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Palavras-chave dinâmica produtiva políticas públicas setor agropecuário meio rural PRONAF - microbacias

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O RESTABELECIMENTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E A RETOMADA DA DINÃMICA PRODUTIVA DA REGIÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE A PARTIR DOS ANOS 1990

Paulo Cesar de Souza Doutorando em Geografia pela UNESP – Presidente Prudente/SP Membro do GEDRA Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar o restabelecimento das políticas públicas e a retomada de dinâmica produtiva na Região de Presidente Prudente a partir de 1990. Esta região passou por períodos de desenvolvimento e estagnação durante o século passado (XX0, porém, foi nos anos de 1990 que se verificou retomada da dinâmica produtiva no setor agropecuário, base da economia local. Para tanto, procurou-se analisar a retomada do crescimento populacional na região, assim como, averiguar o revigoramento do setor agropecuário nos municípios com populações entre 2000 e 5000 habitantes como também em outros de mais de 14.000, localizados no entorno do centro urbano e sede regional – Presidente Prudente. Verificou-se que esses municípios mantêm a base produtiva ligada ao meio rural, bem como, suas populações, em sua maioria, estão ligadas as atividades rurais, agrícolas e não-agrícolas. No contexto de se manterem como produtores rurais e desenvolverem novas alternativas para seus negócios, os agentes públicos municipais, capital privado e sociedade civil têm buscado articular os agentes envolvidos na implementação e busca de recursos em políticas públicas que propiciem uma dinâmica estável. Como referência o trabalho busca analisar O PRONAF e o Programa de Microbacias do Estado de São Paulo e os benefícios que esses dois programas têm trazido a dinâmica produtiva regional.

Palavras-chave

dinâmica produtiva – políticas públicas – setor agropecuário – meio rural – PRONAF - microbacias

Introdução

Este texto tem como objetivo principal analisar a dinâmica territorial e a retomada do crescimento econômico da Região de Governo de Presidente Prudente, Estado de São Paulo, a partir dos anos 1990.

Durante o século XX a região passou por períodos distintos de evolução-ocupação, de involução-estagnação econômica e de retomada do crescimento. Esses períodos foram datados entre 1920 e 1990 as duas primeiras fases, e a terceira têm início a partir do final do século XX e início do século XXI.

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Com intuito de analisar a fase atual que se iniciou nos anos 1990 foram utilizados dados populacionais e agropecuários de alguns municípios da região de Presidente Prudente que apresentam características sócio-econômicas e situação geográfica semelhantes, já que se localizam nas proximidades de Presidente Prudente, sede da região e principal centro urbano.

O processo histórico de ocupação possibilitou o surgimento de uma rede urbana com certa densidade e o desenvolvimento de uma economia centrada no setor agropecuário. A maioria dos municípios da região de Presidente Prudente apresentou dinâmicas produtivas influenciadas pelas políticas governamentais de âmbito nacional e estadual e passaram por períodos de crescimento e estagnação, marcados pelo aumento e pela diminuição das suas populações locais, decorrente da migração inter-regional e do êxodo rural.

A partir dos anos 1990 se observou a configuração de uma nova fase econômica que vem associada ao processo de redemocratização, do restabelecimento de políticas públicas, ainda que deficitárias, mas, mais voltadas ao atendimento das classes populares, as quais têm propiciado uma maior inserção ao mercado e a geração de renda por parte de alguns setores produtivos.

Procurou-se evidenciar no próximo item a caracterização geográfica da Região de Presidente Prudente e as relações da sede regional com os municípios vizinhos. Logo, é enfatizada a fase econômica atual da região, se priorizando a análise de alguns dados referentes à população e as atividades agropecuárias. No final faz-se uma breve análise de algumas políticas públicas voltadas ao meio rural e conclui-se com as considerações finais, onde é apresentado o que se propõe com o projeto de pesquisa de doutorado que se encontra em fase de desenvolvimento.

Caracterização da Região de Presidente Prudente.

A região de Presidente Prudente se localiza na porção sul do extremo oeste do Estado de São Paulo, área que também é conhecida como Pontal do Paranapanema.

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Como é oficialmente chamada, a 10 ª Região Administrativa do Estado de São Paulo está subdividida em três regiões de Governo, quais sejam: a de Adamantina; a de Dracena; e, a de Presidente Prudente.

