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Motivos que levaram idosos a buscar atenção em uma unidade básica de saúde.

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Academic year: 2017

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MOTI VOS QUE LEVARAM I DOSOS A BUSCAR ATENÇÃO EM UMA

UNI DADE BÁSI CA DE SAÚDE

Mar y Rosane Quir ino Polli Rosa1 Zuleica Mar ia Pat r ício2 Mar ia Regina Silv ér io3 Dav i Rum el4

Est udo de abordagem quant it at iva, cuj o obj et ivo foi conhecer os m ot ivos que levaram idosos a buscar at enção em um am bulat ór io de ser v iço básico de saúde de Sant a Cat ar ina. Os dados for am colet ados em pr ont uár ios de 401 idosos at endidos pela equipe de saúde. A leit ur a inicial dos r egist r os ev idenciou 4 634 m ot iv os que, após an álise qu alit at iv a, f or am agr u pados em qu eix as e solicit ação de at en ção. Esses dados, em segu n da análise, r eceber am classificação de R e Z, segundo a CI D- 10. A cat egor ia R – queix as ex pr essas por sinais e si n t o m a s – so m o u 6 4 % d o s m o t i v o s, se n d o a “ d o r ” o m a i s e v i d e n ci a d o . Os d e m a i s m o t i v o s, 3 6 % , cor r espon der am à cat egor ia Z , den om in ada solicit ação de at en ção, r epr esen t ada por pedidos de r eceit a de m edicam ent os e at endim ent os par a cont r ole de saúde. O est udo ev idenciou a com plex idade da dem anda de at enção à saúde dessa população na região pesquisada, m ost rando a necessidade de aquele serviço desenvolver at enção específica e de car át er int er disciplinar .

DESCRI TORES: saúde do idoso; saúde pública; pr om oção da saúde; classificação int er nacional de doenças

REASONS THAT MADE AGED PEOPLE SEEK CARE AT A BASI C HEALTH UNI T

This quant it at ive st udy aim ed t o get t o know t he r easons t hat m ade aged people seek car e at a basic healt h car e out pat ient clinic in t he St at e of Sant a Cat ar ina, Br azil. The dat a w as collect ed in t he pat ient files of 401 aged people at t ended by t he healt h t eam . I nit ial r eading of t hese r ecor ds ev idenced 4634 r easons t hat , aft er qualit at iv e analy sis, w er e gr ouped under com plaint s and r equest s for at t ent ion. I n a second analy sis, t hese dat a w er e classified as R and Z, accor ding t o I CD- 10. The R cat egor y – com plaint s ex pr essed by signs and sy m p t om s- eq u als 6 4 % of t h e r eason s, w it h “ p ain ” as t h e m ost com m on on e. Th e ot h er r eason s, 3 6 % , cor r esponded t o t he Z cat egor y , called r equest s for at t ent ion, r epr esent ed by m edicine pr escr ipt ion r equest s and at t endance for healt h cont rol. The st udy evidenced t he com plexit y of t his populat ion’s healt h care dem ands in t he st udy r egion, show ing t he need for t hat ser v ice t o dev elop specific and int er disciplinar y car e.

DESCRI PTORS: healt h of t he elder ly ; public healt h; healt h pr om ot ion; int er nat ional classificat ion of diseases

