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Criatividade e Inovação

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Academic year: 2022

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Texto

(1)

Indaial – 2020

C riatividade e i novação

Prof. Giovani Mendonça Lunardi

1

a

Edição

(2)

Copyright © UNIASSELVI 2020

Elaboração:

Prof. Giovani Mendonça Lunardi

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:

L961c

Lunardi, Giovani Mendonça

Criatividade e inovação. / Giovani Mendonça Lunardi. – Indaial:

UNIASSELVI, 2020.

219 p.; il.

ISBN 978-65-5663-055-7

1. Inovação tecnológica. – Brasil. 2. Criatividade. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 658.56

(3)

a presentação

Prezado acadêmico! Este livro didático foi elaborado para a construção de novos conhecimentos que servirão de base para ideias, projetos e entendimentos em relação ao processo criativo e sua inovação. A geração de novas ideias possibilitou a evolução e desenvolvimento do ser humano desde a pré-história até os dias atuais.

Em nosso atual cenário, a criatividade e inovação são cada vez mais essenciais em diversos contextos, principalmente, nas organizações, garantindo maior competitividade. Assim, é imprescindível compreendermos a definição e evolução de tais conceitos, como alguns fatores podem influenciá- los, as principais características das pessoas criativas e as estratégias para inovação e criação.

Para isso, o livro foi dividido em três unidades:

A primeira trata de aspectos relacionados ao funcionamento da mente, como questões relacionadas ao conhecimento humano, compreender como nossa mente funciona. Além disso, iremos identificar algumas características e influências sociais no processo criativo, e compreender a relação da inovação no design.

A segunda unidade abordará a criatividade e inovação tecnológica, sendo externalizados os principais conceitos de criatividade e inovação, como as principais teorias sobre o processo criativo. Iremos conhecer, também, algumas ferramentas que podem aprimorar a criatividade e as principais características, classificações e tipos de inovação.

Já a terceira unidade trará a criatividade e inovação nas organizações, dissertando sobre as revoluções industriais e sua relação com as inovações tecnológicas, os campos de aplicação da inovação nas organizações e como gerir tais processos criativos e inovadores nas empresas.

Esperamos que com este conteúdo você consiga perceber a importância da criatividade e inovação para o desenvolvimento econômico de nossa sociedade.

Bons estudos!

Prof. Giovani Mendonça Lunardi

(4)

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!

NOTA

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(6)

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você

terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!

LEMBRETE

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s umário

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE ... 1

TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA ... 3

1 INTRODUÇÃO ... 3

2 O CONHECIMENTO HUMANO ... 3

3 DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO ... 6

4 A EPISTEMOLOGIA OU TEORIA DO CONHECIMENTO ... 9

4.1 MITOLOGIA ...11

4.1.1 Mitologia grega ... 13

4.2 SENSO COMUM ...16

4.3 FILOSOFIA ... 17

4.3.1 O Mito da Caverna ...20

4.3.2 Conceitos de Platão e Aristóteles para a construção do conhecimento ...22

4.4 TEOLOGIA ... 25

4.5 CIÊNCIA E TECNOLOGIA – SUAS COMPLEXIDADES ... 27

RESUMO DO TÓPICO 1... 31

AUTOATIVIDADE ... 32

TÓPICO 2 — DINÂMICAS DO PENSAMENTO: COMO A MENTE FUNCIONA ...33

1 INTRODUÇÃO ... 33

2 RACIONALISMO VERSUS EMPIRISMO ... 33

3 A PSICOLOGIA ... 36

4 PERCEPÇÃO DA MENTE ... 38

5 A INTELIGÊNCIA HUMANA E AS TECNOLOGIAS ... 40

RESUMO DO TÓPICO 2... 43

AUTOATIVIDADE ... 44

TÓPICO 3 — A MENTE HUMANA: CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E NFLUÊNCIAS SOCIAIS ... 45

1 INTRODUÇÃO ... 45

2 CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E INFLUÊNCIAS SOCIAIS ... 45

3 TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS ... 46

4 INTELIGÊNCIA COGNITIVA X INTELIGÊNCIA EMOCIONAL ... 48

5 HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS NA EDUCAÇÃO ... 50

RESUMO DO TÓPICO 3... 53

AUTOATIVIDADE ... 54

TÓPICO 4 — INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO NO DESIGN ... 57

1 INTRODUÇÃO ... 57

2 O PROCESSO CRIATIVO NA PRÁTICA ... 57

3 IMITAÇÃO, INVENÇÃO E INOVAÇÃO ... 60

4 INOVAÇÃO NA CIÊNCIA ... 61

(8)

5 INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO EM DESIGN ... 63

LEITURA COMPLEMENTAR ... 66

RESUMO DO TÓPICO 4... 70

AUTOATIVIDADE ... 71

UNIDADE 2 — CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ... 73

TÓPICO 1 — MODELOS E FERRAMENTAS DA CRIATIVIDADE ... 75

1 INTRODUÇÃO ... 75

2 EM BUSCA DO CONCEITO DE CRIATIVIDADE ... 75

3 MODELOS DE CRIATIVIDADE ... 80

3.1 TEORIA DE INVESTIMENTO EM CRIATIVIDADE DE STERNBERG ... 83

3.2 MODELO COMPONENCIAL DE CRIATIVIDADE DE AMABILE ... 86

4 FERRAMENTAS DA CRIATIVIDADE ... 89

4.1 SCAMPER: TÉCNICA PARA GERAÇÃO DE IDEIAS ... 89

4.2 MAPA MENTAL ...91

4.3 BUSINESS MODEL CANVAS ... 93

4.4 BRAINWRITING ... 94

4.5 DESIGN THINKING ... 95

4.6 BENCHMARKING ... 98

4.7 BRAINSTORMING ...98

RESUMO DO TÓPICO 1... 99

AUTOATIVIDADE ... 100

TÓPICO 2 — CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO DA INOVAÇÃO ... 103

1 INTRODUÇÃO ... 103

2 O QUE É INOVAÇÃO... 103

3 TIPOS DE INOVAÇÃO ... 107

3.1 INOVAÇÃO EM PRODUTO ... 107

3.2 INOVAÇÃO EM SERVIÇO ... 108

3.3 MODELO DE NEGÓCIO ... 108

3.4 INOVAÇÃO EM PROCESSO ... 109

3.5 INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL ... 109

3.6 INOVAÇÃO NA COMUNICAÇÃO ... 109

3.7 INOVAÇÃO EM MARKETING ... 110

4 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DA INOVAÇÃO ... 110

RESUMO DO TÓPICO 2... 114

AUTOATIVIDADE ... 115

TÓPICO 3 — CARACTERÍSTICAS DA CRIATIVIDADE E A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO ... 117

1 INTRODUÇÃO ... 117

2 CARACTERÍSTICAS DA PESSOA CRIATIVA E INOVADORA ... 118

3 TEORIAS DE PESSOAS CRIATIVAS ... 120

3.1 TEORIA DAS QUATRO DIMENSÕES DA CRIATIVIDADE ... 121

3.2 TEORIA DA ADAPTAÇÃO-INOVAÇÃO ... 122

3.3 FERRAMENTA AVALIATIVA – TESTE TORRANCE DE PENSAMENTO CRIATIVO OU TORRANCE TEST OF CREATIVE THINKING ... 125

4 A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO PARA A CRIATIVIDADE ... 127

4.1 PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES DE ABRAHAM H. MASLOW ... 127

4.2 TEORIA DOS DOIS FATORES ... 128

(9)