A Região de Governo de Presidente Prudente tem como divisores os Estados do Mato Grosso e do Paraná, a Oeste e ao Sul respectivamente, e as regiões de Marília a leste e as Regiões de Governo (RG) de Adamantina e de Dracena ao norte. A Região Administrativa (RA) de Presidente Prudente compreende uma área de 23.777 Km2, e é composta por 53 municípios, dos quais 30 pertencem a RG de Presidente Prudente, localizados entre as bacias do Rio Paranapanema, ao sul, do Peixe, ao norte, ambos afluentes do Rio Paraná, a oeste da Região.

Esses municípios têm como principal característica econômica a agropecuária, sendo que alguns deles se destacam pela grande extensão, configurando-se entre os maiores do Estado de São Paulo, como são os casos de Teodoro Sampaio, Presidente Epitácio, Mirante do Paranapanema, Martinópolis e Rancharia.

Dentre os municípios da região procurou-se destacar aqueles localizados próximos ao centro urbano regional – Presidente Prudente, dividindo-se em dois grupos específicos:

a – municípios que possuem menor extensão territorial e população entre 2000 e 5000 habitantes;

b – municípios que possuem maior extensão territorial e população superior a 14.000 habitantes.

A relação entre Presidente Prudente e os municípios situados no seu entorno

Os municípios situados no entorno de Presidente Prudente apresentam características semelhantes: a) economias baseadas nas atividades agropecuárias (HESPANHOL, 2005); b) população bem inferior a apresentada pelo principal centro urbano regional; c) grande dependência de bens e serviços oferecidos por empresas localizadas na cidade de Presidente Prudente.

No mapa – 1 verifica-se a localização dos municípios situados no entorno de Presidente Prudente divididos em dois grupos:

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- Grupo A (menor extensão territorial e população entre 2000 e 5000 habitantes): Alfredo Marcondes, Caiabú, Emilianópolis, Indiana e Santo Expedito;

- Grupo B (maior extensão territorial e população superior a 14.000 habitantes): Martinópolis, Presidente Bernardes e Regente Feijó.

Organização: Paulo Cesar Souza. Fonte:www.seade.sp.gov.br

O primeiro grupo (A), com exceção de Emilianópolis, todos têm divisas territoriais com o município de Presidente Prudente e se localizam ao sul do Rio do Peixe (margem esquerda), sendo que Caiabú, Santo Expedito e Emilianópolis têm o referido rio como limite norte dos seus territórios.

A principal ligação desses pequenos municípios com Presidente Prudente é feita por meio de rodovias estaduais, e, como segunda opção, as estradas vicinais (pavimentadas ou não). Os municípios situados a leste de Presidente Prudente (Indiana e Caiabú) têm a SP 425 (Rodovia Assis Chateaubriand) como principal eixo de ligação com Presidente Prudente e os situados a oeste de Presidente Prudente (Presidente Bernardes e Emilianópolis) têm a SP 270 (Rodovia Raposo Tavares) como eixo principal, além das estradas

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vicinais, enquanto que os municípios situados ao norte (Alfredo Marcondes e Santo Expedito) interligam-se ao centro regional por meio de SP 501 (Rodovia Julio Budiski).

Entre os municípios que integram o segundo grupo (B), apenas Regente Feijó faz divisas territoriais com Presidente Prudente, porém Martinópolis e Presidente Bernardes possuem os maiores territórios e também com grande parcela deles na margem esquerda do rio do Peixe. Distam, em média 30 Km do centro regional. O principal fluxo entre Presidente Bernardes e Regente Feijó à Presidente Prudente é a rodovia Raposo Tavares e com Martinópolis a rodovia Assis Chateaubrind.

Contudo, as relações entre os municípios com Presidente Prudente devem ser observadas considerando-se certa hierarquia, havendo intensa dependência quanto aos fluxos de pessoas, mercadorias e serviços. Embora essas relações não se resumam ao modelo hierárquico, identifica-se que tanto o volume de pessoas, como de capitais se direcionam ao centro regional, o que possibilita maior dinamismo e concentração econômica na sede regional.

