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Processo 0731502

Data do documento 12 de abril de 2007

Relator

Fernando Baptista

TRIBUNAL DA RELAÇÃO DO PORTO | CÍVEL

Acórdão

DESCRITORES

Certificado provisório de seguro automóvel > Validade > Pagamento > Prémio > Ónus da prova

SUMÁRIO

I - Estatuindo o artº 22º do DL nº 522/85, de 31.12, que o certificado provisório de seguro constitui documento comprovativo do seguro, "quando válido", relativamente a seguros abrangidos pelo DL nº 142/2000, de 15.07, em que a produção dos efeitos do seguro apenas opera a partir do momento do pagamento do prémio ou fracção inicial, a validade do certificado provisório de seguro fica dependente daquele pagamento.

II - Em tal situação, e na perspectiva da sustentação das respectivas pretensões, impende sobre a seguradora o ónus de alegação e prova do não pagamento do prémio, recaindo sobre o segurado o ónus de alegação e prova do pagamento do prémio ou fracção inicial.

TEXTO INTEGRAL

Acordam na Secção Cível do tribunal da Relação do Porto

I. RELATÓRIO:

No .º Juízo Cível do Tribunal Judicial da Comarca de Matosinhos, B………. e C……… instauraram contra Companhia de Seguros X………., S. A., acção declarativa de condenação, pedindo a condenação da ré seguradora a pagar-lhes um montante indemnizatório pelos danos que sofreram em virtude de uma acidente de viação ocorrido no dia 03.07.2003, pelas H9,20, no Itinerário Complementar nº 24 (IC 24), ao Km 0,9, na comarca de Matosinhos, em que intervieram os veículos ligeiros ..-..-QM de que era dono o 1º autor e conduzido pelo 2º autor e ..-..-OZ de que era dono D………., S. A. e conduzido por E………. .

Atribuem os autores a culpa na produção do acidente ao condutor do OZ, veículo este que embateu no QM.

A responsabilidade pelo ressarcimento dos danos dos autores é atribuída à ré seguradora pelo facto de--

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segundo os autores alegam-- o dono do OZ ter transferido para ela a responsabilidade pelos danos provocados pelo veículo a terceiros através pelo Certificado provisório nº ……. (posterior apólice nº AU

……..), sendo que o seguro estaria válido à data do acidente.

Contesta a ré, suscitando a sua ilegitimidade por entender que no momento do acidente a responsabilidade civil pelos danos causados a terceiros pelo OZ não se encontrava validamente transferida para a Ré, pois que o aludido certificado provisório de seguro nº …….. encontrava-se anulado por falta do pagamento do respectivo prémio.

Os autores responderam à excepção (fls. 39 ss) e requereram a intervenção principal provocada de:

- Fundo de Garantia Automóvel;

- D………., S A ; - F………, Lda;

- G………. .

É que, a ser verdade o alegado pela ré seguradora, então os responsáveis serão os chamados (Fundo e responsáveis civis).

Foi admitido o chamamento (fls. 52) e os chamados contestaram, pugnando pela validade do aludido contrato de seguro celebrado com a Ré relativamente aos danos causados a terceiros pelo OZ e juntaram (fls. 69) o original do “Certificado provisório do seguro nº …….”, relativo ao veículo de matrícula ..-..-OZ.

Por despacho de fls. 125 ss julgou-se procedente a excepção da ilegitimidade da ré seguradora, sendo, por isso, absolvida da instância, sendo, por sua vez, a ré D………., S.A. é absolvida do pedido.

Seguiu-se a elaboração da matéria assente e da base instrutória, de que houve reclamação que foi atendida.

Do aludido despacho saneador, na parte que julgou procedente a excepção dilatória da ilegitimidade da ré seguradora interpuseram recurso o Fundo de Garantia Automóvel (fls. 134), F………., Lda. e G……….-- recursos recebidos por despacho de fls. 200.

Os agravante apresentaram alegações de recurso, que rematam com as seguintes

CONCLUSÕES:

A)-- AGRAVO DO FUNDO DE GARANTIA AUTOMÓVEL (fls. 215 ss):

“1ª - O presente recurso versa sobre o despacho que julgou provada e procedente a excepção de ilegitimidade da Ré Companhia de Seguros X………., S.A., absolvendo-a da instancia.

2.ª- Resulta dos autos que a Ré Companhia de Seguros X………., S.A., em 6 de Julho de 2.003 e relativamente ao veículo dos autos, emitiu o certificado provisório de seguro n.° ……., certificado que constitui documento comprovativo do seguro e que, nos termos do disposto no art.° 20.°, n.° 2, do DL 522/85 de 31.12, é válido por 60 dias, abrangendo assim o período em que ocorreu o acidente dos autos.

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3.a - Ora, na contestação oferecida pela Companhia de Seguros X………., S.A., esta alegou apenas que o mesmo foi anulado por falta de pagamento do prémio - Vide art. 3.° da contestação oferecida.

4ª - Face a esta alegação, vieram os intervenientes dizer que nunca lhes foi comunicado que o certificado provisório tivesse sido anulado por falta de pagamento.

5ª - Entendeu o Tribunal recorrido que esta alegação é inócua pois não se estaria perante uma situação de anulação do certificado, mas sim de inoperância, ab initio, dos seus efeitos por falta de pagamento do prémio, que não foi feita e cuja prova só poderia ser feita através do respectivo recibo que não foi junto aos autos.