4.3 TEORIA X E Y ... 129

4.4 CAMINHOS PARA GERAR MOTIVAÇÃO ... 131

LEITURA COMPLEMENTAR ... 132

RESUMO DO TÓPICO 3... 136

AUTOATIVIDADE ... 137

UNIDADE 3 — CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES ... 139

TÓPICO 1 — AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS ... 141

1 INTRODUÇÃO ... 141

2 AS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS E OS CICLOS ECONÔMICOS ... 141

3 FATORES INDUTORES DA MUDANÇA TECNOLÓGICA ... 155

3.1 INDICADORES DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA ... 159

RESUMO DO TÓPICO 1... 163

AUTOATIVIDADE ... 164

TÓPICO 2 — CAMPOS DE APLICAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES ... 165

1 INTRODUÇÃO ... 165

2 AS FONTES DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO ... 165

3 AS FONTES DE CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES ... 168

RESUMO DO TÓPICO 2... 171

AUTOATIVIDADE ... 172

TÓPICO 3 — O PROCESSO DE GESTÃO CRIATIVA E DE INOVAÇÃO NAS EMPRESAS ... 173

1 INTRODUÇÃO ... 173

2 A IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE NO PROCESSO DE INOVAÇÃO (PI) ... 173

3 PROCESSO CRIATIVO E DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS ... 177

RESUMO DO TÓPICO 3... 186

AUTOATIVIDADE ... 187

TÓPICO 4 — BARREIRAS DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO ... 189

1 INTRODUÇÃO ... 189

2 BARREIRAS À MANIFESTAÇÃO CRIATIVA E INOVADORA ... 189

3 COMO EXERCITAR A CRIATIVIDADE ... 192

4 IMPORTÂNCIA DA CRIATIVIDADE NAS EMPRESAS ... 197

LEITURA COMPLEMENTAR ... 201

RESUMO DO TÓPICO 4... 203

AUTOATIVIDADE ... 204

REFERÊNCIAS ... 205

(10)
(11)

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender os significados e a evolução dos conceitos de conhecimento a partir dos momentos históricos mais relevantes;

• analisar as categorias de conhecimento e as influências culturais que impactaram na definição destes conceitos;

• refletir sobre o processo de construção do conhecimento (ideias, pensamento) a partir do olhar da ciência;

• examinar a relação entre a inteligência humana e as tecnologias;

• investigar as influências sociais no desenvolvimento do conhecimento humano e os tipos de inteligências.

Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA TÓPICO 2 – DINÂMICAS DO PENSAMENTO: COMO A MENTE

FUNCIONA

TÓPICO 3 – A MENTE HUMANA: CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E INFLUÊNCIAS SOCIAIS

TÓPICO 4 – INTRODUÇÃO DA INOVAÇÃO NO DESIGN

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

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TÓPICO 1 —

UNIDADE 1

O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

1 INTRODUÇÃO

A fim de compreendermos a relação existente entre criatividade e inovação tecnológica, precisamos, primeiramente, olhar para traz para poder compreender o processo de construção do conhecimento. Para isso, além de conceitualizá-la, iremos compreender a diferença entre dados, informação e conhecimento, e investigar as teorias do conhecimento. Nesse sentido, no decorrer deste tópico iremos abordar as principais definições e conceitos evidenciados na literatura sobre o termo conhecimento para contribuir na sua concepção de criatividade e inovação.

Além disso, também iremos examinar de forma mais detalhada as crenças e principais características das seguintes categorias do conhecimento humano:

mitologia, senso comum, filosofia, teologia, ciência e tecnologia. Vamos analisar a evolução desses conhecimentos, sendo, em um primeiro momento, baseado, principalmente, em crenças e fantasias, e, posteriormente, uma visão científica e tecnológica.

2 O CONHECIMENTO HUMANO

Quando nos deparamos em pensar no significado da palavra

“conhecimento”, chegamos à conclusão de que a vida é um processo cíclico e contínuo. Mas o que é conhecimento? Como ocorre seu processo de construção, essencial para a vida, e que permitiu nossa evolução desde os primórdios?

Diversas são as teorias que visam explicar como construímos e nos

apropriamos do conhecimento. Tais teorias se embasam em diferentes aportes

teóricos, que abrangem visões das áreas de filosofia, sociologia, biologia,

tecnologia, entre outras (MATURANA; VARELA, 2011).

(14)

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

FIGURA 1- APORTES TEÓRICOS PARA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

FONTE: Adaptado de Maturana e Varela (2011) Filosofia Sociologia

Tecnologia Biologia

Conhecimento

O conhecimento é um tema que sempre desperta interesse, é estudado desde a antiguidade, gerando, assim, diversos conceitos na literatura. Para compreendermos o conceito de conhecimento, inicialmente, listamos, no quadro a seguir, algumas das principais definições de sua evolução.

QUADRO 1 – EVOLUÇÃO DAS DEFINIÇÕES DO TERMO CONHECIMENTO

Autor Abordagem

Confúcio (séc. IV a.C.) O "saber" é saber que nada se sabe.

Platão (428 a.C.) É uma “crença verdadeira justificada”.

Locke (1689) É o resultado da experiência.

Polanyi (1966) O indivíduo pode conhecer mais do que é capaz de expressar.

Pears (1972) É o estado da mente.

Nonaka e Takeuchi (1997) É composto por processo dinâmico de um sistema de crenças pessoais justificadas. É o resultado da interação entre o conhecimento explícito e o tácito.

Sveiby (1998)

É capacidade humana de caráter tácito, que orienta para a ação.

Baseado em regras, é individual e está em constante transformação.

O conteúdo revela-se em ações de competência individual, pois, na prática, se expressa através do conhecimento explícito, habilidades, experiências, julgamentos de valor e rede social. Não há como definir conhecimento de forma completa com apenas uma palavra.

Davenport e Prusak (1998) O conjunto de informações combinado com experiências, vivências e intuição, que possibilitam ao indivíduo interpretar, avaliar e decidir.

Choo (1998) É a informação modificada através da razão e da reflexão em crenças, e é composto pelo acúmulo de experiências.

Maturana e Varela (2001) É construído a partir de relações sociais sucessivas, é fruto de uma interação do homem com o mundo, estruturando se pelo viés da interpretação individual.

Spender (2001) Diferencia o conhecimento produzido pela ação (implícito) e o produzido pela comunicação (explícito).

Schreiber et. al., (2002) São os dados e informações que os indivíduos utilizam na ação,

na prática diária, para a realização de tarefas e produção de novas

informações.

(15)

TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

Probst, Raub e Romhardt (2002)

É a junção de cognição com habilidades, uso da teoria, da prática, das regras diárias, do modo de agir do ser humano, para resolver seus problemas.

Siqueira (2005) É a combinação de fatores como contexto, interpretação, experiência pessoal, aplicabilidade e processo cognitivo, que se somam à informação.

Servin (2005)

Deriva da informação, mas é mais rico e significativo do que esta, pois inclui consciência, familiaridade e compreensão adquiridas pela experiência, possibilitando comparações, identificação das consequências e novas conexões.

Morin (2005) É, portanto, um fenômeno multidimensional, de maneira inseparável, simultaneamente físico, biológico, cerebral, mental, psicológico, cultural, social.

Angeloni (2008) É um conjunto de informações, elaborado crítica e

valorativamente, por meio da legitimação empírica, cognitiva e emocional.

