• Nenhum resultado encontrado

Relatório detalhado sobre atividade profissional desenvolvida

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relatório detalhado sobre atividade profissional desenvolvida"

Copied!
109
0
0

Texto

(1)

Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

RELATÓRIO DETALHADO SOBRE ATIVIDADE

PROFISSIONAL DESENVOLVIDA

Hugo Miguel Cardoso Teixeira

Ágata Cristina Marques Aranha

(2)

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

RELATÓRIO DETALHADO SOBRE ATIVIDADE

PROFISSIONAL DESENVOLVIDA

Hugo Miguel Cardoso Teixeira

Ágata Cristina Marques Aranha

(3)

Este relatório constitui uma descrição detalhada sobre atividade profissional desenvolvida respeitando o disposto na alínea b) do nº 1 do artigo 20º do Decreto-Lei nº 74/2006, de 24 de março e a alínea a) do nº 1 do artigo 45º do Decreto-Lei nº.115/2013 de 7 de agosto, sob a orientação da Professora Doutora Ágata Cristina Marques Aranha

(4)

Agradecimentos

A vida é uma roda viva, que nos dá e nos tira. Sempre ambicionei chegar a este momento, mas por várias razões fui desviando-me do meu foco, dos meus sonhos e dos meus objetivos. Em todos esses momentos menos bons e nos melhores da minha realização pessoal sempre estiveram as pessoas mais importantes da minha vida, que sempre acreditaram em mim.

Certamente, através das palavras não se conseguem exprimir a importância e significado da ajuda prestada por cada um, para eles quero deixar o meu profundo e sincero agradecimento.

- À professora Doutora Ágata Aranha, pela disponibilidade, humanidade, sinceridade, frontalidade e profissionalismo em todos os conselhos que me deu ao longo da orientação deste trabalho.

- À mulher da minha vida Susana Gonçalves e aos meus filhos Vicente Teixeira e o Lourenço Teixeira (que deve nascer após finalizar este capítulo académico) por sempre olhar para mim como orgulho, mas principalmente por me apoiarem nesta importante etapa da minha vida, eles sabem o que isto representa para mim. É por mim que estou a realizar um dos meus sonhos e objetivos, mas por eles que fiz enormes sacríficos, para poder dar à minha família, novas oportunidades e uma vida melhor, sem deixar de fazer o que amo, ensinar.

- Aos meus pais que são os pilares da minha vida, todos os sacrifícios que fizeram por mim para poder ter uma vida melhor, todo o amor e carinho que fazem de mim hoje um ser humano muito melhor. Todos os valores que me incutiram, mas principalmente nunca desistir dos meus sonhos e objetivos, porque antes de eu acreditar, eles sempre acreditaram em mim.

- Ao meu irmão, companheiro de uma vida, sempre presente no meu crescimento e nas minhas vivências desportivas, todos as brincadeiras em casa e na rua, era o meu leal amigo.

- Ao meu amigo Bruno Guedes, o grande responsável pela inscrição neste mestrado. A partilha desta oportunidade, as conversas de apoio e incentivo, mas principalmente a sua honestidade e sinceridade em cada palavra.

- Ao meu amigo Tiago Silva, um verdadeiro exemplo de vida, por todas adversidades que passou, lutou e triunfou, e que em todos esses momentos sempre tinha uma palavra de conforto, de incentivo e de exemplo.

(5)

- À minha amiga Alexandra Pereira, que conheci nas escolas, e que partilha esta mesma paixão do ensino, que sempre me valorizou e reconheceu competências, e incentivou ano após ano a fazer o mestrado.

- À minha avó, por todos os valores, simplicidade e amor que me deu, hoje não estás fisicamente presente, mas esteja onde eu estiver eu sei que estás comigo.

(6)

Resumo

Este relatório foi elaborado com vista à obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário. Através deste, tentou demonstrar todo o seu percurso profissional, constitui-se como uma reflexão crítica e reflexiva da atividade profissional, em que o procedimento da análise da prática relaciona-se sempre com o contexto comunitário, escolar, disciplinar e académico. Facultando informações importantes das práticas exercidas, os seus contextos, as metodologias e estratégias seguidas e adotadas. Neste trabalho, procurou não se limitar à reprodução de vivências relativas à prática profissional, tendo optado por salientar também aspetos importantes da pedagogia e metodologia do ensino da Educação Física, futebol e natação e da sua didática.

O presente relatório está organizado em dois capítulos: Revisão bibliográfica, onde foi feito um enquadramento do ensino em Portugal e onde foram expostos aspetos de natureza concetual a ter em conta na atividade profissional do professor de Educação Física, contexto legal, contexto institucional e do contexto de natureza funcional; a caraterização do futebol, do treino desportivo, o papel do treinador de formação e as caraterísticas de excelência do mesmo; caraterização da natação, o papel do professor de natação e caraterização da escola municipal de natação de Vila Nova de Gaia.

E a experiência profissional, capítulo onde foram expostos as práticas desenvolvidas como professor e os seus contextos, as conceções do professor, planeamento, atividades desenvolvidas, dificuldades, estratégias e controlo do trabalho desenvolvido onde é realizada uma síntese reflexiva sobre as temáticas abordadas.

No final, pretende que este documento sirva de referência para uma melhoria da prática profissional, evidenciando os aspetos positivos e aqueles a melhorar ou corrigir em cada uma das dimensões supracitadas.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO; PROFESSOR; ATIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR; ATIVIDADE FÍSICA E DESPORTIVA; FUTEBOL; FORMAÇÃO; TREINADOR; NATAÇÃO; REFLEXÃO.

(7)

ABSTRACT

This report was prepared with the purpose of obtaining a Master's Degree in Teaching Physical Education in Primary and Secondary Education. Through this, he tried to demonstrate all his professional career, being a critical and reflexive reflection of the professional occupation, in which the procedure of analysis of practice is always related to the community, school, disciplinary and academic context. Providing valuable information on the practices experienced, their contexts, the methodologies and strategies followed and adopted. In this work, he tried not to limit himself to the replica of experiences related to the professional practice, but also emphasized important aspects of pedagogy and methodology of physical education teaching, soccer and swimming and his didactics.

This report is organized in two chapters: Bibliographical review, where a framework of teaching was done in Portugal and where he has aspects of a conceptual nature to be taken into account in the professional activity of the Physical Education teacher, legal context, institutional context and context functional in nature; the characterization of football, sports training, the role of the training coach and his characteristics of excellence ; characterization of swimming, the role of the swimming teacher and characterization of the municipal school of swimming of Vila Nova de Gaia.

And the professional experience, chapter where the practices developed as teacher and their contexts were shown, teacher conceptions, planning, activities developed, difficulties, strategies and control of the work developed where a reflexive synthesis is performed on the topics addressed.

In the end, he intends that this document serves as a reference for the improvement of the professional practice, showing the positive aspects and those to be improved or corrected in each one of the above-mentioned dimensions.

KEY WORDS: EDUCATION; TEACHER; CURRICULAR ENRICHMENT ACTIVITIES; PHYSICAL AND SPORT ACTIVITY; FOOTBALL; TRAINING; COACH; SWIMMING; REFLECTION.

(8)

Índice Geral AGRADECIMENTOS III RESUMO V ABSTRACT VI ÍNDICE DE FIGURAS X ÍNDICE DE QUADROS XI INTRODUÇÃO 1

CAPÍTULO I – REVISÃO DA LITERATURA 2

1. ATIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR 2

1.1. ATIVIDADE FÍSICA NO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO 2

1.2. A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA NÃO ESTRUTURADA: BRINCAR NA INFÂNCIA 2

1.3. ATIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR – CONCEITO E LEGISLAÇÃO 5

1.4. A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA E ATIVIDADE FÍSICA E DESPORTIVA NO 1º CICLO 6

1.5. PROGRAMA E ORGANIZAÇÃO CURRICULAR DA ATIVIDADE FÍSICA E DESPORTIVA NO 1º CICLO 8

2. CARACTERIZAÇÃO DA MODALIDADE FUTEBOL 11

2.1. O TREINO DESPORTIVO 12

2.2. O PAPEL DO TREINADOR DE FORMAÇÃO 13

2.3. CARACTERÍSTICAS DE EXCELÊNCIA DO TREINADOR DE FORMAÇÃO 15

(9)

