• Nenhum resultado encontrado

Rev. Assoc. Med. Bras. vol.55 número2

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Rev. Assoc. Med. Bras. vol.55 número2"

Copied!
2
0
0

Texto

(1)

97

Rev Assoc M ed B ras 2 0 0 9 ; 5 5 ( 2 ) : 9 5 - 1 0 7

F armacol ogi a F armacol ogi a F armacol ogi a F armacol ogi a F armacol ogi a

ENSAIOS

ENSAIOS

ENSAIOS

ENSAIOS

ENSAIOS

CLÍNICOS

CLÍNICOS

CLÍNICOS

CLÍNICOS

CLÍNICOS

DE

DE

DE

DE

DE

NÃO

NÃO

NÃO

NÃO

NÃO

---INFERIORIDADE

INFERIORIDADE

INFERIORIDADE

INFERIORIDADE

INFERIORIDADE

E

E

E

E

E

DE

DE

DE

DE

DE

EQUIVALÊNCIA

EQUIVALÊNCIA

EQUIVALÊNCIA

EQUIVALÊNCIA

EQUIVALÊNCIA

NÃO

NÃO

NÃO

NÃO

NÃO

SÃO

SÃO

SÃO

SÃO

SÃO

É T I CO S

É T I CO S

É T I CO S

É T I CO S

É T I CO S

??

?

?

?

Um artigo bastante provocador foi publicado em dezembro

de 2 0 0 7 no Lancet por dois italianos, Garattini e Bertele1.

Naquele artigo, os autores, que usam exemplos de ensaios clínicos com medicamentos inovadores, argumentam que en-saios clínicos de não-inferioridade não são éticos e não deveriam ser permitidos. Segundo eles, quaisquer questões de relevância prática para os pacientes têm que ser respondidas com ensaios de superioridade, ensaios clínicos de não-inferioridade não têm justificativa ética, já que não oferecem quaisquer possibilidades de vantagens para pacientes presentes e futuros, e os patrocina-dores de tais ensaios desconsideram os interesses dos pacientes em favor dos comerciais. Ainda de acordo com eles as mesmas considerações éticas seriam aplicáveis aos estudos de

equiva-lência. Num número subseqüente, o Lancet publicou quatro

cartas ao editor discordando dos autores por diversos m otivos, e uma carta de resposta de Garattini e Bertele. Os principais contra-argumentos às idéias dos italianos foram de que num mundo de recursos ilimitados estudos de não-inferioridade são

éticos se o novo tratamento for mais barato2, que tal abordagem

metodológica é a única possível para situações como a de

tratamentos de curta duração para a tuberculose3, e de que os

autores teriam confundido o delineamento “ não-inferiordidade”

com erros de investigadores na sua execução4.

P

P

P

(2)

98

Rev Assoc M ed B ras 2 0 0 9 ; 5 5 ( 2 ) : 9 5 - 1 0 7

P

P

P

P

P

anor ama I nt er naci onal

anor ama I nt er naci onal

anor ama I nt er naci onal

anor ama I nt er naci onal

anor ama I nt er naci onal

C om e n t á r i o C om e n t á r i o C om e n t á r i o C om e n t á r i o C om e n t á r i o

Ensaios clínicos são indispensáveis para fornecer evidên-cias de que um m edicam ento funciona e é seguro. Todo m edicam ento a ser introduzido no m ercado nos dias de hoje tem que obter um registro - o que no caso do Brasil é função da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) -, e este não é concedido sem que sejam antes analisados os ensaios clínicos realizados com ele. Isso vale para qualquer m edica-m ento, seja ele uedica-m produto novo sintético, seedica-m i-sintético ou biológico, seja um a cópia (genérico ou sim ilar). No Brasil isso t am bém se aplica a algu ns dos m edicam ent os fit ot erápicos.

Num ensaio clínico de superioridad, a idéia é demonstrar que uma nova intervenção é superior a uma outra considerada como de referência, nesse caso o novo medicamento em relação a um medicamento comparador. Um ensaio clínico de não-inferioridade visa demonstrar que o novo medicamento não é inferior ao comparador para a indicação estudada, dado um limite de inferioridade aceitável preestabelecido. Já num ensaio clínico de equivalência, o novo medicamento não pode ser superior nem inferior ao comparador dentro de um limite de variação aceitável e pré-estabelecido.

