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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Leonardo Belem de Souza

O Horizonte Digital na Educação Fundamental

MESTRADO EM TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA E DESIGN DIGITAL

(2)

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Leonardo Belem de Souza

O Horizonte Digital na Educação Fundamental

MESTRADO EM TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA E DESIGN DIGITAL

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, sob a orientação do Prof. Dr. Alexandre Campos Silva.

(3)

FOLHA DE APROVAÇÃO

Orientador:

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Alexandre Campos Silva

Examinadores:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Banca Examinadora:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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AGRADECIMENTOS

Se existem duas pessoas que sempre me motivaram a aprender, conhecer e descobrir e o fazem até hoje, são meus pais: Daniel e Amélia. Sem eles esta pesquisa não existiria. Portanto agradeço imensamente aos meus pais por sempre fornecerem todos os recursos que precisei para aprender e para nunca parar de aprender.

Além dos meus pais, uma outra pessoa muito importante na minha vida merece todo o agradecimento do mundo, minha namorada Cíntia, sem ela e sem o seu apoio e a sua paciência em me ajudar seria muito difícil realizar uma trabalho como este.

(5)

RESUMO

SOUZA, Leonardo B. O Horizonte Digital na Educação Fundamental. 2012. 130 p. Dissertação (Mestrado) — Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2012.

Atualmente, os meios digitais estão presentes cada vez mais cedo ao longo da infância. O ensino fundamental, por coincidir com a fase em que as crianças começam a desenvolver seu raciocínio lógico e cognitivo, traz aspectos e condições necessárias para a introdução de novas tecnologias na aprendizagem ainda que haja dificuldades na incorporação destes meios no ensino. Esta pesquisa está alicerçada em teorias e levantamentos que suportam a análise do estudo de caso da Khan Academy (ONG norte-americana que possui a missão de fornecer para o mundo inteiro educação gratuita através de vídeos digitais disponíveis na Internet). Estamos em um momento no qual os meios digitais se integram, conteúdos abertos disponíveis na rede como vídeos, jogos e outras publicações digitais não estão mais restritos somente a um dispositivo. Seja em tablets, smartphones ou computadores pessoais, o efeito da popularização da banda larga e conexão sem fio permite que os usuários escolham onde, como e quando querem consumir determinado conteúdo. Portanto, a contribuição deste trabalho se pauta em evidenciar aos professores e alunos quais meios digitais podem tornar-se parceiros na aprendizagem com foco no ensino fundamental e ao final traça um recorte entre o estudo de caso e as investigações realizadas, apresentando futuros caminhos para novas linhas de pesquisa que possam ser exploradas com mais profundidade.

Palavras-chave: meios digitais, aprendizagem e tecnologia, vídeo digital, tecnologia

(6)

ABSTRACT

SOUZA, Leonardo B. The Digital Horizon in Elementary Education. 2012. 130 p. Essay (Master) — Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2012.

Nowadays, digital media are increasingly present throughout early childhood. The elementary schools coincide with the stage that children begin to develop their logical reasoning and cognitive aspects and brings the necessary conditions for the introduction of new technologies in learning even though there are difficulties to incorporate these methods in the teaching process. This research is based on theories and surveys that support the analysis of Khan Academy's case study (American NGO that has the mission to provide worldwide free education through digital videos available on the Internet). We are in a time that digital media are integrated, open content is available on the network such as videos, games and other digital publications are no longer restricted to only one device. Either by tablets, smartphones or personal computers, the effect of the popularization of broadband and wireless connection allows users to choose where, how and when to absorb certain content. Therefore, the contribution of this work is aligned to show teachers and students which digital media can become partners in learning with a focus on primary education. In the end, it draws an outline of the case study and investigations, presenting new paths for future lines of research that can be explored in depth.

(7)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 10

1.1 Estado da Arte... 13

1.2 Problema de Pesquisa... 15

1.3 Objetivo... 16

1.4 Hipóteses... 16

1.5 Justificativas... 17

1.6 Metodologia... 18

2 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO... 19

3 APRENDIZAGEM NA ERA DIGITAL... 37

4 OS MEIOS NA APRENDIZAGEM... 50

4.1 O Professor... 52

4.2 A Sala de Aula... 55

4.3 O Livro... 58

4.4 A Biblioteca... 61

4.5 O Computador Pessoal... 63

4.6 A Internet... 66

4.7 A Televisão... 69

4.8 Compartilhadores de Vídeo Digital... 72

4.9 Os Dispositivos Móveis: e-readers, tablets e smartphones... 75

4.10 Os Jogos Educativos... 81

5 ESTUDOS DE CASO KHAN ACADEMY... 84

(8)

5.2 O caso Khan Academy... 86

5.3 A Khan Academy no Brasil através da Fundação Lemann... 98

5.4 Iniciativas comerciais inspiradas na Khan Academy... 101

6 O HORIZONTE DA KHAN ACADEMY... 103

6.1 Khan Academy: Construindo o futuro pelo presente... 104

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 112

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 117

(9)

ÍNDICE DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 01: Gráfico % de Matrículas por Tipo de Instituição... 21

Figura 02: Gráfico % Recursos Tecnológicos nas Escolas... 21

Figura 03: Professor em Sala de Aula... 53

Figura 04: Sala de Aula de um Escola Pública no Brasil... 56

Figura 05: Livro Antigo... 59

Figura 06: Biblioteca Mário de Andrade no Centro de São Paulo... 61

Figura 07: Modelo de PC Apple II fabricado na década de 70... 64

Figura 08: Usuários de Internet no Mundo por Regiões Geográficas... 67

Figura 09: Modelo de TV na década de 50... 70

Figura 10: Modelo de TV Inteligente do século XXI... 71

Figura 11: Página na Internet do YouTube Education... 74

Figura 12: Modelo do Tablet RAND de 1965... 76

Figura 13: A Evolução dos Celulares... 77

Figura 14: Modelo de PDA NCR System da década de 90... 78

Figura 15: Modelo de Leitor Kindle lançado em 2011... 79

Figura 16: Página Principal do Site Khan Academy... 87

Figura 17: Salman Khan em entrevista realizada pelo Portal Wired... 89

Figura 18: Módulo de Progresso de Habilidades dos Alunos... 90

Figura 19: Professora e Alunos utilizando Khan Academy nos EUA... 93

Figura 20: Aplicativo da Khan Academy para o Tablet iPad... 95

(10)

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1 INTRODUÇÃO

Os seres humanos são dotados de uma capacidade empírica de adquirir e

transferir o conhecimento através de suas experiências. Neste modelo recriam e

reinventam a natureza e o ambiente que os rodeiam. A partir do momento em que

começam a criar ferramentas que fazem parte do processo de sobrevivência,

utilizando-se dos recursos naturais para resolver problemas específicos dentro de

cada contexto social e econômico, já passam a empregar técnicas baseadas no

conhecimento.