De fato, tanto a dependência a um centro urbano regional como a alocação das políticas públicas e das ações administrativas nele, não consistem de que o desenvolvimento se direcione a uma determinada parcela do território, mas objetiva-se o desenvolvimento regional como um todo, respeitando-se as articulações sócio-econômicas e os objetivos dos agentes atuantes: empresas privadas, órgãos públicos estaduais e federais, poderes públicos municipais e sociedade civil.

Região de Presidente Prudente: retomada do dinamismo econômico a partir da década de 1990

Como salientam Silva, Campanhola e Del Grossi (2000), houve a queda no êxodo rural paulista a partir da década de 1990. Entre os períodos de 1981/92, 1992/99 a população urbana cresceu 2,2 e 1,6 % a.a., respectivamente, enquanto que a população rural apresentou decréscimo de 0,6 % .a.a. no primeiro período (1981/92) e crescimento de 1,3 % a.a. no segundo. Porém, considerando-se o sub-período entre 1996/99, ou seja, final da década, a população urbana cresceu 1,4 % enquanto que a rural alcançou taxa de 3,0 % a.a.. Comparando-se com o

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crescimento populacional médio do Estado de São Paulo que foi de 1,5 % a.a., a expansão da população rural no referido sub-período foi bem superior.

Para Silva (2000) alguns velhos mitos do rural brasileiro podem ser reinterpretados com a emergência de um novo rural. Para tanto

Há no rural brasileiro ainda muito do atraso, da violência, por razões em parte históricas, relacionadas com a forma com que foi feita nossa colonização, baseada em grandes propriedades com trabalho escravo. Mas há também a emergência de um novo rural, composto tanto pelo agrobusines como por novos sujeitos sociais [...] (p. 37)

De fato, uma das regiões mais caracterizadas pela ruralidade do Estado de São Paulo é a de Presidente Prudente, onde, exceto a sede regional, a maioria dos municípios possui população em torno de 2000 a 5000 habitantes, 14.000 a 25.000 habitantes e poucas possuem população superior a 30.000 habitantes. Muitos desses municípios possuem distritos e bairros rurais nos quais residem entre 500 e 1500 habitantes, dedicando-se principalmente a atividades rurais, tanto agrícolas como não-agrícolas.

Durante a década de 1990 duas características se destacam na evolução populacional da região de Presidente Prudente. A primeira diz respeito ao aumento populacional geral como também dos municípios, o que denota o arrefecimento da migração inter-regional no Estado, principalmente em direção as regiões metropolitanas. A segunda é a diminuição do êxodo rural, com menor deslocamento das populações rurais para as áreas urbanas.

Tabela 1 – Evolução da população na Região de Presidente Prudente/SP (1991 – 2007) Situação de

Domicílio 1991 1996 2000 2007

Total 489.040 516.390 544.215 561.137

Urbana 409.498 429.757 465.701

-Rural 79.542 86.633 78.514

-Fonte: Censos Demográficos, 1991, 2000; Contagem Populacional, 1996, 2007. IBGE.

Como se verifica na tabela 1 houve incremento da população total na região entre 1991 e 2007. Mesmo considerando-se o crescimento vegetativo observa-se um crescimento relativamente acentuado, com destaque para o período 1991/96 com acréscimo de 32.350 habitantes, maior do que o período posterior 1996/2000, que foi de 27.925.

Há outro fator importante na dinâmica da população regional que denota não só o crescimento da população total, como também o crescimento da

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população rural entre os anos de 1991/96, com crescimento de 8% e taxa de 1,6 % a.a., maior do que média que foi de 5% e do que a taxa de crescimento médio que foi de 1% a.a., e a da população urbana, com 4% e taxa de crescimento de 0,8 % a.a.

De fato, algo que não ocorria desde a década de 1960, ocorreu na década de 1990, um relativo aumento na taxa de crescimento da população rural. Entretanto no período seguinte – 1996/2000, a população total cresceu 5%, a urbana 8% e a rural decresceu 10%, evidenciando-se a continuidade do crescimento da população regional, com retorno do êxodo rural.

Para tanto, a perspectiva de crescimento da população total da região é contínua no início do século XXI, e no período 2000/07 cresceu 3%, com taxa de expansão de 0,4 a.a.

