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O uso concordado do verbo haber impessoal em Santiago do Chile: um estudo sociolinguístico

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM – PPGEL ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Linguística Teórica e Descritiva

LINHA DE PESQUISA: Variação e Mudança

SUYANNE PEREIRA DE MORAES

O USO CONCORDADO DO VERBO HABER IMPESSOAL EM SANTIAGO DO CHILE: UM ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO

NATAL/RN 2018

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O USO CONCORDADO DO VERBO HABER IMPESSOAL EM SANTIAGO DO CHILE: UM ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem – Ppgel, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a qualificação de mestrado. Área de concentração: Linguística Teórica e Descritiva. Orientadora: Profa. Dra. Shirley de Sousa Pereira

NATAL/RN 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCHLA

Elaborado por Ana Luísa Lincka de Sousa - CRB-15/748 Moraes, Suyanne Pereira de.

O uso concordado do verbo haber impessoal em Santiago do Chile: um estudo sociolinguístico / Suyanne Pereira de Moraes. - 2018.

89f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem. Natal, RN, 2018.

Orientador: Prof.ª Dr.ª Shirley de Sousa Pereira.

1. Sociolinguística. 2. Concordância - Verbo Haber Impessoal. 3. Santiago do Chile. I. Pereira, Shirley de Sousa. II. Título. RN/UF/BS-CCHLA CDU 81'27

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Gratidão é a palavra que define todas as emoções vividas até agora. Agradecer é sempre preciso e nunca é demais. Tantas pessoas nessa caminhada, tantos momentos em que achava que não iria conseguir e sempre alguém iluminado vinha até mim e, com uma palavra, um gesto, um abraço, me fazia acreditar que era sim possível.

Deus sabe de todas as coisas e desde o início Ele caprichou, me deu a família tão maravilhosa que tenho, me deu amigos fiéis que vêm de longa data, me deu novos e especiais amigos nessa nova jornada que é o mestrado e sou extremamente grata por tudo que passei para chegar até aqui. Então, Deus, meu Deus, meu Pai e Fortaleza, obrigada por ser minha paz, minha força. Obrigada por nunca me faltar fé, por sempre sentir que o Senhor me acompanhava em todos os momentos. Sei que tudo devo ao Senhor; obrigada por agir de forma tão linda em minha vida.

Agradecer com todo meu coração ao meu amor maior da vida inteira, minha mãe, Carmen Pereira, te amo, mãe, tudo que faço, tento, conquisto e luto é pela senhora, para retribuir a luz que és na minha vida. Esses dois anos não foram fáceis, mas sempre tivemos uma a outra e eu não poderia pedir nada mais. Te amo para sempre, palavras nunca serão suficientes para definir o que a senhora é pra mim. Te amo, minha heroína.

Obrigada às minhas princesas, minha mana Suellen e à luz dos meus olhos, minha sobrinha Amanda, obrigada pelo simples fato de vocês existirem. Sem vocês nada teria graça; vocês fazem meus dias melhores. Obrigada pelo incentivo, pelo amor e pela torcida de vocês em tudo que me proponho a fazer. Amo vocês com todo meu coração.

Agradeço ao meu amor, meu namorado/melhor amigo, Jonatas, pelo companheirismo nos momentos de dificuldade, por me incentivar tanto, por acreditar em mim quando eu mesma duvidava, por me abraçar e dizer que tudo vai dar certo. Vida, seu carinho foi imprescindível nessa caminhada, obrigada por estar sempre ao meu lado. Te amo muito.

Não posso deixar de citar minha melhor amiga, minha diva Laise, que é muito mais do que uma amiga, é uma segunda irmã que a vida me deu. Diva, obrigada por vibrar comigo em todos os momentos, é muito especial ter uma pessoa como você na vida Obrigada por me apoiar, me incentivar, por querer sempre o meu melhor. Te amo.

Um agradecimento mais que especial vai para as minhas amigas guerreiras e companheiras do mestrado, Maraisa e Ana, meninas, vocês são puro amor, agradeço a Deus por Ele tê-las colocado junto comigo nessa Aventura. Vocês foram muito além de colegas “acadêmicas”, vocês se tornaram amigas muito, mas muito queridas por mim. Ambas sabem

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Mara com suas ligações que me davam uma paz imensa, por sempre perguntar como eu estava, se eu estava precisando de algo e sempre me ajudando nos momentos mais difíceis, e Ana sempre atenciosa, sempre disposta a ajudar, sempre com as melhores palavras de incentivo e paz. Obrigada, suas lindas, que nossa amizade siga existindo além das fronteiras acadêmicas.

Minha querida e alegre “ori” Shirley Pereira, muito obrigada pela paciência, pela alegria, pela sinceridade e por sempre ter acreditado que iríamos conseguir chegar até o final com sucesso. Profe, é difícil cruzar com pessoas tão competentes e tão generosas como a senhora. Obrigada pelo privilégio de ser sua orientanda.

Meu querido e mais que amado eterno “ori” Bruno Rafael, meu mestre, meu incentivador, meu espelho, obrigada por ter cruzado em minha vida, por ter se interessado pelo que se passava nessa cabecinha aqui e por ter virado esse grande amigo que você é. Sempre serei grata por tudo que vivi e aprendi ao seu lado no IFRN; nessa conquista aqui tem muito de você!

Um agradecimento especial aos professores Carlos Felipe e Tatiana Maranhão, que desde a qualificação se mostraram abertos ao diálogo, generosos e atenciosos nos comentários para a melhoria do trabalho. Agradeço imensamente pela disponibilidade e pela oportunidade de aprender com ambos.

Agradeço aos meus poucos, porém amados amigos do IFRN Emanuel, Hayanny e Raissa, que torcem por mim desde que nos encontramos, que acompanham de perto as alegrias e tristezas dessa vida docente/pesquisador. “Migles”, obrigada pelas risadas, pelos conselhos, pelas lágrimas e pelos sorrisos que distribuímos ao longo desses anos. E seguimos brilhando!!

Por fim, meu “muito obrigada” a todos que me acompanharam, que contribuíram e que torceram para a realização desse sonho. Muitíssimo obrigada!

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Tendo em vista a heterogeneidade das línguas e os diversos fenômenos que podem se apresentar devido a sua constante mutabilidade, esta pesquisa quali-quantitativa propõe-se a investigar uma variável dependente que vem ganhando espaço nos estudos sociolinguísticos na língua espanhola: a ocorrência do uso concordado do verbo haber impessoal, neste caso, em falantes de Santiago do Chile. Pretendemos descrever e analisar as variáveis independentes que influenciam na escolha entre as variantes (singular e plural) desse fenômeno. Para isso, nos basearemos nos pressupostos da Teoria da Variação e Mudança Linguística, pois a partir dela é possível realizar uma análise complexa do funcionamento das línguas, sendo elas consideradas em seu contexto real de uso pelos falantes, tanto no que diz respeito a fatores linguísticos quanto a extralinguísticos. Assim, esta pesquisa se insere nos fundamentos da teoria da Sociolinguística, em especial nos estudos de autores como Weinreich, Labov e Herzog (2006) e Tagliamonte (2006). Também contribuem para este trabalho os estudos já realizados sobre essa temática por autores hispânicos, como Ruiz (2004) da Venezuela, Rivas e Brown (2012) de Porto Rico, e De Mello (1991), sobre onze capitais de países falantes de espanhol. Para a conformação do corpus de análise, foram utilizadas 72 entrevistas sociolinguísticas pertencentes ao corpus PRESEEA – Proyecto para el Estudio Sociolingüístico del Español de España y de América. Os condicionadores levados em consideração são linguísticos a) os tempos verbais, b) posição do sintagma nominal; e c) forma nominal do verbo, e também extralinguísticos: a) gênero; b) idade; e c) nível socioeconômico. Os resultados obtidos apontam para uma tendência de variação em faixas etárias mais avançadas, isto é, os grupos de idade 2 (35 a 54 anos) e 3 (55 anos acima) são os que mais utilizam o plural em detrimento da variante normativa. Além disso, observamos o favorecimento à pluralização no nível socioeconômico baixo, quando o verbo está conjugado no Pretérito Imperfeito, no Pretérito Perfeito Composto e no Futuro e quando o sintagma nominal está anteposto verbo. Dessa forma, podemos observar uma tendência à variação nas entrevistas analisadas.