MOTI VOS QUE LLEVARON A LOS ANCI ANOS A BUSCAR ATENCI ÓN EN UNA

UNI DAD BÁSI CA DE SALUD

Est udio de abor daj e cuant it at iv o, cuy o obj et iv o fue conocer los m ot iv os que llev ar on a los ancianos a buscar at ención en un am bulat orio del servicio básico de salud de Sant a Cat arina. Los dat os fueron recolect ados de las fichas de 4 0 1 ancianos at endidos por el equipo de salud. La lect ur a inicial de los r egist r os ev idenció 4 . 6 3 4 m ot iv os qu e, despu és de u n an álisis cu alit at iv o, f u er on agr u pados en qu ej as y solicit u d de at en ción . Esos dat os, en u n segu n do an álisis, r ecibier on clasificación de R y Z, segú n la CI D- 1 0 . La cat egor ía R – qu ej as ex pr esadas por señ ales y sín t om as – su m ó 6 4 % de los m ot iv os, sien do el “ dolor ” el m ás ev iden ciado. Los dem ás m ot iv os, 36% , cor r espondier on a la cat egor ía Z, denom inada solicit ud de at ención, r epr esent ada por pedidos de m edicam en t os y at en cion es par a con t r ol de la salu d. El est u dio ev iden ció la com plej idad de la dem anda de la at ención de la salud de esa población en la región invest igada, m ost rando la necesidad de que est e ser v icio desar r olle una at ención específica y de car áct er int er disciplinar .

DESCRI PTORES: sal u d d el an ci an o ; sal u d p ú b l i ca; p r o m o ci ó n d e l a sal u d ; cl asi f i caci ó n i n t er n aci o n al d e en f er m ed ad es

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I NTRODUÇÃO

A

s est im at ivas apont am que a proporção de

idosos no Brasil passará de 7,3% ( 11 m illhões) em 1991 para cerca de 15% ( 32 m ilhões) em 2025, que é a at ual proporção de idosos da m aioria dos países europeus, onde essa t ransição foi m ais lent a e ainda não equacionada( 1- 2).

Em m en os d e 4 0 an os, m u d ou - se d e u m cen ár io de m or t alidade pr ópr io de u m a popu lação j ovem par a um quadr o de enfer m idades com plexas e oner osas, t ípicas da t er ceir a idade, car act er izado por doenças crônicas e m últ iplas, que perduram por a n o s, co m e x i g ê n ci a d e cu i d a d o s co n st a n t e s, m edicação cont ínua e exam es periódicos. O núm ero de idosos passou de 3 m ilhões para 17 m ilhões em 2006 – aum ent o de 600% em m enos de cinquent a anos( 3).

No Br asil, a m aior cau sa d e m or t alid ad e, n essa f a i x a et á r i a , sã o a s d o en ça s d o a p a r el h o circulat ório, ou sej a, as cerebrovasculares. Em Sant a Cat ar ina, essa r ealidade não é difer ent e de out r as regiões da Federação, post o que a m aior incidência d e ó b i t o s é d e co r r e n t e d e a ci d e n t e v a scu l a r cer ebr al( 4).

Na ótica da Saúde Coletiva, o envelhecim ento é u m d e sa f i o d o m u n d o a t u a l . Na s n a çõ e s con sider adas desen v olv idas, o en v elh ecim en t o da p o p u l a çã o t e m su a s p r i n ci p a i s ca u sa s n a s t r a n sf o r m a çõ e s e co n ô m i co - so ci a i s v i v i d a s p e l a sociedade no século passado e que, no ent ant o, só p r o d u zi r am m o d i f i caçõ es si g n i f i cat i v as n as su as variáveis dem ográficas na virada do século XX( 3).

O crescim ento dem ográfico no Brasil e o atual per fil epidem iológico com alt os índices de doenças cr ô n i ca s e d e g e n e r a t i v a s f a ze m e m e r g i r a preocupação com a população idosa. Essa realidade r equer que a sociedade ent enda o env elhecim ent o de sua população com o responsabilidade individual e colet iv a p ar a alcan çar o âm b it o p ú b lico( 5 ). Nesse

aspecto, destaca- se a im portância da Política Nacional de Saúde da Pessoa I dosa, que tem com o propósitos a p r o m o çã o d o e n v e l h e ci m e n t o sa u d á v e l , a m anut enção e m elhoria da sua capacidade funcional, prevenção de doenças e a recuperação da saúde, de m odo a gar ant ir - lhe per m anência no m eio em que v i v e, ex er cen d o , d e f o r m a i n d ep en d en t e e co m qualidade, suas funções na sociedade( 6).

