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As relações públicas na sociedade da informação: a comunicação digital nas organizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“Júlio de Mesquita Filho”

Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação

Departamento de Comunicação Social

Projeto Experimental

AS RELAÇÕES PÚBLICAS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO:

A COMUNICAÇÃO DIGITAL NAS ORGANIZAÇÕES

Fernanda de Agostino Biella

Bauru

2009

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1

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“Júlio de Mesquita Filho”

Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação

Departamento de Comunicação Social

Projeto Experimental

AS RELAÇÕES PÚBLICAS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO:

A COMUNICAÇÃO DIGITAL NAS ORGANIZAÇÕES

Projeto Experimental desenvolvido pela acadêmica Fernanda de Agostino Biella, sob a orientação da Professora Assistente Dalva Aleixo Dias e apresentado ao Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Bauru, atendendo à Resolução 002/84, do Conselho Federal de Educação para a obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas.

Bauru

2009

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2

Orientadora

Dalva Aleixo Dias, Profa. Assistente

Doutoranda em Ciências da Informação pela Universidade de La Laguna – Espanha. Mestra em Ciências da Informação pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo.

Especializada em Metodologia e Processo do Ensino Superior pela Universidade do Sagrado Coração de Jesus em Bauru.

Bacharel em Comunicação Social, habilitada em Relações Públicas pela Universidade de Bauru (atual Unesp).

Bacharel em Comunicação Social, habilitada em Jornalismo pela Universidade de Bauru (atual Unesp).

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3

Banca Examinadora

Profª. Drª. Celina Marta Corrêa

Doutora em Comunicação Midiática pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP, Campus de Bauru. Mestra em Ciências da Comunicação e Poéticas Visuais pela Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP, Campus de Bauru.

Bacharel em Comunicação Social, habilitada em Relações Públicas pela Universidade de Bauru (atual Unesp).

Graciele Bottan

Especialista em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas.

Graduada em Comunicação Social – Habilitação em Relações Públicas pela Unesp. Atua há 10 anos na área de comunicação corporativa e há 6 anos com Marketing através da comunicação digital.

Atua como Coordenadora da área de Marketing & Negócios – Comunicação Corporativa da Lecom S/A e é docente do SENAC.

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4

Dedicatória

À

base

de

todas

as

minhas

realizações e conquistas até hoje:

minha família. Pai, mãe e queridos

irmãos, dedico cada página desse

trabalho a todos vocês que me dão a

alegria de viver! Amo muito vocês!

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5

Agradecimentos

Em primeiro lugar, como não poderia deixar de ser, gostaria de agradecer especialmente a minha família maravilhosa que sempre esteve ao meu lado. Agradeço a meu pai por sempre acreditar e apoiar todas as minhas decisões, mesmo quando não é de seu total agrado. A minha mãe pela eterna amizade e companheirismo, pelos conselhos e pela fidelidade em todos os momentos. Agradeço a meus irmãos, Carla, Vivian e Ian por estarem sempre ao meu lado, pelas reuniões de família aos finais de semana, até mesmo pelas brigas e discussões que sempre acabaram me ensinando algo. A meu cunhado José Eduardo pelos atendimentos emergenciais e pelas consultas médicas.

A todos os meus companheiros de sala, que foram responsáveis por transformar os anos de faculdade nos quatro melhores anos da minha vida. Muito obrigada pelas risadas, pelas bagunças, pelos trabalhos em grupo, por todos os momentos que passamos juntos, mesmo que alguns, por pouco tempo.

Gostaria de agradecer também a todos os professores com quem tive a oportunidade de ter aula e aprender com seus conhecimentos e experiências. Em especial à minha orientadora, a Profa. Dalva Aleixo Dias, pela paciência, dedicação e compreensão durante os meses de desenvolvimento desse trabalho.

Aos meus veteranos e bixos pelos momentos inesquecíveis e pelo aprendizado dentro da Unesp.

À RPJr por me proporcionar conhecimentos práticos e únicos durante minha vida acadêmica. Foram doze meses de muito suor e dedicação que me trazem retorno profissional até hoje.

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6 BIELLA, Fernanda de Agostino. As Relações Públicas na Sociedade da

Informação: A Comunicação Digital nas Organizações. 2009. 61 p. Projeto Experimental. (Bacharel em Comunicação Social, Habilitação em Relações Públicas). Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP, campus de Bauru. Bauru, 2009.

RESUMO

Este trabalho trata da participação do profissional de relações públicas atuando como sujeito fundamental na comunicação organizacional, diante das novas tecnologias de informação e comunicação que surgiram nos últimos anos e caracterizam a era digital.

O estudo parte das transformações sociais, econômicas e culturais desencadeadas pela nova realidade comunicacional e como essas mudanças afetaram as formas de agir e pensar da sociedade. Nesse contexto, analisam-se como as organizações modernas estão analisam-se adequando a essa nova demanda e de que maneira o profissional de relações públicas pode participar no desenvolvimento e gerenciamento de estratégias comunicacionais para se relacionar com os novos públicos, advindos com a consolidação das mídias digitais.

PALAVRAS CHAVE: Sociedade da Informação; Comunicação Digital; Tecnologias de Informação e Comunicação; Comunicação Simétrica de Mão-dupla; Relações Públicas.

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7 BIELLA, Fernanda de Agostino. The Public Relations in the Information

Society: Digital Communication in Organizations. 2009. 61p. Final Project. (Bachelor in Social Communications/ Public Relations). Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação of UNESP, Bauru campus. Bauru, 2009.

ABSTRACT

This monograph deals with the participation of public relations professionals as a subject acting role in organizational communication in the face of new communication and informational technologies that have emerged in recent years and characterize the digital era.

The present study begins with the cultural, economic and social changes that were triggered by the new communicational reality e how these changes affected the ways of acting and thinking of society. In this context, we look at how modern organizations are adapting to this new demand and how the public relations may participate in the development and management of communications strategies to relate to the new publics arising through the consolidation of digital media.

KEY WORDS: Information Society; Digital Communication; Communication e Informational Technologies; Two-way Symmetric Communication; Public Relations.

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8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

PARTE 1 – A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E A EMERGÊNCIA DA INTERNET E DA WEB 2.0

13

1 A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO 14

1.1 A aceleração da velocidade 15

1.2 O Ciberespaço e a construção da Cibercultura 19

2 A EMERGÊNCIA DA INTERNET, DA WORLD WIDE WEB E A

COMUNICAÇÃO DIGITAL

23

2.1 A Web 2.0 26

2.2 Redes colaborativas e interatividade 29

2.3 Comunicação digital 32

PARTE 2 – AS RELAÇÕES PÚBLICAS E A COMUNICAÇÃO DIGITAL NAS ORGANIZAÇÕES

37

3 A COMUNICAÇÃO DIGITAL NAS ORGANIZAÇÕES 38

3.1 As organizações e a cultura organizacional diante das novas tecnologias

39

3.2 Mídias tradicionais versus mídias digitais 42

4 AS RELAÇÕES PÚBLICAS DIANTE DA COMUNICAÇÃO

ORGANIZACIONAL DIGITAL

46

4.1 Relações Públicas e o modelo simétrico de mão-dupla: o exercício da interatividade

47

4.2 O Relações Públicas atuando na gestão da comunicação digital nas organizações

(10)

9

CONSIDERAÇÕES FINAIS

55

REFERÊNCIAS 58

ÍNDICE DE FIGURAS E QUADROS Figura 01

Quadro 01

41 53

(11)

10

INTRODUÇÃO

O trabalho que se inicia tem como objeto de estudo a utilização das novas mídias digitais na comunicação organizacional e a participação do profissional de relações públicas no desenvolvimento de estratégias de comunicação digital para atender a essa nova demanda.

