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Tecnologias proporcionando visibilidade na política.

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Academic year: 2021

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Centro Tecnológico

Departamento de Informática e Estatística Curso de Sistemas de Informação

Leonardo Martins Machado

Tecnologias proporcionando visibilidade na política.

Trabalho de Conclusão de Curso

Florianópolis 2019

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Leonardo Martins Machado

Tecnologias proporcionando visibilidade na política.

Trabalho de Conclusão de Curso apresen-tado ao curso de graduação em Sistemas de Graduação da Universidade Federal de Santa Catarina , como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de bacha-rel em Sistemas de Informação.

Orientador: Prof. Dr. José Leomar Todesco

Florianópolis 2019

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pensamentos. E como frase que me diria no momento da formatura a frase que deixou em minha rede social em meu último aniversário:

“Filho! Amanha estais completando mais um ano de vida e agradeço todos os dias por você ser meu filho e tenho muito orgulho pôr ser este filho maravilhoso,o que o pai poderia te desejar muitos anos ,saúde felicidade e sucesso na sua profissão uma profissão que você ama, parabéns filho, um forte abraço, estou sempre torcendo por ti, pois, o pai te Ama muito e lembro deste quando era uma pequena criança, adolescente e agora este homem, mas para mim, vais continuar sendo aquele menino. Feliz aniversario filho um beijo no seu coração e fica com Deus.”

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus por ter guiado meu caminho a este momento da minha vida.

Agradeço aos meus pais, Izabel Terezinha Martins Machado e Antônio Luís da Rosa Machado, que me ensinaram a sonhar e me dedicar e a batalhar por aquilo que acreditamos.

Gratulo também minha esposa, Lais Quirino de Lima Machado, por todo apoio, suporte e confiança depositado em mim nesse período, bem como pela compreensão, ajuda, e companheirismo.

Ao meu orientador, José Leomar Todesco pela oportunidade oferecida em trabalhar com o tema deste trabalho de conclusão de curso e pela orientação até este momento.

Aos meus filhos Beatriz Lopes Machado e Bernardo Lopes Machado, dois presentes de Deus em minha vida. Onde por muitos momentos tive de compartilhar minha atenção e dedicação com os estudos, com o objetivo de proporcionar uma melhor qualidade de vida, mas, muito mais repassar a eles o testemunho dos valores obtidos através dos meus pais.

A todos meus familiares e amigos que puderam acompanhar minha trajetória até este momento. Em especial minhas Irmãs Karoline Martins Machado e Gabriele Machado Furtado. Minhas sobrinhas Ana Luiza Machado Furtado e Sara Machado Furtado, duas princesas do meu coração. Meus colegas e amigos Marco Antônio Burgin e Filipe Linemburguer, amizade formada ao ingressarmos na faculdade auxiliando uns aos outros na construção do conhecimento no transcorrer do curso.

Aos professores e funcionários do curso de graduação em Sistemas de Informa-ção da UFSC e por todo conhecimento durante minha formaInforma-ção.

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Com o grande desenvolvimento tecnológico dos últimos anos, a computação tornou-se essencial na sociedade, tanto no mercado de trabalho como na vida dos cidadãos. Para as atividades políticas não têm sido diferente, com o intuito de promover maior participação da população no decorrer do mandato. Em diversas culturas em diferentes continentes e inclusive no Brasil tem se optado por mandatos compartilhados aonde o político eleito compartilha o seu poder de decisão com a sociedade ou grupo de pessoas as tornando assim “co-legisladores”. Poucos sistemas oferecem um suporte e acompanhamento para este modelo de gestão. Principalmente, voltado a um suporte abrangente deste tipo de política. Possibilitando a parametrização e a transparência nas consultas.

Deste modo, este trabalho analisa as principais funcionalidades dos sistemas de participação. Validando junto a população de algumas cidades o interesse na e-participação bem como quais funcionalidades encontradas nos sistemas pesquisados eram mais relevantes. Tendo como objetivo do trabalho a sugestão de um conjunto de funcionalidades avaliadas e refinadas para o perfil e relevâncias dos cidadãos pesquisados, como painel para votações prévias, indicadores para acompanhamento das atividades dos vereadores entre outras funcionalidades.

Palavras-chaves: e-Participação, mandato compartilhado, política, voto, Projetos de Lei, software politica.

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ABSTRACT

With the great technological development of recent years, computing has become essential in society, both in the labor market and in the lives of citizens. For the political activities they have not been different, in order to promote greater participation of the population during the mandate. In different cultures on different continents and even in Brazil, shared mandates have been chosen where elected politicians share their decision-making power with society or groups of people, thus making them “co-legislators”. Few systems offer support and follow up for this management model. Mainly, focused on a comprehensive support of this type of policy. Enabling parameterization and transparency in queries.

Thus, this paper analyzes the main features of e-participation systems. Validating with the population of some cities the interest in e-participation as well as which features found in the systems surveyed were most relevant. With the objective of the work the suggestion of a set of evaluated and refined features for the profile and relevance of the citizens surveyed, as a panel for previous voting, indicators for monitoring the activities of councilors among other features.

Keywords: e-Participation, shared mandate, politics, voting, Bills, political soft-ware.

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Figura 1 – PORTAL E-DEMOCRACIA . . . 34

Figura 2 – WIKILEGIS - FERRAMENTA DO E-DEMOCRIACIA PARA INTERAÇÃO 35 Figura 3 – WIKILEGIS VISUALIZAÇÃO DE UM PROJETO DE LEI . . . 35

Figura 4 – TELA INICIAL DEMOCRACYOS . . . 36

Figura 5 – VISUALIZAÇÃO DA PROPOSTA DE LEI E VOTO . . . 37

Figura 6 – PORTAL DE OLHO NAS METAS . . . 38

Figura 7 – VISUALIZAÇÃO DE UMA SUBPREFEITURA . . . 39

Figura 8 – VISUALIZAÇÃO DE UMA LINHA DE AÇÃO . . . 40

Figura 9 – TELA DE LOGIN PARA ACESSO AO PORTAL LOGIN CIDADÃO . . 41

Figura 10 – TELA PRINCIPAL PORTAL LOGIN CIDADÃO . . . 42

Figura 11 – VISUALIZAÇÃO MÓDULO DE MEDALHAS . . . 42

Figura 12 – VISUALIZAÇÃO MODULO DE SERVIÇOS . . . 43

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – GRAFICO FAIXA ETÁRIA . . . 49 Gráfico 2 – FORMAS DE ACESSO A INTERNET . . . 50 Gráfico 3 – HÁBITO DE ACOMPANHAR ATIVIDADE DOS VEREADORES . . 51 Gráfico 4 – FORMA DE ACOMPANHAR AS ATIVIDADES DOS VEREADORES 51 Gráfico 5 – FREQUÊNCIA DE ACOMPANHAMENTO SEMANAL . . . 52 Gráfico 6 – CASO A SUA OPINIÃO FOSSE CONSIDERADA HAVERIA MAIOR

INTERESSE NA PARTICIPAÇÃO . . . 53 Gráfico 7 – INTERESSE EM ATUAR NA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE LEIS 54 Gráfico 8 – INTERESSE NA PARTICIPAÇÃO EM DISCUSSÕES E DEBATES

NO AUXÍLIO DO VOTO DO VEREADOR . . . 55 Gráfico 9 – UTILIZAÇÃO DE UM SISTEMA PARA MONITOR AS ATIVIDADES

LEGISLATIVAS . . . 56 Gráfico 10 – REALIZARIA CADASTRO OU UTILIZARIA DE FORMA ANÔNIMA 57 Gráfico 11 – ASSUNTOS DE INTERESSE . . . 58 Gráfico 12 – RELEVÂNCIA DA FUNCIONALIDADE PARA ACOMPANHAR A

ME-TAS DE CAMPANHA E O QUE EFETIVAMENTE REALIZADO . . . 59 Gráfico 13 – RELEVÂNCIA DE UM ESPAÇO PARA DELIBERAÇÃO E

DISCUS-SÕES PARA OPINAR SOBRE O COTIDIANO DA CIDADE . . . 60 Gráfico 14 – RELEVÂNCIA NA FUNCIONALIDADE DE VISUALIZAÇÃO AO VIVO

DAS AUDIÊNCIAS EM PLENÁRIAS COM POSSIBILIDADE DE INTERAÇÃO . . . 61 Gráfico 15 – RELEVÂNCIA DA FUNCIONALIDADE ANALISAR PROPOSTAS DE