6ª - Contudo, tal asserção do Tribunal recorrido excede claramente o alegado pela seguradora: esta alega que o certificado provisório se encontrava anulado por falta de pagamento do prémio. Não diz se é do prémio ou fracção inicial ou subsequente. Diz apenas que está anulado por falta de pagamento. Ora, cabia à seguradora o ónus da prova da anulabilidade do contrato de seguro por falta de pagamento do prémio.

7ª - Ora, in casu, a seguradora emitiu um certificado provisório de seguro, válido no dia em que ocorreu o sinistro. Ou seja, existia contrato de seguro válido e eficaz à data do sinistro. Assim, competia à seguradora alegar e provar factos que impliquem, de per si, que o contrato de seguro não se encontrava em vigor. E apenas referiu que o contrato se encontrava anulado por falta de pagamento do respectivo prémio de seguro.

8ª - Alegação muito pouco segura uma vez que de acordo com o n.°3 do artigo 7° do Decreto-Lei 142/00, o ónus da prova do envio do aviso de pagamento recai sobra a seguradora.

9ª- Nesta fase processual, à falta de alegação de matéria factual e ainda com a possibilidade das partes juntarem prova para provar o por si alegado, impunha-se que o Tribunal conhecesse da anulação do contrato de seguro alegada pela seguradora apenas na decisão final, deixando as partes litigarem sobre essa matéria, juntando toda a prova que se lhes aprouvesse.

10ª - Só após o julgamento se poderá ou não concluir pela existência de contrato de seguro. Sendo assim, a decisão foi extemporânea, pois deveria ter relegado o conhecimento da excepção para decisão final, após apuramento dos factos que conduzissem ou não à existência de contrato de seguro, sabendo-se que o ónus da prova da inexistência do contrato de seguro compete à Seguradora.

11ª - Sendo assim, a decisão foi extemporânea, pois deveria ter relegado o conhecimento da excepção para decisão final, após apuramento dos factos que conduzissem ou não à existência do contrato de seguro.

12ª- A decisão recorrida violou o disposto no art. 510° do Código de Processo Civil.

Nestes termos, concedendo provimento ao recurso, revogando a Douta decisão recorrida e substituindo-a por outra que remeta para final o conhecimento da excepção, farão, como sempre, inteira Justiça.”

B)-- AGRAVO DO E………. e da sociedade F………., LDA (FLS. 237 SS):

“1ª- Vem o presente recurso interposto do respeitável despacho saneador de fls. 125 e seguintes, dos autos, que julga a Ré Companhia de Seguros X………., S.A., parte Ilegítima, absolvendo-a da instância.

2ª- Do despacho mostra-se que a Ré Companhia de Seguros X………., S.A." alegou na sua contestação que

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o certificado provisório de seguro foi anulado por falta de pagamento do respectivo prémio".

3a- E que face a essa alegação os ora recorrentes apenas se limitaram a dizer que nunca lhes foi comunicado que o certificado provisório tivesse sido anulado por falta de pagamento.

4ª- Concluindo, sem mais, e porque "não foi alegado ter existido" o pagamento e `cuja prova só poderia ter sido feita através do respectivo recibo, que não foi junto aos autos, nem foi alegado que existisse", pela ilegitimidade da Ré Companhia de Seguros X..., S.A..

5ª - A excepção da ilegitimidade respeita ao facto de as partes, tal como o A. as determina ao propor a acção contra o réu, deverem ser aquelas que, perante os factos narrados na petição apresentada em juízo, o direito substantivo considera como sendo as que podem ocupar-se do objecto do processo.

6ª- E o n.° 3 do artigo 26° do CPC, consagra expressamente a tese defendida por Barbosa de Magalhães, no sentido de que ao apuramento da legitimidade interessa apenas a consideração do pedido e da causa de pedir, independentemente da prova dos factos que integram a última.

7ª- No caso dos autos, a Ré Companhia de Seguros X………., S.A. é parte legítima na acção e, uma eventual ilegitimidade carece de prova e teria que ser aferida afinal.

8ª- Impõe-se saber qual a causa de pedir alegada pelos AA. e atentar aos pedidos formulados.

9ª- Os AA. individualizam a relação controvertida e especificam o facto de onde procede o seu direito:

relatam o acidente, os danos sofridos como consequência directa do acidente e, imputam a responsabilidade à Ré Companhia de Seguros, X………., S.A. pela transferência da responsabilidade que a recorrente empresa havia efectuado por contrato de seguro titulado pelo certificado provisório n.° ……. . 10ª- Vindo a Ré Companhia de Seguros X………., S.A. invocar, sem mais e sem qualquer prova, a anulação do certificado provisório referido, por falta de pagamento.

11ª- E os ora recorrentes, nas suas contestações, alegam a falsidade da anulação daquele certificado por falta de pagamento pois tal situação nunca foi comunicada por qualquer forma ou meio à recorrente sociedade.

12ª- Compete às seguradoras o ónus de provar o envio da comunicação de anulação do contrato de seguro - conforme artigo 4° do Decreto-Lei n.° 105194 e artigo 7°, do Decreto-Lei n.° 142102.

