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CAPÍTULO IV ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA, ADMINISTRATIVA E PRÁTICAS ESCOLARES

CONSIDE RAÇÕES FINAIS

Situam os nes t a tese a pres ença sal esi ana no Brasil e caract eriz amos a soci edade brasil eira à época da chegada dos sal es ianos , t ent ando compreender os motivos que pos sibil itaram a impl ant ação das obras educ aci onais salesianas no país, em especi al , o Colégio S al esi ano de Santa Teresa, im pl antado em Corumbá em 1899.

Abordamos três fas es m arcant es da hi stóri a do Col égio Sal esi ano: a prim ei ra como Col égi o parti cul ar desti nado a os m eninos ; a segunda com obras educacionais e ass i stenci ais adjunt as ao Col égio; e a t erceira, quando foi celebrado o C onvêni o entre a Missão S alesi ana de Mato Grosso e o estado de Mato Grosso que deu ori gem ao C ol égio Estadual S ant a Teres a.

O germ e da relação políti ca do Convêni o de 1971 est ava na parceri a est abel ecida ant eriorment e, na década de 1950 e 1960 ent re a Miss ão Salesiana de Mato Gross o e o governo do est ado de Mato Gros so para as obras educacionais e as si stenci ais adjuntas ao Col égi o: Grupo Escol ar do Cí rcul o Operário Dom Bos c o (1954), Ginásio Indust ri al Domingos S ávi o (1963) e Ação Soci al Salesiana (1966) que form aram um centro educaci onal independent e do Colégio S al esi ano de Sant a Teresa e est iveram em funcionam ento at é 1971.

Em 1971, foi fi rm ado um novo Convênio ent re os sal es ianos e o governo do est ado de Mat o Gross o que vi gorou de 1972 a 1987, e deu ori gem ao Col égi o Est adual S anta Teresa que funci onou si multaneam ente ao C olégio S al esi ano at é 1981. Com o Convênio (1971) , o Est ado pagava à Mi ssão pel a util ização de toda infraestrutura do prédio , conforme o número de al unos m at ricul ados, lot ava os profess ores e funci onários no Col égio Estadual e s upria -o com m at erial de consumo e de apoi o pedagógi co. Podemos dizer que o Convênio foi um marco na históri a da educação sal esi ana em Corumbá e não há dúvidas que o Col égio Sal esi ano de S ant a Teresa era um a em presa educacional destinada à elit e e o Convêni o foi int eressant íssim o do ponto de vista admi nist rativo para a Miss ão

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Sal esi ana, pois ant es d ele o C olégio pass ava por di fi cul dade s financeiras , est ava fadado a fechar e de acordo com o rel ato de Al fio Pozzi muitos foram os benefí cios conseguidos: “mant eve o prédi o. Quando começou não era ciment ado,

col ocamos pi so, a parte da fr ent e não era t erminada, ter mi namos. T udo com o dinheiro do Convêni o”82.

Dess e modo, enquanto o C onvêni o est eve em vi gor foi im portant e para o Est ado que não poss uía s alas s ufi ci ent es para at ender a dem anda, para a Mi ss ão devido aos altos custos para a m anut enção do prédio como para a popul ação corumbaense . Todos os envolvidos no j ogo políti co e no processo educativo ganharam e perderam em dist intos momentos.

Buscam os ness a tese compreender a dinâmica da organização pedagógi ca , admi nist rativa e prát icas es col ares no Colégi o Sant a Teres a , l evando em cont a a organiz ação t emporal pres ent e no cal endári o es col ar para o período 1972 -1987, privilegi ando as fes t ividades que ocorreram no universo es col ar. P arti mos do press uposto de que o Est ado por m eio dos program as de ensino veicul ava a memóri a hi stóri ca des ej ável. Investi gamos quai s instrum ent os educacionais foram us ados pelo Est ado para l egitim ar a t radi ção nacional e regional no interior das instituições , em especi al, no Colégio S ant a Teres a.

A escol a não ensinava s oment e os val ores cívi cos, m as era a guardi ã des ses valores que constit uíram a identi dade e a m emóri a nacional. Os símbolos nacionai s eram ensi nados e cul tuados de acordo com as det erm inações ofi ci ais, obj etivando produzi r sensibilidades nos alunos, profess ores e eram estendi dos a soci edade. Durant e a re aliz ação dos event os cí vicos, reli gi osos ou com em orações que reforçavam a identi dade da es col a, o Col égi o s e dava a conhecer e admi rar. Embora conveni ado, o Colégio buscava seguir os princípi os da reli gi ão cat óli ca e do Sis tem a P revent ivo de Dom Bosco.