Palavras-chave:Sociolinguística. Variação. Concordânciaverbo haber impessoal. PRESEEA. Santiago do Chile.

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Owing to the heterogeneity of languages and the diverse phenomena that may be presented due to their constant mutability, this qualitative-quantitative research proposes to investigate a dependent variable that has been gaining ground in sociolinguistic studies in Spanish: the occurrence of the agreed use of the impersonal verb haber, in this case, more specifically, in speakers of Santiago de Chile. Therefore, we intend to describe and analyze the independent variables that influence the choice between the variants (singular and plural) of this phenomenon. In order to reach that, we will base ourselves on the assumptions of the Theory of Language Variation and Change, since from it is possible to perform a complex analysis of the functioning of the languages, considering them within their real context of use by the speakers, regarding both linguistic and extralinguistic factors. Thus, this research is based on the foundations of the Sociolinguistics theory, especially in authors like Weinreich, Labov and Herzog, 2006 and Tagliamonte, 2006. Besides being anchored in previous studies on this topic, carried out by Hispanic authors, such as Ruiz (2004) from Venezuela, Rivas and Brown (2012) from Puerto Rico and De Mello (1991) about eleven capitals of Spanish-speaking countries. For the conformation of the corpus to be analyzed, there were used 72 sociolinguistic interviews belonging to the corpus PRESEEA (Project for the Sociolinguistic Study of the Spanish of Spain and America). The linguistic conditioners taken into consideration are a) the verbal tenses, b) the position of the nominal syntagma and, c) the nominal form of the verb; and the extralinguistic conditioners: a) gender, b) age, and c) socioeconomic level. The obtained results point out to a trend of variation in more advanced age groups, namely, the age groups 2 (35 to 42 years old) and 3 (55 years old and above) are those ones that mostly use the plural rather than the normative variant. In addition, it is observed the predominance of the pluralized use in low socioeconomic level, when the verb is conjugated in the Imperfect Past, Present Perfect Continuous and Future, and when the nominal syntagma comes before the verb. That way, we can observe a tendency to a variation in the analyzed interviews.

That way, we can observe a tendency to a variation in the analyzed interviews.

Key-words: Sociolinguistics. Variation. Agreement of the impersonal verb haber. PRESEEA. Santiago del Chile.

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pueden presentarse en razón de su constante mutabilidad, esta pesquisa cualitativa-cuantitativa se propone a investigar una variable dependiente que va ganando espacio en los estudios sociolingüísticos en la lengua española: la ocurrencia del uso de concordancia del verbo haber impersonal, en este caso, de los hablantes de Santiago de Chile. Nuestra intención es describir y evaluar las variables independientes que influencian en la elección entre las variantes (singular y plural) de este fenómeno. Para esto, hemos tomado como base los presupuestos de la Teoría de Variación y Cambio Lingüístico, pues a partir de ella es posible realizar un análisis complejo del funcionamiento de las lenguas, siendo ellas consideradas en su contexto real de utilización por los hablantes, tanto en lo que concierne a los factores lingüísticos cuanto a los extralingüísticos. Así, en esta pesquisa se insiere los fundamentos de la teoría Sociolingüística, en especial los autores como Weinreich, Labov y Herzog (2006) y Tagliamonte (2006). También contribuyen para este trabajo los estudios ya resueltos sobre esa temática por los autores hispánicos, como Ruiz (2004) de Venezuela, Rivas y Brown (2012) de Puerto Rico y De Mello (1991) sobre once capitales de países hablantes del español. Para la conformación del corpus de análisis fueran utilizadas 72 entrevistas sociolingüísticas pertenecientes al corpus PRESEEA – Proyecto para el Estudio Sociolingüístico del Español de España y de América. Los condicionantes llevados en consideración son lingüísticos a) los tiempos verbales, b) posición del sintagma nominal; y c) forma nominal del verbo, y también extralingüísticos: a) género; b) edad; y c) nivel socioeconómico. Los resultados obtenidos apuntan para una tendencia de variación en fajas etarias más avanzadas, esto es, los grupos de edad 2 (35 hasta 54 años) y 3 (55 años, arriba) son los que más utilizan el plural en sustitución a la variante normativa. Además de esto, observamos el favorecimiento a la pluralización en el nivel socioeconómico bajo, cuando el verbo va conjugado en el Pretérito Imperfecto, en el Pretérito Perfecto Compuesto y en el Futuro, y cuando el sintagma nominal está antepuesto al verbo. De esa forma, podemos ver una tendencia a la variación en las entrevistas evaluadas.

Palabras-claves:

Sociolinguística. Variación. Concordanciaverbo haber impersonal. PRESEEA. Santiago de Chile.

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Gráfico 2- Comparativo Singular vs Plural por Faixa Etária ...55

Gráfico 3- Comparativo Singular vs Plural por Gênero ...58

Gráfico 4- Comparativo Singular vs Plural por Tempo Verbal...62

Gráfico 5- Comparativo Singular vs Plural por PN em relação ao verbo...67

Gráfico 6- Comparativo Singular vs Plural de acordo com a FN do verbo ...70

Gráfico 7: Cruzamento entre Tempo verbal e Gênero/Sexo: Pluralização...73

Gráfico 8: Cruzamento entre Tempo verbal e Gênero/Sexo: Variante canônica...74

Gráfico 9: Cruzamento entre Tempo verbal e Nível Socioeconômico: Pluralização...75

Gráfico 10: Cruzamento entre Tempo verbal e Nível Socioeconômico: Variante canônica....76

Gráfico 11: Cruzamento entre Posição do Sintagma Nominal e Nível Socioeconômico: Pluralização...77

Gráfico 12: Cruzamento entre Posição do Sintagma Nominal e Nível Socioeconômico: Variante canônica...78

Gráfico 13: Cruzamento entre Posição do Sintagma Nominal e Gênero/Sexo: Pluralização...79

Gráfico 14: Cruzamento entre Posição do Sintagma Nominal e Gênero/Sexo: Variante canônica...80

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Quadro 1- Descrição das variáveis independentes extralinguísticas...42

Quadro 2- Distribuição das entrevistas utilizadas nesta pesquisa...43

Quadro 3- Dados gerais variante PLURAL...44

Quadro 4- Dados gerais variante SINGULAR...44

Quadro 5- Número de ocorrências distribuídas em Tempos Verbais na variante pluralizada 48 Quadro 6- Número de ocorrências distribuídas em Tempos Verbais na variante no singular..48

LISTA DE TABELAS Tabela 1- Quantidade de ocorrências de cada gênero dispostas em cada tempo verbal...72

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2 Grupo de idade (35-54 anos) 3 Grupo de idade (acima de 55 anos) A Nível Socioeconômico alto

B Nível Socioeconômico baixo CS Condicional Simples F Futuro Fm Feminino FN Forma Nominal M Masculino P Presente

PCC Pretérito Perfeito Composto Pimp Pretérito Imperfeito

PRESEEA Proyecto para el estudio sociolingüístico del español de España y de América PS Pretérito Simples