LEIS . . . 62 Gráfico 16 – RELEVÂNCIA DE UMA FUNCIONALIDADE QUE PERMITA A

PO-PULAÇÃO PROPOR PROJETOS DE LEIS . . . 62 Gráfico 17 – RELEVÂNCIA PARA A POSSIBILIDADE DE AVALIAR

COMENTÁ-RIOS E INTERAÇÕES DOS DEMAIS USUÁCOMENTÁ-RIOS . . . 63 Gráfico 18 – RELEVÂNCIA DE UMA FUNCIONALIDADE PARA VOTAÇÃO

PRÉ-VIA PELA SOCIEDADE . . . 64 Gráfico 19 – RELEVÂNCIA PARA A INTERAÇÃO DA POPULAÇÃO NA

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Tabela 1 – CLASSIFICAÇÕES DOS PAÍSES MAIS POPULOSOS . . . 12 Tabela 2 – NÍVEIS DE DESCRIÇÃO REQUISITOS . . . 28 Tabela 3 – PROPOSIÇÃO DE UM PROCESSO GENÉRICO DE

LEVANTA-MENTO, ANÁLISE E SUAS ATIVIDADES . . . 29 Tabela 4 – QUADRO COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS E FUNCIONALIDADES 44 Tabela 5 – NÚMEROS DE HABITANTES, ELEITORES E VEREADORES POR

CIDADE PESQUISADA. . . 45 Tabela 6 – RESPOSTAS DAS AMOSTRAS POPULACIONAIS POR MUNICÍPIOS 48

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEP Código de Endereçamento Postal

CF Constituição Federal

CF/88 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IEEE Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos

LC Lei Complementar LD Leis delegadas LO Leis ordinárias MC Mandato compartilhado MI Mantado individual MP Medida provisória

ONG ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL.

PEC Proposta de Emenda à Constituição

PROCERGS Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul

STF Supremo Tribunal Federal

TI Tecnologia da Informação

TIC Tecnologias da Informação e Comunicação TSE Tribunal Superior Eleitoral

UML Linguagem de Modelagem Unificada (do inglês, Unified Modeling Lan-guage)

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1 INTRODUÇÃO . . . . 12 1.1 CONTEXTO . . . . 12 1.2 OBJETIVOS . . . . 13 1.2.1 Objetivo geral . . . . 13 1.2.2 Objetivos específicos . . . . 13 1.3 JUSTIFICATIVA . . . . 14

1.4 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS . . . . 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA . . . . 15

2.1 DEMOCRACIA . . . . 15

2.2 POLÍTICA . . . . 16

2.3 ESTRUTURA POLÍTICA BRASILEIRA . . . . 16

2.3.1 Poder legislativo . . . . 17

2.4 GOVERNO ABERTO . . . . 19

2.4.1 Participação popular . . . . 21

2.4.2 Mandato compartilhado . . . . 24

2.5 ENGENHARIA DE REQUISITOS . . . . 25

2.5.1 Modelos de desenvolvimento de software . . . . 26

2.5.2 Desenvolvimento ágil . . . . 26

2.5.3 Requisitos . . . . 27

3 METODOLOGIA PROPOSTA . . . . 31

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS . . . . 31

3.2 DEFINIÇÃO DE ESCOPO . . . . 31

3.3 SISTEMAS DE E-PARTICIPAÇÃO USADOS COMO REFERÊNCIA 33 3.3.1 Portal e-Democracia da câmara dos deputados federal . . . . 33

3.3.2 DemocracyOS . . . . 36

3.3.3 De olho nas metas . . . . 37

3.3.4 Login cidadão . . . . 41

3.4 QUADRO COMPARATIVO DE FUNCIONALIDADES . . . . 44

3.5 POPULAÇÃO E AMOSTRA . . . . 45

3.6 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS . . . . 46

3.7 ANÁLISES DOS DADOS . . . . 47

4 ANÁLISES DA PESQUISA E RESULTADOS . . . . 48

4.1 ANÁLISE DA PESQUISA . . . . 48

4.1.1 População . . . . 48

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4.1.1.2 Formas que os cidadãos acompanham o trabalho dos vereadores

quando ocorre . . . 50

4.1.1.3 Interesse na participação das atividades dos vereadores . . . 53

4.1.1.4 Funcionalidades mais relevantes na percepção da população . . . . 58

4.1.2 Vereadores . . . 66

4.2 SUGESTÃO DE FUNCIONALIDADES PARA O SISTEMA . . . . 66

4.2.1 Usuário cidadão . . . . 66

4.2.2 Vereadores . . . . 67

4.2.3 Projetos de leis . . . . 67

4.2.4 Painel de Projetos . . . . 68

4.2.5 Permitir votação prévia pela sociedade . . . . 69

4.2.6 Espaço para deliberação e discussões para opinar sobre o coti-diano da cidade . . . . 69

4.2.7 Acompanhar as metas e trabalho dos vereadores . . . . 70

5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS . . . . 71

5.1 CONCLUSÕES . . . . 71

5.2 TRABALHOS FUTUROS . . . . 72

REFERÊNCIAS . . . . 73

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1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo é apresentado o problema, os objetivos gerais e específicos. Também será explicada a justificativa para o presente trabalho e a organização dos demais capítulos.

1.1 CONTEXTO

Constituição Federal do Brasil promulgada em 1988 (CF/88) estabelece em seu artigo 1.º um Estado Democrático de Direito que em seu parágrafo único diz:

“Todo o poder emana do povo, que o exerce através de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.“(BRASIL, 1988, Art. 1 par. Único)

O Brasil atualmente ocupa o quinto lugar na classificação de países mais populosos com uma população de 210.867.954hab e com 55701municípios. Apresenta um índice de indivíduos com acesso à “internet” de 67.472a cada 100 habitantes e o número de 113 assinaturas de celular a cada 100 habitantes.

Tabela 1 – CLASSIFICAÇÕES DOS PAÍSES MAIS POPULOSOS

Posição País Habitantes

1.º China 1.415.045.928

2.º Índia 1.354.051.854

3.º Estados Unidos da América 326.766.748

4.º Indonésia 266.794.980

5.º Brasil 210.867.954

World Population Prospects. United Nations, Population Division. <https://esa.un.org/unpd/wpp></table>. Acessado em: fevereiro 2019

A contribuição do cidadão na construção de um governo mais eficiente de-pende essencialmente do seu acesso à informação pública. É a partir dela que pode instrumentar-se para propor ações, expor criticas, acompanhar o cumprimento de me-tas, e fiscalizar as ações do governo e a gerenciamento dos recursos do município. Os governantes necessitam manter seus gerenciamentos em permanente transparência 1 (IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICAS, )

2 ICTEYE, Key ICT data and statistics. International Telecommunication Union (ITU). <http://www.itu.int/ net4/itu-d/icteye/AdvancedDataSearch.aspx>. Acessado em: março 2019

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Capítulo 1. INTRODUÇÃO 13

e assegurar dispositivos que possibilitem e estimulem a participação da população. Sendo hoje aliadas fundamentais no processo de construção de governos eficientes, transparentes e democráticos, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) necessitam, para bem operarem, de ações favorecedoras para inclusão digital da popu-lação e investimentos em infraestrutura tecnológica. Com isso os legisladores podem aumentar: a eficiência administrativa, podendo assim ter um espaço virtual de modo a debater ideias para elaboração de proposições, deliberar sobre os assuntos de pauta existente, mas sempre ouvindo a necessidade dos cidadãos.

No tocante do universo deste trabalho de conclusão de curso, são aplicados os conceitos de Engenharia de software de modo a levantar as funcionalidades para um sistema de informação, proporcionando a participação do cidadão nos processos e decisões do poder legislativo municipal.

Foram realizados estudos verificando as categorias de propostas para participa-ção popular no legislativo municipal, também verificaram-se os resultados de algumas cidades brasileiras que já utilizam alguma forma de participação cidadã. Aplicado um questionário para população e vereadores de cidades específicas de modo a verificar a adesão a uma ferramenta, bem como as funcionalidades mais adequadas à população pesquisada. Possibilidando a sugestão de um conjunto de funcionalidades focadas nas necessidades dos cidadãos pesquisados.

1.2 OBJETIVOS

Nessa seção serão apresentados os objetivos de modo a atender o problema apresentado

1.2.1 Objetivo geral

Levantar funcionalidades para um sistema de informação para a participação do cidadão no legislativo municipal.