13ª- E, por outro lado, e de acordo com o estatuído no artigo 20° do Decreto-Lei n.° 522185 de 31 de Dezembro, constitui documento comprovativo do seguro a) relativamente a veículos matriculados em Portugal, o certificado internacional de seguro (carta verde), o certificado provisório ou o aviso recibo quando válidos".

14ª- E atendendo ao artigo 35° do mesmo diploma legal, "o certificado provisório de seguro, o aviso-recibo e o certificado de responsabilidade civil, ... são considerados documentos autênticos".

15ª- Os ora recorrentes provaram a existência de documento comprovativo de seguro pela exibição de certificado provisório e a Ré Companhia de Seguros X………., S.A. não provou por meio algum a anulação do contrato de seguro, formalidade essencial.

16a- E, sendo assim, esteve mal o Tribunal "a quo" quando validou a mera alegação da Ré Companhia de Seguros X………., S.A. e a traduziu em prova bastante para a considerar parte ilegítima.

17ª- Ignorando por completo, que "a emissão do certificado provisório de seguro (junto pelos AA. e pelos ora recorrentes aos autos) constitui prova de irretratável aceitação da proposta do segurado, tal como foi

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por este preenchida e assinada" - como se lê no Acórdão desta Relação, de 12 de Junho de 1997,

18ª- O certificado provisório de seguro tinha a sua validade expressa no título de 2003.06,07 a 2003.07.06 e o acidente dos autos ocorreu dia 3 de Julho de 2003,

19ª- Ocorrendo o acidente dentro do período temporal de validade do certificado e não tendo a Ré Império provado a anulação, por falta de pagamento, desse mesmo certificado - porque nunca a comunicou -o contrato de seguro é válido e a Ré Império não pode ser considerada parte ilegítima.

20ª- É, pois, excessiva, porque não admitida ou consentida, a interpretação feita pelo meritíssimo Juiz a quo, no sentido em que conduziu à absolvição da instância da Ré Companhia de Seguros X………., S.A..

21ª- O despacho "sub censura", não contemplando os aspectos em causa, violou, assim, o disposto nos artigos 26°, n.° 3 do Código de Processo Civil, artigo 4° do Decreto-Lei n.° 105/94 e artigo 7º, do Decreto- Lei n.° 142/02, artigo 20° n.°s 1 e 2 do DL 522/85 na redacção do DL 122-A186 e artigo 35º do mesmo diploma legal.

22ª- Consequentemente, deve ser revogado.

Termos em que, bem em como todos os mais, de direito, aplicáveis, deve, no provimento do presente recurso, ser proferido Acórdão revogando o despacho "sub censura", ordenando a sua substituição por outro que, julgando em conformidade com o alegado, determine a legitimidade da Ré Companhia de Seguros X………., S.A. para os termos da acção n.° …./04.4TBMTS do .° Juízo Cível de Matosinhos, o que se fará em cumprimento da lei e por imperativo da JUSTIÇA.”

A agravada Companhia de Seguros X………., S.A., respondeu às alegações, sustentando a manutenção do despacho recorrido.

Os autos prosseguiram para apreciação do mérito da causa, com audiência de julgamento, após a qual o tribunal respondeu à matéria de facto da base instrutória (fls. 338 e verso) e proferiu sentença, julgando a acção parcialmente procedente e provada (cfr. fls. 343).

Não houve recurso da sentença, mas, nos termos e para os efeitos previstos no nº 2 do artº 735º do CPC, vieram os agravantes supra referidos manifestar expressamente o seu interesse nos respectivos agravos, para serem apreciados por este tribunal de recurso (fls. 350 e 359).

Ordenada a subida dos, foram colhidos os vistos, nada obstando à apreciação do mérito dos agravos.

II. FUNDAMENTAÇÃO

II. 1. AS QUESTÕES:

Tendo presente que:

- O objecto dos recursos é balizado pelas conclusões das alegações dos recorrentes, não podendo este Tribunal conhecer de matérias não incluídas, a não ser que as mesmas sejam de conhecimento oficioso

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(arts. 684º, nº3 e 690º, nºs 1 e 3, do C. P. Civil);

- Nos recursos se apreciam questões e não razões;

- Os recursos não visam criar decisões sobre matéria nova, sendo o seu âmbito delimitado pelo conteúdo do acto recorrido,

A única questão suscitada em ambos os agravos consiste em saber se à data do acidente dos autos havia contrato de seguro válido e eficaz com consequente transferência para a seguradora da responsabilidade civil pelos danos causados a terceiros pelo veículo ..-..-OZ-- com a consequente legitimidade da ré Companhia de Seguros X………., S.A..

Como tal, apreciar-se-ão ambos os agravos “em bloco”.

II. 2. OS FACTOS:

A factualidade a ter em conta é a que já supra retratámos, acrescentando-se o seguinte:

- A Ré Companhia de Seguros X………., S.A., em 6 de Junho de 2003, e relativamente ao veículo dos autos (..-..-OZ), emitiu o certificado provisório de seguro nº ……. junto fls. 69 dos autos, do qual consta, designadamente, o seguinte:

-“o presente documento apenas será válido como certificado de seguro após o efectivo pagamento do prémio respectivo”;

- Como data de validade consta o período de 30 dias--início às 0 horas do dia 07.06.2003 e fim no dia 06.07.2003.

