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CAPÍTULO IV ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA, ADMINISTRATIVA E PRÁTICAS ESCOLARES

4.3 O Livro d e O corrên cia

O Livro de Ocorrênci a pos sui rel atos das ativi dades desenvolvidas no coti diano escolar do Colégio S al esi ano de Santa Teres a e da Escol a Est adual , n o período de 1971 at é o ano de 1977 . E traz i nform ações da organiz ação e fun cionamento escol ar do s dois C ol égio s.

Eram respons áveis pelos regist ros no Li vro de Ocorrênci a , o diretor e o secret ário da es col a. As pági nas do Livro vem num eradas e rubri cadas no canto superi or di reito e trazem inform ações suci ntas, mês a mês , do iní cio ao fim do ano l eti vo das ocorrênci as correspondentes ao período de 1971 a 1977. Ano a ano, após os regist ros do m ês de dez embro, o Livro era dat ado , cari mbado e assi nado pelo diret or e pelo secret ário.

Nel e foram rel at ados os acont ecim entos i nternos, o t rabal ho execut ado, e o funcionamento das atividades escol ares . Por meio dess e document o foi possí vel conhecer um pouco da hist óri a inst itucional do Col égio Sal esi ano de Santa Teresa, as práticas , os rit uais e as tradi ções que ocorreram em s eu coti di ano, permiti ndo des cortinar novos horizontes acerca do Col égi o.

As ocorrências do ano de 1971 est ão incom plet as . Foram feitos regist ros apenas dos mes es de fevereiro e março. Não const am justificati vas para a ausênci a de informações dos meses s eguintes. De 1972 a 1977, obs ervamos qu e

grande part e das ocorrências apontadas indica

regul aridade/ repet ição/perm anênci a.

Out ro dado int eress ant e é que o responsável pelo regist ro , ao anot ar os acont ecim entos do Colégio, em al guns mom entos expres sa contentamento, inconformismo e, em out ros, preocupação por t er que acat ar det erminações superi ores (do Est ado via DREC ) que interferi am na roti na do Col égi o:

suspendendo aul as, l iberando alunos para atividades que, na opini ão do diretor, fugi am do pl anej am ento es col ar .

F IGU RA 27. Li vro de Ocorr ênci a , 1977, p. 3 4 -5. ( Acer vo do Col é gi o Sal esi ano de Sant a T eresa ) .

Fi ca evidente no recort e acima a insat isfação por part e do di retor d o Colégio com a real ização dos jogos est udanti s em período de avali ação es col ar. No ent ant o, como a DREC baix ou Port ari a s uspendendo as aul as, força v a a es col a a parti cipar do s jogos, mesmo não estando em condições , como des abafa o padre diretor, no fragm ento acim a73.

Os diri gent es da DREC não s e at ent avam ao planej am ent o int erno do Colégio, pois, conforme as an otações do Li vro de Ocorrênci a , “por ordem da

DREC ” al unos e profess ores eram liberados das aulas para participar de recepção

a aut ori dades, i naugurações, conferências (i nesperadas ) e , querm es se s.

As anotações do Livro de Ocorrênci a referem -s e à realiz ação de exam es , período de m at rí cul as, iní ci o /fim do ano letivo, festi vidades, interrupções das

73 P o r t a r i a : D o c u me n t o d e a t o a d mi n i s t r a t i vo d e q ua l q ue r a u t o r i d a d e p úb l i c a , q ue c o nt é m i n s t r uç õ e s a c e r c a d a a p l i c a ç ã o d a s l e i s o u r e g ul a me nt o s , r e c o me n d a ç õ e s d e c a r á t e r g e r a l , no r ma s d e e xe c uç ã o d e s e r v i ç o s , no me a ç õ e s , p u ni ç õ e s , o u q ua l q ue r o u t r a d e t e r f mi n a ç ã o d e s ua c o mp e t ê nc i a .

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aul as para recebim ent o de autoridades, reuniões pedagógi cas organizadas internam ent e pela direção e pel a coordenação es col ar com a part ici pação de profess ores e de pais , reuniões convocadas pel a DREC , dentre outras inform ações .

O Livro tinha c om o finalidade rel at ar de form a cronológica com o as ativi dades pl anej adas e previst as n o cal endári o escolar (ou até m esm o improvis adas pel a DREC) tinham sido execut adas ao longo do ano es col ar.

