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CAPÍTULO I OS SALESIANOS NO BRASIL: SEU MODELO DE EDUCAÇÃO

1.1 Os Sal esi anos n o B rasil e o Catoli cis mo Popular

A históri a d a instit uição s al esi ana no Brasil é quas e s emp re es crit a po r membros da C ongregação , o que im pli ca em um a super exposi ção da sua própri a ótica, vis to que s ão desti nadas a um a ci rculação int erna, predomina um a ment ali dade ufaní st ica e m uito m arcada pel a aproximação afet iva com os ass untos. Apes ar di ss o, foram im port ant es para docum ent ar a pres ença da obra sal esi ana no P aís , e nes se trabal ho serão usadas cri ticam ent e.

Os s al esi anos chegaram ao Brasi l por volta de 1882, no período final do Im pério. Fas e marcada por si gnificati vas m udanças na soci edad e brasil ei ra. Rest ringir o período apenas a impl antação de um novo regime políti co, decorrente do fi m da monarquia em 1889 si gni fi cari a empobrecê -lo. É precis o dest acar o carát er conflit uos o, de disput a de espaços de atuação ent re a Igrej a e o Est ado . Ness a fase, o catolici smo era a rel i gi ão ofi ci al do Est ado Brasil eiro, o imperador cont rol a v a a Igreja, indi cando candidat os ao Bispado e aut oriz ando ou não, o cumprim ent o das dis posi ções papais no Brasi l.

Em t erm os econômicos, s egundo a visão da historiografi a represent ada po r Caio Prado J úni or, a progressi va vi nda de imi grantes europeus facilitou a transi ção do t rabalho es cravo para a util ização da mão -d e-obra livre. O auge da produção cafeei ra no início da década de 1870, conforme analis a P rado J únior (2004, p.168) foi responsável pelo “aparelhamento t écni co do país ”, ou s ej a, com o capit al cafeeiro i nvestiu -se em est radas de ferro e outros m ei os de

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com uni cação e t ransportes, que por sua vez propi ci ou a urbaniz ação e deu subsí dio para o iní ci o da i ndustri aliz ação.

A prosperidade proveni ent e do café favoreceu ao cres cim ent o urbano. As cidades ofereci am oportunidades aos profi ssionais li berais , negoci antes, art es ãos, além de promover a mudança dos s enhores para cas arões, fi cando o campo como espaço de produção agrícola, de reti ro e de recreação. Com o cres cent e aum ent o da popul ação nas cidades , not a -s e o com ércio s e fortalecendo e as ati vidades indus tri ais dando s eus pri mei ros passos (PRADO J ÚNIOR, 2004) .

Café, ferrovi as , urbanização, imi grant es: proces sos emara nhados, que, n a sua i nteração compl exa, det erminaram a ocupação e a transformação da pai sagem do est ado de S ão P aulo e do Brasil. E a chegada dos sales ianos com a i nt enção de expandi r a obra de Dom Bos co faz parte des se processo.

Foi na regi ão Sudest e, com preendendo os est ados do Rio de J anei ro, S ão Paulo e Minas Gerai s o espaço terri tori al que s erviu como bas e para a implant ação e des envolvim ento i ni cial da obra sales iana.

Ness e perí odo (1882), a sit uação reli gi osa no P aís era preocupant e, no dizer do cléri go s al esiano9:

o po vo t e m mui t a f é, mas é u ma fé t ont a po r causa da i gnor ânci a e do acú mul o de super st i ção [ ...] Ei s t oda a de voçã o dos br asi l ei ros: t er u m al t arzi nho e m casa, i r fr eqüent e me nt e à mi ssa, i nscre ve r nas mui t as confrar i as [ ...] nas ci dades, exi st em mui t í ssi mas e ri quí ssi mas i gr ej as, mas não exi st em padr es que cui dem da mai or part e del as. E os sacr a ment os? A co nfi ssão , os pecados et c...sã o coi sas supér f l uas, assi m di ze m (A ZZ I, 2 000, p.26 -27).

É import ant e dest acar que at é o i ní cio do s écul o X X o catoli ci smo predom inant e pode s er denominado de catolicismo popul ar.