Tal certificado provisório encontra-se assinado pelo “mediador”, ali identificado.

III. O DIREITO:

Como dissemos, a questão a decidir consiste, apenas e só, em saber se deve considerar-se válido e eficaz (à data do acidente) o contrato de seguro supra referido, relativo ao veículo “OZ”: os agravantes entendem que sim, visto que, constituindo o certificado provisório documento comprovativo do seguro, o mesmo é válido uma vez que a seguradora ré não prova ter efectuado a comunicação de anulação do seguro, sendo que tal ónus sobre si impendia; a agravada, por sua vez, defende que a validade do aludido certificado provisório estava dependente do efectivo pagamento do prémio respectivo, pagamento esse que não ocorreu.

Qui juris?

Parece não haver dúvidas que a questão se prende com o pagamento dos prémios de seguro.

Vejamos, pois.

Antes de mais, anote-se o que diz o artº 20º do DL nº 522/85, de 31.12:

“Constitui documento comprovativo do seguro:

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a) relativamente a veículos matriculados em Portugal, o certificado internacional de seguro (carta verde), o certificado provisório ou o aviso-recibo , quando válidos;

………”.

A questão que se põe é, então, saber se, tendo a ré seguradora emitido o certificado provisório de seguro junto a fls. 69, bastava essa mera emissão do certificado provisório para que se considerasse válido e eficaz o seguro; ou, antes-- como sustenta a agravada,-- era necessário que o pagamento do prémio se encontrasse regularizado à data do sinistro.

O regime jurídico do pagamento dos prémios de seguro sofreu várias alterações nos últimos 20 anos: ao regime do art. 445.° do C. Com. sucedeu o do Dec. Lei 162/84, de 18 de Maio, substituído dez anos depois pelo Dec. Lei 105/94, de 23 de Abril que acabou por ser revogado pelo Dec. Lei 142/2000, de 15 de Julho-- este último diploma, por sua vez, já sofreu alterações (Decs.-Leis nºs 248-B/2000, de 12.10, 150/2004, de 29.06 e 122/2005, de 29.07).

Nos termos do art. 445.° do C. Com., o contrato considerava-se insubsistente se o segurado não pagasse o prémio no prazo de 30 dias depois de avisado para o fazer, por carta registada ou por qualquer outro meio.

No regime do Dec. Lei 162/84, as garantias do seguro ficavam suspensas obrigatoriamente 45 dias depois de o segurado se constituir em mora - através de comunicação feita pela seguradora, por correio registado com aviso de recepção, nos 30 dias seguintes ao termo daquele prazo[1]. E o seguro ficava resolvido (e extinto) 90 dias depois do começo da suspensão se o prémio não fosse pago - mas desde que a seguradora, na comunicação da suspensão, tivesse manifestado essa intenção. Doutra forma, a seguradora teria que avisar o segurado, nos 10 dias subsequentes ao do termo do dito prazo de 90 dias, de que o seguro ficava resolvido no 5.° dia posterior ao da data da recepção - se o prémio continuasse por pagar!

(Processo muito complexo e que se nos afigura, de todo, inaceitável!).

O Dec. Lei 105/94, de 23.04, veio simplificar bastante o processo: a seguradora avisava o tomador do seguro do que tinha que pagar e quando, até 10 dias antes do vencimento do prémio. Se o prémio não fosse pago, o contrato ficava automaticamente resolvido, sem possibilidade de ser reposto em vigor, 60 dias depois da data daquele aviso de pagamento.

Muitas foram as contendas judiciais à volta da interpretação destes diplomas, tendo motivado inúmeras decisões opostas[2].

Surgiu, então, o Dec. Lei nº 142/2000, de 15.07, dispondo-- com interesse para o caso sub judice-- o seguinte:

Artigo 2º (Entidade a quem são pagos e formas de pagamento):

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“1 - Os prémios de seguro devem ser pagos, pontualmente, pelo tomador do seguro directamente à empresa de seguros ou a outra entidade por esta expressamente designada para o efeito.

2 - Apenas são admitidas como formas de pagamento dos prémios de seguro as que forem fixadas por portaria do Ministro das Finanças.”

Artigo 4º (Prémio ou fracção inicial):

“1 - O prémio ou fracção inicial é devido na data da celebração do contrato.

2 - Em caso de impossibilidade de emissão do recibo no momento do pagamento do prémio ou fracção inicial, a empresa de seguros emite um recibo provisório, devendo emitir o recibo definitivo dentro do prazo que vier a ser fixado por norma regulamentar a emitir pelo Instituto de Seguros de Portugal”

Artigo 6º (Cobertura dos riscos):

“1 - A cobertura dos riscos apenas se verifica a partir do momento do pagamento do prémio ou fracção.

2 - As partes podem convencionar que o início da produção de efeitos do contrato seja reportado a data posterior ou anterior à sua celebração, data esta que não pode ser anterior à da recepção da proposta de seguro pela empresa de seguros.

3 - O momento do início da cobertura dos riscos deve constar expressamente das condições particulares da apólice e, quando estiver dependente do pagamento do prémio ou fracção, comprova-se pelo respectivo recibo ou, na falta deste, pelo recibo provisório referido no Nº 2 do artigo 4º.

4 - A empresa de seguros deve esclarecer devidamente o tomador acerca do teor do presente artigo, quer antes do pagamento do prémio ou fracção quer nas condições gerais ou especiais das apólices.”

