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CAPÍTULO IV ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA, ADMINISTRATIVA E PRÁTICAS ESCOLARES

4.4 Comemorações qu e Reforçam a Id entid ade d a Es col a

As informações do Livro de Ocorrência nos permit em afi rm ar que a parti r do ano de 1976, passaram a ser realiz ados vários eventos conjuntos entre o Colégio S al esi ano privado e o Col égi o Est adual . A realiz ação de ati vidades conjunt as não si gni ficava a el iminação das di ferenças. A condi ção s oci al do aluno era um crit ério di ferenci ador. Mesmo que não dit o, i nfl uenci ava na es colha dos al unos para parti cipar ou representar a es col a em al guma festi vidade externa ou al guma apresent ação no i nt eri or da m esm a. Sobre os mom ent os festivos, Al fio Pozzi nos diz que: “A festividade era uma só, mas el es (estadual ), não

parti cipavam muit o. Era muito difí cil li dar com ess a situação, duas r eali dades dentro de um espaço só ”76.

No ent anto, a f est a continuava sendo o momento da celebração, da brincadei ra, dos jogos, da músi ca, da dança, m as tam bém o tempo de aprender. São m últipl os os s entidos , as funções, e os modos de comem orar nas institui ções escol ares .

76 Al f i o P o z z i . P a r t e d a e nt r e vi s t a s o b r e o C o l é gi o S a l e s i a no d e S a n t a T e r e s a . 2 7 d e a b r i l d e 2 0 0 7 .

Fest ej ava-se para cel ebrar a uni dade da i nstitui ção educativa. No iní ci o do ano l etivo havi a a fest a do regul am ent o. Ocasi ão em que o diret or da es col a reuni a profess ores e alunos para dar boas vindas e ao m esm o t empo, proferir um a pal est ra s obre as norm as dis cipl inares, os direit os e deveres de alunos e professores. Es se di a era revestido de carát er festi vo , vi sava motivar os alunos e professores a bem cumprirem os s eus deveres . Era um a efi caz est rat égia para legit imar a instit ui ção e exi gi r o cum prim ent o de seus disposit ivos norm ativos.

A es col a prom ovi a a Festa do Regul am ento na qual es tavam present es os diri gentes da ins titui ção, os professores e os alunos . Nela s e dava a abertura do ano l eti vo e bus cava -s e es cl arecer a todos sobre o funcionam ent o do Col égio, as norm as gerais de procedim en t o. Ess a atitude era no s entido de instruir para evit ar as falhas e casti gos, conform e preconizado por Dom Bosco no Sist em a Preventivo .

Os jogos (int ernos, estaduais, abertos, s al esi anos, t ornei os ) também faziam part e do cal endário es col ar. Os regist ros do Li vro de Ocorrênci a nos permit em afi rm ar que anualm ente, de março a novembro, ocorri am aproximadam ente cinco com peti ções esporti vas envol vendo todas as modali dades. E ess as com pet ições ocorri am por ocasi ão das fest as de ani versári o do C olégio, da s emana da Pát ri a, do aniverári o de C orumbá, do ani vers ári o do di retor e eram também motivos de festa. C el ebradas com hast eam ento da Bandeira, des fil es, apres ent ações de gi násti ca, m úsi ca e animadas torcidas.

Cabe l embrar, que ness e período ai nda vi gorava o Convên io, e nas ativi dades esporti vas havia o confront o ent re as equi pes do Santa Teres a est adual e do Sant a Teresa particul ar.

A com unidade era muito parti ci pativa, e de acordo com Alfi o Pozzi, depois que acabou o Convênio, e o Colégi o tornou -s e estri tam ent e p arti cul ar, muitas des sas com petições deixaram de existir e a comuni dade ainda recl am a por

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isso. O Colégio “s e relacionava bem com a comunidade, era um farol para a

comuni dade ”. 77

Enquanto Col égio conveni ado, fes tas grandiosas acont eceram devi do a quantidade de alunos e ao envol vim ent o do grupo na real ização dos eventos. Nos event os que não eram reli gi osos, o crit ério para repres ent ar a es col a ou cl as se dependi a do des empenho do al uno. Isso si gni fi ca dizer que, o currí culo e as práti cas es col ares valorizava m os bons result ados. É possí vel afirm ar que era reproduzi do na es col a, o funcionam ent o de um a fábrica, mol dava -s e o aluno, da mesm a form a que s e molda o aço (BOBB IT apud S ILVA, 2004).

Eram estabelecidos “crit érios”, “porque se todo mundo par ticipass e não

tinha condi ções de fazer, por exempl o, s e tínhamos na época 3 mil alunos e s e mil parti cipass e m com s uas famílias já er a estr ondosa a parti cipação ”, relat a

Berenice Quevedo78. No ent ant o, quando o Col égi o deixou de ser conveniado, aí as fes tas foram perden do o brilho. Al gumas ti veram que s er adapt adas , como é o caso do Festi val Est udantil S alesi ano de Art e (FESAR T), outras foram extintas com o a dos J ogos abertos salesianos , outras não vingaram, com o a Fest a das Nações .

As fes tas acontecem quando há at ores e espect adores, s em el es, el a perde sent ido. O FESAR T com eçou em 1980, o Colégi o ainda era conveni ado. Era um festival de i nt erpret ação da canção, que só podi am competi r alunos do própri o Colégio organizados em vári as cat egori as musi cais. Para participar em al guma categoria de canto era preci so ant es passar pela pré -sel eção, porque muit os queri am cantar e não havia es paço para todos . O envolvim ento da comunidade escol ar e da sociedade corum baense para a realiz ação do event o era grande.

