Negociações com energia: o
modelo mercantil do setor elétrico
Tópicos
O atual modelo de negócios com energia
O ambientes de contratação
Principais regras, a formação de preços e a CCEE
Perspectivas e tendências do mercado: um novo
Dois Ambientes de Negócios
Ambiente de Contratação Regulada ACR
• Preços definidos em leilões e tarifas definidas pela
ANEEL
• Somente distribuidoras como compradoras
Ambiente de Contratação Livre ACL
• Preços Livremente Negociados
O Ambiente de Contratação
Regulada - ACR
Mercado Cativo
É o ambiente de contratação de energia elétrica no qual o papel do
consumidor é TOTALMENTE PASSIVO, ou seja, a energia é fornecida
exclusivamente pela distribuidora local, com preço e demais condições de
fornecimento regulados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)
É o tipo de contratação da maior parte dos consumidores, devido ao fato do
mercado livre ainda somente atender aos grandes consumidores, que tem a
opção de escolher o seu FORNECEDOR (Arts. 15 e 16 da Lei nº 9.074/1995).
Principais Modalidades de Leilões
Decreto 9143 de 22/08/2017
• Empreendimentos Novos
Leilão A-3, A-4, A-5 e A-6 – Energia Nova
Contrata Energia com 3 a 6 anos de antecedência
• Empreendimentos novos exclusivo para solar, eólica, biomassa, PCH e outras fontes alternativas
Leilão A-1, A-2, A-3, A-4, A-5 e A-6 – Energia Fontes Alternativas Contrata Energia com 1 a 6 anos de antecedência
• Qualquer empreendimento que esteja em operação comercial
Leilão A, A-1, A-2, A-3, A-4 e A-5 – Energia Existente
Contrata Energia no ano em curso até 5 anos de antecedência
• Contratação para grandes projetos chamados “estruturantes”
Leilão A-5. A-6 e A-7
Contrata energia com 5 a 7 anos de antecedência
Acréscimo de Capacidade Contratada até 2026
Em leilões realizados até 2016
Fontes
2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026
Biomassa
129
172
324
71
155
0
0
0
0
0
Eólica
2.818 2.755 1.048
0
0
0
0
0
0
0
Hidráulica
5.148 5.000 2.162
0
0
142
0
0
0
0
PCH
232
218
123
264
0
0
0
0
0
0
Fotovoltaica
940 1.029
670
0
0
0
0
0
0
0
Térmica
591
28
340 1.521
0
0
0
0
0 1.405
Fonte: EPE
Expansão Indicativa de Referencia
Para próximos leilões
Fontes
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025
2026
Alternativa Ponta
0
0
0
0
994
2.532 4.334 8.002 12.198
12.198
Hidráulica
0
0
0
0
0
0
118
351
787
1.317
Leilões Previstos em 2018
Leilão A-4
• 04/04/2018
Leilão A-6
• Maio a Agosto
Leilão de Energia Existente A-1
• Outubro a Dezembro
Leilão de Energia Existente A-2
O Ambiente de Contratação Livre
-ACL
Mercado Livre
É o ambiente de contratação de energia elétrica no qual o papel do
consumidor é ATIVO, ou seja, ele tem oportunidade de escolher de quem
comprar energia a fim de buscar melhores condições de preço, prazo,
volume e indexador, conforme sua necessidade, com isso, a energia elétrica
é tratada como mais um insumo do processo produtivo / operacional.
GERAÇÃO
TRANSMISSÃO
DISTRIBUIÇÃO
CONSUMIDORA DIMENSÃO DO MERCADO LIVRE DE ENERGIA ELÉTRICA
O
MERCADO
DE ENERGIA LIVRE
É BASTANTE PROMISSOR
Atualmente, cerca de 30% de toda energia elétrica
consumida no Brasil é negociada no mercado livre
Estima-se que este número possa alcançar cerca
de 48% nos próximos anos
No caso brasileiro, de acordo com dados da
Associação Brasileira dos Comercializadores de
Energia (ABRACEEL), houve uma redução média
de 18% no preço da energia no mercado
livre
nos últimos anos, em comparação ao ACR
Economia aos consumidores livres e especiais da
ordem de R$ 43 bilhões nos últimos 13 anos.
Agentes na CCEE
Consumidor
Livre
Consumidor
Especial
Numero
Atual
864
4440
Potencial
1.200
12.000
Numero Total de Agentes
6956
Consumidores Especiais
4440
Consumidores Livres
864
Geradores
1384
Comercializadores
222
Autoprodutores
60
Distribuidores
46
• 7 comercializadores varejistas que
representam 16 unidades consumidoras
• 2303 consumidores adicionais em 2016 e
1267 em 2017
Quem pode migrar ao mercado livre?
