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Historia das praticas pedagogicas e cultura escolar do Colegio Salesiano de Santa Teresa, Corumba-MS (1972-1987)

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UNI VE RSIDADE E STADUAL DE CAMPINAS FACUL DADE DE E DUCAÇÃO

CELEIDA MARI A COSTA DE S OUZA E SIL VA

HISTÓRI A DAS PRÁTICAS PEDAGÓ GI CAS E CULT URA ESCOLAR DO COLÉ GIO SALESIANO DE SANTA T ERESA,

CORUMBÁ -MS (1972-1987)

.

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ii © by Celeida Maria Costa de Souza e Silva, 2009.

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Faculdade de Educação/UNICAMP Bibliotecária: Rosemary Passos – CRB-8ª/5751

Silva, Celeida Maria Costa de Souza e

Si38h História das práticas pedagógicas e cultura escolar do Colégio Salesiano de Santa Teresa, Corumbá- MS (1972-1987) / Celeida Maria Costa de Souza e Silva. – Campinas, SP: [s.n.], 2009.

Orientador : Maria do Carmo Martins

Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação.

1. Colégio Salesiano de Santa Teresa.2. Praticas pedagógicas. 3. Cultura escolar. 4. Festa escolar. 5. Comemorações. 6. Calendário cívico-cultural I. Martins, Maria do Carmo. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. III. Título.

09-313/BFE

Título em inglês : The History of the pedagogical practices and scholar culture of the Colégio Salesiano de Santa Teresa in Corumbá-MS (1972-1987).

Keywords : Salesian College of Santa Teresa; Pedagogical practices; Scholar Culture; School party; Celebrations; Calendar civic-cultural

Área de concentração : Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte Titulação : Doutora em Educação

Banca examinadora : Profª. Drª. Maria do Carmo Martins (Orientadora) Profª. Drª. Agueda Bernadete Bittencourt Profª. Drª. Heloísa Helena Pimenta Rocha Prof. Dr. Kazumi Munakata

Profª. Drª. Regina Tereza Cestari de Oliveira Data da defesa: 16/12/2009

Programa de Pós-Graduação : Educação e-mail : celeidams@uol.com.br

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v

“Ah como é bom a gente ter tido infância! Como é bom a gent e ter nascido num a pequena ci dade banhada por um rio. [...] Como é bom a gent e ter deixado a pequena t erra em que nas ceu E t er fugido para um a cidade m ai or, para conhecer outras vidas. [...] Como é bom se l embrar da vi agem, dos primei ros di as na cidade , Da prim eira vez que olhou o mar, da im press ão de atordoam ento. Como é bom olhar para aquelas bandas e depois comparar. Ver que est á t ão di ferent e, e que j á s abe t ant as novidades... Como é bom t er vindo de t ão longe, est ar agora caminhando Pens ando e respi rando no m eio de pess oas desconhecidas Como é bom achar o mundo esquisito por isso, muit o esquisit o mes mo E depois s orri r l evement e para el e com s eus mist érios ... ”

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vii RESUMO

O obj eto de anális e nes sa t es e s ão as práticas pedagógi cas e a cultur a escolar d o Colégio S al esi ano de Sant a Teres a , l ocali zado em C orumbá-M S. Um a instituição confessi onal catól i ca em ati vidades educacionais desde 1899. Para es se estudo, el egemos os anos de 1972 a 1987. A propost a de ent endi ment o das práticas pedagógi cas e da cul tura escolar por m ei o das fest as, com em orações es colares e do cult o cívi co no Colégio S al esi ano de S an t a Teres a em Corum bá -MS , est á rel acionad a ao int eress e em conhecer adequadam ent e a relação da es col a com o muni cípi o e o im agi nári o que s e tem del a em relação à popul ação l ocal . Buscam os com preender que valores e s entimentos foram cri ados ou di fundidos por m ei o das fest i vidades e comem orações escol ares e que propósitos ou intenções a fest a carregava. No caso desse est udo, est am os consi derando as inform ações sobre as fest ividades que aconteceram no Col égi o S ant a Teres a, levando em conta a organiz ação t empora l pres ent e no calendário es col ar, as anotações do Li vro de Ocorrência , os ofícios (expedidos, recebi dos, ci rcul ares ), os depoimentos de ex -alunos, ex -profess ores e ex - funci onários, agendas e program as ofici ai s. Utiliz amos t ambém como font es registros i con ográfi cos, jornai s e fontes de referênci as bi bliográfi cas , um a vez que os sal esi anos j á foram estudados por out ros autores . Ess a pes quisa perm itiu -nos desvel ar a reali dade com plexa e dinâmi ca da escol a , mostrando as fest as e com emorações pres ent es no calendário es colar com o el em entos da cultura es col ar que sofrem modi ficações de acordo com as épocas, e as finalidades que as produzem , s ej am el as, pol íticas , s ociais, econômi cas, reli giosas ou de soci aliz ação. E os s uj eitos que as elaboram ou del a parti cipam, como at ores ou es pect adores, tam bém as trans form am e, por el as são transform ados. Des se modo, o olhar hist óri co no universo es col ar por m eio das festividades e com emorações, pos sibili tou -nos revisit ar o pass ado, construi r interpret ações, expli cações e ente nder a es col a po r dentro.

Pal avras -chave: P rát icas pedagógi cas, C ultura escol ar, festivi dades, culto cí vi co, com emorações escol ares.

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ix ABSTRACT

This t hesis has as it s aim of anal ysis the pedagogi cal practi ces and t he s chol ar cult ure i n the C olégi o Sal esi a no S ant a Teresa sit ed i n Corum bá -MS. A reli gious catholi c i nstit ution in educat ive acti viti es si nce 1899. For this research, we el ect ed the years of 1972 to 1987. The propos al of underst andi ng the pedagogi cal practi ces and the s cholar culture b y the s cho ol part ies (festivities), scholar cel ebrations and the ci vi c cult ure in the Colégio Salesiano Sant a Teres a in Corumbá -MS, are rel at ed wit h the i nterest i n knowi ng correctl y the rel ation of the school wit h de cit y and t he imaginary t hat is built from i t, in relat ion t o the local inhabitants . Our goal was to com prehend what values and feelings were creat ed or s pread b y the s chool parti es (festi viti es ) and s chol ar cel ebrat ions and the purposes or i nt enti ons that t he school part y (festi vit y) carri ed. In this research, we are working wit h t he inform ation about the festi vities t hat happened in the C olégio Santa Teresa, between 1972 and 1987, considering the organiz ati on present in the school cal endar in t hat period, t he not es from the book where t he activiti es wer e regi st ered, t he offici al l ett ers (dis patched, received, ci rculars ) and t he t estim oni es of ex st udents , ex teachers and ex -empl o yees, diari es and offi ci al program s. W e us ed as wel l as sources iconographi c regist ers, newspapers and bibliographi c references , once the sal esi anos were alread y st udi ed b y other aut hors. This res earch allowed us to elucidat e t he compl exit y of the realit y a nd d ynami c of t he s chool s howing the parti es (festi viti es ) and cel ebrations that are pres ent in t he scholar cal endar as el ements of t he scholar culture that suffer modifi cations duri ng the s easons and the purpos es t hat produce t hem , not depending i f the y are pol iti cal , soci al, economic, reli gious or of s ocial izati on. And t he subject s that el aborat e it or t hat are part of it as ac tors or spect ators, as well t rans formed t hem and are trans form ed b y it. In this wa y, the hi stori c look of fest iviti es and cel ebrat ions in the s cholar uni vers e gave the possibi lit y t o revisit the past , build int erpret ations, explanat ions and to understand t he school b y its i nside.

Ke y W ords: P edagogi cal practices, scholar culture, festivi ties, ci vi c culture, scholar cel ebrations.

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xi

Aos meus pai s , Benedito Luiz e Tereza Yone ...

Ao m eu esposo, Lael son e a minha fil ha Ari adne C elinne ...

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xiii

AGRADE CIME NT OS

Muitos esti veram comi go ao longo des s e percurs o, m e incentivando, m e apoiando e acredit ando no m eu t rabal ho. É impos sível nom ear a todos , regi stro a cada um, que me bri ndou com o seu afet o e apoio em mom entos dist intos , meu reconhecido e carinhoso, muit o obri gada. Agradeço, em es peci al :

À Profª Drª Mari a do Carmo Mart ins , por ter me m ost rado os caminhos e me permiti do caminhar. Sua ori ent a ção criterios a foi impresci dível para que ess e estudo foss e concreti zado.