3.1. O PAPEL DO PROFESSOR DE NATAÇÃO 19

3.2. CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA MUNICIPAL DE NATAÇÃO DE VILA NOVA DE GAIA 22

CAPÍTULO II – PRÁTICA PROFISSIONAL 26

1. PERCURSO PESSOAL E ACADÉMICO 26

2.ATIVIDADES DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR 28

2.1. PERCURSO PROFISSIONAL NOS ÚLTIMOS 5 ANOS 28

2.1.1. Ano letivo 2012/2013 28

2.1.2. Ano letivo 2013/2014 29

2.1.3. Ano letivo 2014/2015 31

2.1.4. Ano letivo 2015/2016 33

2.1.5. Ano letivo 2016/2017 38

2.2. PREPARAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO ANO LETIVO 41

3. FUTEBOL 44

3.1.PERCURSO PROFISSIONAL 44

3.2. PERCURSO PROFISSIONAL NOS ÚLTIMOS 5 ANOS 44

3.2.1. Ano 2012 44

3.2.2. Época 2015/2016 46

4. NATAÇÃO 48

4.1. PERCURSO PROFISSIONAL 48

4.2. PERCURSO PROFISSIONAL NOS ÚLTIMOS 5 ANOS 48

(10)

4.2.2. Ano Letivo 2016/2017 54

CONCLUSÃO 56

REFERÊNCIAS 60

ANEXOS 66

ANEXO 1:PLANO ANUAL/TRIMESTRAL DE ATIVIDADE FÍSICA E DESPORTIVA 67

ANEXO 2:“JORNADA DAS PORTAS ABERTAS” 74

ANEXO 3:PROPOSTA DE ATIVIDADE COMEMORAÇÃO DIA DO AMIGO E.B.1 DO CEDRO 75

ANEXO 4:PROPOSTA DE ATIVIDADE CORTA-MATO ESCOLAR 76

ANEXO 5:CARTAZ CORTA-MATO ESCOLAR E.B.1 DO CEDRO 77

ANEXO 6:CARTAZ SÍNTESE ATIVIDADE CORTA-MATO ESCOLAR E.B.1 DO CEDRO 78

ANEXO 7:PROPOSTA DE ATIVIDADE COMEMORAÇÃO DIA DO AMIGO E.B.1 DO OUTEIRO 79

ANEXO 8:ENCONTRO DE ATLETISMO E.B.1 DO OUTEIRO 80

ANEXO 9:DOCUMENTO OFICIAL DE APRESENTAÇÃO DO PROJETO MCBA 84

ANEXO 10:TREINADOR DO MÊS PROJETO MCBA 91

ANEXO 11:DOCUMENTO OFICIAL DE APRESENTAÇÃO DO PROJETO DRIVE CHALLENGE 92

(11)

Índice de Figuras

FIGURA 1 -ESCOLA MUNICIPAL DE NATAÇÃO VILA NOVA DE GAIA 22

FIGURA 2 – RAPTORS 1 33

FIGURA 3 - RAPTORS 2 33

FIGURA 4 - TREINADOR DO MÊS DE FEVEREIRO 2016 34

FIGURA 5 - SELECIONADOR ALL STAR GAMES 35

FIGURA 6 - FORMAÇÃO "O GOLFE NA ESCOLA: UM NOVO DESAFIO - NÍVEL I 36

FIGURA 7 - DRIVE CHALLENGE - TORNEIO ESCOLAR 37

FIGURA 8 - PANDAS 39

FIGURA 9 - TORNEIO MCDONALD'S 2012 - ESCÓCIA 45

FIGURA 10 - 1º CLASSIFICADO SUB 6 - V TORNEIO ADS CUP 47

FIGURA 11- PISCINA MUNICIPAL AURORA CUNHA 50

FIGURA 12 - PISCINA MUNICIPAL DO MARAVEDI 52

FIGURA 13 - PISCINA MUNICIPAL DE VILA D'ESTE 53

(12)

Índice de Quadros

Quadro 1 – Plano pedagógico escola municipal de natação vila nova de gaia 23 Quadro 2 – Conteúdos gerais escola municipal de natação vila nova de gaia 24

(13)

Introdução

O presente trabalho elaborado no âmbito do Mestrado de 2º ciclo em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário, será apresentado de uma forma sumária, um relatório sobre atividade profissional desenvolvida nos últimos cinco anos em diferentes áreas do desporto e do ensino.

Durante o percurso profissional existiu a possibilidade de abraçar diferentes projetos em várias modalidades. Contudo, em todas elas, o confronto com diferentes contextos e realidades, foi uma constante, que obrigou a rever estratégias e metodologias a adotar. Ao longo do relatório propôs descrever as principais dificuldades encontradas bem como as soluções adotadas no sentido de melhorar a conduta profissional e sobretudo o impacto no aluno/atleta, tendo em vista o seu sucesso no percurso social e desportivo de cada um.

Sendo o professor um transmissor de saberes, foi através de um conjunto alargado de valores e princípios que deverão ser assimilados e vivenciados na prática desportiva que o professor pautou o seu percurso profissional. Trata-se de um conjunto de valores que têm a função de imprimir um sentido positivo à atividade desportiva e que, sem os quais, esta perde a sua finalidade primordial: contribuir para o desenvolvimento harmonioso e universal da pessoa humana.

Este relatório é apresentado num único volume, sendo dividido em dois capítulos principais, dos quais fazem parte o Capítulo I relativo ao trabalho de investigação e sustentação teórica, e o Capítulo II referente à experiência profissional enquanto Professor das Atividades de Enriquecimento Curricular, Professor de Natação e Treinador de Futebol.

Toda a sua prática profissional foi desenvolvida no Município onde sempre residiu, o Município de Vila Nova de Gaia.

O trabalho finaliza com uma conclusão onde é feita uma reflexão sintética ao presente documento sobre os aspetos que o autor considera mais relevantes.

(14)

Capítulo I – Revisão da literatura

1. Atividades de Enriquecimento Curricular

1.1. Atividade Física no 1º ciclo do Ensino Básico

De acordo com a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) (2016), a atividade física resume-se a qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos e em que exista gasto de energia com as atividades realizadas, sejam elas no decorrer do trabalho, a brincar, na execução de qualquer prática do dia-a-dia e na prática de atividades de carater recreativo.

No entanto, o termo “atividade física”, não deverá confundir-se com “exercício”, sendo que este é considerado uma categoria da atividade física, que deverá ser planeado, estimulado, repetitivo, visando melhorar ou manter, um ou mais componentes da aptidão física.

Ainda de acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (2006), a atividade física pretende melhorar as funções cardiorrespiratórias, musculares, ósseas, cardiovascular e metabólica, traduzindo-se na redução de sintomas de ansiedade e depressão. Desta forma, crianças e jovens deverão acumular diariamente cerca de 60 minutos de atividade física. A maioria da atividade física deverá ser aeróbia e se possível realizada 3 vezes por semana com intensidade vigorosa para reforçar músculos e ossos, traduzindo benefícios adicionais à saúde.

As diretrizes da Organização Mundial de Saúde têm vindo a ser implementada no 1º ciclo, através da componente de expressão físico motora, parte integrante do programa, e mais tarde com a introdução das Atividades de Enriquecimento Curricular na Atividade Física e Desportiva.

1.2. A importância da Atividade Física não estruturada: Brincar na Infância

A infância é um período que se caracteriza pela aquisição de aprendizagens, mas com poucas no que diz respeito a atitudes e interação social (Pereira & Neto, 1997). Ser criança atualmente, parece não ser fácil, analisando a conjetura de pais com uma atividade profissional exigente, menor número de irmãos e esporádico convívio com avós, as crianças

(15)

vêem-se empurrados para diferentes cenários lúdicos (Condessa & Fialho, 2010). Neste sentido, as crianças são autores e atores da sua invenção, imaginação, criatividade, significação, intuição, fruição, símbolo, experiência, pré-reflexão (Silveira & Cunha, 2014).

Segundo Neto (2001), o brincar é uma das formas mais comuns de comportamento durante a infância e constitui nas sociedades modernas uma parte importante na vida das crianças (Neto, 2000).

Gallahue e Ozmun (2005), referem que a brincadeira, facilita o crescimento cognitivo e afetivo da criança. Para Silveira e Cunha (2014) brincar é o modo primário pelo qual as crianças aprendem sobre os seus corpos e potencialidades de movimento, e também como conhecem o mundo que as rodeia. E é sem sombra de dúvida essencial a nível educativo (Barbosa, 2001).

A brincadeira é uma prática fundamental para o desenvolvimento da criança (Pereira & Neto, 1997), onde estabelecem a comunicação e alimentam os seus primeiros vínculos (Silveira & Cunha, 2014) e quanto mais nova é a criança mais esta ideia deve estar presente, sendo que a sua prática deve ser mais diversificada e menos especializada (Graça, 2000).