PSN Posição do Sintagma Nominal

PV Perífrase verbal

RAE Real Academia Española SN Sintagma Nominal VS Verbo Simples

WLH Weinreich, Labov e Herzog X Nível Socioeconômico médio

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INTRODUÇÃO...13

CAPÍTULO 1-OS ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS………...…..17

1.1 VARIEDADE, VARIÁVEL E VARIANTE...22

1.2 LÍNGUA E SOCIEDADE...24

CAPÍTULO 2- O VERBO HABER SEGUNDO A GRAMÁTICA...27

2.1 OS USOS DO VERBO HABER...28

2.2 VERBO HABER IMPESSOAL...31

2.2.1 CARACTERÍSTICAS DO HABER IMPESSOAL...33

2.3 O VERBO HABER CONCORDADO SOB O VIÉS SOCIOLINGUÍSTICO...36

CAPÍTULO 3-METODOLOGIA...40

3.1 CORPUS PRESEEA...41

3.2 OS GRUPOS DE FATORES...45

3.2.1 FATORES EXTRALINGUÍSTICOS...45

3.2.2 FATORES LINGUÍSTICOS...47

CAPÍTULO 4-ANÁLISE DO USO CONCORDADO DO HABER IMPESSOAL……50

4.1. ANÁLISE DOS FATORES EXTRALINGUÍSTICOS...50

4.1.1 Nível Socioeconômico... 50

4.1.2 Faixa Etária... 54

4.1.3 Gênero/Sexo... 58

4.2 ANÁLISE DOS FATORES LINGUÍSTICOS... 61

4.2.1 Tempo Verbal... 61

4.2.2 Posição do Sintagma Nominal... .67

4.2.3 Forma Nominal Do Verbo... 69

4.3 CRUZAMENTO ENTRE FATORES LINGUÍSTICOS E FATORES EXTRALINGUÍSTICOS...72

4.3.1 Cruzamento de Tempo Verbal e Gênero/Sexo: as variantes singular e plural...72

4.3.2 Cruzamento de Tempo Verbal e Nível Socioeconômico: as variantes singular e plural.75 4.3.3 Cruzamento de Posição do Sintagma e Nível Socioeconômico: as variantes singular e plural ...77

4.3.4 Cruzamento de Posição do Sintagma e Gênero/Sexo: as variantes singular e plural...79

CONSIDERAÇÕES FINAIS...81

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INTRODUÇÃO

A língua, por tratar-se de um fenômeno vivo, não permanece estática e experimenta constantes transformações e influências provocadas pelo modo como os falantes a utilizam com o decorrer do tempo, isto é, as mudanças surgem a partir do comportamento linguístico e das características extralinguísticas, como gênero, escolaridade e sexo, dos usuários da língua de uma determinada região.

A mutabilidade da língua é, em boa medida, determinada pela liberdade de escolha dos falantes que dispõem, muitas vezes, de um leque relativamente amplo de formas para expressar um mesmo significado, um sentido equivalente, conforme assinala Moreno Fernandez (2009, p. 21) 1:

La lengua es variable y se manifiesta de modo variable. Con esto se quiere decir que los hablantes recurren a elementos lingüísticos distintos para expresar cosas distintas, naturalmente, pero a la vez tienen la posibilidad de usar elementos lingüísticos diferentes para decir unas mismas cosas.

Nesse sentido, a língua apresenta uma diversidade de fenômenos de variação que perpassam os níveis fonético-fonológico, léxico-semântico e morfossintático, dentre os vários fenômenos que podem apresentar as línguas devido a sua mutabilidade. Neste trabalho abordaremos um fenômeno linguístico em língua espanhola, no nível morfossintático. Portanto, nosso objeto de estudo trata-se da variável “a concordância do verbo haber impessoal”, mais especificamente, em falantes de Santiago do Chile.

Para a conformação do corpus e análise dos dados, esta pesquisa se norteia nos fundamentos da teoria da Sociolinguística, em especial nos estudos de Weinreich, Labov e Herzog, (2006). Tagliamonte (2006), Tarallo (2007) e Guy e Zilles (2007). Dessa maneira, nossa investigação tem em consideração a Teoria da Variação e Mudança Linguística, pois propicia uma análise complexa do funcionamento da língua, que é considerada em seu em contexto real de uso pelos falantes, tanto no que diz respeito a fatores linguísticos quanto a extralinguísticos.

Os dados utilizados pertencem ao corpus PRESEEA – Proyecto para el Estudio Sociolingüístico del Español de España y de América, e foram disponibilizados na íntegra

1 A língua é variável e se manifesta de modo variável. Com isso se quer dizer que os habitantes recorrem a elementos linguísticos distintos para expressar coisas distintas, naturalmente, mas ao mesmo tempo tem a possibilidade de usar elementos linguísticos distintos para dizer as mesmas coisas. (MORENO FERNANDEZ, 2009, p. 21, tradução nossa).

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pelo Departamento de Linguística da Universidad de Chile. Dessa forma, foram utilizadas entrevistas sociolinguísticas, que foram selecionadas devido a suficiente representatividade de todas as variáveis independentes sociais atribuídas pelo PRESEEA, ou seja, possuem quantidades proporcionais entre sexo, idade e nível socioeconômico, além de somarem um número suficiente de dados para a análise da nossa regra variável.

Os informantes escolhidos pertencem à capital do Chile, Santiago, pois é uma localidade que apresenta poucos estudos detalhados sobre uso do haber impessoal. Em geral, os trabalhos que tratam do haver impessoal no chile consistem em estudos comparativos com outras capitais da América Latina, que são citados superficialmente em outras pesquisas.

Além disso, a escolha se deve também ao fato de que, segundo Lipski (2005) e Andión Herrrero e Casado Fresnillo (2015), o espanhol chileno tem na fala de Santiago e Valparaíso, ambos localizados na zona central do Chile, a maior representatividade desse idioma. Dessa forma, nosso trabalho poderá oferecer não apenas a realidade linguística de Santiago, mas também uma representação do espanhol chileno em geral, já que o espanhol do Chile, de acordo com Lipski (2005), não possui tanta variação regional, apesar de ter um território bastante considerável, mais de 3.000 km.

A variedade chilena é também considerada como “especial”, pois ela tem características bastantes particulares que a diferenciam dos demais países latino-americanos. Assim, o Chile possui uma classificação própria segundo as zonas dialetais de Henríquez Ureña (1921).

Enfatizamos que a variável dependente aqui tratada é objeto de estudo de vários outros países, porém não há esse enfoque específico em Santiago, de modo que pensamos que nossa pesquisa oferece uma contribuição relevante no estudo desse fenômeno, na medida em que se propõe verificar as possíveis modificações e tendências na utilização do haber personificado no espanhol da capital chilena, ampliando assim o escopo de estudos linguísticos em países de língua espanhola.

A nossa regra variável será analisada a partir dos seguintes grupos de fatores linguísticos e extralinguísticos, respectivamente: a utilização de acordo com os tempos verbais, com a posição do sintagma nominal e a forma nominal do verbo; e sexo (masculino e feminino), faixa etária (Grupo 1: 20 a 34 anos; grupo 2: 35 a 54 anos; e grupo 3: 55 anos acima), e o nível socioeconômico (alto, médio e baixo).

Dessa maneira, esta pesquisa tem por objetivo geral descrever o uso da concordância do verbo haber em sua forma impessoal, em falantes de Santiago, capital do Chile, e

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identificar as variáveis independentes que influenciam na escolha entre as variantes da regra variável em questão.

Os objetivos específicos são:

a) Descrever o uso do verbo haber impessoal em gramáticas normativas, em outras localidades da América Latina e comparar com o uso em Santiago do Chile;

b) Identificar quais variáveis linguísticas, neste caso, os tempos verbais, número, posição e tamanho do sintagma nominal, e extralinguísticas, influenciam na eleição da variante no plural e no singular;

c) Analisar as motivações para a escolha da variante no plural em detrimento da variante no singular em determinados tempos verbais.

