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Rev. Dent. Press Ortodon. Ortop. Facial vol.10 número5

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Academic year: 2018

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R Dental Press Ortodon Ortop Facial 16 Maringá, v. 10, n. 5, p. 16, set./out. 2005

O

Q U E H Á D E N O V O N A

O

D O N T O L O G I A

Como as células percebem a força?

Jorge Faber*

* Doutor em Biologia – Morfologia, Laboratório de Microscopia Eletrônica da Universidade de Brasília, Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Clínica privada focada no atendimento de pacientes adultos.

Dentre os cinco sentidos de Aristóteles, nós sabemos que a visão, o olfato e grande parte do paladar são inicia-dos por proteínas que se ligam a receptores acoplainicia-dos à proteína G. Entretanto, as sensações mecânicas tato e audição permanecem sem uma clara compreensão dos seus mecanismos moleculares. Esse fato tem um gran-de vínculo com a movimentação gran-dentária ortodôntica. Sabemos que forças movimentam dentes, mas como as células percebem a força? Um importante avanço no entendimento desse assunto foi publicado na revista Nature1. Aparentemente a força é percebida

diretamen-te na bicamada lipídica da membrana plasmática levan-do à abertura de canais iônicos mecanoceptores.

A percepção mecânica na superfície celular é reco-nhecida há algum tempo. Quando um paramécio, um organismo unicelular, é tocado com uma sonda em sua região anterior, ele inverte o batimento de seus cílios e nada em direção contrária. Essa sensibilidade superficial das células foi atribuída durante muito tempo à trans-dução de sinal intermediada pelo citoesqueleto, mui-to presente próximo à membrana celular. Entretanmui-to, modelos experimentais já demonstraram que o citoes-queleto tem uma participação limitada na sensibilidade mecânica.

A montagem do quebra-cabeça de informações pulverizadas sobre o assunto, que foi feita por Kung1,

mostra que a bicamada lipídica (Fig. 1 A, B) tem uma importante participação na transdução da sensação me-cânica. O mecanismo básico é que qualquer proteína que esteja embebida na bicamada é sujeita à tensões e pressões geradas por deformações na bicamada. Assim, canais iônicos mecanoceptores presentes na membrana são submetidos a forças na interface membrana-canal, ocasionando a abertura do canal e o tráfego de íons.

Mecanocepção aplicada à Ortodontia

Esse modelo de mecanocepção tem sido demons-trado em diferentes tipos celulares, desde organismos unicelulares até células animais. Ele pode, provavelmen-te, ser diretamente inserido na Ortodontia para explicar tanto a reabsorção quanto a deposição óssea, presentes na movimentação dentária ortodôntica.

No lado de pressão, a compressão de células do liga-mento periodontal deforma membranas celulares e abre os canais de mecanocepção (Fig. 1C). Esse processo ini-cia a resposta celular que resultará na reabsorção óssea. No lado de tensão, proteínas do meio extra-celular

são tracionadas durante o estiramento do ligamento pe-riodontal. Essas proteínas, em parte, são ancoradas em proteínas da membrana (Fig. 1 D) e nos canais de me-canocepção, e se assemelham a coleiras que tracionam a membrana e acarretam tensões na interface proteí-na-bicamada. Esse mecanismo abre os canais e inicia a cascata de respostas celulares que sinaliza para os osteoblastos que eles devem depositar matriz óssea.

Pesquisas voltadas para o estudo ultra-estrutural do ligamento periodontal e dos canais mecanoceptores aumentarão a compreensão do fenômeno de movimen-tação dentária e talvez forneçam evidências sobre a oti-mização clínica da força ortodôntica.

1. KUNG, C. A possible unifying principle for mechanosensation.

Nature, London, v. 436, no. 4, p. 647-654, 2005.

FIGURA 1 – Esquema que representa a ultraestrutura da membrana celular.

Imagem

FIGURA 1 – Esquema que representa a ultraestrutura da membrana celular.

Referências

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