Esses aspect os t razem im port ant es desafios ao Sist em a d e Saú d e, g er an d o a n ecessid ad e d o

estabelecim ento de agenda para as políticas de saúde q u e p o ssa m r e sp o n d e r p e l a s v á r i a s t r a n si çõ e s epidem iológicas at r av és de ações v olt adas par a a

detecção precoce de doenças e prom oção da saúde( 7).

Co m b a se n e ssa l ó g i ca , co n si d e r a - se o p a r a d i g m a d a p r o m o çã o d a sa ú d e i m p o r t a n t e est r at égia par a o enfr ent am ent o dos pr oblem as de saúde- doença na sociedade. As ações de pr om oção da saúde pr econizam o ex er cício da cidadania com v i st a s a a t i t u d e s i n d i v i d u a i s e co l e t i v a s q u e p o ssi b i l i t e m m e l h o r a r a s co n d i çõ e s d e v i d a e , consequent em ent e, a saúde da população.

Nesse con t ex t o, o Pr ogr am a de Saú de da Fam ília ( PSF) , cr iad o em 1 9 9 4 p elo Min ist ér io d a Saúde, é espaço pr iv ilegiado par a a concr et ização da Prom oção, um a vez que visa a reversão do m odelo assistencial vigente – m ais centrado na doença – para a at en ção à saú d e in t eg r al. Essa p r op ost a é u m referencial determ inante à população idosa, visto que possibilit a m aior aproxim ação da equipe de saúde ao cont ext o de vida das pessoas.

A a çã o p a r t i ci p a t i v a d a co m u n i d a d e e a capacit ação cont inuada dos pr ofissionais env olv idos no Program a, com vist as à m elhoria da qualidade de vida e saúde e, ainda, à prom oção de envelhecim ento saudáv el r ev elam - se pont os posit iv os par a que t al apr ox im ação se concr et ize.

As m udanças fisiológicas e psicossociais que ocor r em nessa faix a et ár ia e suas r eper cussões na q u alid ad e d e v id a e saú d e d o id oso, som ad as à expectativa da prom oção da saúde e à visão sistêm ica do ser hum ano, t ornam m ais com plexa a assist ência a ser prest ada a essa população.

Tem - se observado que o aum ento do núm ero de idosos faz cr escer a dem anda dessa população n os ser v iços d e saú d e, u m a v ez q u e esse g r u p o apresent a grande quant idade de doenças crônicas e incapacit ant es, com parado a out ros grupos et ários( 8).

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pr om oção da saúde, t endo em vist a a com plexidade d as sit u ações esp ecíf icas, ap r esen t ad as p or essa popu lação.

Um a vez que os fat ores cit ados acim a est ão descrit os nas diret rizes da Polít ica Nacional da Saúde da Pessoa I dosa, é preciso som ente cum pri- las, entre elas pode- se cit ar : a pr om oção do env elhecim ent o at iv o e sau d áv el; a at en ção in t eg r al à saú d e d a pessoa idosa; estím ulo à participação e fortalecim ento do cont role social; form ação e educação perm anent e dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa; div ulgação e infor m ação sobr e a Polít ica Nacion al d e Saú d e d a Pessoa I d osa p ar a profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS e o apoio ao desenvolvim ento de estudos e pesquisas( 6).

A carência de atenção m ais focada na pessoa e m enos na doença tem sido identificada nos serviços de at enção básica, incluindo o local dest e est udo, no d e co r r e r d a s a t i v i d a d e s d e e n si n o , e x t e n sã o e pesquisa. Por ser um am bulat ór io- escola, ent ende-se que a assist ência prest ada necessit aria est ar m ais sint onizada com a r ealidade da população idosa do m u n i cíp i o e co m as p o l ít i cas p ú b l i cas p ar a essa dem an da.