Em um a abordagem mais cultural, preocupada com a confi guração do carát er popul ar do conflito Igrej a e Est ado , Benedetti (1984), considera o

9 C l é r i go s a l e s i a no T e o d o r o M a s s a no e m c a r t a a o p a d r e R a fa e l R i c c a r d i , e m j u l ho d e 1 8 8 2 , c i t a d a p o r A z z i ( 2 0 0 0 ) .

catoli cism o popul ar uma “r eligião menor ” porque nem s empre t em a pres ença do padre ou de al gum membro ofi ci al da Igrej a Cat óli ca para s e des envolver. É um modelo de crença enraizado na tradi ção portugues a, conhecido t ambém com o catoli cism o luso -brasil ei ro. Uma caract erí sti ca bási ca do catolicismo lus o- brasil ei ro é o seu carát er famili ar. Es s e est ava m ais concentrado ao redor d a própri a i nstit ui ção famili ar do que da organização ecles iásti ca. C omo exem plo , temos a cat equese que era oferecida dent ro das própri as famíli as . É precis o obs ervar que nos o ratóri os part iculares, nas capel as dos engenhos, nas fazendas de cri ação, próximos às cruzes ergui das nos morros ou à beira das est radas as fam íli as s e reuniam para express ar sua fé.

Out ra caract erísti ca do cat oli cism o luso -brasil ei ro é s ua dim ens ão soci a l . A crença reli gi os a era um dos principai s inst rumentos de s oci aliz ação na vida col oni al (AZZI, 2000 ). Nas sol eni dades rel i giosas, com o romarias, proci ssões e festas de s antos, a comuni dade venci a o isol amento em decorrência do inci pient e des envol vimento urbano e express ava s ua vida social .

Neste ti po de cat oli cismo denominado popul ar ou lus o -brasil eiro , os l ei gos não s e consideravam meros assist entes do culto reli gios o, m as respons áveis po r introduzi r devoções e promover a fé católi ca. Este as pecto era f ort em ent e condenado por part e das congregações da Igrej a Cat óli ca, dent re el as , a Congregação Sal esi ana.

Os prim eiros s al esianos ao s e est abel ecerem no Brasil fi caram impressionados com a form a de express ar a fé católi ca e criticavam a tradi ção rel i giosa lei ga do povo. Assi m, o proj eto missionári o dos s al esi anos ti nha como obj etivo fortalecer a fé dos brasil eiros, libert ando -os daquil o que era considerado i gnorânci a e s upersti ção. Desta form a, di spus eram -s e a cooperar com os bi spos reformadores na t entat i va de m elhorar a i ns trução cat equéti ca, elimi nando os elementos consi derados profanos nos cultos reli gios os e fazendo com que o clero assumisse as m ani fest ações de culto e as ass oci ações rel i giosas.

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A mol a propuls ora para a fundação da obra salesiana fo i a necessidade de oferecer uma inst rução reli gi osa à j uvent ude carente e m argi naliz ada. Por m eio da educação e da formação profissi onal, pret endi am oferecer à juventude pobre e abandonada, os inst rumentos neces sários para o ingresso no m ercado de t rabalho.

Apes ar de a C ongregação S al esi ana t er com o característ ica especí fica a educação dos s etores popul ar es, no Brasil , el es s e dedi car am especialment e à formação das elit es . Muit os est rangei ros – al emães , j apones es , it ali anos, dent re outros - mi graram para o B rasil, e por recom endação da Santa Sé, os salesianos deveri am t ambém dar assist ênci a aos filhos dos imi grant es e ocupar-s e da evangeliz ação dos i ndí genas .

O surgim ento das ciênci as modernas, o progres so da astronom ia, mat em ática e fí si ca, a parti r do sécu lo XV II, do Ilumi nism o no s éculo XV III exalt ando a razão cientí fi ca, como i nst rumento de libert ação do homem e do Positivi smo do s écul o X IX, incenti vando o culto à ci ênci a, abal aram a crença n a Igrej a C at óli ca , que se viu am eaçada e se posi cionou cont ra a penet ração dess as idei as .

O Concílio Vati cano I se op ôs à di fus ão des sa nova m ent alidade no âmbit o da instituição ecl es iásti ca e fech o u-s e ao di ál ogo com a cham ada cultura moderna, ini ci ando um movimento de recuperação da fé, em moldes t rident inos , no t er rit óri o brasil ei ro10.