Fialho et. al. (2010)

É o conjunto completo de informações, dados, relações que levam os indivíduos a tomar decisões, a desempenhar atividades e a criar novas informações ou conhecimentos. Um conjunto de informações contextualizadas e dotadas de semânticas inerentes ao agente que o detém.

Dalkir (2011) Informações subjetivas e valiosas que foram validadas e

organizadas em um modelo mental. Normalmente é originário da experiência acumulada, e incorpora percepções, crenças e valores.

FONTE: Adaptado de Freire (2012, p. 83-86)

A partir da leitura da evolução das definições do termo “conhecimento”

podemos constatar o seu devido potencial, o que pode alterar comportamentos e fornecer habilidades a fim de transformar informação em ação efetiva.

O conhecimento é uma relação (interação) entre o sujeito e o objeto.

Na visão epistemológica, os termos sujeito e objeto se referem aos dois polos envolvidos na produção do conhecimento: o homem, que tem por finalidade conhecer algo, e o aspecto da realidade a ser conhecido. Assim, a discussão do papel do sujeito torna-se central para se compreender a ciência, uma vez que se refere à forma como o cientista (o sujeito) deve se comportar para produzir conhecimento, e, assim, revela pressupostos subjacentes a toda pesquisa (ABRANTES; MARTINS, 2007).

Para Piaget (1988, p. 17), o conhecimento vem sempre associado a compreender, que por sua vez: “[...] é inventar, ou reconstruir através da reinvenção, e será preciso curvar- se ante tais necessidades se o que se pretende, para o futuro, é moldar indivíduos capazes de produzir ou de criar, e não apenas de repetir”.

ATENCAO

(16)

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

Ainda nesse viés, para a transformação dos dados (informações) em conhecimento há uma importante variável: a criatividade. A criatividade é o primeiro passo na direção da mobilização e aplicação do conhecimento, definindo criatividade como o princípio de uma nova ideia ou perspectiva derivada de uma dada base de conhecimento.

A partir da definição da palavra “conhecimento”, é possível perceber sua relação com os dados e informação. Dados, informação e conhecimento possuem o mesmo significado? Qual é a relação entre esses termos? Vamos investigar essas variáveis a seguir.

Se você gostou desse assunto, seguem algumas dicas de sites:

• http://eliana-rezende.com.br/dados-informacao-e-conhecimento-o-que-sao/;

• https://blog.pandora.com.br/dado-informacao-e-conhecimento-voce-sabe-diferenca/.

DICAS

3 DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

Antes de continuarmos nossa discussão sobre o conhecimento e suas teorias (tema da próxima seção), é primordial distinguir o significado de três termos muito importantes: dados, informação e conhecimento.

Essas palavras, muitas vezes, são utilizadas de forma errada, como sinônimas, sendo necessário entendermos os principais pontos de sua diferenciação (DAVENPORT; PRUSAK, 2003).

QUADRO 2 - DIFERENCIAÇÃO ENTRE DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

FONTE: Vieira (2014, p. 537)

DADOS INFORMAÇÃO CONHECIMENTO

Simples observações sobre o estado do mundo:

• facilmente estruturado;

• facilmente obtido por máquinas;

• frequentemente quantificado;

• facilmente transferível.

Dados dotados de relevância e propósito:

• requer unidade de análise;

• exige consenso em relação ao significado;

• exige necessariamente a mediação humana.

Informação valiosa da mente humana.

Inclui reflexão, síntese, contexto:

• de difícil estruturação;

• de difícil captura em máquinas;

• frequentemente tácito;

• de difícil transferência.

(17)

TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

Conforme observamos no Quadro 2, os dados são os fatos brutos, são os números, as palavras, os símbolos, as figuras, entre outros, sendo que não há interpretação de um dado, não é considerado seu contexto. Angeloni (2008, p. 1) define dados como “elementos descritivos de um evento” sem tratamento lógico ou contextualização.

Já a informação refere-se à interpretação dos dados sendo considerado seu contexto, ou seja, a informação pode modelar os dados. Para isso é necessária a análise dos dados, proporcionando um novo ponto de vista para a interpretação de eventos ou objetos, que tornam visíveis os significados previamente.

A informação é entendida por Angeloni (2008, p. 1) como “um conjunto de dados selecionados e agrupados segundo um critério lógico para a consecução de um determinado objetivo”. Nesse viés podemos perceber que a informação depende de um conjunto de dados, isto é, sem dados para interpretação não há informação (CARVALHO, 2012).

A partir da informação é que podemos construir conhecimento, desse modo, o conhecimento é a compreensão da informação (DAVENPORT; PRUSAK, 1998; MARTINS FILHO, 2016). Quando a informação é trabalhada na mente humana, ela possibilita a realização de comparação e análise da consequência de tal informação, podendo, assim, gerar o conhecimento.

FIGURA 2 - RELAÇÃO ENTRE DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

FONTE: Adaptado de Davenport e Prusak (1998)

Conforme podemos perceber na Figura 2, temos inicialmente os dados

que, quando agrupados e interpretados, geram informação. Essa informação, por

sua vez, quando passa a ser compreendida, guardada em nossa mente torna-se

conhecimento.

(18)

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

Primeiro, o conhecimento, ao contrário da informação, diz respeito a crenças e compromissos. O conhecimento é uma função de uma atitude, perspectiva ou intenção específica.

Segunda, o conhecimento, ao contrário da informação, está relacionado à ação. É sempre o conhecimento “com algum fim”. E terceira, tanto o conhecimento como a informação, dizem respeito ao significado. É específico ao contexto e relacional (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 63, grifos nossos).

IMPORTANTE

Assim, constatamos que o conhecimento resulta de misturas que abrangem crenças e verdades, sendo que a interação entre essas variáveis possibilita a identificação de novas informações e criação de novos conhecimentos (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).

FIGURA 3 – CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Crenças Conhecimento Verdades

FONTE: Adaptado de Davenport e Prusak (1998)

Percebemos, no decorrer desta seção, que o estudo sobre o conhecimento humano é extremante complexo e gera uma nova área de investigação denominada de Epistemologia ou Teoria do Conhecimento (do grego episteme ciência, conhecimento; logos, discurso), que é um ramo da filosofia dedicado aos problemas filosóficos relacionados ao conhecimento.

Até aqui abordamos as principais definições da palavra conhecimento

e compreendemos melhor seu significado, agora vamos aprofundar nossos

estudos. Para isso, será necessário investigar sobre a “Epistemologia” ou também

denominada de “Teoria do Conhecimento” (TESSER,1995).

(19)

TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

Veja alguns sites interessantes sobre Teoria do Conhecimento:

• http://www.criticanarede.com/fil_conhecimento.html;

• https://descomplica.com.br/artigo/teoria-do-conhecimento/4nS/;

• https://www.todamateria.com.br/teoria-conhecimento/.

DICAS

4 A EPISTEMOLOGIA OU TEORIA DO CONHECIMENTO

Você deve pensar, o que é epistemologia? Etimologicamente, de acordo com Tesser (1995) "Epistemologia" significa discurso (logos) sobre a ciência (episteme). Assim, epistemologia: é a Ciência da Ciência ou Filosofia da Ciência, em outros termos, é o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências. É a teoria do conhecimento.