A palavra da vez na comunicação é “interatividade”. Não basta mais informar, é preciso conversar com seu público, interagir. É baseado nessa idéia que as mídias digitais e a comunicação digital, se desenvolvem e ganham espaço como estratégia de comunicação organizacional.

A primeira, composta por dois capítulos, parte do projeto deu atenção ao surgimento da sociedade da informação e às implicações sociais e econômicas da mesma. Em seguida, foram fornecidas informações e dados sobre o surgimento da internet e da rede e como estas se tornaram, tão rapidamente, acessíveis a um número cada vez maior de indivíduos.

O primeiro capítulo abordou a velocidade no fluxo da informação e a construção do Ciberespaço como determinantes para a consolidação de novas formas de agir e pensar da sociedade emergente na Era da Informação. Abordou também a idéia de inteligência coletiva, proposta por Levy (1999), que converge com as idéias de colaboração e compartilhamento, propostas pela internet em sua segunda geração, também denominada Web 2.0.

No segundo capítulo foi feito um breve histórico do surgimento e da rápida ascensão da internet como meio de comunicação e da sua organização em rede para distribuição e acesso a todos. Nos textos seguintes foi tratada a questão da interatividade propiciada pela Web 2.0 e o surgimento das redes colaborativas como espaço para interação e troca de informações e conhecimentos entre pessoas do mudo inteiro.

Em meio a essa conjuntura tecnológica, buscou-se também explicitar ao leitor algumas particularidades da comunicação digital que a tornam tão sedutora para a sociedade e as organizações modernas.

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11 Já na segunda parte, composta pelos capítulos três e quatro, os temas tratados foram a percepção das organizações diante da comunicação digital e atuação das relações públicas na comunicação organizacional digital.

No terceiro capítulo foi feita uma análise dos impactos sofridos pelas organizações e em sua cultura organizacional em função das rápidas mudanças advindas das novas tecnologias de informação e comunicação.

Em seguida, elaborou-se uma comparação entre mídias tradicionais e mídias digitais visando responder a alguns questionamentos em relação à utilização das mídias digitais em detrimento das tradicionais, ou impressas.

No quarto e último capítulo tratou-se do papel do profissional de relações públicas como gestor das estratégias de comunicação digital nas organizações e quais modelos e instrumentos devem ser utilizados para alcançar o sucesso. Dando suporte a essa proposta, propôs-se o modelo de comunicação simétrica de mão-dupla, como o mais adequado a ser utilizado na comunicação organizacional digital, uma vez que estimula a interatividade e o diálogo harmônico entre as organizações e seus públicos de interesse.

Para finalizar, foram feitos alguns questionamentos que poderão servir de objeto de estudo para futuros projetos. Sabe-se que o profissional de relações públicas pode atuar como gestor da comunicação organizacional digital. No entanto, diante das inúmeras mudanças ocorridas após o surgimento das tecnologias de informação e comunicação, um novo modelo de público está aparecendo. A possibilidade de participação de todos na construção de conteúdos e na comunicação com as organizações, permitida pela interatividade, exige dos profissionais da área de comunicação conhecimentos e habilidades específicas para lidar com esses novos públicos, mais exigentes e preparados para lutar por seus interesses.

Esse profissional deve saber quais estratégias de negociação devem ser usadas na gestão desses conflitos que estão surgindo e buscar atender as necessidades de ambas as partes.

Em vista disso, o objetivo deste trabalho é analisar se esses profissionais já estão preparados para atender à demanda que as novas mídias

(13)

12 digitais estão criando, e construir relacionamentos harmônicos entre organizações e públicos atuantes na Era da Informação.

(14)

13

PARTE 1

A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E A EMERGÊNCIA DA INTERNET E DA WEB 2.0

(15)

14

1. A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

Em meio a uma revolução tecnológica informacional surge uma nova sociedade, complexa e conduzida por um ritmo acelerado. Mudanças econômicas, sociais e, principalmente, culturais transformam a nova forma de pensar e agir.

Segundo Terra (2006, p.19) “o desenvolvimento tecnológico, sobretudo com o avanço da informática e a internet, propiciou o surgimento de uma nova linguagem, implicando novas formas de comunicar e uma nova configuração tempo-espaço.”

Hoje se vive uma intensa interdependência global, onde flexibilidade econômica e velocidade da informação são algumas das características da crescente sociedade da informação.

Em um aspecto econômico, a flexibilidade e a velocidade da informação propiciaram uma revolução tecnológica da informação que foi essencial para a implementação de um importante processo de reestruturação do sistema capitalista a partir da década de 1980 (CASTTELS apud TERRA, 2006, p. 50).

Lucratividade e competitividade passam a ser os verdadeiros determinantes da inovação tecnológica e do crescimento da produtividade. O mundo globalizado levou as empresas a se posicionarem de forma agressiva e competitiva, para assim se tornarem mais produtivas e, conseqüentemente, adquirirem mais lucro.

Esse novo modo de produção capitalista gera um novo modo de desenvolvimento que moldará uma nova estrutura tanto nas relações de trabalho como nas organizações. Casttels (1999) pontua que esse capitalismo, totalmente reestruturado e marcado pela intensa flexibilidade, trouxe inovações nas empresas e em suas relações com o mercado, bem como com outras empresas, fortaleceu o papel do capital, facilitou as intervenções estatais e, principalmente, ocasionou mudanças significativas nas relações de trabalho. O autor ainda afirma:

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15

“(...) um novo sistema de comunicação que fala cada vez mais uma língua universal digital tanto está promovendo a integração global da produção e distribuição das palavras, sons e imagens de nossa cultura como personalizando-os ao gosto das identidades e humores dos indivíduos.” (CASTELLS, 1999, p.40),

Essa revolução da tecnologia da informação caminha em constante interação e interdependência com a sociedade, onde “a tecnologia é a sociedade e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas.” (CASTELLS, 1999, p.43)

Globalizada, essa sociedade da informação, ou informacional, é caracterizada pela velocidade do fluxo de informação, por meio das inovações tecnológicas, da informática e das tecnologias de comunicação, onde se valoriza cada vez mais o conhecimento. Conhecimento esse, baseado na interatividade, interconexão e reciprocidade. A classificação do surgimento das redes como Ciberespaço e a sociedade criada a partir desse ambiente, como Cibercultura, pode configurar-se como um conjunto de técnicas, práticas, atitudes, modos de pensamento e valores que se aparecem juntamente com o desenvolvimento do Ciberespaço. (LEVY, 1999)

As características da sociedade da informação serão tratadas posteriormente nos próximos textos deste capítulo.

1.1 A aceleração da velocidade

Uma das grandes questões que se discute sobre as inovações tecnológicas surgidas na Era Digital diz respeito à relação espaço-tempo que se criou, em conseqüência da intensa velocidade na qual as informações se propagam.

Com o advento da eletricidade, os meios de comunicação foram rapidamente se desenvolvendo e facilitando as relações sociais e o fluxo de informações. O telégrafo, seguido do rádio, da televisão, dos

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16 microcomputadores e agora a internet e os celulares móveis, iniciaram uma nova era da comunicação, antes ditada pelo surgimento da escrita e das constantes evoluções nas tecnologias de impressão.

“A quantidade bruta de dados disponíveis se multiplica e se acelera.