Em 1864, o P apa Pi o IX, at ravés da Encícli ca ou Bul a “Quanta Cur a ” s e opõe à modernidade, grande inimi ga da Igrej a, defini ndo na list a chamada

Syll abus, oit enta proposi ções consideradas erros modernos, dentre eles, est ão as

idei as ilumi nist as , a maçonaria e o liberal ismo.

A hi erarquia ecl esi ásti ca cont ra a exalt ação da ci ênci a e da raz ão divul gadas no Brasil , pelo di scurso liberal -positivist a, de inspiração anti cl eri cal,

10 T r i d e n t i no s : r e fe r e nt e a o C o n c í l i o d e T r e n t o - u m d o s ma i s i mp o r t a nt e s c o nc l a ve s r e l i g i o s o s d o O c i d e n t e . A I gr e j a C a t ó l i c a a t r a v é s d o C o nc í l i o V a t i c a no I d e c l a r a a „infa lib ilidade papa l ‟.

bus cou apoio na tradicional sociedade patri arcal, a fim de org anizar suas forças e parti r para a dis put a do espaço soci al, pel a ativi dade educati va.

Podem os afirmar que a chegada dos sal esi anos no Brasil es tá li gada ao process o de rom aniz ação ou ult ramont ani smo. Movim ento de carát er mundi al da Igrej a C atóli ca, inic iado no s éculo XIX, chegando ao auge no fi nal do s éculo XIX e i nício do XX.

O movim ento tinha com o obj etivo expandir o C atoli ci smo de Rom a e, reafirmar a autori dade papal enfraquecida com a Reform a Protes tante e afetada também pel a R evolução Frances a , não s ó nos aspect os reli giosos , m as t ambém políti cos e econôm icos.

Por m ei o des se movimento , a Igrej a buscou mecanis mos para cont rol ar ideologi cam ent e a s oci edade com m ais ri gi dez moral e doutrinária. No caso brasil ei ro, a preocupação era a de form ar um cler o obedi ente e respons ável por reafirmar a autoridade do P apa e a dos Bis pos , por meio da fé e da moral do povo.

Dentro do projet o de rom anização, a Congregação S alesi ana utiliz ou -se d o campo da educação com o i ntuit o de educar a soci edade brasil eira nos princípi os e moldes da Igrej a Romana. A educação pas s ou a ser vist a como inst rum ent o de controle da popul ação e garanti a de que as fut uras gerações profess ass em e defendessem a fé cri stã.

Cabe situar que no perí odo que ant ecede a vinda dos padres s al esi an os ao Brasil, pri nci palment e nas décadas de 1840 e 1850, as insti tui ções políti cas, com o retorno do Poder Moderador, tornaram -s e cent ralizadoras , obj etivando cont er os movim entos s ociais que eclodiram durant e a R egênci a11.

A abolição do t ráfi co de escravos (1850), a campanha pel a instrução públi ca e o incenti vo à educação em geral , capit aneada pelos li berais com a

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concess ão de benefí cios às escol as particul ares que s e i ns tal ass em no país, coi nci di am com os i nteress es do Est ado Imperi al, da Igrej a e dos sal e si anos.

A indust rial ização era ainda i ncipi ent e, mas havi a interess e por part e dos liberais na ins tal ação de es col as de “art es e ofí cios ”. O di scurso vi gent e era o de educar o povo, inst ruí -lo e form á -lo na rel igião e moral.

Podem os situar a vinda dos padr es s al esi anos ao Brasil , bem como a organiz ação de suas obras , dent ro do contexto de i nt eress es do Est ado Imperial e do grupo l iberal que se fi rm o u na R epúbli ca.

As famíli as t inham interess e na form ação crist ã e acredit avam que a Igrej a, repres entada pel os Col égios, proporcionari a uma educação sólida a s eus filhos, t endo com o pri ncí pios a ci vilidade, o respeit o à Pátri a e o desenvol vimento int egral do cidadão.

Mes chi atti (2000, p.30) diz que,

Os Col é gi os cat ól i cos er am a garant i a de que novas ger ações cr esc esse m e m a mb i ent e de fé cri st ã -c at ól i ca, que fosse m educados por professor es que t i vesse m pri ncí pi os cr i st ãos, for mando pessoas que fosse m, mai s t ardes, escudei r os da rel i gi ão cr i st ã.