De acordo com Mário Bunge (1980, p. 17 apud TESSER, 1995, p. 92):

Uma epistemologia é útil se satisfaz às seguintes condições:

• refere-se à ciência propriamente dita;

• ocupa-se de problemas filosóficos que se apresentam no curso da investigação científica ou na reflexão sobre os problemas, métodos e teorias da ciência;

• propõe soluções claras para tais problemas, soluções consistentes em teorias rigorosas e inteligíveis, adequados à realidade da investigação científica;

• é capaz de distinguir a ciência autêntica da pseudociência;

• é capaz de criticar programas e mesmo resultados errôneos, como conseguir novos enfoques promissores.

Para Silvano, Silva e Silva (2018, p. 141), a epistemologia trata de quatro áreas fundamentais:

• análise filosófica da natureza do conhecimento e como o conhecimento se relaciona com a verdade, crença e justificação;

• problemas relativos ao ceticismo ou questões derivadas deste;

• critérios para se afirmar que algo é conhecido e justificado;

• o alcance do conhecimento e as fontes da crença justificada.

Como podemos compreender, a Epistemologia, ou Teoria do Conhecimento, investiga, ao longo da história humana, os diversos tipos de “conhecimentos”

utilizados para explicar, entender e compreender o mundo a sua volta e, também,

a sua relação com a natureza. Os principais tipos de conhecimento desenvolvidos

pelo homem de acordo com essa teoria são: mitologia, senso comum, filosofia,

teologia, ciência e tecnologia (SCHMAELTER, 2018).

(20)

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

FIGURA 4 – PRINCIPAIS TIPOS DE CONHECIMENTO

FONTE: Adaptado de Schmaelter (2018) EPISTEMOLOGIA

Senso Comum

Filosofia

Teologia Ciência

Tecnologia

Mitologia

A partir da ilustração apresentada na Figura 4, observamos que os principais tipos de conhecimentos são formas de compreender o mundo a partir de diferentes abordagens. Cada um, a seu modo, tem como objetivo desvendar os segredos do mundo, explicando-o e/ou atribuindo-lhe um sentido.

Veja mais sobre os tipos de conhecimento em:

• https://educacao.uol.com.br/disciplinas/filosofia/conhecer-o-mundo-mitologia-religiao- ciencia-filosofia-senso-comum.htm?cmpid=copiaecola

DICAS

Agora que você já sabe quais são os principais tipos de conhecimento

identificados na literatura, vamos examinar mais de perto cada um deles.

(21)

TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

QUADRO 3 - TIPOS DE CONHECIMENTO

FONTE: Adaptado de Schmaelter (2018) e Tesser (1995) MODOS DE

COMPREENDER O MUNDO

CRITÉRIOS DE

VERDADE MÉTODOS IDEIA BÁSICA

Mitologia Crenças Tradição oral Natureza

Senso comum Costumes e hábitos Experiência pessoal e

cultural Natureza e cultura Filosofia Reflexão racional Razão discursiva e

dialética Natureza e Pólis (comunidade)

Teologia Fé e Razão Conciliação entre a

razão discursiva e a

revelação divina Deus

Ciência e Tecnologia Razão crítica e

sistematizada Observação e

experimentação Homem

Analisando o Quadro 3, percebemos que cada tipo de conhecimento é baseado em critérios que são considerados verdadeiros a partir de um fundamento distinto (filosofia, mitologia, ciência, tecnologia), mas você deve questionar: por que estudar os tipos de conhecimento? Compreender como ocorre o processo de construção do conhecimento e suas abordagens, seus diferentes tipos, irá nos permitir, no percurso desta unidade, entender os conceitos de criatividade e inovação que serão abordados mais à frente.

Para auxiliar sua compreensão sobre os tipos de conhecimentos, vamos brevemente conceituar e exemplificar cada um deles.

4.1 MITOLOGIA

A palavra “mitologia” não é um termo incomum na nossa vida, geralmente, vários filmes ou livros são baseados ou abordam algum tipo de mitologia. Mas você sabe qual é o significado da palavra mitologia? A palavra mito vem do grego mythos e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo (contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e do verbo mytheo (conversar, contar, anunciar, nomear, designar).

No princípio dos tempos, quando o homem começou a refletir, surgiu-

lhe automaticamente a necessidade de explicar o mundo. As explicações que o

homem primitivo dava aos fatos eram repletas de fantasias e crenças, sem bases

racionais (ilusões). Foram essas explicações fantásticas da realidade que deram

origem aos mitos. Os mitos explicavam o desconhecido com base na experiência

particular de cada comunidade (CHAUÍ, 2005).

(22)

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

Na sua acepção original, mito é a narrativa tradicional, integrante da cultura de um povo, que utiliza elementos simbólicos e sobrenaturais para explicar o mundo e dar sentido à vida humana. Conforme Eliade (1972, p. 11) “O mito conta uma história sagrada: ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial [...]. O mito narra como, graças às façanhas dos entes sobre naturais, uma realidade passou a existir [...]”.

Percebemos que os seres humanos, desde os seus primórdios, utilizaram muita “criatividade” para explicar os seus acontecimentos diários, como, por exemplo, suas caçadas; a queda de um raio; o nascimento de uma criação; a morte de um familiar etc.

Aprenda mais sobre mitologia em:

• https://www.infoescola.com/mitologia/o-que-e-mitologia/.

DICAS

Os mitos assumem em praticamente todos os povos da antiguidade — assírios, babilônicos, chineses, indianos, persas, egípcios e hebreus — o importante papel de tornar a realidade inteligível ao homem.

O recurso às explicações mitológicas, portanto, não aparece como uma opção, mas sim como uma necessidade de povos que se deparam todos os dias com acontecimentos para os quais não encontram outras explicações se não as forças de criaturas com poderes sobrenaturais.

Esta criatividade já estava registrada desde a Pré-História (antes do surgimento da escrita) na chamada Arte Rupestre — nome da mais antiga representação artística da história do homem.

Os mais antigos indícios dessa arte são datados no período Paleolítico Superior (40.000 a.C.), e consistiam em pinturas e desenhos gravados em paredes e tetos das cavernas. Isso demonstra que o homem pré-histórico já sentia a necessidade de expressão através das artes, algo inerente ao ser humano.

As representações feitas nas cavernas eram de grandes animais selvagens,

na tentativa de tentar reproduzir as caçadas da forma mais real possível.

(23)

TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

FIGURA 5 - PINTURA EXISTENTE NO COMPLEXO DE CAVERNAS LASCAUX – FRANÇA

FONTE: <https://cultura.culturamix.com/blog/wp-content/gallery/pinturas-de-lascaux-4/Pintu- ras-de-Lascaux-11.jpg>. Acesso em: 22 jun. 2020.

Já no período denominado História Antiga, após o surgimento da escrita, podemos identificar diferentes tipos de mitologias, como a mitologia grega que iremos estudar na próxima seção.

4.1.1 Mitologia grega

Ao escutarmos a palavra "mitologia" quase automaticamente a associamos à palavra "grega". De fato, a mitologia grega ganhou destaque sobre a mitologia de vários outros povos pela própria influência que a civilização e o pensamento grego exerceram sobre o mundo, em particular sobre o Ocidente (PESQUISAR ESCOLA, 2019).

Três obras podem ser consideradas fontes básicas para o conhecimento da mitologia grega: a "Teogonia", de Hesíodo (século IX a.C.) e "Ilíada" e "Odisseia", de Homero (Século VIII a.C.). No quadro 4, a seguir, temos algumas informações dessas obras.

O homem pré-histórico usava ossos de animais, cerâmicas e pedras como

pincéis, além de fabricar suas próprias tinturas por meio de folhas de árvores,

sangue de animais e excrementos humanos (PINTO, 2018).