As questões norteadoras desta pesquisa podem ser elencadas da seguinte maneira: a) A concordância do verbo haber impessoal encontra-se bastante disseminada em

alguns países da América Latina. O Chile, em específico, Santiago, pertence a esse grupo de falantes que tendem a pluralizar o verbo?

b) Os falantes de nível socioeconômico alto tendem a não pluralizar, visto que seria um desvio à norma padrão e esses possuem um alto grau de escolarização?

c) Os jovens costumam ser os usuários da língua que podem determinar o início de uma mudança linguística. O grupo de idade 1 (20 a 34 anos) é o que mais possui variantes concorrentes que possam indicar essa variação?

d) Os distintos tempos verbais influenciam na escolha das variantes?

As hipóteses que seguem às questões norteadoras são:

a) Os falantes de Santiago do Chile tendem a concordar o verbo haber impessoal. b) Os falantes do nível socioeconômico alto tendem a usar a variante no singular,

pois, devido a seu grau de escolaridade, seguem a norma padrão.

c) O grupo de idade 1 em relação aos outros grupos de idade é o que mais apresenta variantes concorrentes.

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d) Os tempos verbais influenciam na escolha das variantes.

Os capítulos deste trabalho estão organizados na seguinte configuração: no capítulo 1 tratamos dos pressupostos teóricos e metodológicos da Sociolinguística; no capítulo 2 descrevemos o uso do verbo haber segundo a gramática normativa e apresentamos estudos já existentes do haber pluralizado de alguns autores hispânicos, como Lastra e Butragueño (2015) do México, Ruiz (2004) da Venezuela, Rivas e Brown (2012) de Porto Rico e De Mello (1991), sobre onze capitais de países falantes de espanhol; no capítulo 3 apresentamos o corpus e os procedimentos metodológicos para a obtenção e análise dos dados; no capítulo 4 nos debruçamos sobre a análise e os comentários dos dados, a fim de explicar as motivações para o uso das variantes; em seguida, há as considerações finais, e, por fim, elencamos as referências.

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CAPÍTULO 1-OS ESTUDOS SOCIOLINGUÍSTICOS

Este trabalho baseia-se na Sociolinguística, especialmente na vertente Variacionista ou Laboviana, e para o desenvolvimento da pesquisa sobre a pluralização do verbo haber se faz necessário conhecer os conceitos e características dessa área da linguística, pois eles irão explicar como os conceitos-chave da Sociolinguística embasam a pesquisa teórica sobre a utilização do verbo haber no sentido existencial realizada durante toda essa investigação, além de clarear os termos que são usados na metodologia e na análise, como variante, variável, fatores linguísticos, fatores extralinguísticos, entre outros. Assim, nosso trabalho ancora-se nesses termos para ser produzido e compreendido.

A língua é desenvolvida e utilizada em um contexto social, na comunicação entre as pessoas, sendo assim, a relação entre língua e sociedade é extremamente relevante no estudo do seu funcionamento e de sua evolução; estudá-la de forma isolada do contexto social pode ser prejudicial para conseguir captar os reais processos de variação e mudança linguística. Nessa perspectiva, Labov (2008) considera que se deve indagar sobre a necessidade de uma abordagem linguística que leve em consideração a sociedade na qual a língua está inserida, pois é nesse contexto de interação entre os falantes nativos no cotidiano que se pode obter dados relevantes para os estudos linguísticos.

De acordo com Areiza Londoño (2012, p. 3) 2:

Opuesto a la orientación mentalista, de actuación, de homogeneidad, de hablante/oyente ideal, surge la sociolingüística como producto de la reclamación válida que se hacía dentro del ámbito de la ciencia de la lingüística, de un hablante/oyente real (emisor-destinatario), de un usuario de carne y hueso que vive sus circunstancias y que es influido por otros sistemas como el ideológico, el económico, el político, el cultural, etc. y que, además, entra en relación con otros actores que son usuarios, a su vez, del sistema de la lengua y de esos otros sistemas.

A partir dessa citação, podemos comentar sobre o avanço dos estudos linguísticos até se chegar ao que se entende por Sociolinguística. Dessa forma, Areiza Londoño (2012) explica a ruptura do paradigma formal, que advinha do Estruturalismo de Ferdinand Saussure

² “Oposta à orientação mentalista, de atuação, de homogeneidade, de falante/ouvinte ideal, surge a sociolinguística como produto do pedido válido que se fazia dentro do âmbito da ciência da linguística, de um falante/ouvinte real (emissor-destinatário), de um usuário de carne e osso que vive suas circunstâncias e que é influenciado por outros sistemas como o ideológico, o econômico, o político, o cultural, etc. e que, além disso, entra em relação com outros atores que são usuários, por sua vez, do sistema da língua e de outros sistemas” (Areiza Londoño, 2012, p. 3, tradução nossa).

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no início do século XX, do gerativismo de Noam Chomsky (1957), na qual não havia a preocupação em utilizar dados externos em seus estudos.

Sobre isso, Labov (2008) afirma que apesar de Saussure considerar a vida dos signos no seio da vida social, esse pensamento não era posto em prática por parte dos linguistas que seguiam suas crenças, ou seja, não havia atenção aos dados extralinguísticos, sendo utilizados para os estudos linguísticos conhecimentos particulares de que cada um possuía sobre as representações das línguas, e acreditava-se que as explicações para fatos linguísticos advinham apenas de outros fatores internos à língua, mas nunca de fatores extralinguísticos.

Esses linguistas justificam o estudo voltado a langue e não tanto a parole por problemas como lidar com a fala, como agramaticalidade e a variação na fala, porém consideramos que isso mostra a autenticidade da língua. E estudar uma “língua ideal” pode não trazer uma representatividade da forma como a língua é utilizada no contexto real.

Segundo Tagliamonte (2006), para a Sociolinguística, a linguagem existe no contexto, ela depende dos falantes, da sua localização e da sua intenção comunicativa. Além disso, o falante deixa no discurso suas marcas pessoais, como sua cultura, história e identidade política e geográfica, e dessa maneira, é possível identificar os sujeitos através de sua fala. Portanto, a língua é social, não pertence ao falante, mas à comunidade de fala. Assim, a língua é um meio de comunicação, uma forma de identificar grupos sociais, dessa maneira se há a intenção de estudar uma dada língua, deve-se levar em consideração o grupo de falantes dela.

Sobre a Sociolinguística Variacionista, Tagliamonte (2006) explica que ela integra aspectos sociais e linguísticos, além de acomodar os paradoxos da mudança da linguagem, como, por exemplo, problematizando o fato de outras áreas defenderem que a estrutura da língua é fixa, mesmo observando que a língua sofre constante mudanças, isto é, ela considera a variabilidade em todos os níveis da língua.

Tagliamonte conceitua a Sociolinguística Variacionista da seguinte maneira (2006, p. 5) 3:

In my view, variationist sociolinguistics is most aptly described as the branch of linguistics which studies the foremost characteristics of language in balance with each other – linguistic structure and social structure; grammatical meaning and social meaning – those properties of language

³ “Sob meu ponto de vista, sociolinguística variacionista é mais descrita como um ramo da linguística que estuda as principais características da linguagem em relação uma com a outra- estruturas linguísticas e estruturas sociais; sentidos gramaticais e sentidos sociais – as propriedades da linguagem requerem referência a fatores tanto externos (sociais) quanto internos (sistêmicos) em sua explanação. Além disso, ao invés de perguntar: “Como você diz isso” como um linguista diria, um sociolinguista tende a não fazer questão nenhuma. O sociolinguista vai deixar o falante falar sobre o que quiser e vai escutar todas as formas que ele disser “X”. (TAGLIAMONTE, 2006, p. 5, tradução nossa).

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which require reference to both external (social) and internal (systemic) factors in their explanation. Therefore, instead of asking the question: ‘How do you say X?’ as a linguist might, a sociolinguist is more likely not to ask a question at all. The sociolinguist will just let you talk about whatever you want to talk about and listen for all the ways you say “X”.

Dessa maneira, é importante ressaltar que não existe falante de discurso único, apesar de manter suas características pessoais na fala, os sujeitos se adaptam às diversas situações comunicativas e podem apresentar vários estilos; a língua tem variabilidade de uso, o falante faz escolhas conscientes ou inconscientes entre duas formas.