O artigo de Garattini e Bertele é original e instigante, porque nos faz refletir sobre algo que é recomendado nas diretrizes de agências reguladoras como a norte-americana Food and Drug Administration e a European Medicines Agency, e da Organiza-ção Mundial da Saúde, e é ensinado, aprendido e realizado por toda parte sem provocar muitas dúvidas e discussões. Tem o grande mérito de passar ao leitor a mensagem de que no momento de se delinear um ensaio clínico que pelas diretrizes se enquadra em uma situação na qual pode ser proposta a abordagem de não-inferioridade investigadores e patrocinador devem se perguntar se esta é realmente a única e/ou melhor opção possível.

A proposta defendida pelos italianos, porém, peca por ser intransigente e extrema. Eles simplesmente ignoraram em seu

artigo os m edicam entos genéricos, em bora para que um medicamento se enquadre nessa categoria tenha que ser demonstrada sua bioequivalência com um medicamento de referência, o que se consegue por um tipo de ensaio clínico de equivalência. O argumento ético por eles utilizado, porém, também se aplicaria a esses estudos. As considerações de alguns dos leitores do Lancet, apresentadas de forma resumi-da acima, demonstram que o remédio não pode ser tão drástico quanto proposto, sob o risco de fazer mal ao paciente. A idéia de que estudos de não-inferioridade e de equiva-lência não são eticamente defensáveis, se adotada por mem-bros da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs), pode ter um impacto não desprezível na realização de ensaios clínicos no Brasil, pois a autorização sob o ponto de vista ético é uma condição necessária para que os estudos possam ser iniciados. Dado o grande número de ensaios clínicos tanto com medicamentos inovadores como genéricos e similares que utilizam desenhos de não-inferioridade e equivalência, esse é um tópico impor-tante a ser discutido pelas pessoas envolvidas e interessadas em pesquisa clínica, não apenas membros de comitês de ética, mas também reguladores, investigadores, patrocinado-res de estudos clínicos, e contract patrocinado-research organizations.

Referências

1 . Garattini S, Bertele V. Non-inferiority trials are unethical because they disregard patients interests. Lancet. 2 0 0 7 ;3 7 0 (9 6 0 2 ):1 8 7 5 -7 .

2 . Gandjour A. The ethics of non-inferiority trials. Lancet. 2 0 0 8 ;3 7 1 (9 6 1 6 ):8 9 5 .

3 . Nunn AJ, M eredith SK, Spigelm an M K, Ginsberg AM , Gillespie SH. The ethics of non-inferiority trials. Lancet. 2 0 0 8 ;3 7 1 (9 6 1 6 ):8 9 5 .

4 . Solim an EZ. The ethics of non-inferiority trials. Lancet. 2 0 0 8 ;3 7 1 (9 6 1 6 ):8 9 5 .

S S S S

Referências

Documentos relacionados

Entre seus diagnósticos diferenciais, devem ser incluídos o cisto ósseo aneurismático, histiocitoma fibroso benigno, granuloma reparador de células gigantes (pós-traumático),

11 Rev Assoc Med Bras 2009; 55(1): 1-11.. ATUALIZAÇÃO ATUALIZAÇÃO

We also compared novel rabbit monoclonal antibody SP3 and other monoclonal and polyclonal antibodies against HER2, with the chromogenic in situ hybridization (CISH) to

This study evaluated the feasibility of transvaginal uterine artery Doppler examination in the first and second trimesters of pregnancy, to determine normal reference ranges

Embora não se disponha de modelo ideal de ensino, faz-se necessário, pelo menos, substituir a pedagogia do adestramento pela construção conjunta do conhecimento, reconhecendo no

Um sistema que cria um ônus para a escola, seja em termos de gratificação não recebidas ou de medidas administrativas, sempre será visto como injusto em um

Não obstante a reconhecida necessidade desses serviços, tem-se observado graves falhas na gestão dos contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada, bem

Esse último acordo reverteu uma tendência bem estabelecida do regime de acesso e controle dos recursos minerais nas Filipinas, tendo sido decisivo para a mudança drástica