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UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

QUADRO 4 – TEOGONIA, ILÍADA E ODISSEIA

FONTE: <http://estudosliterariosculturaafinsppgl.blogspot.com/2012/10/teogonia-iliada-e- odisseia.html>. Acesso em: 21 nov. 2019.

Teogonia

"Teogonia", de Hesíodo, narra a origem dos deuses (theos, em grego, significa deus), no qual o narrador é o próprio poeta. É um poema mitológico em 1022 versos hexâmetros (seis pés métricos iguais por verso). O poema se constitui da descrição da origem do mundo, a partir dos mitos dos gregos, que se desenvolve com geração sucessiva dos deuses e na parte final, com o envolvimento destes com os homens originando assim os heróis.

Ilíada

líada, assim como Odisseia foi escrita por Homero, poeta épico grego. Essas duas obras são decorrentes do contexto de evolução da Grécia Antiga. Em Ilíada é descrito um estágio mais primitivo da sociedade. Homero conta a Guerra de Troia, mostrando sua tomada pelos gregos. O poema concentra-se na figura do herói “Aquiles”, que se negou a combater os troianos devido a sua cólera contra Agamenon que lhe roubou a escrava Briseida.

Odisseia

Odisseia descreve um momento mais estável e pacífico repleto de sucessos legendários.

Nessa obra, Homero ilustra o retorno do guerreiro Odisseu (Ulisses) ao seu reino na ilha grega de Ítaca. Ela pode ser dividida em três temas fundamentais: a viagem de Telêmaco; as viagens de Ulisses; e o massacre dos pretendentes da esposa de Ulisses, Penélope.

FONTE: <http://twixar.me/qWFm>.

Acesso em: 21 nov. 2019.

FONTE: <http://twixar.me/nZFm>.

Acesso em: 21 nov. 2019.

FONTE: <http://twixar.me/TZFm>.

Acesso em: 21 nov. 2019.

(25)

TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

Sugestões de filmes que apresentam contextos mitológicos:

• Troia, 2004. Direção: Wolfgang Petersen.

• Helena de Troia, 2004. Direção: John Kent Harrison.

DICAS

Além de Teogonia, Ilíada e Odisseia, temos outra importante obra da mitologia grega: o Mito de Prometeu. Há várias versões sobre o Mito de Prometeu, herói da mitologia grega, nelas ele era considerado um Titã, que, em defesa da humanidade, enganou Zeus roubando-lhe o fogo e a esperança. Assim, Prometeu cria um novo destino para a humanidade. A partir do roubo do fogo divino, ele permite que a existência dos homens seja inteligente e proativa, e deu o pensamento aos homens, uma vez que faziam tudo sem razão, revelando, assim, como surgiu a sabedoria humana (SANTOS, 2015).

FIGURA 6 - PROMETEU COM O FOGO DIVINO. PINTURA DE HEINRICH FUEGER (1817)

FONTE: <http://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2009/08/prometeu-245x350.jpg>.

Acesso em: 17 jun. 2020.

Quer conhecer outras mitologias? Acesse:

• https://brasilescola.uol.com.br/mitologia/.

DICAS

(26)

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

4.2 SENSO COMUM

O senso comum é o modo de pensar, noções admitidas no cotidiano, soma de saberes formado a partir de hábitos, costumes, crenças criadas pelos indivíduos. Na epistemologia, o termo senso comum é utilizado para explicar as interpretações feitas pelos indivíduos a partir de experiências e vivências da realidade que os circundam sem provas científicas, ou estudos anteriores (BEZERRA, 2019).

Ele é transmitido de geração em geração, sendo considerado como uma herança cultural. Em termos gerais é um saber que não possui como base os métodos científicos, nos quais o homem tem como alicerce ações do cotidiano para explicar a realidade em que vive. Sua principal característica é a subjetividade, individualidade que reflete sentimentos e opiniões construídos por um grupo de indivíduos que interagem entre si, podendo variar de pessoa para pessoa e de grupo para grupo (BEZERRA, 2019).

O filósofo norte-americano, John Dewey, procura refletir sobre o que é senso comum afirmando:

[...] visto que os problemas e as indagações em torno do senso comum dizem respeito às interações entre os seres vivos e o ambiente, com o fim de realizar objetos de uso e de fruição, os símbolos empregados são determinados pela cultura corrente de um grupo social. Eles formam um sistema, mas trata-se de um sistema de caráter mais prático que intelectual. Esse sistema é constituído por tradições, profissões, técnicas, interesses e instituições estabelecidas no grupo.

As significações que o compõem são efeito da linguagem cotidiana comum, com a qual os membros do grupo se intercomunicam (DEWEY, 1949, p. 170 apud MENEGHETTI, 2007, p. 5).

A exemplificação que ajuda a definir o senso comum são os ditados populares descritos por Olivieri (2010, s.p.):

"Cada cabeça, uma sentença."

"Quem desdenha quer comprar."

"Quem ri por último ri melhor."

"A pressa é a inimiga da perfeição."

"Se conselho fosse bom, não era dado de graça."

O senso comum é o conhecimento adquirido com base em experiências vividas e crenças, que, muitas vezes, não são verdadeiras.

ATENCAO

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TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

4.3 FILOSOFIA

Philos significa amizade, Sophia sabedoria, logo, filosofia é definida como amiga da sabedoria. Ela é um tipo de conhecimento que está em constante transformação. Surge da relação do homem com seu dia a dia, porém está relacionada ao estudo de problemas relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e à mente humana (SCHMAELTER, 2018).

O conhecimento filosófico é um conhecimento que tem como objetivo a identificação e elaboração de problemas. Em outras palavras, ela utiliza o questionamento e o pensamento como base.

É um conhecimento do dia a dia, mas se preocupa em questionar o relacionamento do indivíduo com o meio em que está inserido, fornecendo respostas para questões já identificadas e criando novos questionamentos (PORTAL EDUCAÇÃO, 2019).

A cada período da história, Porfírio (2019) identificou definições distintas, mas que se complementam, cada qual ao seu modo. Vamos ver, a seguir, algumas definições de acordo com Porfírio (2019).

QUADRO 5 - DEFINIÇÕES

FONTE: Adaptado de Porfírio (2019) Período da história Definição

Gregos pré-socráticos

Uma maneira racional de se investigar a origem do universo por meio da formulação de teorias contrárias, muitas vezes, às afirmações dos mitos. Para Sócrates, a filosofia seria um olhar para dentro de si e uma forma de extrair as ideias verdadeiras sobre aquilo que o próprio ser humano desenvolveu mediante a criação das sociedades.

Helenistas A filosofia era uma espécie de prática de vida para alcançar a plenitude e a felicidade.

Medievais Estaria submetida à teologia e a sabedoria infinita de Deus teria dado ao ser humano a possibilidade do conhecimento racional.

Modernos Voltaram-se para a questão do conhecimento e da ciência, além da política e da ética, desenvolvendo um pensamento que resgatava certas características dos gregos, mas as aprimorava.

Contemporaneidade A Filosofia abraçou novos problemas, característicos de nossa época, para desenvolver novos problemas e novos conceitos sobre eles.

Platão, enfatiza que a filosofia possibilita o uso do saber a favor do

homem, implicando a construção de um conhecimento válido e amplo a seu

favor (PASSEIWEB, 2010). Assim, Platão (427-348 a.C.) constrói a primeira grande

teoria filosófica de que se tem notícia. Sua obra mais famosa é A República, na

qual podemos encontrar discutidas questões acerca da justiça, da educação,

da organização da sociedade, do governo, da ciência, da verdade e do método

adequado à filosofia (GOMES, 2010).