A essência da Sociolinguística Variacionista depende de três fatos sobre a linguagem que, por vezes, são ignorados no campo da linguística. São eles: a heterogeneidade ordenada, a mudança da linguagem e a identidade social. Sobre a heterogeneidade ordenada Tagliamonte (2006) afirma que se trata da observação de que a língua varia e que não o faz de forma aleatória, é uma mudança que faz parte do sistema e reflete a ordem e a estrutura dentro da gramática. Além disso, os falantes possuem a sua disposição escolhas de como usar a língua, existindo mais de uma maneira de expressar um mesmo sentido.

Já no que diz respeito à mudança da linguagem, afirma-se que a língua está sempre em fluxo, um exemplo disso é o que antes era aceito pode ser estigmatizado atualmente e vice-versa.

E, por último, a identidade social, no qual a autora aponta que a linguagem é usada para transmissão de informações, mas ao mesmo tempo revela quem é o falante, visto que suas escolhas linguísticas revelam aspectos sociolinguísticos, exemplo disso é o sotaque e o léxico que podem revelar a localidade à qual pertence o falante.

As principais características da Sociolinguísta Variacionista podem ser elencadas da seguinte maneira: o vernáculo, a comunidade de fala, a forma/função assimétrica, as variáveis linguísticas, o método quantitativo, o princípio da responsabilidade, circunscrever o contexto variável e testar as hipóteses.

Sobre o vernáculo, podemos apontá-lo como um objetivo específico da metodologia variacionista, ou seja, busca-se ter acesso à fala mais espontânea dos informantes, isto é, o discurso que se tenha menos atenção e monitoramento ao ser expressado, pois assim pode-se analisar a real maneira como a língua é utilizada por aquela determinada comunidade. Nesse contexto, afirma Labov (2008, p. 243):

[...] encontramos a fala mais sistemática, onde as relações fundamentais que determinam o curso da evolução podem ser vistas mais claramente. Este é o

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“vernáculo” – estilo em que se presta o mínimo de atenção ao monitoramento da fala.

Para Tagliamonte (2006), o acesso ao vernáculo é imprescindível, pois trata-se da forma mais sistemática do discurso, tendo sido a primeira variedade adquirida pelo falante, além de estar mais livre de hipercorreções. Assim, quando se identifica o vernáculo, podem ser feitas observações do caráter multidimensional do comportamento linguístico, identificando variantes, tendências de variação e/ou mudança linguística.

O segundo aspecto é a comunidade de fala que se refere, segundo Sankoff (1988b, p. 157 apud TAGLIAMONTE, 2006), ao papel do investigador como analista e participante da comunidade, com o foco no discurso não monitorado, pois ao se inserir na comunidade e se aproximar dos informantes, evita-se o receio do “julgamento” no momento da entrevista. Isso tem quebrado barreiras para o acesso à língua falada nas comunidades de fala.

O terceiro aspecto é a forma/função assimétrica, que diz respeito à possibilidade da existência de múltiplas formas que possuam a mesma função, ou seja, o falante tem a sua disposição mais de uma forma linguística para expressar o mesmo sentido, o mesmo significado. Assim, “The goal of variation analysis is to pinpoint the form/function overlap and explain how this overlap exists and why”. (TAGLIAMONTE, 2006, p. 10) 4.

O quarto aspecto compreende as variáveis linguísticas, que se referem ao objeto de estudo da sociolinguística variacionista. Tagliamonte (2006) aponta que as variáveis podem ocorrer em todos os níveis da língua e da gramática de um idioma. Os conceitos de variável, variação e variante serão explicitados adiante.

O quinto elemento é o método quantitativo, que é o aspecto mais importante da análise da variação e que diferencia a Sociolinguística Quantitativa de outras áreas da linguística. Através desse método é possível contabilizar as ocorrências de uma determinada variável e também buscar e explicar as motivações para determinada variação e/ou mudança linguística, ou seja, de acordo com Tagliamonte (2006), é possível identificar tendências gramaticais e padrões nos dados, analisando sua força e seu significado.

O sexto aspecto é o princípio da responsabilidade, que está relacionado à análise “correta” e ética da variação. Trata-se de identificar realmente as situações extralinguísticas e linguísticas em que se encontram as ocorrências, ou seja, é necessário identificar e analisar nos dados obtidos todas as ocorrências que pertencerem àquela variável e não somente o que o investigador considerar interessante ou pertinente para sua pesquisa.

4 O objetivo da análise da variação é identificar a forma/função que se sobrepõe e explicar como e por que existe essa sobreposição” (TAGLIAMONTE, 2006, p. 10, tradução nossa).

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A sétima característica fundamental é circunscrever o contexto variável, que se trata de como o pesquisador determina as variantes de uma variável e os contextos em que elas variam. Sobre isso Labov (1969a, p.728-9 apud TAGLIAMONTE, 2006, p.13)5 determina:

1. Identify the total population of utterances in which the feature varies. Exclude contexts where one variant is categorical.

2. Decide on how many variants can be reliably identified. Set aside contexts that are indeterminate, neutralised, etc.

Depois de seguir tais procedimentos, chega-se o momento de encontrar os padrões, processo esse que é realizado através do último aspecto, o teste de hipóteses. Para isso, segundo Labov (1969a apud TAGLIAMONTE, 2006), é necessário identificar as subcategorias que podem determinar a frequência das formas e assim, poder identificar a variante que é mais utilizada em relação a outra que pode ser influenciada pelos contextos linguísticos internos. Essas descobertas podem ocorrer de diversas maneiras, através de estudos sincrônicos, diacrônicos ou surgirem nas análises, por exemplo.

Nesse contexto, acreditamos que a pesquisa através da análise da variação proporciona o entendimento do funcionamento da língua em sua forma mais natural, mais fiel à realidade da linguagem. Um estudo que não forje exemplos contribui para o estudo da evolução da língua que realmente é utilizada e pertence às comunicações realizadas pelos seres humanos, pois se tem acesso ao vernáculo, o que realmente é produzido por tais falantes.

5 “1 Identificar a população total de enunciados em que o elemento varia. Excluir os contextos onde a variante é categórica. 2 Decidir quantas variantes podem ser realmente identificadas de forma confiável. Colocar de lado contextos indeterminados, neutralizados, etc.” (LABOV 1969a, p. 728-9 apud TAGLIAMONTE, 2006, p.13, tradução nossa).

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1.1 VARIEDADE, VARIÁVEL E VARIANTE

Para estudar o funcionamento da língua e compreender as situações de concorrência entre formas linguísticas, é preciso conhecer e dominar alguns termos, visto que, durante a análise sistemática dos dados, o domínio desses conceitos é primordial. Portanto, elencaremos o conceito de variedade, variação, variável e variante, além de dissertar sobre o papel de cada uma delas num estudo Sociolinguístico.

A variedade linguística consiste nas distintas formas que as línguas podem organizar-se linguisticamente, tendo em consideração os fatores socioculturais em que estão inorganizar-seridas. Nesse contexto, Areiza Londoño (2012, p. 64)6 conceitua a variedade como:

[…] el conjunto de las distintas manifestaciones que adopta la lengua dentro de un contexto de relación intersubjetiva […] la variedad del uso de la lengua la podemos definir como la disposición que adoptan los elementos lingüísticos dentro de una especificidad cultural. Esto permite decir que todas las lenguas del mundo tienen sus respectivas variedades en el uso, siempre en relación con un segmento poblacional y con unas particularidades socioculturales que guardan relación con la comunidad global. Lenguas como el inglés, el francés, el alemán, el embera, el cuna, el español, etc., tienen sus variedades unidas por el mismo sistema;

Dessa maneira, compreendemos que as línguas possuem maneiras distintas de se manifestar, devido ao seu caráter social, que permitem “adaptarem-se” a cada contexto geográfico, cultural, social e comunicativo em que se encontram. Havendo assim, a existência da variedade chilena, mexicana, colombiana e de todas as outras regiões que têm a língua espanhola como língua oficial.

