verificou que as explicações não podiam , de fat o, ficar r est r it as ao t ipo de for m alização capt ur ada das ciências nat urais; o processo social devia est ar incluso. E ele não esquece, é óbvio, os exces-sos inconseqüent es de alguns adept os da revolução; cegos devot os de um a inovação a t odo cust o que, em não poucos casos, acabava subst it uindo a reflexão t eórica e a observação em pírica pelo acúm ulo de um a infinidade de dados em program as que os com put avam ( segur am ent e, m uit os geógr afos haviam se cont ent ado apenas com o t ecnicism o env olv ido) . O quant ificar em Faissol diz r espeit o não só à pr ecisão e à experim ent ação generalizadora, m as à racionalidade inst rum ent al e ao t est e de m o-delos abst rat os ( se bem que, algum as vezes, derivados de isom orfism os sim plist as) . Os t rês próxim os t rechos são ricos em lucidez e, nas vezes de rem em orar episódios que o aut or t est em unhou, chegam at é a cont er um t om irônico:

Em r elação à quant ificação ex ist em cer t os pr econceit os, em g e r a l a p o i a d o s e m p o u co co n h e ci m e n t o d o q u e a q u an t if icação r ealm en t e sig n if ica, m as ex ist e m u it a ig n o-rância – um pouco da idéia de ‘não experim ent ei e não gos-t ei’ – ; m as ain da ex isgos-t em e per sisgos-t em u sos in adequ ados e abusos m et odológicos, que ocor r er am e ocor r em em out r as ár eas do conhecim ent o cient ífico; não m enos nociv os for am o s e x a g e r o s d o d e t e r m i n i sm o g e o g r á f i co d e Sa m p l e e Hu n t in g t on , p ar a só cit ar u m d eles. Mas os ex ag er os n ão invalidam as inovações.” ( FAI SSOL, 1987, p. 8, gr ifo nosso) . Est a ut ilização da v isão nat ur alist a e a conseqüent e aplica-ção m ais d ir et a d o r ig or m at em át ico d eu à Geog r af ia u m cient ificism o de que ela necessit av a par a afir m ar - se, em bo-r a a lin g u ag em m at em át ica e a b u sca d e u m a g eom et bo-r ia n os p r ocessos esp aciais t en h a lh e v alid o alg u n s ex ag er os que for am dur am ent e cr it icados e, aos poucos, sendo cor r i-gidos. Mas, sem dú v ida, sign if icou u m im por t an t e passo à fr ent e. ( FAI SSOL, 1989b, p. 36) .

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e-a m e r i ce-a n o ; d e o u t r o l e-a d o , e-a d e i f i ce-a çã o d e st e-a m e sm e-a quant ificação, em que qualquer at r ibut o do gr upo social er a colocado em t er m os de um a v ar iáv el quant ificada, ou ent ão ser ia descar t ada. ( FAI SSOL, 1989b, p. 41) .

Já o apelo ao historicism o, à super- valorização das categorias “ conflito de clas-se” e “ disput a pelo poder ”, significou m ais um a cont rovérsia, pois que acent uava as discussões sobre m et odologia e conceit os apropriados para a Geografia. A vert ent e dos “ radicais” ost ent ou o t rat am ent o dos problem as do consum o e da qualidade de vida, o que foi vist o com o um a clara oposição aos “ quant it at ivist as” e sua inclinação para o t rat o apenas do processo produt ivo. O quant it at ivism o, na ót ica da corrent e radical ou crítica, teria sido um braço pseudocientífico dos interesses do sistem a capi-t aliscapi-t a; e capi-t eria servido, no caso do Brasil, aos incapi-t encapi-t os de um a elicapi-t e que proj ecapi-t ava aplicar, n o espaço br asileir o, m odelos qu e se m ost r ar am pr ósper os em países j á desen v olv idos.

Em bu t ida da t en dên cia ch am ada ideológica ( pois t odas são ideológicas, desde qu e n ão ex ist e ciên cia n eu t r a) [ . . . ] , de-se n v o l v e u - de-se u m a Ge o g r a f i a Ra d i ca l , d e b a de-se f i l o só f i ca m ar x ist a; ela t in h a por obj et iv o con t est ar e ev en t u alm en t e dest r uir a base capit alist a da m aior par t e dos m odelos ana-lít icos cor r en t es – m u it os dos qu ais im ediat am en t e h av iam con st r u íd o u m su p or t e est at íst ico/ m at em át ico – , p or isso fur iosam ent e at acados e acusados de est ar em a ser v iço do sist em a capit alist a int er nacional. ( FAI SSOL, 1987, p. 8- 9) .