Não exist e nas soci edades com plex as um sist ema es colar que não s ej a regul ado e ordenado por um sist em a políti co e administ rativo. As form as e modalidades de int ervenção podem vari ar de acordo com as épocas e sist em as políti cos . P ara Gim en o S acris tán (2000, p.118),

A or denação e a pr esc r i ção de u m det er mi na do currí cul o por par t e da ad mi ni st r ação educat i va é u ma for ma d e propor o r efer enci al para real i zar u m cont r ol e sobr e a qual i dade do si st ema ed ucat i vo. O cont r ol e pode ser exerci do, basi c a ment e, p or mei o da regul ação ad mi ni st rat i va que or dena como deve ser a prát i ca escol ar , ai nda que sej a sob a forma de sugest ões , a val i ando essa pr át i ca do currí cul o at ravés da i nspeção ou por mei o de u ma aval i ação

ext erna dos al unos co mo f ont e de i nfor ma çã o ( Gri fos do a ut or ) . Ness e s enti do, os agentes m edi adores s ituam -s e ent re o currí culo e os profess ores, ex ercendo cont role sobre a práti ca profis sional dos professores; sobre os cont eúdos e sobre os m étodos de ensino. No cas o do Colégio S al esi ano, na condição de conveniado, o diretor era convocado , antes do i nício do ano letivo para participar de uma reuni ão promovi da pel a DR EC em C am po Grande onde todos os diret ores das es colas públicas est aduais eram cham ados para receberem as ori ent ações que deveri am ser s eguidas ao longo do ano l etivo.

Comparando as ocorrênci as do mês de março nos anos de 1971 -1977, obs ervam os a regularidade na realização de trí duos com pales tras proferi das pel o padre diretor sobre “o homem perant e Deus e a s oci edade ”; “Dir eitos e d ever es ”; e “f ormação moral e cí vi ca ”. Nesses eventos, os al unos eram organizados por

faix a et ári a e ao encerrar as pal es tras era cel ebrada um a missa em louvor à Noss a S enhora Auxiliadora, padroeira dos sal es ianos74.

Podem os dizer que o di retor do Col égi o a o execut ar essas práticas educativas es tava em consonânci a com a l egisl ação federal (Lei 5692/ 71) , que det erminava para as es colas a s el eção de conteúdos que t ransmitis sem valores morais , cívi co -pat rióticos e di fundis sem a ideologia do regime milit ar.

O epi sódi o de 31 de março de 1964 é enfatizado no Li vro de Ocorrênci a com o um a “Revol ução Vit oriosa ” e a dat a no C ol égio era l em brada com palestras proferi das pel os al unos e pelo padre ins pet or que “f êz uma explanação sôbr e a

Revol ução, demons tr ando a gr andez a impres cidível do movimento em que el evou o nome do Brasil em todos os set ores, sócio -econômi co -financeiro ” ( LIVR O DE

OCORR ÊNC IA , p.23).

Não causa est ranheza o fato de 1964 ser vist o como um a “Revolução

Vitori osa ”, pel o padre i nspetor do C olégio Sal esi ano de S ant a Tere s a, uma vez

que o Golpe de 1964 foi s audado pelas cl asses dom inant es e forças ali adas como uma autênti ca “Revolução ”. É important e l embrar que os suj eitos m atri culados naquele est abel ecim ento educacional eram , em sua m aiori a, proveni entes da elit e corumbaense, filhos de milit ares, pecuari stas, com erciant es e políti cos , então, os discursos proferi dos a respeit o da “Revolução Vitori osa ” i am ao encont ro de seus int eress es.

Diant e do cont exto políti co do período, percebe -s e pel o regi stro no livro, que não há int enção em questionar o m oviment o, m as apenas engrandecê -l o, por isso, não se faz referência à des truição das organiz ações pol íticas e a repress ão aos movi mentos soci ais de orient ação popul ar. S egundo Rei s (2004, p.38), não podemos diz er que a Igrej a , como um todo, apoiou as posi ções de direit a. “Mas é

fato que a Insti tui ção, na grande mai oria, e na cúpula, adotou posi ções de resi stência às r efor mas e aos movi mentos que as defendiam ”. Logo após a

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vitória do golpe de março de 1964, a Conferênci a Nacional dos Bis pos do Brasil (CNBB), com o s eu poder/ cont rol e, abençoou os vi torios os.