Exemplo disso é o termo “tecnologia”, que sempre é empregado de forma

que remeta aos objetos, soluções e ferramentas que estão um passo à frente em

relação ao que já existe, e chega a ser considerado sinônimo de desenvolvimento

em diversas economias. Com o passar do tempo, as diversas tendências

tecnológicas passaram a pautar a sociedade atual, e aos poucos tornaram-se uma

necessidade básica para o funcionamento de muitos setores de uma nação. Sobre

isso, Coll e Monereo destacam que,

No estudo do impacto das TIC no desenvolvimento humano, a

questão é conhecer quais habilidades se potencializam com o uso

das novas ferramentas, como esse uso repercute no

aperfeiçoamento das capacidades dos indivíduos e como

transformam a atividade, de tal maneira que sejam geradas novas

necessidades para seu desenvolvimento. (COLL; MONEREO, 2010,

p. 51)

Considerando as inovações proporcionadas pela tecnologia digital, uma das

áreas que está passando por um processo de grandes transformações e

reformulações é o setor educacional. Escolas, universidades, governos e

(11)

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aprendizagem mais dinâmica e produtiva. Entretanto, ainda predomina o método de

ensino tradicional, que prioriza a oralidade e a prática manuscrita como efetivo para

a troca de experiências entre mestre e aluno. Tapscott possui a seguinte perspectiva

em relação a esta prática empregada nos modelos atuais:

Nosso modelo de aprendizagem é pré-Gutenberg! Temos um grupo

de professores lendo notas manuscritas, escrevendo nas lousas e os

estudantes copiando o que eles dizem. Este é um modelo

pré-Gutenberg e a imprensa nem sequer é uma parte importante do

modelo de aprendizagem. (TAPSCOTT, 2009, p. 128, tradução

nossa)

Conforme o artigo Repensando a educação em função de mudanças sociais

e tecnológicas recentes, "[...] o processo de aprendizagem não ocorre apenas nas

escolas como um local físico, mas também no estado da mente a que ela nos

remete." (OLIVEIRA, 1996, p. 87). Deste modo, a pesquisa a seguir através da

coleta e análise de diversos estudos, relatórios e teorias terá a missão de trazer uma

resposta para a seguinte questão: "Os meios digitais podem apoiar a aprendizagem

no ensino fundamental dentro e fora do ambiente escolar?"

"O desenvolvimento está, pois, alicerçado sobre o plano das interações".

(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 109). Para tal, serão utilizadas referências

de diversas áreas de conhecimento, dentre elas, a psicologia, tecnologia e

comunicação e os diversos levantamentos estatísticos e estudos realizados por

órgãos brasileiros e internacionais. Com isso será possível identificar e

analisar quais tendências e meios digitais podem apoiar a aprendizagem durante o

ensino fundamental dentro e fora do ambiente escolar.

Mesmo ainda de maneira experimental, já são observadas iniciativas de

(12)

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integradora de diversos tipos de conteúdo. O uso do vídeo digital pela rede tem

distribuído o conhecimento de forma criativa e dinâmica, o uso de dispositivos como

smartphones e tablets vem proporcionando mobilidade para os usuários, entre

outros meios digitais. Também podem ser citados os jogos educativos que

incentivam e trabalham o raciocínio lógico e a coordenação motora (KISHIMOTO,

1994, p. 105). Este processo de transformação que vem ocorrendo aos poucos

depende diretamente da evolução das tecnologias, que vão sendo moldadas e

adaptadas aos sentidos humanos. Dentro disso, Lévy acredita que:

Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no

mundo das telecomunicações e da informática. As relações entre os

homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da

metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os

tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são

capturados por uma informática cada vez mais avançada. (LÉVY,

2010, p. 07)

Analisando o âmbito demográfico no que concerne à população das crianças

no Brasil, a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais (SIS), realizada pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que em 2010 a população de

crianças na faixa etária entre seis e 14 anos era de 15,8%. Paralelamente, o Censo

da Educação publicado em 2011 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP) indicou que 13,7% das crianças da mesma

faixa etária frequentam escolas de nível fundamental.

Portanto, a pesquisa em questão irá analisar os seguintes aspectos nos

capítulos que seguem: os impactos e tendências da tecnologia na educação, a

aprendizagem na era digital buscando a compreensão a respeito das condições que

(13)

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convencionais utilizados nas escolas seguida pelos digitais que possuem potencial

para serem incorporados na aprendizagem. Além disso será abordado com mais

detalhes o estudo de caso sobre a Khan Academy, organização norte-americana

sem fins lucrativos que possui como principal missão a de fornecer uma educação

gratuita para qualquer um e em qualquer lugar do mundo onde haja conexão à

Internet. Com isso será possível criar um recorte que se amarre ao estudo de caso

apresentado e, em paralelo, trazendo as respostas para as indagações levantadas.

1.1 Estado da Arte

No Brasil, o tema proposto da pesquisa está sendo tratado por diversas

instituições e publicações voltadas à educação e tecnologia, realizadas por áreas de

estudo como a comunicação e a psicologia, levantamentos estatísticos formulados

por órgãos e entidades, e projetos do governo que visam disseminar a tecnologia no

âmbito educacional.

Em relação ao levantamento estatístico das informações relacionadas ao uso

de tecnologias em escolas no Brasil, é importante mencionar a pesquisa

Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil (TIC). Realizada

anualmente desde 2005 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), possui o

objetivo de apontar o cenário do comportamento das tecnologias da informação,

assim como a usabilidade e posse em relação aos cidadãos, empresas brasileiras e

a educação. O estudo também identifica que a desigualdade presente no âmbito

social e econômico limita o crescimento e acesso a tais tecnologias. Em 2010, a

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tecnologias na educação, com o objetivo de identificar o uso e apropriação do

computador e Internet nas escolas públicas brasileiras.

Na área da psicologia direcionada à aprendizagem, serão destacadas obras,

estudos e teorias dos seguintes autores: David Ausubel, César Coll e Carles

Monereo, Jean Piaget, Marco Antonio Moreira e Richard E. Clark. Suas obras

possuem contribuições essencias para esta pesquisa pois abordam as formas e

condições de aprendizagem em determinada faixa etária e demonstram a influência

dos meios e da tecnologia digital na aprendizagem.

No campo da tecnologia da informação e comunicação, onde diversos

assuntos se mesclam ou se complementam, como cibercultura, hipermídia,

comportamento e tendências, entre outros, diversas bibliografias contribuem com os

estudos referentes ao uso de tecnologias digitais como parceiras da educação.

Dentre elas, Don Tapscott em Grown Up Digital aborda questões comportamentais

das gerações perante a sociedade e a tecnologia, Romero Tori em seu livro

Educação sem distância fornece propostas para uma taxonomia da mídia e uma

linguagem visual em programas de aprendizagem que integrem recursos virtuais e

presenciais, para compreender temas como hipermídia e cibercultura, Lucia

Santaella, Renata Lemos, Seymour Papert, Robert B. Kozma e Pierre Lévy são

expoentes nessas áreas e incorporam diversos tópicos desenvolvidos a seguir.

No cenário governamental é importante mencionar o projeto de lei que cria o

Plano Nacional de Educação (PNE) para vigorar de 2011 a 2020. O novo PNE

apresenta estratégias específicas em relação ao investimento e expansão de novas

tecnologias promovendo o acesso à rede mundial de computadores em banda larga

(15)

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fomentando práticas pedagógicas inovadoras, investindo na formação tecnológica

da gestão das escolas, entre outras.

