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AVALIAÇÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA: UMA VISÃO INICIAL

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Academic year: 2021

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1 E-FACEQ: Revista dos Discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 5, Número 8, Agosto de 2016. http://www.faceq.edu.br/e-faceq

AVALIAÇÃO ESCOLAR DE CRIANÇAS COM

DEFICIÊNCIA: UMA VISÃO INICIAL

Jéssica Madalena Cardoso (FACEQ)1

Evandro Luiz Soares Bonfim (UNIFESP/FACEQ)2

Resumo

Observando-se as mudanças que ocorreram, nas últimas décadas, no processo de avaliação escolar, mudanças essas relacionadas às novas técnicas e metodologias adotadas, o objetivo desta pesquisa é verificar como se deu, ao longo dos anos, o processo de avaliação escolar e, atualmente, como esse processo vem ocorrendo nas escolas inclusivas, para avaliar alunos com deficiências.

Palavras-chave: Avaliação escolar. Inclusão. Escola. Deficiência.

Abstract

Observing the changes that have occurred in recent decades, in the school evaluation process, change those related to new techniques and methodologies adopted, the aim of this research is to see how it has, over the years, the process of school evaluation and, currently, as this process has been taking place in inclusive schools to assess students with disabilities.

Keywords: School evaluation. Inclusion. School. Deficiency.

Introdução

A avaliação é um processo contínuo que os professores devem utilizar para verificar o aprendizado dos alunos. Neste artigo, verifica-se o que caracterizou esse

1 Aluna do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Eça de Queirós (FACEQ).

2 É mestre em Educação pela Universidad San Carlos de Asunción (USC, Paraguai). Mestrando na

Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Pós-graduado em Educação Profissional pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP). Pós-graduado em Formação de Educadores para Educação a Distância na Universidade Paulista (UNIP). Licenciado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC). Licenciado em Pedagogia pelo Centro Universitário de Araras Dr. Edmundo Ulson (UNAR). É coordenador do curso de Pedagogia e docente da Faculdade Eça de Queirós (FACEQ).

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2 E-FACEQ: Revista dos Discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 5, Número 8, Agosto de 2016. http://www.faceq.edu.br/e-faceq

processo, ao longo do tempo, e como ele é visto nos dias atuais. A avaliação, em uma visão mais atual, além de verificar a aprendizagem dos alunos, serve também para avaliar os professores que, por sua vez, conseguem ver se aquilo que foi ensinado está sendo alcançado e podendo rever, assim, sua didática.

Mais especificamente, este artigo busca sintetizar como se dá o processo avaliativo escolar e como esse processo é feito com os alunos de inclusão. Nesse contexto, surgem indagações acerca de como os procedimentos avaliativos são vistos pelos alunos e como a avaliação foi mudando conforme as novas técnicas e metodologias adotadas.

Enquanto objetivo geral, busca-se compreender o processo avaliativo escolar, ou mais especificamente, procura-se verificar como, ao longo dos anos, se deu o processo de avaliação escolar e, atualmente, como esse processo ocorre nas escolas inclusivas. Como objetivos específicos, pretende-se identificar, na literatura, o processo avaliativo; caracterizar o processo avaliativo em escolas inclusivas; verificar como a avaliação ajuda os professores a rever a metodologia adotada e como é esse processo com os alunos inclusivos.

1 Histórico da avaliação escolar no decorrer dos séculos

Existem várias críticas à avaliação tradicional, que é considerada ineficiente por muitos pensadores, gerando um grande impacto no âmbito escolar, de forma que repercute atualmente no processo educacional. Segundo Lopes, Mendes e Faria (2006), estamos sempre fazendo escolhas e, para avaliar não é diferente, pois há tanto o lado positivo como o negativo desta situação. A avaliação é uma prática social. Quando no cotidiano fazemos nossas escolhas, de alguma forma, verificamos, analisamos, selecionamos e decidimos o que realmente é bom para nós e, dessa forma, já estamos fazendo uma avaliação.

No decorrer dos séculos, a avaliação foi usada de forma que assustava e amedrontava os alunos, pois era medido o grau de conhecimento destes; contudo, o que se notava, era que se memorizava, sem realmente alcançar o seu fim, que era avaliar o que, de fato, os alunos aprendiam.