1.2.2 Objetivos específicos

• Identificar propostas voltadas a participação do cidadão no legislativo municipal; • Apresentar uma tabela contendo o comparativo das principais funcionalidades

de cada sistema;

• Realizar entrevistas com cidadãos e com políticos do legislativo municipal para verificar adesão e a percepção de valor para as funcionalidades;

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1.3 JUSTIFICATIVA

Sem dúvida a “internet” proporcionou ótimas coisas para a sociedade como, por exemplo, a facilidade de se comunicar com os outros, de encurtar as distâncias, de comprar pela internet. Com a assimilação da internet e uma maior apreensão social dos recursos digitais vem mostrando, com o passar do tempo, a possibilidade de aproximar o legislador do cidadão e o cidadão do legislador de modo a possibilitar a geração de políticas públicas objetivas e coerentes com as necessidades da população.

Diante do fato apresentado é natural que existam ferramentas que tentam auxiliar neste processo, contudo, muitas vezes focando em um único ator ou prioritariamente no legislador e suas rotinas administrativas, ou o cidadão como um painel para exposição de ideias e canal de comunicação.

Portanto, a necessidade de se elicitar as principais funcionalidades para um sistema que atenda as principais necessidades de uma região ou população específica com hábitos e costumes que podem ser diferentes. Para que assim tenha a aderência tanto do cidadão quanto do legislador desta região.

1.4 ORGANIZAÇÃO DOS CAPÍTULOS

Este trabalho está organizado em cinco capítulos. O primeiro apresenta o problema e o contexto em que está inserido, a justificativa para a escolha do tema e os objetivos perseguidos.

O segundo traz a fundamentação teórica dos conceitos abordados, como a conceito mais amplo sobre democracia, política, estrutura política brasileira, uma visão do Poder Legislativo, Governo Aberto e sua variações como participação popular e mandato compartilhado, definição de requisitos de “software”.

O terceiro apresenta a metodologia, definição do escopo do trabalho, sistemas que propõe a participação dos cidadãos, que foram utilizados como base para o levantamento das funcionalidades de destaque. Uma tabela comparativa entre as aplicações e suas principais funcionalidades. Uma análise da população e amostra ao qual foram submetidos a um questionário, de modo a verificar o seu interesse. Os procedimentos para coleta de dados.

No quarto são apresentados as análises dos dados obtidos e os resultados da pesquisa que resultou na proposição de funcionalidades com maior aderência para a população pesquisada.

Finalmente, no quinto são apresentadas as conclusões e as possibilidades de trabalhos futuros.

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15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta etapa serão apresentados os conceitos básicos para entendimento do trabalho, fundamentados em cinco principais subseções: o conceito de democracia, definição de política, estrutura política brasileira, Governo aberto e levantamento de requisitos. Estas etapas permitem criar um raciocínio para a realização do estudo de caso. De modo a alcançar os objetivos anteriormente propostos.

2.1 DEMOCRACIA

A palavra democracia, formada por dois termos de origem grega: démos e kratía. No sentido primitivo, démos estava relacionado aos distritos que constituíam às dez tribos em que a cidade de Atenas foi dividida pelo legislador Clístenes, no século VI a.C. Registros indicam que o historiador Heródoto foi quem utilizou o termo democracia pela primeira vez no século V a.C.

Com o passar do tempo, démos passou a significar genericamente povo ou comunidade de cidadãos. Já o termo kratía deriva de krátos, relacionado a governo, poder. Daí a compreensão de democracia como governo do povo, de todos os cidadãos. Não só a palavra é de origem grega, mas também o conceito de democracia, tanto na elaboração teórica como em seu exercício na pólis democrática.

Na Atenas do século V a.C., a praça pública, chamada de ágora, era o local de encontro dos cidadãos, onde era comum se exercitar a arte de discutir situações problemáticas relacionadas à comunidade. É importante ressaltar que, nesta época, em Atenas apenas cerca de 10% da população era composta de cidadãos autorizados a participar destas reuniões ou assembleias, tendo em vista que eram excluídos os escravos, mulheres e estrangeiros.

Ainda desta maneira, é notável a adoção pelos atenienses deste modelo de governo em que a política aristocrática é substituída pela participação dos cidadãos, independentemente de sua classe social. Através de um sorteio se realizava a escolha dos governantes (políticos), desta forma, se garantia que sempre houvesse alternância entre o governante e governado. Esse regime caracterizava-se pela democracia direta (não era representativa), pois, a assembleia popular era responsável direta pelas tomadas de decisões. A democracia partia do pressuposto de que todos eram iguais perante a lei e tinham o mesmo direito à palavra.

As definições contemporâneas afirmam que democracia é o espaço do conflito de interesses, que, evidentemente, não deve ser camuflado, mas trabalhado por meio do debate público de ideias, evitando-se a violência. No entanto, se a democracia supõe o consenso, ou seja, a aceitação comum das regras após as discussões, esse

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procedimento não exclui o dissenso. Desta maneira, ao mesmo tempo, em que as leis devem ser obedecidas, estará sempre permanente a possibilidade de haver discor-dâncias, para que sempre haja possibilidades de futuros debates e reivindicações de alterações nas definições até então estabelecidas.

“A democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo”– Abraham Lincoln (1809 – 1865), presidente dos Estados Unidos.

Já o filósofo norte-americano Reinhold Niebuhr, define a necessidade de demo-cracia da seguinte maneira: “A capacidade do homem para a justiça faz a demodemo-cracia possível, mas a inclinação do homem para a injustiça faz a democracia necessária”

Por democracia se entende um conjunto de regras (as chamadas regras do jogo) que consentem a mais ampla e segura participação da maior parte dos cidadãos, em forma direta ou indireta, nas decisões que interessam a toda a coletividade. (BOBBIO, 1983)

2.2 POLÍTICA

Política é a ciência da governança de um Estado ou Nação um meio de mediar e compatibilizar interesses. Com origem em seu termo do grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público e tikós, que se refere ao bem comum de todas as pessoas. De forma abrangente a política está relacionada com ao espaço público e ao bem dos cidadãos.

O sistema político é uma forma de governo que engloba instituições políticas para governar uma Nação. Monarquia e República são os sistemas políticos tradicionais. Dentro de cada um desses sistemas podem ainda haver variações significativas ao nível da organização. Por exemplo, o Brasil é uma República Presidencialista, enquanto Portugal é uma República Parlamentarista.

Desta maneiria na seção seguinte é abordada a estrutura política Brasileira baseada na constituição federal com uma analise um pouco mais detalhada no esfera legislativa.

2.3 ESTRUTURA POLÍTICA BRASILEIRA

A atual CF/88 estabelece a estrutura política do Estado. A partir do preâmbulo e dos primeiros artigos, é definido o escopo da organização política e suas características, bem como as instituições que o alicerçam o Estado Brasileiro os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. O Legislativo tem implicação direta no funcionamento do Estado e no processo de formação das leis.

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Capítulo 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 17

O poder executivo tem como objetivo auxiliar na resolução dos problemas do povo e do estado. Na esfera federal quem o exerce o papel de representante é o presidente e o vice-presidente da república. No âmbito estadual quem desempenha esse papel é governador e o vice- governador do estado. No espaço municipal quem o representa é o prefeito e o vice prefeito. Em todas as esferas os chefes do executivo são eleitos pelo voto popular direto.

No legislativo primazia como objetivo elaborar as leis que regulam o Estado. É formado pela Câmara dos Deputados e o Senado na esfera federal, nos estados as câmaras dos deputados, e nos municípios as câmaras de vereadores. Entre as funções elementares do poder legislativo está a de fiscalizar o poder executivo, votar leis relativas aos orçamentos e, em situações específicas, julgar determinadas pessoas, como os representantes do executivo ou os próprios membros da assembleia.

Judiciário é formado por ministros, desembargadores e juízes, os quais têm a função de julgar, de acordo com as leis criadas pelo Poder Legislativo e de acordo com as regras constitucionais do país. Cabe-lhe a função de aplicar as Leis. Para solucionar conflitos resultantes das relações interpessoais da vida humana. O Poder Judiciário utiliza mecanismos, como o processo judicial, para resolver determinadas situações com base nas leis vigentes. Considerando os costumes vigentes na sociedade e as decisões anteriores tomadas pelo próprio Poder Judiciário em situações iguais ou semelhantes à situação em questão.

O artigo 18 da CF/88 estabelece a segmentação politico-administrativa Brasil, revelando que o país é uma República Federativa Presidencialista, compreendido pela União, estados e municípios, onde a atividade de poder é atribuída a cada esfera de forma autônoma regidos pela CF/88.

Os representantes do executivo e legislativo são eleitos pelo povo de forma direta o que representa o Brasil como sendo uma República. Em ambas esferas o mandato é por um período determinado. Presidencialista, porque o presidente da República é Chefe de Estado e também Chefe de governo. Por sua uma República Federativa devido à autonomia politica dos estados.

Para efeitos do estudo foi delimitada a esfera legislativa uma vez que é nela que são geradas as leis e políticas públicas que impactam diretamente o cidadão.