No perí odo em que foi regist rado no Li vro de Ocorrência (1971/ 1977), a com emoração al usiva à grandeza da “Revolução Vit oriosa ” de 1964, a Igrej a legit imava o golpe. Port ant o, col aborava para cultivar a m em óri a do gol pe como intervenção neces sária e s alvadora, “em def esa da democr aci a e da ci vili zação

crist ã, contr a o comunis mo ateu, a bader na e a corr upção ” (R EIS, 2004, p.29).

À época, C orumbá recebeu autoridades po l íti cas com o, Sr. J arbas Pass arinho - Mi nist ro da Educação e Cul tura (02/03/ 1971), s r. Pedro P edros sian – Governador do Estado (02/03/1971), o secretário de Educação do estado de Mato Grosso (22/03/ 1972), o general Em ílio Garrastaz u M édi ci – P resident e da Repúbli ca, s r. Hugo Banz er Soares – P resident e da Bolí via (04/04/ 1972), e o sr . Augusto Ham ann R adem aker Grünewal d – Vice P resident e da R epúbli ca do Brasil (23/08/ 1972).

Ness as ocasiões , os alunos eram dispens ados das aul as para recepcionar e reverenci ar as autoridades que foram a Corumbá “i naugur ar diver sas obras

ef etuadas pel o dinâmico governador do Estado, Sr. Dr . Pedro Pedross ian,

dentre as quais, o Centro Pedagógi co [...] ” (LIVR O DE OC OR RÊNC IA , p.23)75.

Consideramos que vári os fatores fizeram com que no período em estudo, Corum bá recebes se um número si gni ficati vo de autoridades para assi na r convênios, l ançar ou inaugurar obras, e part ici par de festivi dades . Dent re eles, o fat o de est ar localiz ada em área front eiri ça – ent re o P araguai e a Bol ívi a -, área est ratégica para a s egurança nacional, ser um import ante pól o econômi co do sul de Mat o Grosso, pos suir um atuante cont ingent e operari ado form ado a part ir dos

75 P e d r o P e d r o s s i a n e me r gi u c o mo l i d e r a n ç a p o l í t i c a p e l a c o l i g a ç ã o e nt r e o P a r t i d o S o c i a l D e mo c r á t i c o / P S D e o P a r t i d o T r a b a l hi s t a B r a s i l e i r o / P T B , e m 1 9 6 5 , no p r o c e s s o d e a r r a nj o s e r e a r r a nj o s d a s e l i t e s p o l í t i c a s ma t o gr o s s e ns e s . E x e r c e u o c a r go d e go ve r n a d o r p o r t r ê s ve z e s , a p r i me i r a a nt e s d a d i vi s ã o d o E s t a d o d e M a t o G r o s s o ( 3 1 / 0 1 / 1 9 6 6 a 1 5 / 0 3 / 1 9 7 1 ) , a s e g u nd a e a t e r c e i r a c o mo go ve r na d o r d o E s t a d o d e M a t o G r o s s o d o S u l , s e nd o q ue u ma n a c o nd i ç ã o d e i nd i c a d o p e l o G o ve r no F e d e r a l ( 0 7 / 1 1 / 1 9 8 0 a 1 5 / 0 3 / 1 9 8 3 ) e o u t r a na c o nd i ç ã o d e e l e i t o ( 1 5 / 0 3 / 1 9 9 1 a 0 1 / 0 1 / 1 9 9 5 ) .

port os e da E st rada de Ferro Noroest e do Brasil (EFN OB), por contar com a infl uênci a de repres ent ant es das t radicionais ol i garqui as fundiári as do Es tado e também pelo fato do governador do est ado estar vincul ado a ARENA .

A vi sit a de repres ent ant es do poder público (nacional , es tadual ou internacional ) , conform e obs ervamos no Livro de Ocorrênci a , result avam em suspensão das aul as . Segundo o R egim ento Escol ar, as aul as só poderiam s er suspensas em vi rt ude de fat os relevant es que justifi cass em tal medida.

Os di ri gentes da DREC eram os res pons áveis por eleger, orient ar e com uni car às es col as, os acon t ecim entos importantes que acarret ariam as interrupções e sus pens ões das aulas. Quando is so ocorri a, a sel eção para o currí culo es col ar do que era rel evant e homenagear, com emorar e fest ej ar j á havi a sido fei ta. Dess e m odo, pri nci palm ent e as escol as públi ca s ou conveniadas, tinham que obedecer às det erminações que vinham de cim a, consideradas important es no processo educati vo.