Faissol enxerga m ais um a ingenuidade nest a espécie de argum ent ação do que propriam ent e algum indício de veracidade. Ele adm it e que havia sim ( falando, ao que t udo indica, por si e seus colegas m ais próxim os) o com prom isso com um paradigm a cient ífico ocident al, sensiv elm ent e associado às cat egor ias básicas do pensam ent o capit alist a ( “ hierar quia”, “ subor dinação”, “ concor r ência”, “ eficiência”, et c. ) . E est es conceit os eram , de fat o, bast ant e suscet íveis ao t rat am ent o m at em át ico. Mas consi-derar um elo m ais estreito entre a tendência quantitativa e a ideologia do capitalism o – assum indo t odas as suas perversidades – Faissol não achou j ust o. Aliás, ele t eve m uit o clar a a dist inção ent r e j uízo de v alor ( abom inar ou defender os efeit os do capit alism o) e explicação cient ífica não- neut ra ( sondar as form as de organização eco-nôm ica do espaço a part ir de um cont ext o capit alist a) ; coisas, segundo ele, um t ant o diferent es. Para Faissol as t eorias sem pre est ariam cont em plando visões de m undo – est as, por sua vez, orient adas pelo cont ext o social e algum a ideologia ( ent endendo- a com o aquilo que expressa e m olda a consciência hum ana do que exist e) . Assim , é nat ural que os m ét odos sej am elaborados para que aj udem a validar aquelas visões e ist o, a princípio, nada t em a ver com j uízo de valor. Convenham os, um silogism o bast ant e ast ut o.

É claro que os cient ist as sociais que se educam e se form am p r of ission alm en t e n u m sist em a cap it alist a e r ealizam su as p esq u isas e su as r ef lex ões d e n at u r eza t eór ica sob r e u m sist em a de at iv idades econ ôm ico/ espaciais capit alist as t en -der ão a pr ocur ar suas ex plicações sobr e a or ganização eco-nôm ico/ espacial no cont ex t o das v ar iáv eis do pr ópr io sist e-m a capit alist a. Aqui não se t rat a de j uízo de valor, e-m as de ex p l i caçõ es so b r e o p r o cesso em an d am en t o ; o j u ízo d e v alor est á na adoção do sist em a capit alist a, que é um a op-ção ideológica. ( FAI SSOL, 1987, p. 13) .

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capi-t alism o propõe com o norm a superior de vida, e não concapi-t ra a adoção de m ét odos da Mat em át ica e da Est at íst ica. ( FAI SSOL, 1987, p. 14) .

Foi nas Univ er sidades e na Associação dos Geógr afos Br asi-leir os ( ABG) q u e o d eb at e id eológ ico f oi m ais ev id en t e e cr ít ico – pr incipalm ent e na Associação dos Geógr afos Br asi-leir os –, em bor a ele t enha assum ido um car át er m ais r adi-cal e por isso m ais sect ár io; n em por isso, en t r et an t o, ou t al v ez p o r i sso m esm o , est e d eb at e f o i m ai s i n t el i g en t e, pois assu m iu os v elh os ch av ões de lu t as de classe/ espaço, com os con cei t os e d og m as m ar x ist as q u e acab ar am p or ecoar v azios, em bor a sem pr e con qu ist asse aqu eles gr u pos at raídos pelo oposicionism o e pelo inconform ism o. ( FAI SSOL, 1994, p. 68, gr ifo nosso) .