Na esfera internacional, é vasta a quantidade de publicações, organizações e

iniciativas governamentais e privadas que atuam em projetos voltados ao uso das

tecnologias digitais nas escolas. Uma delas que terá bastante destaque é o NMC

Horizon Report: 2011 K-12 Edition, publicação do New Media Consortium e

parceiros é um projeto de pesquisa criado em 2002 que identifica e descreve as

tecnologias emergentes que possam ter um grande impacto no ensino,

aprendizagem e pesquisa na educação em todo o mundo. Outro estudo importante

é o relatório Alliance for Childhood, realizado através da parceria sem fins lucrativos

de educadores, profissionais de saúde, pesquisadores e outros defensores dos

direitos infantis, o relatório fornece políticas e práticas que apoiam o

desenvolvimento saudável das crianças em relação ao uso de tecnologias digitais na

aprendizagem.

1.2 Problema de Pesquisa

“Problema de pesquisa é uma questão que envolve intrinsecamente

uma dificuldade teórica ou prática, para qual se deve encontrar uma

solução”. (CERVO e BERVIAN, 2002, p. 84)

Portanto a missão da pesquisa será trazer uma resposta para o seguinte

problema: "Os meios digitais podem apoiar a aprendizagem no ensino fundamental

(16)

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1.3 Objetivo

“O objetivo de pesquisa é determinado de maneira a trazer as

informações que solucionam o problema de pesquisa. É um

processo interdependente e que exige total coerência entre o

problema definido e o objetivo do projeto de pesquisa”. (SAMARA e

BARROS, 2002, p. 12)

Diante disso e de acordo com o que foi apresentado previamente na

introdução, o objetivo desta pesquisa é: "Identificar e analisar quais meios digitais

podem apoiar a aprendizagem durante o ensino fundamental dentro e fora do

ambiente escolar."

1.4 Hipóteses

Segundo Marconi e Lakatos (2002, p. 28), “[...] hipótese é uma proposição

que se faz na tentativa de verificar a validade de resposta existente para um

problema, é uma suposição que antecede a constatação dos fatos”. Em relação à

questão da pesquisa formulada anteriormente, encontram-se abaixo as seguintes

hipóteses:

a) O ensino fundamental é a fase em que as crianças começam a desenvolver seu

raciocínio lógico e cognitivo que são características fundamentais para iniciar a

utilização de meios digitais na aprendizagem.

b) As crianças estão iniciando o uso de dispositivos e meios digitais

prematuramente.

c) As instituições escolares possuem dificuldades e limitações para incorporar meios

(17)

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d) Nas instituições escolares, o corpo docente possui a percepção de que o aluno

sabe manusear os meios digitais com mais facilidade do que o professor.

1.5 Justificativas

No âmbito internacional, é notório que muitos estudos, como o NMC Horizon

Report: 2011 K-12 Edition, pesquisas e projetos com objetivos claros de fomentar

novas tecnologias na aprendizagem já fazem parte do escopo de iniciativas

privadas, organizações não governamentais, escolas e universidades. Além disso,

observa-se que no Brasil algumas iniciativas começam a ganhar espaço e já estão

sendo aplicadas na prática, dentre elas é pertinente mencionar o programa Um

computador por aluno (UCA), desenvolvido em 2005 com o objetivo de trazer a

tecnologia e a inclusão digital para crianças de escolas públicas. De acordo com as

metas do UCA, em 2010, 300 escolas de todos os estados brasileiros foram

beneficiadas com 150.000 laptops. O programa consiste em entregar os

computadores aos alunos e professores, criar uma infraestrutura para acesso à

internet e capacitar gestores e professores no uso da tecnologia.

Os levantamentos estatísticos e estudos realizados por entidades brasileiras e

internacionais, assim como pesquisas feitas por empresas privadas são de extrema

importância e irão contribuir expressivamente nesta pesquisa, em outras palavras,

as informações coletadas e analisadas apresentam realidades presentes na

sociedade atual. Além disso, outras áreas de conhecimento forjam o

desenvolvimento deste trabalho, dentre elas é pertinente citar a psicologia,

(18)

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Conforme vem sendo constatado, diversas iniciativas práticas no que

concerne à incorporação dos meios digitais na educação ainda estão em andamento

e não há resultados que tragam a dimensão da efetividade desses projetos. Com

isso surgindo a necessidade de compreender como os meios digitais podem

tornar-se parceiros na aprendizagem com foco no ensino fundamental. Portanto, a

contribuição desta pesquisa se pauta em evidenciar para professores e alunos quais

meios digitais e tendências poderão tornar-se parceiras e ser incorporadas durante a

aprendizagem.

1.6 Metodologia

Para a realização do trabalho, o tipo de pesquisa adotado será exploratória

fundamentando o estudo de caso da Khan Academy em teorias e estudos

adequados que serão interpretados e analisados com a finalidade de verificar se o

objetivo preestabelecido foi alcançado e, paralelamente, validar as hipóteses

levantadas. Com isso será possível criar um recorte que se amarre ao estudo de

(19)

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2 IMPACTOS E TENDÊNCIAS DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO

A educação e a tecnologia são duas temáticas que estão caminhando cada

vez mais juntas, gerando diversas discussões, pesquisas, levantamento de dados,

parcerias entre empresas privadas e instituições educacionais, assim como

iniciativas governamentais e do terceiro setor. Tomando como base as ramificações

mencionadas, este capítulo apresenta os impactos e as tendências que fazem ou

farão parte e podem contribuir com os meios de aprendizagem dentro e fora das

salas de aula. Para simbolizar a abordagem do capítulo em questão, a citação do

NMC Horizon Report: 2011 K-12 Edition reforça que

A tecnologia continua afetando profundamente a nossa forma de

trabalhar, colaborar, comunicar e ter sucesso. Cada vez

mais, habilidades tecnológicas também são críticas para o

sucesso em quase todas as áreas, e aqueles que possuem mais

facilidade com a tecnologia irão avançar enquanto aqueles sem

acesso ou habilidades não. Uma vez vista como um fator de riqueza,

a exclusão digital agora é notada como um fator

de educação: aqueles que têm a oportunidade de aprender as

habilidades tecnológicas estão em melhor posição para fazer seu

uso do que aqueles que não tem acesso. Profissões em evolução,

múltiplas carreiras e uma força de trabalho cada vez mais

móvel contribuem para esta tendência. (JOHNSON; ADAMS;

HAYWOOD, 2011, p. 04, tradução nossa)

De acordo com o portal do Governo do Brasil, a Educação Fundamental é

obrigatório para a faixa etária entre seis e 14 anos e destaca que as escolas são

responsáveis por desenvolver os seguintes aspectos com seus alunos:

a) a capacidade de aprender com o foco em obter o pleno domínio da leitura, da

(20)

! $#!

b) a compreensão do ambiente natural e social, assim como o sistema político;

c) a tecnologia;

d) as artes;

e) as habilidades relacionadas à formação de atitudes e valores e o fortalecimento

dos vínculos de família e laços de solidariedade humana.

Complementando a premissa mencionada pelo Governo do Brasil em relação

ao ensino fundamental, Bock, Furtado e Teixeira sugerem que:

A escola surgirá, então, como lugar privilegiado para este

desenvolvimento, pois é o espaço em que o contato com a cultura é

feito de forma sistemática, intencional e planejada. O

desenvolvimento — que só ocorre quando situações de

aprendizagem o provocam — tem seu ritmo acelerado no ambiente

escolar. O professor e os colegas formam um conjunto de

mediadores da cultura que possibilita um grande avanço no

desenvolvimento da criança. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p.