Essa sit uação, associada à inex ist ência de est udos sobre os problem as de saúde da população idosa, na região de at uação dos pesquisadores, fez despert ar a necessidade dest a pesquisa. Para t ant o, desenv olv eu- se est udo de abor dagem quant it at iv a, pr ecedida de an álise qu alit at iv a de dados, com o obj etivo de conhecer os m otivos que levaram os idosos r esiden t es n a cidade de Tu bar ão, San t a Cat ar in a, Br asil, a p r ocu r ar a at en ção am b u lat or ial em u m serviço básico de saúde, no período de 1998 a 2004. Ressalt a- se que, desde 2002, o Program a de Saúde da Fam ília, at u alm en t e den om in ado Est r at égia de Saúde da Fam ília, é desenvolvido nesse am bulat ório. Os r esu l t a d o s d o est u d o j á est ã o sen d o aplicados, à m edida que são lev ados par a espaços de reflexão crítica j unto a gestores e equipes de saúde desse serviço, e introduzidos em processos de ensino-aprendizagem de alunos e professores de cursos de gr adu ação da ár ea da saú de qu e lá desen v olv em at ividades com a população de idosos.

Sen do esse ser v iço r efer ên cia par a ou t r os serviços, acredita- se que os resultados desta pesquisa possam cont r ibuir par a a cr iação de est r at égias de ap er f ei ço am en t o d as açõ es d e at en ção b ási ca à população idosa da região.

A divulgação dos resultados deste estudo tem com o finalidade incit ar pesquisadores, profissionais, gest ores e docent es da área da saúde para est udos da m esm a natureza em seus contextos e, em especial, fortalecer as discussões j á existentes no país sobre a i m p o r t â n ci a d e o a t e n d i m e n t o a o i d o so se r fundam ent ado em suas necessidades específicas e de caráter interdisciplinar, tendo em vista a prom oção do envelhecim ento saudável em seu próprio contexto.

MÉTODOS

Tr at a- se de est udo ex plor at ór io de car át er r et r osp ect iv o, f ocad o n a ab or d ag em q u an t it at iv a, desenvolvida a part ir de análise qualit at iva de dados dos pr on t u ár ios da popu lação idosa at en dida pelo Ser v iço de Assist ên cia I n t egr ada à Saú de ( SAI S) , localizado na Universidade do Sul de Sant a Cat arina – Unisul.

Dos 462 pr ont uár ios encont r ados, r elat iv os aos at endim ent os ao idoso, no per íodo de 1 998 a 2 0 0 4 , f o r a m a n a l i sa d o s t o d o s a q u e l e s q u e apr esent av am condições par a isso, t ot alizando 401 pr ont uár ios. Essa condição de inclusão diz r espeit o à q u e l e s r e g i st r o s q u e se ca r a ct e r i za v a m co m o m ot iv os de pr ocur a m anifest ados pelo usuár io. No d e co r r e r d e st e a r t i g o , e ssa p o p u l a çã o se r á denom inada “ usuário idoso”.

Na pesquisa, considera- se “ usuário idoso” a p esso a co m i d a d e i g u a l o u su p er i o r a 6 0 a n o s. Legalm ent e, em nosso país, a velhice ocorre a part ir dos 60 anos de idade, conform e docum entos oficiais: a Lei 10741/ 2003 , que dispõe sobr e o Est at ut o do I doso, e a Portaria2.528, de 19 de outubro de 2006, que apr ova a Polít ica Nacional de Saúde da Pessoa I dosa, que definem a idade a partir dos 60 anos para designar o idoso; e a Lei 8.842/ 94, que dispõe sobre a Polít ica Nacional do I doso, relat a no seu art igo 2º que “ considera- se idoso, para t odos os efeit os dest a lei, a pessoa m aior de 60 anos de idade”( 6- 9).

Da população est udada, 66% eram do sexo f em in in o, e do t ot al, 5 1 % en con t r av a- se n a f aix a etária entre 60 e 64 anos, 21% entre 65 e 69 anos, 16% entre 70 e 74 anos e 12% acim a de 75 anos de idade.

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único t ipo de docum ent o, em razão da nat ureza dos dados e dos processos de leitura e análise m inuciosos. Os docum ent os const it uem font e r ica e est áv el de dados, pois subsistem ao longo do tem po e constituem im port ant e font e de dados em qualquer pesquisa de nat ureza hist órica( 10- 11).