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UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

FIGURA 7 – ESCOLA DE ATENAS, ACADEMIA DE PLATÃO. PINTURA DE RAFAEL SANZIO (1510)

FONTE: <https://www.infoescola.com/educacao/academia-de-platao/>. Acesso em: 17 jun. 2020.

Em sua obra A República, Platão faz a relação entre o conhecimento válido e a política. De acordo com Platão, teremos uma sociedade mais justa se os cidadãos tiverem acesso ao conhecimento por meio da educação. Tal afirmação está escrita no capítulo VII de A República no qual está descrito o “Mito da Caverna”. No texto do Mito da Caverna, há um diálogo realizado entre Sócrates e Glauco. O texto visa apresentar ao leitor a teoria platônica sobre o conhecimento da, até então, “verdade” e a necessidade de que o governante da cidade tenha acesso a esse conhecimento (PORFÍRIO, 2015).

Filmes para compreender a filosofia de Platão:

• Edward mãos de tesoura,1990. Diretor: Tim Burton.

• O dia da besta, 1995. Diretor: Alex de la Iglesia.

• O show de Truman – o show da vida, 1998. Direção: Peter Weir.

• Matrix, 1999. Direção: Lana e Lilly Wachowsky.

DICAS

Com base na importância da obra de Platão (Mito da Caverna), iremos

estudá-la na próxima seção. Mas, antes, vamos complementar nosso conhecimento

adquirido até aqui, e analisar o que alguns filósofos dizem sobre filosofia.

(29)

TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

O que alguns filósofos dizem sobre o que é a Filosofia

Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.): “A admiração sempre foi, antes como agora, a causa pela qual os homens começaram a filosofar: a princípio, surpreendiam-se com as dificuldades mais comuns; depois, avançando passo a passo, tentavam explicar fenômenos maiores, como, por exemplo, as fases da lua, o curso do sol e dos astros e, finalmente, a formação do universo. Procurar uma explicação e admirar-se é reconhecer-se ignorante”.

Epicuro (341 a.C. – 270 a.C.): “Nunca se protele o filosofar quando se é jovem, nem o canse fazê-lo quando se é velho, pois que ninguém é jamais pouco maduro nem demasiado maduro para conquistar a saúde da alma. E quem diz que a hora de filosofar ainda não chegou ou já passou assemelha-se ao que diz que ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz”.

Edmund Husserl (1859-1938): “O que pretendo sob o título de filosofia, como fim e campo de minhas elaborações, sei-o naturalmente. E, contudo, não o sei...

Qual o pensador para quem, na sua vida de filósofo, a filosofia deixou de ser um enigma?”

Friedrich Nietzsche (1844-1900): “Um filósofo: é um homem que experimenta, vê, ouve, suspeita, espera e sonha constantemente coisas extraordinárias; que é atingido pelos próprios pensamentos como se eles viessem de fora, de cima e de baixo, como por uma espécie de acontecimentos e de faíscas de que só ele pode ser alvo; que é talvez, ele próprio, uma trovoada prenhe de relâmpagos novos; um homem fatal, em torno do qual sempre tomba e rola e rebenta e se passam coisas inquietantes” (Para além do bem e do mal, p. 207).

Kant (1724-1804): “Não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar”.

Ludwig Wittgenstein (1889-1951): “Qual o seu objetivo em filosofia? – Mostrar à mosca a saída do vidro”.

Maurice Merleau-Ponty (1908-1961): “A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo”.

Gilles Deleuze (1925-1996) e Félix Guattari (1930-1993): “A filosofia é a arte de formar, de inventar, de fabricar conceitos... O filósofo é o amigo do conceito, ele é conceito em potência... Criar conceitos sempre novos é o objeto da filosofia”.

Karl Jaspers (1883-1969): “ As perguntas em filosofia são mais essenciais que as

respostas e cada resposta transforma-se numa nova pergunta” (Introdução ao

pensamento filosófico, p. 140).

(30)

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

García Morente (1886-1942): “Para abordar a filosofia, para entrar no território da filosofia, é absolutamente indispensável uma primeira disposição de ânimo.

É absolutamente indispensável que o aspirante a filósofo sinta a necessidade de levar seu estudo com uma disposição infantil. […] Aquele para quem tudo resulta muito natural, para quem tudo resulta muito fácil de entender, para quem tudo resulta muito óbvio, nunca poderá ser filósofo” (Fundamentos de filosofia, p. 33-34).

FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/>. Acesso em: 15 dez. 2019.

4.3.1 O Mito da Caverna

O Mito da Caverna, ou Alegoria da Caverna, é uma história narrada por Platão. A história relata um diálogo entre o personagem principal Sócrates e o interlocutor Glauco. Ela consiste em comparações entre uma caverna com prisioneiros presos desde a infância, que nunca conheceram o mundo real, e a

“verdade” que havia fora da caverna (PORFÍRIO, 2015).

Em seu resumo, Sócrates fala para Glauco imaginar a existência de uma caverna onde prisioneiros vivessem desde a infância, acorrentados na parede. Na caverna havia a interação apenas entre os prisioneiros, que viviam à luz de uma fogueira, e à existência de algumas sombras. Um dia um prisioneiro conseguiu sair da caverna. Ao sair, ele percebe que as sombras eram apenas ilusão de ótica, cópias imperfeitas do que, para ele, era a realidade (PORFÍRIO, 2015).

FIGURA 8 – REPRESENTAÇÃO MITO DA CAVERNA

FONTE: <https://escolaeducacao.com.br/wp-content/uploads/2019/12/mito-da-caverna.jpg>.

Acesso em: 22 jun. 2020.

Quando sai da caverna ele tem um susto ao deparar-se com o mundo

exterior. Com dificuldade de enxergar, aos poucos, sua visão acostuma-se com

a luz e ele começa a perceber o mundo que existe fora da caverna. O prisioneiro

liberto, após conhecer o mundo real, volta para avisar seus companheiros, quando

sofre ataques e é julgado como louco, em que seus companheiros preferem ficar

presos à caverna do que conhecer a realidade (PORFÍRIO, 2015).

(31)

TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

O antro subterrâneo é o mundo visível. O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à região superior e a contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que o queres saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é verdadeiro.

Quanto a mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo inteligível está a ideia do bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas que, conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora da luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos negócios particulares e públicos (CHAUÍ, 2005, p. 9).

Assim, nessa narrativa, Platão aborda os graus de conhecimento, em que há modos de conhecer, de saber, mais adequado para se pensar em um governante capaz de fazer política com sabedoria e justiça (PORFÍRIO, 2015). Mas, e nos dias atuais? Ainda vivemos em cavernas sem enxergar a realidade?

O MITO DA CAVERNA NOS DIAS ATUAIS

A atualidade deste texto de Platão, escrito há mais de 2.500, pode ser comprovada através do filme Matrix de 1999. No filme, o personagem Neo Anderson, um hacker de computador que, por meio de invasões pela internet, descobre a existência de um estranho programa na rede, a Matrix. Após suas descobertas, Neo é procurado por um grupo de pessoas que se dizem hackers e afirmam saber de uma verdade que a maioria não sabe, deixando a critério do protagonista: optar por conhecer a verdade e mudar sua vida para sempre ou continuar sendo enganado pela Matrix e esquecer todas as suas descobertas.