Todavia o que se notou em períodos anteriores foi um esvaziamento populacional, principalmente das pequenas cidades. Porém, nesta abordagem procura-se evidenciar o que há de novo, principalmente nos municípios mais próximos ao centro regional.

No caso dos municípios que integram o grupo A (municípios com menor extensão territorial e com população entre 2000 e 5000 habitantes), verificou-se um relativo crescimento populacional durante os anos 1990, principalmente no período 1991/2000. Em dois destes houve pequena retração populacional no período posterior – 2000/07 (Indiana e Caiabú), mas em outros três o crescimento populacional se manteve.

Tabela 2: Evolução Populacional dos municípios menores situados no entorno de Presidente Prudente (1991 – 2007) Municípios/população 1991 1996 2000 2007 Alfredo Marcondes 3.493 3.630 3.697 3.851 Emilianópolis - 2.777 2.893 3.021 Indiana 4.622 4.733 4.932 4.682 Santo Expedito 2.222 2.312 2.526 2.759 Caiabu 3.854 3.709 4.077 4.011

Fonte: Censos Demográficos 1991, 2000, contagens Populacionais, 1996, 2007

O que pode ser observado é que os municípios desse grupo possuem populações inferiores aos demais municípios da região e estas estão, em parte, quase que totalmente envolvidas com atividades no meio rural, sendo elas agrícolas ou não-agrícolas.

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Não somente as atividades estão ligadas ao rural como seu modo de vida, costumes e cultura estão mais propícios aos aspectos da ruralidade do que da dinâmica urbana. Quando há maior ligação com o meio urbano, se direcionam as cidades maiores – mais próximas, ou diretamente a Presidente Prudente Prudente, de maneira esporádica, poucas vezes, principalmente em busca de serviços não oferecidos em suas cidades: saúde, serviços, mecânica, bancos e compras mensais.

Embora utilizem serviços especializados nas cidades vizinhas, seu cotidiano é vinculado ao meio rural, cujas atividades de uma forma ou outra estão ligadas a ele.

No segundo grupo – B verificou-se que, além de apresentarem crescimento populacional maior do que o primeiro – exceto Presidente Bernardes – , o incremento da população se manteve ao longo de todo o período 1991/2007 nos municípios de Martinópolis e Regente Feijó. No caso de Presidente Bernardes, a queda no período 1991/96 se explica pelo desmembramento do município de Emilianópolis 1991, que se constituía distrito do mesmo. Entretanto, considerando a população total após emancipação do distrito, nota-se aumento contínuo nos períodos posteriores – 1996/2000 – 2000/07.

Tabela 3: Evolução Populacional dos municípios maiores (mais de 14.000 hab.) em torno de Presidente Prudente (1991 – 2007)

Municípios/população 1991 1996 2000 2007

Martinópolis 19.673 21.361 22.346 23.983

Presidente Bernardes 16.311* 12.210** 14.662 14.788

Regente Feijó 14.963 16.276 16.998 17.070

Fonte: Censos Demográficos 1991, 2000, contagens Populacionais, 1996, 2007 *população total do município incluindo do distrito de Emilianópolis

** população total do município excluindo do distrito desmembrado de Emilianópolis

Suas populações, melhor servidas por maior variedade de atividades, bens e serviços possuem modo de vida mais vinculado ao meio urbano do que com o meio rural, porém, existe uma parcela ligada a atividades no meio rural, quer sejam agrícolas ou não agrícolas. O número de pessoas ligadas às atividades rurais, mas não agrícolas cresce e, de fato, mesmo que suas populações rurais tenham diminuído nos últimos anos, isso não significa que abandonaram as atividades, mas se deslocaram para sede municipal, e não para fora da região.

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O que se busca com essas análises é ressaltar que o crescimento populacional nesses municípios pode ser visto como um dos aspectos da retomada da dinâmica produtiva regional, visto a permanência das pessoas e, principalmente a ligação com as atividades locais, que, tanto no grupo A, como no B, muitas, de alguma forma, estão ligada ao rural, com atividades agrícolas e não-agrícolas, principalmente no primeiro grupo. Porém, esse não é o único aspecto que se pretende analisar.