Tal como “a brincadeira é uma imaginação que só a criança, com toda a sua liberdade e pureza, é capaz de vivê-la na sua essência” (Silveira & Cunha, 2014) também, permite à criança tomar consciência de si e do outro, aprender a agir, a interagir e a comunicar em sociedade (Condessa & Fialho, 2010). Contudo, o brincar é também essencial para a criança ganhar confiança e autonomia, por isso, deve vivenciar atividades livres, que desenvolvam o de-conta, o jogo com amigos relacionados com atividade física. Sendo que, o jogo do faz-de-conta leva a criança a um mundo imaginário e dá-lhe uma sensação de força e poder, que por vezes é usado para exprimir as suas frustrações, apelos, dor e alegrias (Silveira & Cunha, 2014).

Ao refletirmos acerca da brincadeira infantil, reparamos que esta é condicionada por constantes transformações do mundo moderno, há um consumo exagerado de brinquedos eletrónicos que acaba por dar às crianças um estilo de vida mais sedentário e mais individual (Silveira, 2001). Contudo, os jogos industrializados também levam as crianças a adquirir algumas competências (Silveira & Cunha, 2014). Os mesmos autores, afirmam que “os jogos eletrónicos tornam a criança passiva, exercendo sobre ela um grande poder de manipulação e domínio, sem falar do caráter viciante a que a submete, que acaba por prejudicar a saúde e o seu desenvolvimento”. Em contrapartida os jogos e brincadeiras tradicionais envolvem ativamente a criança, e são indispensáveis para o desenvolvimento infantil pois permitem que

(16)

a criança observe, crie, experimente e se relacione com as pessoas e com o meio ambiente. Além de estabelecer um elo entre a criança e a cultura, também aproxima gerações (Silveira & Cunha, 2014). Atualmente as crianças estão sujeitas a longos períodos escolares, horários rígidos, dentro e fora da escola, limitando a sua capacidade para as brincadeiras espontâneas, por isso é que as brincadeiras variam ao longo dos anos com aquisição de novas competências motoras, sociais e intelectuais (Pereira & Neto, 1999). Estes autores (1997), referem ainda que é nos recreios escolares, que as crianças procuram a sua satisfação pessoal. A ideia é definida por variados autores, Pires & Serrano (2001) afirmam que é no recreio que as crianças podem estar com os seus amigos e fazer o que mais gostam. Neto (2001) defende que é também nos recreios que as crianças realizam as suas atividades lúdicas, jogando de forma livre, o que lhes proporciona aprendizagens e um desenvolvimento gradual das habilidades motoras.

Para Silveira e Cunha (2014), “o contexto social é o grande veículo de transmissão cultural do brincar, em particular, nas brincadeiras de rua, cujo principal elemento transmissor é a interação em grupo”. O brincar na rua é em muitas cidades do mundo, uma espécie em vias de extinção (Neto, 2001), contudo, “os parques infantis são espaços comunitários acessíveis a todos, podendo contribuir para que a criança crie hábitos de vida ativos, ao ar livre, com reflexos sobre a saúde” (Pereira, 2006).

Contudo, existem alguns aspetos de mudança, nomeadamente na rua, na atividade física, na autonomia e nos espaços de recreio, tendo as crianças menos tempo e espaços para jogos e atividades lúdicas espontâneas (Pereira, 2006).

Nas atividades desportivas informais, a espontaneidade é um critério fundamental, porque não há regras estabelecidas nem regulamentos oficiais (Mota & Sallis, 2001).

Segundo os autores Pomar e Neto (2000) e Condessa e Pereira (2013), os rapazes jogam em espaços maiores, enquanto as raparigas jogam em espaços mais pequenos, porque os jogos dos rapazes tendem a ser mais competitivos, agressivos e coletivos, já o das raparigas tendem a ser cooperativos com movimentos finos e mais controlados, predominando a comunicação verbal.

Assim, um dos grandes problemas a ser enfrentado no futuro é a redução do tempo e dos espaços destinados à brincadeira das crianças, sendo preciso buscar alternativas para o comportamento infantil no que diz respeito às atividades livres e de movimento, visto que estamos num mundo de transformação acelerada pela industrialização, novas tecnologias e urbanização (Silveira & Cunha, 2014).

(17)

Na sua génese “brincar é arriscar, é experimentar o novo, é aventurar-se, é exprimir as emoções, é assumir a infância na sua íntegra” (Silveira & Cunha, 2014)

1.3. Atividades de Enriquecimento Curricular – Conceito e Legislação

As Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) encontram-se atualmente implementadas e em pleno funcionamento em todas as Escolas Básicas do 1º ciclo do país, oferecendo um conjunto de aprendizagens enriquecedoras do currículo simultaneamente com articulação de respostas sociais no domínio de apoio às famílias e organização e funcionamento da escola.

O despacho n.º 16795/2005 aprovou o regime de funcionamento dos estabelecimentos de educação pré-escolar e do 1º Ciclo do Ensino Básico, e tece considerações sobre a importância do desenvolvimento das Atividades de Enriquecimento Curricular. Mas só com o despacho n.º 12591/2006 é enfatizada a expressão Enriquecimento Curricular e é considerada a urgência de adaptar o tempo de permanência das crianças nas escolas às necessidades das famílias, bem como garantir que esses tempos sejam pedagogicamente ricos, assumindo-se claramente a implementação do conceito de Escola a Tempo Inteiro.

A regulamentação das Atividades Enriquecimento Curricular surgiu com a aplicação do Despacho n.º 14460/2008 de 26 de maio, sofrendo algumas alterações com o Despacho n.º 8683/2011 de 28 de junho. Este despacho veio consolidar o conceito de Escola a Tempo Inteiro, demarcado pela oferta de um conjunto de aprendizagens enriquecedoras ao currículo, simultaneamente promovendo articulação entre o funcionamento da escola e a organização de respostas sociais no domínio de apoio às famílias.

Além do carácter gratuito, é atribuído às Atividades de Enriquecimento Curricular um carácter facultativo, onde os Encarregados de Educação têm a possibilidade de optar se o seu educando frequenta ou não as atividades, bem como escolher quais as que pretende que o educando frequente.

As Atividades de Enriquecimento Curricular são selecionadas e planificadas pelos agrupamentos de escola de acordo com os objetivos definidos no Projeto Educativo e devem constar no Plano Anual de Atividades, possibilitando deste modo, a articulação curricular horizontal e vertical entre as disciplinas e consequentemente entre professores.

Assim, são consideradas Atividades de Enriquecimento Curricular: Atividades de Apoio ao Estudo; Ensino do Inglês; Ensino de outras línguas estrangeiras; Atividade Física e

(18)

Desportiva; Ensino da Música; Outras expressões artísticas; outras atividades que incidam nos domínios identificados.

Cabe às autarquias, associações de pais e instituições de solidariedade social (IPSS) ou agrupamentos trabalhar em conjunto para garantir o funcionamento das Atividades de Enriquecimento Curricular de acordo com as necessidades detetadas da comunidade escolar. Mas é da responsabilidade do Estado Português financiá-las, tendo como principal objetivo complementar a formação dos alunos do 1º ciclo do Ensino Básico e ir ao encontro das necessidades das famílias relativamente ao tempo de permanência das crianças nas escolas.

Tendo em conta os princípios orientadores definidos pelo Despacho que regulamenta este programa, é possível supor que estamos perante a aplicação de um modelo no qual serão tidos em conta o papel do aluno, as suas necessidades e os seus níveis de desenvolvimento, tal como a forma como são apresentadas as aprendizagens a realizar (Bento, Coelho, Joseph & Mourão, 2005). Tratar-se-á de um modelo cujo objetivo principal se destina ao desenvolvimento global do aluno (Dias & Toste, 2005), conferindo-lhe algum protagonismo e centrando as atividades em “temas do dia-a-dia das crianças”

De uma forma sumária, este resume-se a duas linhas orientadoras, as quais se propõem dar uma resposta atual e adequada. Por um lado, o cariz marcadamente social do programa que visa assegurar que os alunos e famílias tenham acesso a um serviço que preencha os tempos livres para lá das atividades, sem que haja necessidade de mobilidade, mantendo as crianças no espaço onde decorrem as atividades letivas. Por outro lado, de cariz educativo e democrático, o programa pretende criar uma igualdade de oportunidades no acesso a atividades extracurriculares que até aqui eram manifestamente dispendiosas e inacessíveis para grande parte dos encarregados de educação e consequentemente alunos.