Aos profess ores doutores Heloí sa Hel ena Pim ent a Rocha e Kazumi Munakat a, pel as preciosas contri bui ções no Exam e de Qual ifi cação .

Às professoras Dout oras Águeda Bernadet e Bitt encourt e R egi na Terez a Cest ari de Ol iveira que gentilm ent e aceit aram o convi te para com por essa banca de defesa de tese.

Aos professores do Programa de P ós -Graduação da Faculdade de Educação , Grupo Memóri a pel as contri bui ções durante o curso e aos funcionári os pel o apoio admi nist rativo.

A di reção e coordenação do Col égi o Sal esi ano de S ant a Teresa por possi bilit ar a consult a dos docum ent os necess ári os à el aboração dess a t es e.

Aos proprietários e funci onári os do J ornal Diário da M anhã por t erem disponibil izado o ace rvo que m uito cont ribuiu para est a tese.

Aos funcionári os da Bibli ot eca Pública Muni cipal Lobivar de Matos e da Bibliot eca P úbli ca Est adual Gabri el Vandoni de Barros que pront ament e m e receberam , deixando -me a vont ade para consul tar os periódicos .

À Bereni ce Quevedo, Di norá Cest ari de Lim a e Al fio Pozzi pelas ent revist as concedidas.

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xiv

Aos meus famili ares, pelo apoio, pel a confiança em mim depositada e pel a força. De modo especi al a os meus pai s, Benedit o Luiz e Tereza Yone pel a vida e pel a form ação sólida. Aos meus irm ãos, Wanderlaã, Denis e, J osé Marcos ( que a vida l evou i nes peradam ent e ) e Gi lson por sem pre torcerem por mim.

À P ris cil a Kaufm ann Corrêa pela solidari edade, carinho e valios a col aboração em vári os momentos .

À UN ICAMP pel a acolhida...

Aos col egas do dout orado por poder partilhar a pesquis a, pelo carinho e pel a amiz ade.

Às ami gas: Carl a Villam ai na C ent eno, Dani el a Ribei ro, Sami ra S . Pulcherio Lancell ott i pelo apoio, pel a confi ança, em ocas iões divers as ao longo des se processo.

À Profes sora M ari a Fernanda, pela revi são gram ati cal des se t rabalho.

À Ari adne Celinne de Souz a e Silva , pel a construção do abstract dess a tes e.

Ao Laelson Nunes da Silva pel a composição t écni ca dess a tes e e pel o apoio i ncondici onal ao longo de todos esses anos .

A CAP ES, por financi ar part e dess a pesquisa.

Meus agradecim entos.

(10)

xv

LISTA DE FIGURAS

F IGURA 1. Prédio do Col égio S al esi ano de S ant a Teresa em Corum bá -M S

em funci onam ento a parti r da d écada de 1970. ... 8

F IGURA 2. O movim ent ado porto de C orumbá no século X IX por onde des embarcaram os primei ros salesi anos . ... 42

F IGURA 3. Colégio S ant a Teresa, 1º prédio (al a) 1903 -1930 ... 47

F IGURA 4. Oit ent a anos do S ant a Teresa. ... 49

F IGURA 5. Mensagem publicada em homenagem aos 75 anos do C olégi o Sal esi ano de S ant a Teresa. ... 51

F IGURA 6. Mensagem publicada em homenagem aos 75 anos do C o légi o Sal esi ano de S ant a Teresa . ... 53

F IGURA 7. Colégio S al esi ano de Santa Teres a em Corumbá -MS. Prédio em funcionamento durante a década de 1930 ao fi nal da década de 1960 ... 57

F IGURA 8. Compr ovant e caixa escol ar e anuidade . ... 76

F IGURA 9. Colégio só t em vaga para quem for bom esportist a. ... 80

F IGURA 10. Colégio S ant a Teresa ser á des ati vado em 81 . ... 88

F IGURA 11. Parali sação dos C olégios S ant a Teresa e Dom Bos co é Preocupação na C âm ara Muni ci pal . ... 88

F IGURA 12. Vereador Orr o sai em defes a da Santa Teresa . ... 88

F IGURA 13. Sant a Teres a am eaçado de fechar as port as em 88. ... 89

F IGURA 14. Programação ofi ci al do 10º anivers ári o da “ Revolução de 1964 ”. ... 95

F IGURA 15. Reunião dos al unos no pátio do Col égi o ant es do iní cio das aul as - 1980 ... 96

F IGURA 16. Programa: S emana da P átria 1977. ... 100

F IGURA 17. Sem ana da P át ri a, 1979 ... 103

F IGURA 18. Ens aio d a fanfarra do Col égi o S al esi ano de S anta Teres a. ... 104

F IGURA 19. Desfil e Cívico -Mili tar: 7 de set em bro de 1974 - Colégi o Sal esi ano de S ant a Teresa. ... 107

F IGURA 20. Desfil e 21 de s et embro, aniversári o de C orumbá ... 108

F IGURA 21. Bol eti m es col ar (verso) ... 127

F IGURA 22. Bol eti m es col ar (frente) ... 127

F IGURA 23. Caderneta escol ar ... 129

F IGURA 24. Alunos barrados no Sta Teresa. ... 135

F IGURA 25. Li vro de Ocorrênci a 1974, p. 26. ... 143

F IGURA 26. Li vro de Ocorrênci a, 1975, p.28 ... 144

F IGURA 27. Li vro de Ocorrênci a, 1977, p.34 -5.. ... 148

F IGURA 28. Miss a em hom enagem a Nossa Senhora Auxiliadora: 24 de maio de 1974 ... 155

F IGURA 29. Li vro de Ocorrênci a, 1976, p.31. ... 157

F IGURA 30. Li vro de Ocorrênci a, 1976, p.31. ... 157

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xvii

LISTA DE T ABEL AS

Tabel a 1. Dis cipli nas e P rát icas Educati vas – Curso Ginasi al ... 123 Tabel a 2. Dis cipli nas e P rát icas Educati vas – Curso Col egi al ... 124

(12)

xix

LISTA DE Q UADROS

Quadro 1.: Mat rí cul as no Col égi o S alesi a no de S anta Teres a (1899 -1953). ...58 Quadro 2.: C olégio Sal esi ano de Sant a Teresa e Es col a Est adual: núm ero

de al unos m atriculados (1972 -1987)... ... 81 Quadro 3.: Ocorrênci as Es col ares (1971 -1977)... 152

(13)

xxi

LISTA DE SI GL AS APM- Associ ação de Pais e Mest res

ARENA- Ali ança Renovadora Naci onal BC - Bat alhão de C açadores

CCE- Centro Cívico Escol ar

CEE - Cons el ho Est adual de Educação CFE – Conselho Federal de Educação

CNBB- Conferênci a Nacional dos Bi spos do Brasil DREC – Del egaci a R egi onal de Educação e Cultura EFNOB- Est rada de Ferro Noroeste do Brasil

EMC- Educação Moral e Cí vi ca

FAES - Festival de Arte Es port e S alesi ano

FE/ MS- Fundação de Educação de Mat o Grosso do Sul FES ART - Festi val S al esi ano de Art e

FMA- Fil has de Maria Auxiliadora

GENIC - Ginási o e Escol a No rm al Im acul ada Concei ção IBAD- Instit uto Bras ilei ro de Ação Democráti ca

IBGE- Instit uto Bras ilei ro de Geografi a Estatí sti ca

IC MS - Im posto de C ircul ação de M ercadori as e S ervi ços IP ES - Insti tuto de P esquis as e Est udos Soci ais

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bas e s da Educação Nacional MEC- Minist éri o da Educação e Cult ura

OSP B – Organiz ação Soci al e Políti ca do Brasil PSD- P artido Soci al Dem ocráti co

PSP- P arti do S ocial Progressi sta PTB- P artido Trabal hist a Brasileiro

SEC/MT - S ecret aria de Educação e Cultura de M a t o Grosso SENA I – S ervi ço Nacional de Aprendiz agem Indust ri al SMEC – Secretari a Muni cipal de Educação e C ultura UDN- União Dem ocráti ca Nacional