• Qualquer consumidor com pelo menos 500 kW* de demanda contratada
(apenas com compras de energia incentivada)
• Consumidores com demanda igual ou superior a 3.000 kW** que podem
comprar qualquer tipo de energia (mais barata, mas sem desconto no fio)
É possível somar unidades com mesmo CNPJ que totalizem 500 KW ou mais
Consumidores ligados antes de julho de 1995 precisam ainda estarem
conectados em no mínimo 69kV
Composição dos preços nos mercados
cativo e livre
Cliente regulado = Tarifa de fio + Encargos + Tarifa de Energia
(tarifa regulada)
Cliente Livre = Tarifa de fio + Encargos + Preço de energia
(negociado
livremente)
Exemplo Migração para o ACL
Ganhos expressivos
Demanda Contratada
PONTA
5.000 KW
FORA DE PONTA
5.000 KW
Energia Consumida
Ponta
292,50 MWh
Fora de Ponta TE
2992,50 MWh
Consumidor elegível para migração ao mercado livre
Demanda Contratada > 3.000 KW
Tarifas Mercado
Regulado
Preços Mercado Livre
Demanda R$/KW
PONTA
18,91
18,91
FORA DE PONTA
5,34
5,34
Energia R$/MWh
Ponta TE
373,12
170,00
Fora de Ponta TE
233,14
170,00
Ponta TUSD
77,71
77,71
Fora de Ponta TUSD
77,71
77,71
Exemplo Migração para o ACL
Ganhos expressivos
Fatura Mercado Regulado R$
Fatura Mercado Livre R$
Demanda Ponta
94.550,00
94.550,00
Demanda Fora de Ponta
26.700.00
26.700.00
Energia Ponta -TE
109.137,60
49.725,00
Energia Fora de Ponta –TE
697.671,45
508.725,00
Energia Ponta –TUSD
22.730,18
22.730,18
Energia Fora de Ponta -TUSD
232.547,18
232.547,18
Total
1.183.336,40
934.977,18
Exemplo Migração para o ACL
Ganhos expressivos
Redução de Custos com a Migração ao Mercado Livre:
R$ 1.183.336,40
–
R$ 934.977,18
R$ 248.359,22/mês
R$ 2.980.310,64/ano
21% de redução
Exemplo Migração para o ACL
Ganhos expressivos
O papel do comercializador
Os comercializadores agregam valor à negociação e fazem o encontro
eficiente entre geradores e consumidores:
Assessoria na migração para o mercado livre e adesão/representação
na CCEE
Assessoria de compra e venda de energia no curto e longo prazos
Gestão de riscos e estratégia de contratação
Monitoramento do mercado e projeção de cenários
Estratégia de contratação otimizada para consumidores e geradores
Oferecem liquidez ao mercado e promovem a competição
Desenvolvem produtos e associam serviços, com foco no cliente
Comparação de relações
Contratos de Uso na Transmissão e
Distribuição
Gerador
CCT com
Transmissor
CUST com
Transmissor
CUSD com
Distribuidor
CCT com
Distribuidor
Consumidor
Principais dificuldades na migração
Multa por rescisão antecipada
Adequação do sistema de medição não é realizada de
acordo com o prazo de migração informado pelas
distribuidoras
Abertura dos contratos de fornecimento: CUSD e CCER
Data de início e vigência não está clara nos contratos
regulados (fornecimento e energia)
Custos do sistema de medição ainda são altos,
A CCEE
• A Câmara de Comercialização de Energia
Elétrica (CCEE) foi autorizada pela Lei nº
10.848, de 15/03/2004 e regulamentada pelo
Decreto nº 5.177 de 12/08/2004, como
associação civil de direito privado, sem fins
lucrativos, sob regulação e fiscalização da
ANEEL
• A CCEE tem por finalidade viabilizar a
comercialização de energia elétrica no Sistema
Interligado Nacional –SIN
Principais Atribuições da CCEE
Manter o registro de Contratos do Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e do Ambiente de Contratação Livre (ACL)
Realizar a medição dos montantes de energia objeto dos contratos do ACR e ACL
Apurar e divulgar o Preço de Liquidação das Diferenças –PLD do Mercado de Curto Prazo – MCP
Apurar as Penalidades dos Agentes
Gerir e liquidar os montantes da energia de reserva
Monitorar a conduta dos agentes
Realizar os Leilões de Energia Elétrica, desde que delegados pela ANEEL
Desenvolver e aplicar as regras e procedimentos de comercialização, a partir da delegação da ANEEL
CCEE
Estrutura e Governança
• Órgão deliberativo superior
• Formado por todos os agentes , que tem numero de
votos calculados pela energia comercializada na CCEE
Assembleia Geral
• Órgão colegiado constituído por 5 executivos eleitos pela
Assembleia Geral:
• Presidente indicado pelo MME
• Um membro indicado por cada categoria (Geração,
Distribuição e Comercialização) e um membro indicado pelos
conjunto de Agentes
Conselho de
