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DESPESAS FAMLIARES, HÁBITOS DE COMPRAS E USO DO CARTÃO DE CRÉDITO ENTRE FAMÍLIAS DO MEIO RURAL E URBANO

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Academic year: 2021

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DESPESAS FAMLIARES, HÁBITOS DE COMPRAS E USO DO

CARTÃO DE CRÉDITO ENTRE FAMÍLIAS DO MEIO RURAL E

URBANO

Silvana Luna de Andrade1 Vivianne da Silva Mendonça2 Maria de Fátima Massena de Melo3 Maria Zênia Tavares da Silva4

RESUMO

Diante das mudanças ocorridas no mercado e transformações do estilo de vida nos últimos tempos, baseadas no êxodo rural e nos avanços da tecnologia pelo processo de industrialização, as famílias modificaram seus hábitos de consumo. Com a industrialização, o mercado de consumo desenvolveu formas para facilitar a aquisição de bens e produtos, a exemplo, o cartão de crédito. Estes oferecem praticidade e conforto ao consumidor/a no ato de efetuar o pagamento de produtos. Porém, mesmo oferecendo vantagens é necessário cuidado para não comprometer a renda familiar. Portanto, o presente estudo teve como objetivo conhecer e analisar hábitos de compras e despesas entre famílias rurais e urbanas, especialmente o uso do cartão de crédito. Para isto, foi desenvolvido um estudo de caso, com famílias residentes no bairro urbano de Pau Amarelo, município de Paulista-PE, e na zona rural de um município do interior de Pernambuco, Vitória de Santo Antão. Aplicamos formulários semi-estruturados como instrumento principal de coleta de dados e nos inserimos no campo da observação. O resultado nos revelou que a maioria das famílias urbanas realiza o pagamento das compras de duas formas, uma parte em dinheiro e outra no cartão de crédito. Já as famílias do meio rural todas realizam o pagamento das compras em dinheiro. Inferimos que a menor oferta de produtos no meio rural, e a distância dos centros comerciais ainda contribuem para que as famílias rurais não utilizem os cartões de créditos, mesmo possuindo.

PALAVRAS-CHAVE: Consumidor/a. Industrialização. Consumo. 1 INTRODUÇÃO

Partimos do entendimento que mudanças e transformações do estilo de vida do ser humano nos últimos tempos, baseadas no êxodo rural e no avanço da tecnologia, representada pelo processo de industrialização, que vem durante anos realizando grandes investimentos em maquinários e insumos vindos do exterior para nossa agricultura, modificou os hábitos de consumo e de aquisição de bens e produtos, visto que o mercado crescia sob a forma compulsiva de comprar o que era produzido em grande escala, sendo esta uma característica de um mercado capitalista. Para Caporal (2003) uma das grandes transformações ocorridas na

1.Aluna de Graduação do Curso de Economia Doméstica, Departamento de Ciências Domésticas,

Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mail:silvanalunaufrpe@yahoo.com.br

2.Aluna de Graduação do Curso de Economia Doméstica, Departamento de Ciências Domésticas,

Universidade Federal Rural de Pernambuco. E-mail:vivianne_liebe@hotmail.com

3 Professora do Curso de Economia Doméstica, Departamento de Ciências Domésticas, Universidade Federal

Rural de Pernambuco. Mestre em Extensão Rural e Comunicação Rural, E-Mail:fatimaefilhos@bol.com.br

4 Professora do Curso de Economia Doméstica, Departamento de Ciências Domésticas, Universidade Federal

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agricultura, a partir dos anos 50, foi resultado da implantação da chamada Revolução Verde, algumas fazendas cresceram à custa de outras e isso simplificou a agricultura de tal forma que comunidades rurais perderam muitas fontes de alimento, combustível e adubos naturais, favorecendo o êxodo rural. Assim, muitas mudanças passaram a ser percebidas, entre elas a dos os hábitos de consumo que de certa maneira tiveram que ser modificados entre as famílias rurais que chegavam ao meio urbano, oriundas do processo excludente do capitalismo.