(14)

xxiii

SUMÁRIO

Págin a

RESUM O ... vii

ABSTR ACT ... ix

AGR ADEC IM ENTOS ... xiii

LIS TA DE FIGUR AS ... x v LIS TA DE TABE LAS ... xvii

LIS TA DE QUADROS ... xix

LIS TA DE S IG LAS ... x x i INTRODUÇ ÃO ... 1

CAP ÍTU LO I -OS SALES IANOS NO BRA S IL: SEU MODELO DE EDUCAÇ ÃO ... 19

1.1 Os S al esi anos no Brasil e o Cat oli cism o P opul ar ... 22

1.2 A Educação Sal esi ana ... 31

1.3 Aspectos Comuns nas Obras S al esi anas ... 34

CAP ÍTU LO II - COLÉG IO S ALES IANO DE SANTA TERES A EM CORUM BÁ E AS FESTIV IDADES RELIGIOSAS ... 39

2.1 O Colégio S alesiano de Sant a Teresa e as Obras Educacionais e Assis tenci ai s Adjunt as ... 58

2.2 As Fest as Rel i giosas no C ol égio Sal esiano de S ant a Teres a ... 64

CAP ÍTU LO III - COLÉG IO S ALES IANO E ES C OLA ESTADUAL: O CONVÊNIO C ELEBRADO E NTR E OS S ALES IANOS E O ESTADO DE MATO GROSS O ... 69

3.1 As Fest as Cívi cas no Col égio e na Es col a Est adual S anta Teres a ... 89

CAP ÍTU LO IV - ORGANIZAÇ ÃO P EDAGÓG ICA, AD M INIS TR AT IVA E PRÁT ICAS ESCO LARES ... 113

4.1 O R egim ent o Int erno e suas Determi nações ... 118

4.1.1 A Organização Administ rativa Prescrit a no Regim ento Int erno de 1971 e de 1987. ... 129

4.2 Ordenam ento do Tempo Es col ar ... 139

4.3 O Li vro de Ocorrência ... 147

4.4 Comem orações que Reforçam a Ident idade da Es cola ... 159

CONS IDERAÇ ÕES F INAIS ... 165

(15)

INTRODUÇÃO

“Nem sempre o mais importante é a largada ou a chegada,

mas a caminhada ”. Guim arães Ros a

Sabemos que um a escol a não é um conjunto de s al as de aula on de os profess ores s ão i ndividualm ent e responsáveis pela práti ca pedagógi ca nela desenvol vida. Const itui uma enti dade soci ocultural form ada por grupos que vivenciam códi gos e si stemas de ação num process o que faz del a, ao m es mo tempo, produt o e i ns trum ent o cult ural .

A es cola constitui um organi smo soci al vivo e dinâmi co. Al ém da est rutura burocráti ca que a compõe, poss ui uma constit uição cultural e sim bóli ca que lh e confere vida própri a e lhe permit e responder às dem andas e limitações que lhe são i mpos tas pelo m eio (CÂNDIDO, 1977). Ess a constitui ção é t eci da pela rede de si gni fi cados (GEERTZ, 1989) que se encarrega de criar os el os que li gam passado e pres ente, instituído e ins titui nte , e que se est abel ece as bases de um processo de const rução e reconstrução permanent e.

Desta form a, buscam os no âmbito i nt erno da uni dade es col ar, os el em ent os impost os pelo sis tem a, as bases hist óri cas e mat eriai s que foram se consolidando ao longo do t em po, ou s ej a, as bas es “constit uídas ”. Sobre el as s e as sent am a dinâmica da reconst rução perm anente exerci da pelos process os admini strati vos e pedagógi cos da i nstit uição.

Ess a organiz ação interna basei a -se num contexto sócio -polí tico -cult ural que exerce s obre el a doi s tipos de infl uênci as . As i nfl uênci as abrangent es e difusas s ão repres entadas, de um l ado, pel as teori as e t endênci as educacionai s contem porâneas e, de out ro, pelas determinações da est rut ura econômi ca, soci al e políti ca de cada m omento históri co. E as i nfluências especí ficas e concret as , exerci das de form a direta pel a s políti cas públicas de educação e norm as de organiz ação do si stema de ensino e, pel a reali dade sócio -econômica e cul tural da popul ação at endida.

(16)

2

O obj et o de anális e nes se est udo são as práti cas pedagógi cas e a cultura

es colar d o Colégio S al esi ano de S ant a Teresa, localiz ado em Corum bá-MS . Uma

instituição tradici onal, confessional , um dos mais anti gos colégios da cidade e do estado, com at ividades educacionais desde 1899, que foi, e ainda é considerado um dos mais i mport ant es educandári os , por haver form ado parcel a da elite l ocal e regional , as pect o que conta com grande prest í gio e reconhecim ento da soci edade corum baense e sul -m ato -gros sense, e t ambém é reconhecido pelo grande núm ero de al unos que nel e est udou à época que era conveni ado com o es tado de Mat o Grosso , e depois, Mato Grosso do Sul1.

A es colha dos anos de 1972 a 1987 para es se estudo, deve-s e ao fato de que no iní ci o de 1972 pass ou a vi gorar o Convênio ent re a M issão S al esi ana d e Mato Gros so e o es tado de M ato Grosso . Mesm o com a di visão do est ado de Mato Gros so em 1977, e a im pl ant ação do est ado de M ato Gross o do Sul, o Convêni o continuou tendo validade. Já a dat a final , o ano de 1987 refere -se ao fim do Convênio . É necess ário destacar que um novo Convênio foi fi rm ado, mant endo a relação ent re o Col égio e o Estado até 1996 . Entret anto, por estar constituí do de aspect os di ferentes , não abordaremos o novo Convênio ness a t es e.

Ao est ado de M ato Gross o do Sul, emerso de um contexto políti co aut orit ário, havi a si do res ervado o papel de Estado model o, isto é, um es tado onde seri am aplicadas novas técni cas de admini stração públi ca. Isto si gni fica dizer que, o novo estado foi “cri ado para at ender ao proj eto geopolít ico do

regi me, cont emplar os i nteress es da cl asse dominant e l ocal e par a r ef or çar , em ter mos imedi atos , o gover no da ditadur a militar ”2 (B ITTAR , 1998 , p.34 ).

1 N e s s e t r a b a l ho o t e r mo e s t a d o e s t á s e nd o u s a d o p a r a r e fe r i r mo s à s ub d i vi s ã o p o l í t i c o -a d mi ni s t r -a t i v-a q ue c o n s t i t ui -a s u ni d -a d e s f e d e r -a t i v-a s b r -a s i l e i r -a s e , E s t -a d o c o mo c o nj u nt o d e i n s t i t ui ç õ e s p e r ma n e nt e s ( ó r gã o s l e g i s l a t i vo s , t r i b u n a i s , e x é r c i t o e o ut r o s ) q ue nã o fo r m a m u m ú n i c o b l o c o e p o s s i b i l i t a m a a ç ã o d o go v e r n o . 2 O t e r mo go ve r no é e n t e nd i d o c o mo c o nj u n t o d e p r o gr a ma s e p r o j e t o s q ue p a r t e d a s o c i e d a d e ( p o l í t i c o s , t é c n i c o s , o r g a n i s mo s d a s o c i e d a d e c i vi l e o u t r o s ) p r o p õ e p a r a a s o c i e d a d e c o mo u m t o d o , c o n fi g ur a nd o - s e a o r i e nt a ç ã o p o l í t i c a d e u m d e t e r mi n a d o go ve r no q ue a s s u me e d e s e mp e n ha f u n ç õ e s d e E s t a d o p o r u m d e t e r mi n a d o t e mp o .

(17)

Mato Gros so do Sul foi criado durante o governo de Ernest o Geis el pel a Lei C ompl em ent ar nº 31, de 11 de outubro de 1977 e im plantado em 11 de outubro de 19793. O presi dente bas eara em est udos geopolít icos de autori a de Golber y do Couto e Silva , que defendi a a id eia de se ocupar espaços vazi os na regi ão C entro -Oest e segui ndo a lógi ca da int eriorização como form a de dinamizar o capit ali smo. A decisão do presidente em di vidi r o estado de M ato Grosso contempl ava interess es históricos da elit e agrária residente no sul do anti go Es tado e, ocorreu , sem consulta plebi sci tári a às popul ações resi dent es no est ado . Disputas int ernas pel o cont rol e políti co da Ali ança R enovadora Nacional (AR ENA) entre os grupos que a compunham no sul do Mato Gross o foram intensi ficadas com a divis ão do estado que t am bém aci rrou as dis put as políti cas pel a adm inist ração do Est ado.

Levando em conta que a partir de 1974 houve o cres cim ent o do movimento dem ocráti co em nível n acional que provocava progres sivam ente o isol am ent o da ditadura , podemos inferir que a di visão do est ado de Mato Grosso e a consequ ent e cri ação do es tado de Mato Grosso do Sul , fez part e do proj et o de aut o-reform a do governo da dit adura mili tar .