De uma outra perspetiva, Santos (2003) sugere que “as AEC são uma oportunidade para promover uma melhor qualidade de aprendizagem, contribuindo para que a educação se assuma como um processo de intervenção social, rompendo com o hábito e a rotina, pensando a escola de uma forma diferente”.

1.4. A importância da Atividade Física e Atividade Física e Desportiva no 1º ciclo

A Atividade Física e Desportiva no contexto escolar, é vista por alguns autores como “um excelente instrumento para valorizar a motricidade da criança e proporcionar o seu desenvolvimento global, através da estimulação das suas capacidades” (Maria & Nunes,

(19)

2006). Os mesmos autores que defendem esta ideia, foram responsáveis pela elaboração de um documento com as orientações programáticas para a lecionação da Atividade Física Desportiva no 1º ciclo do ensino básico, no qual referem que Atividade Física e Desportiva permite às crianças desenvolver o domínio das suas capacidades motoras e expandir o seu campo de experiências, desenvolvendo desta forma o seu esquema corporal, através de um conjunto de atividades ecléticas e multilaterais.

O despacho n.º 12 591/2006 (II série), de 16 de junho refere que a Atividade Física e Desportiva deve ser lecionada por profissionais com habilitação profissional ou própria para a docência da disciplina de Educação Física no Ensino Básico, ou por Licenciados em Desporto ou áreas afins, prevendo para a mesma uma duração entre noventa e centro e trinta e cinco minutos semanais, divididos por três dias da semana, em períodos de quarenta e cinco minutos em cada dia.

O professor de Educação Física, segundo (Neumark-Sztainer, Story, Hannnan, Tharp, & Rex, 2003) tem um papel importante no desenvolvimento de hábitos de atividade física ao longo da vida, tendo capacidade para proporcionar aos alunos experiências positivas e de sucesso que poderão levá-los a adotar estilos de vida autónomos. Neste sentido, Mota (1993) refere que os professores devem adequar as suas intervenções aos interesses, valores e motivações que caracterizam os grupos com os quais trabalham, com o intuito de criar uma atitude positiva para com a atividade física. Cabe ao professor ter a vontade e a disponibilidade necessárias para transmitir conhecimentos e partilhar ideias, informações e conhecimentos, de modo a que sejam criadas condições para o desenvolvimento dos jovens (Silva, 2002).

Assim, o ensino da Atividade Física Desportiva está centrado em duas vertentes: atividade física que tem como objetivo melhorar a motricidade da criança, aumentando o seu reportório motor, através de uma utilização preferencial de situações de atividades lúdica; e a atividade desportiva que inclui uma vertente de competição, do desporto com regras específicas e universais, tendo também uma dimensão social de cooperação e oposição.

A atividade Física e Desportiva é uma Atividade de Enriquecimento Curricular que contém um programa e conteúdos próprios, proporcionando aos seus intervenientes uma iniciação desportiva antecipada, uma vez que promove a prática de determinados desportos individuais e coletivos, que não figuram nos programas vigentes do Ensino da Educação Físico Motora. A promoção de experiências agradáveis de atividade física desde muito cedo e a Atividade Física e Desportiva no 1º ciclo do Ensino Básico constitui um veículo potencialmente importante para fomentar o gosto pela atividade física. Desta forma, a área de Atividade Física

(20)

e Desportiva deverá contribuir para um bem-estar global e geral, permitindo às crianças a aquisição de conhecimentos necessários e inserindo-os em atividades estimulantes.

1.5. Programa e Organização Curricular da Atividade Física e Desportiva no 1º ciclo

Para orientar a prática da Atividade Física e Desportiva e o processo ensino-aprendizagem utiliza-se o Programa e Organização Curricular do 1º Ciclo Ensino Básico, segundo o Ministério da Educação.

Os princípios orientadores do Programa de Educação Físico Motora no 1º Ciclo Ensino Básico (2004), “o desenvolvimento físico da criança atinge estádios qualitativos que procedem o desenvolvimento cognitivo e social”. O programa é uma referência com estimulação das capacidades, construção e aperfeiçoamento das aptidões, apresenta e organiza objetivos em termos de competências motoras a realizar por todos os alunos, no final de cada ano de escolaridade (Programa de Educação Físico Motora, 2004).

Os objetivos gerais comuns a todos os blocos, que dizem respeito às capacidades, atitudes e valores a desenvolver no conjunto dos quatro anos são: elevar o nível funcional das capacidades condicionais e coordenativas; cooperar com os companheiros nos jogos e exercícios compreendendo e aplicando as regras combinadas na turma, bem como os princípios de cordialidade e respeito na relação com os colegas e professor; e participar, com empenho, no aperfeiçoamento da sua habilidade nos diferentes tipos de atividades, procurando realizar as ações adequadas com correção e oportunidade (Programa do Educação Físico Motora do 1º Ciclo do Ensino Básico, 2004).

O mesmo programa organiza os objetivos em 8 blocos, sendo um deles opcional: Bloco 1 – Perícia e manipulação

Realizar ações motoras básicas com aparelhos portáteis segundo uma estrutura rítmica, encadeamento ou combinação de movimentos, conjugando as qualidades da ação própria ao efeito pretendido de movimentação do aparelho.

(21)

Realizar ações motoras básicas de deslocamento, no solo e em aparelhos, segundo uma estrutura rítmica, encadeamento, ou combinação de movimentos, coordenando a sua ação para aproveitar as qualidades motoras possibilitadas pela situação.

Bloco 3 – Ginástica

Realizar habilidades gímnicas básicas em esquema ou sequências no solo e em aparelhos, encadeando e ou combinando as ações com fluidez e harmonia de movimento.

Bloco 4 – Jogos

Participar em jogos ajustando a iniciativa própria, e as qualidades motoras na prestação, às possibilidades oferecidas pela situação de jogo e ao seu objetivo, realizando habilidades básicas e ações técnico-táticas fundamentais, com oportunidade e correção de movimentos. Bloco 5 – Patinagem

Patinar com equilíbrio e segurança, ajustando as ações para orientar o seu deslocamento com intencionalidade e oportunidade na realização de percursos variados.

Bloco 6 – Atividade Rítmicas e expressivas (dança)

Combinar deslocamentos, movimentos não locomotores e equilíbrios adequados à expressão de motivos ou temas combinados com colegas e professor, de acordo com a estrutura rítmica e melodia de combinações musicais.

Bloco 7 – Percurso na natureza

Escolher e realizar atividades apropriadas em percurso na natureza, de acordo com as características do terreno e os sinais de orientação, colaborando com os colegas e respeitando as regras de segurança e preservação do ambiente.

Bloco 8 – Natação (opcional)

Criar situações de exercício ou de jogo, em pé na piscina, utilizando vários objetos flutuantes e submersos e nadar um percurso no estilo Crol, com amplitude de movimentos e continuidade das ações motoras, cumprindo exigências técnicas. Bloco opcional, porque a maioria das escolas não dispõe de condições necessárias para sua prática.

(22)

Com todos estes blocos, o professor consegue planificar diversas atividades que contribuem para o desenvolvimento global dos seus alunos. O professor pode gerir a aplicação do programa, tornando-o flexível, em função dos alunos e das condições que a escola oferece.

Segundo Mota (1999), a escola e a disciplina de Educação Física Motora devem proporcionar e oferecer às crianças um programa rico e diversificado, em que sejam proporcionadas oportunidades de adquirir e desenvolver habilidades motoras, autoestima, confiança e conhecimento sobre contributos desta área.

(23)

2. Caracterização da modalidade futebol

O Futebol é o desporto mais praticado a nível mundial e o seu impacto mediático reflete-se transversalmente na sociedade. É consequentemente um veículo privilegiado da promoção da igualdade, da inclusão social e dos valores do desportivismo. Podemos ainda referir que é, de todas, talvez a modalidade mais acessível, no sentido em que não são necessários materiais de apoio ou equipamentos dispendiosos para a sua prática, quando toda a magia acontece com recurso a uma bola. Integrando as modalidades desportivas dos jogos desportivos coletivos, o Futebol, tornou-se uma atividade que faz parte do quotidiano da população e que ao longo do tempo tem vindo a adquirir popularidade, apresentando potencialidades tanto a nível cultural, económico como social.

O futebol é uma modalidade desportiva complexa, dinâmica e multidimensional (Garganta, 1997; Gréhaigne, Bouthier & David, 1997).