Um dos aspectos que possi bilitou a ent rada dos s al esi anos no Brasil foi o conflit o nas rel ações ent re Igreja e Es tado na fas e fi nal do Im pério , gerando o fim do Padroado, bem como a l egi slação que concedia a l iberdade de cult o, tornando a es col a ofici al lai ca12. Essa m edida abriu espaço para que no cam po educacional es col as la i cas foss em fundadas, es col as sob a di reção da maçonari a, bem com o escolas confessi onais di rigidas por prot es t ant es. No campo

12 P a d r o a d o : I n s t i t u i ç ã o q ue d a t a d o s é c u l o X I I I , c r i a d a s p e l a s mo na r q ui a s i b é r i c a s p a r a e s t a b e l e c e r a l i a n ç a s c o m a S a n t a F é . O P a d r o a d o p o r t u g uê s c o n s i s t i a n a c o nc e s s ã o d e p r i vi l é gi o s e na r e i v i nd i c a ç ã o d e d i r e i t o s , i n vo c a nd o a c o r o a na q ua l i d a d e d e p r o t e t o r a d a s mi s s õ e s e c l e s i á s t i c a s na Á fr i c a , n a Á s i a e no B r a s i l . A t r a vé s d e l e s , a M o na r q u i a p r o mo vi a , t r a n s fe r i a o u a fa s t a v a c l é r i go s ; d e c i d i a e a r b i t r a va c o n f l i t o s na s r e s p e c t i v a s j ur i d i ç õ e s d o s q ua i s e l a p r ó p r i a f i x a va o s l i mi t e s .

educacional eram be m-vi ndos não só cat ólicos, m as tod os que tives sem com o obj etivo oferecer um a boa educação13.

E a proposta educat iva dos salesianos vai ao encont ro dos des ejos de D.P edro II, que era favorável a ordens reli giosas ati vas, volt adas para a quest ão do t rabalho, da educação da juvent ude que trouxes sem soluções ou amenizass em os problemas soci ais em ergent es (AZZI, 2000).

Segui ndo os exem pl os e os conselhos de Dom Bos co, os sal esianos ao se est abel eceram no Brasil , aproximaram -se do poder público e evit avam criti car o governo.

Nos col égios fundados e di ri gi dos por eles , esti mul avam nos al unos o respeito às autoridades; con vidavam os homens públicos a conhecer s uas obras, bem com o a participar das s olenidades realizadas. Al ém di sso, di fundiam at ravés da imprensa as atividades s oci ai s e educativas, a fim de obt er subsídi os do Est ado para execução e expans ão da obra sal es iana.

Os prim eiros est abel eci mentos educati vos ins tituí dos pel os sal es ianos tiveram como caract erí sti ca o ens ino profissi onal – conhecidos com o colégios d e “artes e ofícios” – e a população atingida, nessa etapa inicial foi a juventude das camadas popul ares . Cabe dizer que as escol as profis sionais criadas pelos sal esi anos , post eriorment e foram denominadas Li ceus de Art es e Ofíci os , seguindo a t erminologi a adot ada ant es da chegada dos mesmos ao Bras il.

Dess a m aneira, a s prim ei ras obras sal esi anas i nst al adas no país eram es col as de educação profi ssional e tinham por finalidade ens inar uma profiss ão ou ocupação. Segundo Azzi (2000, p.239) “trat ava-se de of er ecer aos r apazes de

famíli as pobr es condições para prepararem -se, de forma adequada, para a

13 A r e s p e i t o d i s s o , S é r g i o M i c e l i ( 1 9 8 8 ) t r a z d a d o s q ue mo s t r a m a e xp a n s ã o d a s d i o c e s e s p o r t o d o o B r a s i l e c o n s e q u e nt e e s t r u t ur a ç ã o d o c a t o l i c i s mo na fa s e s ub s e q u e n t e a P r o c l a ma ç ã o d a R e p úb l i c a . O a u t o r a p o n t a q ue a s c o n gr e ga ç õ e s r e l i gi o s a s q ue s e i n s t a l a r a m no B r a s i l a p a r t i r d a s e p a r a ç ã o E s t a d o e I g r e j a t i n h a m o b j e t i vo s c l a r a me n t e p a t r i mo ni a l i s t a s . D e a c o r d o c o m M i c e l i , e s s a t e o r i a p o d e s e r a p l i c a d a a o s s a l e s i a no s c uj o c r e s c i me n t o p a t r i mo ni a l ga r a n t i r i a o s p r o j e t o s f ut ur o s d a C o n gr e g a ç ã o b e m c o mo a p e r ma nê n c i a n o p a í s .