Outros dados a serem evidenciados é a utilização das terras na região durante o período 1996 – 2006. Segundo dados do Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agrícola do Estado de São Paulo (LUPA), observa-se que o total da área utilizada para produção no setor agropecuário na Região Agrícola de Presidente Prudente é praticamente a mesma – 899.129 ha. em 1995/96 e 895.205 ha. em 2007/08.

Os dados a Tabela 4 denotam relativo crescimento no uso da terra com culturas temporárias e a diminuição das áreas de pastagens.

Tabela 4: Estatísticas Agrícolas, Regional Agrícola de Presidente Prudente/SP: uso da terra (total, culturas perene, temporária e pastagens) Hectáres – 1995- 2008

Item 1995/96 2007/08

Total 898.129,4 895.205,0

Cultura perene 4.773,4 4.282,0

Cultura temporária 99.672,8 242.959,20

Pastagens 713,205,2 560.747,0

Fonte: Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agrícola do Estado de São Paulo (LUPA) Dados Consolidados Regionais 1995/96 e 2007/08.http://www.cati.sp.gov.br/projetolupa/dadosregionais.php

Observa-se, portanto, significativo crescimento nas áreas ocupadas por culturas temporárias, quando em 1995/96 eram 99.672 ha., em 2007/08 são de 242.959 ha. No caso das áreas utilizadas para pastagens, o decréscimo também é relativo entre 1995/96 e 2007/08, de 713.205 ha. Para 560.747 ha., respectivamente.

O aumento das áreas ocupadas por lavouras, principalmente as temporárias, em partes deve-se a expansão da cultura da cana-de-açúcar no interior paulista, seguindo política nacional de apoio ao etanol e produção e energias limpas/alternativas.

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A cultura da cana-de-açúcar nos últimos anos tem substituído gradativamente as áreas ocupadas pela pecuária como também pelas pastagens degradadas, como se observa na tabela 5, a seguir.

A cultura da cana-de-açúcar apresenta um significativo aumento, praticamente 50% das áreas plantada e colhida entre 2003/07, com total aproximado de quase dois milhões de hectares.

Tabela 5: Evolução da cultura da cana-de-açúcar na Região de Presidente Prudente – áreas: plantadas e colhidas (ha.) e quantidade produzida (ton.)

Variável/ano 2003 2004 2005 2006 2007

Área plantada (há) 5.377.216 5.633.700 5.815.151 6.390.474 7.086.851

Área colhida (há) 5.371.020 5.631.741 5.805.518 6.355.498 7.080.920

Quant. Produzida (ton.) 396.012.158 415.205.835 422.956.646 477.410.655 549.707.314

Fonte: Produção Agrícola Municipal, 2003, 2004, 2005, 2006. 2007. IBGE,

Todavia, o que se ressalta é, principalmente, o aumento da quantidade de toneladas produzidas entre 2003/07, de 38,81%, num total de 153.695.156 toneladas.

Portanto, de todo modo, essas análises apresentam uma caracterização abrangente da região estudada, permitindo verificar a retomada da dinâmica produtiva nos últimos dez anos.

Entretanto, o que deve ser observado não é somente a evolução produtiva em termos numéricos de área e quantidade. Mas o que se propõe no estudo em desenvolvimento é a apresentação de novas alternativas e perspectivas para as populações de um modo geral, que têm suas atividades ligadas ao meio rural nesses municípios de baixa renda, e dependentes das ações públicas.

Como salienta Hespanhol (2000), o setor primário se destaca na economia dos municípios do oeste paulista e é importante para o desenvolvimento tanto do meio rural como também do urbano, na medida em que se evidencia um desenvolvimento local integrado.

Na historia brasileira, o que se observou foi que “a paulatina modernização da agricultura atendeu prioritariamente a elite agrária que detinha o poder econômico e, portanto, político. Isso vem ocorrendo desde a Lei de Terras de 1850 [...]” (DE DAVID; SULTZBACHER, 2008).

Para Oliveira (1999) o Estado tem um grande papel e as políticas publicas influenciam diretamente na transformação do espaço rural e, essas

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ações sempre foram estimuladas pela lógica da concentração do capital o que propiciou a reordenação territorial, o que levou a essa combinação contraditória e desigual, tanto da expansão do setor como das articulações territoriais.