A densidade dos links entre as informações aumenta

vertiginosamente nos bancos de dados, nos hipertextos e nas redes. (...) É o transbordamento caótico das informações, a inundação de dados, as águas tumultuosas e os turbilhões da comunicação, (...), a guerra das imagens, as propagandas e as contra-propagandas, a confusão dos espíritos.” (LEVY, 1999, p. 13)

Em matéria publicada pela revista Veja em setembro de 2008, Kerchove (Apud BALTAZAR, 2008. p.52), discípulo de Mc Luhan, dizia que “vivemos em estado permanente de inovação e não é possível detê-la”. Em um de seus vários estudos a respeito das novas tecnologias, o autor chegou à seguinte relação:

“(...) entre a aquisição da linguagem humana e o surgimento da escrita, houve um intervalo de 1400 gerações. Da escrita ao desenvolvimento da imprensa, esse prazo sofreu uma bruta redução:

passaram-se 265 gerações. Já revoluções recentes que

disseminaram a televisão, o computador e a internet, ocorreram a intervalos de poucos anos. E todos têm sido presenciados por uma

ou duas gerações.” (KERCHOVE Apud BALTAZAR, 2008.

p.52)

Tal análise ilustra bem a questão da velocidade no fluxo da informação e do conhecimento nas sociedades. O homem está cada vez mais cercado por meios que facilitam suas conquistas e que o auxiliam para uma constante evolução.

No entanto, teóricos mais pessimistas acreditam que a aceleração da velocidade da informação é responsável pela perda da noção espaço-tempo real, dando lugar à noção de espaço e tempo virtual, onde as relações e a troca de informações acontecem de forma rápida, muitas vezes instantânea e já não existe mais um espaço físico propriamente dito para a realização desses

(18)

17 processos. Os computadores e a internet possibilitam que as pessoas se comuniquem e interajam virtualmente, de qualquer lugar do mundo e a qualquer momento.

Em revisão da obra de Virílio, A Máquina de Visão, Armitage (2009, s/p), expõe a afirmação do autor de que as inovações tecnológicas e suas rápidas mudanças e evoluções causam uma ruptura da noção de tempo e espaço no cotidiano dos indivíduos. Virílio, um dos maiores críticos da Era Digital, defende a idéia de que há uma quebra na continuidade entre o mundo moderno e o antigo. As novas tecnologias não teriam qualquer relação com as realizações do homem em séculos anteriores, pelo contrário, seriam uma ruptura que resultaria na decadência das tecnologias tradicionais.

A Era Digital transfere o espaço para a tela do computador afetando a mobilidade das pessoas. O contato face a face, indispensável para o processo de socialização, fica ameaçado ao ser substituído pela visualização da imagem.

Neste sentido, Virílio (1993, pp. 8-9) argumenta:

“(...) a ruptura da continuidade não se dá tanto no espaço de um cadastro ou no limite de um setor urbano, mas principalmente na duração, “duração” esta que as tecnologias avançadas e a reorganização industrial não cessam de modificar através de uma série de interrupções (fechamento de empresas, desemprego, trabalho autônomo,...) e de ocultações sucessivas ou simultâneas que organizam e desorganizam o meio urbano ao ponto de provocar o declínio e a degradação irreversível dos locais (...).”

Virílio (1993) também afirma que a velocidade da informação gera uma desterritorialização, a qual é recebida de formas distintas pelas diferentes classes sociais. As elites dominam e obtém o controle das informações e da velocidade. Já as camadas inferiores ficam limitadas e excluídas desse processo.

O autor propõe o controle dessa velocidade da tecnologia, como uma detenção do conhecimento, onde aqueles que o detém estão em vantagem sobre os que não possuem acesso às inovações tecnológicas e que serão, por isso, excluídos, “desenraizados”.

(19)

18 Em contrapartida, teóricos entusiastas da era informação, a exemplo de Levy (1999) vislumbram que a evolução tecnológica nada mais é do que conseqüência das antigas conquistas humanas de séculos e séculos atrás e que ocasionam também uma evolução nas sociedades.

O autor, ao tratar dessa questão de maneira otimista e evolutiva, em sua crítica da substituição, afirma ser “um erro pensar que o virtual substitui o real, ou que as telecomunicações e a telepresença vão substituir os deslocamentos físicos e os contatos diretos.” (LEVY, 1999, p.211).

A noção de complemento (ou complexificação, como prefere denominar Levy) se alinha melhor a essa questão da aceleração da velocidade. Acreditar apenas no virtual e na imagem substituindo o real e o concreto é uma visão um tanto quanto simplista, das inúmeras mudanças e evoluções as quais o mundo moderno vem enfrentando.

Levy (1999) defende a idéia do virtual como estimulador do real e acredita que o fato de publicar virtualmente informações e imagens sobre algum local não fará com que as pessoas descartem a possibilidade de mobilidade para estarem presentes nesse local. Pelo contrário, estimulará a vontade das pessoas de se locomoverem para conhecer pessoalmente determinado lugar. Assim, quanto mais o ambiente virtual se desenvolve e aumenta, mais possibilidades existem de explorar os lugares físicos.

Para melhor explicar a idéia, o autor (LEVY, 1999, p. 217) afirma:

“(...) quanto mais as informações se acumulam, circulam e proliferam, melhor são exploradas (ascensão do virtual), e mais cresce a variedade de objetos e lugares físicos com os quais estamos em contato (ascensão do atual). Ainda assim, nosso universo informacional se dilata mais rapidamente que nosso universo de relações concretas. Em outras palavras, a ascensão do virtual provoca a do atual, mas a primeira se desenvolve mais rápido que a segunda.”

Essa idéia é bastante pertinente, uma vez que traduz a velocidade da informação como uma transação de conhecimento, uma troca de saberes, resultando em uma evolução no saber do homem.

(20)

19 Nesse sentido, chega-se à idéia da inteligência coletiva, que será explicada e analisada no texto abaixo, ao ser feita a abordagem sobre o tema Cibercultura.

1.2 O Ciberespaço e a Construção da Cibercultura

Com o acesso aos computadores pessoais (os PCs ou Personal

Computers), nas décadas de 70 e 80 do século XX, o Ciberespaço, e

consequentemente, a Cibercultura começam a se desenvolver. Foi a partir desse período que:

“(...) o computador iria escapar progressivamente dos serviços de

processadores de dados das grandes empresas e dos

programadores profissionais para tornar-se um instrumento de criação (de textos, de imagens, de música), de organização (banco de dados, planilhas), de simulação (ferramentas de apoio à decisão, programas para pesquisa) e de diversão (jogos) nas mãos de uma proporção crescente da população dos países desenvolvidos.” (LEVY, 1999, p.32)

Em seguida, o surgimento da internet possibilitou a interligação entre computadores de todo o mundo em qualquer lugar e hora do dia. As tecnologias digitais transformaram a maneira de se comunicar entre as pessoas, bem como a velocidade dessa comunicação, utilizando o Ciberespaço como ferramenta para o fluxo de informação. (LEVY, 1999)

Uma das grandes características do Ciberespaço ou rede, como denomina Levy (1999), é a sua instabilidade no que diz respeito ao processo de transformação. A era da digitalização é instável, uma vez que está em constante e rápida mutação. Sendo assim, a Cibercultura será sempre moldada pela velocidade de transformação, tanto das técnicas, quanto das relações sociais.

(21)

20 Pensando no Ciberespaço como um ambiente virtual onde as informações se cruzam e aumentam a cada dia, onde os indivíduos conseguem se comunicar facilmente, trocando conhecimento, experiências, histórias e fatos, pode-se chamar essa troca dinâmica de informação e conhecimento, de inteligência coletiva. (LEVY, 1999).