O processo de análise dos dados ocorreu em quatro fases. Na prim eira fase, análise qualitativa dos r e g i st r o s, b u sco u - se i d e n t i f i ca r ca t e g o r i a s q u e e x p r e ssa sse m o s “ m o t i v o s”, r e su l t a n d o u m a co m p l e x i d a d e d e “ si n a i s e si n t o m a s” e “ o u t r a s sit u ações”. A seg u n d a con st ou d a elab or ação d e conj unt os de dados r elacionados a t ais cat egor ias. Na t erceira fase, esses conj unt os foram analisados, b u scan d o a cor r esp on d ên cia com a Classif icação I n t er n aci o n al d e D o en ças ( CI D - 1 0 ) , r ef er en t e à

cat egoria “ R”, nas subcat egorias de R00 a R99, que

in clu i “ sin ais e sin t om as, e ach ad os an or m ais d e exam es clínicos e de laboratório não classificados em out ra part e”, e a cat egoria “ Z”, nas subcat egorias de Z00 a Z99, que com preendem “ out ras circunst âncias q u e n ão u m a d oen ça, u m t r au m at ism o ou cau sa ex t er n a”. Nesse p r ocesso, f or am id en t if icad as 6 4 cat egor ias agr u padas n as classificações R e Z, da CI D- 1 0 .

A qu ar t a fase car act er izou - se pela an álise quant it at iva dos dados e pela elaboração das figuras r epr esen t at iv as. Par a esse t ipo de an álise, f or am selecionadas as vint e cat egorias m ais frequent es, a saber : R52 ( dor não classificada em out r a par t e) ; Z76 ( pessoas em cont at o com os serviços de saúde em out ras circunst âncias) ; Z01.3 ( exam e da pressão art erial) ; R45 ( sint om as e sinais relat ivos ao est ado em ocion al) ; Z 0 0 ( ex am e g er al e in v est ig ação d e pessoas sem queixas ou diagnóst ico relat ado) ; Z01 ( out ros exam es e invest igações especiais de pessoas sem queixa ou diagnóst ico relat ado) ; R53 ( m al- est ar e fadiga) ; R06 ( anor m alidades da r espir ação) ; R19 ( o u t r o s si n t o m a s e si n a i s r el a t i v o s a o a p a r el h o digestivo e ao abdom e) ; R42 ( tontura e instabilidade) ; R05 ( tosse) ; Z71 ( pessoas em contato com os serviços de saúde par a out r os aconselham ent os e conselho m éd i co , n ão cl assi f i cad o s em o u t r a p ar t e) ; R2 3 ( ou t r as alt er ações cu t ân eas) ; R5 1 ( cef aleia) ; R6 0 ( edem a não classificado em out r a par t e) ; R07 ( dor d e g ar g an t a e n o p eit o) ; R6 3 ( sin t om as e sin ais r elat iv os à ingest ão de alim ent os e líquidos) ; R2 0 ( d i st ú r b i o s d a sen si b i l i d a d e cu t â n ea ) ; R1 0 ( d o r abdom inal e pélvica) e R11 ( náusea e vôm it os) . As qu at r o pr im eir as cat egor ias, qu e apar ecer am com

m aior fr equência, for am aquelas selecionadas par a discussão com em basam ent o na lit erat ura.

O p r oj et o d a p esq u isa f oi ap r ov ad o p elo Com it ê de Ét ica e Pesquisa – CEP, da Univ er sidade do Sul de Sant a Cat arina ( Parecer n° 05.412.404) .

RESULTADOS

No p er íod o cor r esp on d en t e, en t r e 1 9 9 8 e 2 0 0 4 , o s 4 0 1 i d o so s u su á r i o s d o SAI S, cu j o s pront uários foram analisados, apresent aram à equipe de saú de 4 6 3 4 m ot iv os, en v olv en do “ qu eix as” e “ solicit ações”.