124)

Segundo dados do Censo Escolar 2011, realizado pelo Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Texeira (INEP), 30.358.640 crianças estão

matriculadas na educação fundamental, sendo 54,43% em escolas municipais,

31,97% em estaduais, 0,08% em federais e 13,52% em instituições privadas. O

estudo também aponta que dentro das instituições que oferecem o ensino

fundamental, 42,6% das escolas públicas e 87,9% das escolas privadas possuem

acesso à Internet, e 44,1% das escolas públicas e 59,3% das escolas privadas

possuem laboratório de informática. Os gráficos a seguir representam os números

(21)

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Figura 01: Gráfico % de Matrículas por Tipo de Instituição

Fonte: MEC/Inep/Deed.

Figura 02: Gráfico % Recursos Tecnológicos nas Escolas

(22)

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Conforme a edição de 2010 da pesquisa Tecnologias de Informação e

Comunicação nas Escolas Brasileiras (TIC Educação), que considerou alunos,

professores, diretores e coordenadores pedagógicos, a integração, o uso e a

apropriação do computador e da Internet nas escolas públicas brasileiras ainda

devem apresentar os seguintes desafios: alocação da infraestrutura, capacitação do

professor para o uso pedagógico das tecnologias de informação e mudanças no

contexto do docente dentro dos aspectos profissionais. Reforçando a questão da

integração da tecnologia com a educação e seus desafios, Coll e Monereo

acreditam que,

Mesmo quando se dispõe de um equipamento e de uma

infraestrutura que garanta acesso às TIC, professores e alunos

frequentemente fazem um uso limitado e pouco inovador dessas

tecnologias. (COLL; MONEREO, 2010, p. 74)

Um número que desperta a atenção dentro da pesquisa diz respeito à

quantidade de computadores nas escolas perfiladas. Estas instituições têm em

média 800 alunos, com aproxidamente um computador para cada 35 deles. Destas

máquinas, 93% possuem conexão à Internet. Diante dos dados citados na Pesquisa

TIC Educação 2010 e dos desafios levantados, torna-se válida a seguinte citação:

A aprendizagem, portanto, terá que ser considerada sempre em

relação a um determinado contexto social, o que nos obriga verificar

quais as novas demandas da sociedade para com o educando e

essa questão ganha relevância quando se atenta para a

complexidade da sociedade atual. (ALLEGRETTI, 2003, p. 55)

Dentre os aspectos analisados, o levantamento destaca que o uso da

(23)

! $%!

dificuldade em conseguir identificar a confiabilidade das informações encontradas na

rede. Para isso, Lucia Santaella e Renata Lemos definem que

O primeiro passo é selecionar fontes confiáveis, que desfrutem de

boa reputação e possuam alto nível de credibilidade no ciberespaço.

Os sistemas de busca ajudam pouco nesse momento, porque as

buscas disponibilizam todo e qualquer tipo de informação

relacionada em um mesmo conjunto de links. Verificar a credibilidade

de uma fonte específica pode levar tempo. (SANTAELLA; LEMOS,

2010, p. 85)

Ainda segundo a TIC Educação 2010, além das limitações da infraestrutura,

o professor também possui as limitações do uso da tecnologia digital no processo

pedagógico. A pesquisa identificou que em média, 64% dos professores

reconhecem que muitas vezes os alunos possuem mais conhecimento do que eles

em relação à usabilidade dos diversos tipos de tecnologia digital. Diante desta

constatação, Coll e Monereo acreditam que,

Os cenários educacionais, assim como quaisquer outros cenários,

são constituídos por um conjunto de variáveis que os definem: certos

atores particulares com papéis e formas de interação estabelecidos,

conteúdos concretos e determinadas modalidades de organização do

tempo, do espaço e dos recursos específicos. A entrada em cena

das TIC modifica em grande medida cada uma dessas variáveis, e

leva os processos educacionais para além das paredes da escola.

(COLL; MONEREO, 2010, p. 30)

Conforme os dados levantados pela TIC Educação 2010, observa-se que o

uso das tecnologias digitais em ambientes educacionais no Brasil ainda é visto como

uma iniciativa desafiadora. Segundo reportagem publicada no Portal Brasil

(24)

! $&!

[...] o segmento tecnológico nacional ainda apresenta deficiências.

Mesmo assim, apesar da distância percorrida na última década,

ainda há muito a fazer para que [a inovação tecnológica] se torne, de

fato, atividade essencial para o desenvolvimento da nação.

Ainda sobre os obstáculos enfrentados para a expansão da tecnologia digital

no âmbito educacional, Tori identifica exemplos que reforçam a citação do Portal

Brasil Econômico colocada anteriormente:

Apesar da grande disseminação que as tecnologias interativas vêm

experimentando no campo educacional, encontramos ainda alguns

problemas que impedem melhor aproveitamento de seu potencial e

maior eficiência e economia em sua utilização, tais como: grande

parte da produção é artesanal e de difícil reaproveitamento;

professores muitas vezes improvisam nos papéis de autores,

artistas, editores ou programadores; mídias digitais muitas vezes

possuem padrões proprietários e incompatíveis entre si; há

dificuldades para intercâmbio de materiais entre instituições; há

problemas relacionados a direitos autorais de conteúdos utilizados

na criação de materiais didáticos. (TORI, 2010, p. 110)

Além dos desafios mencionados anteriormente, que demonstram

principalmente as limitações de infraestrutura e capacitação dos professores, outros

dois fatores muito importantes devem ser considerados: a interação entre as

crianças no ambiente educacional e a participação da tecnologia digital neste

contexto, em relação a isso, Tapscott acredita que

Deixar as crianças descobrirem por si envolve uma série de

preparações prévias por parte do professor. Quando as crianças

trabalham em conjunto, as disputas podem surgir naturalmente como

fazem os adultos quando trabalham juntos. (TAPSCOTT, 2009, p.

(25)

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Complementando a colocação de Tapscott, o relatório Alliance for Childhood,

(2004) destaca o seguinte ponto:

Muitos pais e professores relatam um entusiasmo inicial sobre o

uso de computadores pelas crianças, seguido por uma preocupação

crescente sobre o uso excessivo e até mesmo a dependência da

tecnologia. Não se pode esperar que as crianças exercitem a

sabedoria no uso da tecnologia. Elas não conhecem os limites,

nem sabem quais são as armadilhas. Em vez disso, contam conosco

para obter essa sabedoria. (ALLIANCE FOR CHILDHOOD, 2004, p.

09, tradução nossa)

Assim sendo, é importante mencionar que a tecnologia digital está se

tornando um instrumento útil de sociabilidade e formação de crianças e

adolescentes, sendo considerada como símbolo no desenvolvimento pessoal e

social, também possibilitando que novas problemáticas sejam incorporadas no

ambiente educacional. "Uma das características mais marcantes da sociedade atual

é a diversidade de contextos oferecidos ao homem para que este possa ter

oportunidades de aprendizagem, resultando na multiplicidade de contextos de

aprendizagem". (ALLEGRETTI, 2003, p. 59). Dentro desta perspectiva, Lévy destaca

que:

O hipertexto ou a multimídia interativa adequam-se particularmente

aos usos educativos. É bem conhecido o papel fundamental do

envolvimento pessoal do aluno no processo de aprendizagem.