De acordo com Garganta (1997, p. 17), “...na sua expressão multitudinária, o Futebol não é apenas um jogo desportivo coletivo, ou um espetáculo desportivo, mas também um meio de educação física e desportiva, um campo de aplicação da ciência e uma disciplina de ensino”. A essência do “jogo”, desde sempre esteve presente nas nossas sociedades, encontra-se na alegoria que é viver, fundamentando-se no seu caráter lúdico, associando-se a um caráter cultural que é necessário para uma sociedade projetada para a vida (Neto,2014).

Como refere o mesmo autor (2001), “o brincar é uma das formas mais comuns de comportamento durante a infância e constitui nas sociedades modernas uma parte importante da vida das crianças, desta forma o jogo deve ser encarado como uma brincadeira e momentos de puro prazer.

Almeida (2005, citado por Neto,2014) descreve o Futebol desta forma: “Onze pessoas de cada lado do campo. Uma bola. Instrumento de trabalho: o corpo. Objetivo: colocar a bola dentro da baliza adversária, além de evitar que a outra faça o mesmo. A vitória é dada à equipa que colocar mais vezes a bola na baliza adversária…Esta é a fórmula do maior fenómeno desportivo da nossa época”. O futebol, como outras atividades que provocam a transcendência no Ser Humano, desperta paixões, suscita críticas e inspira artistas. O jogo de futebol é, indiscutivelmente, a modalidade que melhor representa a nossa sociedade, conseguindo orientar a sua imagem, ao mesmo tempo que é influenciada por esta (Neto, 2014). Este conjunto de opiniões, é que colocam esta modalidade acima de qualquer outra, despertando o seu estudo, a todas as áreas científicas e não científicas.

(24)

2.1. O Treino Desportivo

O treino desportivo apresenta-se como uma atividade física de longa duração, graduada de forma progressiva, individualizada, revelam-se especificamente nas funções psicológicas, fisiológicas e humanas, com a finalidade de superar tarefas mais exigentes que as habituais (Bompa, 1999). O mesmo autor, menciona que treinar é manipular métodos de treino para criar adaptação. Quando a adaptação atinge níveis elevados, o rendimento também os atinge. O treino desportivo consiste em outros objetivos, o desenvolvimento psicológico e do espírito de equipa, desenvolvimento específico das aptidões e da física multilateral, evolução do estado de saúde do atleta, desenvolvimento físico específico da modalidade, prevenção de lesões, desenvolvimento de fatores técnicos e táticos e desenvolvimento dos conhecimentos teóricos (Bompa, 1999). O mesmo autor refere ainda que os treinadores têm que arranjar métodos e estratégias para estimular os atletas, de forma a que estes criem uma maior adaptação.

Os princípios do treino desportivo são o princípio da individualidade biológica, todos os seres humanos são diferentes, o principio da continuidade, sem continuidade não há adaptação, princípio da sobrecarga, o corpo precisa de tempo de recuperação do exercício, princípio da especificidade, treinar o que e como se vai competir, principio da variabilidade, diversificação de estímulos, principio da saúde, exercícios e suas condicionantes devem ter em mente sempre a saúde dos seus atletas, princípios da inter-relação dos princípios, todos estes princípios devem estar relacionados (Lussac, 2008).

O treino desportivo deverá ter também propósitos interpessoais que reflitam valores como solidariedade, união, respeito, etc. Acrescentando que a capacidade formativa do treino advém destes propósitos e é pelas regras e normas estipuladas nele que os seus atletas crescem e se formam (Oliveira, 2012).

Para que o processo de treino tenha sucesso, este necessita de um planeamento e de uma periodização. Estes conceitos revelam-se os mais importantes fatores que influenciam a prestação de equipas e jogadores (Garganta, 1997).

A metodologia de treino é tudo aquilo que sustenta e direciona a exímia e difícil arte de “treinar”. Treinar deve ser entendido como a ação de fazer aprender e evoluir capacidades, sendo um conjunto de ações organizadas e direcionadas com o objetivo de estimular a aprendizagem e o desenvolvimento, com os meios adequados à natureza dessa aprendizagem e desse desenvolvimento (Rosado & Mesquita, 2007).

(25)

O treino desportivo é encarado como um processo bastante complexo, produto de uma soma de diversos fatores e áreas de conhecimentos, mas também depende da “arte” do treinador (Mesquita, 2012).

2.2. O papel do treinador de formação

O conceito “Formação” é um conceito com um amplo espectro de aplicações, sendo utilizado em diferentes contextos. Associando o conceito ao tema abordado neste trabalho, encontra-se definido no Dicionário da Língua Portuguesa (2001), como encontra-sendo a “transmissão de conhecimentos, valores ou regras”. De acordo com Lima (1988), a formação desportiva deve carregar o compromisso de se tornar num processo de formação global dos jovens e crianças, recorrendo a atividades físicas e desportivas que promovam o desenvolvimento das qualidades e capacidades físicas, opondo-se desta forma à simples reprodução do desporto adulto. É importante sublinhar, segundo (Constantino, 2002), que a formação desportiva não se centra exclusivamente na componente técnica da modalidade, sendo importante também para o jovem o desenvolvimento das suas condições físico-desportivas, o que lhe irá permitir, no futuro, obter o máximo rendimento no domínio das técnicas, tornando-se numa ligação de reciprocidade. Contudo, existem situações onde prevalece uma forma errada de treinar e ensinar as crianças com o intuito apenas de ganhar, resultando numa formação deficiente dos jogadores, e na criação de erros que posteriormente, numa fase de competição onde se pretendam objetivos imediatos, demoram a corrigir (Pacheco, 2001). Com isto, a definição de objetivos nas etapas diferenciadas de todo o processo de formação torna-se imprescindível no desenvolvimento equilibrado da criança, tornando-se clara a posição que a formação desportiva do jovem ocupa na sua preparação desportiva (Mesquita, 1997).

A mentalidade de que o Treinador Desportivo é apenas o ex-jogador da modalidade que, devido à idade, teve de deixar de competir, é hoje em dia demasiado redutora, na verdade o treinador desportivo é muito mais que isso (Araújo, 1994). Hoje o treinador desportivo, deverá ser encarado pela sociedade como um profissional do desporto, que além de dominar todos os aspetos específicos que envolvem a modalidade, terá de dominar competências científicas, pedagógicas e organizacionais, transmitindo e incutindo os valores do desporto, que deverão ser os seus valores, aos seus atletas (Rosado & Mesquita, 2007; Araújo, 1994). Assim, o treinador desportivo, não é um ex-jogador que baseia a sua prática metodológica na sua experiência, mas antes um profissional com formação pedagógica, munido de diferentes ferramentas técnicas, capaz de dar resposta à heterogeneidade de uma equipa.

(26)

O processo de treino deve ser previamente planeado, atrativo e bem orientado para que o jovem praticante/jogador encare o treino como uma oportunidade de evolução, não se restringindo ao seu desenvolvimento motor, mas também evoluir no respeito pelas regras, relações interpessoais, superação e cooperação.

Os treinadores têm de arranjar métodos e formas para estimular os atletas, de modo a que estes criem uma maior adaptação (Bompa, 2009). Ser treinador significa ser agente de um processo de transformação que, no contexto do exercício da cidadania, acarreta responsabilidades e direitos. Para Araújo (1994), a figura do treinador, hoje, pode assumir uma imagem romântica de um misto de pai e professor, mas é sobretudo como quadro técnico especializado que a sua intervenção é decisiva. Na perspetiva de Garganta (2004) “o papel do treinador de Futebol não deve assim, ser entendido nos limites restritos do “técnico”, do instrutor ou do adestrador, pois dele se espera que seja capaz de liderar o processo global da evolução dos atletas a seu cargo, induzindo a transformação e o refinamento dos comportamentos e atitudes, na procura do rendimento desportivo”.

Para se ser treinador de futebol de formação além de uma grande paixão pelo que se faz e gosto pelo ensino, o treinador deverá ser um líder (apontar o caminho a ser percorrido e trilhar objetivos), ser professor (ensinar e treinar com exigências de equilíbrio entre a eficácia necessária e a preocupação de formar a educar os que se encontram na sua responsabilidade), de organizador (planear toda a atividade e tomar participação responsável de todos os agentes que rodeiam), de motivador ( conseguir a melhor das entregas e ambições), disciplinador ( conseguindo que o seio da equipa seja disciplinado, mas imperando a autodisciplina e auto preparação relativamente ao autoritarismo) e de conselheiro (responsabilidade de intervenção formativa e educativa, influenciando positivamente os componentes do jovem e do grupo).