Em relação à tecnologia, com a industrialização o mercado de consumo desenvolveu formas para facilitar a aquisição de bens e produtos, entre elas o cartão de crédito. Estes oferecem praticidade e conforto ao consumidor/a no ato de efetuar o pagamento de produtos; porém, mesmo oferecendo vantagens é necessário cuidado para não comprometer a renda familiar. Visto que este favorece a compra por impulso, por ser aceito em vários estabelecimentos, além de possuírem juros altos, à gestão do risco de créditos rotativos concedidos às pessoas físicas.

O mercado de cartões de crédito cresceu significativamente no Brasil. É um meio de pagamento que tem ocupado progressivamente o lugar que já pertenceu ao cheque e ao dinheiro. Antes usado para compras de maior valor e em viagens, passou a ocupar espaço importante nas compras do dia-a-dia, como restaurantes, farmácias, supermercados, postos de gasolina e lojas de vestuário.

A partir da formação multidisciplinar que o/a Economista Doméstico possui, a qual visa o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida dos grupos e das famílias, objetivamos considerar a relação de consumo (mercado x praticidade x consumidor/a) entre famílias rurais e urbanas e suas conseqüências para o orçamento doméstico. Entendendo que os níveis de decisão quanto à compra e serviços necessários a sobrevivência depende dos valores e escolhas da família, mas também envolve aspectos que fogem ao seu controle, como facilidade de crédito e compras desnecessárias. Isto porque vivemos em uma sociedade de consumo onde o “ter” gera status, aparência e ilusão de pertencimento a camadas sociais mais elevadas.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

No Brasil, a agricultura de subsistência enfrentou muitas dificuldades durante o processo de colonização e ocupação do território. Tornou-se no decorrer dos séculos uma importante atividade para parcela significativa da população rural. A agricultura de subsistência também se desenvolveu nas grandes áreas das monoculturas e da pecuária

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extensiva, e também em unidades pequenas, onde proprietário ou o ocupante trabalhava diretamente a terra, normalmente em áreas de qualidade inferior e distante dos centros urbanos.

Predominantemente, os programas criados para a promoção do desenvolvimento do setor agrário brasileiro nas últimas décadas têm privilegiado o apoio ao agronegócio. As ações públicas ainda são insuficientes para resolverem históricos problemas como a exclusão de grupos populares, numa sociedade marcada por sérios problemas de desigualdades sociais.

Assim, ao longo dos anos, notamos que essa forma de buscar o “desenvolvimento” inspirado no capitalismo resultou em vários problemas, entre eles, a exclusão social, reflexos da então chamada revolução verde. Este fato contribuiu para que as pessoas abandonassem o campo para viver na cidade.

No meio rural os/as trabalhadores/as recebiam uma remuneração muito baixa, que não garantia o necessário para viver, muitas vezes inconstante ou sazonal. Existindo no meio urbano a oportunidade de receber salário um pouco maior e mais constante, acabavam deslocadas e facilmente atraídas pelos centros urbanos.

Diante disto, a população urbana cresceu em função dos movimentos migratórios. O êxodo rural no Brasil deve-se em grande parte ao desequilíbrio econômico entre o campo e a cidade, principalmente após a 2ª guerra com o investimento no setor industrial e a baixa produção agrícola; originando problemas de ordem econômica e social.

De igual forma, a urbanização acelerada, desacompanhada da geração dos empregos urbanos, levou ao crescimento das favelas, aumento da marginalidade, precarização das condições de saúde e habitação.

Porém, com a industrialização a Lei da oferta aumentou significativamente, e em conseqüência, a procura por bem ou serviço. Para Luci Pietrocolla (1987), as organizações parecem contribuir intensamente para a manipulação do homem e da mulher em favor do consumo.

Para Siqueira (2005), tudo isto está relacionado ao consumo como, por exemplo, o modo de produção e de circulação dos bens, os padrões de desigualdade no acesso aos bens materiais e simbólicos, a maneira como se estruturaram as instituições da vida cotidiana (como a família, o lazer, os ambientes urbanos, etc.). Nossa sociedade-cultura de consumo constantemente cria novos espaços para os consumidores, tornando o consumo um sistema global que molda as relações dos indivíduos na pós-modernidade e é reconfigurada por tecnologias variáveis que determinam os padrões de consumo.