Antigamente, o professor não tinha um olhar sobre o aluno em si; o que se media era a capacidade do aluno, sem levar em consideração como os alunos evoluíam no

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decorrer do processo de ensino-aprendizagem. Segundo Luckesi (2010, p. 28):

Para compreender adequadamente o que aqui vamos propor, importa estarmos cientes de que a avaliação educacional, em geral, e a avaliação da aprendizagem escolar, em particular, são meios e não fins em si mesmas, estando assim delimitadas pela teoria e pela prática que as circunstancializam.

A prática escolar citada traz o autoritarismo que por muito tempo foi imposto, fazendo com que a avaliação e a educação fossem vistas de forma distinta. De acordo com Haydt (2008, p. 15), “os educadores percebem a ação de educar e a ação de avaliar como dois momentos distintos e não relacionados. E exercem essas ações de forma diferenciada”.

As práticas avaliativas, sob a forma de exames e provas, foram utilizadas em colégios católicos da Ordem dos Jesuítas e em escolas protestantes, a partir do século XVI. Assim, de acordo com Luckesi (2010, p. 22):

Os jesuítas (século XVI), nas normas para a orientação dos estudos escolásticos, seja nas classes inferiores, ainda que definissem com rigor os procedimentos a serem levados em conta num ensino eficiente (que tinha por objetivo a construção de uma hegemonia católica contra as possibilidades heréticas, especialmente as protestantes), tinham uma atenção especial com o ritual das provas e exames. Eram solenes essas ocasiões, seja pela constituição das bancas examinadoras e procedimentos de exames, seja pela comunicação pública dos resultados, seja pela emulação ou pelo vitupério daí decorrente.

No século XVI, a avaliação era vista de forma especial: os jesuítas faziam dos momentos de aplicação de provas e exames, verdadeiros ritos. Mas o processo de avaliação vem muito antes dessa época, pois há registros que sintetizam essa prática avaliativa desde os primórdios, como escreve Luckesi (2003, p.16):

No entanto, há registros de que tal prática antecede a esse período, pois, na China, três mil anos antes de Cristo, já se usavam os exames para selecionar homens para o exército. Todavia, os exames escolares, como praticados hoje em nossas escolas, foram sistematizados com o advento da Modernidade e sua consequente prática educativa.

No século XVII, Comênio indaga a questão do medo como sendo um fator para manter a atenção dos alunos, mas o que vemos, explicitamente, é que algo imposto como uma forma de castigo, acabava fazendo mal para os alunos, que acarretava (e acarreta até

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hoje) doenças psicossomáticas, como gastrite, alergias, entre outras. Segundo LUCKESI (2010, p. 22)

Comênio insiste na atenção especial que se deve dar à educação como centro de interesse da ação do professor; porém, não prescinde também do uso dos exames como meio de estimular os estudantes ao trabalho intelectual da aprendizagem. Segundo ele, um aluno não deixará de se preparar para os exames finais do curso superior (a Academia) se souber que o exame para a colação de grau será “para valer”. Porém, mais que isso, Comênio diz que o medo é um excelente fator para manter a atenção dos alunos. O professor pode e deve usar esse “excelente” meio para manter os alunos atentos às atividades escolares. Então, eles aprenderão com muita facilidade, sem fadiga e com economia de tempo.

O advento do Capitalismo, segundo Luckesi (op. cit.), também influenciou o processo de avaliação escolar:

[...] estamos mergulhados nos processos econômicos, sociais, políticos da sociedade burguesa, no seio da qual a pedagogia tradicional emergiu e se cristalizou, traduzindo o seu espírito. Claro, “muita água passou por baixo da ponte” de lá para cá, porém é certo que a sociedade burguesa aperfeiçoou seus mecanismos de controle. Entre outros, destacamos a seletividade escolar e seus processos de formação das personalidades dos educandos. O medo e o fetiche são mecanismos imprescindíveis numa sociedade que não opera na transparência, mas sim nos subterfúgios. (LUCKESI, 2010, p. 23)

Como podemos observar, ao longo do tempo, a avaliação foi vista com alguns equívocos; hoje, o professor já tem em mente que a avaliação serve para rever a sua metodologia, sua própria prática, não só para avaliar os alunos, mas também para avaliar a si próprio e verificar se está alcançando os objetivos esperados, enquanto professor.

2 Avaliação de alunos com deficiência

Com os avanços ocorridos a partir do século XIX, conforme houve o avanço das ciências e, com isso, a democratização do ensino, surgiram novos paradigmas a respeito da avaliação escolar, fazendo com que os alunos fossem vistos como sujeitos do seu próprio conhecimento, focando a formação integral, respeitando e compreendendo o modo de pensar dos alunos e considerando os conhecimentos já adquiridos por eles. Nessa perspectiva, cabe ao professor adaptar e ser mediador do conhecimento, reavaliando os conteúdos curriculares, de forma que a aprendizagem tenha significado para os alunos.