Artigo 7º (Aviso para pagamento de prémios ou fracções subsequentes):

“1 - A empresa de seguros encontra-se obrigada, até 60 dias antes da data em que os prémios ou fracções subsequentes sejam devidos, a avisar, por escrito, o tomador de seguro, indicando a data do pagamento, o valor a pagar e a forma e o lugar de pagamento.

2 - O prazo referido no número anterior é de 30 dias no que respeita aos prémios ou fracções referidos no Nº 2 e Nº 3 do artigo 5º.

3 - Do aviso a que se referem os números anteriores devem obrigatoriamente constar as consequências da falta de pagamento do prémio ou fracção.

4 - Recai sobre a empresa de seguros o ónus da prova relativo ao envio do aviso a que se refere o presente artigo.

5 - Nos seguros de crédito, quando o risco coberto seja o previsto na alínea b) do Nº 3 do artigo 2º do Decreto-Lei Nº 94-B/1998, de 17 de Abril, e estejam identificados em documento contratual as datas de vencimento e os valores a pagar, bem como as consequências da falta de pagamento do prémio ou fracção, a empresa de seguros pode optar por não proceder ao envio do aviso previsto no Nº 1, recaindo sobre ela o ónus da prova da emissão e aceitação, pelo tomador de seguro, daquele documento contratual.

6 - Nos contratos de seguro cujo pagamento do prémio seja objecto de fraccionamento por prazo inferior ao trimestre, e estejam identificados em documento contratual as datas de vencimento e os valores a pagar,

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bem como as consequências da falta de pagamento do prémio ou fracção, a empresa de seguros pode igualmente optar por não proceder ao envio do aviso previsto no Nº 1, recaindo sobre ela o ónus da prova da emissão e aceitação, pelo tomador de seguro, daquele documento contratual.

7 - Nos contratos de seguro de responsabilidade civil automóvel em que o pagamento do prémio seja fraccionado, para efeitos de aplicação do Nº 1 do artigo 3º do Decreto-Lei Nº 130/1994, de 19 de Maio, considera-se que a validade do seguro corresponde ao período para o qual o prémio se encontra pago.”

Artigo 8º (Falta de pagamento do prémio ou fracção):

”1 - A falta de pagamento do prémio de anuidades subsequentes, ou da primeira fracção deste, impede a renovação do contrato, que por esse facto se não opera, e o não pagamento de uma qualquer fracção do prémio no decurso de uma anuidade determina a resolução automática e imediata do contrato, na data em que o pagamento dessa fracção era devido.

2 - Na falta de pagamento dos prémios ou fracções referidos no Nº 2 e Nº 3 do artigo 5º na data indicada no respectivo aviso, o tomador de seguro constitui-se em mora e, decorridos 30 dias após aquela data, o contrato é automaticamente resolvido, sem possibilidade de ser reposto em vigor.

3 - Durante o prazo referido no número anterior o contrato produz todos os seus efeitos, nomeadamente a cobertura dos riscos.

4 - Nos casos em que a cobrança seja efectuada através de mediadores, estes ficam obrigados a devolver às empresas de seguros os recibos não cobrados dentro do prazo de oito dias subsequentes ao prazo estabelecido nos avisos referidos no Nº 1 e Nº 2 do artigo anterior, sob pena de incorrerem nas sanções legalmente estabelecidas.”

Destes normativos facilmente se extrai que com o Dec.-Lei nº 142/2000, o legislador-- depois das complexas e de duvidosa aceitação -- condescendências das leis anteriores, adoptou uma posição quase radical: agora, o prémio paga-se quando se faz o seguro; se não for pago nesse acto, só haverá cobertura dos riscos a partir do momento em que for pago; e só no que toca aos prémios subsequentes deve a seguradora avisar o tomador até 30 dias antes do vencimento-- e se o prémio não for pago nos 30 dias seguintes ao do vencimento, o seguro ficará automaticamente resolvido, sem poder ser reposto em vigor.

Portanto, agora-- ao invés do que sustentam as agravantes--, o documento comprovativo do seguro que o certificado provisório, de facto, consubstancia, só é eficaz-- ou seja, só cobre os riscos-- a partir do momento do pagamento do prémio ou fracção inicial.

É certo que o pagamento do prémio (inicial) não tem de ocorrer logo na data da celebração do contrato.

Mas o segurado tem todo o interesse em proceder logo ao seu pagamento, sob pena de ver diferida a produção dos efeitos do seguro, apenas funcionando a partir do “momento do pagamento do prémio ou fracção”.

Por isto, não vemos que assista razão aos agravantes. É que não basta exibirem o certificado provisório do seguro. Impõem-se que provem o pagamento do prémio antes da ocorrência do sinistro, pois só a partir daí tem lugar a “cobertura dos riscos”.

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E também por isso, não tem a seguradora/agravada que fazer qualquer prova de anulação do contrato de seguro, quando a sua eficácia-- diríamos, mesmo, a sua validade-- ainda não operou.

Falámos em validade do contrato de seguro, uma vez que, se é certo que o aludido artº 20º do DL nº 522/85, de 31.12, dispõe que “Constitui documento comprovativo do seguro (…) relativamente a veículos matriculados em Portugal, (…), o certificado provisório ou o aviso-recibo”, não é menos certo que o mesmo normativo acrescente “quando válidos”.