2.3.1 Poder legislativo

O Poder Legislativo Federal é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe de duas casas legislativas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. A Câmara, composta por quinhentos e treze deputados, o critério para a divisão do número de cadeiras é o da proporcionalidade quanto mais habitantes a unidade federativa tiver,

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maior será o seu número de representantes. Assim, os estados menos populosos têm direito a, no mínimo, oito cadeiras e os mais populosos a, no máximo, setenta. O Senado Federal é composto por oitenta e um senadores três para cada um dos 26 estados e para o Distrito Federal, em uma divisão igualitária. Há ainda uma diferença em relação à duração dos mandatos enquanto o dos senadores é de oito anos, o dos deputados é de quatro.

Ambos com a função de legislar e fiscalizar sendo que legislar diz respeito à edição de atos normativos primários, que são aqueles cujo fundamento decorre diretamente da CF/88, e que podem instituir direitos ou criar obrigações.(SENADO FEDERAL, 2018)

As proposições normativas passam por um conjunto de atos até que se tornem normas é denominado de processo legislativo. O processo legislativo compreende a elaboração de emendas à Constituição, leis complementares (LC), leis ordinárias (LO), leis delegadas (LD), medidas provisórias (MP), Decretos legislativos, Resoluções

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pode ser apresentada pelo presi-dente da República. Por um terço dos deputados federais, ou dos senadores, ou por mais da metade das assembleias legislativas, desde que cada uma delas se mani-feste pela maioria relativa de seus componentes. Não podem ser apresentadas PECs para suprimir as chamadas cláusulas pétreas da Constituição (forma federativa de Estado; voto direto, secreto, universal e periódico; separação dos poderes e direitos e garantias individuais). A PEC é discutida e votada em dois turnos, em cada Casa do Congresso, e será aprovada se obtiver, na Câmara e no Senado, três quintos dos votos dos deputados (308) e dos senadores (49).

A Leis Complementares podem ser apresentadas pelo Chefe do Estado, por deputados, senadores, comissões da Câmara, do Senado e do Congresso, bem como pelo Supremo Tribunal Federal (STF), tribunais superiores, procurador-geral da Repú-blica e por cidadãos comuns. A lei complementar fixa norma para a cooperação entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, conforme a Constituição. O quórum para aprovação de projeto de lei complementar é maioria absoluta das duas Casas do Congresso (41 senadores e 257 deputados). A votação no Senado é feita em turno único, mas na Câmara realiza-se em dois turnos.

Lei Ordinária trata de assuntos diversos da área penal, civil, tributária, admi-nistrativa e da maior parte das normas jurídicas do país, regulando quase todas as matérias de competência da União, com sanção do presidente da República. O projeto de lei ordinária é aprovado por maioria simples. Pode ser proposto pelo presidente da República, deputados, senadores, Supremo Tribunal Federal (STF), tribunais superiores e procurador-geral da República. Os cidadãos também podem propor tal projeto, desde que seja subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado do país, distribuído pelo menos

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Capítulo 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 19

por cinco estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles.

Lei Delegada elaborada pelo presidente da República, que solicita concessão especial ao Congresso, ou seja, uma delegação do Legislativo para poder elaborar a lei. Não podem ser objetos de lei delegadas atos de competência exclusiva do Congresso, da Câmara e do Senado, nem temas relacionados com a organização do Judiciário e do Ministério Público. Outros assuntos que ficam fora da lei delegada: nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos, eleitorais, planos plurianuais e orçamentos.

Medida provisória é a norma legislativa adotada pelo presidente da República que, pela sua definição, deve ser editada somente em casos de relevância e urgência. A MP começa a vigorar imediatamente após sua edição, mas, para virar lei, precisa ser aprovada pelo Congresso. Vigora por 60 dias, que podem ser prorrogados por igual período, caso não seja votada nesse tempo. Se não for aprovada pela Câmara e o Senado até o prazo final perde a validade desde sua edição, ficando o Executivo impedido de reeditá-la na mesma sessão legislativa. Sua tramitação começa pela Câmara e, depois, é remetida ao Senado. Quando é modificada no Congresso vira Projeto de Lei de Conversão (PLV), e caso o Senado altere o texto aprovado pela Câmara a matéria volta a ser apreciada pelos deputados.

2.4 GOVERNO ABERTO

A publicação de informações em portais de transparências e prestações de con-tas e seu acesso permitem o monitoramento da sociedade nos investimentos públicos, e gera um fenômeno caracterizado por autoalimentação: a informação disponibilizada para a sociedade produz uma demanda por informação adicional e obriga os governos a divulgarem mais conteúdo e de melhor qualidade (ABRAMO, 2011).

Trazendo benefícios como aumento da transparência, redução da corrupção, conveniência ao público externo e redução de custos para a administração.

Dessa transparência, pressupõe-se a possibilidade do exercício de accountabi-lity por todos os stakeholders envolvidos na gestão pública.(SECCHI, 2009) resume accountability como a congruência dos conceitos de responsabilização, transparência e controle. (BEZERRA, 2008) acrescenta uma vertente mais política que conduza o cidadão a acompanhar despesas e investimentos públicos baseados nas campanhas eleitorais de seus candidatos.

Para (PINHO; SACRAMENTO, 2009), o termo accountability é muito usado na literatura em seu conceito simplista: prestação de contas. Numa perspectiva mais íntegra de seu conceito, ele aborda três questões para sua eficácia: informação, justi-ficação e punição. Os dois primeiros são relativos à própria prestação de contas e a obrigação dos agentes públicos de informarem e explicarem seus atos; e, o último –

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punição – trata da capacidade de aplicar sanções e levar a perda de poder àqueles que agirem contra os deveres públicos, como forma de punir comportamentos inadequados e responsabilizar agentes públicos pelos seus atos.

Desta maneira, para promover accountability, os governos precisam dar con-dições de acesso à informação pública e criar mecanismos de gestão da informação governamental, isto é, produzir e disponibilizar conteúdos que possibilitem de forma efe-tiva melhores condições de acesso às informações, transparência e controle(JARDIM, 2006).

Para reduzir a desigualdade informacional entre cidadão e governos e aumentar a transparência na gestão (CUNHA, 2016), surge o conceito de dados abertos, traduzido como:

Dados acessíveis ao público, representados em meio digital, estruturados em formato aberto, processáveis por máquina, referenciados na internet e disponibilizados sob licença aberta que permita sua livre utilização, consumo ou cruzamento, limitando-se a creditar a autoria ou a fonte(BRASIL, 2012).

Oito princípios norteiam o conceito dos dados abertos de governo3: completo, primário, atual, acessível, legível ou processado por máquinas, acesso não discrimina-tório, formato não proprietário e com licença livre (United Nations, 2016), baseado nas três Leis de Dados Abertos:

i) se um dado não pode ser encontrado ou indexado na Web, então ele não existe; ii) se o dado não estiver aberto e disponível em formato compreensível por máquina, ele não pode ser reaproveitado; por fim, iii) se algum dispositivo legal não permitir sua replicação, então o dado não é útil (EAVES, 2009).

Da definição de dados abertos, nasce o conceito de Governo aberto4, iniciativa americana do governo de Obama, que se espalhou pelo Canadá e por países europeus, principalmente de língua germânica (KRABINA, 2012).

O governo aberto é baseado em dois elementos: dados governamentais e dados abertos, e tem por objetivo aumentar a transparência e accountability e trazer inovação, eficiência e flexibilidade ao governo (UBALDI, 2013). Mais recentemente, este conceito ganhou ênfase à abertura e participação para cidadãos atuarem nos governos numa perspectiva de “visão” e “voz”, onde o Estado cria condições para a sociedade “ver” melhor as ações governamentais, ao mesmo tempo que dá “voz” para uma participação efetiva e interativa da população. Sob estes dois pontos de vista, o governo aberto 3 Disponível em: <https://opengovdata.org/>. Acesso em 08/05/2018.

4 Faria (2016) comenta que o conceito tem estrapolado os limites do poder executivo, e ganhado força também no legislativo, com iniciativas voltadas à transparência da atuação parlamentar e ampliação da voz do cidadão, o que faz o autor defeni-la como “Estado aberto”.

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Capítulo 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 21

levaria a um Estado mais responsivo e consonante com a vontade da sociedade (FARIA, 2016).

O governo aberto promove assim transparência e controle sobre investimentos públicos, que refletem em ações mais assertivas por parte dos governos. Serviços públicos digitais contribuem para uma gestão pública voltada a atender às necessida-des da população, principalmente quando esta participa da formulação escolhendo democraticamente quais serviços devem ser disponibilizados on-line.