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5 E-FACEQ: Revista dos Discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 5, Número 8, Agosto de 2016. http://www.faceq.edu.br/e-faceq

que encontramos nos dias atuais; havendo, assim, um impasse envolvendo os professores, pois historicamente foi inadequada a forma como a avaliação tradicional foi concebida: muitas pessoas viveram experiências de segregação entre aquelas que sabiam e as que não sabiam, classificando e estigmatizando os alunos em “fracos” e “fortes”.

Em relação às crianças com deficiência, a avaliação escolar também tem falhado, como aponta Mantoan (2013, p. 25):

Encontramos os professores dessas salas munidos de projetos ou práticas que se apoiam na ideia de que devem ensinar da mesma maneira todos os alunos (“normais” e com deficiência) só que mais lentamente, usando processos de condicionamento e de repetição. O prejuízo que essas crianças sofrem com isso, é difícil de imaginar.

O professor deve levar em consideração os alunos como sendo únicos, pois cada um aprende de forma diferente e quando o professor condiciona o aluno a somente repetir ou memorizar, isso acarreta não apenas sérios problemas de aprendizagem, como também problemas sociais, relacionais e psicológicos.

Beyer (2005) traz a perspectiva de que a avaliação de pessoas com necessidades especiais, não tem como finalidade a classificação, mas se conduz pela teoria da zona de desenvolvimento proximal de Vygotsky que, quando verifica as circunstâncias atuais do desempenho escolar das crianças, enfatiza que é necessário dar um contexto socioafetivo à criança. Assim, a avaliação favorecerá o processo inclusivo, oferecendo elementos que esclareçam a necessidade de apoio e das variantes que interferem no processo de ensino-aprendizagem.

De acordo com Vygotsky (1987, p. 4),

Zona de desenvolvimento proximal, por sua vez, abrange todas as funções e atividades que a criança ou o aluno consegue desempenhar apenas se houver ajuda de alguém. Esta pessoa que intervém para orientar a criança pode ser tanto um adulto (pais, professor, responsável, instrutor de língua estrangeira) quanto um colega que já tenha desenvolvido a habilidade requerida.

O professor considera as experiências cotidianas dos alunos. Ponderando os caminhos que ainda serão percorridos, do âmbito escolar e os familiares, para que, de fato, aconteça a proposta inclusiva, pois é possível ter uma educação para todos e cabe a nós lutarmos por isso.

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desenvolvimento seja efetivamente alcançado, de modo significativo para o aluno, este consegue se desenvolver, o que fará toda a diferença para ele, para sua família, para a escola e para a sociedade.

Considerações finais

A avaliação deve ser vista como forma de reflexão, de modo que o professor verifique, além do aprendizado do aluno, também sua prática educativa e assim possa revisar sua metodologia de ensino, criando novas estratégias, quando necessário, para que ocorra uma aprendizagem significativa e efetiva dos alunos. A avaliação não mais se resume à classificação e à quantificação (atribuição de notas), como concebida em sua forma tradicional; mas visa, sobretudo, orientar o aprendizado dos estudantes, despertando neles o gosto pelo aprendizado, pelo conhecimento e pelo desenvolvimento do saber, tenham esses alunos deficiências ou não.

Referências bibliográficas

BEYER, Hugo Otto. Inclusão e avaliação na escola: de alunos com necessidades

educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005.

HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do processo ensino-aprendizagem. 6ª Edição. São Paulo: Editora Ática, 2008.

LOPES, Karina Rizek; MENDES, Roseana Pereira; FARIA, Vitória Líbia Barreto de. (Orgs.). Coleção PROINFANTIL (Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício na Educação Infantil), módulo IV. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: MEC, 2006.

LUCKESI, Cipriano Carlos. A Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2010.

________. Avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando conceitos e recriando a prática. Salvador: Malabares Comunicação e Eventos, 2003.

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7 E-FACEQ: Revista dos Discentes da Faculdade Eça de Queirós, ISSN 2238-8605, Ano 5, Número 8, Agosto de 2016. http://www.faceq.edu.br/e-faceq

MANTOAN, Maria T. E. Para uma escola do século XXI. Campinas: UNICAMP/BCCL, 2013.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

Recebido em: 30/06/2016. Aceito em: 12/07/2016.

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