Rosado (1997) refere que o treinador, como formador, exerce influência sobre os atletas como praticantes, mas também sobre estes como pessoas, pelo que deverá otimizar a orientação da prática dos atletas no processo de treino, mas também educá-los como elementos pertencentes a uma sociedade.

Costa (2006) enumera um conjunto de pontos que se constituem como as principais normas de conduta de um treinador que desenvolva a sua ação junto dos jovens praticantes. Saber elogiar os jovens, evidenciar os aspetos positivos da sua participação, manter a calma quando os jovens cometem erros, ter expectativas razoáveis e realistas, tratar os jovens com respeito, procurar fazer com que os jovens sintam prazer na prática de desporto, não assumir comportamentos excessivamente sérios durante as competições, enfatizar o trabalho de

(27)

equipa, manter a ideia de que a alegria e o prazer são componentes obrigatórias da atitude dos jovens que praticam desporto e ser um exemplo de comportamentos respeitadores do espírito desportivo.

O trabalho desenvolvido pelo treinador de formação acaba por estar intimamente relacionado com a docência, no sentido em que a sua atuação se baseia no processo de ensino-aprendizagem e o sucesso do treino depende da qualidade das relações estabelecidas entre o treinador e o atleta.

2.3. Características de excelência do treinador de formação

Com as evoluções constantes de que somos alvo, a cada dia na nossa sociedade, o que hoje é tido como aceitável, amanhã será com certeza ultrapassado. O mesmo se passa com o treino, que a cada dia fica mais sofisticado, surgindo novas formas e novas metodologias, isto devido a que a cada dia haja mais e melhores especialistas nas ciências do desporto. Para Barbanti (2001), o treino é um conceito muito mais complexo do que as pessoas imaginam. Para ele, o treino deve ser planeado, organizado e conduzido por pessoas especialistas e competentes, pois é uma atividade sistemática, de longa duração, progressiva, persistente, que visa modelar funções fisiológicas e psicológicas de pessoas, ou grupos de pessoas. Para que o treino seja planeado, organizado e conduzido com eficácia, é necessário que os treinadores, preparadores físicos e professores, conheçam a modalidade de uma forma exaustiva, é necessário conhecer-se o atleta, ou o grupo de atletas com que vamos trabalhar. Segundo Bastos (2005), identificar as características do atleta é mais do que observar a conduta motora da modalidade, é conhecer em minúcia a modalidade, possibilitando orientar medidas diretas e indiretas sobre a preparação física, técnica e tática do atleta, e futuramente na seleção e na deteção de talentos da modalidade. Fernandes Filho (1999) acrescenta ainda que configurar o perfil de um grupo, no qual se pretende intervir, pode ser o diferencial entre o sucesso e o fracasso, na programação da estratégia do treino desportivo.

Hoje, mais do que nunca, o treinador tem que procurar sempre a excelência. Ericsson e Smith (1991) definem treinador de excelência “por possuir um conjunto de caraterísticas estáveis, independentemente da situação”.

Duarte (2009) refere que o treinador, para a conquista de sucesso, tem de conciliar uma elevada autoestima com as capacidades de comunicação e motivação de atletas, adoção de um estilo de liderança sempre adequado às circunstâncias e conseguir potenciar a coesão do

(28)

grupo. Como refere Pacheco (2001) “Treinar jovens não é o mesmo que treinar adultos. Para treinar jovens, é necessário ter motivação e ser capaz de estabelecer uma boa relação com os jovens e conhecer os métodos e os meios adequados para o desenvolvimento. Por sua vez Duarte (2009) refere que o treinador de excelência deve possuir conhecimentos alargados, capacidade de intuição e de planeamento, automatismos de comportamentos, tendência para o atípico, capacidade de resolução de problemas e autocontrolo.

Mendes (2009) destaca o conhecimento do jogo, capacidade de decisão, capacidade crítica, capacidade de comunicação, motivação de jogadores, inteligência, liderança, caráter e disciplina como características para atingir o sucesso. A mesma autora refere ainda que a sede de novos conhecimentos e o seu esforço diário para se tornar melhor também são fundamentais.

Evangelista (2007) explica que um treinador de sucesso tem que ter caráter firme, capacidade de motivar, ser rum excelente professor, ter um alto nível educacional e ser bem informado, assim como ter capacidade de liderança, organização e habilidades intelectuais. O mesmo autor refere ainda que o treinador tem que possuir um conhecimento profundo e especializado, organizar o seu conhecimento hierarquicamente, possuir uma grande capacidade prospetiva e de resolução de problemas, apresentar um quase automatismo durante a análise e a instrução e desenvolver técnicas de autocontrolo e avaliação do seu trabalho.

Os treinadores devem considerar as vantagens de encontros periódicos com os pais dos atletas, com o objetivo de os formar e educar para a convivência saudável e harmoniosa do desporto infantil e sensibilizá-los para o papel relevante que desempenham na formação desportiva dos seus filhos. Desta forma, evitar situações de conflitos desagradáveis, entre pais e treinadores que só prejudicam o desenrolar normal e positivo dos trabalhos ao longo da época.

Como defende Smoll (1992) “(…) os pais devem ser convidados a permanecer sempre sentados na zona reservada à assistência, tanto durante os treinos, como ao longo das competições; evitar gritar instruções ou críticas tanto para os seus filhos, colegas de equipa, adversários, árbitros, treinadores e dirigentes; evitar intromissões no trabalho do treinador, aceitando a autoridade e responsabilidade deste como mais um educador dos atletas, embora reservando-se o papel de questionar e participar no processo formativo da criança ou jovem(…)”

(29)

“É uma obrigação dos Professores e, como tal também dos treinadores possuírem um conhecimento profundo da atividade que se propõem a Ensinar”. (UNESCO, 1996).

Tendo por base o princípio do respeito pelas crianças, conclui-se que o processo de formação, se assenta numa lógica de comunhão entre pais, treinadores, dirigentes e árbitros, valorizando o SER que joga – a criança – e possibilita a longo prazo eliminar os constrangimentos até aqui referenciados.

Desta forma, o futebol pode constituir-se como um válido instrumento de mudança social, de Capacitação, de Desenvolvimento Humano, ou seja, Cidadania.

Numa visão mais transversal e abrangente das dinâmicas sociais, podemos afirmar que, para todos os agentes desportivos/educativos que atuam em processos de formação, o objetivo principal – para além de criar exímios atletas – deve ser o de formar verdadeiros cidadãos. Assim, face ao exposto e após análise profunda, entende-se que o treinador de excelência é aquele que não esgota a oportunidade de poder crescer, aprender e evoluir com cada jovem na concretização de um treino. Capaz de transmitir aos jogadores valores de integridade, respeito, honestidade, exigindo o cumprimento de normas internas da equipa e comportamentos que reforcem e estimulam o orgulho e desempenho da equipa por si orientada.

(30)

3. Caracterização da modalidade de natação

Como refere Querol (1988), o desporto ocupa um lugar importante na vida social dos nossos dias. Contribui para o múltiplo desenvolvimento físico do homem, sendo um fator importante no desenvolvimento das qualidades psíquicas, cognitivas, afetivas e volitivas das estruturas do comportamento e da dinâmica da personalidade.

Segundo Moreno (1994) a natação é classificada como um desporto individual, cíclico e fechado, onde o nadador atua delimitado, sem interferência do oponente.

A natação é a capacidade do homem se deslocar através de movimentos efetuados na água, sendo vista como uma atividade desportiva e de lazer. Um fator importante na caraterização deste desporto é o meio “diferente” em que se desenrola, a água, no qual as ações sequenciadas dos membros superiores e dos membros inferiores tendem a assegurar uma propulsão contínua (Fernandes & Vilas-Boas, 2006). Com isso, o desenvolvimento das capacidades físicas e coordenativas estará sempre ligado à componente hidrodinâmica do corpo e ao carater natural dos movimentos do nadador na água (Makarenko, 2001).

É um desporto que movimenta praticamente todos os músculos e articulações do corpo humano e a prática da natação é tida como um dos melhores exercícios físicos existentes traduzindo-se em ótimos benefícios para o organismo e ajudando a melhorar a coordenação motora, além de ser recomendada para pessoas com problemas respiratório, como por exemplo a asma. Também é a única atividade física indicada para menores de três anos, sendo assim um dos desportos mais adequados e indicados a nível de benefícios para a saúde para todas as faixas etárias. Como referem Azevedo, Morais, Rodrigues e Barbosa (2008), a natação parece oferecer um excelente meio para um melhor desenvolvimento da criança. Sem dúvida a natação infantil é o primeiro e mais eficaz instrumento de aplicação da educação física no ser humano.