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inserção no merc ado de tr abalho na soci edade burguesa em formação ”,

tornando -os quali fi cados e capazes de s upri r s uas necessidades bási cas.

O Col égi o Sant a Rosa, em Nit erói (Rio de J anei ro) , fundado em 14 de julho de 1883 , foi a prim eira obra sal esi ana ins tituí da no Bras il. É preciso ress alt ar que o proj eto de cri ação de um Li ceu de Artes e Ofíci os em Nit erói ori ginou-s e em m eados de 1888.

O ens ino profissi onal int roduzido pelos salesianos não era novidade no país, uma vez que o governo ou i nstit ui ções parti culares em pe rí odo ant eri or à chegada dos sales ianos j á haviam inst al ado Li ceus de Art es e Ofí cios em cidades com o Rio de J anei ro e S ão P aulo.

Como obs erva Riol ando Azzi, “na tradição l uso -brasil eir a, o trabal ho

manual era consi derado menos di gno, sendo ori entados para el e apenas os meninos das camadas pobr es da população ” (AZZI, 2000, p. 219).

Havia também no projet o educaci onal de Dom Bos co os objetivos m oral , soci al e reli gi oso que era o de “evit ar que ess es jovens , marginal izados pel a

soci edade, pass ass em a at uar no submundo do crime e da i moralidade ” (idem,

p.222).

Tal preocupação com os menores i nfratores permi tiu a im plantação de obras s al esi anas , uma vez que con siderava que os educadores s alesi anos , por meio das escol as profis sionais, e dos orat órios festivos, pudes sem cont ribuir para amenizar o problem a da criminali dade.

O projeto s al esi ano det erm inava que , ao l ado dos col égi os ou es colas profis sionais , foss e cri ado um o ratório festi vo, que era consi derado como pont a de l ança da obra salesi ana. Embora os orató rios festi vos fossem considerados com o a base da obra sal esi ana e os princí pios do s oratório s festivos não tives sem sido abandonado s, nos pri mórdios da presença salesiana no Brasil , a pri oridade del es, em suas obras , foram as escolas de “art es e of ícios ” ou escol as profissionais . A hi st óri a nos conta que esse tipo de ativi dade constava desde o

iníci o no proj eto da mai ori a das fundações salesianas, e muitas das es colas profis sionais dos sal esi anos não ti veram grande des envol vim ento . Ent ret anto, os sal esi anos acredit avam que ess a cat egoria de ensino os t orna ri am popul ares e aceit os por todos .

É int eress ant e obs ervar que Dom Bosco , após ser ordenado sacerdot e em 1841 , foi incenti vado pelo s eu di retor espi rit ual P e. Cafas so a ent rar para o Colégio Ecl esi ást ico de Turim, a fi m de aprofundar estudos de Teol ogi a Dogm áti ca e Teologi a M oral14.

Nos trabal hos de pastoral acom panhava o Pe. Cafass o nas visit as às pris ões. Dess e modo, s ens ibilizou-s e pel a vida que os presos , na m ai ori a jovens ent re 12 e 18 anos vivi am “a mí ngua de pão es piri tual e t empor al ” (MESC H IATT I, 2000, p.55). Acredit ava que at ravés da reli gi ão pudess e col aborar para a mudança de comport am ent o dos jovens, s endo as sim, vi sit ava - os nos fi nais de sem ana nas pri sões , l evando fumo e alim ent os. A int enção era de cativá-l os para que quando esti vessem em liberdade visit ass em os orat óri os, parti cipando dos sacram entos e das ativi dades real izadas . O princi pal obj etivo era mantê -l os afas tados do crim e , desenvolvendo a di sci plina e a m orali dade.

É preciso observ ar como especifi cidade do processo de form ação da Congregação Sal es i ana frente à m aiori a das congregações reli gi os as, que os “discípulos” de Dom Bosco, antes de ingressar na vida religiosa foram alunos no oratório e foram formados pel o própri o Dom Bosco.

Rocchi etti , Arti gli a, Cagli ero e Mi guel Rua receberam de Dom Bos co a