As i nform ações list adas e si stemat izadas , no quadro a segui r , s ão as que indi cam permanência e repeti ção no período de 1971 a 1977 .

Quadro 3. : Ocorrências Escol ares (1971-1977) . J a n e i r o R e s e r v a d o a o s t r a b a l ho s d e e xp e d i e n t e : r e vi s ã o d e p a s t a s i nd i vi d ua i s , a t e nd i me n t o d e p e d i d o d e t r a n s f e r ê nc i a e ma t r í c u l a s . A n i ve r s á r i o d e D o m B o s c o ( d i a 3 1 ) . F e v e r e i r o E x a me s d e 2 ª É p o c a ( d e 0 1 a 0 4 ) . R e u n i ã o d e p r o fe s s o r e s : d i s t r i b u i ç ã o d e c a r ga ho r á r i a , o r i e nt a ç õ e s d i d á t i c a s e p e d a gó gi c a s . P l a ne j a me n t o c o m o s p r o fe s s o r e s ( d e 1 8 a 2 2 ) . M a r ç o I n í c i o d o a no l e t i vo c o m p a l e s t r a d e b o a s vi nd a s a o s d o c e n t e s e d i s c e n t e s s e g u i d a s d a l e i t ur a d o r e g ul a me nt o ( i n í c i o d o mê s ) . T r í d uo e s c o l a r . E nc e r r a me n t o c o m mi s s a no S a n t u á r i o d e M a r i a A u x i l i a d o r a . E x a me s b i o mé t r i c o s d e E d u c a ç ã o F í s i c a e o s e x a me s d e s u f i c i ê nc i a . R e u n i ã o c o m o s p a i s o u r e s p o n s á v e i s . P a l e s t r a s d e fo r ma ç ã o c í vi c a e mo r a l p a r a o s a l u no s d e a c o r d o c o m a fa i xa e t á r i a . A n i ve r s á r i o d a “R e v o l u ç ã o G l o r i o s a d e 1 9 6 4” ( d i a 3 1 ) .

153 A b r i l S e ma n a S a nt a D i a M u nd i a l d a S a úd e ( d i a 0 9 ) . D i a P a n - A me r i c a no ( d i a 1 4 ) . D i a d o Í nd i o ( d i a 1 9 ) . T i r a d e n t e s e f u nd a ç ã o d e B r a s í l i a ( d i a 2 1 ) . M a i o D i a mu n d i a l d o t r a b a l ho ( d i a 0 1 ) . D i a d a s mã e s . A n i ve r s á r i o d e F u nd a ç ã o d o C o l é gi o S a l e s i a no d e S a n t a T e r e s a e f e s t a a N o s s a S e n ho r a A u x i l i a d o r a ( d i a 2 4 ) . J u n h o C ho r p u s C hr i s t i D i a d a M a r i n h a ( d i a 1 2 ) . L i b e r t a ç ã o d o s E s c r a vo s e R e t o ma d a d e C o r u mb á ( d i a 1 3 ) . R e u n i ã o d a D R E C c o m o d i r e t o r . O r i e nt a ç õ e s s o b r e a va l i a ç ã o e s c o l a r e f é r i a s d o s p r o f e s s o r e s . R e u n i ã o d o d i r e t o r c o m o s p r o fe s s o r e s . A v a l i a ç ã o d o s e me s t r e , s u ge s t õ e s , c o mu n i c a ç õ e s , e fé r i a s . F e s t a j u n i na ( S a p o l â nd i a ) . R e a l i z a ç ã o d e gi nc a na s , fe s t a s fo l c l ó r i c a s e j o go s . J u l h o E n t r e ga d a s no t a s d o 2 º b i me s t r e a o s p a i s o u r e s p o n s á ve i s . P l a ne j a me n t o d o 2 ° b i m e s t r e ( d e 1 º a 1 5 ) . P e r í o d o d e f é r i a s p a r a p r o f e s s o r e s ( d e 1 6 a 3 0 ) . A g o s t o C he g a d a d o F o go S i mb ó l i c o . D i a d o s p a i s . I n í c i o d o s e n s a i o s d a fa n fa r r a . D i a d o S o l d a d o ( d i a 2 5 ) . F e i r a d e C i ê n c i a s . S e t e mb r o A b e r t u r a d a S e ma na d a P á t r i a ( d i a 0 1 ) . D e s fi l e C í vi c o M i l i t a r – I nd e p e nd ê n c i a d o B r a s i l ( d i a 0 7 ) . D e s fi l e A n i v e r s á r i o d e C o r u mb á ( d i a 2 1 ) . J o go s e s t ud a nt i s e s t a d u a i s ( d e 0 7 a 1 4 ) . P a l e s t r a s d e e v a n ge l i z a ç ã o . O u t u b r o J o go s S a l e s i a no s ( d e 0 5 a 1 2 ) e s e ma n a d a c r i a nç a . I n í c i o d a s e ma n a d a “A s a” ( d i a 5 ) . D i a d e N o s s a S e n ho r a A p a r e c i d a ( d i a 1 2 ) . D i a d o p r o fe s s o r ( d i a 1 5 ) . D i a d o f u nc i o ná r i o p úb l i c o ( d i a 2 8 ) .