Sobre as variáveis podemos apontar que tanto se tratam da regra variável como dos fatores internos e externos que podem motivar a variação e a mudança linguística. As variáveis que se referem ao fenômeno linguístico são nomeadas de variáveis dependentes, ou seja, trata-se da regra variável que é objeto de estudo de uma pesquisa Sociolinguística Variacionista, o exemplo de uma variável dependente seria “a concordância do haber na sua forma impessoal”. Para corroborar nossa explicação, “Vale frisar que o termo ‘variável’ pode

[...] o conjunto das distintas manifestações que adota a língua dentro de um contexto de relação intersubjetiva [...] a variedade de uso da língua podemos definir como a disposição que adotam os elementos linguísticos dentro de uma especificidade cultural. Isso permite dizer que todas as línguas do mundo têm suas respectivas variedades em uso, sempre em relação com um segmento populacional e com umas particularidades socioculturais que tem relação com a comunidade global. Línguas como o inglês, o francês, o alemão, o emberá, o cuna, o espanhol, etc, tem suas variedades unidas pelo mesmo sistema. (AREIZA LONDOÑO, 2012, p. 64 tradução nossa).

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significar fenômeno em variação e grupo de fatores. Estes consistem nos parâmetros reguladores dos fenômenos variáveis, condicionando positiva ou negativamente o emprego de formas variantes” (MOLLICA; BRAGA 2004, p. 11).

As variáveis independentes são os grupos de fatores que se tratam de elementos do contexto de uso das formas variantes que podem condicionar o uso de uma dessas formas em detrimento de outras. Os grupos de fatores são controlados quantitativamente e podem ser linguísticos, que dizem respeito à fonologia, morfossintaxe, semântica, léxico e o discurso, ou seja, ao funcionamento interno da língua; e podem ser sociais, que levam em consideração o gênero, a classe social, etnia, nível econômico, idade, entre outras. “Las variables sociales siempre se presentan correlacionadas, de allí surgen condiciones y especificidades muy propias de un medio, que no se encuentran en otras realidades” (AREIZA LONDOÑO, 2012, p. 42)7.

Nessa perspectiva, a inclusão dos fatores extralinguísticos nos estudos linguísticos promove o entendimento de quais características dos sujeitos favorece o caminho a escolha entre duas ou mais variantes, entendendo de forma completa a utilização da variável dependente, pois segundo WHL (2006), por mais que sejam nomeadas como “variáveis independentes”, espera-se que haja relações entre elas.

As variantes consistem nas formas linguísticas concorrentes que proporcionam a variação linguística, ou seja, permitem aos falantes a escolha entre uma ou outra maneira de expressar determinado sentido. Sobre as variantes, Mollica e Braga (2004, p. 11) afirmam:

[...] Entendemos então por variantes as diversas formas alternativas que configuram um fenômeno variável tecnicamente chamado de variável dependente. A concordância entre o verbo e o sujeito, por exemplo, é uma variável linguística (ou um fenômeno variável), pois se realiza através de duas variantes, duas alternativas possíveis e semanticamente equivalentes: a marca de concordância no verbo ou a ausência da marca de concordância.

Sendo assim, as variantes estão à disposição dos usuários de uma língua, os quais dependendo do contexto sociocultural podem eleger uma variante em detrimento de outra, ou seja, elas são formas que variam entre si e que possuem o mesmo significado ou a mesma função. Por exemplo, as variantes da variável “a concordância do haber impessoal” seriam: a variante no plural versus a variante no singular. Nesse contexto, Tarallo (2007, p. 8) afirma:

7 “As variáveis sociais sempre se apresentam correlacionadas, daí surgem condições e especificidades muito próprias de um meio, que não se encontra, em outras realidades” (AREIZA LONDOÑO, 2012, p. 42, tradução nossa”).

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Em toda comunidade de fala são frequentes as formas linguísticas em variação. [...] a essas formas em variação dá-se o nome de “variantes”. “Variantes linguísticas” são, portanto, diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto, e com o mesmo valor de verdade. A um conjunto de variantes dá-se o nome de “variável linguística”.

A partir dos conceitos elencados, variedade, variação, variável e variante, podemos analisar sistematicamente os dados, conhecendo os conceitos que norteiam a descrição da pesquisa Sociolinguística e seu resultado.

Baseando-nos nas definições de Sociolinguística Variacionista, elencamos a seguinte variável e as variantes que serão utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa:

1) variável linguística ou dependente: verbo haber concordado na forma impessoal; 2) variáveis independentes ou grupos de fatores: sexo, idade e nível socioeconômico; 3) variantes: singular e plural: hay- han; había- habían-habíamos; hubo- hubieron, habrá- habrán, ha habido-han habido, puede haber- pueden haber, debe haber- deben haber, haya- hayan.

Uma vez definidos os critérios de análise da variável dependente, podemos classificar e compreender as variantes linguísticas pertencentes ao processo de comunicação subjacente ao fenômeno da pluralização, e a partir dos pressupostos teórico-metodológicos abordados neste capítulo desenvolver a análise dos dados obtidos sobre a concordância do haber impessoal numa perspectiva variacionista.

1.2 LÍNGUA E SOCIEDADE

A língua para os sociolinguístas não é considerada como uma estrutura estática, estando assim, segundo Coelho et al. (2015), suscetível a variar e mudar, sofrendo influências provenientes tanto de dentro como de fora do sistema linguístico. Portanto, defende-se que para um estudo sociolinguístico é necessário a consciência de que a língua que é efetivamente representada através da fala de indivíduos de uma comunidade, sendo um objeto legítimo de estudo, e que a variação sofrida pela língua decorre de fatores que estão presentes na sociedade.

Sobre essa relação entre linguagem e sociedade, Romaine (1996, p. 41)8 afirma:

8 “[…] podemos aceitar que provavelmente não existe nenhuma comunidade de fala na qual a sociedade não tenha em absoluto influência sobre a linguagem. É tarefa da sociolinguística examinar as várias conexões

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[...] podemos aceptar que probablemente no existe ninguna comunidad de habla en la que la sociedad no tenga en absoluto influencia sobre el lenguaje. Es tarea de la sociolingüística examinar las varias conexiones posibles entre los dos aspectos. Hace un tiempo comentaba un lingüista que no existen dos lenguas suficientemente parecidas como para considerar que representan la misma realidad social.

Dessa maneira, acreditamos que para um melhor e mais amplo esclarecimento sobre o os condicionadores que influenciam o fenômeno da pluralização do haber impessoal, a adoção da perspectiva sociolinguística variacionista se faz imprescindível, pois o que determina essa ocorrência é a forma como a sociedade utiliza a língua, e como esse uso é visto e aceito pelos demais participantes da comunidade linguística, podendo converter-se em um processo de mudança ou ficar no âmbito da variação.

Nessa perspectiva, Weinreich Weinreich, Labov e Herzog – doravante WHL – (2006) propõem uma Teoria da Mudança que situa a língua como um sistema heterogêneo e ordenado, mostrando que a escolha de certas alternativas linguísticas dentro de um sistema tem relações com funções sociais e estilísticas, ou seja, um sistema que muda, acompanhando as mudanças na estrutura social. Para tanto, os autores elencam o que chamam de Princípios Empíricos para a Teoria da Variação e Mudança, são eles: o Problema dos Fatores Condicionantes; o Problema da Transição; o Problema do Encaixamento; o Problema da Avaliação; e o Problema da Implementação.

O primeiro “problema” é o dos fatores condicionantes, que se refere às condições em que podem ocorrer a mudança, pois ela está diretamente relacionada a essas motivações. Assim, questiona-se o que pode restringir, condicionar, correlacionar-se a fim de que se haja uma mudança.