Ora, tal validade tem de ser vista no caso sub judice cum grano salis.

Com efeito, se é a lei a dizer que só com o pagamento do prémio ou fracção inicial -- que “é devido na data da celebração do contrato”-- tem lugar a cobertura do risco, é o mesmo que dizer que até aí, a bem dizer, não se pode considerar “válido” o certificado provisório de seguro emitido pela ré agravada.

A ré/agravada alegou, assim, o que lhe competia: que o pagamento do prémio não tinha sido pago pelo segurado, motivo porque não havia seguro válido e eficaz à data do sinistro (ut artº 3º da sua contestação).

Incumbia, assim, ao segurado fazer a prova desse pagamento para provar que o certificado provisório de seguro era “válido” (e eficaz).

E, tendo pago o prémio (inicial), obviamente que sempre disporia do respectivo recibo para fazer aquela prova, pois o mesmo é emitido logo no momento do pagamento do prémio-- mais não fosse, sempre o segurado deveria dispor do “recibo provisório” emitido “em caso de impossibilidade de emissão do recibo no momento do pagamento…” (cit. artº 4º, nº2 do DL 142/2000).

Veja-se que essa mesma “dependência” ficou a constar expressamente do certificado provisório do seguro em questão, junto a fls. 69, no qual se refere (a letras vermelhas, até-- para que dúvidas não houvesse!):

“o presente documento apenas será válido como certificado de seguro após o efectivo pagamento do prémio respectivo”.

Em suma: dizendo a lei (artº 22º do DL 522/85, de 31.12) que o certificado provisório constitui documento comprovativo do seguro, “quando válido”, relativamente a seguros abrangidos pelo Dec.-Lei nº 142/2000, de 15.07, uma vez que a produção dos efeitos do seguro apenas opera a partir do momento do pagamento do prémio ou fracção inicial, a validade do certificado provisório de seguro fica dependente daquele pagamento.

Assim, a seguradora apenas tem de alegar o não pagamento do prémio, e já não alegar e provar a anulação do contrato de seguro, pois a sua eficácia-- diríamos, mesmo, a própria validade-- ainda não operou.

Ao invés, incumbe ao segurado-- para não ver vingar a excepção de ilegitimidade passiva da seguradora-- alegar (e provar) que pagou o “prémio ou fracção inicial” para, com isso, fazer a prova da existência de seguro válido e eficaz e consequente legitimidade da ré / Companhia de Seguros.

Por outro lado, sempre se acrescente que era este, e só este, o entendimento que teria qualquer pessoa colocada na posição do real destinatário do seguro.

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Efectivamente, é isso que se extrai do nº 1 do artº 236º do CC, que representa a consagração da chamada

«teoria da impressão do destinatário», teoria que entende que a declaração negocial deve ser interpretada como a interpretaria um destinatário mediadamente sagaz, diligente e prudente, colocado na posição concreta do destinatário.

O Código Civil não se pronunciou sobre o problema de saber quais as circunstâncias atendíveis para a interpretação, ensinando Mota Pinto que «se deverá operar com a hipótese de um declaratário normal:

serão atendíveis todos os coeficiente ou elementos que um declaratário medianamente instruído, diligente e sagaz, na posição do declaratário efectivo, teria em conta»[3].

Entre os elementos a tomar em conta destacam-se os posteriores ao negócio, elementos estes que são «os modos de conduta porque posteriormente se prestou observância ao negócio concluído»[4].

Manuel de Andrade refere, a título exemplificativo, «os termos do negócio», «os usos de outra natureza que possam interessar», a «finalidade prosseguida pelo declarante» e «os interesses em jogo no negócio»[5].

Por aqui se vê, também, que razão tem o Mmº Juiz a quo quando refere que não se trata em rigor de uma situação de “anulação por falta de pagamento do respectivo prémio de seguro”, mas sim de inoperância ou até de inexistência de contrato de seguro, por falta do pagamento do prémio inicial.

Diga-se, finalmente, que o entendimento que aqui sufragamos até é reforçado pelo preâmbulo do Dec.-Lei nº 142/2000, de 15.07 (redacção inicial).

Efectivamente, ali se escreveu:

“À semelhança da generalidade dos países da Comunidade Europeia, passa a dispor-se, como regra, que os contratos de seguro só produzem o efeito de cobertura do risco a partir do pagamento do prémio ou fracção iniciais, com o que se acautela a eventualidade de as empresas de seguros poderem ser obrigadas à cobertura de riscos sem que tais importâncias estejam pagas e as dispensa de accionarem o mecanismo de resolução dos contratos e de recorrerem a juízo para obterem o pagamento dos prémios ou fracções iniciais em dívida.

Não assim quanto aos prémios ou fracções subsequentes, em que é de manter o regime vigente de obrigatoriedade de expedição de aviso pelas empresas de seguros aos tomadores do seguro, com a indicação da data limite para o pagamento e da advertência de resolução automática do contrato se o pagamento não tiver lugar.

[………]

…………. com o presente diploma, se tem em vista a diminuição da litigiosidade nos tribunais, é, assim, legítimo esperar das empresas de seguros uma utilização eficaz deste sistema de selecção, utilização essa que o cumprimento das regras de uma sã e leal concorrência também impõe. “.