Dest aca- se o cr escim en t o p r og r essiv o d o núm ero de idosos cadast rados nesse serviço a cada ano, observando- se m aior crescim ent o no últ im o ano analisado. I sso dem onstra que, paralelam ente ao seu crescim ento, a população idosa está procurando m ais o Serviço de Saúde em busca de assist ência e aj uda para resolver seus problem as de saúde- doença.

A Fi g u r a 1 a p r e se n t a o cr e sci m e n t o progressivo desses m ot ivos de procura pelo serviço no período, aqui delim it ado.

Figura 1 - Motivos de procura dos idosos usuários do

SAI S, de acordo com as categorias R e Z – Tubarão,

SC, Br asil,1998- 2004

A Figura 2 apresenta a distribuição, por ano, d os d ois p r in cip ais m ot iv os n a cat eg or ia Z e n a cat egoria R.

Figura 2 - Motivos de procura dos idosos usuários do

SAI S, de acordo com as categorias R e Z – Tubarão,

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Em 2 0 0 2 , a dem an da f oi m aior, f at o esse possiv elm en t e j u st ificado pelo fim do pr ocesso de im p lan t ação e m aior d iv u lg ação d o Pr og r am a d e Saúde da Fam ília no SAI S.

Segundo esta pesquisa, a relação de atenção no período de 1998 a 2004, de acordo com o CI D– 10, m ost rou que 64% encont ravam - se na cat egoria

“ R” , represent ada por queixas, t raduzidas em sinais

e si n t o m a s. D e sse s, o s m a i s co m u n s f o r a m relacionados às subcat egorias R52, que significa “ dor

n ão classif icada em ou t r a par t e”, e R4 5, ou sej a,

“ sint om as e sinais relat ivos ao est ado em ocional”. Em um est udo no qual foram avaliados 990 i n d i v íd u o s n a f a i x a e t á r i a a p a r t i r d e 6 5 a n o s, observou- se “ queixa de dor frequente ( diária ou um a a du as v ezes por sem an a) em cer ca de 3 5 % dos av aliados e dor ocasion al ( u m a ou du as v ezes ao m ês) em aproxim adam ente 29% dos idosos”(12). Esse est udo dest aca ainda que as dores m ais com um ent e r elat ad as f or am as d or es ar t icu lar es e lom b ar es, seguidas de dores em m em bros inferiores.

Os resultados do presente estudo corroboram os dados acim a, um a vez que as queixas regist radas n o s p r o n t u ár i o s an al i sad o s ap o n t av am “ d o r n as ar t iculações”, “ nas cost as”, “ na per na”, “ no braço”, “ no j oelho”, “ na axila”, “ nas j unt as”, “ no corpo”, “ nos ossos”, “ no om bro” e “ dor no corpo t odo”.

A d o r co n t r i b u i p a r a a d e p r e ssã o , a ansiedade, a dim inuição da capacidade funcional e da socialização, ou sej a, dim inui a aut onom ia que j á costum a, nessa idade, estar com prom etida por outros fat ores( 13).

A o u t r a g r a n d e ca t e g o r i a e n co n t r a d a , equivalente a 36% dos m otivos que levaram os idosos ao serviço de saúde, de acordo com o CI D–10, referia-se à categoria “Z”, que se denom ina, aqui, “ solicitações

de at enção”. Essas, m esm o não sendo r elacionadas a “ sinais e sint om as”, r equer em at enção da equipe de saú de. Nessa cat egor ia, as su bcat egor ias m ais com uns foram a Z76, referente a “ pessoas em contato

com o ser v iço de saúde em out ras cir cunst âncias”, com o solicit ação de receit a m édica e rem édios para d o r m i r, e a su b ca t eg o r i a Z 0 1 . 3 , q u e a b r a n g e a

solicit ação “ para exam e da pressão art erial”. A Fi g u r a 3 a p r esen t a a s co n st a n t es d a s equações lineares quanto à tendência de crescim ento do núm ero de consultas por ano de estudo, refletindo as inclinações das ret as: quant o m aior a const ant e, m a i o r a i n cl i n a çã o , m a i o r a v e l o ci d a d e d e cr escim ent o.