Ess e proj et o bus cava al argar as bases de s ust ent ação da dit adura, divi di r as forças opos ici onistas , e dar prosseguim ento a abertura l ent a e gradual apregoada por Gei sel .

Na perspectiva do governo cent ral, o novo estado foi pens ado para s er gui ado pela t ecnocraci a – organiz ação políti ca e s oci al basea d a na predom inânci a de técni cos - m as também para at ender às elit es polí ticas . A tecnocraci a pode ser ent endi d a como instrum ent o de ação ideol ógi ca do Es tado que t ransforma problem as pol íti cos, s oci ais e econômi cos em p robl emas admi nist rativos.

3 Ap r e s e n t a u ma á r e a t e r r i t o r i a l d e 3 5 8 . 1 5 9 k m² o q ue o c l a s s i f i c a c o mo s e xt a u ni d a d e d a fe d e r a ç ã o e m á r e a . C o n f o r me S I LV A ( 2 0 0 0 ) .

(18)

4

Ent ão, o novo Est ado tinha si do ideali zado pel o governo cent ral com o

Estado modelo , e s eria o pont o de equi lí brio tanto na redem ocratização do país

com o no real inham ento do capi tal . Cabi a ao Mat o Grosso do Sul, na perspectiva do governo central, o papel econômi co de plantador/ export ador de grãos com agri cultura mecaniz ada e tecnologia de ponta e o papel políti co se d ava por conta do aumento das vagas no S enado e na C âm ara Federal .

O di scurso d e E stado modelo propagado tanto pelo g overno cent ral como por grupos políti cos (elit es) do sul de Mato Gros so , acabou se esvaindo devi do às divergênci as ent re as facções partidárias arenist as s ul -m ato -gros sens es que impediram o parti do de obt er o cons enso des ej ado pelo governo central .

Dess a form a, no processo de consolidação do est ado de M ato Gross o do Sul ocorreu o confronto ent re o s pl anos do governo cent ral e das el ites políti cas do novo Est ado. As eli tes com práti cas políti cas cal cadas no cli entel ismo , sent iram -se incom odadas com a nom eaçã o do gaúcho Harr y Amorim Cost a par a prim ei ro governador de est ado . Es sa nomeação atendi a aos i nteress es do proj eto de modernização do governo, m as não das el ites do s ul de Mato Grosso.

As m anobras políti cas fizeram que em menos de dois anos de i nst al ação ofi ci al do estado – de janeiro de 1979 a outubro de 1980 - três governadores (Harr y Am orim Cos ta, Marcelo Miranda Soares e Pedro P edros sian) foss em emposs ados pelo governo cent ral e destit uídos do cargo. Sem dúvida, ess es fatos ofereceram à nação um “model o” de alt ernância de poder em curto es paço de tempo e de excl us ão do povo das deci sões políti cas .

Foi ness e cont exto, que criou -s e o Convênio entre o est ado de M at o Grosso e a Mis são S al esi ana , favorecendo a expans ão da cobert ura de educação aos al unos que ingressaram nes sa escol a j á em funci onam ento.

A es col a estud ada ness a t ese, localiza -se em Corum bá no es tado de M ato Grosso do Sul , é um a cidade de port e m édio, possui a mai or área do es tado, é a segund a em arrecadação do Imposto de Circul ação de Mercadori as e Servi ços

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(IC MS), a 3ª em popul ação, e foi um a das port as de ent rada para os s al esi anos em Mat o Grosso.

O muni cípio de Corumbá est á localizado na planí ci e do pantanal , na front ei ra com a Bolí via e o P araguai, fundado em 21 de set em bro de 1778 , com o part e da consolidação do domí nio luso na região. Cont a com um a popul ação aproximada de 9 6.500 (novent a e s eis mil e qui nhentos) habit ant es , segundo dados dos últim os censos4.

A economi a do muni cípi o bas ei a -se no extrativi smo mineral, na s export ações mi nerai s, no t uri smo, na pecuári a, no com érci o front ei ri ço e na indús tri a de transformação5.

Na área educacional , segundo dados divul gados pel o Inst ituto Brasil ei ro de Geografi a Est atís tica (IBGE, 2007), Corum bá possui 44 es col as de Ensino Fundam ent al, 16 de Ensino M édio e 36 de Educação Infanti l , s endo a m ai ori a manti da pelo municí pio6.

A propost a de ent endimento das práticas pedagógi cas e da cultura es col ar por m eio das fest as, com emorações escol ares e do culto cívi co no Colégio Sal esi ano de Santa Teres a em Cor um bá -MS, rel aciona -s e ao interess e em conhecer adequadam ent e a rel ação d a es cola com o m uni cípi o e o im agi nário que se t em del a, em rel ação à popul ação local . Acredit am os que é precis o com preender como uma det erminada ‘const rução social ’ foi t razi da at é o pres ent e, influenci ando as nossas práti cas e concepções de ensino. C onhecer a construção social tanto do im agi nário da escol a na cidade , quanto a própri a rel ação que a escol a estabelece u com o muni cípi o , pres supõe o ent endim ento do contexto hist óri co em qu e el a foi cri ada, e que est á i ns eri da.

4D i s p o ní v e l e m h t t p : / / w w w. i b ge . go v. b r / c i d a d e s a t / t o p wi nd o w. h t m? 1 [ o n l i ne ] 2 0 0 8 . C a p t ur a d o e m 2 7 d e o u t ub r o d e 2 0 0 8 . 5 P o s s u i a s e g u nd a ma i o r r e s e r va d e f e r r o e q u i nt a r e s e r va d e m a n g a nê s d o mu n d o , d e p o s i t a d a no M o r r o d o U r uc u m e e xp l o r a d a p e l a C o mp a n hi a V a l e d o R i o D o c e . 6 D i s p o n í ve l e m ht t p : / / w w w. i b g e . go v. b r / c i d a d e s a t / t o p wi n d o w. h t m? 1 [ o n l i ne ] 2 0 0 9. C a p t ur a d o e m 0 2 d e no ve mb r o d e 2 0 0 9 .

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Para um a mel hor organiz ação das fes tas regis tradas no calendári o es colar, do perí odo el eito para estudo, di vidim os em t rês cat egori as: fes tas cívicas regul ares , ins crit as na l ei; fes tas reli gi osas; e fest as que reforç am a identidade des sa escol a.

Do prim ei ro ti po, destacamos: a) 31 de março – “Revolução de 1964 ”; b) 21 de abri l – Ti radentes e Fundação de Brasíl ia; c) 1º de mai o – dia do trabalhador; d) 13 de junho – Retom ada de C orumbá; e) 25 de agosto – di a do soldado ; f) 7 de s etembro - Independênci a do Brasil ; g) 21 de s etembro - Anivers ári o de Corumbá; h) 11 de outubro - Divi são do est ado de M ato Grosso e cri ação do est ado de Mato Gros so do Sul ; i) 15 de novembro – Procl am ação da Repúbli ca.

Do segundo ti po, cel ebra ções reli gios as previst as no cal endário es cola r podemos citar: a) Trí duo escolar à Noss a S enhora Auxil iadora; b) 02 de feverei ro – Noss a S enhora da C andel ári a – P adroeira de Corumbá; c) Sem ana Sant a; d) Corpus Christi ; e) 24 de maio - consagrado à Noss a Se nhora Auxiliadora – Padroeira da Miss ão S al es iana; f) 16 de agost o – Aniversário de São J oão Bos co e da Comuni dade Sales iana; g) 12 de outubro – C ons agrado à Noss a S enhora Aparecida – Padroei ra do Brasil; h) 02 de novembro – Finados.

E, no terceiro grupo, com em orações que reforçam a identidade dess a es col a t emos: a) Fest a do R egul am ento; b) carnaval; c) a fest a j unina denominada S apolândia; d) o Fes tival S alesi ano de Art e (FESART); e) os jogos abertos s alesianos ; f) feira de ciência e cultura; g) m anhãs e t ardes de form ação; h) competi ções esporti vas intercl ass es; i) jornadas j uvenis ; j) ani vers ário do diretor; k) di a das mães; l) 21 de agosto – fol clore; m) 12 de outubro – Dia d a cri ança; n) 15 de outubro - dia do profes sor; ent re outros.

Al guns fest ejos e comem orações serão mai s enfocados neste trabalho, devido à repercuss ão que tiveram no perí odo estudado, ao acesso às inform ações , e por serem im portantes i nst rum ent os de di fusão de val ores e ideai s polí ticos nacionai s, regionais e l ocais.