E esta tecla foi reiterada-- e reforçada, até-- no preâmbulo do DL nº 122/2005, de 29.07 (que alterou o aludido DL nº 142/2000).

Aqui se referiu:

(12)

“O presente diploma, ……….., com o principal objectivo de diminuir o número do litígios relacionados com o pagamento dos prémios de seguro. Para atingir este propósito, importa aplicar em toda a sua extensão o princípio que já resultava da versão originária do diploma, segundo o qual o contrato de seguro só deve produzir os seus efeitos com o pagamento do prémio ou fracção por parte do tomador de seguro. Deste modo, o seguro apenas é válido, produzindo os seus efeitos, com o pagamento do prémio ou fracção, não sendo eficaz, quanto ás obrigações de ambas as partes, se não se verificar o pagamento.

Neste sentido, tanto o prémio ou fracção inicial como os prémios ou fracções subsequentes são devidos numa determinada data, mas o contrato apenas produz os seus efeitos, na parte correspondente ao prémio ou fracção em dívida, a partir do momento do seu pagamento. Não procedendo o tomador de seguro ao seu pagamento, verificam-se duas consequências: por um lado, o risco deixa de estar coberto pelo contrato; por outro, o valor do prémio ou fracção em dívida deixa, relativamente à generalidade dos contratos, de poder ser judicialmente exigido pela seguradora.

Consequência relevante do regime ora aprovado, facilitadora do tráfico jurídico e da mobilidade do tomador de seguro, é o afastamento parcial do regime previsto no n.° 1 do artigo 18.° do Decreto-Lei n.°

176/95. de 26 de Junho, no caso de não renovação do contrato de seguro por vontade do tomador de seguro que passará a operar tão-só pelo não pagamento atempado do respectivo prémio, desonerando-o de efectuar a comunicação aí prevista.

No que respeita aos prémios ou fracções subsequentes, mantém-se a obrigação da empresa de seguros de informar o tomador de seguro acerca do momento em que o prémio ou fracção é devido.”-- os negritos e sublinhados são da nossa autoria.

Assim, dir-se-á que, se é certo que no que concerne ao contrato de seguro a prova se faz normalmente através da apólice (artº 426º C. Com.) e da acta adicional (que titula as alterações da apólice) e que o seguro obrigatório automóvel se prova nos termos do aludido artº 20º do DL nº 522/85: carta verde, certificado provisório ou aviso-recibo-- o que significa que estamos perante formalidades ad substantiam (que não poderão ser substituídas por outros meios de prova)[6], certo é, também, que no caso presente-- de falta de pagamento do prémio inicial-- a validade do certificado provisório do seguro[7] fica também dependente (ou condicionado) do pagamento do prémio ou fracção, só produzindo os seus efeitos com esse pagamento, não sendo eficaz, quanto às obrigações de ambas as partes, se o mesmo se não verificar.

Aliás, é bom que se acentue que uma coisa é a existência do contrato de seguro e outra-- bem diferente-- a sua validade[8]. E esta última ficou subordinada à verificação de uma (futura) condição: o efectivo pagamento do prémio inicial.

Perante o explanado, logo se vê que, não estando provado que à data do acidente existia seguro válido e eficaz relativo ao veículo matrícula ..-..-OZ-- prova a fazer (pelo segurado) por via do … pagamento do prémio inicial ou fracção inicial--, não podia a ré seguradora deixar de ser (como foi) considerada parte ilegítima-- com a consequente procedência da respectiva excepção (dilatória) que invocara na contestação, conducente à sua absolvição da instância (ut arts. 493º, nº2 e 494º, al. e) e 288º, nº1, al. d), todos do

(13)

C.P.Civil).

Improcedem, assim, as conclusões[9] dos agravantes.

CONCLUINDO:

- Dizendo a lei (artº 22º do DL 522/85, de 31.12) que o certificado provisório de seguro constitui documento comprovativo do seguro, “quando válido”, relativamente a seguros abrangidos pelo Dec.-Lei nº 142/2000, de 15.07, em que a produção dos efeitos do seguro apenas opera a partir do momento do pagamento do prémio ou fracção inicial, a validade do certificado provisório de seguro fica dependente daquele pagamento.

- Assim, a seguradora apenas tem de alegar o não pagamento do prémio, e já não alegar e provar a anulação do contrato de seguro, pois a sua eficácia-- diríamos, mesmo, a própria validade-- ainda não operou.

- Ao invés, incumbe ao segurado-- para não ver vingar a excepção de ilegitimidade passiva da seguradora-- alegar (e provar) que pagou o “prémio ou fracção inicial” para, com isso, fazer a prova da existência de seguro válido e eficaz e consequente legitimidade da ré / Companhia de Seguros.

IV. DECISÃO:

Termos em que acordam os Juízes da Secção Cível do Tribunal da Relação do Porto em negar provimento aos agravos, mantendo a decisão recorrida.

Cada agravante pagará as custas do respectivo agravo.

Porto, 12 de Abril de 2007 Fernando Baptista Oliveira José Manuel Carvalho Ferraz

Nuno Ângelo Rainho Ataíde das Neves

_____________________________________

[1] A exceptio non adimpleti contractus imporia, em princípio, o desligamento da responsabilidade da seguradora frente à falta de pagamento do prémio.