FONTE: <https://s1.static.brasilescola.uol.com.br/be/conteudo/images/escolha-pilula-vermelha- -em-matrix-se-assemelha-ao-movimento-saida-caverna-ou-seja-libertacao-5b488467d8467.jpg>.

Acesso em: 17 jun. 2020.

Neo Anderson decide então conhecer a verdade.

Realizando uma comparação, Neo Anderson é a figura do escravo que

consegue se libertar da caverna. Esse escravo liberto da caverna representa o

filósofo. O filósofo é quem consegue se livrar da prisão que mantém os homens

escravos da percepção, dos sentidos, e que por eles são enganados.

(32)

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

Libertar-se da caverna significa, em uma linguagem platônica, acessar o famoso mundo das ideias, que seria um lugar onde os homens estariam livres dos enganos, mantendo-se em contato, por meio do pensamento, com as essências puras das coisas do mundo.

Para Platão, o conhecimento verdadeiro advém das ideias puras e do intelecto. Todo conhecimento advindo das sensações do corpo é enganoso.

Neo, assim como o escravo liberto, descobre haver uma realidade totalmente diferente daquela em que acreditamos. No filme, o responsável pelo nosso engano é o software Matrix.

FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/mito-caverna-matrix.htm>. Acesso em: 4 jan. 2020.

A professora Marilene Chauí, do departamento de Filosofia da USP, escreveu um excelente texto didático explorando as relações do filme Matrix com o diálogo de Platão.

Este texto está publicado no início do livro Convite à Filosofia (CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1995).

DICAS

4.3.2 Conceitos de Platão e Aristóteles para a construção do conhecimento

Após a morte de Platão, seu discípulo Aristóteles continuou o

desenvolvimento do pensamento filosófico através da Lógica. Aristóteles (384-

322 a.C.) foi aluno de Platão na Academia. Apesar de ter passado quase 20 anos

próximo ao mestre, sentiu-se à vontade para criticá-lo em muitos pontos de

sua doutrina, iniciando uma nova tradição. O principal ponto de discordância,

a partir do qual todos os outros passaram a surgir, é em relação à postulação

do mundo das ideias. Segundo Aristóteles, não existe tal mundo separado do

mundo material. As ideias inatas, que seriam as únicas verdadeiras, são também

combatidas, e Aristóteles afirma a experiência como base da formação de nossas

ideias (LOBO, 2013).

(33)

TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

FIGURA 9 – PLATÃO E ARISTÓTELES – PINTURA DE RAFAEL

FONTE: <https://i.em.com.br/HbkC82RceglnU-Dn09wOE7eIzbw=/675x0/smart/imgsapp.em.

com.br/app/noticia_127983242361/2016/08/12/793593/20160812171928660506o.jpg>.

Acesso em: 22 jun. 2020.

A preocupação de Aristóteles estava em como obter o conhecimento válido a partir da experiência (empirismo) da realidade. A importância de Platão e Aristóteles para o desenvolvimento do conhecimento na sociedade ocidental é inquestionável. Por exemplo, na tradição filosófica iniciada por Platão e Aristóteles, introduziu-se o conceito substância entendido como o gênero supremo de todas as coisas (LOBO, 2013).

No século III d.C., o filósofo neoplatônico Porfírio (233-305 d.C.) apresentou seu próprio modelo explicativo. Nele é detalhada uma classificação sobre as substâncias, ficando tal modelo conhecido como a Árvore de Porfírio.

Fica conhecida por esse nome devido sua estrutura se assemelhar a forma de árvore onde tudo o que existe é concebido de maneira gradual, ou seja, da substância mais geral para a mais particular (CONCEITOS, 2019).

Esse modelo irá servir como método de classificação para as ciências

naturais, na forma que chamamos hoje de Mapas Mentais.

(34)

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

FIGURA 10 – ÁRVORE DE PORFÍRIO

FONTE: Adaptado de Conceitos (2019)

Depois de Aristóteles, teremos a expansão da filosofia grega para todo o mundo antigo graças às conquistas de Alexandre Magno. Este período histórico é denominado de Helenismo. Com a conquista da Grécia pelo exército de Filipe, e o posterior domínio de seu filho, Alexandre, a antiga unidade política das cidades- estados deixou de existir (LOBO, 2013).

A autonomia, que antes caracterizava a vida de cada uma das comunidades políticas cedeu espaço para o império de Alexandre. O efeito disso foi o surgimento de várias escolas que tentaram teorizar a vida dos homens a partir dessa nova realidade.

Na sequência, teremos o surgimento do Império Romano que irá absorver

a filosofia grega e incorporar ao que chamamos de filosofia latina.

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TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

Algumas sugestões de filmes e séries interessantes sobre esse período:

• Filmes: Gladiador, 2000. Direção de Ridley Scott; e Alexandre, 2005. Direção de Oliver Stone.

• Série: ROMA, 2005 – 2 temporadas.

DICAS

O pensamento filosófico greco-latino perdurou até o fim do Império Romano em 476 d.C., com o surgimento de uma nova forma de conhecimento: a Teologia.

4.4 TEOLOGIA

O nascimento de Jesus Cristo, durante o Império Romano, aponta o início de uma transformação social, política, religiosa e epistemológica na sociedade ocidental. A mensagem cristã, transmitida pelos seus discípulos, após sua morte, e espalhada pelo mundo greco-latino, traz novidades na forma de compreensão do mundo e da vida em sociedade:

Vida após a morte, a ideia do perdão, a adesão a não violência, a ideia de igualdade –

“todos somos filhos de Deus”.

Todas essas ideias produziram uma revolução dentro do Império

Romano. No entanto, do ponto de vista da epistemologia, os pensadores cristãos

enfrentaram um outro problema fundamental: os filósofos já tinham provado

que um conhecimento somente baseado em crenças não era válido. Dessa forma,

os pensadores cristãos tiveram que desenvolver uma nova forma de pensar que

pode validar a fé cristã: a Teologia. Com isso temos um novo período histórico, a

Idade Média, que será marcada pelo poder da Igreja com um conhecimento que

tem como ideia central “Deus” (Teocentrismo) (CHAUÍ, 2005).

(36)

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

FIGURA 11 - A ASCENSÃO DE CRISTO – PINTURA DE JOHN SINGLETON COPLEY

FONTE: <https://images.freeart.com/comp/art-print/fan16225811/ascension.jpg?units=- cm&pw=20.3&ph=20.3&fit=True>. Acesso em: 22 jun. 2020.

O conhecimento teológico cristão teve como base a tentativa da conciliação entre Fé e Razão – Fides et Ratio. Provar as verdades da fé com as certezas da razão, ou seja, a teologia cristã não enfrentou a filosofia greco-latina, mas sim procurou trazê-la para o seu interior (CHAUÍ, 2005).

Os principais filósofos cristãos que fundamentaram o conhecimento teológico são: Santo Agostinho (354-430 d.C.) e São Tomás de Aquino (1225-1274).

Ambos, por meio da difusão das obras de Platão e Aristóteles cristianizaram a filosofia greco-latina. A frase de Santo Agostinho — “Crer para compreender, compreender para crer” — representa este período, quanto mais tenho fé, mais posso compreender o mundo e vice-versa.

O período histórico da Idade Média, que abrange desde 476 a.C. até 1453 d.C. com a queda de Constantinopla, representa também o fim do poder da Igreja. Com o Renascimento, o Mercantilismo, as Grandes Navegações, a Reforma Protestante, e a expansão do Islamismo, consolida-se um processo de separação do que a Idade Média unira: a Razão separa-se da Fé; a Natureza e o Homem, de Deus; o Estado, da Igreja.