Entretanto, para a proposição de uma análise mais articulada da retomada do desenvolvimento regional no pós 1990, e, todavia, buscar o conjunto dos aspectos que vem propiciando essa retomada, deve-se atentar para a necessidade de avaliar os caminhos e efeitos do novo rural brasileiro e paulista, da abordagem dessa hipótese, ora apresentada, que é a efetivação da dinâmica produtiva regional, das ações locais e políticas públicas viabilizadas no recorte territorial apresentado e aprofundar temas como meio ambiente, desenvolvimento sustentável e a geração das ocupações agrícolas e não-agrícolas por parte das populações municipais, assim como investigar o nível da inserção da produção familiar pluriativa e os benefícios agregados neste conjunto.

Assim, pretende-se dar continuidade as análises com enfoques em duas políticas públicas voltadas ao atendimento de pequenos produtores que são o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e o Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas.

Ambos têm se revelado como fonte relevantes aos pequenos e médios produtores na região, por fornecerem recursos e empréstimos a juros baixos e incentivado o fortalecimento do associativismo, interagindo, nos âmbitos da consciência e atualização (mercadológica, técnica, administrativa a ambiental), no modo como esses produtores compreendem seu novo papel no meio rural e na sociedade em geral.

Abramovay e Sach (1995) já enfatizavam que as classes menos favorecidas no campo já provaram sua capacidade de trabalharem em condições que não lhes favorecem completamente, criando opções e alternativas, assim como compreendem profundamente o ambiente onde atuam e, quando lhes são oferecidas oportunidades podem levar seus projetos adiante.

Políticas Públicas: PRONAF e o Programa de Microbacias do Estado de São Paulo

Neste item serão abordados alguns aspectos destas duas políticas públicas que têm demonstrado certa eficácia junto aos produtores rurais na região de Presidente Prudente.

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Tanto o PRONAF como o Programa Estadual de Microbacias são políticas que têm se voltado ao atendimento de produtores rurais a fim de alavancar a produtividade nas pequenas propriedades e fortalecer os negócios rurais familiares. Os juros baixos do PRONAF num país onde, no bojo das políticas para agricultura sempre privilegiou as elites, surge como uma ação diferente de tudo que já foi feito pelo Estado brasileiro.

O PRONAF é um programa nacional que veio atender as necessidades da agricultura familiar no Brasil. Sobre o programa, De David e Sulzbacher (2008) comentam:

No Brasil, a agricultura familiar só começou a crescer a partir dos anos 1990, com a criação de políticas públicas como o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), além do revigoramento da Reforma Agrária. A formulação das políticas favoráveis à agricultura familiar e à Reforma Agrária veio ao encontro, em especial, das reivindicações das organizações de trabalhadores rurais e à pressão dos movimentos sociais organizados, mas fundamentada também em formulações pela comunidade acadêmica nacional e apoiada por modelos de interpretação de agência multilaterais [...] (DE DAVID; SULZBACHER, 2008. p. 17).

Desde a década de 1990, muitos pequenos e médios produtores da região têm se beneficiado da política de juros reduzidos do PRONAF para investirem nas lavouras, na exploração leiteira e na criação de pequenos animais, etc.

Quanto ao Programa ao Programa de Microbacias Hidrográficas no Estado de São Paulo, em 1994 o governo do Estado solicitou recurso ao Banco Mundial para efetivação do projeto, que teve inicio com liberação dos recursos a partir de 2000.

Esse programa tem como princípios gerais não somente conceder recursos subsidiados a pequenos produtores, mas visa promover o manejo adequado dos recursos naturais, principalmente o binômio solo-água, o fortalecimento do associativismo entre produtores rurais, como também a integração das políticas públicas eficazes e democráticas a grupos menos favorecidos, e por fim a eficácia dessas políticas no fornecimento de infra-estrutura no campo, com programas de manejo e extensão rural.

Como exemplo, Hespanhol (2008. p. 7) relata que “no âmbito das microbacias, ou seja, nas áreas comuns (públicas), foram realizadas a adaptação

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de estradas rurais e o controle de voçorocas e às associações de produtores rurais foram doados equipamentos de informática com recursos do programa.”