Com o se p od e ob ser v ar, a cat eg or ia Z 7 6

cresce m ais rápido que a categoria R52, e a categoria

R45, correspondent e a sint om as e sinais relat ivos ao est ad o em ocion al, ap esar d e b ast an t e f r eq u en t e, aparece com t endência de crescim ent o em 4° lugar.

Figura 3 – Const ant e de crescim ent o dos m ot ivos de procura dos idosos usuários do SAI S, de acordo com as categorias R e Z - Tubarão, SC, Brasil, 1998- 2004

Com parando a frequência da cat egoria Z 7 6

– pessoas em cont at o com os serviços de saúde em

out r as cir cunst âncias – e sua t endência no t em po, pode- se inferir que a procura de m edicam ent os para dor m ir pode est ar associada a quest ões de or dem p si co sso ci a l - e x i st e n ci a l , n e ce ssi t a n d o , p o i s, d e int er v enção.

É i m p o r t a n t e r e ssa l t a r q u e a s q u e i x a s relacionadas ao estado em ocional aparecem de form a m uit o significat iva na população est udada, com o, por exem plo: “ m edo” e sent im ent o de “ solidão”.

A análise dessas queixas apont ou sit uações qu e podem est ar cau san do alt er ações lim it ador as para a saúde, part icularm ent e alt erando a qualidade do sono e do repouso, da função digest iva, a pont o d e ca u sa r d o r e s d i v e r sa s, a l é m d e o u t r a s m anifest ações. A cr onicidade desses sint om as e as lim itações da autonom ia tendem a gerar no indivíduo m anifestações que sugerem um quadro de depressão. Em bor a, por out r o lado, esse fenôm eno pode est ar acent uando a sensibilidade para dor.

Vale dest acar, ent r et ant o, que o quadr o de depr essão pode est ar sendo ger ado em função de sofr im en t os ex ist en ciais. Esse aspect o m er ece ser t rabalhado com m ais at enção pela equipe de saúde, pois, segundo alguns aut or es( 14- 15), m uit as v ezes a

depressão nessa população é confundida com “ coisas de velho”, ou com outros tipos de doenças, dificultando o diagnóst ico específico para cada idoso.

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por quest ões financeiras e de sensação de perda da ident idade, est im ulada, na m aior ia das v ezes, pela própria sociedade quando desvaloriza a pessoa idosa. Essa sit uação de sofr im ent o, por sua vez, int er fer e na dinâm ica do cot idiano da v ida do idoso, na sua au t on om ia v olt ad a às at iv id ad es sociais, f azen d o em ergir out ros sinais e sint om as, ou exacerbando as queixas j á exist ent es.

A leit ura qualit at iva t am bém evidenciou que algum as das queixas apresentadas tinham origem em fat ores ligados ao est ilo de vida das pessoas com o o u so d e f u m o , a l i m e n t a çã o i n a d e q u a d a e sedent ar ism o.

CONCLUSÕES

A variedade e a frequência dos m ot ivos que levaram os idosos a procurar a unidade de at enção básica de saúde evidenciam , para além de “ sinais e sint om as” e solicit ações de at endim ent o, a exist ência d e si t u a çõ e s co m p l e x a s d e sa ú d e , su g e r i n d o a n ecessidade do desen v olv im en t o de at en ção m ais específica para atender a dem anda da população idosa da região pesquisada.

A dor é protagonista no conj unto de queixas apresent adas e solicit ações de at enção. Reforça- se, por ém , a im por t ância de se ent ender que o idoso n ão é u m con j u n t o de “ sin ais e sin t om as”, ou de queixas, de “ dói aqui, dói ali”. As especificidades de sin ais e sin t om as qu e apr esen t am , sej a de cu n h o afet ivo, cult ural ou social, devem ser analisadas no cont ext o do cidadão e do “ ser” idoso.

Nesse sent ido, os pr ofissionais da at enção básica em saúde necessit am desenv olv er em suas pr át icas espaços de escu t a, com com pon en t es de respeito, carinho e diálogo, am pliando o conhecim ento da situação de saúde que costum a aparecer em form a de queixas e solicit ações.