Contudo, a noção de inteligência coletiva não está relacionada apenas ao ambiente digital e às inovações tecnológicas. Toda e qualquer interação e colaboração de informações entre as sociedades já são responsáveis pelo desenvolvimento dessa troca de saberes.

O Ciberespaço estimula ainda mais o processo de inteligência coletiva, pois este, atualmente, se utiliza da rede para disseminar informação e conhecimento. Segundo Levy (1999) quanto mais se desenvolve o processo de inteligência coletiva, menores são os efeitos de exclusão, possíveis de se ver na Cibercultura.

Em função da complexidade e capacidade inesgotável de interconexão e integração da rede, a Cibercultura assume um caráter, denominado por Levy de universal sem totalidade, onde rapidamente mais pessoas e computadores estão conectados e mais informações passam a ser inseridas no Ciberespaço. Por isso,

“(...) trata-se de um universal indeterminado e que tende a manter sua indeterminação, pois cada novo nó da rede de redes em expansão constante pode tornar-se produtor ou emissor de novas informações, imprevisíveis, e reorganizar uma parte da conectividade global por sua própria conta.” (LEVY, 1999, p.111)

A idéia de um universal não totalizante nos faz voltar à noção da inteligência coletiva, no sentido de que quanto maior a quantidade de informação, pessoas e computadores interconectados, torna-se mais difícil delimitar o Ciberespaço.

Ao analisarmos alguns dos impactos que a Cibercultura causou (ou ainda está causando) na sociedade e nos meios de comunicação, existem vários pontos de vista, alguns negativos, outros positivos. Levy (1999) aborda

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21 os dois, mas acredita que as conseqüências positivas se destacam em detrimento dos impactos negativos.

Dentre as várias transformações que as inovações tecnológicas causaram, a inteligência coletiva foi a de mais destaque. Alguns teóricos a vêem como uma forma de socialização do conhecimento, colocando à disposição das pessoas recursos suficientes para a interatividade, a coletividade e o desenvolvimento humano. Sendo por isso, considerada por Levy (1999, p. 207) “aquilo que a Cibercultura tem de mais positivo para oferecer nos planos econômico, social e cultural.”. Outros, já a classificam como elitista, capaz de excluir uma parcela menos privilegiada que não tem acesso aos instrumentos de comunicação digital.

Na discussão sobre a Cibercultura alguns podem defender que as novas técnicas advindas da Era Digital substituiriam as tradicionais. Com o crescimento desenfreado dos computadores e de suas ferramentas, outros podem chegar a prever o fim da escrita em papel impresso. Ou ainda o fim da leitura por meio de livros e jornais físicos.

Os mais alarmistas ainda podem acreditar que a rede acabará limitando a noção de mobilidade dos seres humanos, que passarão a ficar conectados 24 horas por dia. Nessa realidade futurista, os homens perderiam a necessidade do contato físico. Para responder a essas previsões, Levy (1999, p. 212) acredita na complexificação das técnicas e não na substituição no novo em detrimento do velho. E questiona:

“A fotografia substituiu a pintura? Não, ainda há pintores ativos. As pessoas continuam, mais do que nunca, a visitar museus, exposições e galerias, compram as obras dos artistas para pendurá-las em casa. O cinema substituiu o teatro? De forma alguma. O cinema é um gênero autônomo, com matéria própria, a história agitada de suas regras e seus códigos. E continua havendo autores, artistas, salas e

espectadores para o teatro.”

Pensar no novo e moderno como um complemento do tradicional e antigo parece ser a saída mais coerente, senão a única, se levarmos em consideração todo processo histórico de conquistas e desenvolvimento do ser humano.

(23)

22 Assim, pode-se dizer que o surgimento de novas técnicas comunicacionais digitais aumenta as possibilidades de escolha das atividades humanas. O crescimento vertiginoso das informações disponíveis no ambiente virtual, no Ciberespaço, estimula a mobilidade do homem em busca do contato físico e de experiências concretas.

O aumento desse universo de escolhas, proporcionado pelo Ciberespaço, acabou ganhando ainda mais força com o advento da internet, com computadores de todo o mundo interconectados, possibilitando a troca de informações e dados, construídos e fornecidos pelos próprios usuários dessa rede.

(24)

23

2. A EMERGÊNCIA DA INTERNET, DA WORLD WIDE WEB E A COMUNICAÇÃO DIGITAL

Em meio às turbulências da Guerra Fria, o exército americano criou um sistema de computadores interconectados para proteger informações e dados contra os exércitos inimigos. Desenvolvida pela ARPA (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada, do Departamento de Defesa do EUA, uma das instituições mais inovadoras de pesquisa do mundo na época), a internet foi uma das inúmeras inovações tecnológicas empreendidas pelo governo americano que marcaram a chegada da Era da Informação. (CASTELLS, 1999).

A partir de uma rede de computadores independentes, foi possível “o empacotamento de todos os tipos de mensagens, inclusive de som, imagens e dados, criando-se uma rede que era capaz de comunicar seus nós sem usar centros de controles” (CASTELLS, 1999, p.84).

A primeira rede de computadores, a ARPANET, foi criada em 1969 e permitiu a comunicação para fins militares e entre os cientistas. Pouco tempo depois, a novidade já chamava a atenção dos entusiastas de ficção científica que a utilizavam para diversas finalidades, inclusive troca de informações pessoais.

Em pouco tempo, inúmeras outras redes foram criadas para diferentes finalidades, sendo todas dependentes da ARPANET. Esta, após vinte anos, se tornou obsoleta dando lugar a NSFNET, também controlada pelo governo americano, mas que não duraria mais do que cinco anos. Com o fim da NSFNET, a internet passou a ser privatizada, graças “às pressões comerciais e ao crescimento de redes de empresas privadas e de redes cooperativas sem fins lucrativos” (CASTELLS, 1999, p.85). O rápido desenvolvimento de ferramentas e aplicativos nos anos seguintes tornou o acesso à internet cada vez mais barato, com melhor qualidade.

Ainda segundo Casttels (1999), pode-se afirmar que a revolução da tecnologia da informação nasceu na década de 1970, não só pelo fato das inovações tecnológicas comunicacionais, mas principalmente por ter ocorrido nessa mesma época o surgimento da engenharia genética.

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24 Em 1971 foi lançado o primeiro microprocessador, por um engenheiro da Intel, Ted Hoff e o microcomputador foi criado em 1975. No ano seguinte apareceu a Apple, comercializando o primeiro produto de sucesso, o Apple II, em 1977. Nessa mesma época, a Microsoft começava a desenvolver sistemas operacionais para computadores.

Após esse boom de inovações na área da informática na década de 70, as décadas seguintes ficaram marcadas pelos resultados milionários que constituíram a era da difusão do computador.

No Brasil, no ano de 1989, é criada a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) para operar uma rede acadêmica de alcance nacional e com o objetivo de espalhar a Internet e capacitar pessoas em tecnologias de ponta. Mas foi apenas em 1997 que o Brasil alcançou uma nova fase da Internet. Com o aumento do número de acessos à rede, foram realizados investimentos em novas tecnologias.

Enquanto isso, já no início dos anos 80, milhares de pessoas em todo o mundo tinham acesso à rede e faziam parte da teia mundial compartilhada (CASTELLS, 1999).