Isso cumpre ao que (TONHATI, 2011) define como modelo democrático delibe-racionista, pautado na liberdade do debate público, livre e aberto, em que a população discute os assuntos de seus interesses com vistas a consensualidade. As TI servem como suporte a este modelo de gerenciamento, dando as ferramentas necessárias para que as ações sejam informadas, debatidas e implementadas quando e como melhor convier à população, deixando o e-gov de ser um instrumento unicamente para desburocratizar a gestão pública.

2.4.1 Participação popular

No presente trabalho designada como participação popular, mas também tra-dada como participação cidadã5por outros autores, consiste no processo de atuação do povo na esfera pública de um Estado; traduz-se na intervenção do povo nas ins-tâncias de poder, seja por meio da ação conjunta nos processos decisórios, seja por intermédio do planejamento e da atividade fiscalizadora.

Adota-se, pois, um conceito amplo de participação, representado pela influência do povo em tudo o que diz respeito às suas necessidades sociais. Consiste em um processo de conquista, inerente à natureza política do homem – entendendo-se política como todo e qualquer ato voltado à satisfação dos interesses da coletividade, ou seja, “a conjugação das ações de indivíduos e grupos humanos, dirigindo-as a um fim comum” (DALLARI, 2004, 10)

Não sendo um ato isolado a participação, é um processo de conquista e luta, por meio do qual o cidadão, ciente de sua responsabilidade social e na condição de sujeito ativo de seu próprio legado, atua em conjunto com o poder legitimado, em prol do interesse da coletividade. Democratizando a esfera pública.

A participação popular consiste, pois, em um processo social construído a cada dia, com a prática participativa, por meio do que o homem se realiza como tal; “. . . é o próprio processo de criação do homem ao pensar e agir sobre os desafios da natureza e sobre os desafios sociais [. . . ] um processo dinâmico e contraditório. . . ” (SOUZA, 5 Discorda-se do posicionamento de TEIXEIRA, op. cit., 31-32, onde é feita uma correção para participação cidadã, haja vista que participação popular estaria vinculada apenas aos movimentos reivindicativos.

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2004, 81), de enfrentamento dos problemas da sociedade e de reconhecimento da própria essência política do homem.

A participação não é somente um instrumento para a solução de problemas mas, sobretudo, uma necessidade fundamental do ser humano [. . . ] A par-ticipação é o caminho natural para o homem exprimir sua tendência inata de realizar, fazer coisas, afirmar-se a si mesmo e dominar a natureza e o mundo(BORDENAVE, 1994, 16)

Os teóricos da democracia participativa conceituam participação popular. Para Bordenave (1994, 22-23), participar é “. . . fazer parte, tomar parte ou ter parte” em uma democracia participativa, sendo esta “aquela em que o povo faz parte de uma nação, tem parte na condução do Estado e toma parte na construção da sociedade da qual se sentem parte”, sendo princípios basilares da participação: 1) ter a natureza de direito; 2) possuir um fim em si mesmo; 3) constituir-se em um processo de desenvolvimento de consciência crítica e aquisição de poder; 4) gerar no povo um sentimento de apropriação (no sentido de pertencimento) do poder; 5) ser algo que se aprende praticando; 6) conter a possibilidade de ser organizada e provocada; 7) necessitar dos meios de comunicação; 8) exigir respeito as suas diversas formas de manifestação; 9) suportar o risco de gerar conflitos; e, 10) não ser imprescindível em todos os momentos (BORDENAVE, 1994, 77/80).

(JACOBI, 2002, 25) define a participação como um novo partilhar do processo decisório. Carole Pateman analisa as teorias de Rousseau, Stuart Mill e G. D. H. Cole para delinear os contornos de uma teoria da democracia participativa em que a participação é tida como a tomada de decisões em todas as áreas, desde que assegurada a “igualdade de poder na determinação das consequências das decisões” (PATEMAN, 1992, 62), ressaltando-a como elemento essencial à democratização do sistema político.

Já para Demo (1988), a participação só pode ser entendida como conquista, como processo infindável de autopromoção humana, jamais como concessão, haja vista constituir a base fundamental do Estado. A participação aparece como processo que tem por objetivos a autopromoção como forma de superação da situação assis-tencialista, a realização da cidadania, o exercício democrático – por meio do qual se aprende “a eleger, a deseleger, a estabelecer rodízio no poder, a exigir prestação de contas, a desburocratizar, a forçar os mandantes a servirem à comunidade [. . . ]” (DEMO, 1988, 71), bem como o controle do poder e da burocracia pelo povo, a imple-mentação da negociação como forma de solução de conflitos e a consolidação de uma cultura democrática (DEMO, 1988, 66-79)

Por sua vez, Elenaldo Teixeira, conceitua participação como a tomada de parte em um ato ou em um processo, em uma atividade política e coletiva; “[. . . ] considera-se participação política desde comparecer a reuniões de partidos, comícios, grupos

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Capítulo 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 23

de difusão de informações, até o inscrever-se em associações culturais, recreativas, religiosas ou, ainda, realizar protestos, marchas, ocupações de prédios” (TEIXEIRA, 2002, 25).

Conforme o entendimento por ele explanado, a participação ideal é aquela ne-cessariamente ligada à cidadania, ao cívico, que enfatiza “[. . . ] as dimensões de univer-salidade, generalidade, igualdade de direitos, responsabilidade e deveres” (TEIXEIRA, 2002, 32); é a ação organizada do povo com o escopo de assumir a responsabilidade para com as decisões de interesse coletivo e concretizar o processo democrático.

Como pressupostos da participação, o autor apresenta a prática do diálogo entre as partes – sociedade civil e Estado -, a conscientização do povo e a solidificação de uma cultura democrática, bem como a existência de mecanismos institucionais que lhes ofereça uma condição de permanência e regularidade (TEIXEIRA, 2002, 27-29).

Teixeira aborda também a participação como tomada de decisões pelo cidadão criticando as teorias de Sartori e Shumpeter, consoante as quais as sociedades atuais, por serem complexas, não comportam a descentralização do poder. Para ele, cuidam de ideias elitistas que negam elementos fulcrais do próprio conceito de democracia, fazendo a ressalva, contudo, de que a participação deve ser moderada, estratégica, mormente porque a sociedade não pode substituir totalmente o Estado (TEIXEIRA, 2002, 33-36).

Macedo, Rocha e Moraes Filho (2005, 112), aborda a participação como forma

[. . . ] de intervenção da soberania popular nas tomadas de decisão das ins-tâncias públicas do poder e ao exercício do controle político sobre as ma-nifestações legislativas e as posturas judicativas e governamentais. Essas intervenções podem ser feitas através da iniciativa popular legislativa, da revo-gação de mandatos e do plebiscito, da eletividade e do impeachment de juízes leigos e togados, do referendo e do veto popular, entre outros mecanismos e modelos de controle e participação.

Fonseca (2003, 720) esclarece que a participação popular enquanto princípio constitucional é aquela participação do cidadão sem interesse individual imediato, tendo como objetivo o interesse comum, ou seja, é o direito da participação política, de decidir junto, de compartilhar a administração, opinar sobre as prioridades e fiscalizar a aplicação dos recursos públicos.

Alguns dos conceitos aqui abordados consideram participação popular como um processo por meio do qual o povo, de forma livre e consciente, toma parte nas decisões políticas do Estado sendo para fim o deste estudo o conceito adotado.

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2.4.2 Mandato compartilhado

Com a transparência dos dados e o acesso à informação aumentou o inte-ressante dos cidadãos estarem inclusos nos processos decisórios e deliberativo das políticas públicas com isso tem crescido nas últimas eleições as candidaturas onde a legislatura não fica na mão de um candidato, mas sim nas decisões de um coletivo de pessoas.

Sendo uma modalidade de representação legislativa delegada em que o par-lamentar compartilha o poder político com um grupo de pessoas. Significando que o mandato não é uma propriedade individual, mas sim é exercido junto às pessoas que o ajudaram a eleger. Tendo como compromisso dar transparência às ações, abrir debates no Mandato Compartilhado sobre as pautas legislativas e respeitar a vontade da maioria deste grupo nas matérias de política pública que chegarem a voto em Plenária.