Temos o advento do Antropocentrismo como filosofia dominante, ou

seja, o homem como centro das discussões filosóficas e políticas em oposição ao

Teocentrismo. Configura-se, assim, o período da Idade Moderna, ou Modernidade

com um novo tipo de conhecimento: a CIÊNCIA MODERNA (CHAUÍ, 2005).

(37)

TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

Dica de filmes:

• Período da Reforma protestante: Lutero, 2003. Direção: Eric Till.

• Sobre a expansão do Islamismo: Cruzada, 2005. Direção: Ridley Scott.

DICAS

4.5 CIÊNCIA E TECNOLOGIA – SUAS COMPLEXIDADES

Augusto Comte, filósofo francês do século XIX, fundador de uma corrente filosófica chamada Positivismo, defende que a evolução da espécie humana se deu em três fases: a mítica (religiosa), a filosófica (metafísica) e a científica (PORFÍRIO, 2012).

FIGURA 12 – FASES DA EVOLUÇÃO DA ESPÉCIE HUMANA

FONTE: Adaptado de Porfírio (2012) Científica

Mítica Filosófica

Evolução espécie humana

A fase científica foi o ápice do desenvolvimento humano. Essa etapa não só é considerada superior às outras, como também seria a única válida para se chegar à verdade. Segundo os positivistas, a ciência é o único conhecimento válido para compreender o sujeito, a natureza e a sociedade. Em suma, só a ciência pode nos ajudar a entender a nossa realidade.

Mas, então, o que seria o conhecimento científico?

(38)

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

A palavra scire significa, em latim, saber [...]. O conceito de scientia, portanto, apenas podia ser atribuível a um determinado tipo de conhecimento: ao que possuía o saber correto, diferente de outros pretensos conhecimentos que não o possuíam, que não podiam ser scientia. Como havia vários conhecimentos, um poderia ser o correto e os outros não. Havia assim, a necessidade de se descobrir algum meio ou algum critério que distinguisse o correto do não correto, isto é a ciência da não ciência (KÖCHE, 1997, p. 67).

Segundo Chauí (2000, p. 220), “a ciência é o conhecimento que resulta de um trabalho racional, baseado em pesquisas, investigações metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade”.

Por sua vez, para Cupani (2014, p. 1):

a “Ciência” é, como muitas palavras, uma expressão ambígua, podendo significar conforme os contextos, uma atividade social, endereçada à produção de certo tipo de conhecimento, ou bem o conhecimento por ela produzido. “Ciência” designa também uma entidade que muda, como tudo quanto existe, evoluindo de uma maneira específica decorrente do objetivo que lhe é próprio, porém não apenas dele, pois está sujeita às condições em que existe (uma das quais é hoje, precisamente, a tecnologia).

Além disso, o autor enfatiza que:

“Ciência” é, além do mais, o nome de uma instituição social (análoga ao Direito, a Religião, a Educação), que é muito prestigiada em nossa época e cultura, mas não em todas (povos e épocas houve e há em que a sociedade é indiferente à ciência ou hostil a ela). Por fim, “ciência”

pode referir-se a determinada atitude perante a realidade, diferente de outras atitudes, como a técnica, a religiosa ou a artística (o cientista busca conhecer, não modificar a realidade, reverenciá-la ou exprimir as vivências que ela lhe suscita). Essas diversas acepções de “ciência”

estão obviamente intervinculadas (CUPANI, 2014, p. 2).

Se você se interessou e quer saber mais sobre Positivismo, acesse:

• https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/positivismo.

DICAS

(39)

TÓPICO 1 — O CONHECIMENTO HUMANO E SUA EPISTEMOLOGIA

A história da ciência está atrelada à tecnologia, portanto, o avanço tecnológico marcou e interferiu no avanço do conhecimento científico. No Quadro 6, a seguir, poderemos evidenciar a evolução do conhecimento até chegarmos à Idade Moderna, em que a ciência e tecnologia se tornam as únicas bases para a construção do conhecimento.

QUADRO 6 - PERÍODOS HISTÓRICOS DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA PERÍODOS

HISTÓRICOS

IDADE ANTIGA (SÉCULO V a.C. – IV

d.C.)

IDADE MÉDIA (SÉCULO V d.C. – XVI

d.C.)

IDADE MODERNA (SÉCULO XVI d.C. – XX

d.C.) Ideia Básica

(razão última)

PHYSIS (razão da natureza).

Agir é contemplação.

Valem princípios.

DEUS (razão de Deus).

Agir é contemplação.

Valem princípios.

HOMEM (razão do homem).

Natureza a dominar.

Agir é fabricação.

Prevalecem resultados.

Ser humano Servo da natureza.

Livre e escravo.

Servo de Deus.

Igualdade entre si e irmãos da natureza.

Senhor de si (eu sou), da natureza e de Deus.

Livres e iguais pela razão.

Verdade Adequação do sujeito ao objeto.

Objetivismo.

Adequação do sujeito ao objeto.

Objetivismo.

Construção (Kant) ou representação.

Subjetivismo.

Saber mais importante

Mito e Filosofia.

Contemplação da natureza – Ócio.

Teologia. Contemplação de Deus – Fé.

Ciência e tecnologia.

Produção humana.

Fruto do trabalho.

Trabalho Atividade de escravos

(negativo). Castigo devido ao pecado (negativo).

Ação autocriadora, homem – senhor de si e

da natureza (positivo).

Política e ética Atividade natural – só na Pólis se realiza a ética.

Cidade dos homens, separação entre política

e moral.

Política = mal.

Atividade artificial, mal necessário (e passageiro).

Separação entre ética e política.

História Fisiológica.

Eterno retorno do mesmo.

Teológica.

Início e fim em/com Deus.

Antropológica.

Início com homem.

Progresso (processo).

FONTE: Asmann (2008, p. 53)

Conforme evidenciado no Quadro 6, na Idade Moderna, o saber mais importante torna-se a Ciência e Tecnologia, frutos do trabalho e produção humana.

Com o desenvolvimento científico e tecnológico ocorre a Revolução Industrial e o homem deixa de depender dos caprichos da natureza. Antes, a produção rural dependia das estações do ano, das tempestades, suas estiagens, seu tempo cíclico.

Com a indústria, ao contrário, o homem introduz uma jornada linear de produção,

em processo executado pelos trabalhadores e completado com o produto vendido

aos consumidores. Neste período, que marca a transição da Idade Média para a

(40)

UNIDADE 1 — O FUNCIONAMENTO DA MENTE

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CHAMADA

Idade Moderna, há uma migração da área rural para a área urbana, impondo o crescimento das cidades. Na Modernidade, o trabalhador rural transforma-se em trabalhador urbano, com um novo processo de socialização do trabalho dado pelo desenvolvimento industrial (CUNHA, 2005).

O trabalhador recebe não mais na forma de produtos de sobrevivência,

mas na forma de salário. Ampliam-se as opções de trabalho e a liberdade de ação

do indivíduo. Assim, com a Revolução Industrial e o surgimento da burguesia, e,

posteriormente, amparado nos ideais da Revolução Francesa que, entre outros,

pressupunham a liberdade individual e inclusive o direito à propriedade, consolida-

se o sistema capitalista, o qual dissolve os laços que prendiam os trabalhadores aos

limites previamente definidos pela ordem feudal (CUNHA, 2005).

Referências

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