Só que, em matéria de seguros, há uma especificidade de interesses em jogo que fundamenta ponderação legislativa a quebrar a rigidez daquele princípio.

À seguradora interessa vivamente o pagamento pontual dos prémios e daí só assumir riscos depois da satisfação destes.

Mas há que estabelecer um período de tolerância, onde o prémio já vencido e em dívida não arraste a isenção da responsabilidade da seguradora.

Os direitos belga, holandês e inglês transportam para cláusulas convencionais a tramitação e o limite daquela tolerância - ver G. Xanthoulis, La protection des assurés et des biens dans le contrat, págs. 146 e

(14)

seguintes.

O direito grego - artigo 33 L°, § 1.°, alínea 3, do Decreto-Lei n.° 400/1970, marca um prazo de tolerância de 30 dias, dado a conhecer pela seguradora por carta.

Mas o envio dessa carta depois ou pouco antes de expirar esta dilação de 30 dias, visando proteger o segurado, é compensado, pela doutrina, através do princípio de boa fé - artigo 288.° do Código Civil -, que lhe vai conceder uma outra dilação suplementar razoável - Stella Baxas - Tsirimonaxi, Revue Internacional de Droit Comparé, Paris, Janeiro-Março, 1985, pág. 84. Diferentemente do projecto comunitário: proposta de directiva de 10 de Julho de 1979.

Aqui no artigo 7.° prevê-se uma dilação mínima de 15 dias contados a partir da notificação escrita de sanção.

Quanto aos outros direitos europeus, veja-se, v.g., em França, artigo 16.° da lei de 30 de Novembro de 1966- , «decorridos 10 dias sobre o vencimento do prémio» sem que este se mostre satisfeito, a seguradora envia carta registada de mise en demeure e a partir dela decorre o período de suspensão de garantia após 30 dias, possibilitando-se a ulterior resolução, decorridos 10 dias após suspensão».

Foi este o sistema que mais influenciou o Decreto-Lei n.° 162/84, de 18 de Maio (ver artigo 5.°, n.° 1).

Na falta de pagamento de prémio ou fracção na data indicada no aviso referido no n.° 1 do artigo anterior, o tomador de seguro constitui-se em mora e, decorridos que sejam 45 dias após aquela data, a garantia concedida pelo contrato será obrigatoriamente suspensa, mediante comunicação feita pela seguradora ao tomador de seguro, através de correio registado, com aviso de recepção, nos 30 dias imediatos ao termo daquele prazo, sem prejuízo [...]

A falta do pagamento do prémio tem como consequência a suspensão do contrato de seguro.

Na Alemanha, os arts. 35º a 42º da lei sobre o contrato de seguro não marcam prazo para a seguradora avisar o tomador de seguro em mora de prazo para efectuar o pagamento-- o mesmo acontecendo com a lei federal suíça (Moutinho de Almeida, Contrato e Seguro, 1ª ed., 1971, pág. 122).

[2] O problema principal era o da exigência de correio registado com aviso de recepção no que se refere aos avisos das seguradoras-- que apenas era cumprida pelas seguradoras de menor dimensão, porque, nas grandes, o cumprimento de tal requisito custava… milhares de contos por ano!.

Assim, discutiu-se imenso se se estava perante formalidade "ad substantiam" ou "ad probationem", com as consequências previsíveis: quando se entendeu que era "ad substantiam", as seguradoras pagaram milhares de contos por força de contratos cujas garantias estavam suspensas.

Sobre a questão pode ver-se, designadamente, o Ac. S.T.J., de 20.4.99, in BMJ, nº 486-287, que decidiu que provado, por qualquer forma, que o tomador recebeu o aviso, operou-se a suspensão.

Ver, ainda, o Ac. STJ, de 26.6.97 - BMJ. nº 468-398.

[3] Teoria Geral do Direito Civil, 1980, 421.

[4] Rui Alarcão, in Bol. M.J. nº 84º, pág. 334.

[5] Teoria Geral da Relação Jurídica, Vol. II, 1960, 313, nota 1.

[6[Ver o Ac. RP de 24.5.94, Col. Jur, XIX, III, 219 e o Ac. do STJ, de 28.9.95, in Col. Jur./ Acs. STJ, III-III-31.

[7] Certificado esse que é um documento autêntico, pelo que a sua falsificação ou utilização dolosas serão punidas nos termos do CP- artº 35º do DL nº 522/85.

(15)

[8] Invalidade que pode ocorre por falta de forma (ver artº 426º do C. Com.), ou outro motivo qualquer.

[9] Em boa verdade, o que constatamos é que as agravantes não apresentaram conclusões das suas doutas alegações, pois praticamente se limitaram a transcrever as alegações que elaboraram.

Saliente-se que vai sendo habitual este procedimento, em violação do estatuído no artº 690º-1, do CPC (“o recorrente deve apresentar a sua alegação, na qual concluirá, de forma sintética, pela indicação dos fundamentos por que pede a alteração ou anulação da decisão”). E só não convidamos à elaboração de verdadeiras “conclusões” por uma questão de economia processual-- sendo certo, ainda, que se não vê, em boa verdade, qual a utilidade em o fazer, a não ser… tirar-nos algum trabalho com a leitura e transcrição das extensas “conclusões”.

Fonte: http://www.dgsi.pt

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