Contudo, não há amparo legal para tal modalidade, tramita no congresso uma PEC que visa legitimar o modelo de Mandado Compartilhado a PEC-379/2017 sob a justificativa:

No momento em que o País enfrenta grave crise ético-política, consideramos necessário rever nosso sistema eleitoral e representativo, com vistas a ampliar a participação da sociedade nas decisões políticas. Por essa razão, propomos a discussão de novo modelo para o ordenamento jurídico-constitucional bra-sileiro, a fim de instituir a possibilidade de os mandatos, no âmbito do Poder Legislativo, serem individuais ou coletivos.(BRASIL, 2017)

No artigo mandato individual vs mandato coletivo (VIEIRA; CROZATTI; RI-BEIRO, 2012), os autores fazem um comparativo nas eleições municipais para verea-dor em duas cidades de São Paulo, trançando um paralelo entre uma campanha de mandato individual (MI) e uma através do mandato compartilhado (MC). Obtendo como custo de campanha valores consideráveis onde com 91 206 eleitores, o dispêndio total da campanha do MI foi superior a 43 mil reais, e recebeu 586 votos, o que faz o gasto por eleitor igual a R$ 0,47 e R$ 73,82 por voto. Já no MC abrangeu 201 368 eleitores, tendo um custo total superior a 10 mil reais, obteve 2 020 votos com média de R$ 0,052 por eleitor e R$5,18 por voto recebido.

O Tribunal Superior Eleitoral permitiu o registro de pelo menos nove candidaturas coletivas nestas ultimas eleições de 2018, formadas por grupos de pessoas que se uniram para concorrer a uma única vaga no Legislativo. Na solicitação destas nove candidaturas eram para que na urna no nome constasse como “Mandato Coletivo” o que poderia remeter ao número maior de possíveis chapas seguindo este modelo.

Diante da complixidade dos processos do legislativo e as necessiades dos cida-dãos é necessario recorrear a Engenharia de Requisitos de modo a dar fundamentos

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Capítulo 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 25

para obtenção levantamentos das funcionalidades e necessidades dos interessados pelo sistema. Nas proximas seções foram abordados concentos de Engenharia de Software modelos de desenvolvimento, modelo agil de desenvolvimento e a definição de requisitos de sistema.

2.5 ENGENHARIA DE REQUISITOS

Segundo a IEEE (Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos) que é uma organização profissional sem fins lucrativos com o intuito de promover conhecimento no campo da engenharia elétrica, eletrônica e computação, afirma em duas normas [IEE84; IEE91] que o processo de aquisição, refinamento e verificação das necessidades do usuário é chamado de Engenharia de Requisitos (ER). Tem por objetivo sistematizar o processo de definição de requisitos, obtendo uma correta e completa especificação dos requisitos.

Leite (1994) define Engenharia de Requisitos como uma “disciplina que procura sistematizar o processo de definição de requisitos”. Segundo ele, esta “sistematização é necessária porque a complexidade dos sistemas exige que se preste mais atenção ao correto entendimento do problema antes do comprometimento de uma solução”.

De acordo com Paula Filho (2003, 15), a boa engenharia de requisitos reduz a instabilidade destes, ajudando a obter os requisitos corretos em um estágio anterior ao desenvolvimento. Entretanto, alterações dos requisitos são às vezes inevitáveis. A engenharia de requisitos é sujeita a limitações humanas, e mesmo que o levantamento seja perfeito, podem ocorrer alterações de requisitos por causas externas aos projetos. Por exemplo, a legislação pode mudar no meio do projeto, requerendo alterações nos relatórios que o produto deve emitir.

Outros autores também seguem o mesmo raciocínio, Sommerville (2011) por exemplo, ressalta que Engenharia de Requisitos é “o processo de compreensão e definição dos serviços requisitados do sistema e identificação de restrições relativas à operação e ao desenvolvimento do sistema”. O autor reforça que “é um estágio particularmente crítico do processo de software, pois erros nessa fase inevitavelmente geram problemas no projeto e na implementação do sistema”.

Segundo Pressman (2006), a Engenharia de Software é composta por méto-dos, ferramentas e procedimentos. Ela possibilita ao gerente do projeto controlar todo o processo de desenvolvimento, e ainda oferece ao programador um apoio para a implementação de um produto com qualidade. O autor diz também que estes paradig-mas contêm três fases genéricas que são encontradas em todo desenvolvimento de software: definição, desenvolvimento e manutenção.

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2.5.1 Modelos de desenvolvimento de software

Para a construção de um software, diferentes modelos de desenvolvimento foram arquitetados com o intuito de padronizar e prover auxílio às suas produções. Há uma generalização em tais modelos que podem ser observadas nas seguintes camadas: comunicação, planejamento, modelagem, construção e implantação. Contudo, para cada camada pode ser dado um enfoque diferente, ou ainda ela ser invocada de maneira diferente, dependendo do modelo em questão (PRESSMAN, 2006).

Diferentes itens intermediários são produzidos até que se chegue no produto final, como por exemplo: dados de carga, manuais, análises, relatórios, testes, compo-nentes, formulários, planos de trabalho, especificações, cenários de uso, glossários, diagramas UML, entre outros. Genericamente, tais elementos são denominados ar-tefatos. Estes são criados ou atualizados em diferentes fases da produção de um software juntamente com um conjunto de ferramentas, que deve ser usado para arma-zenar dados futuramente empregados em análises ou servidos como uma parte da documentação (PRESSMAN, 2006).

Os documentos exercem duas funções específicas: atuam como registros his-tóricos das decisões do projeto e também como manuais explicativos do código, fun-cionamento do sistema e regras de negócio. A documentação possui forte influência na comunicação da equipe desenvolvedora e suas interações com os stakeholders (AMBLER, 2018). Porém, na prática, a comunicação através de documentos dificilmente substitui a comunicação verbal e as interações entre pessoas. Dois níveis de interações têm sua criação incentivada pela utilização de documentos: oficial, que é feito através do conjunto de artefatos produzidos para o projeto; e outro informal, onde estão as relações interpessoais, englobando os bate-papos, conversas ao telefone, troca de e-mails e pequenas discussões (GOTEL; FINKELSTEIN, 1994).

2.5.2 Desenvolvimento ágil

Com a evolução e troca de experiências dos processos de Engenharia de Software, modos de trabalho foram adotados se opondo aos principais conceitos das metodologias tradicionais. Tais modos passaram a ser chamados de leves e formaram novas metodologias que não utilizavam as formalidades que caracterizam os processos tradicionais, evitando a burocracia imposta na utilização excessiva de documentos.

Desta maneira, foram identificados 12 princípios determinantes para a obtenção de bons resultados publicados no Manifesto Ágil (BECK et al., 2001), representado por quatro premissas:

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Capítulo 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 27

• Software em funcionamento é mais importante que documentação abrangente • Colaboração com o cliente é mais importante que negociação de contratos • Responder a mudanças é mais importante que seguir um plano

A implantação de uma metodologia ou partes de seus conceitos é algo muito trabalhoso e visto como uma grande demanda de esforço ao desenvolvimento.

Mudar padrões já estabelecidos e adotar uma metodologia, geralmente, não é bem vista dentro da equipe de desenvolvimento. Aos olhos da equipe, pode ser notado uma piora no desempenho logo de início.

As metodologias ágeis buscam a geração de documentos indispensáveis ao projeto, sem que haja excessos de criação e/ou entendimentos destes. Propondo a obtenção de resultados práticos em um período menor do que a indústria de software estava acostumada, as metodologias ágeis tiram o foco do processo e o colocam no produto. Tal construção promove uma base de conhecimento que será usada no futuro para melhoria dos processos e para a própria reorganização da metodologia. Proporcionando, assim, um vislumbramento mais nítido dos pontos e processos em déficit de progresso (PRESSMAN, 2006).

O estudo de metodologias, principalmente as ágeis, leva a acreditar que a adoção de um método, ou parte dele, dentro do processo de desenvolvimento só vem a contribuir para a otimização dos esforços dos recursos, tanto humanos como financeiros, na organização.

2.5.3 Requisitos

O processo de descobrir quais funções o sistema deve realizar e quais as suas restrições dentro destas funções são caracterizado como levantamento de requisitos. Operações que venham a constituir a funcionalidade do sistema são chamadas de requisitos funcionais. As restrições sobre essas operações são conhecidas como requisitos não funcionais (WAZLAWICK, 2011, 30-31).

Sommerville destaca:

O termo requisito não é usado de forma consistente pela indústria de software. Em alguns casos, o requisito é apenas uma declaração abstrata em alto nível de um serviço que o sistema deve oferecer ou uma restrição a um sistema. No outro extremo, é uma definição detalhada e formal de uma função do sistema. (SOMMERVILLE, 2011)

Os requisitos de um sistema são descrições dos serviços oferecidos pelo sistema e as suas restrições de operação.(SOMMERVILLE, 2011) expõe os diferentes níveis de

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descrição dos requisitos e que estes precisam ser separados por tipos, propondo então dois diferentes níveis de requisitos, os requisitos de usuário e os requisitos de sistema.