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Dessa forma, o processo de compra não surge por acaso, seu ponto de partida é a motivação, que ao conduzir a uma necessidade, por sua vez, desperta um desejo que leva a escolha do produto (KARSAKLIAN, 2000). Estes produtos são adquiridos através de formas diferenciadas de pagamento como crediário, cartão de crédito, cheque e dinheiro. Fátima Portilho (1997) discorre que o vilão e culpado de todos os males, o consumo, ou melhor, o consumismo, possui caráter alienante e artificial, alimenta a indústria capitalista e não as necessidades dos seres humanos. Deste modo, as famílias modificaram seus hábitos de consumo, e com a industrialização, o mercado de consumo desenvolveu formas para facilitar a aquisição de bens e produtos, à exemplo, o cartão de crédito, por sua praticidade e disponibilidade de créditos crescentes para compras.

Como forma de controlar os gastos provenientes do consumo e evitar despesas desnecessárias, consideramos ser necessário a elaboração do orçamento doméstico. Conforme Fátima Massena de Melo (2001), para criar o hábito de controlar despesas faz-se necessário o uso do orçamento doméstico, que não é nada mais que um plano e, o primeiro passo do processo administrativo aplicado ao dinheiro.

3 METODOLOGIA

Com o objetivo conhecer e analisar as despesas familiares entre famílias rurais e urbanas, hábitos de compras e o uso do cartão de crédito, bem como analisar suas conseqüências para o orçamento doméstico, foi desenvolvido um estudo de caso no bairro urbano de Pau Amarelo, município de Paulista-PE, e na zona rural de um município do interior de Pernambuco, Vitória de Santo Antão– PE.

Este estudo foi realizado com 14 famílias urbanas e 17 famílias da zona rural. Para uma visão mais compreensiva do trabalho realizamos revisão bibliográfica, aplicamos formulários semi-estruturados como instrumento principal de coleta de dados e nos inserimos no campo da observação.

A observação também é considerada uma coleta de dados para conseguir informações sob determinados aspectos da realidade. De acordo com Eva Lakatos (1996:79), a observação ajuda “identificar e obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento”.

Outra ferramenta utilizada foi o diário de campo, uma forma de anotação pessoal desenvolvida a partir de contato com a realidade e das vivências percebidas durante as atividades do estudo.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao iniciarmos nosso trabalho com as famílias inferimos ser necessário realizar um estudo exploratório com o objetivo, de conhecer e analisar hábitos de compras e despesas entre famílias rurais e urbanas, especialmente o uso do cartão de crédito. Este nos revelou que a maioria das famílias urbanas faz compras de alimentos mensalmente, sendo o pagamento feito de duas formas, uma parte em dinheiro e outra no cartão de crédito. Já as famílias do meio rural todas realizam compras quinzenalmente e efetuam o pagamento em dinheiro.

Para Flávia Machado (2003), a renda familiar e preços são determinantes na aquisição dos alimentos. É indiscutível o fato que os alimentos constituem bens sujeitos às leis de mercado e que, portanto, renda e preços são fatores fundamentais à indicação da quantidade adquirida de cada bem.

Com relação ao vestuário as famílias urbanas e rurais compram geralmente em datas festivas. Estas pagam com cartão de crédito pela facilidade de parcelamento, porém todas as famílias rurais fazem o pagamento em dinheiro.

O consumo de produtos sem considerar a real necessidade remete-nos a uma característica da sociedade de consumo: o consumismo. O mesmo, segundo Gino Giacomini (1991), refere-se ao excesso de consumo, consumo acelerado ou até o desperdício, onde o que prevalece é a cultura do “ter” ou “parecer ter” em detrimento da cultura do “ser”.

A prática do consumismo estimulada pela propaganda influencia e desorganiza o orçamento doméstico pelo fato de adquirirem algo que as vezes não necessitam, ou seja, supérfluos.

Observamos ainda, que o lazer ocupa uma das últimas prioridades das famílias, este quando realizado, e necessita de gastos é feito o pagamento em espécie. Jofre Dumazedier (1976) define lazer como conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se ao repouso, divertimento, recreação, e ao entretenimento; como também, desenvolver sua informação ou formação, participação social voluntária após as obrigações profissionais, familiares e sociais.