De acordo com o Instituto de Estatísticas Mundiais da Internet (Internet

World Stats), em pesquisa realizada no final de 2008, aproximadamente 1,5

bilhão de pessoas em todo o mundo são usuárias da internet, o que representa 23,8% da população mundial. Relacionando com o resto do mundo, esse número parece pequeno, mas se comparado com os números colhidos em dezembro de 2000 (mais de 360 milhões de usuários), representa um crescimento de 342,2%.

Já no Brasil, segundo resultados da pesquisa IBOPE/Nielsen Online, de julho de 2009, existe cerca de 62,3 milhões de pessoas com acesso a internet. Ainda de acordo com essa pesquisa, hoje o brasileiro é o internauta que mais passa tempo navegando na internet, chegando a aproximadamente 45 horas por mês, ficando acima do Japão e EUA.

Outro dado de grande importância, levantado recentemente foi da pesquisa Ibope/Pop citada na revista Meio Digital (Ed 10, maio/junho 2009) no qual “51% dos acessos à internet no Brasil são realizados hoje por indivíduos

(26)

25 das classes C, D e E – ou seja, as classes A e B atualmente são minoria, com 49%.”

Dados da mesma pesquisa mostram que a internet é hoje, definitivamente, um meio de comunicação de massa consolidado, ocupando a segunda posição, atrás apenas da TV aberta.

Com a expansão do acesso à Internet, ocorrida a partir de 1990, surge um sistema para organizar todo o conteúdo que se encontrava disponível na rede para acesso em todo o mundo. A WWW, sigla para World Wide Web (teia de alcance mundial), criada na Europa pelos pesquisadores Tim Berners Lee e Robert Cailliau nos laboratórios do CERN (Conselho Europeu para Pesquisa Nuclear) em Genebra, na Suíça.

Para Casttels (1999, p.88), o surgimento da WWW significou uma nova etapa no desenvolvimento da internet:

“Um novo salto tecnológico permitiu a difusão da Internet na sociedade em geral: a criação de um novo aplicativo, a teia mundial (world wide web – WWW), que organizava o teor dos sítios de Internet por informação, e não por localização, oferecendo aos usuários um sistema fácil de pesquisa para procurar as informações desejadas.”

O desenvolvimento da WWW, apesar de ocorrer apenas na década de 90, também teve grande influência e contribuição das inovações difundidas nos anos 70. Para padronizar e facilitar o uso das ferramentas utilizadas na Internet foi necessário a criação de linguagens específicas com as quais todos os computadores pudessem se adaptar. É o caso das linguagens HTML (linguagem de marcação de hipertexto), criada para padronizar os formatos dos documentos e HTTP (protocolo de transferência de hipertexto), desenvolvido para orientar a comunicação entre os programas de busca. Assim, surge também o padrão URL de endereços (localizador uniforme de recursos), criado para facilitar a localização de sites na web.

A velocidade nos processos de organização e interligação da rede possibilitou cada vez mais um controle dos usuários sobre as informações e o uso das ferramentas de acesso. E a WWW foi grande responsável por essa

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26 difusão, na medida em que facilitou sua utilização pelos usuários e permitiu a disseminação de dados de qualquer lugar para outro.

É nessa corrente de desenvolvimento que surge a conhecida atualmente como Web 2.0, na qual o processo de troca e interatividade se fortalece, dando espaço para uma construção conjunta e compartilhada com informações disponíveis na internet.

2.1 Web 2.0

O termo Web 2.0 foi criado em 2004 pela empresa americana O’Reilly Media ao se tornar nome de uma série de conferências sobre o tema. Como definição, pode-se dizer que é a segunda geração dos serviços disponíveis na internet, na qual houve “uma mudança na forma como ela é encarada por usuários e desenvolvedores, ou seja, o ambiente de interação que hoje engloba inúmeras linguagens e motivações.” (Wikipédia, 2009, s/p)

Segundo o próprio precursor do termo, o americano Tim O’Reilly:

“Web 2.0 é a mudança para uma internet como plataforma e um entendimento das regras para obter sucesso nesta nova plataforma. Entre outras, a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a inteligência coletiva” (Wikipédia, 2009, s/p)

O advento da Web 2.0 permitiu que usuários comuns, que até então não possuíam conhecimentos necessários para publicar conteúdo na internet, publicassem e consumissem informação de forma rápida e constante.

Enquanto a conhecida como Web 1.0 (primeira “geração” de aplicativos

web) é unidirecional e tem como base de informação os sites que funcionam

como vitrines e oferece comunicação de mão única (emissor – receptor), a Web 2.0 é participativa, bidirecional e capaz de fornecer comunicação de mão dupla, onde emissor e receptor trocam informações e conhecimento.

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27 Segundo texto retirado do Wikipédia, maior site colaborativo da internet e símbolo da Web 2.0, nesse conceito de rede, “os programas são corrigidos, alterados e melhorados o tempo todo, e o usuário participa deste processo dando sugestões, reportando erros e aproveitando as melhorias constantes” (Wikipédia, 2009, s/p).

Um exemplo dessa utilização são os chamados Wiki, nome dado a softwares e programas colaborativos que permitem a alteração coletiva do conteúdo das páginas sem a necessidade que o mesmo seja revisto ou aceito para publicação. O Wiki pode ser editado pelos próprios usuários da rede sem qualquer aprovação prévia, como é o caso da Wikipedia – A enciclopédia livre, usada também como fonte de pesquisa para o presente trabalho.

É claro que essa ferramenta, por ser de acesso livre, está sujeita a dados e informações incorretos e infundados, mas os próprios usuários e colaboradores atuam como reguladores e controladores dos conteúdos publicados, tornando o conteúdo confiável servindo também como base para pesquisas e obtenção de dados.

Graças ao sucesso da Web 2.0, nos últimos anos, os conteúdos disponíveis na internet sofreram várias mudanças em sua estrutura, o que possibilitou ao usuário interagir e participar desse processo, gerando e organizando as informações disponíveis.

Voltando a algumas idéias já propostas no capítulo anterior, essa nova plataforma na qual a internet se transformou reforça cada vez mais a noção da inteligência coletiva, onde um grupo de indivíduos tem a capacidade de trocar informações e conhecimentos rapidamente.

Johnson (Apud COSTA, 2006, p.62) afirma que “finalmente o Ciberespaço começa a nos oferecer aquilo que foi sua promessa original: alimentar uma inteligência coletiva pela conexão de todas as informações do mundo.”

A abertura e facilidade de acesso, possibilitados pelas novas ferramentas da Web 2.0 culminou em uma explosão na quantidade de dados disponibilizados na internet, o que resultou em um excesso de informações. Tal fato, ao mesmo tempo em que coloca à disposição do internauta uma gama de

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28 novidades e conhecimentos, obriga-o a filtrar o que realmente poderá ser aproveitado ou o que é de seu interesse.

É a partir dessa realidade, que Costa (2006, p.34) define a cultura digital, como “a cultura dos filtros, das seleções, das sugestões e dos comentários.” O usuário se vê cercado de informações, mas precisa organizá-las corretamente.

Juntamente com a abundância de dados fornecidos, a internet e, agora, a Web 2.0 oferecem uma comunicação mais direcionada, onde páginas e serviços são desenvolvidos segundo o perfil dos usuários, chamada personalização de conteúdo.

Para driblar o excesso de informações disponíveis na rede, é necessária a construção de conteúdos relevantes que chamem a atenção dos usuários e que, principalmente, o façam se interessar constantemente pelo conhecimento fornecido.