Quanto mais ativamente uma pessoa participar da aquisição de um

conhecimento, mais ela irá integrar e reter aquilo que aprender.

(LÉVY, 2010, p. 41)

É importante reforçar que os meios digitais podem ser usados como apoio

para a realização de diversas tarefas que estimulem o aprendizado, e de acordo

(26)

! $(!

efeito de novidade em relação aos novos meios se tornam familiares para os

estudantes". A integração dos meios reais e virtuais possibilita aos estudantes a

exploração de diversas combinações que melhor se adaptem às suas necessidades

individuais de aprendizagem e, além disso, "[...] na educação, a mudança virá ao

utilizar os meio técnicos para sacudir a natureza técnica da aprendizagem escolar".

(PAPERT, 1993, p. 56)

Assim, certas atividades podem ser desenvolvidas de forma mais interativa,

como por exemplo a utilização de meios digitais voltados à cartografia, vídeos

digitais levando conteúdos específicos, aplicativos educativos para tablets e

smartphones, galerias de arte on-line onde o usuário pode conhecer diversas obras

como se estivesse nos museus, ou seja, diversas formas virtuais de aprender que

podem ser empregadas em parceria com os modelos tradicionais. Assim sendo, é

importante entender que:

A melhor evidência atual é que os meios de comunicação são meros

veículos que oferecem instrução, mas não influenciam o

desempenho do aluno mais do que o caminhão que entrega nossas

compras provoca mudanças na nossa alimentação. Basicamente, a

escolha do veículo pode influenciar o custo ou o tamanho da

distribuição de instrução, mas somente o teor do veículo pode

influenciar sua realização. (CLARK, 1983, p. 01, tradução nossa)

Basicamente, as ferramentas mais utilizadas no modelo habitual de ensino

são: a lousa, giz, apagador, livros de apoio, lápis, borracha e caderno. O professor

utiliza todas estes instrumentos através de um processo manuscrito e oral,

canalizando o conhecimento para os alunos, que terão o livro como principal

repositório para expandir o que foi aprendido previamente. A lousa, usada pelo

(27)

! $)!

informações textuais, gráficos e esquemas simples feitos manualmente e com

poucas opções de cores. Do outro lado, os estudantes capturam o conteúdo

colocado na lousa visualmente, e através da escrita, reproduzem e inserem as

informações em seus cadernos. Dentro do modelo habitual de aprendizagem, a

Clark coloca que:

É prudente supor, portanto, que os meios de comunicação são

veículos de entrega para a instrução e não influenciam diretamente a

aprendizagem. No entanto, certos elementos das diferentes mídias,

tais como o movimento animado ou zoom poderão servir como

condição suficiente para facilitar a aprendizagem dos alunos que não

têm habilidade em relação ao que está sendo modelado. (CLARK,

1983, p. 08, tradução nossa)

No que diz respeito à utilização dos meios para a instrução na aprendizagem,

Tori esclarece que

Qualquer atividade de aprendizagem envolve comunicação, que por

sua vez necessita de uma ou mais mídias para se efetivar. [...] A

seleção da mídia e de seu conteúdo é uma importante tarefa dentro

da modelagem de uma atividade de aprendizagem. Até pouco tempo

atrás, essa tarefa era relativamente simples, pois as tecnologias de

comunicação disponíveis eram poucas e estáveis, tais como livros,

apostilas, quadro negro, giz e retroprojetor [...]. (TORI, 2010, p. 38)

Dentre as diversas questões levantadas acerca do impacto que as novas

tecnologias digitais estão exercendo sobre os modelos educacionais, o que desperta

atenção é a maneira de utilizar os recursos que estão disponíveis de forma

relevante, rica, efetiva e produtiva dentro das salas de aula. Do lado do educador, a

a preocupação que persiste é sobre como a geração atual irá valorizar este

(28)

! $*!

consequência, muitos métodos tradicionais de ensino podem não ser aproveitados.

Em relação a este ponto,

Os Net Geners1 não se contentam em sentar-se calmamente e

assistir a uma aula do professor. Crianças que cresceram digitais

esperam falar de volta, para terem uma conversa recíproca. Elas

querem uma escolha na sua educação, em termos do que elas

aprendem, quando, onde e como. Elas desejam que a sua educação

seja relevante para o mundo real, aquele em que elas vivem.

Querem que ela seja interessante, e até divertida. Os educadores

ainda acreditam que o modelo tradicional de lecionar seja importante,

mas as crianças não. O futurista Marc Prensky comentou

recentemente que se lembrou de um diretor australiano que afirma o

seguinte: Os professores já não são a fonte de conhecimento, hoje

este papel é da Internet. (TAPSCOTT, 2009, p. 126, tradução nossa)

Em paralelo ao que Tapscott e Prensky apontam em relação à situação do

modelo atual de ensino, Tori (2010, p. 26) reforça que "a aproximação (do aluno com

o conteúdo, do aluno com o professor ou do aluno com os colegas de

aprendizagem) é condição necessária, ainda que não suficiente, para que ocorra

aprendizagem". É neste momento que o professor poderá atuar fortemente como

mediador do conhecimento para os alunos e orientá-los a utilizar os recursos que

possuem, de forma que a aprendizagem seja produtiva e efetiva, e que o aluno

possa, através da combinação e exploração de diversas problemáticas, fundamentar

seu modelo crítico em relação ao conhecimento adquirido.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

1

(29)

! $+!

A organização Alliance for Childhood afirma que,

Existe muito tempo na adolescência para as crianças aprenderem,

com a orientação de adultos e de limites sensatos, a navegar no

mundo complexo de avançadas tecnologias eletrônicas. (ALLIANCE

FOR CHILDHOOD, 2004, p. 02, tradução nossa)

Ao combinar os diversos tipos de tecnologias digitais existentes com o modelo

tradicional de ensino, há o questionamento de como as atividades serão

organizadas e gerenciadas pelos alunos durante o processo de aprendizagem.

Levando em consideração que a geração digitalmente nativa possui um perfil

multitarefa, ainda reside a dúvida se esta característica realmente contribui com o

alcance de um aprendizado efetivo e produtivo. Sobre este ponto, Tapscott aponta a

seguinte perspectiva:

[...] a experiência de crescer digitalmente pode tornar esta geração

mais rápida para mudar de um pensamento para outro. [...] Será que

a otimização para multitarefa resulta em melhor funcionalidade, isto

é, a criatividade, a inventividade e a produtividade? Na maioria dos

casos, a resposta é não. Enquanto os Net Geners conseguem mudar

de foco mais rapidamente do que seus pais, [...] isso não significa

que eles são capazes de pensar de forma mais criativa ou mais

profunda sobre um assunto complicado. [...] Você não pode pensar

profundamente sobre um assunto, analisá-lo ou desenvolver uma

ideia criativa se você está constantemente distraído por uma

mensagem de e-mail, um novo site ou uma chamada de telefone

celular. (TAPSCOTT, 2009, p. 108, tradução nossa)

Por outro lado, enxerga-se uma gama de possibilidades na utilização das

diversas ferramentas como meio para apoiar a aprendizagem. Neste contexto, as

redes sociais possuem um papel muito forte em integrar culturas e pessoas de

(30)

! %#!

a distribuição de vídeo on-line torna-se uma forma de expressão e de compartilhar

informações; aplicativos geográficos e de localização possibilitam explorar o mundo

através de uma tela pequena; jogos de videogame estimulam o raciocínio lógico,

analítico e ajudam no processo de desenvolvimento da coordenação motora; tablets

e smartphones trazem mobilidade para alunos e professores. Portanto, existem

inúmeras soluções que, quando bem utilizadas, podem modificar muito o modelo

educacional. Assim sendo, Allegretti acredita que

O processo de transformação da sociedade tem como um dos

fatores fundamentais os avanços tecnológicos, os quais alteram

significativamente a disseminação da informação, bem como sua

produção. Dado que a informação é a matéria prima para a

construção de conhecimento, isto também reflete de forma decisiva

no processo de ensino e de aprendizagem. (ALLEGRETTI, 2003, p.

