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Rev. Assoc. Med. Bras. vol.55 número2

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Academic year: 2018

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No decorrer do internato de graduação, durante o estágio de cirurgia, frequentei as atividades desenvolvidas pela disciplina de urologia. Além do acompanhamento ambulatorial e nas cirurgias, tinha a responsabilidade de evoluir e prescrever os pacientes da enfermaria com auxílio dos residentes.

Ademais, havia reuniões clínicas do departamento em que todos os professores, discentes e residentes se encontravam para discutir os principais casos da semana. Era dever dos acadêm icos preparar os casos a serem apresentados na reunião. Na véspera de um desses encontros, apressado, exam inei os dois pacientes acam ados sobre os leitos de m inha tutela, pensando no tempo que sobraria naquela manhã para estudar e me preparar para os concursos de residência médica que enfrentaria no final do ano.

Ao término, após me despedir dos enfermos, dirigi-me em direção à porta, quando escuto um chamado que me descon-tentou naquele instante de pressa, pois não queria perder mais tempo algum, gostaria de estudar antes do início da reunião clínica: “ Doutor, o senhor pode vir aqui me ver também?” , indagou o paciente que estava no último leito daquele quarto. Aproximei-me dele com certo ar de descaso, e disse que eu não era o médico responsável por aquele leito. Pedi para que tivesse paciência, pois certamente outro passaria para examiná-lo.

Nesse momento, o paciente atirou sobre mim um olhar de tristeza, abaixou a cabeça e disse em tom de desabafo: “ Eu só quero saber se minha doença voltou, se vou viver!” . Após uma pequena pausa, acrescentou: “ Faz dez dias que estou internado aqui. Nenhum médico veio me falar o que realmente tenho. Disseram-me apenas que eu precisava fazer uma cirurgia para ver se minha doença tinha voltado. Não agüento mais esta angústia.”

Sua reação me causou espanto, senti-me envergonhado por não lhe ter dado atenção no início. Pedi que aguardasse um instante que já voltaríamos a nos falar.

Consultei o prontuário do paciente para me interar do caso. Há quatro anos havia sido submetido a uma penectomia parcial por carcinoma verrugoso e, em segmento ambulatorial, foi constatada a presença de três linfonodos em região inguinal à direita. Levantou-se a hipótese de metástase e foi internado para realização de inguinotomia à direita e à esquerda com dissecação dos linfonodos das superfícies da região ínguino-fem oral. Exam es anatom opatológicos pré e pós-operatórios negativos para células m alignas. N ão havia recebido alta hospitalar por complicações na ferida operatória.

Encontrei novamente o paciente. Disse para que ficasse tranqüilo, expliquei que a doença não havia voltado e que ainda estava internado por conta de complicações na ferida operató-ria. Provavelmente, na próxima semana estaria em casa. Ele escutou todas as minhas palavras com muita atenção e, ao final, segurou minhas mãos e disse com os olhos cheios de lágrimas: “ Esta é a notícia mais feliz que já recebi em toda minha vida. M uito obrigado. O senhor não imagina o sofrimen-to que passei durante esses dias” .

Fui embora do hospital, agora, sem a mesma pressa do início da manhã, pensando sobre o ocorrido. Após horas de reflexão, realmente compreendi o que muitos de meus profes-sores tentaram me ensinar, mas que até aquele momento não havia entendido completamente: na medicina, mais importante que a doença, é o cuidar do doente.

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Acadêmico da Faculdade de Ciências M édicas de Sorocaba -Centro de Ciências M édicas e Biológicas - Pontifícia Universi-dade Católica de São Paulo (PUCSP). - Acadêmico da Faculda-de Faculda-de Ciências M édicas Faculda-de Sorocaba - Centro Faculda-de Ciências M édicas e Biológicas - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). São Paulo, SP, Brasil

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