Tabela 2 – NÍVEIS DE DESCRIÇÃO DOS REQUISITOS

Termo Cabeçalho

Requisitos de usuário Declarações em linguagem natural, com diagramas dasfuncionalidades esperadas do sistema e suas restrições de operação.

Requisitos de sistema

Definem com detalhes as funções, os serviços e as restrições operacionais do sistema. O documento de requisitos deve ser preciso, deve definir exatamente o que será implementado.

Sommerville (2011)

Os requisitos devem ser traduzidos em diferentes níveis de detalhes, pois leito-res diferentes utilizam os requisitos de diversas maneiras. Os leitoleito-res dos requisitos de usuário geralmente não se preocupam com o modo com que a aplicação será implementada e podem ser, por exemplo, gerentes que não estejam interessados em recursos detalhados do programa. Já os leitores dos requisitos de sistema neces-sitam saber o que a aplicação fará e de que forma, devido estarem envolvidos na implementação sistema (SOMMERVILLE, 2011).

Wiegers e Beatty (2013) fazem a distinção dos requisitos de software em três níveis: Requisitos de negócio, requisitos de usuário e requisitos funcionais. Além disso, todo sistema necessita de requisitos não funcionais.

De acordo com (PAULA FILHO, 2003, 15), a boa engenharia de requisitos minimiza a volubilidade destes, auxiliando na obtenção dos requisitos corretos em uma etapa anterior ao desenvolvimento. Ainda assim, mudanças nos requisitos são às vezes inevitáveis. Uma vez que a engenharia de requisitos está sujeita as limitações humanas, e mesmo que se tenha um levantamento perfeito, podem ocorrer alterações de requisitos por causas externas aos projetos. Por exemplo, a legislação pode mudar no meio do projeto, requerendo alterações nas funcionalidades da aplicação.

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Capítulo 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 29

Tabela 3 – PROPOSIÇÃO DE UM PROCESSO GENÉRICO DE LEVANTAMENTO, ANÁLISE E SUAS ATIVIDADES

Atividade Descrição

Compreensão

do domínio Compreender o domínio da aplicação. Coleta de

requisitos

Interação com os stakeholders para elicitar seus requisitos da aplicação. Neste processo se obtêm uma maior compreensão do domínio do sistema.

Classificação Concebe a coleção não estruturada dos requisitos e os organiza emgrupos coerentes. Resolução

de conflitos

Quando múltiplos stakeholders estão envolvidos, os requisitos podem apresentar conflitos. Essa atividade tem por objetivo solucionar estas inconsistências.

Definição das prioridades

Alguns requisitos serão mais importantes do que outros. Esse estágio envolve interação com os stakeholders para elencar os requisitos mais relevantes.

Verificação de

requisitos

Verificar os requisitos de moto a descobrir se estão completos, consistentes e em concordância com o que os stakeholders esperam da aplicação

Sommerville (2011)

A análise de requisitos é o mapeamento das funcionalidades desejadas para o software. Sendo fundamental um conhecimento detalhado sobre as regras de negócio e o domínio que o sistema se propõe a tratar. As interfaces necessárias para interação e demais fatores que possibilitarão que outros sistemas e usuários interajam com o software, sendo documentados e acordados com o cliente.

Com a abordagem das entregas frequentes das metodologias ágeis, conforme os requisitos surgem. Cada versão entregue deve ter o menor tamanho possível, contendo os requisitos de maior valor para o negócio (BUENO; BUENO; BORBA, 2008).

O amadurecimento das práticas ágeis possibilitou a compreensão de que os requisitos são mutáveis e suas alterações devem ser bem-vindas. Dentre as razões responsáveis por modificações nos requisitos estão a dinâmica das organizações, as alterações nas leis, as mudanças pedidas pelos stakeholders, que geralmente têm dificuldades em definir o escopo do futuro software ou a necessidade de alterações nas regras de negócio de versões já em produção(SOARES, 2004).

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31 3 METODOLOGIA PROPOSTA

No presente capítulo serão apresentados os procedimentos metodológicos adotados, definição do escopo para o trabalho de pesquisa. Será abordado também os sistemas de e-participação utilizados como referência e uma tabela comparativa com suas funcionalidades. Apresentar-se-ão dos dados da população e amostras utilizadas na pesquisa e os procedimentos para coleta de dados. Por fim a análise dos dados obtidos.

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS • Definição do escopo do trabalho; • Principais sistemas de e-participação; • Quadro comparativo de funcionalidades • População e amostra;

• Procedimentos de coleta de dados; • Análises dos dados.

3.2 DEFINIÇÃO DE ESCOPO

Atualmente existem poucos sistemas de e-participação existentes que tratam de forma muito generalista as funcionalidades atendendo de forma superficial as necessida-des da população e legisladores, ainda especializadas ou construídas especificamente para atender as necessidades de uma única região de acordo com suas leis.

Foram consideradas, as aplicações de e-participação Wikilegis iniciativa do por-tal e-democracia do senado federal, DemocracyOS encabeçado pela ONG Democracia em Rede, De olho nas metas, mantida pela organização da sociedade cível REDE NOSSA SÃO PAULO, e por fim Login Cidadão, desenvolvido por PrograM@nas em parceria com Instituto Mutirão, para levantamento dos principais funcionalidades para validação junto aos principais atores.

De modo a validar as principais funcionalidades este trabalho utilizou o instru-mento de estudo de caso, e se encontra no âmbito de pesquisa descritiva por apresentar característica de análise e observação. Relacionado as funcionalidades existentes nos sistemas de e-participação e sua aceitação junto a população e vereadores das cidades pesquisadas.

Para Id., 2002 a pesquisa possui o objetivo de buscar respostas aos problemas que são propostos, visando identificar as fronteiras para se se possa de maneira

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satisfatória responder a determinados problemas, ou ainda quando existe desordem quanto às informações de que se dispõe.

Id., 1987 categoriza as diferentes categorias de estudos em três categorias de estudos, considerando as suas finalidades em: pesquisas exploratórios, descritivas e experimentais. Assim a forma de estudo utilizada neste trabalho foi a pesquisa descritiva.

Segundo Id., 2002 o estudo de caso se caracteriza não como uma técnica particular, mas sim como uma análise que busca englobar o geral. Considerando a medida social estudada na totalidade, seja uma instituição ou uma comunidade, uma família, ou um único indivíduo com o objetivo de melhor compreendê-los em seus termos. Esse estudo colhe a maior quantidade de informações detalhadas através de diferentes técnicas de pesquisa buscando uma compreensão da situação na totalidade.

Em um primeiro momento, como parte deste trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com o objetivo de nortear a identificação das atribuições dos legisladores as informações da ciência de engenharia de requisitos auxiliando o mapeamento das principais funcionalidades e as que possuem maior relevância para os usuários .

Id., 2007, 61, afirma que a pesquisa bibliográfica busca através de referenciais teóricos publicados em livros, dissertações e teses explicar determinado problema, e pode ser realizada de forma independente ou como parte de uma pesquisa experimen-tal, ou descritiva.

A presente pesquisa possui abordagem tanto quantitativa como qualitativa. De acordo com Godoy (1995) a pesquisa qualitativa caracteriza-se como um processo de análise de um fenômeno que pode ser estudado de forma integrada; assim, “o pesquisador vai a campo buscar o fenômeno em estudo a partir da perspectiva das pessoas nele envolvidas, considerando todos os pontos de vista relevantes. Nesta pesquisa foi adotado o questionário como instrumento de coleta de dados, pois, de acordo com (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, 53) “o questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois, possibilita medir com mais exatidão o que se deseja”. Esta pesquisa possui características qualitativas, pois, realizou a aplicação de dois questionários um com a população e outro destinado aos vereadores, objetivando analisar o interesse em formas de e-participação e as funcionalidades mais relevantes para cada perfil de usuário conforme apresentado na próxima seção.

Para fins deste trabalho de conclusão de curso, em um primeiro momento, foram estabelecidos como atores a população das cidades de Biguaçu, Florianópolis, São José e Palhoça bem como os vereadores da atual legislatura (2016/2020), sendo utilizado dois formulários online para verificar a aderência ao sistema de e-participação bem como as funcionalidades priorizadas sendo um para população em geral e outro específico para os vereadores.

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Capítulo 3. METODOLOGIA PROPOSTA 33

Desta forma o presente estudo procurou realizar um levantamento das principais ferramentas de e-participação destacando as suas principais funcionalidades com o ob-jetivo de verificar a sua aderência tanto pela população e os legisladores. Possibilitando desta forma a proposição de um sistema que possa atender mais adequadamente as expectativas da população e vereadores destes municípios.

