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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL JORNALISMO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

JORNALISMO

JULLYENDSON DAVID LOPES DO VALE

HUMANUS: UM PODCAST SOBRE O SISTEMA PRISIONAL

NATAL/RN 2021

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JULLYENDSON DAVID LOPES DO VALE

HUMANUS: UM PODCAST SOBRE O SISTEMA PRISIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção de título de Bacharel em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.

Orientadora: Profª. Dra. Mônica Mourão Pereira

NATAL/RN 2021

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3 TERMO DE APROVAÇÃO

JULLYENDSON DAVID LOPES DO VALE

HUMANUS: UM PODCAST SOBRE A REALIDADE PRISIONAL NO RIO GRANDE DO NORTE

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Jornalismo. Aprovado em Natal/RN,2021, pela seguinte banca examinadora:

Profª. Dra. Mônica Mourão Pereira (Orientadora)

Prof. Dr. Antonino Condorelli (Examinador)

Prof. Me. Cezar Barros Macêdo (Examinador)

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4 DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meus pais que sempre batalharam e se esforçaram para que hoje eu pudesse estar terminando uma graduação. Sem eles na minha jornada, isso não seria possível.

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5 AGRADECIMENTOS

Chegar onde estou chegando, é sem dúvida, um dos motivos de mais gratidão em que tenho para externar. Foram anos de batalhas, esforços, aprendizados e muitas conquistas. Porém, sozinho seria impossível ter trilhado essa jornada, e hoje, poder cruzar a linha de chegada. Por isso, sou grato:

Primeiramente a Deus. Sem Ele na minha vida, nada teria acontecido ou teria sentido. Tudo o que faço e tenho é dEle, por Ele e para Ele.

Ao meu pai, João, que desde sempre batalhou e se esforçou para que eu tivesse uma educação de qualidade e pudesse transformar esse privilégio em uma oportunidade para conquistar meus sonhos e me tornar quem sou hoje. A minha mãe, que desde sempre esteve ao meu lado, dedicando integralmente a sua vida, segurando minha mão e me guiando por todas as fases até hoje. Sou e serei eternamente grato as duas pessoas mais importantes da minha vida.

As minhas irmãs, Julliendy e Maria Luisa, que sempre me apoiaram e acreditaram no meu potencial, e ao meu sobrinho Miguel a quem dedico todo o meu amor e esforço. A toda minha família e amigos que estiveram ao meu lado e de alguma forma contribuíram nessa caminhada.

Agradeço a Newton Albuquerque, Glycia Lopes e Augusto Dantas que contribuíram para este trabalho e também a professora orientadora Mônica Mourão que foi fundamental e essencial nessa etapa final da graduação.

E claro, a todos os professores e colaboradores que conheci, compartilhei experiências e aprendi durante todo o curso.

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6 “Devemos promover a coragem onde há medo, promover o acordo onde existe conflito, e inspirar esperança onde há desespero”

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7 RESUMO

O presente trabalho relata a produção do programa de podcast “Humanus”. O programa sonoro vai explanar dados, receber convidados e promover o debate sobre o sistema prisional e suas consequências na sociedade, com o intuito de gerar reflexões sobre o tema.O primeiro episódio será voltado para o sistema carcerário e suas questões, debatendo Direitos Humanos e pandemia; o segundo será sobre o sistema prisional feminino e o terceiro sobre a vivência de um egresso do sistema penal do Rio Grande do Norte.Entre os convidados, teremos o professor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, Augusto Dantas, a policial penal do Complexo Penal Dr. João Chaves, Glycia Lopes, e o escritor e publicitário, Newton Albuquerque. Neste relatório, apresentamos nossas pesquisas bibliográficas acerca do sistema prisional no Brasil e o formato de mídia podcast. Além disso, o trabalho retrata as etapas de produção do programa “Humanus”, desde a pré-produção e adequações devido à pandemia do novo coronavírus, até a edição e finalização do produto.

Palavras-chave: jornalismo; podcasts; direitos humanos; sistema carcerário; pandemia.

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8 ABSTRACT

Unlike radio programs, podcasts are gaining more and more space in the lives of young Brazilians by providing a complete, periodic, dynamic and accessible audio experience in streaming. Escaping the “hard news” model, with live journalistic coverage and hurried agendas, we propose, through the “Humanus” podcast, to analyze and debate data and important issues that are inserted within the prison system. There are three initial episodes lasting about 10 minutes each in which, through interviews, we will understand the functioning and the experiences of important characters who are or have been inserted in crowded prisons in Rio Grande do Norte. The interviewees were the professor and social researcher, Augusto Araújo, the penitentiary agent of the João Chaves Penal Complex, Glycia Lopes, and the writer and publicist Newton Albuquerque, a graduate of the prison system. Also in this report, we present the production stages of the “Humanus” program, from pre-production and adjustments due to the pandemic of the new coronavirus to product edition and finalization, bibliographic references and pertinent information about the podcast tool.