O segundo é o problema da transição, que questiona como uma mudança acontece, em que momento uma forma evolui e como passou de um falante a outro. Nesse contexto, segundo WHL (2006), a mudança ocorre em três etapas: i) aprende-se a forma alternativa; ii) as duas formas existem em contato dentro da competência linguística do falante; e iii) uma das formas se torna obsoleta. Além disso, destacam que a transferência linguística, ou seja, a eleição preferencial de uma forma em relação à outra, costuma acontecer entre grupos de pares de faixas etárias levemente diferentes, dessa forma, indicam a influência de indivíduos que pertençam a uma faixa etária próxima a sua.

possíveis entre os dois aspectos. Há algum tempo comentava um linguista que não existem duas línguas o suficientemente parecidas para que se possa considerar que representam a mesma realidade social”. (ROMAINE 1996, p. 41, tradução nossa).

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O terceiro problema é o do encaixamento, que é a maneira como a mudança se encaixa no sistema linguístico e pode se classificar como encaixamento na estrutura linguística na qual WHL(2006) defendem que não se deve prender-se ao idioleto se há o intento de averiguar as mudanças dentro do sistema de uma língua, pois, para os autores, existem nesse processo de mudança formas linguísticas concorrentes, algumas vezes ainda discretas, que vão evoluindo para uma mudança gradual, num processo de desencadeamento de mudanças de áreas da gramática para outra, por exemplo.

Já sobre o encaixamento na estrutura social, fala-se que a estrutura linguística está encaixada na estrutura social, ou seja, “as variações sociais e geográficas são elementos intrínsecos da estrutura” (WHL, 2006, p. 123). Dessa maneira, há a relação entre a estrutura linguística e a comunidade de fala que possui diversas características socioculturais que fazem parte da estrutura social. Além disso, aponta-se também que a mudança não ocorre subitamente, começa em um determinado estrato e vai se disseminando para os demais indivíduos da comunidade de fala.

O quarto problema é o da avaliação e nele se põe em xeque a aceitação dos membros de uma comunidade sobre uma determinada mudança. Trata-se, assim, de uma avaliação subjetiva, já que tem relação com a consciência social da comunidade de fala.

E o quinto problema é da implementação que trata da consolidação de um traço estrutural, e para que isso ocorra há estímulos tanto internos, ou seja da própria estrutura da língua, quanto externos, isto é, dos membros da comunidade. Assim, segundo Sturtevant (1947 apud WHL, 2006), um subgrupo se apropria e difunde uma variante quando se deixa de fazer algum tipo de julgamento ou estereotipá-lo, quando há um alto grau de regularidade e já não há formas concorrentes.

Para a realização de uma pesquisa variacionista, é indispensável o conhecimento sobre conceitos-chave dessa área, e alguns deles são os conceitos de variedade, variante e variável. Nessa perspectiva, Tagliamonte (2006) enfatiza que a variável linguística ou dependente é o objeto da Sociolinguística Variacionista, é o fenômeno variável a se investigar. Além disso, aponta as variáveis independentes, que são os grupos de fatores linguísticos e sociais que condicionam a utilização de uma das formas variantes em detrimento de outras, e são elementos controlados quantitativamente.

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CAPÍTULO 2- O VERBO HABER SEGUNDO A GRAMÁTICA

A língua sofre constantemente transformações, e por tratar-se de um fenômeno vivo, ela não permanece estática por muito tempo, sofrendo influências de diversas naturezas na forma como as pessoas a utilizam. Devido ao caráter dinâmico da língua, consideramos relevante estudar a utilização não padrão do verbo “haber” na língua espanhola, que, apesar de suas gramáticas tradicionais abordarem tão enfaticamente o uso “correto” dessa estrutura linguística, encontra-se cada vez mais disseminada entre os falantes de espanhol. Dessa forma, pretendemos provocar uma reflexão quanto à variabilidade das línguas e verificar os fatores que estão condicionando essa variação.

As gramáticas normativas do espanhol expressam claramente seu posicionamento quanto às normas de uso do verbo haber. Segundo a Real Academia Española – doravante RAE –: Diccionario Panhispánico de Dudas (2005), a utilização do verbo haber pode funcionar como: verbo auxiliar (he conocido, había conocido), verbo impessoal (hay mujeres, hubo mujeres) e verbo pessoal (los hijos habidos), que se trata de um uso arcaico e substituído nos dias atuais pelo verbo tener.

Para compreender a atual conjuntura do haber nas gramáticas e também no seu uso coloquial, é interessante conhecer a origem desse verbo, pois em algumas situações, a origem, os tipos de uso das formas no passado podem ajudar a refletir sobre a utilização atual, ou seja, da sua evolução semântica até o estado atual como verbo impessoal e auxiliar. Dessa forma, faremos um breve apanhado histórico do haber, a fim de contextualizar sua origem e o reflexo que pode ter na aplicação atual.

Dessa maneira, Zamora Elizondo (1948) se propõe a investigar justamente essa mudança semântica ocorrida com o verbo, visto que, haber equivalia ao significado de tener, porém nos dias atuais esse sentido é considerado arcaico e de uso escasso. O autor aponta que a impessoalidade do verbo começa a surgir no Poema del Cid no século XIII, como no seguinte exemplo: Tales i a que prenden, — tales i a que non,

Porém, é com Gonzalo de Berceo que se encontra um uso abundante dessa função do haber, Zamora Elizondo (1948) destaca que o haber impessoal quase aparece nos Milagres de Nossa Senhora e que nas narrações com había uma vez já tinha se tornado lei. Exemplos: 2) Avie hi grand abondo de buenas arboledas (Milagros de Nuestra Señora. Introducción). […] Quando vino la ora de maitines cantar non avia sacristano que podiesse sonar (El sacristán impúdico).

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Dessa maneira, inicia-se um uso mais corrente do haber no sentido impessoal, entretanto, como toda mudança linguística, não ocorreu de forma brusca, ainda nesse momento histórico usava-se o haber com sentido de ter e o ser ocupava essa posição de expressar o sentido de existir. A relação entre a evolução do haber e os dois poemas é interessante para o estudo da impessoalidade, visto que, em ambos há os mesmos significados para o verbo, ou seja, o sentido de tener, a “substituição” do ser para sentido de existir e as mesmas características fonéticas; entretanto, há a grande diferença numérica quanto à impessoalidade, o que aponta Zamora Elizondo (1948) como sendo um indicativo de uma hipótese para compreender esse fenômeno. Ela afirma que a impessoalidade pode ter surgido do uso mais erudito do que popular, e isso explicaria o porquê de o poema de Berceo, Mester de Clerecía, apresentar mais ocorrências do que o Poema del Cid, que é anônimo.

Sobre o sentido existencial do haber, Zamora Elizondo (1948, p.583)9 complementa:

[…] el verbo habeo tuvo la acepción de morar, habitar, es decir permanecer en un sitio, si bien antes de la época clásica; y agregan que en buena prosa se usaba habito, su derivado, con la referida acepción. Hay, pues, desde la época preclásica latina una tendencia a significar con este verbo la circunstancia de existir o permanecer en un lugar.

A partir dessa citação, podemos observar que o sentido de existir aplicado ao haber advém de uma história de evolução da língua, os sentidos semânticos foram se perdendo e se modificando, ou seja, em constante movimento desde épocas muito antigas, comprovando, mais uma vez, a capacidade de adaptação e mutabilidade das línguas.