3.3 SISTEMAS DE E-PARTICIPAÇÃO USADOS COMO REFERÊNCIA

Esta seção visa apresentar os sistemas de e-participação levantados como referência para este estudo, bem como as principais funcionalidades de cada aplicação.

3.3.1 Portal e-Democracia da câmara dos deputados federal

Criado em 2009, a iniciativa foi desenvolvida pela Câmara dos Deputados do Congresso Nacional brasileiro e, diferentemente de iniciativas que promovem apenas a participação política digital, ou e-participação, o e-Democracia pode ser considerado um serviço eletrônico para integração cidadã no processo de tomada de decisão. Conforme conceito utilizado pelas Nações Unidas, um “e-decision-making service“ (UNITED NATIONS, 2014). Segundo o seu principal idealizador, os objetivos do e-Democracia são:

Melhorar a interação entre a sociedade e a Câmara dos Deputados, fortalecer o papel do Poder Legislativo na formulação de políticas públicas, estimular a participação social responsável e construtiva, melhorar a compreensão da sociedade brasileira sobre a complexidade do trabalho legislativo e aumentar a transparência relativa ao processo legislativo (FARIA, 2012, p. 185).

O e-Democracia possibilita maior participação no processo de tomada de deci-são. Com o intuito de abrir um espaço de comunicação e expressão o cidadão discutir projetos e ajudar na edição de leis, oferecendo um ambiente aberto onde há mais probabilidades de que as sugestões dos cidadãos sejam de fato acatadas. Através da diversidade de pensamentos possa ajudar a gerar políticas públicas mais abrangentes.

Sendo desenvolvido por iniciativa de um grupo formado por servidores efetivos e consultores externos da Câmara dos Deputados, aprovado pela alta administração da Casa e pela Mesa Diretora Política. Inicialmente, a experiência foi desenvolvida como um projeto-piloto entre os anos de 2009 e 2010. Seu principal objetivo, desde a sua constituição, foi o de tornar o processo legislativo mais transparente e promover a participação da população nos debates parlamentares, possibilitando a construção compartilhada de projetos de lei em comunidades virtuais legislativas do portal (FARIA, 2012).

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Figura 1 – PORTAL E-DEMOCRACIA

https://edemocracia.camara.leg.br/

A imagem acima apresenta o portal de e-democracia com a aplicação Wikilegis que possibilita aos seus usuários visualizarem as propostas legislativas, permitindo ainda que usuário opine no texto através de comentários bem como avaliar o comentário de outros utilizadores.

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Capítulo 3. METODOLOGIA PROPOSTA 35

Figura 2 – WIKILEGIS - FERRAMENTA DO E-DEMOCRIACIA PARA INTERAÇÃO

https://edemocracia.camara.leg.br/wikilegis/bill/63

A figura anterior mostra o que ocorre ao clicar sobre um projeto de lei. São exibidos responsável, autor, a situação e o tema ao qual o projeto está relacionado. Além de permitir a visualização integral do que esta sendo sugerido como lei, seus parágrafos e artigos. Esta funcionalidade tem como objeto contextualizar o usuário quando ao conteúdo do projeto de lei, bem como, o seu andamento, autor e responsáveis.

Figura 3 – WIKILEGIS VISUALIZAÇÃO DE UM PROJETO DE LEI

https://edemocracia.camara.leg.br/wikilegis/

Ao clicar sobre os balões de comentários do projeto ou em um de seus artigos, o usuário pode informar se concorda ou não sobre o item selecionado, através de um espaço para manifestar a sua opinião, como também verificar a opinião dos demais usuários. Esta funcionalidade permite um espaço para discussão e levantamento de diferentes pontos de vista sobre um artigo ou todo o projeto de lei. Desta forma serve tanto como um espaço para aperfeiçoamento de um projeto de lei quanto uma análise para os legisladores quanto a opinião da população e possibilitando a construção

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de políticas públicas mais adequadas a realidade da sociedade, se for corretamente debatido e utilizada.

3.3.2 DemocracyOS

Desenvolvido pela ONG denominada Democracia em Rede sitiada que foi fundada no ano de 2014 na Argentina, com o objetivo de construir práticas, técnicas que permitam e implementar inovações no sistema político para abrir processos de decisão e redistribuir o poder. Através de experiências e processos que permitem esquemas de governança mais colaborativos, lógicas burocráticas mais sensíveis e espaços públicos mais inclusivos.

O DemocracyOS é um sistema de código aberto para deliberação e votação de propostas políticas. É uma plataforma para um governo mais aberto e participativo. O software visa estimular melhores argumentos e chegar a melhores decisões, tornando iguais legisladores e população.

Figura 4 – TELA INICIAL DEMOCRACYOS

https://github.com/DemocracyOS/democracyos

Através da tela inicial o usuário acessa o fórum de acordo com as opções de acesso definida pelo administrador. Para o exemplo acima foi definido que os projetos de leis estariam acessíveis para todos os usuários visualizarem sem a necessidade de estarem logados, contudo, para manifestar opinião e votar é necessário estar logado.

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Capítulo 3. METODOLOGIA PROPOSTA 37

Figura 5 – VISUALIZAÇÃO DA PROPOSTA DE LEI E VOTO

https://github.com/DemocracyOS/democracyos

Ao clicar sobre um projeto de lei é possível, caso o período de votação esteja disponível, o usuário votar se concorda se abstêm ou se discorda. As formas de votação podem ser definidas como voto, curtir, nota em uma escala entre outros tipos. Na parte inferior é possível realizar comentário a lei na totalidade sem a possibilidade realizar um comentário apenas a um artigo. A aplicação permite somente responder a comentários dos usuários sem a opção de curtir o comentário ou ponto de vista. É possível a interação entre os usuários em tempo real através dos fóruns bem como a definição de moderadores.

3.3.3 De olho nas metas

De olho nas metas é um sistema “web” que tem como responsável a Rede Nossa São Paulo (RNSP). Uma organização da sociedade civil com o objetivo de

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mobilizar diversos segmentos da sociedade para, articular e promover ações, de modo a proporcionar para a cidade de São Paulo justiça, democracia e sustentabilidade. Atuando pelo combate à desigualdade, pela promoção dos direitos humanos, pela participação e controle social, e pela transparência e respeito ao meio ambiente sem nenhuma relação com partidos políticos.

Foi para facilitar o monitoramento das metas e a comunicação entre a população, Conselhos Participativos e Prefeitura que o De Olho nas Metas foi criado. Pois, a Emenda n.º 30 da Lei Orgânica do Município (LOM), o(a) prefeito(a) de São Paulo tem a obrigatoriedade de apresentar um plano descrevendo as metas que serão implementadas durante seu mandato. Essas metas abrangem temas diversos que vão do meio ambiente à educação, passando por toda as outras pastas e temas, e incluem projetos dirigidos a todas as regiões da cidade. Ainda com a lei 15.764 de maio de 2013 que estabeleceu os Conselhos Participativos. Estes conselhos têm por função, dentre outros temas, monitorar no âmbito de seu território a execução orçamentária, a evolução dos Indicadores de Desempenho dos Serviços Públicos, a execução do Plano de Metas e ainda acompanhar outras ferramentas de controle social com base em seus territórios.

Figura 6 – PORTAL DE OLHO NAS METAS

https://2017.deolhonasmetas.org.br/

Na imagem acima é possível ver a página inicial onde é exibido o mapa da cidade de São Paulo em destaque com o território de cada subprefeitura. Ao passar o cursor sobre uma subprefeitura é possível visualizar o seu nome e o número de ações presentes para ela.

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Capítulo 3. METODOLOGIA PROPOSTA 39

Figura 7 – VISUALIZAÇÃO DE UMA SUBPREFEITURA

https://2017.deolhonasmetas.org.br/subprefeituras/se/

Ao clicar em uma subprefeitura o usuário é redirecionado para uma página contendo a ficha da prefeitura regional, uma visualização do mapa os limites da região e os distritos pertencentes. É exibido também as linhas de ação da região, com um breve descritivo. É possível realizar uma busca pelo nome ou conteúdo das linhas de ações.

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Figura 8 – VISUALIZAÇÃO DE UMA LINHA DE AÇÃO

https://2017.deolhonasmetas.org.br/linhas-de-acao/implantar-novas-equipes-de-atencao-basica-com-7 00-profissionais-medicos-na-perspectiva-da-constituic/

Por fim ao acessar uma linha de ação são exibidos os detalhes dela com uma barra lateral exibindo os dados da última atualização, status, o progresso e os projetos associados para a linha de ação em uma visão macro. Na parte inferior da tela são exibidos os dados da regionalização, contendo as mesmas informações, mas por subprefeitura.

Referências

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