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As fest as e com emorações el encadas no cal endário es colar não corres pondi am, necessari am ent e , a um di a de s uspensão das atividades escol ares . Mas , dependendo da import ância da dat a a s er lembrada, havi a t odo um ritual escol ar a s er seguido que contempl ava: hast eamento a bandei ra, hinos, exposi ções, decl am ações, poemas, dramatiz ações, competi ções, confecção e apresent ação de trabalhos es col ares rel acionados a dat a fest i va, vi sando incit ar nos alunos o respeit o e am or a pátria, e dar m aior visibilidade soci al à escol a.

Durante as fest i vidades , os indi víduos rompi am com a roti na do cotidi ano escol ar. Era um at o colet ivo com si gnifi cados dis tintos para os que del a parti cipav am. De acordo com Ribei ro J únior (1982, p. 43) é “uma ação

pedagógi ca [...] quanto mais consegui r manif est ar, r ecuperar, sint eti zar um capital cultural que faz part e do repertório de experi ências do povo ”. A ação

pedagógi ca pode s er percebida quando a popul ação parti cipa dos mom entos festivos capt ando o s enti do e si gnifi cado da fest a de form a ati va ou passiva.

O estudo da his tóri a das práticas pedagógi cas e da cultur a escolar do Colégio S al esi ano de S ant a Teres a m e col oca diant e de experi ências vi vidas durant e o m eu processo de escolariz ação.

Pude estudar no “Colégi o S ant a Teres a ” devido ao Convêni o fi rm ado em 1971, entre a M iss ão Salesiana de Mato Grosso e o estado de Mato Gros so, que cri ou a Es col a Estadual de 1º e 2º Graus Sant a Teresa em funcionam ento a partir de 1972 , ano em que i ni ciei a m inha vida es col ar. P ermaneci na escol a conveni ada, s em int errupção, do mat ernal at é conclui r o Segundo Grau (hoj e Ensino M édio), em 1986. P eríodo esse de duração do Convênio ass inado em 1971.

O Col égio S al esi ano de Sant a Teresa era uma ins titui ção pri vada m anti da pel a Miss ão S al esi ana de M ato Gross o com poucos alunos mat ricul ados , m uito espaço ocios o e que não deixou de existi r logo que a escol a es tadual inici ou suas ativi dades. As turmas do Col égio privado som ent e foram desati vadas na

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total idade em 198 2. Ent ão, s ó a parti r daí a escol a torna -s e públi ca, como um todo.

Iss o si gni fi ca dizer que durant e a mai or part e do t em po em que vi gorou o Convêni o, o prédio onde funcionava o Colégio S al esi ano de S ant a Teresa também abri gou a Escol a Est adual . Era um prédio de t rês andares, co m 36 s al as de aulas, i ncl uindo sal as de di retori a, coordenadori a geral, s al a de pastoral rel i giosa , sal a de supervis ão , s al a de ori entação educacional, t esouraria e sal a de reuniões. Havi a ainda m ais s ete s al as de aul as no prédio do ensino pré -es col ar.

F IGU RA 1. Prédi o do Col é gi o S al esi ano de Sant a T eresa e m C oru mbá -M S e m funci ona ment o a par t i r da década de 197 0 ( A cervo do Col é gi o).

Dess e modo, eram duas escolas em um mesm o prédio , com coordenação, direção, supervis ão e professores para at ender em s eparado a cl ientela do públi co e do privado. No prim eiro andar, o Colégi o era pri vado e res ervado aos filhos de famíli as de influênci a da ci dade, no s egundo e tercei ro andares, a

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escol a era pública . Ness e acordo, era de respons abil idade da Miss ão S al esi ana a sess ão do prédio, a direção e a coordenação ger al do Colégio. Enquant o o est ado de Mato Gross o arcava com todas as despes as para a manut enção e funcionamento do prédio, incl usive , lotava e remunerava profess ores e funcionári os.

A es col a estadual receb eu a parti r de 1972 matrí culas para a Educação Pré -Escol ar e para o ensino de 1º e 2º Graus. As vagas eram disput adís sim as e, enquanto perdurou o funcionam ent o de duas escol as no mesm o prédio, as diferenças dent ro do am bient e es col ar eram m arcantes e podi am s er vist as pel o uniforme, cadernetas, port ão de acess o, parti cipação nos event os, quadro de docentes - cont rat ados e est atut ários .

Recordo que eram muitos os eventos que a es col a organizava ou parti cipava e , em grande parte del es , só os considerados “bons al unos ”– aqueles que tinham boas not as e bom comport am ent o - eram es col hidos para part ici par. Ativi dades repetitivas e roti nizadas faziam parte do coti di ano es col ar. Lembro -me que , di ari am ente ao dar o si nal de entrada, tí nhamos que fazer a fila no páti o, e os l ugares das turmas eram previ am ente defi nidos. Era um a fi la de m eninos e outra de m eni nas, organizada por t am anho das cri anças .

Todos os di as e ram feit as as oraç ões e havi a a sess ão de inform ações , recados e recom endações conhecidos na escol a s alesi ana como bom di a, bo a tarde e boa noit e . Eram f requent es os cânticos reli gi osos a Dom Bos co, a M ari a e quando era s em ana da Pát ri a ou outra comemoração cívi ca, cant ávamos os Hi nos Brasil eiros. Só depoi s que t erminassem as apresentações alusivas as dat as el eit as para serem l embradas é que as turmas eram liberadas para di ri gi rem -se às sal as de aula.

As s alas de aul a era m espaçosas , bem ventil ada s - bast avam „correr nos trilhos‟ os janelões - as carteiras eram individuais, a lousa era grande e acima da lousa, na parte central, tinha um crucifixo e um quad ro com a fi gura de Noss a Senhora Auxiliadora, isto em todas as sal as. Havi a também um quadrinho de

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madei ra com um recado dis cipli nador: “mant enha a s al a arr umada, não

machuque as cart eir as, não ris que as coi tadas ”.

Tanto a port a como as j anel as da s sal as de aul a ti nham vidro s transparent es. Tudo podi a s er obs ervado. C aract eriz ando um ensinam ent o de Dom Bos co: a vi gil ânci a prevent iva, que por meio dos am plos es paços físi cos possi bilit avam um a visão geral e o cont role dos alunos. Assi m, das salas de aul a era pos sível ver com niti dez quem passava pelo corredor e quem est ava no corredor via o que estava ocorrendo na sal a. Era um l ongo corredor , e por el e pas savam ora coordenadora, ora o i nspetor de al unos , ora o padre di retor, s empre com um a agenda na mão para anot ar qual quer ocorrênci a que fugi ss e da rot ina.

O model o de educação era o tradi ci onal: horários e calendários bem defini dos; assuntos ensinados de forma i sol ada e pont ual; espaço físi co inspi rando ordem e monot oni a; aul as bas eadas na expos i ção e repet ição; o professor era o t ransmissor e os alunos eram vistos como um papel em branco que preci sava s er preenchi do.

Não pos so deixar de mencionar que faz part e do período em que busco com preender as práti cas pedagógi cas e a cult ura es col ar d o C olégio S ant a T eres a o período m arcado pel a grande efervescênci a na políti ca brasi lei ra, caracteriz ada pel a campanha pel as el eições diret as para presidente conhecido como Di retas -j á7. Ness e cont exto de pass agem , de um m oviment o políti co (aut orit ário) para out ro (democrát i co), o rit mo das aul as era praticam ent e o m esm o dos anos ant eri ores , mas os professores eram out ros. Havi a os que t ent avam mudar as suas prát icas pedagógi cas, tornando as aulas m ais prazeros as, enquant o out ros , conti nuavam a reproduzi r velhas fórmulas, m a rcadas pel o método de incul cação de informações e do uso da aut ori dade. Pos so dizer que eram profi ssionai s com form ação e recurs os culturais m uito limit ados , todavia, eram bons executores de pl anos e met as t raçados por t ercei ros .

7 A c a mp a n ha p e l a s e l e i ç õ e s d i r e t a s p a r a p r e s i d e nt e e p e l o fi m d a d i t a d u r a t e ve i ní c i o e m t o d o p a í s no s úl t i mo s me s e s d e 1 9 8 3 .

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Não me l embro de di scussõe s sobre o período de redemocratização do paí s dentro do es paço escol ar. A im press ão que t enho é que ess e tema não era col ocado em discuss ão, porque os acont ecim entos eram muit o recentes e não se sabi a, ao cert o, o que est ava acontecendo e at é onde i a o m ov i ment o.