Administração
• Órgão executivo, auxiliar do Conselho de
Administração, responsável por conduzir as atividades
Participantes Obrigatórios
Geração
• Geradores com potência
instalada ≥ 50 MW
• Geradores despachados
pelo ONS
Distribuição
• Distribuidores com
consumo acima de 500
GWh/ano
• Ou que comercializem
menor quantidade de
energia, mas que não
adquiram a totalidade da
energia de distribuidora
que seja Agente da CCEE
Comercialização
• Agente Importadores ou
Exportadores que
intercambiem ≥ 50 MW
• Comercializadores
• Consumidores Livres e
Especiais
Mercado Spot
Liquidação de Diferenças
A contabilização da CCEE leva em consideração toda a energia
contratada por parte dos Agentes e toda a energia
efetivamente verificada (consumida ou gerada)
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Energia Verificada Energia Contratada MCPLastro e Penalidade de Energia
A exigência de lastro se dá para que haja equilíbrio entre o
planejamento do Agente e sua operação no mercado. Sendo assim,
sua necessidade existe para diminuir os riscos de operação dos
demais Agentes no mercado. Caso não esteja lastreado, o Agente
será penalizado
Para o Agente VENDEDOR é necessário que ele tenha capacidade
(lastro) para garantir 100% dos contratos de venda
Para o Agente COMPRADOR é necessário que ele tenha contratos
de compra (lastro) para garantir 100% do consumo
Regras de Comercialização
Para que a Contabilização da CCEE seja realizada, o
Sistema de Contabilização e Liquidação (CliqCCEE)
utiliza as equações algébricas das Regras de
Comercialização
A Regras são um conjunto de equações matemáticas
e fundamentos conceituais que têm como referência
os conceitos e as premissas definidos nas resoluções
normativas da Aneel.
Procedimentos de Comercialização
Os Procedimentos de Comercialização (PdCs) são
estabelecidos com base nas Regras, definindo os
aspectos relacionados à operacionalização dos
processos, como prazos, requisitos formais e
validações necessárias
Custo Marginal de Operação - CMO
O ONS com base:
nas condições hidrológicas,
na demanda de energia,
nos preços de combustível,
no custo de déficit,
na entrada de novos projetos e
na disponibilidade de equipamentos de geração e transmissão,
o modelo de precificação obtém o despacho (geração) ótimo para o
período em estudo, definindo a geração hidráulica e a geração térmica
para cada submercado
Como resultado desse processo são obtidos os Custos
Marginais de Operação (CMO) para o período estudado,
Apuração do PLD
Preço de Liquidação de Diferenças
Utilizado para valorar os volumes de energia comercializados no Mercado
de Curto Prazo
Metodologia
Calculado Ex-ante (considerando informações previstas de
disponibilidade de geração, vazões afluentes e carga do sistema)
Calculado por semana, por patamar de carga e por submercado
Tem como base o Custo Marginal de Operação – CMO
É limitado por um preço máximo e um preço mínimo, vigentes para o
Período de Apuração e para cada submercado, determinados pela
ANEEL
Apuração do CMO e PLD
Os preços são calculados com base no
processamento de modelos computacionais
NEWAVE: define função de custo futuro –
aproveitamento da água armazenada
DECOMP: calcula despachos médios semanais por
Determinação do PLD
No cálculo do PLD não são consideradas as restrições de
transmissão internas à cada Submercado e a energia de teste
das unidades geradoras, para que a energia comercializada
seja tratada como igualmente disponível em todos os pontos
de consumo
A diferença de custo entre o despacho sem restrição e o
despacho real é coberta pelo ESS
O PLD é limitado por um preço máximo e um mínimo, os
quais, para o ano de 2018, foram estabelecidos em R$
505,18/MWh e R$ 40,16/MWh, respectivamente
Variáveis na determinação do PLD
As principais variáveis que estão na formação do PLD:
– Meteorologia
– Regulação Setorial
– Planejamento Energético
– Conjuntura Política
– Conjuntura Econômica
– Cenário Ambiental
– Evolução Tecnológica
Mercado Livre de Energia não segue à risca a curva oferta x
demanda
Visão Geral para
determinação do PLD
Determinação do PLD
Segundo levantamento realizado entre 2014 e 2017, 49%
das variações verificadas no PLD são ocasionadas pelas
diferenças entre as afluências previstas e as verificadas.