Até 2005 o programa teve sua credibilidade comprometida pela dificuldade de acessos aos incentivos, se bem que a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) não havia adaptado a sua cultura institucional de gerenciamento do programa devido a exigência burocráticas, outro problema enfrentado na implementação do mesmo (HESPANHOL, 2008).

Até novembro de 2007, na região de Presidente Prudente foram implantados 57 projetos de microbacias em 21 municípios, entre os quais cinco implantaram quatro projetos, seis implantaram três, nove implantaram dois e um município implantou apenas um projeto.

No caso dos municípios citados neste trabalho verificou-se a implantação de 22 projetos de microbacias: quatro em Santo Expedito, três em Martinópolis, Indiana e Alfredo Marcondes e dois em Emilianópolis, Caiabú e Presidente Bernardes.

Segundo Hespanhol (2008, p. 8)

a receptividade aos projetos de MIcrobacias na Região Agrícola de Presidente Prudente tem sido bastante diferenciada e está associada ao perfil das comunidades atendidas e ao envolvimento, compromisso e condições de trabalho dos técnicos executores dos projetos.

Apesar de suas limitações, os dois programas têm apresentado eficácia, obtendo êxito no que se refere: a) incentivo a formação de ações em parceria; b) a priorização do atendimento aos pequenos e médios produtores rurais; c) ao fornecimento de infra-estrutura rural pelo poder político municipal; d) no controle e preservação do meio ambiente (reconstituição de mata ciliar, controle da erosão dos solos e proteção de nascentes).

Considerações finais

Este trabalho teve como foco a análise da retomada da dinâmica produtiva na Região de Presidente Prudente, Estado de São Paulo. Para tanto, foram selecionados os municípios situados no entorno da sede regional – Presidente Prudente. Esses territórios de importância econômica para base produtiva regional foram analisados nos aspectos gerais quais sejam: o tamanho

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da população, as influências e relações de troca inter-regional e o crescimento populacional durante o período de 1990 – 2007, assim como o uso da terra.

A referida região passou por três fazes distintas. O foco de análises está na terceira etapa, ou seja, na nova articulação entre os agentes locais e o novo rural brasileiro e paulista.

Apesar das limitações, procurou-se verificar alguns pontos de convergência que permitem verificar e basear a hipótese de retomada do dinamismo, como por exemplo, o crescimento populacional geral e dos municípios, configurando o não-esvaziamento populacional regional, o crescimento da área produtiva e a existência de possibilidades de articulação para maior desenvolvimento local.

Trabalhando com alguns dados secundários buscou-se identificar critérios que denotam os municípios como agentes produtivos importantes para o desenvolvimento local. Demais dados serão futuramente articulados a fim de se apontar as condições mais específicas dos municípios e populações locais e a articulação entre as atividades desenvolvidas com o PRONAF e o Programa de Microbacias Hidrográficas.

Embora este projeto esteja em andamento, pretende-se em etapas posteriores analisar mais profundamente não somente os segmentos produtivos já articulados às políticas públicas nacionais e com o mercado internacional, mas principalmente evidenciar a resistência de uma cultura rural regional, que por meio de algumas políticas públicas têm garantido a sobrevivência da agricultura familiar.

Portanto, o envolvimento e a ação de agentes diferenciados como o poder público em diferentes níveis (federal, estadual e municipal), o capital privado e a sociedade civil podem assumir a responsabilidade de forma conjunta na busca da verdadeira efetivação da dinâmica produtiva, estável e duradoura na região.

Referências

ABRAMOVAY, R, SACHS, y. Habitat: a contribuição do mundo rural. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, 1995.

COORDENADORIA DE ASSISNTÊNCIA TÉCNICA INTEGRAL (CATI).

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COORDENADORIA DE ASSISNTÊNCIA TÉCNICA INTEGRAL (CATI). Dados

Consolidados Regionais, 1995/96, 2007/08, Região Agrícola de Presidente Prudente. Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária

Estado de São Paulo (Lupa). Disponível na internet em:

http://www.cati.sp.gov.br/projetolupa/dadosregionais.php

DE DAVID, Cesar, SULZBACHER, Aline W. Alternativa para o espaço rural:

importância de compatibilizar políticas públicas com saberes locais.

Campo-Território: revista de geografia agrária, v.3, n. 5, p. 14-37, fev. 2008.

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Referências

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