Diante disso, vê-se o sucesso e constante desenvolvimento dos mecanismos de busca como o Google, o Yahoo e o mais recentemente lançado, Bing. Todos são páginas da web, focadas totalmente na organização e disponibilização de conteúdos disponíveis na rede, facilitando o acesso do usuário a informações de seu interesse.

Para conseguirem organizar e facilitar o acesso à internet, esses mecanismos fazem uso de tecnologias novíssimas, que estão em constante desenvolvimento, buscando suprir ainda mais a necessidade dos usuários.

As facilidades permitidas pela nova plataforma web fazem com que diariamente, inúmeras novas páginas sejam inseridas na rede, da mesma forma como muitas outras acabam no esquecimento. O internauta atualmente tem a possibilidade de desenvolver conteúdos e determinar algumas regras. Prova disso são os números de páginas criadas com as ferramentas de blog, onde o conteúdo é muito mais flexível, dinâmico, permitindo que qualquer pessoa possa expressar suas opiniões e colaborar com as informações publicadas.

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29 Os websites, como eram usados há alguns anos, já não são mais tão interessantes, pois sua arquitetura fechada e apenas de visualização do conteúdo não permite que os usuários interajam com as informações.

Atualmente a internet já apresenta diversas formas de comunicação e interação entre os internautas que já estão sendo postas em prática. No lugar dos sites comuns, criam-se blogs, comunidades virtuais, entre outros. A procura agora é pela rapidez e agilidade na troca de informações.

A internet hoje, não tem mais a finalidade única de obter informações, como era anteriormente. A idéia agora é trocar informações e conhecimentos, com possibilidade de usar cada vez mais diferentes formas.

Nesse contexto pode-se verificar o crescimento das chamadas redes sociais, redes colaborativas e interativas, que destacam a participação e a interação dos usuários com interesses e assuntos em comum.

Alguns exemplos das maiores redes sociais da internet serão citados no próximo capítulo, quando será abordado o conceito de redes colaborativas e a questão da interatividade.

2.2 Redes Colaborativas e Interatividade

Colaboração e interatividade. Essas são as duas palavras que mais definem e explicam o que é e como funciona a internet hoje. O surgimento dos blogs há alguns anos atrás, possibilitou às pessoas exporem suas idéias para o mundo inteiro e produzirem o conteúdo disponível na internet. Tal situação influenciou também uma troca de conteúdo e fortaleceu a comunicação entre os usuários da rede.

Em torno disso, apareceram as denominadas redes sociais, onde pessoas com interesses em comum se conectam e se comunicam, por meio da internet, compartilhando informações diversas.

Alguns autores também denominam as redes sociais geridas na internet como comunidades virtuais:

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30

“Como afirma Pierre Lévy (2002), comunidades virtuais são uma nova forma de se fazer sociedade. (...) baseada muito mais na cooperação e trocas objetivas do que na permanência de laços. E isso tudo só foi possível, com o apoio das novas tecnologias de

comunicação.”(COSTA, 2006, p.246)

Já na visão de Rheingold, (apud Costa 2006, p.61),

“Comunidades virtuais são uma maneira extraordinária de um grupo suficientemente grande e diversificado de indivíduos, conseguir multiplicar o grau individual de seus conhecimentos.”

Levy e Rheingold (apud COSTA, 2006, p.61) ainda concordam com a idéia que “(...) uma comunidade virtual, quando convenientemente organizada, representa importante riqueza em ternos de conhecimento distribuído, de capacidade de ação e de potência cooperativa.”

São muitos os exemplos famosos de redes sociais. A mais conhecida atualmente no Brasil é o Orkut, uma rede de contatos na qual as pessoas se conectam e trocam informações diversas, por meio de perfis próprios e comunidades com assuntos específicos.

Outro exemplo de rede social é o Youtube, hoje responsável pelo maior acervo de vídeos disponível na internet, onde qualquer pessoa pode acessar e assistir aos conteúdos, como também tem a possibilidade de colocar seus próprios vídeos à disposição de todos. Segundo dados disponibilizados recentemente pelo próprio Youtube, o site, lançado em 2005, hospeda atualmente mais de seis milhões de vídeos e esse número aumenta 20% a cada mês.

Hoje, a mais nova rede social que está se tornando outro sucesso mundial é o Twitter, uma espécie de microblog, onde seus usuários se expressam em até 140 caracteres, respondendo a uma frase que já se tornou famosa na internet: “What are you doing?” (tradução para O que você está fazendo?). O Twitter é uma das maiores provas de que a internet está se tornando um filtro de informações e conhecimentos, possibilitando aos internautas selecionarem ao que desejam ter acesso via internet.

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31 Além do alto grau de interatividade e coletividade que moldam a Web

2.0, a noção de compartilhamento também está muito presente. Como é o

caso, por exemplo, da plataforma Peer to Peer.

Segundo a enciclopédia livre Wikipédia (2009, s/p), a plataforma P2P (peer to peer do inglês “par a par” ou “em pares”) “é uma arquitetura de sistemas distribuídos caracterizada pela descentralização das funções na rede, onde todos realizam tanto funções de servidor quanto de cliente”. Ou seja, qualquer computador pode servir de fonte para acessar determinado conteúdo. Um exemplo de plataforma P2P são os programas gratuitos de downloads de músicas e vídeos, nos quais todos os usuários participam tanto como buscador de conteúdo quanto como fornecedor, permitindo que qualquer outro computador tenha acesso ao conteúdo de sua pasta. Essa plataforma incentiva o compartilhamento de conteúdo, uma vez que a sua conexão e o tempo de download dependem da quantidade de arquivos que o usuário tenha para disponibilizar aos outros. O serviço torna-se melhor quanto mais pessoas o usarem.

Se diferenciando levemente das redes sociais, mas ainda com um forte caráter colaborativo, estão os blogs, mais uma das várias ferramentas da Web

2.0 que têm como principal característica a interação entre autores, leitores e

internautas em geral. Qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento em informática consegue construir uma página própria, na qual possa inserir o que quer que seja. Desde textos de sua autoria, fotos, vídeos, até informações retiradas de outros blogs ou site. Em contrapartida, os leitores podem deixar seus comentários sobre o conteúdo fornecido, trocar idéias e informações de interesse mútuo. Essa interação fortalece a idéia de multiplicação do conhecimento e da já abordada anteriormente, inteligência coletiva.

O número de redes sociais e blogs ativos hoje cresce a cada dia, com diferentes características e idéias, mas todas com a mesma proposta final, que é conectar pessoas de qualquer lugar do mundo, com interesses e necessidades em comum, incentivando sempre o compartilhamento de experiências e informações.

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32 De acordo com dados de pesquisa realizada pela agência Universal McCann, de Nova York, em início de 2008, o Brasil é o quarto país onde as pessoas mais lêem blogs, e onde 87% dos entrevistados já leram um. Atualmente, 78,4% dos brasileiros com acesso à internet participam de comunidades on-line.

Além das citadas acima, existem atualmente, milhares de redes sociais conectando milhões de pessoas, em todo o mundo. Outro exemplo é, o

Facebook, criado em 2004 pelo americano Mark Zuckerberg, que já soma mais

de 300 milhões de usuários ativos e onde 50% desses usuários acessam a página todos os dias, segundo dados do site oficial do Facebook.

Muitos estudos chegam a comparar as redes sociais com grandes nações se levarmos em conta o número de pessoas presentes em um mesmo ambiente, em constante processo de compartilhamento e comunicação.

As novas tendências e hábitos criados pelos usuários da Web 2.0 abriram caminho para novas formas de comunicação entre indivíduos. Facilitaram os meios e a velocidade de contato para fornecimento e troca de informações. É nesse ambiente digital que as formas de comunicação se tornam mais rápidas e diretas, permitindo maior aproximação entre os indivíduos envolvidos.