A relevância do bem - estar social m anchou m uito a im agem da Nova Geografia. Era com um se pensar que ela est aria j ust am ent e baseada na rej eição de inform ações r elacionadas com a concent r ação de r iqueza ou com a discr im inação de r aça e de gênero; enfim , era previsível a visão reducionista segundo a qual a onda quantificante se orient ava pela repulsa ao sist em a de valores e pressupunha um a despreocupação com as desigualdades sociais. Nest e sent ido, ser adept o da escola era o m esm o que confessar cer t a pr opensão à desum anidade. Mas Faissol sabia que se a Geografia quisesse ser m ais norm at iva t eria de se volt ar abert am ent e para as quest ões polít i-cas, o que, para ele, t am bém presum ia um engaj am ent o polít ico do geógrafo ( ist o é, desde que fosse seu desej o influir na norm a) . Por out ro lado, t eve para si que est e engaj am ent o não precisaria significar a subscrição de um discurso m arxist a ( o acolhi-m ent o da noção de classe, por exeacolhi-m plo) , acolhi-m as poderia prever a idéia de que a desi-gualdade t em , inclusive, algo a ver com propensão ( int rínseca aos hom ens) à ascen-são social – contant o que est a noção, no entanto, não se aproxim asse perigosam ent e de um a versão darwinist a/ spenceriana do processo de desenvolvim ent o. Considerou, por isso, inj uriosa a int erpret ação de que só era possível dar relevância ao social se os m ét odos se m ant ivessem longe de um carát er quant it at ivo; e sust ent ou que ela, na verdade, se baseava no desconhecim ent o de que funções m axim izadoras ( facilit a-das, devem os reconhecer, pelos m odelos m at em át icos) podem m uit o bem j ust ificar obj et ivos m ais hum anos. O m ét odo usado poderia ser – com o o foi na m aioria dos casos – um a “ função ot im izadora”, m as era preciso ent ender que não se m axim izam apenas lucro e renda, com o se o m odelo im pusesse a regra. Pois que seria possível, preservando ainda o viés quant it at ivo, eleger prioridades out ras, t ais com o salário e dist ribuição equânim e ( “ j ust a” ) de recursos. Faissol, port ant o, procurou – sabiam ent e – discernir “ m ét odo” e “ obj et ivo do m ét odo”. Duas passagens correlat as:

A pr eocu pação com r elev ân cia social foi, em m u it os casos, i n t er p r et ad a co m o d escar t an d o m ét o d o s q u an t i t at i v o s d e a n á l i se , p o i s m u i t o s d e l e s se co n st i t u ía m e m f u n çõ e s ot im izador as de eficiência, por t ant o cont r ár ios aos obj et iv os de eqü idade, o qu e apen as r ev elav a u m cer t o descon h eci-m ent o do que é ueci-m a função ot ieci-m izadora, que poderia ot ieci-m izar a dist ribuição de rendim ent os, por exem plo. ( FAI SSOL, 1987, p. 9) .

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A seguir, duas asser t ivas int er essant es ( por que cont ra- int uit ivas) , nas quais Faissol dest aca a falt a de ingerência governam ent al, à época dos regim es m ilit ares, nos assunt os e debat es organizados pelo I BGE. A prim eira refere- se à realização, no Br asil, da Confer ência Regional da União Geogr áfica I nt er nacional, em 1982; a se-gunda é um a t ranscrição feit a a part ir de ent revist a concedida pelo geógrafo:

[ . . . ] podia- se con st at ar qu e o t em ár io da Con fer ên cia e os t em as d os ex p osit or es con t in h am n u m er osos assu n t os d e inspir ação social e m esm o m ar x ist a, sem que a ist o t iv esse qu alqu er obser v ação n em dos or gan izador es, n em da dir e-ção do I BGE, que foi o pr incipal pat r ocinador ; o que foi at é obj et o de alguns com ent ár ios na cr ônica int er nacional a r es-peit o, qu e ao r essalt ar o alt o n ív el pr of ission al em qu e se r ealizou a Confer ência, est r anhav a est a liber dade conceit ual e m esm o ideológica, dado o fat o de est ar ist o acont ecendo n u m m om en t o d e g ov er n o m ilit ar au t or it ár io e d e d ir eit a. ( FAI SSOL, 1989b, p. 23- 24, gr ifo nosso) .

O I BGE f ez t r ab alh os p ar a o Min ist ér io d a Saú d e, p ar a o Minist ério da Educação, para o Banco Cent ral, et c. Ent ão esse [ p er ío d o d o s r eg i m es m i l i t ar es] f o i u m p er ío d o ex t r em a-m ent e ia-m port ant e. Eu acho que é necessário a-m encionar ist o, por qu e, em ger al, se classif ica o gov er n o m ilit ar com o u m período dit at orial, de censura, et c. O t rat am ent o de t odos os assunt os da ur banização ou de t odas as coisas que o I BGE t r at av a nunca t ev e a m enor censur a. [ . . . ] Por ex em plo, em 1 9 7 4 / 7 5 a [ pesquisa] de or çam ent os fam iliar es, de alim en-t ação [ . . . ] feien-t a pelo I BGE, r ev elav a dados caen-t asen-t r óficos, os r esu lt ad os er am t er r ív eis, se d et ect av a f om e n o Nor d est e num a quant idade que não er a im aginada, [ . . . ] Esses dados er am t er r ív eis e nunca houv e a m enor int er fer ência de nin-guém , não só na div ulgação dos dados com o no uso desses dados para quem quisesse usar. [ . . . ] esse foi o per íodo em que a geogr afia t ev e um papel ex t r em am ent e im por t ant e e u m p r e st íg i o r e a l m e n t e e n o r m e , [ . . . ] ( FAI SSOL a p u d ALMEI DA, 1995, p. 167) .