N o v e mb r o F i n a d o s ( d i a 0 2 ) E n t r e ga d e b o l e t i n s a o s p a i s e d o ho r á r i o d e e x a me s f i na i s . P r o c l a ma ç ã o d a R e p úb l i c a ( 1 5 ) . M i s s a d e e nc e r r a me n t o o f i c i a l d o a no l e t i vo . E x a me s f i na i s ( d e 1 8 a 2 3 ) . D e z e mb r o A u l a s d e r e c up e r a ç ã o . R e u n i ã o p e d a gó gi c a p a r a u ma a v a l i a ç ã o d o s r e s ul t a d o s f i na i s . R e s u l t a d o f i na l a p ó s a r e c up e r a ç ã o ( a p a r t i r d o d i a 1 5 ) A t a s d e r e s ul t a d o s , d o c u me n t o s e p e d i d o s d e 2 ª vi a .

FONT E: Li vro de Oc orr ênci a . Acer vo do Col é gi o Sal esi ano de Sant a T eresa (1971 - 1977) .

As ocorrências l ançadas no Livro nos permit em afirm ar que o Colégio atingiu um al to grau de compl exida de em sua organização roti nei ra. Dizem os isso, pelo ri gor do cal endário, pelos tem as das pal est ras minist radas que enfatizavam a com preens ão da reali dade nacional como exi gênci a para o exercí cio da ci dadania, pel as comem orações prom ovidas e desenvolvida s dent ro da escol a, vis ando m oldar as ment es e avivar o patri otism o, essas e out ras ações muito afinadas com o que es tava acont ecendo na época.

Como exem plos , de acont ecim entos do primei ro s emestre do ano leti vo que indi cam repetição, podemos ci tar: o trí duo es col ar, a s emana sant a, a miss a pel a pas sagem de ani versário do padre diretor, a com emoração à Noss a Senhora Auxiliadora, Corpus Christi , a visit a dos alunos à Bas e Fluvial de Ladário, a visit a ao Col égi o dos vencedores dos jogos florais de C orum bá, o fer i ado muni cipal pel a Ret omada de Corumbá, a fest a junina, a recepção e guarda ao fogo sim bóli co .

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F IGU RA 28. Mi ssa em h o mena ge m a Nossa Senhora Au xi l i ador a: 24 de mai o de 1974. ( Acer vo do Col é gi o).

Sabemos que as interrupções das ativi dades es col ares na maiori a das vez es, es tavam est abel eci das no calendário escol ar como efemeridades cí cli cas, de carát er cívi co, reli gi oso, políti co e soci al. Nas comem orações reli gi os as , assim como nas demais , os i ndiví duos rompem com o cot idiano. É o es paço privilegi ado da reunião da s diferenças, de fi gurações soci ais, col etivas e de soci abilidade.

Consideramos a s fes tividades e com emorações no uni verso es col ar com o expressi vos aconteci ment os soci ais pelos quais a insti tui ção educativa ganhava visibil idade, ao mes mo tempo, compartil havam s enti mentos s oci ais e culturai s. As comem orações cívi cas s ão práti cas simbóli cas que contri buem para a construção da m emória nacional de form a a sol enizar al gum as dat as const ituídas com o “not áveis ”, buscando evit ar o esquecimento, legitim ar o regim e. Port ant o, as i nt errupções, não podem ser consideradas um “desvi rtuamento do ensino, mas

como pr áti ca s oci al que s e torna uma práti ca educati va ” (SOUZA, 1998, p.

274).