Na sociedade atual existem cada vez mais pessoas de todas as faixas etárias que praticam atividades aquáticas como a natação, hidroginástica ou a hidroterapia. Seja por aconselhamento médico, ou simplesmente por vontade própria, sendo muitos os fatores que levam as pessoas a praticarem estas atividades são variados, desde questões de saúde, o puro hábito de lazer ou terapia.

A prática da natação é um desporto muito completo, embora de algum nível de exigência, pela coordenação dos membros inferiores e membros superiores, resistência, coordenação da respiração, entre muitos outros fatores, mas bastante benéfica para quem a pratica.

(31)

A hidroginástica é uma modalidade que se adapta a várias finalidades, tornando-se assim cada vez mais uma modalidade aquática praticada pelas populações sobretudo seniores.

A hidroterapia, é uma atividade que proporciona a quem a pratica o tratamento de doenças, o alívio de dores ósseo-articulares, induz o relaxamento e ajuda a manter a saúde mental.

Como sustenta Mansolo (2009), a natação gera inúmeros benefícios como o aumento da capacidade respiratória, correção e manutenção da postura, prevenção de desvios na coluna vertebral, condição física, autoconfiança, maior coordenação motora e desenvolvimento motor num contexto geral físico e fisiológico de maneira integrada. Contribui também como o aumento da autoestima, da segurança e tranquilidade atingem o meio social e psicológico, segundo Brunning e Kats (2002).

Segundo Saavedra (2003), pode-se definir a natação como a habilidade que permite ao ser humano deslocar-se num meio líquido, normalmente a água, graças às forças propulsivas que gera com os movimentos dos membros superiores e membros inferiores e corpo, que lhe permitem vencer as resistências que se opõem ao avanço.

De acordo com Carvalho (1994), saber nadar é fundamentalmente ser capaz de flutuar e deslocar-se na água sem recursos a apoios fixos ou a meios auxiliares de sustentação.

Por sua vez, Raiol (2010), com o passar dos anos, observou-se que a natação foi tomando outros rumos, sendo atualmente praticada por motivos que vão desde o lazer até à prática desportiva, uma vez que a mesma é praticada tanto para aptidão física quanto para o lazer, por isso, é recomendada, visto proporcionar inúmeros benefícios aos seus praticantes.

3.1. O papel do professor de natação

Ensinar e aprimorar as técnicas de nado são atos pedagógicos, que devem sempre orientar-se para a preparação dum conjunto de competências especificas do aluno/turma. Mesmo nas situações em que o objetivo não passa por saber nadar o mais rápido possível, circunstâncias essas mais restritas à partida, ensinar a nadar deve fazer-se com a mesma efetividade e eficiência que se emprestaria ao processo caso se soubesse à partida que se estaria a ensinar um futuro campeão olímpico.

Sendo conscientes do crescimento da prática da natação na terceira idade, em que os objetivos pessoais poderão não ir para além de aspetos relacionados com a mobilidade

(32)

corporal ou a socialização, a aprendizagem técnica irá provocar um maior conforto na realização da tarefa assim como uma crescente motivação do aluno ao verificar a sua melhoria e crescente facilidade em movimentar-se dentro de água.

A melhoria de rendimento em natação está dependente da capacidade de produzir a máxima energia e de a transferir para vencer as resistências ao deslocamento. Este desenvolvimento deve assentar na melhoria dos parâmetros técnicos de nado, e não em respostas ao aumento da sobrecarga física, tanto no nadador de competição, como no nadador de recreação.

O professor é uma pessoa em constante construção e que não se forma por outra pessoa, ele forma-se a partir dum trabalho de constante investigação e revisão da sua própria prática. Assim, cabe-lhe complementar o caminho que lhe é indicado com a sua experiência bem como com a sua constante investigação e procura de saber.

Desta forma é importante nunca deixar de parte do contexto em que a situação do ensino é apresentada, tendo que ter em atenção os vários aspetos condicionais, psicológicos e socioeconómicos do aluno, bem como os aspetos relacionados com as instalações, material disponível ou até mesmo o contexto da instituição onde o processo de ensino-aprendizagem se desenrola.

Quando a criança aprende a ler, o professor não lhe dá um livro e pede que leia. Há uma série de processos que conduzirão a criança ao objetivo final: ler. Na natação a situação é semelhante, antes de iniciar a aprendizagem das técnicas de nado, a criança / adulto deverá concluir um processo fundamental para a evolução na modalidade: Adaptação ao Meio Aquático (AMA).

Sustentando esta ideia, Barbosa (2001), refere que a aquisição das habilidades aquáticas básicas, é uma etapa muito importante, pois representa os pré-requisitos para as habilidades motoras aquáticas específicas, como são as técnicas de nado. Este autor afirma que no domínio da aprendizagem e do desenvolvimento motor, as habilidades motoras básicas são um pré-requisito para a aquisição, à posteriori, das habilidades mais complexas e mais específicas, como são as desportivas (Barbosa, 2001).

Do ponto de vista mais característico, o conceito de adaptação ao meio aquático, está tradicionalmente ligado ao conceito do “saber nadar”. Mas este conceito é muito vasto, provocando em cada individuo diversas reações. Reações estas que variam consoante a formação e a vivência do próprio individuo (Martins, 2010).

(33)

A definição nadar, para os inexperientes, ainda corresponde à aquisição final das técnicas de nado. Barbosa (2005) refere que “saber nadar” implica, por parte do sujeito no meio aquático, comportamentos adequados, em termos de equilíbrio, respiração e propulsão, em resposta a uma situação específica.

No entanto a água é um meio de difícil locomoção, sendo por isso, um elemento hostil; a água causa incómodo e perturbação do controlo motor, porque induz desequilíbrios permanentes e incomoda olhos, nariz, ouvidos e boca (Fernandes & Soares, 2005). Segundo Carvalho (1994) quando um individuo inicia o seu processo de Adaptação ao Meio Aquático, ocorre um conjunto de transformações ao nível das referências que normalmente existem em terra. Assim, com o objetivo de usufruir das potencialidades deste meio, torna-se fundamental uma ajustada adaptação ao meio aquático.

O professor deverá ter em conta que o aluno só deverá iniciar a propulsão depois de cumpridas as etapas relativas à adaptação ao meio aquático, nomeadamente as fases de equilíbrio e de respiração. É de fundamental importância o contato do aluno com a água, a perceção dos diferentes equilíbrios e posições, a tomada de consciência da impulsão e o controlo da respiração em todas as diferentes situações. Da mesma forma, quando debruçado sobre os modelos de ensino, deve ressalvar que tudo é realizado de uma forma progressiva, com o seu devido tempo de adaptação e aprendizagem.

A execução técnica correta e apurada das fases subaquáticas das braçadas é uma preocupação que só pode surgir depois do aluno mostrar uma técnica global bem coordenada, um nado harmonioso e sem grandes defeitos.

Inicialmente o professor deve deixar os alunos realizarem dentro de água movimentos circulares ou retilíneos e focalizar a atenção nos batimentos dos membros inferiores, na horizontalidade (corpo paralelo ao fundo da piscina), na linearidade corporal (segmentos alinhados) e na coordenação entre as braçadas, pernadas e respiração. Apesar de permitir que os alunos realizem braçadas circulares ou retilíneas, quando mostra um gesto técnico deverá mostrar um determinado gesto técnico sempre de uma forma correta.

Relativamente à utilização do material didático no ensino da natação, este deve ser devidamente ponderado. É mais vantajoso, perder um pouco mais de tempo a ensinar os alunos a equilibrarem-se (perceberem que conseguem flutuar) sem materiais auxiliares, do que deixá-los ganhar uma autonomia dependente e depois ter que voltar atrás a repetir o trabalho de novo.

(34)

3.2. Caracterização da Escola Municipal de Natação de Vila Nova de Gaia

O município de Via Nova de Gaia, sendo o terceiro município com maior número de habitantes a nível nacional, tem uma Escola Municipal de Natação contando com cinco piscinas distribuídas por áreas distintas do concelho. Piscina Municipal Aurora Cunha, Piscina Municipal do Maravedi, Piscina Municipal da Granja, Piscina Municipal de Lever e Piscina Municipal de Vila D’Este disponibilizando aos seus utentes Natação pura desportiva crianças e adultos (iniciação e aperfeiçoamento), natação para bebés, hidroginástica, hidroterapia, utilização livre e recreativa (banhos livres), festas temáticas, reservas de espaço com e sem professor e sessões/aulas personalizadas (PT).