CON SI DERAÇÕES FI N AI S: ESTI MAN DO A CON TRI BUI ÇÃO DE SPERI DI ÃO FAI SSOL ( APOLOGI AS E SEN ÕES)

O nom e de Speridião Faissol veio, na verdade, por um a feliz sugest ão do Prof. Dr. Silvio Carlos Bray ( UNESP, Rio Claro) , cuj o not ório int eresse pela Hist ória do Pen-sam ent o Geográfico Brasileiro seguram ent e j á devia t ê- lo feit o adm irar- se com sua represent at ividade. E foi um a agradável surpresa descobrir e exam inar o que para os bem - inform ados t alvez nunca t enha passado desapercebido. Faissol foi um geógrafo de est irpe, ainda que m uit os est udant es de graduação não o saibam . Por aí se vê a falsa prioridade que se cost um a dar à análise do Pensam ent o Geográfico Brasileiro nos cursos superiores e, por conseqüência, a im port ância que pode t er um t rabalho acadêm ico dedicado a ela.

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de-vendo ser sinalizada, especificam ent e, a de 70. Nela, a inserção de t écnicas quant it a-t ivas abre vários sorrisos, aa-t é ena-t ão em bargados por um a com pilação de dados pou-co eficiente. São, portanto, dois os detalhes que se pou-convertem em “ atuação pou- conserva-da” na obra de Faissol: a quest ão do planej am ent o com edido – pr esent e desde os ar t igos de 1 9 4 9 – e o n ot áv el in t er esse e con h ecim en t o das n ov as f er r am en t as m etodológicas – fato am plam ente verificável a partir dos artigos da transição entre os anos 60 e 70. Arriscam os afirm ar que é j ust am ent e est a “ versat ilidade coordenada” q u e d ef i n e a co n t r i b u i ção g er al d o g eó g r af o , j á q u e er a n o r m al as t em át i cas epist em ológica ( quest ões da t eorização e da quant ificação) e pragm át ica ( diagnóst ico de problem as e proj et o de soluções) confluíam nos art igos.

Dent ro de um a cont ribuição geral não há som ent e aspect os posit ivos a dest a-car; sem pre é possível ident ificar cert os senões, int erpret ando com o defeit os, out ros aspect os igualm ent e dest acados. A m aneir a com o foi conduzido o ar t igo pode t er dirigido à idéia de um epílogo do t ipo apologét ico; ent ret ant o, fazem os quest ão de arrem at á- lo t am bém com algo de censura.

E o que m ereceria configurar com o um dot e não virt uoso em Faissol? Bem , o que m ais facilm ent e pode ser assinalado refere- se à própria nat ureza de seu ofício. A bem dizer, é o específico aspect o ( neo) posit ivist a da quant ificação que m erece algu-m as considerações e não exat aalgu-m ent e a figura de Speridião Faissol; algu-m esalgu-m o porque ele se m ant ev e conscient e da fr agilidade dos m ét odos e não par ece t er pr ocur ado im unizá- los por m eio de est r at agem as ar dilosos. Os senões, por t ant o, dest inam - se aos problem as enfrent ados, não som ent e pela Geografia, m as t am bém pelas dem ais disciplinas que lidam com a sociedade, no cam po da confirm ação dos m odelos. Afinal, os indicadores quant it at ivos dão cont a, realm ent e, das int rincadas relações sociais e econôm icas? Não é cont radit ório pret ender est udar os fenôm enos de edificação hu-m ana cohu-m o uhu-m “ todo integrado” – as cidades, por exehu-m plo – e, ainda assihu-m , valer- se de m ét odo analít ico ( a análise fat orial) que, sabidam ent e, vai isolar inform ações at u-ando dist int a e independent em ent e? A Mat em át ica inserida em inspeções analít icas de classificação e or ganização de quadr os com plex os é um gr ande ( e j á secular ) achado, m as ela t am bém consegue t or nar desconfor t áv eis as m esm as inspeções – ou, pelo m enos, a leit ura ou int erpret ação que se faça, post eriorm ent e, delas. Não são poucos os casos em que o sim ples passa a ser com plexo sem necessidade; ou, ainda, casos em que o com plexo assum e a condição de confuso.

Referências

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