A parti r de 1972, o Convêni o ent re a Mi ssão Sal esi ana de M ato Grosso e o est ado de Mato Grosso pass ou a vi gorar, e no Livro de Ocorrênci a não const a ess a i nform ação. Como j á foi el uci dado em out ra part e dest e t rabalho, após o Convêni o, o núm ero de al unos mat ri cul ados aumentou e o Colégi o passou a funcionar at endendo a cli ent el a do público e do pri vado simul taneament e, porém , em espaços di ferent es. A arquitetura da es col a pos sibil it ava a confi guração e distribui ção do es paço entre o públi co e o pri vado.

De 1972 a 1981 al gum as com emorações , reuni ões e atividades program adas eram realizadas em conj unto para a cli ent el a do públ ico e do privado e out ras, em s eparado . C onfi rma esse dado a publicação do dia 15 de outubro de 1976 do jornal Di ári o da Manhã anunci ando a program ação dos I

Jogos Aber tos de Corumbá no qual l istava como equipes parti cipant es da

com peti ção : o C entro Universit ári o de C orum bá, o Col égio Estadual Dom Bos co, o Col égi o Est adual Sant a Teres a, o C ol égi o P arti cular S ant a Teres a, o Grupo ALEC , o Grupo São Pedro, o Grupo Porto Carrero, o S ervi co Nacional de Aprendizagem Indust rial (S ENA I) e o R iachuel o Fut ebol Cl ube .

A notícia publi cada mostra que havia equipes do Sant a Teresa públ ico e do Sant a pri vado para as vári as modali dades esportivas: bas quet ebol femi nino e mas culi no; vol eibol femini no e m asculino, handebol fem i nino e masculino , dam a, pi ng -pong e xadrez. Incl usive o prim ei ro jogo de voleibol fem ini no foi ent re S ant a Teres a es tadual cont ra S ant a Teresa particul ar.

As anot ações no Li vro de Ocorrênci a do ano de 1976 deix am m ais em evi dênci a al gum as at ividades real izadas em conjunt o.

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F IGU RA 29. Li vr o de Oc or rênci a , 1976, p .3 1. ( Acer vo do Col é gi o Sal esi ano de Sant a T eresa ) .

A fi gura 29 diz res peit o à anotação do di a 31 de março de 1976. Ness a dat a os alunos do Colégi o Santa Teres a em conjunto (públ ico/privado) celebraram o ani versário da “Revol ução de 1964 ”. O fato do respons ável pelo Li vro anot ar a frase “em conj unt o com a escola es tadual ”, cham a a at enção para a form a como a escol a s al esi ana vivenci a v a ess a m istura.

F IGU RA 30. Li vr o de Oc or rênci a , 197 6, p .3 1. ( Acer vo do Col é gi o Sal esi ano de Sant a T eresa ) .

F IGU RA 31. Li vro de Oc or r ênci a , 197 6, p .3 2. ( Acer vo do Col é gi o Sal esi ano de Sant a T eresa ) .

As féri as dis cent es es col ares aconteci am no mês de jul ho. De 1º a 15 d e julho era us ado para os profess ores pl anej arem o segundo semestre l eti vo. Do di a 16 a 30 era o recess o dos profes sores e retornavam as atividades no dia 31, pois o iní cio das aulas acont eci a nos prim eiros di as de agos to.

O Segundo s em est re l etivo era m arcado pel a s s eguint es ativi dades: abertura dos jogos estudantis , di a dos pais, o di a do sol dado, a abertura da sem ana da P át ria com ati vidades esporti vas, di a do fol clore, o des fil e cí vi co - militar de 7 de s etembro, o dia da árvore, o aniversário de C orum bá, olimpíadas sal esi anas , s em ana da cri ança, di as de form ação, fest a a Noss a S enhora Aparecida, confrat ernização pelo di a do profess or, feira de Ciênci as , di a da Proclamação da Repúbli ca, provas fi nais e mi ss a de encerrament o. De acordo com Oli veira (1989, p. 174) “dat as, her óis, monumentos , músicas e fol cl or e se

conjugam na montagem da memória n aci onal e, s e esta tem consist ênci a, produz-se um i mport ant e r eforço à coesão social. ”

A parti cipação da com unidade escolar nas fest as e com emorações no contexto intra e ext ra es col ar col aboram para a construção de um im aginário soci al que nas pal avras de Carval ho (1990 , p.10 ),

[...] é par t e i nt egrant e de qual quer regi me p ol í t i co. É por mei o d o i ma gi nár i o que se po de m at i n gi r não só a cabeça mas, de mo d o