Esse f en ôm en o t or n a a at en ção b ásica à saúde um a pr át ica de cuidado m ais int egr al, post o que, quando se conhece a história de vida e o contexto a t u a l d o su j e i t o , a u m e n t a a p o ssi b i l i d a d e d e o pr ofissional t er m aior com pr eensão da sit uação de saú d e d os u su ár ios q u e at en d e e d e d esen v olv er assist ência m ais hum anizada e específica.

A obser v ância do pr incípio da int egr alidade cont ribui sobrem aneira para a garant ia da qualidade da atenção à saúde, um a vez que esse conceito prevê que sej am ofert adas, de form a art iculada, “ ações de

prom oção da saúde, prevenção dos fat ores de risco, assi st ên ci a ao s d an o s e r eab i l i t ação , seg u n d o a dinâm ica do processo saúde- doença”( 16).

Os resultados tam bém sugerem as lim itações d o CI D , f r e n t e à n e ce ssi d a d e d e cl a ssi f i ca çã o / denom inação dos problem as de saúde que as pessoas t r azem . No con t ex t o de pr át icas pr ofission ais qu e v i sa m a sa ú d e i n t e g r a l , e sse s p r o b l e m a s sã o “ sit uações”, a m aior ia m uit o com plex a, para ser em cat alog ad as e t er em p r ot ocolos p r é- d ef in id os d e at endim ent o.

A r ealidade de expect at ivas e necessidades da pessoa idosa, en con t r ada n est e est u do, v alida ainda m ais a im por t ância de pr ocessos de t r abalho em saúde com abordagem interdisciplinar, focalizados nas especificidades da população, além das ações de prom oção, prevenção e t rat am ent o prescrit as a t odo e qualquer cidadão com vist as à at enção int egral à saú de.

No sentido de atenção integral, é essencial a u n i ã o d e a çõ e s so ci a i s q u e p r o cu r e m m o b i l i za r or ganizações públicas e pr iv adas par a a pr om oção d o e n v e l h e ci m e n t o sa u d á v e l , i n ce n t i v a n d o a d em o cr at i zação d e açõ es e a r eo r g an i zação d o s sist em as de saúde volt ados a essa população.

Vale ressaltar que o envelhecim ento saudável necessita ser percebido de m aneira m ais abrangente, r econ h ecen d o q u e os cu id ad os esp ecíf icos com a saúde, incluindo aqueles que preservam a integridade física, são im port ant es, com o t am bém a part icipação ativa do idoso nas relações sociais, obj etivando a sua aut onom ia na busca da independência t or nando- os m em bros at ivos e const rut ores da sociedade( 17).

Os aspectos aqui levantados tornam - se ainda m ais im portantes em am bientes de serviços de saúde que r epr esent am espaços de ensino- apr endizagem de alunos de graduação das áreas da saúde.

Com base n essas con sider ações, en t en de-se que há necessidade de de-se fortalecer as discussões j á existentes nessa área e de se tornar m ais enfática a i n co r p o r ação d e co n t eú d o s e p r át i cas so b r e o cuidado int egral à população de idosos, em proj et os p ed ag óg icos d e cu r sos d e g r ad u ação d a ár ea d a saú de.

(7)

Fin alizan d o, h á n ecessid ad e d e p r ocessos edu cat iv os j u n t o à sociedade, a f im de au m en t ar a consciência da população quant o às quest ões do env elhecim ent o e seus r eflex os na saúde int egr al, fazendo disso a quest ão m ais im por t ant e no âm bit o

so ci al e p o l ít i co e, em esp eci al , j u n t o ao p o d er p ú b lico e a t od os os p r of ission ais q u e t r ab alh am n a p r om oção d a saú d e. Possiv elm en t e, assim se g a r a n t i r á a o s j o v en s d e h o j e o en v el h eci m en t o sa u d á v e l .

REFERÊNCI AS

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Referências

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