Foi ness a conjuntura que o C onvêni o ass inado em 1971 entre o est ado de Mato Grosso e a M issão Sal esi ana de Mato Grosso cheg o u ao fim em 1987 . Dess e modo, ao m esmo t empo, que eu concluí a o 3º ci entífi co (Colegial), a es col a deixava de ser est adual e passava novament e a ser parti cul ar e denominada Es col a de P ré -Escol ar de 1º e 2º Graus “S ant a Teres a”. Um novo Convêni o, em out ros moldes , foi fi rm ado em 1987. O estado de Mato Gross o do Sul cedeu al guns profess ores e funcionários , em t roca de al gum as b ol sas, pois não havia es col as es taduai s suficientes para atender a toda a dem anda , mas ess e novo Convênio não foi cont emplado nessa pes quis a .

A int enção de realiz ar esse estudo s urgiu quando em 2004 fui aceita como aluna es peci al no P rogram a de P ós -Graduaç ão da Facul dade de Ci ênci as e Letras de Araraquara para curs ar a di sci plina “Perspecti va de Estudo da C ultur a

Escolar ”, organizada e minist rada pelos docent es: Vera Teres a Valdem arin, R os a

Fátim a de Souz a e Marcus L. A. Bencosta. A s dis cus sões sobre os as p ect os conceituai s da C ul tura Escol ar ; os aspectos t eóri co -metodol ógi cos e o si gni fi cado do estudo da Cultura Es col ar , no âmbito da pes quis a em Educação , produzidas durant e a di sciplina , permit iram-m e descort inar novos horizont es para a pesquis a e insti garam -m e a pensar no cot idi ano escol ar do Colégi o Sal esi ano de S ant a Teres a por m eio das fest as e comem orações escolares .

Incômodos com a m inha traj etóri a escol ar, percepções li gadas à quest ão cult ural, l evaram -m e a anali sar a escol a na perspectiva da Cultura Escolar , num constant e exercí cio de est ranham ent o daquilo que m e é familiar , pois com o sabemos a hi stória pess oal é perpassada e matiz ada pel a hist óri a sócio -cult ural em que est amos inseri dos. No entanto, mesm o as m em óri as indi viduai s s endo constituí das p or vi vênci as socialment e com partil hadas, serão sempre únicas e

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singulares, pois cada i ndiví duo traz consi go experi ênci a própri a de vida, port anto, irrepetível .

Na quali dade de ex -aluna da escol a est adual conveni ada e pesquis adora, perceb i que anali s ar a or ganização pedagógi ca, admini s trativa e práti cas es col ares permit e -m e desvel ar um a realidade com plexa e ao m esmo t empo dinâmica da escol a . Esse est udo , ao m ostrar int eres se pel as festivi dades que ocorreram no universo es colar, com preende que no process o de organização e produção das fest as há um a s el eção i nteress ada e não neut ra que ocasion a incl us ão, exclusão e legitim ação de grupos soci ais e id ei as. Assim, concebi as festas com o um fato social, econômi co e políti co que me pos sibilit ou um ol har históri co, r evi sit ar o pas sado e const rui r i nterpretações e explicações .

As festas e com emorações escol ares do C olégio S al esi ano eram el em entos que est avam inseridos no currí culo es col ar e eram volt ados para a popul ação que freq uentou o ambi ente dess a es col a , e corres ponde à form ação de det ermi nadas imagens tanto sobre os obj etos de cul to , quanto s obre os suj eitos do cult o cí vi co ou reli gioso. Sil va (2004), em “Documentos de Identi dade: uma i ntrodução às

teor ias do currí culo ”, pri oriz a uma anál ise geneal ógi ca para id enti ficar como o

currí culo vem s endo definido, pois o “currí culo é s empr e o resul tado de uma

sel eção ” (S ILVA, 2004, p.15) e essa seleção, é o res ult ado de um processo que

refl et e os interess es parti cul ares das cl asses e grupos dominantes .

Assim , busquei investi gar quais conhecim entos, val ores e habilidades foram consi derados com o verdadeiros e l egíti mos n o período el eito para estudo. O estudo da reali dade regional torna-se enfraqueci do s e for const ruído fora da interpretação de caráter geral mais abrangen te. A singul aridade da his tória l ocal ou regional não substitui a perspectiva da tot ali dade, da qual é part e , m as express a as pect os si gnificati vos dess a t otalidade .

Dess a form a, ness a pesquisa, que tem como perspectiva de estudo a

cult ura escolar , bus co entender como as rel ações de poder se m ani fest a ram no

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espaço es col ar s e est abel ecem as rel ações soci ais e, si multaneam ente, s e transmit em s aberes e conhecim ento s . E que é preci so ent ender, como s e d eram no interior da ins tituição , as conex ões ent re s aber, identidade e poder .

Ent endemos a cat egori a cult ura es colar de acordo com a concepção de Dominique J uli a (2001), que cont empl a t rês pontos para o est udo : o prim eiro, as norm as e fi nalidades que regem a insti tui ção; o s egundo, a profis sionaliz ação do trabalho docent e; e o tercei ro, os cont eúdos ensi nados e as práticas es col ares.

Para C hervel (1990) , a cultura escol ar não form a som ent e os indiví duo s freq uent adores da es col a, m as pen etra, m olda e modi fi ca a cultura da sociedade gl obal. O m esm o aut or diz , de forma inci siva, que a i nstit uição educat iva não é mera reprodut ora de conhecim ent os elei tos como rel evantes para det erminada soci edade, e por ser cri ati va, produz um a cultura espec í fica, s ingul ar, e ori gi nal que s e al arga por t oda a s ociedade.

Viñao Frago (1995, 2000) t am bém cont ri buiu para o nosso entendimento e anális e sobre a cultura es col ar a medida que ass egura que a cultur a es colar diz respeito as formas de organização, val ore s, s aberes , est rat égi as e di ferent es práti cas est abel ecidas e com partil hadas , no int erior das es col as por todos os sujeitos envolvi dos nas ativi dades es pecí ficas de n aturez a escolar real izadas por alunos, profess ores , out ros profissi onais da escol a e a c omunidade. C onsi dera que as acepções para o t erm o s ão di versas, as sim como s ão as ins titui ções de ensi no.

É int eressant e perceber que a cultura es col ar envolve o conj unto do fazer escol ar, aquel e que det ermina o que ensinar, o que inculcar, os fi ns a ating ir, mais especifi cam ent e, o que t ransm itir considerando o cont exto s oci ocultural que a escol a s e i ns ere.

Sabemos que a es col a faz e t ransmit e cul tura, por m eio de s eus cont eúdos cult urais . Ao que tudo indi ca, o grande desafio do pesquisador consist e em fug ir

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daquilo que é ti do como norm a para buscar ent ender como os agent es se apropri am da cultura e como a represent am.

As contradi ções pres ent es na soci edade perpass am a es col a. S aberes dess a soci edade est ão express os t ambém nos saberes es colares. As fest as que com põem o cal endári o da escola são fest as de carát er cívi co e reli gios o , mas encontram na es col a form as parti culares de expressão.

Val e lem brar que o calendári o escol ar é bast ant e festivo. E a fest a é um fat o s oci al , hi stóri co e políti co . Constit ui o mom ento e o espaço da cel ebração, da brincadeira, dos j ogos , da mús ica e da dança. O olhar hi stóri co no universo es col ar por m eio das fest as , possi bilit a revisit ar o pas sado, construir interpretações, expli cações e ent ender a escol a por dentro.

Nestes term os, i nves ti gam os a cons trução da mem ória históri ca produzi da no Col égi o Sal esi ano de S ant a Teresa , pel as práti cas pedagógi cas das fes tas com emorativas de event os ou de hom enagens “aos herói s naci onais e r egionais ”, realiz adas no perí odo de 1972 a 1987.

Foi im portant e inves ti gar qu ais ativi dades foram incl uídas/ excluí das para com por o program a de ensino, no perí odo compreendi do entre os anos de 1972 e 1987; com o os sujeit os da es col a reagi ram à normatização dos event os cí vi cos; o que mudou no ordenam ento es col ar e o que s e mant eve; com o se confi guram os program as de ens ino; que saberes foram transm itidos; quem os det ermin o u; como a es col a contribui u para a const rução da memóri a cívi ca.