Hidrologia 49% Expansão
7%
Carga11%
Disponibilidade8%
Outros12%
Histórico Correlação
EARM x PLD (SE/CO)
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
2007 2010 2009 2005 2004 2011 2008 201032 2003 2014 201522200011216 2017 42,0
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
[ %
]
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
800,00
900,00
% do
EA
R
m
áx
R$
/MW
h
Evolução do PLD SE/CO
Negociação de Preços
Bolsas de Energia
ENTÃO O MODELO MERCANTIL DO SETOR E A
FORMA DE NEGOCIAR ENERGIA NOS DOIS
AMBIENTES ESTÁ FUNCIONANDO
PERFEITAMENTE?
NÃO...E HÁ UMA PROPOSTA DE ALTERAÇÃO
GRADUAL DO MODELO PARA OS PRÓXIMOS
ANOS
Regras atuais são rígidas em relação à
contratação de energia
Modelo não
funciona
adequadamente em
períodos recessivos
Risco de suprimento
futuro
Desarranjos no setor
tiveram inicio em 2012
A partir de 2012, com a edição da MP 579,
posteriormente convertida na Lei 12.783/2013, o
setor se desarranjou de uma forma tão profunda e
inesperada, que as discussões e
dispositivos
regulatórios que se sucederam a partir de então
geraram uma “colcha de retalhos” difícil de ser
conduzida
adequadamente
num
horizonte
de
Modelo atual está esgotado!!
Modelos de Formação de Preços não são adequados para este fim: NEWAVE é um
modelo desenvolvido para otimizar o despacho de geração
Ausência, na expansão, de usinas com reservatórios
Consumo deverá reagir muito mais rápido comparado com o período
pós-racionamento
Fontes intermitentes em grande evolução: eólica, solar, biomassa e GD
Armazenamento de energia: novidade no debate
Desafio para as fontes térmicas no país: GNL, biogás, oferta do gás natural nacional,
restrições ambientais ao óleo e carvão, nuclear
Judicialização do Setor
Risco Hidrológico
R$ 6,09 bilhões
em aberto por conta de liminares do risco hidrológico
25,1%
(1% dos credores)
88,2%
(2% dos credores)
12,2%
(97% dos credores)
155
iminares judiciais vigentes em
262
Fonte CCEE
Perspectivas de mudanças
O Ministério de Minas e Energia (MME) encaminhou em
09/02/2018 à Presidência da República a minuta de um projeto
de lei (PL) alterando o marco legal do setor elétrico
Chamado de Projeto de Lei de Modernização e Abertura do
Mercado Livre de Energia Elétrica, o projeto propõe, entre
outros pontos:
a descotização das hidrelétricas
abertura do mercado livre de energia
a compensação dos geradores hidrelétricos retroativamente
por parte das perdas com o risco hidrológico a partir de 2013
A EVOLUÇÃO DA LIBERAÇÃO DO MERCADO LIVRE
Consulta Pública MME 33/2017
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026
Baixa Tensão
Até 31/12/2022
o Poder Executivo deverá
apresentar um plano
para extinção integral
dos requisitos mínimos
KW
A partir de 2021
Carga Inferior a 1.000 kW
deve ser representada por
COMERCIALIZADOR
VAREJISTA
300 300
Novos papéis e alterações de
modernidade nos aguardam
Consumidor está no
centro das decisões com
os aprimoramentos
planejados para o setor
(maior poder de gestão do
consumo e até da geração)
A tecnologia é uma das
propulsoras da evolução do
setor elétrico, mudando o
papel de relação entres os
perfis de agentes
(indutora e aliada)
Aprimoramentos do cálculo
Modernização nas relações e na
formação de preços
Maior dinamismo ao
mercado de energia,
permitindo a criação de
novos produtos de energia
Evolução Regulatória da Geração Distribuída
• Conceito de GD e compensação de créditos
REN 482/2012
• Isenção de ICMS para GD até 1 MW
SEFAZ Convenio 16/15
• Isenção de PIS/COFINS
Lei 13.169/15
• Evolução no modelo
O consumidor atenderá seu próprio consumo, com geração própria oriunda de
fonte renovável (eólica, solar, hidráulica, biomassa e cogeração qualificada)
-
Geração e Consumo no mesmo local:
Nos horários onde a geração for superior ao consumo, a energia excedente será injetada no
sistema de distribuição gerando créditos para o consumidor compensá-los em outros horários
-