A partir das ferramentas digitais expostas acima que propiciam maior aproximação e interação, pode-se analisar as características da comunicação digital que surgiu juntamente com a internet e vem se modificando a cada dia, acompanhando a evolução da web.

2.3 Comunicação Digital

O conceito de comunicação digital começou a ser discutido após o surgimento e popularização das tecnologias da informação e comunicação, principalmente a internet, quando esta deixou de ter seu uso limitado à troca de

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33 dados militares e se tornou um meio efetivo de comunicação entre pessoas para o compartilhamento de informações e conhecimento.

A utilização de ferramentas e mídias digitais para a realização do processo comunicacional permitiu que a comunicação na Era Digital adquirisse algumas características próprias e inovadoras. Diferentemente da comunicação de massa, a comunicação digital possibilita maior aproximação com seu público de interesse. Enquanto a primeira apresenta o conceito clássico do emissor que envia a mensagem a um ou a vários receptores ao mesmo tempo, mas que não consegue interagir com os mesmos, a última apresenta maior interação entre emissor e receptor, permitindo também uma inversão dos papéis entre os indivíduos envolvidos.

Casttels (1999, p. 40) define a comunicação digital:

“(...) um novo sistema de comunicação que fala cada vez mais uma língua universal digital tanto está promovendo a integração global da produção e distribuição de palavras, sons e imagens de nossa cultura, como personalizando-os ao gosto das identidades e humores dos indivíduos. As redes interativas de computadores estão crescendo exponencialmente, criando novas formas e canais de comunicação, moldando a vida e, ao mesmo tempo, sendo moldada por ela.”

Por ser considerada hoje uma das maiores formas de comunicação já utilizadas e pela sua capacidade de integrar os indivíduos, a comunicação digital

“Institui uma nova forma de comunicação afetando o conjunto das relações sociais, não apenas as estritamente comunicacionais, mas em todos os níveis, na comunicação, nas relações pessoais, no trabalho, nas instituições, na indústria. Não há hoje órgão produtivo que não esteja, direta ou indiretamente, relacionado a algum tipo de relação de comunicação digital.” (TERRA, 2006, p.27)

Dentre as principais características da comunicação digital estão: a capacidade de segmentação, possibilitando o surgimento de nichos, o que facilita uma comunicação direta entre emissor e receptor; a instantaneidade, onde a velocidade de informação é cada vez mais rápida; e a interatividade, já citada anteriormente, sendo a característica mais marcante das mídias digitais.

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34 Nesse sentido, o espectador, ou melhor, o usuário, passa a escolher ele mesmo o que quer e o que não quer ver ou ainda pode fazer parte da produção do conteúdo no qual está buscando determinada informação. É essa a idéia de colaboração e participação que permeia a Web 2.0 atualmente na internet.

“A web nos impõe princípios de comunicação colaborativa e associativa nunca dantes permitidos por outros meios. O princípio dos blogs, do wikipédia, do jornalismo Open Source, do RSS traz à tona uma outra realidade em termos de mídia e de comunicação. O usuário assume papel fundamental: tem o poder de escolha sobre o que quer ver e mais, tem o poder de interferir, opinar, expressar-se. A web permite liberdade de opinião, de expressão das próprias opiniões, de reunião, de associação, princípios democráticos que caracterizam a rede como veículo interativo.” (TERRA, 2006. p.17)

Flexibilidade, mobilidade e rapidez para se obter respostas são mais algumas propriedades da comunicação digital que a tornam hoje um dos meios mais utilizados em todo o mundo, seja por pessoas, em grupos, empresas, governos, etc.

A partir dessa situação, já se percebe que “a comunicação digital se apresenta como comunicação de massa ao atingir um grande público e como comunicação interpessoal ao se apresentar como uma via de duas mãos.” (TERRA, 2006. p.31)

Hoje já existem discussões sobre como classificar a internet como meio de comunicação. Após sua crescente utilização, muito se questiona se a internet já não pode ser classificada como meio de comunicação de massa, uma vez que começa a apresentar algumas características básicas do mesmo, como a televisão e o rádio, por exemplo.

A internet atualmente atinge milhares de pessoas ao mesmo tempo, em vários lugares do mundo e espalha conteúdo a inúmeras audiências. A principal diferença entre os meios de comunicação de massa e as mídias digitais está no fato do primeiro apresentar comunicação de mão única (emissor envia mensagem para vários receptores sem receber uma resposta) e a segunda ser uma comunicação de mão dupla, dialógica e participativa, onde o receptor passa a ser emissor, e vice versa.

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“Portanto, poderíamos dizer que a internet é uma espécie de meio ‘híbrido’: embora criado como meio de comunicação interpessoal, tem características de meio de comunicação de massa. No entanto, também pode negar essas mesmas características. Na realidade, tudo depende do uso que estará sendo feito na Rede. É justamente esse aspecto ‘híbrido’ que nos permite caracterizar a internet como uma tecnologia revolucionária, que trará aspectos nunca antes previstos ao cenário da comunicação.” (MONTEIRO, 2001, p.32)

A internet como meio de comunicação apresenta o conceito de comunicação de mão dupla, ou seja, é baseada no diálogo e cria relacionamentos mais próximos. O usuário é muito mais ativo e participativo no momento da troca de informações.

Segundo Ostrowiak (apud PAVELOSK, 2004, p.05) a comunicação em tempos de internet nos leva ao surgimento da Teoria da Comunicação Produtiva, na qual o feedback (retroalimentação), são elementos fundamentais do processo de comunicação.

“(...) a retroalimentação é, talvez, o elemento central que nos permite distinguir a informação da própria comunicação. É, assim pensando, o fator que fornece identidade ao processo da comunicação. Junto com o problema da interpretação, é o que define a comunicação como humana.”

Mais uma vez, entra-se na questão da interatividade, pois esse grau de

feedback só será possível graças à capacidade de interação de mesmo nível

entre os envolvidos nesse processo.

A possibilidade de compartilhamento e colaboração de informação e conhecimento reforça a noção da inteligência coletiva defendida por Levy (1999), já abordada anteriormente.

O formato interativo e colaborativo adquirido pela comunicação digital abre caminho para produção de conhecimento coletivo, onde ocorre cada vez mais a descentralização da informação.

De fato, a internet foi responsável por grandes mudanças nos processos comunicacionais e nas relações humanas, modificando também

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36 rapidamente as relações entre tempo e espaço que o homem vivia antes do surgimento das novas tecnologias da informação.

Paveloski (2004, p.01) explicita bem esse avanço da internet:

“A internet é um suporte poderoso e diferente, que (...) reensinou o homem a usufruir sua capacidade criativa, científica, exploratória de maneira mais profunda. Conectou o inconectável. Promoveu diminuições perceptíveis de distâncias globais, ao mesmo tempo em que ajudou a transformar o papel moeda em dígitos, entre outros muitos rearranjos, (...) como ter colaborado decisivamente para a transformação do computador de uma máquina de cálculo para uma máquina de comunicação.”

Acompanhando esse avanço, ocorreram mudanças econômicas e sociais, e o homem teve que se adaptar à nova realidade acabando, consequentemente, por mudar também os seus hábitos, necessidades e desejos.

Assim, as organizações também tiveram que adequar suas estratégias para continuar satisfazendo seus consumidores e mantendo um bom relacionamento com seus públicos de interesse (stakeholders). A forma como as mesmas estão atuando em meio a essa turbulência de informações e mudanças, bem como suas estratégias de comunicação serão temas de discussão nos próximos capítulos.