58)

No entanto, o modelo atual de aprendizagem passa por uma transição que

muitas vezes causa dificuldades para os educadores distinguirem em qual momento

a tecnologia digital realmente pode contribuir nas salas de aula. Em contraponto, o

acesso às diversas ferramentas digitais está se tornando cada vez mais tangível, de

modo que os agentes educacionais devem estar preparados para desenvolver o

senso crítico dos alunos perante as informações que encontram e compartilham pela

rede. Com isso, Tori (2010, p. 29) aponta que "[...] a tecnologia ainda não consegue

substituir perfeitamente o contato ao vivo", ou seja, a presença do educador é uma

peça fundamental, que contribui como propulsora da aprendizagem para seus

alunos. Em relação à transição a qual as instituições educacionais estão

(31)

! %"!

[...] estamos próximos de ter novas formas de aprendizagem, e

precisamos de um modelo muito diferente da teoria da

aprendizagem. As teorias que foram desenvolvidas por psicólogos

educacionais e psicólogos acadêmicos em geral são associadas a

um modelo específico de aprendizagem, o da Escola. (PAPERT,

1993, p. 21, tradução nossa)

Dentro deste contexto, é importante mencionar que o processo

transmissor-receptor ora se inverte, ora se mescla nas interações entre alunos e professores.

Assim sendo, identificar quais ferramentas e meios são realmente pertinentes dentro

do ambiente educacional, e o impacto que podem causar na aprendizagem torna-se

um aspecto fundamental para que as crianças digitalmente nativas não se

transformem em “sistemas binários” de interpretação de informações, e sim para que

saibam como utilizar as tecnologias atuais e futuras de forma inteligente. Diante

disso, as interações em redes digitais podem ser vistas da seguinte forma:

Passamos da ênfase na interatividade entre humano e máquina,

característica da cibercultura dos anos 1990, para uma experiência

direta de sociabilidade em rede mediada por computador. A

sociabilidade em rede, nesse novo contexto, é distinta da

sociabilidade física: “o conceito de sociabilidade em rede [..] é uma

forma de sociabilidade que é efêmera, contudo intensa; informacional

e tecnológica, combinando trabalho e lazer; solta e genérica, e

emerge em um contexto de individualização”. (SANTAELLA; LEMOS,

2010 apud WITTEL, 2001, p. 91)2

Ainda sobre as redes digitais, um fator de grande impacto a ser considerado é

que:

A rede hipertextual está em constante construção e renegociação.

Ela pode permanecer estável durante um certo tempo, mas esta

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

2

(32)

! %$!

estabilidade é em si mesma fruto de um trabalho. Sua extensão, sua

composição e seu desenho estão permanentemente em jogo para os

atores envolvidos, sejam eles humanos, palavras, imagens, traços de

imagens ou de contexto, objetos técnicos, componentes destes

objetos, etc. (LÉVY, 2010, p. 25).

Diante desta observação, é pertinente comparar a composição da rede

multimídia com os meios habituais. A lousa, o livro e o caderno são ícones do dia a

dia, fazem parte da aprendizagem e estão sendo transpostos cada vez mais para o

mundo virtual através da adequação em diversos dispositivos, principalmente os

móveis como e-readers, tablets e smartphones, e pela distribuição abrangente que o

conteúdo on-line consegue alcançar. Levando em consideração a contribuição

proporcionada tanto pelos meios habituais como digitais, Coll et al. mencionam que:

[...] assim como não podemos entender o desenvolvimento humano

sem cultura, dificilmente poderemos entendê-lo sem considerar a

diversidade de práticas educativas por meio das quais podemos ter

acesso e interpretamos de forma pessoal essa cultura, práticas

essas em que cabe incluir as escolares. (COLL et al., 1996, p. 18)

Por outro lado, ao aplicar sua didática expositiva, oral e escrita através da

lousa e livros, o professor pode acabar competindo a atenção do aluno com os

meios digitais que fornecem diferentes combinações de interatividade e se conectam

às diversas fontes de conhecimento simultâneas. A respeito dessa questão, Coll et

al. apontam o seguinte:

Em síntese, que nossos alunos tendam a um enfoque profundo não

é uma questão de sorte, mas o produto de diversas variáveis,

algumas das quais têm a ver com o que lhes propomos fazer e com

os meios que utilizamos para avaliá-los. Levar em conta que a

elaboração do conhecimento requer tempo, esforço e envolvimento

(33)

! %%!

contribuir para modificar em certo grau o processo, para ajustá-lo

mais àquilo que esperamos: que os alunos aprendam e fiquem

contentes por aprender; que os professores comprovem que seus

esforços são úteis e sintam-se gratificados. (COLL et al., 1996, p. 37)

A colaboração e o uso inteligente do conhecimento e da informação nunca

foram tão importantes e nunca estiveram tão acessíveis globalmente demonstrando

como sociedades podem se desenvolver intelectualmente e economicamente dentro

de um mundo extremamente complexo. As tecnologias digitais chegaram para

reinventar o mundo e estão sendo cada vez mais adotadas em diversos âmbitos da

sociedade. A educação como parte fundamental do desenvolvimento de um país

poderá apoiar-se e tornar-se parceira das tecnologias e revolucionar o processo de

aprendizagem.

Em relação às redes colaborativas, Santaella e Lemos enxergam que

Colaboradores […] são atores que, ao se conectarem a um grupo

social, geram valor para esse grupo, fazendo com que o grupo

reconheça esse valor e, consequentemente, retribua esse valor

através de reconhecimento, impactando positivamente na reputação

do usuário/marca. (SANTAELLA; LEMOS, 2010, p. 60)

Dentro do contexto das transformações que a tecnologia digital consegue

realizar integrando sociedades e culturas, e da capacidade de adaptação que os

seres humanos possuem dentro de tais mudanças é possível perceber que as

esferas “real” e “virtual” aos poucos se mesclam, formando uma verdadeira rede

integrada. Em outras palavras,

A mudança de paradigma entre a era da navegação e a dos fluxos é

brutal. Ela significa a transição entre um mundo onde a informação

pertencia a uma esfera separada do nosso cotidiano, a era onde

(34)

! %&!