No que se refere ao serviço de saúde verificamos que metade das famílias urbanas pagam plano de saúde. A maioria das famílias rurais utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS).

O serviço de saúde pública de certa forma atende as necessidades imediatas de algumas famílias rurais e urbanas, mas também é sabido que o sistema de saúde pública é precarizado, não atendendo a população de forma adequada. Diante disto, as famílias buscam

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alternativas para não se submeterem aos serviços precários que o governo dispõe, fazendo aquisição de planos de saúde. Desta forma, usam os poucos recursos que dispõem em serviços que poderiam ser prestados pelo Estado. Favorecendo o setor privado. E permitindo que o Estado abandone seu papel de responsável pela oferta de serviços públicos de qualidade, abrindo caminhos para que o setor privado aumente seu capital, agravando a qualidade de vida da maioria da população.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados do estudo concluímos que as famílias urbanas utilizam mais as facilidades de crédito disponível pelo mercado capitalista, porém as famílias rurais preferem realizar as compras em dinheiro.

Inferimos que a oferta de produtos seja menor no meio rural, visto que os centros comerciais são distante das residências, contribuindo para que as famílias rurais não utilizem os cartões de créditos com tanta freqüência, diferente das famílias urbanas que estão mais propicias ao uso do mesmo, pelo fato do comércio estar muito próximo de residências, local de trabalho, escolas, universidades, hospitais, igrejas e outros estabelecimentos.

O fato das famílias rurais cultivarem parte dos seus alimentos contribui para o orçamento doméstico por diminuir os gastos com as despesas dos alimentos que possivelmente seriam comprados no mercado.

Pelos resultados obtidos possivelmente as famílias urbanas estariam mais vulneráveis a desorganização do orçamento doméstico, por utilizarem com freqüência os cartões de créditos e acreditarem ser conveniente os parcelamentos oferecidos pelo comércio, desta forma comprometendo a renda familiar.

Vale ressaltar também que as famílias urbanas apresentaram gastos superiores com suas despesas em relação às famílias rurais, no que envolve a alimentação, o vestuário e a saúde.

Deste modo, a atuação do/a profissional de Economia Doméstica torna-se importante por possibilitar contribuir para o bem-estar e a qualidade de vida das famílias, com orientações no que diz respeito ao consumo e o orçamento doméstico.

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REFERÊNCIAS

CATTANI, A. D. A outra economia: os conceitos essenciais. In CATTANI, A. D. (Org.) A

outra economia. Porto Alegre: Veraz Editores, 2003.

DUMAZEDIER, J. Sociologia Empírica do Lazer. Tradução: Silvia Mazza e J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva: SESC, 1979.

GIACOMINI, G. Consumidor versus propaganda. São Paulo: Summus Editorial, 1991. KARSAKLIAN, E. Comportamento do Consumidor. São Paulo: Atlas, 2000.

LAKATOS, E. M. e MARCONI, M. A. Técnicas de pesquisa. 3 ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 1996.

MACHADO, F. M. S. Estratégias de concorrência da indústria alimentícia e seus

desdobramentos na dimensão nutricional. [tese de doutorado]. São Paulo: Faculdade de

Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, e Faculdade de Saúde Pública da USP; 2003.

MASSENA DE MELO, M. F. Mulher e Consumo: a recepção das mensagens do programa de apoio ao Desenvolvimento Comunitário (PRODEC) da Caixa Econômica Federal, pelas mutuarias da vilã chã de marinheiro, em Surubim/PE. Recife: 2001.

PIETROCOLLA, L. G. O que todo o cidadão precisa saber sobre sociedade de consumo. São Paulo: Global, 1987.

PORTILHO, F. Consumo “verde”, democracia ecológica e cidadania: Possibilidades de diálogos? Disponível em: <http://www.rubedo.psc.br/Artigos/consumo> Acesso em: 12 jul 2009.

SIQUEIRA, H. S. G. Cultura de Consumo Pós-Moderna, (Fragmento retirado do 3o Capítulo (“Sociedade-cultura pós-moderna – “shopping spree” – satisfação na permanente insatisfação”) daTese de Doutorado “Pós-modernidade, Política e Educação”, e publicado, parcialmente, no Jornal “A Razão” em 27.10.2005. Disponível em:

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