Na t ent ati va de encontrar respost as às nossas i ndagações e entender com o se davam as práti cas pedagógi cas e quais as finalidades das fest as e com emorações es col ares que acont eceram no C olégio S al esi ano de S ant a Teresa (1972 -1987), utiliz a mos as segui ntes font es de pesquis a: os docum entos do acervo da escola - Regim ento Int erno (1971), R egim ent o Int erno (1987), Cal endário Es col ar, Li vro de Ocorrênci a , Cadernet a Escol ar, Bol etim Escol ar, Ofí cios Expedi dos , Ofíci os R ecebidos, Ofí cios Ci rcul ares (expedidos e

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recebi dos ), Com uni cações Internas , D ecretos - regi stros i conográfi cos, j ornai s que nes se t rabalho t êm um a função ilust rat iva, por m eio del es bus cam os mostrar com o os ev entos e com emorações do C olégio foram abordados pel a im prensa local. U tilizam os também font es de referências bi bliográfi cas , uma vez que os sal esi anos já foram est udados por out ros autores, além diss o, foram concedi das al gumas entrevist as à pesquis adora que foram us adas parci alm ent e com a intenção de, al gum as vez es, escl arecer inform ações, out ras vez es encontrar el ementos para o diálogo e a anál is e da história dess a es col a.

As entrevist as se deram sob a form a de narrati va de vida e história soci al. Foram ent revist ados: Al fio P ozzi, Bereni ce Quevedo, Di norá Cest ari de Lim a e Maria J osé C ost a Mônaco. A escolha des ses sujeit os est á li gada ao fato de traz erem experiênc ias profissi onais e memóri as vinculadas ao Col égio Salesiano de Santa Teresa no período históri co el eito para a pesquis a8. A m etodologia utilizada permi te aos entrevi stados localizarem -s e na narrat iva e no períod o históri co, bem com o a aprendiz agem conju nt a do obj eto de anális e ent re ent revist ador e ent revist ados .

Sabemos que no t rabalho de i nvesti gação cientí fica precis amos est ar al erta às obscuri dades, s eguindo os rast ros empoei rados dos velhos e esqueci dos papéis , s em deixar, contudo, de observar as po ss íveis armadilhas que as intem péri es e o us o incorreto dos regi stros ofi ci ais pos sam arm ar para a recuperação da hist ória.

8 Al f i o P o z z i - H á 4 0 a no s j u nt o a o s s a l e s i a no s , v i ve nc i o u a s v á r i a s f a s e s d o C o l é gi o , e x e r c e nd o d i fe r e n t e s f u nç õ e s fo i : p r o fe s s o r , s e c r e t á r i o , c o o r d e na d o r e d i r e t o r a d j u n t o . C o nt i n ua no C o l é gi o S a l e s i a no d e S a n t a T e r e s a e a t ua t a mb é m na F a c u l d a d e S a l e s i a na d e S a n t a T e r e s a . B e r e ni c e Q u e ve d o - H á 3 5 a no s no C o l é gi o . E x - a l u na d o C o l é g i o S a l e s i a no d e S a nt a T e r e s a e a o me s mo t e mp o p r o fe s s o r a c o nt r a t a d a e c e d i d a p e l o E s t a d o p a r a o C o l é gi o E s t a d u a l S a n t a T e r e s a , d e p o i s s e t o r no u p r o fe s s o r a e fe t i v a d o E s t a d o e c o o r d e na d o r a p e d a gó gi c a . T e r mi n a d o o C o n v ê ni o , c o nt i n ua no C o l é gi o e e s t á na c o o r d e na ç ã o g e r a l d a E d uc a ç ã o I n f a nt i l . D i no r á C e s t a r i d e L i m a - E x - a l u na d o G i ná s i o e E s c o l a N o r ma l I ma c ul a d a C o n c e i ç ã o ( G E N I C ) , e x -p r o fe s s o r a d a E s c o l a E s t a d ua l S a n t a T e r e s a ( 1 9 7 2 -1 9 7 6 ) , a p a r t i r d e 1 9 7 7 a t é 1 9 8 8 a t uo u c o mo c o o r d e na d o r a p e d a gó gi c a na m e s ma e s c o l a . M a r i a J o s é C o s t a M ô n a c o - f u nc i o ná r i a d o E s t a d o l o t a d a no C o l é g i o E s t a d ua l S a n t a T e r e s a d ur a n t e o p e r í o d o d o C o n vê n i o no s p e r í o d o s ma t ut i no e no t ur no . A s e nt r e vi s t a s fo r a m r e a l i z a d a s e nt r e o s me s e s d e a b r i l d e 2 0 0 7 e ma i o d e 2 0 0 8 .

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Um dos probl emas mais graves observados durant e o perí odo em qu e fizem os o l evant am ento das font es , foi a com provação de que muitos docum ent os se perderam, foram levados ou elimi nados de form a indis cri minada durante as vári as reform as ocorri das na escol a e nas m udanças de di reção, di ficult ando, assim , a escrita da hi stóri a da es col a.

Nas vis itas realiz adas ao Col égio para pesquis ar e consult ar a docum ent ação elei ta para estudo, foi possível const atar a si tuação precári a de conservação e guarda dos docum entos. A docum entação que ainda rest a est á fadada t am bém a desaparecer, devido ao fat o de se encontrarem deposit adas em locais que não garant em as condi ções necess árias para sua pres ervação, amontoados sem organiz ação e misturados a docum entos de ori gem e natureza divers as , em condições físi cas pouco adequadas. Em al guns casos , docum ent os considerados de import ânci a es peci al (para a direç ão do Col égi o) – como pl ant a da es col a, li vros de at a da diret ori a e ou da Congregação, regi mentos e álbuns fotográfi cos estavam sob a guarda da di retori a.

Chervel (1990) sust enta a id ei a de que a anális e de document os es pecí fi cos da es col a pode aj udar a es crever um a hi stóri a ai nda não es crita. Dest a form a, a utilização de procedimentos que partem do parti cul ar pode col aborar para a com preens ão de um a realidade m ais complexa e para anális es mais am pl as.

A tarefa que nos propus emos realizar é a de probl em at izar esse process o de cons trução das festas es col ares , e a organização das mani fest ações cí vi cas no Colégio S al esi ano de S ant a Teres a, buscando entender, com o os suj eit os es col ares produz em a cultur a escolar , ao m esmo tem po, como as cul turas

es colares produzem os s ujei tos que del a fazem part e.

Segui ndo as pist as da investi gação, organiz amos a t es e em quat ro capítul os. No prim eiro capítul o, denominado Os S al esi anos no Brasil: s eu modelo de educação caract eriz o a soci edade brasil eira à época da chegada dos sal esi anos , buscando expli cit ar os m otivos que possi bilit aram a im plant ação das obras educaci onais no Brasi l .

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No s egundo capítul o, Col égi o Sal esi ano de S ant a Teresa em Corum bá -MS e as festivi dades reli gi os as discorro sobre a chegada dos s al esianos em C oru mbá e a cri ação do C ol égi o, enfat izando as fases da hi stóri a do educandário na cidade: a prim ei ra fase quando era um col égi o des tinado à eli t e e a s egunda, com obras educacionais e assist enci ais que ocuparam o m esmo t erreno do Col égi o. J á nesse capít ulo, p ercebem os a import ânci a das fest as reli gi os as na organização do Colégio S al esi ano de Sant a Teresa.

No t ercei ro capítul o, intitulado Col égio Salesi ano e Es cola Estadual: O Convêni o cel ebrado ent re os sal esi anos e o est ado de M at o Grosso. Analis amos o Convêni o cel ebrado em 1971 , em vi gor de 1972 a 1987 e as especifi ci dades do período. Apres ent o as festi vidades e comem orações cí vi cas no Colégio e na Escol a Est adual, com o momentos privil egiados para a propagação de conhecim entos , normas e valores. Port anto, m ecanism os import antí ssimos para a educabil idade dos sujeitos, possuindo desse m odo, carát er polí tico e pedagógi co.

Por fim, no últi mo capítul o, i ntit ulado Organização Pedagógi ca , Administ rat iva e P ráti cas Escolares , analis o a cultur a escolar , si tuando-a n o âmbit o da históri a do currí cul o. Bus co most rar a di nâmica da organização pedagógi ca e admi nistrativa das práti cas escolares de formação no Colégio Sal esi ano de S anta Teresa no período de 1972 a 1987 e as re lações entre as festas qu e reforçam a identi dad e do Col égi o, o cal endári o fes tivo e a concepção de conhecim ento na es col a s al esi ana.

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CAPÍTULO I -

OS SALESIANOS NO BRASIL: SEU MODELO

DE EDUCAÇÃO

A Congregação S alesiana ou Soci edade de São Francis co de Sales , um a instituição da Igreja Católi ca fundada por Dom Bos co, em 1859, em Turim, Norte da It áli a, tinha por obj etivo dar assist ênci a educaci onal aos jovens, em especi al, aos m ais necessit ados, prot egendo -os da marginalização.