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PARTE 2

AS RELAÇÕES PÚBLICAS E A COMUNICAÇÃO DIGITAL NAS ORGANIZAÇÕES

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3. A COMUNICAÇÃO DIGITAL NAS ORGANIZAÇÕES

No decorrer dos séculos XIX e XX, inúmeras transformações sociais, econômicas e culturais alteraram os cenários da história e para atender a essas mudanças constantes, as organizações também tiveram que inovar suas ações e se adaptar às novas necessidades.

Após as revoluções industrial e tecnológica ocorridas na Inglaterra a partir do século XVIII, surge um novo modelo de produção e um novo conceito de trabalho que serão a base para o capitalismo que começa a ser consolidado na época.

Percebe-se maior valorização e preocupação com as relações humanas e sociais, e em meio a esse contexto, a comunicação nas organizações ganha espaço e se fortalece como estratégia fundamental. Em seguida, com o surgimento das novas tecnologias de informação e comunicação e suas inúmeras peculiaridades, as organizações começam a adotar cada vez mais novas estratégias digitais como ferramentas de comunicação.

Ainda de acordo com Fortes (2003, p.39):

“As empresas, como todas as organizações complexas, de maneira geral, são influenciadas por essas mudanças e geridas de acordo com os relacionamentos definidos para os diferentes grupos de interesse que as envolvem. Atingem esse objetivo ao utilizar técnicas de gerenciamento e competentes meios de comunicação apropriados a cada tipo de mensagem.”

A internet, novo canal de informação e interatividade com o cliente, transformou empresas locais em organizações globais e ofereceu a possibilidade de um relacionamento entre consumidor e empresa em tempo real e ainda mais próximo.

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3.1 As Organizações e a Cultura Organizacional diante das novas tecnologias

Sobre o conceito de organizações, Kunsch (2003, p.27) afirma:

“(...) as organizações constituem aglomerados humanos planejados conscientemente, que passam por um processo de mudanças, se constroem e reconstroem sem cessar e visam obter determinados resultados. São inúmeras as organizações, cada uma perseguindo os seus próprios objetivos, dotadas de características próprias, com uma estrutura interna que lhes possibilita alcançar os objetivos propostos, mas dependente, como subsistema, de inúmeras interferências do ambiente geral, numa perspectiva sistêmica.”

Atualmente, nessa realidade de mudanças e contradições,

“(...) há um aumento significativo de novas organizações, que surgem para atender às crescentes demandas sociais e mercadológicas, desencadeadas, muitas vezes, pela perspicácia dos agentes do mercado competitivo, que estão sempre atentos às oportunidades e às ameaças do ambiente global e organizacional.” (KUNSCH, 2003, p.19)

E assim não foi diferente com o surgimento das inovações tecnológicas. A partir da década de 90, as empresas se viram obrigadas a se adaptar à nova realidade informacional, para se manterem vivas no mercado competitivo e globalizado.

A velocidade dos processos produtivos, a constante necessidade de inovação e o aumento da competitividade econômica transformaram o cenário organizacional, seja nas relações de trabalho, nos sistemas de produção ou na comunicação.

Aparecem então novos formatos de organizações com características bem distintas das vigentes em décadas passadas. São, segundo Castells (1999), organizações flexíveis e horizontais, com novos métodos de gerenciamento, buscando se adaptar rapidamente às transformações econômicas e tecnológicas.

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40 Esse novo modelo, também denominado por alguns autores como organização aberta em rede, é capaz “de enfrentar os novos desafios do mundo contemporâneo e se preparam melhor para administrar as incertezas e os riscos e para se adaptar às contínuas transformações mundiais.” (KUNSCH, 2003, p.60)

Para isso, as organizações modernas, segundo Marchiori (2006, p.24):

“(...) devem preocupar-se cada vez mais com o monitoramento das informações e a abertura do diálogo com seus diferentes grupos de interesse, entendendo que seu comportamento deve ir além do repasse de informações. Na realidade, é preciso atuar no sentido de selecionar informações que façam parte do contexto vivenciado pela empresa e que tenham sentido para os públicos, produzindo assim uma comunicação que gere atitude.”

Tais características convergem com a realidade e necessidades da comunicação digital à que as empresas estão se adequando para se comunicar com seus públicos e se manterem atuantes no mercado competitivo de hoje.

Don Tapscott e Art Caston (apud KUNSCH, 2003, p.59) desenvolveram um estudo apontando quatro determinantes que causam impactos sobre as organizações modernas, sendo eles: “nova tecnologia, nova ordem geopolítica, novo ambiente empresarial e nova empresa”.

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Novo ambiente

empresarial

- mercado dinâmico, aberto e competitivo

Nova ordem

geopolítica

- realidade mundial aberta, volátil e multipolar

Nova tecnologia - Novas metas para

a tecnologia da informação; - computação em rede, aberta e centrada no usuário Nova empresa - Organização aberta, atuando em rede e fundamentada na informação. Figura 01.

Fonte: Tapscott e Caston (apud KUNSCH, 2003, p.59)

Como já exposto em capítulos anteriores, a Era da Informação na qual vivemos, aumentou exponencialmente o fluxo de informação e a geração de conhecimento ao redor do mundo. Por conseqüência, surge uma nova estrutura social, flexível e baseada na interação dialógica, que vai influir na forma de atuação das empresas, bem como na noção de consumo.

A intensa imersão tecnológica na qual as empresas se viram inseridas nos últimos anos gerou grande impacto na cultura organizacional e trouxe à tona a importância dos processos comunicacionais utilizados pelas empresas. Com isso, ganham espaço as tecnologias de informação e comunicação (TICs) no âmbito empresarial.

A utilização das tecnologias de informação e comunicação e das mídias digitais como estratégias de comunicação organizacional se tornou comum nos dias de hoje, sendo vista em grande parte das pequenas, médias e grandes empresas.

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“As novas relações de trabalho e capital emergidas na era da informação deram espaço para o surgimento de novos processos que alteraram as formas de atuação das empresas no mercado. Velocidade, competitividade e conectividade são elementos-chave que estão transformando o ambiente de trabalho nas organizações.” (MARCHIORI, 2006, p.45)

Enquanto antigamente a preocupação das organizações estava no processo produtivo, hoje se preza pelo gerenciamento da informação e conhecimento gerados pelas relações dialógicas possíveis graças às inovações tecnológicas de informação e comunicação.

A utilização da comunicação digital possibilita mais agilidade na comunicação organizacional, resultando em uma descentralização das informações.

Nesse contexto, a comunicação nas organizações modernas ganha caráter estratégico e se torna fundamental para o desenvolvimento de relacionamentos mais próximos e diretos entre organizações e públicos. Ao mesmo tempo, o consumidor se apresenta também como participante do processo produtivo e se torna ativo na multiplicação da informação.

A interatividade, cada vez mais presente na era da comunicação digital, permite essa troca direta e rápida de informação, conhecimento e conduz as organizações à nova realidade comunicacional da Era da Informação. São chamados por alguns de consumidores 2.0. Estes estão cada vez mais exigentes e participativos, cobrando cada vez mais das empresas modernas novas estratégias comunicacionais que os atendam de forma rápida e personalizada.

3.2 Mídias Tradicionais versus Mídias Digitais

Ainda que as mídias digitais já apresentem grande participação como estratégia de comunicação, inúmeros questionamentos surgem comparando-as com as mídias tradicionais.

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