[...]. Na era dos fluxos, virtual e real são sentidos como se fossem

uma só e mesma coisa — uma mesma rede integrada através de

dispositivos híbridos. (SANTAELLA; LEMOS, 2010, p. 94)

Dentro desta observação, leva-se em consideração que com a rapidez que a

informação é transmitida através das redes digitais, e com a evolução dos

dispositivos que a transmitem possa surgir a necessidade de estruturar um modelo

de ensino que seja duradouro e não afete de forma negativa as instituições

educacionais. Além da evolução tecnológica das redes e dispositivos, há a evolução

comportomental das novas gerações em relação à educação. Com este princípio,

Tori observa que:

Enquanto se debate sobre as vantagens e desvantagens do uso da

tecnologia na educação, novas gerações de estudantes estão

chegando às escolas sem quaisquer dúvidas ou receios quanto ao

uso das tecnologias de informação e comunicação em atividades do

dia a dia. Não vai ser fácil para eles se adaptarem às escolas que

não tiverem integrado as novas tecnologias à sua rotina. (TORI,

2010, p. 218)

Tendo em vista a presença dos meios digitais na aprendizagem, é importante

observar como as gerações atuais e futuras irão se desenvolver na sociedade com o

apoio das diversas ferramentas tecnológicas digitais disponíveis. O governo e as

empresas privadas possuem um papel fundamental na reformulação do modelo de

ensino, e a missão de torná-lo relevante e coerente para docentes e discentes. A

educação é uma necessidade básica do ser humano, deve caminhar ao passo que a

tecnologia digital evolui, e também passa a ser necessidade básica para a

sobrevivência. Em outras palavras,

A ideia de educação de massa, no entanto, está sendo desafiada. Os

(35)

! %'!

informações. Alguns são aprendizes visuais, outros aprendem

ouvindo. Outros ainda aprendem manipulando algo fisicamente [...].

(TAPSCOTT, 2009, p. 139, tradução nossa)

O mundo está conectado sem pausas e com isso a World Wide Web

possibilita que seus usuários realizem conversas instantâneas escritas, por áudio ou

vídeo com qualquer pessoa em qualquer lugar onde haja acesso à rede; serviços de

entretenimento e consumo de música e vídeo transformaram diversas indústrias e

estão fortemente presentes na rede; as interações humanas mudaram quando

surgiram as redes sociais e a mobilidade de determinados dispositivos,

possibilitando o compartilhamento, a colaboração em massa, a personalização da

identidade digital de cada usuário e serviços de geolocalização, tornando a

experiência virtual mais rica. De acordo com a análise de Silva em relação às

previsões divulgadas pela IDC3 (International Data Corporation), a seguir é possível

observar o crescimento da mobilidade no Brasil:

A IDC (2012) prevê que serão vendidos 2,2 milhões de tablets, 17,6

milhões de PCs e 15,5 milhões de smartphones no Brasil em 2012. É

muito interessante observar como o benefício da mobilidade leva ao

aumento de venda de notebooks/netbooks no mundo dos PCS e

como a venda de smartphones se aproxima da venda de PCs

rapidamente em 2012. A tendência é que já em 2013 ou 2014 serão

vendidos mais Smartphones do que PCs. (SILVA, 2012, p. 01)

Diversos setores da sociedade tiveram que adaptar seu modelo de serviço

para se adequarem ao contexto digital, demonstrando que a Internet continua sendo

capaz de quebrar paradigmas e trazer inovações e soluções mesmo dentro de uma

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

3!

IDC - International Data Corporation. IDC apresenta as pervisões para o mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação em 2012. Disponível em:

(36)

! %(!

sociedade complexa. No contexto educacional, a presença da rede digital amplia a

comunicação globalmente, possibilitando absorver informações e conhecimento de

forma interativa e estimulando a autonomia, expandindo diferentes perspectivas

criativas e inovadoras dentro da aprendizagem, e também rompendo fronteiras

intelectuais e geográficas. A organização Alliance for Childhood destaca que

Nossos filhos enfrentam uma difícil fronteira tecnológica de

mudanças irreversíveis na biologia humana e ecologia do mundo.

Eles precisam de uma forma radicalmente diferente de educação

tecnológica para fazer escolhas sábias no futuro. (ALLIANCE FOR

CHILDHOOD, 2004, p. 01)

Dentro da perspectiva proposta pela organização Alliance for Childhood, Coll

e Monereo complementam com a seguinte observação:

O objetivo de construir uma economia baseada no conhecimento

requer que a aprendizagem seja colocada em destaque, tanto no

plano individual quanto no social; neste marco, as TIC, e mais

especificamente as novas tecnologias multimídia e a Internet,

apresentam-se como instrumentos poderosos para promover a

aprendizagem, tanto de um ponto de vista quantitativo como

(37)

! %)!

3 APRENDIZAGEM NA ERA DIGITAL

Este capítulo busca a compreensão, através da ótica de diferentes

psicólogos, sobre quais condições influenciam e possibilitam a aprendizagem,

discutindo ainda o caminho pelo qual os meios da era digital possam ser

incorporados no ensino fundamental. Segundo Bock, Furtado e Teixeira (2001, p.

109), “o desenvolvimento [do aprendizado infantil] está, pois, alicerçado sobre o

plano das interações”. Além do aspecto interacional que está engrenado no

desenvolvimento do aprendizado, Coll et al. descrevem:

A aprendizagem escolar é um processo complexo, que envolve

integralmente o aluno e a aluna. São eles que aprendem. No

entanto, tornar isso possível é uma aventura coletiva. Em primeiro

lugar, porque a sociedade é um ente continuamente exigente em

relação às capacidades de todos os que a compõem, e com isso

contribui para concretizar nossas próprias exigências. Em segundo

lugar, porque a cultura (usos, costumes, saberes de diferentes tipos,

valores), de certo modo, faz de nós quem somos, e poder

apropriar-nos dela, revisá-la criticamente e contribuir para sua renovação

pressupõe, por sua vez, nos responsabilizarmos pela elaboração de

nossa identidade. E, em terceiro lugar, porque, sem a contribuição de

professores conscientes de que o conhecimento é uma construção, a

aprendizagem escolar seria uma viagem incerta, de consequências

duvidosas. (COLL et al., 1996, p. 121)

A etapa da educação básica no Brasil conhecida como ensino fundamental

(de seis a quatorze anos) corresponde à fase em que as crianças começam a

desenvolver operações intelectuais concretas, e sentimentos sociais de cooperação

que são características essenciais para iniciar a utilização de meios digitais na

(38)

! %*!

A idade média de sete anos, que coincide com o começo da

escolaridade da criança propriamente dita, marca uma modificação

decisiva no desenvolvimento mental. Em cada um dos aspectos

complexos da vida psíquica, quer se trate da inteligência ou da vida

afetiva, das relações sociais ou da atividade propriamente individual,

observa-se o aparecimento de formas de organizações novas, que

completam as construções esboçadas no decorrer do período

precedente, assegurando-lhes um equilíbrio mais estável, e que

também inauguram uma série ininterrupta de novas construções.

(PIAGET, 2003, p. 40)

Além das características mencionadas anteriormente, a construção de novos

conceitos na fase do ensino fundamental ocorre quando os alunos já possuem

conhecimentos prévios relevantes, de forma que possam conectar os novos

conteúdos com os que já possuem, e consequentemente irão elaborar, reter e

regular sua própria aprendizagem. Para atingir esse nível de aprendizagem, a

interação com outros alunos e o próprio professor é tarefa imprescindível e

constante em diversas outras fases da aquisição de conhecimento. Em relação à

formação primordial dos conceitos, Moreira apresenta a seguinte proposição:

Na formação de conceitos, os atributos criteriais dos conceitos são

adquiridos pela experiência direta, por meio de sucessivas etapas de

formulação e testagem de hipóteses e generalização. É um processo

de aprendizagem por descoberta. Entretanto, à medida que a criança

vai adquirindo uma determinada quantidade de conceitos por esse

processo, vai se tornando capaz a aprender novos conceitos por

assimilação, pois os atributos criteriais desses conceitos podem ser

apresentados (aprendizagem por recepção) em termos de novas

combinações de conceitos (e referentes) já existentes na estrutura

(39)

! %+!