2.1 OS USOS DO VERBO HABER

Sobre os usos do verbo haber, a RAE (2010) elenca os seguintes: a) se usa nos tempos compostos, b) nas perífrases de necessidade ou de obrigação «haber de + infinitivo» y «haber que + infinitivo», e c) como verbo “terciopersonal” nas construções impessoais, nas quais somente se usa ha, a terceira pessoa do presente do indicativo, em fórmulas fixas, pois hay é a

9 “[...] o verbo habeo teve o sentido de morar, habitar, ou seja, permanecer em um local, ainda que antes da época clássica; e agregaram que em uma boa prosa se usava habito, seu derivado, com o referido significado. Há, pois, desde a época pré-clássica latina uma tendência a significar com esse verbo a circunstância de existir ou permanecer em um lugar. (ZAMORA ELIZONDO, 1948, p. 583, tradução nossa).

(30)

forma mais usual atualmente. Sobre essa última, a RAE (2010, p. 66)10 discorre sobre a formação do hay:

La semivocal final de la forma hay se considera una variante enclítica del adverbio demostrativo y (‘allí’), que se ha vinculado con la de las formas

doy, estoy, soy y voy. En el presente de indicativo aparecen variantes

contractas en las formas del singular (he, has, ha), pero alternan la variante regular y la irregular en la 1.ª y la 2.ª personas del plural: hemos ~ habemos;

heis ~ habéis. La variante regular habemos se usa en la lengua

conversacional de muchos países hispanohablantes, a veces incluso entre personas cultas, pero no ha pasado a los registros formales: – ¿Cuántos

mexicanos habemos aquí?

Podemos observar que já há tendência de concordar o verbo mesmo ele devendo, normativamente, se apresentar no singular, ou seja, em: ¿Cuántos mexicanos habemos aquí? existe a personificação do complemento do verbo, podendo haver o entendimento do objeto direto como sujeito, para assim então, poder pluralizar o haber. Dessa forma, a própria gramática reconhece que há esse uso, ainda que não seja o defendido por ela.

Como citado anteriormente, o verbo haber possui algumas funções dentro da língua, uma delas é sua função como verbo auxiliar, ou seja, pertencente aos tempos compostos, nesse sentido, Gili Gaya (1980) afirmam que a formação dos tempos compostos em línguas romances, como o espanhol, vem da influência do latim vulgar que possuía essa prática utilizando, unido ao particípio, como auxiliares o habere e esse.

A segunda função apontada pela RAE (2010) são as perífrases, que é a formação: «haber de + infinitivo» e «haber que + infinitivo» e trazem esse sentido de obrigatoriedade. Segundo Gili Gaya (1980, p. 111), essa função já está presente desde muito tempos nas gramáticas, e pode ser chamada de conjugação perifrástica ou de obrigação. Alguns exemplos: haber de +infinitivo: He de premiar tu buena acción; Haber que +infinitivo: Hay que tener cuidado; Tener de +infinitivo: Tengo de decir la verdad; Tener que + infinitivo: Tengo que llegar a las nueve.

O verbo impessoal é a terceira e última função apontada pela RAE (2010) e sobre ela faremos um tópico específico, a fim de oferecer uma visão mais ampla, já que se trata da

10 “A semivogal final da forma hay se considera uma variante enclítica do adverbio demonstrativo y (allí), que se vinculou com a das formas doy, estoy, soy e voy. No presente do indicativo aparecem variantes que sofreram contração nas formas do singular (he, has, há), mas alternam a variante regular e a irregular na 1ª e na 2ª pessoas do plural: hemos ~habemos; heis~habéos. A variante regular habemos se usa na língua conversacional de muitos países falantes de espanhol as vezes inclusive, entre pessoas cultas, porém não passou aos registros formais.

(31)

função de nosso maior interesse no momento. Abaixo, elencaremos alguns exemplos retirados no nosso corpus, a fim de familiarizar o leitor com o verbo e as variantes em questão:

Conjugação na variante canônica:

(1) bueno ahora con las posibilidades que hay de las huevadas que dan /

de que se ganó el subsidio toda la huevada demás que tendría casa

(PRESEEA_SCHI_M21_019)

(2) ehh / emm / ahora como que / ha / es / ese bum de los / de las universidades / que / las becas y toda la cuestión / ahora hay hartos / hay

más que antes / universitarios / (PRESEEA_SCHI_H11_001)

(3) ¡ah sí! o sea cla es cosa de salir a caminar a Gran Avenida no más y

usted donde mire hay edificios nuevos donde mire / hay hay edificios pero algunos lindos / (PRESEEA _SCHI_M32_067)

Conjugação na variante pluralizada:

(4) si / hay mucha diferencia / porque an / los jóvenes de ahora son atrevidos / son los pokemones / los pelolais / los zorralais / cuanta huevada / antes no / habían huevones pero / les gustaba fumar marihuana

(PRESEEA _SCHI_M21_019)

(5) te muestran los monitos que habían antes (PRESEEA

_SCHI_H11_001)

(6) porque a lo mejor está bien // que que el país progrese que se hayan cosas bonitas pero si hicieron eso de de quitarles la locomoción / (PRESEEA _SCHI_M32_067)

Nos exemplos acima podemos observar que um mesmo informante, em uma mesma situação comunicativa, utiliza as duas variantes, porém em tempos verbais e em posições do sintagma distintas. Essa escolha será explorada mais adiante no capitulo 4, onde quantificaremos essas ocorrências e buscaremos compreender quais situações linguísticas e extralinguísticas influenciam o uso de uma variante em detrimento da outra. A seguir, nos deteremos no verbo em sua forma impessoal segundo às gramaticas normativas.

(32)

2.2 VERBO HABER IMPESSOAL

Segundo A RAE: Diccionario Panhispánico de Dudas (2005)11 a utilização do verbo “haber” pode funcionar como: verbo pessoal, verbo auxiliar e verbo impessoal. Quanto a essa última função se impõe a seguinte observação:

[…] el otro uso fundamental de haber es denotar la presencia o existencia de lo designado por el sustantivo que lo acompaña y que va normalmente pospuesto al verbo: Hay alguien esperándote; Había un taxi en la puerta; Mañana no habrá función; Hubo un serio problema. Como se ve en el primer ejemplo, en este uso, la tercera persona del singular del presente de indicativo adopta la forma especial hay. […] esta construcción carece de sujeto; es, por tanto, impersonal y, en consecuencia, el sustantivo pospuesto desempeña la función de complemento directo […] lo más apropiado es que el verbo permanezca en singular, y así sucede en el uso culto mayoritario, especialmente en la lengua escrita, tanto en España como en América.

Nesse contexto, podemos observar que, semelhante ao apresentado pela Real Academia Española (2010), ao tratar das construções com o verbo haber traz apenas como uso possível o verbo no singular, o conceito apresentado acima aponta categoricamente o verbo na terceira pessoa do singular como a forma considerada correta de empregar o verbo haber no sentido existencial, desconsiderando o uso real pelos falantes da língua que, como vimos anteriormente, interpretam muitas vezes como sujeito o substantivo posposto ao verbo e sendo um dos motivos para utilizá-lo no plural. A seguir alguns exemplos da utilização no plural do haber impessoal:

(7) Habían muchos chicos enfermos en el hospital.

(8) Hubieron unos chismes que María estaba embarazada. (9) Habían cosas en mi bolso que no me acordaba.

(10) Han habido varios crimines en mi barrio.

(11) Habrán nuevos libros en la biblioteca de la escuela. (12) Habían personas muy desagradables en la oficina.

11 “o outro uso fundamental de haber é denotar a presença ou existência do designado pelo substantivo que o acompanha e que vai normalmente posposto ao verbo: Hay alguien esperándote; Había un taxi en la puerta;

Mañana no habrá función; Hubo un serio problema. Como se vê no primeiro exemplo, neste uso, a terceira

pessoa do singular do presente de indicativo adota a forma especial hay. [...] essa construção carece de sujeito; é, portanto, impessoal e, em consequência, o substantivo posposto desempenha função de complemento direto. [...] o mais apropriado é que o verbo permaneça no singular, e assim acontece no uso culto majoritário, especialmente na língua escrita, tanto na Espanha quanto na América. […]”.(RAE: Diccionario Panhispánico de

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