Eram m es es de p reparação para o fest ival . A equipe organizadora d o event o consegui a contagiar discent es e docent es . O festival era realiz ado em t rês 77 Al f i o P o z z i . P a r t e d a e nt r e vi s t a s o b r e o C o l é gi o S a l e s i a no d e S a n t a T e r e s a . 2 7 d e a b r i l d e 2 0 0 7 . 78 B e r e ni c e Q ue ve d o . P a r t e d a e nt r e vi s t a s o b r e o C o l é gi o S a l e s i a no d e S a n t a T e r e s a . 2 6 d e a b r i l d e 2 0 0 7 .

dias , era um a grande festa. E no fi nal de cada noit e s aí a um a list a de cl assi fi cados por categoria. No terceiro di a todos os classi fi cados s e apresent avam novam ent e, finaliz ando o festival com as premiações, inclusi ve das torcidas.

Em consequ ênci a da não renovação do Convêni o ent re a Mis são S alesi an a de Mato Grosso e o governo do estado de Mato Grosso do Sul, o núm ero de alu nos no Colégio Salesi ano reduziu, mesmo assi m, o FESAR T ainda resisti u por dois anos . Na condição de Colégio estritament e parti cular, com reduzido núm ero de alunos , o FES ART foi substit uído pel o Festival de Art e Es port e Sales iano (FAES), evento de m enor po rt e, com pouca participação ext erna, cons tituí do por jogos e festival.

Sobre o FES ART, a i mprens a publicou:

Acont eceu no Col é gi o Sant a T eresa com aco mpanha ment o do conj unt o MJ -6, o FE SART - 84. Os al un o s apr esent a m da nças, i nt er pr et ação de músi ca popul ar br asi l ei ra, et c. De parabéns o s al unos, pr ofessor es e or gani zad ores desse event o ( O MOME NT O, 1984)79.

A época que o Col égio era conveni ado, a com unidade presti gi ava muit o os event os realiz ados no int erior da i nstitui ção. “Eram tr ês dias lotados, o públi co

parti cipava, dançava, cantava, brincava. [...] Hoje você não vê mai s aquela vibr ação de antes . É com trist eza que eu obs er vo iss o ”. Lam ent a Bereni ce

Quevedo80.

A Sapol ândia é a fes ta junina do C ol égio. Com eçou quando havi a o Grupo Escol ar do Cí rculo Operário (década de 1950) e é considerada um a das fest as tradi cionai s da cidade81. Enquanto o Convênio vi gorou, a com unidade fazia muitas doações para a fest a. Depois del e, predominou a idei a de que o C ol égio 79 O M O M E N T O , 0 2 . 1 0 . 1 9 8 4 . 80 B e r e ni c e Q ue ve d o . P a r t e d a e nt r e vi s t a s o b r e o C o l é gi o S a l e s i a no d e S a n t a T e r e s a . 2 6 d e a b r i l d e 2 0 0 7 . 81 D i z e m q u e o no me “S a p o l â nd i a” fo i d a d o p o r q ue ha vi a u m b r e j o o n d e fo i c o ns t r u í d o o p r é d i o “no vo” e e r a c o n s t a nt e o c o a x a r d o s s a p o s . C o mo e s t a va m p r o c ur a nd o u m no me p a r a a f e s t a j u n i na r e s o l ve r a m c h a má - l a d e S a p o l â nd i a .

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por s er parti cul ar não precisa de col aboração. Ent ret ant o, a popul ação não deixou de parti cipar da fest a. Inclusive, ainda hoj e, nos preparati vos da festa (esti car bandei ri nha, puxar fio, et c) o Colégi o cont a com a aj uda de ex -alunos d a escol a est adual.

Os s ujeitos entrevist ados pel a pes quis adora parti cipava m da organização das fest as no C olégi o Sal esi ano de S ant a Teresa, de acordo com seus rel atos não há regist ros de ocorrência de violênci a durant e a real ização das festi vidades . Est as acont eciam em clim a harmônico, sem t umult os e conflit os. No entanto, sabemos que a vi ol ênci a e a fest a não são es tranhas um a a outra. A própri a ênfase na tranqüili dade e na harmonia nos indi ca que a vi olênci a e o tum ulto rondavam a festa.

É int eress ante ress alt ar que as dat as com emorativas eram s empr e lembradas no C ol égio S ant a Teres a. C omo exempl o: carnaval, pás coa, di a do trabalhador, di a do profess or, dent re outras. De acordo com as anot ações no Li vro de Ocorrênci a es sas dat as eram cel ebradas em s al a de aul a com a confecção de murais , cartaz es, pesquisas e dram atizações .

Para a Sem ana da C riança o Col égi o el aborava um a longa program ação que inici ava no dia 05 e se est endi a at é o dia 12 do mês de out ubro. Constava na program ação: pal est ras, gincana, missa, recreação e prêmios .

A fest a de encerram ent o era realiz ada no final d o m ês de novembro ou iníci o de dezembro. Era o mom ent o da confrat ernização, da premi ação dos alunos que s e dest acaram e da despedida e da form atura dos concluint es .

Constit ui a fest a, a divers ão, o control e, a res ist ênci a, o prazer, a al egri a, as emoções , e por m ais que o hi storiador queira, j am ais cons eguirá compreendê - la sob o aspecto oní rico. O cam po das emoções é difí cil de delim itar e abordar. O que bus camos entender foram os si gnifi cados que a partir do im agi nári o soci al , as fest as deram as ações hum anas no coti diano escolar.