Figura 1 -Escola Municipal de Natação Vila Nova de Gaia

A Escola Municipal de Natação de Vila Nova de Gaia tem um Plano Pedagógico estruturado e delineado para cada nível e idade conforme quadro 1.

(35)

Quadro 1 – Plano Pedagógico Escola Municipal de Natação Vila Nova de Gaia

Níveis Faixa etária

B1

B2

6 meses aos 3 anos

C0

C0+

3 anos aos 5 anos

C1 C2 C3 C4 Golfinhos 6 aos 14 anos A1 A2 A3 A4 Manutenção

A partir dos 15 anos

De acordo com o Plano Anual, os conteúdos para cada um dos níveis de aprendizagem da Escola Municipal de Natação de Vila Nova de Gaia, de uma forma geral são os apresentados no quadro 2.

(36)

Quadro 2 – Conteúdos Gerais Escola Municipal de Natação Vila Nova de Gaia

6 meses a 2 anos Conteúdos Gerais

B1

B2

AMA (adaptação ao meio aquático)

3 aos 5 anos Conteúdos Gerais

C0

C0+

AMA (adaptação ao meio aquático)

6 aos 14 anos Conteúdos Gerais

C1

C2

C3

C4

Golfinhos

Ama + introdução à técnica de crol e costas (rudimentar)

Técnica de crol e costas

Introdução à técnica de bruços

Introdução à técnica de mariposa

Consolidação às 4 técnicas de nado + Partidas e viragens

A partir dos 15 anos Conteúdos Gerais

A1

A2

A3

A4

Manutenção

AMA + introdução à técnica de crol e costas (rudimentar)

Técnica de crol e costas

Introdução à técnica de bruços

Introdução à técnica de mariposa

Consolidação às 4 técnicas de nado + partidas e viragens

O Plano Pedagógico da Escola Municipal de Natação de Vila Nova de Gaia delineado por níveis com conteúdos gerais e respeitando o Plano Anual, além de uma uniformidade em todas as piscinas, permite em situações de ingresso de novos utentes, ou mesmo, por diversos motivos a transferência de alunos para outra piscina do município, um enquadramento pedagógico adequado às aptidões do aluno em causa.

(37)

Ao longo do ano letivo são realizadas duas fases de avaliação. A avaliação Formativa (fevereiro) apenas para as crianças, permitindo ao aluno a perceção da sua evolução e Avaliação Sumativa (junho) que definirá o nível em que o aluno se enquadra no final do ano e consequentemente, se transita de nível, ou permanece. Em ambas as avaliações, de acordo com cada nível são observados os parâmetros gerais abordados, bem como os aspetos socioeducativos, assiduidade, pontualidade, comportamento/interação e empenhamento.

(38)

Capítulo II – Prática Profissional

1. Percurso Pessoal e Académico

O Desporto e prática desportiva nas mais diversas modalidades sempre estiveram enraizadas na família Teixeira, com um historial ligado concretamente ao F.C. Porto. Nomeadamente às modalidades de Basquetebol e Andebol, onde seus tios e o pai foram praticantes e marcaram as décadas de 50 e 60 no clube sendo campeões vários anos nas modalidades de Andebol de 7 e Andebol de 11.

Sempre que visitava a casa do seu tio ficava encantado e apreciava durante largos minutos um quadro com a camisola em malha do F.C. Porto como fundo, sobrepostas pelas inúmeras medalhas de campeão nacional desse mesmo período.

Desde muito cedo, com 3 anos de idade iniciou aprendizagem da natação no Clube Fluvial do Porto que frequentou até aos 7 anos de idade, onde realizou um campeonato regional. Por motivos geográficos e financeiros, teve de abandonar a modalidade, apesar da insistência de treinadores e professores do infantário que frequentava na altura.

Desde muito cedo a paixão pelo desporto crescia no seu dia a dia, vivenciando cada modalidade de uma forma praticamente inata. Assistindo praticamente a todos os desportos que passavam nos canais de televisão.

A sua grande paixão era o futebol, em que todos na escola mencionavam ter um enorme talento quando havia os torneios de futebol, mas pelos fatores económicos e geográficos não lhe permitiu poder experienciar num clube esta paixão e talento.

E foi precisamente na escola, através do desporto escolar na Escola Básica do 2º e 3º ciclo Soares dos Reis em Vila Nova de Gaia, que ironicamente no 8º ano foi convidado para jogar na equipa de Andebol, a modalidade que historicamente marcou a sua família, e pela qual foi campeão distrital e regional de desporto escolar.

Após esta etapa escolar, ingressou no Curso Tecnológico de Técnico de Animação e Gestão Desportiva no Colégio de Gaia, onde surgiu a possibilidade de continuar ligado ao Andebol através do Futebol Clube de Gaia até ao ingresso na faculdade.

(39)

Enquanto frequentava o curso académico (2002 a 2006), foi convidado, pelo seu Professor Nuno Gramaxo para colaboração na gestão de diversos eventos desportivos, como Provas de Orientação do Desporto Escolar, Volta a Portugal em Bicicleta, Maratonas, Minimaratonas e Caminhadas da Run Porto.

A partir dessa formação académica e das diversas e enriquecedoras experiências em eventos desportivos, foi concretamente através do Estágio Pedagógico, atividade preponderante de toda a formação inicial, onde todas as competências e capacidades adquiridas na formação foram postas em prática e confrontadas com a realidade. Este decorreu em 2005/2006, nostalgicamente na Escola Básica do 2º e 3º ciclo Soares dos Reis em Vila Nova de Gaia, revendo todos aqueles professores que sempre o incentivaram a seguir esse caminho do ensino da educação física.

Como refere Pablo Picasso “Uma ideia é um ponto de partida e nada mais. Logo que se

começa a elaborá-la, é transformada pelo pensamento”. Em 2006, ano em que finalizou o

curso, o autor após candidatar-se às Atividades de Enriquecimento Curricular da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, ingressou neste longo percurso do ensino da Atividade Física e Desportiva nas escolas do 1º ciclo do município, atividade que exerce até aos dias de hoje.

Esta oportunidade foi crucial para poder colocar em prática todos os conhecimentos adquiridos ao longo do percurso académico, e poder fazer aquilo para o qual sempre trabalhou, visto a nível do concurso nacional ser uma porta praticamente impossível de alcançar.

Apesar de todos os conhecimentos ao longo da vida académica, o autor sentiu necessidade de ler livros, procurar suportes de planeamento e atividades para poder exercer da melhor forma aquilo que o município solicitava. Como refere Bento (2003), a qualidade do ensino é tanto melhor quanto mais elevado for o seu nível de planeamento e preparação, sendo a procura de melhores resultados uma consequência direta do confronto com os problemas teóricos e práticos do quotidiano.

Imagem

Figura 1 -Escola Municipal de Natação Vila Nova de Gaia
Figura 2 – RAPTORS 1                                                Figura 3 - RAPTORS 2
Figura 4 - Treinador do mês de fevereiro 2016
Figura 5 - Selecionador All Star Games
+7

Referências

Documentos relacionados

A referida pesquisa está dividida em quatro partes: na primeira, apresentamos uma reflexão sobre o uso do vídeo na sala de aula e os aspectos cognitivos e dificuldades de

Além disso, é relevante informar que os cenários das médias das taxas de captura em função das bandeiras para cada fase de vida são similares, pois as bandeiras que configuram entre

Na Tabela 21 são apresentados os valores de degradação de todas as amostras de argamassa de revestimento confeccionadas com Votomassa, com adição de dióxido de titânio na

Nos anos destinados à educação infantil, as crianças precisam desenvolver algumas capacidades, entre elas: • desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez

Em linhas gerais, segundo Mishkin e Savastano (2000), o regime de metas de inflação consiste em uma estratégia para a política monetária baseada em alguns elementos: o anúncio

Conclusões gerais da investigação Como síntese das conclusões da investigação poderíamos referir: A amostra usada não é suficientemente representativa para podermos validar

Em seguida a etapa de gestão da comunicação projetual é uma das mais vitais ao processo, constituı́da a partir de toda a informação anteriormente recolhida,

Para este estudo procedeu-se a uma pesquisa bibliográ- fica focalizada no desenvolvimento vocacional e portfó- lios, em simultâneo com uma análise de portfólios de crianças de