Fundada a Congregação Salesiana, Dom Bos co preocupou -s e com a formação de s eus discí p ulos e ent re os anos de 1860 e 1869 dedicou -s e a expansão das ativi dades no oratório de Valdocco com a parti cipação d e estudant es e aprendizes int ernos . Em Mirabello foi cri ada a primeira cas a sal esi ana fora da cidade de Turim, e a part ir daí, i nici ou o processo de di fus ão de suas cas as.

J unto com a Madre Mazzarell o cri o u o Insti tuto das Fil has de Mari a Auxiliadora (FM A), formado por Irm ãs sal esi anas. Dom Bosco acredit ava que a Congregação cres ceria e espalhari a pelo mundo todo e i sso não t ardou a acont ecer. Em 1875 envi ou a primeira ex pedição mi ssionári a para a Am éri ca do Sul (Argenti na e Uruguai).

Segundo os regist ros da Congregação Salesi ana , a preocupação do fundador era a de fazer o bem à juventude carent e de sua época . D e iní cio, organiz ou nos orat órios pequenas ofi ci nas , que depois s e trans form aram em escol as de art es e ofí cios e escolas profis sionai s. Dei xou com o l egado à educação s al esi ana , o Sist em a P revent ivo fundamentado em três pri ncípios: Razão, R eli gião e Amor evol ezz a.

É precis o diz er que não se encont ra na língua portuguesa, pal avra que traduz a fi elm ente amor evol ezz a , m as de acordo com Bi anco (1987, p.13), est a expressão si gnifica afet o, bondade, cari nho, cordi alidade, fineza, t ernura.

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O propósit o s alesi ano de educação buscava a form ação integral da juventude que para Dom Bos co ti nha como ponto central a prevenção versus repres são, fundam entado na R azão, na R eli gi ão, e na Amor evol ezz a . Pri ncípios que podem ser obs ervados tant o nas ati vidades ofereci das nos oratórios, com o também nas es col a s profis sionais . Um a vez que tinham por fi nali dade ocupar e controlar o t empo li vre dos m eni nos , bus cando dist anci á -l os daquilo que pudes se corrompê-los e incutindo nel es um model o de ci vilidade urbana, ao m esm o tempo que bus cava suprimi r os hábitos rústi c os e ensinar -l hes um a profis são. Is to t udo, constit uído com o a finalidade moral e reli gi os a , que vis ava também evit ar que ess es j ovens m arginalizados pel a soci edade comet ess em crimes e vivessem na imoralidade.

Do ponto de vist a histórico, a obra sal esiana t eve iní ci o na Itál ia com a fundação do oratóri o festi vo, visto na época, com o elemento fundam ent al no proj et o educativo s al esi ano.

Nos oratórios , a part e reli gi osa ocupava l ugar de destaque: nos domingos e dias s ant os, os m eninos e jovens pobres da It áli a parti cipavam da mi ss a, do catecis mo, dos cânti cos , recebiam t ambém explicações de exemplos de vida, cuj a intenção era moral e disciplinar, ao m esm o tem po, que buscava aproximá -los dos sacram ent os da confi ssão e da comunhão.

Havia t ambém nos oratórios fe stivos a part e recreati va , com pas seios, brincadei ras, di stribuições e s ort ei os de prêmios . Entre os s al esi anos, as fest as são expressi vas manifest ações de congraçam ento. Os orat órios festi vos eram vistos pel as autoridades públi cas com o i mportante instrume nto para regeneração soci al da juventude desvali da e para moralizar um a s ociedade ou um país .

Azzi (2000, p.299) utilizando -s e de informações do Bol etim Sal esi ano, d e outubro de 1902, nos expli ca que:

Os orat ór i os f est i vos, ber ço e ori ge m da P i a Sal esi an a, não sã o out ra coi sa senão ce nt r os recr eat i vos, a os quai s os meni nos e j ovens af l ue m para passar sant a e al egr e ment e, os di as sant i f i cados, af ast ando -se, por est e me i o dos per i gos que

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encont ra m pel as ruas , e i nst rui ndo -se na prát i ca da r el i gi ão. Nest as r euni ões de ve dar -se aos meni nos pl ena l i berdade de correr, sal t ar e di vert i r -se e m t oda a cl asse de bri nquedos, bast a que não haj a peri gos f í si cos ou morai s.

Diant e do expost o, podemos dizer que Dom Bos co em seu Si stema Preventivo tinha dois obj etivos bási cos: a „sal vação das almas ‟, ou sej a, preocupação com a dimensão reli giosa dos jovens com o qual se relaci onava e a formação do bom ci dadão. Para el e, a promoção do bem num ambiente educativo devia basear-se n a afetivi dade e n a fami li ari adade entre educad ores e educandos . O Sist em a Prevent ivo continha pres cri ções e regras e preceit uava, antes de m ais nada, “fazer-se amar e não t emer ”. O di álogo, a imposição de limit es , a correção, conform e as idei as do fundador, deveri am ocorrer s em humilhações ou constran gim ent os.

A ação dos sal es ianos por m eio dos orat órios fes tivos no século X IX, era sempre bem vi sta pelas aut ori dades públicas , que at é s ubs idi avam seu funcionamento , poi s viam -no como uma solução im edi at a para o probl em a da marginali dade. Por out ro l ado , a aprendizagem de um a “ar te ou ofício ”, oferecida aos jovens das cam adas popul ares , possibi libitava a inst rução profis sional , a ins erção no mundo do trabal ho e o des envol vi ment o int egral dos jovens.

O oratório pode ser considerado como o em brião da obra sal esi ana. Ao lado dos col égi os ou es col as profissi onai s, quas e sem pre havi a um orat ório, um a paróqui a. O ambi ent e fí sico, a organização espacial e os l ocais da ação sal esi ana mani fest am a identi dade da presença sal esiana. C ast ro (2007a, p. 12) apont a que ,

A i dent i dade sal esi ana concr et i za -se pel a vi vênci a: da espi r i t ual i dade sal esi ana, do Si st e ma Pre vent i vo , da t r adi ção sal esi ana, da mi ssão p r ópri a da con gre gação e da refl exão sobr e a vi da e a ação de D o m Bosco.

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Desta form a, as rel ações entre as pessoas , o ambi ent e físi co, as ações pedagógi cas ou não, devem es tar est rut uradas de acordo com as caract erí sti cas do espí rit o s al esi ano.

As modali dades de atuação dos sal esi anos vari aram de acordo com a reali dade do local onde s e est abel eram e o período, ou s ej a, as necessidades históri cas defini ram as ati vidades des envolvi das s endo que os principais obj etivos s ão: educação, promoção hum ana e evangelização.

1.1 Os Sal esi anos n o B rasil e o Catoli cis mo Popular

A históri a d a instit uição s al esi ana no Brasil é quas e s emp re es crit a po r membros da C ongregação , o que im pli ca em um a super exposi ção da sua própri a ótica, vis to que s ão desti nadas a um a ci rculação int erna, predomina um a ment ali dade ufaní st ica e m uito m arcada pel a aproximação afet iva com os ass untos. Apes ar di ss o, foram im port ant es para docum ent ar a pres ença da obra sal esi ana no P aís , e nes se trabal ho serão usadas cri ticam ent e.

Os s al esi anos chegaram ao Brasi l por volta de 1882, no período final do Im pério. Fas e marcada por si gnificati vas m udanças na soci edad e brasil ei ra. Rest ringir o período apenas a impl antação de um novo regime políti co, decorrente do fi m da monarquia em 1889 si gni fi cari a empobrecê -lo. É precis o dest acar o carát er conflit uos o, de disput a de espaços de atuação ent re a Igrej a e o Est ado . Ness a fase, o catolici smo era a rel i gi ão ofi ci al do Est ado Brasil eiro, o imperador cont rol a v a a Igreja, indi cando candidat os ao Bispado e aut oriz ando ou não, o cumprim ent o das dis posi ções papais no Brasi l.

Em t erm os econômicos, s egundo a visão da historiografi a represent ada po r Caio Prado J úni or, a progressi va vi nda de imi grantes europeus facilitou a transi ção do t rabalho es cravo para a util ização da mão -d e-obra livre. O auge da produção cafeei ra no início da década de 1870, conforme analis a P rado J únior (2004, p.168) foi responsável pelo “aparelhamento t écni co do país ”, ou s ej a, com o capit al cafeeiro i nvestiu -se em est radas de ferro e outros m ei os de

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