De acordo com a proposta central da teoria do psicólogo educacional David

Ausubel, o modelo de aprendizagem citado por Moreira é intitulado aprendizagem

significativa, que segundo ele:

Uma vez que significados iniciais são estabelecidos para signos ou

símbolos de conceitos, através do processo de formação de

conceitos, novas aprendizagens significativas darão significados

adicionais a esses signos ou símbolos, e novas relações, entre os

conceitos anteriormente adquiridos, serão estabelecidos. (AUSUBEL,

1978, p. 46)

A ideia apresentada por Ausubel pode ser complementada com a seguinte

reflexão de Moreira:

Pode-se, então, dizer que a aprendizagem significativa ocorre

quando a nova informação “ancora-se” em conceitos relevantes

preexistentes na estrutura cognitiva. Ou seja, novas ideias,

conceitos, proposições podem ser aprendidos significativamente (e

retidos), na medida em que outras ideias, conceitos, proposições,

relevantes e inclusivos estejam adequadamente claros e disponíveis

na estrutura cognitiva do indivíduo, e funcionem, dessa forma, como

ponto de ancoragem às primeiras. (MOREIRA, 2006, p. 15)

Com isso, é possível notar a importância de possuir conceitos preexistentes

que estejam claros e sejam relevantes durante a fase do ensino fundamental. Pois

quando os alunos estiverem face à utilização e manuseio dos meios digitais, será

essencial que certas habilidades já estejam enraizadas na estrutura cognitiva. Por

exemplo, ao navegar em uma plataforma on-line de distribuição de conteúdos por

vídeo, existem certos passos que devem ser seguidos de forma que quem esteja

consumindo o conteúdo alcance o resultado esperado e construa um novo conceito,

(40)

! &#!

relação a isso, Moreira descreve que de acordo com Ausubel, o desenvolvimento

cognitivo é considerado

[...] um processo dinâmico no qual novos e antigos significados

estão, constantemente, interagindo e resultando em uma estrutura

cognitiva mais diferenciada, a qual tende a uma organização

hierárquica, na qual conceitos e proposições mais gerais ocupam o

ápice da estrutura e abrangem, progressivamente, proposições e

conceitos menos inclusivos, assim como dados factuais e exemplos

específicos. (MOREIRA, 2006, p. 40)

De acordo com o exemplo mencionado sobre uma plataforma on-line de

distribuição de conteúdos por vídeo, é apropriado traçar o paralelo com a seguinte

ideia esboçada por Kozma:

A progressão leva o aluno dos modelos avançados para os mais

simples, aumentando o seu número de regras, qualificadores e

restrições que sejam levados em consideração na gama de

problemas que os alunos acomodam. Os modelos permitem aos

alunos fazer previsões, explicar a função e finalidade do sistema,

resolver problemas, receber feedback e explicações. Cada um é

projetado para desenvolver e facilitar a transformação do modelo

anterior. (KOZMA, 1991, p. 21, tradução nossa)

Ainda sobre a construção de conceitos ao utilizar determinados meios, Piaget

descreve o processo da seguinte forma:

Quais são, na realidade, as condições de construção do pensamento

formal? Para a criança, trata-se não somente de aplicar as

operações aos objetos, ou melhor, de executar, em pensamento,

ações possíveis sobre estes objetos, mas de “refletir” estas

operações independentemente dos objetos e de substituí-las por

(41)

! &"!

Além do processo em relação à construção do pensamento e da estrutura

cognitiva mencionado anteriormente, é importante abordar a questão de como o

sistema de símbolos está presente nos meios e como sua adequação deve ser

pensada previamente, de forma que os estudantes ao iniciarem o contato com esses

meios consigam absorvê-los e utilizá-los de forma relevante. Clark possui a seguinte

proposta em relação ao sistema de símbolos e sua participação na aprendizagem:

Estas características do processo cognitivo devem ser traduzidas em

um sistema de símbolos compreensível para o aluno e, em seguida,

entregues através de um meio conveniente. [...] Quando um sistema

de símbolo escolhido é formado para representar os aspectos

críticos da tarefa e outros elementos são iguais, a aprendizagem vai

ocorrer. Quando um meio proporciona um sistema de símbolos

contendo a combinação necessária de características, a

aprendizagem irá ocorrer também, mas não vai ser devido ao meio

ou o sistema de símbolo. (CLARK, 1983, p. 09, tradução nossa)

Enquanto Clark expõe a importância do sistema de símbolos, Moreira atribui a

proposta de que o material que será utilizado também seja incorporável na

aprendizagem significativa:

Portanto, uma das condições para ocorrência de aprendizagem

significativa é que o material a ser aprendido seja relacionável (ou

incorporável) à estrutura cognitiva do aprendiz, de maneira não

arbitrária e não literal. Um material com essa característica é dito

potencialmente significativo. (MOREIRA, 2006, p. 19)

Outro aspecto que está presente na aprendizagem, independente do meio

utilizado (digital ou não-digital), é a vontade do aluno de aprender e compreender, ou

em outras palavras, sentir-se capaz de descobrir como determinado aprendizado

poderá ser utilizado para interagir com o mundo complexo que está disponível para

(42)

! &$!

O aprendiz necessita “querer” aprender não para acumular saberes

sem significado, mas com o objetivo da descoberta e da significação

para si e para a humanidade; ele deve saber que, ao participar de

um processo de aprendizagem, está simultaneamente participando

de um processo de mudança consigo mesmo, com os outros e com o

meio ambiente. (ALLEGRETTI, 2003, p. 57)

A ideia é complementada por Coll et al., que aborda a proposição de que o

ato de aprender necessitaria preencher uma necessidade e carregar um propósito.

Em outras palavras,

Para sentir interesse [em aprender], deve-se saber o que se

pretende, e sentir que isso preenche alguma necessidade (de saber,

de realizar, de informar-se, de aprofundar). Naturalmente, se um

aluno não conhece o propósito de uma tarefa e não pode relacionar

esse propósito à compreensão daquilo que implica a tarefa e às suas

próprias necessidades, dificilmente poderá realizar aquilo que o

estudo envolve em profundidade. (COLL et al., 1996, p. 35)

Portanto, torna-se pertinente analisar a participação e contribuição do

professor no momento em que o aprendiz necessita sentir-se capaz de compreender

os propósitos da sua própria aprendizagem e como irá participar e interagir no

mundo que o rodeia. Papert (1993, p. 55) "concorda que a aprendizagem é um ato

natural, e que acontece através de um relacionamento saudável". Além da

importância do relacionamento apontada por Papert, Allegretti acrescenta outros

aspectos que se tornam essenciais para que a aprendizagem ocorra efetivamente.

Deste modo,

[...] é importante colocar o aprendiz diante de desafios, situações

provocadoras que despertem nele a necessidade de pesquisar a fim

de resolver problemas reais e significativos e, ao mesmo tempo

propiciar condições de busca e descoberta, associando

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