82 Al f i o P o z z i . P a r t e d a e nt r e vi s t a s o b r e o C o l é gi o S a l e s i a no d e S a n t a T e r e s a . 2 7 d e a b r i l d e 2 0 0 7 .

De acordo com Gi meno Sacri st án (2000), em t odo o si st em a educati vo existe pres cri ção ou ori ent ação de com o deve ser o t rabal ho do profes sor. E para desenvol ver sua prática, o profess or depende do currículo pres cri to , porque a instituição es colar t em que respo nder as quest ões de ordem cul tural e soci al, respeit ando a legisl ação em vi gor, e ao mesmo t empo, preocupada com o indiví duo que deseja “form ar ”.

É preci so l em brar que o currículo é uma const rução s oci al e hist óri ca, port anto não é produzido nem definido d e form a isol ada e sim result ado de conflit os, int eress es, dis put as e seleção de conhecim entos a serem t ransmiti dos nas i nstit uições educativas. Em out ras pal avras, o conheci ment o e o currículo são concebidos, produzidos e real izados num contexto social par a ter efeito sobre as pessoas, m as t ambém na práti ca são modifi cados por diferentes s uj eitos no interior da escol a.

Ao est udar as festividades escol ares não podem os reduzi -las a m om entos de confrat erniz ação, des contração e al egria, mas precis amos ent en d ê-l as, como momentos es peci ais , de integração, de exaltação de valores – à pát ri a, à es cola, à ordem soci al vi gent e, à moral e aos bons costum es . Em outras pal avras, as ocasiões festivas eram propí ci as para a difus ão de conheci ment os, norm as e val ores legitim ados pela escol a, pelos governant es e pel a s ociedade. S endo com post as por normas e práti cas com objeti vos educat ivos, as fest as e com emorações es col ares , revelam caract erísti cas i mport ant es da cultur a es colar .

Nas com emorações, sej am cí vicas ou rel i gi o s as, a repet ição v ai fazendo a convers ão, a educabilidade dos suj eit os e reit eirando a m em óri a. Entendemos a memóri a como t em po present e, é a at ualiz ação do passado no pres ent e, um ent recruz am ento de tempos, espaços e voz es. M em óri a é resi stência ao esquecim ento, e ao sil enci am ent o, muitas vez es i mpostos nos processos educativos at ravés da ação institucional (MAR TINS & R OCHA, 2005). As memóri as e as experiênci as vi vidas pelos suj eitos são úni cas, própri as de cada um, m as ao mesmo tempo, col eti vas. E, em al guns m om entos nessa t ese, ao analisar a docum entação encontrada, utilizo de mi nhas mem óri as como

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parti cipant e dess a história na condi ção de ex -al una do Col égi o Est adual S ant a Teresa no período de 1972 a 1986. .

Soares (1981) nos di z que:

Me móri a é al go [. .. ] exi st ent e na i nt er i or idade dos i ndi ví duos e dos gru pos soci ai s, det er mi na da pel as r el ações que esses i ndi ví duos desen vol ve m co m a cul t ura e que vai ori ent ar seus at os e suas escol has n o per cur so de suas hi st óri as de vi da.

Pens ar as fes tas e comemoraç ões escol ares no Col égio S al esi ano de Sant a Teresa arti cul ado à Mem óri a, à hist óri a e à cultur a es col ar col abora para o ent endim ento das es peci fici dades do espaço escol ar e sua di mens ão pedagógica e soci al .

As fest as que compõem o currí culo do Colégio s ã o mom ent os cel ebrativos que alt eram a di nâmica da escol a, indi cam perm anênci a e repetição, vari and o conform e a finalidade da com emoração, servindo assim a diferentes propós itos . São m om entos de congregação onde era possível obs ervar a forte rel ação políti ca ent re Igrej a e Estado, a hi erarqui a, o preconceito, o comprom isso com as el ites, mas apes ar de t udo i sso, havia a valorização das pequenas ações que envol viam a todos .

Sendo próprias da cultur a escol ar , as festas es col ares t rans form am -s e de acordo com a s épocas e as fi nalidades, s ejam el as, soci ais, pol íticas, econômi cas e reli giosas. Ness e sent ido, s ão concebi das, apropri adas e represent adas pel os diferentes suj eit os que parti cipam do process o educativo: di ri gent es de ensino, professores, alunos e socie dade em geral, de form as disti nt as.