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9 SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 11

2. SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO ... 12

2.1 DIREITOS HUMANOS ... 13

2.2 MULHERES ... 16

2.3 RIO GRANDE DO NORTE ... 18

2.4 PANDEMIA ... 19 3. PODCAST ... 21 3.1 PODCAST NA PANDEMIA ... 22 4. METODOLOGIA... 24 5. PODCAST HUMANUS ... 26 6. PRODUÇÃO ... 30 6.2 ENTREVISTAS ... 31 6.2.1 ENTREVISTADOS ... 31 7. FINALIZAÇÃO DO PRODUTO... 35 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 37 REFERÊNCIAS ... 39

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1 0 LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Logotipo Humanus. ... 27

Figura 2 Episódio 1: "O sistema carcerário e suas questões". ... 28

Figura 3 - Episódio 2: "Mulheres no contexto de encarceramento". ... 28

Figura 4 - Episódio 3: "A experiência além dos muros". ... 29

Figura 5 - José Augusto de Araujo. ... 32

Figura 6 - Glycia Lopes, 27. ... 33

Figura 7 - Newton Albuquerque, 45. ... 34

Figura 8 - Perfil no instagram ... 36

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11 1. INTRODUÇÃO

Com o advento do universo digital, o surgimento de novas ferramentas de informações e a necessidade de se adequar a elas é cada vez mais comum e indispensável. Prova disso, é a chegada dos podcasts. O novo formato de programa sonoro surgiu como uma nova versão do primeiro meio de comunicação de massa, o rádio. Originado pela junção dos termos Pod que significa “Pessoal sob demanda”, retirada de iPod, com broadcast (radiodifusão).

Segundo a Associação Brasileira de Podcasts, o formato possui uma estimativa de 34,6 milhões de ouvintes no Brasil, praticamente 8%da população, trazendo a oportunidade de ouvir determinado conteúdo quando e onde quiserem, além de podermos encontrá-lo com facilidade na internet através de várias plataformas digitais.

Tendo em vista essas facilidades e a adesão do público, empresas de meio de comunicação viram na nova ferramenta a oportunidade de usá-la para propagar notícias e outros conteúdos. Porém, não só as empresas, mas muitas pessoas passaram a produzir seus próprios podcasts devido à facilidade promovida pelo formato, comparado aos programas de rádio, por exemplo. Por isso, vimos à possibilidade de realizarmos este trabalho nesse formato, sendo a melhor opção diante a pandemia da Covid-19, pois é possível desenvolver o programa de forma remota e com a utilização de poucos recursos.

O programa “Humanus” tem como objetivo trazer entrevistas que incentivam o debate a respeito do sistema prisional brasileiro e suas consequências na sociedade. Tento em vista, a situação precária presente todo território nacional e os ataques a dignidade humana.

Os três primeiros episódios vão explanar dados, receber convidados e estimular o debate sobre o tema, gerando reflexões. O primeiro episódio será voltado para a situação carcerária do Brasil, debatendo questões a respeito dos Direitos Humanos e pandemia, o segundo sobre o sistema prisional feminino e o terceiro sobre a experiência de um ex privado de liberdade.

Para isso, realizamos pesquisas bibliográficas a respeito da temática para embasar nossos questionamentos e assim conduzir melhor as entrevistas com os convidados e estimular o debate sobre o tema. Neste relatório, descreveremos todos os processos fundamentais para a construção do programa Humanus.

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12 2. SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO

O debate a respeito do sistema prisional brasileiro é recorrente há décadas e permeado por divergências da opinião pública. Como Juliana Borges traz em seu livro “O que é encarceramento em massa?”, é preciso recorrer tanto à história quanto a uma discussão sobre a ideologia que serve como pano de fundo nas construções estruturais sociais.

Ao longo da história, notamos que os altos índices de encarcerados sempre recaem sobre os negros e pessoas de classe econômica baixa no Brasil, o que escancara a desigualdade na qual estamos enraizados. No Brasil, segundo estatísticas do levantamento 1Nacional de Informações Penitenciárias do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), de 2016, mais de 60% dos privados de liberdade são negros e de classe econômica baixa.

O sistema de justiça criminal tem profunda conexão com o racismo, sendo o funcionamento de suas engrenagens mais do que perpassados por esta estrutura de opressão, mas o aparato reordenado para garantir a manutenção do racismo e, portanto, das desigualdades baseadas na hierarquia racial (BORGES, 2018, p. 16).

Essa expressividade nos dados é o resultado de um sistema criminal que tem como um dos pilares de sustentação a manutenção histórica da opressão existente na hierarquia racial, o que torna o sistema um reprodutor de desigualdades, gerando consequências em toda sociedade.

Os sistemas punitivos, portanto, não são alheios aos sistemas políticos e morais, são fenômenos sociais que não se prendem apenas ao campo jurídico, pelo contrário, tem um papel no ordenamento social e tem, em sua constituição, uma ideologia hegemônica e absolutamente ligada à sustentação de determinados grupos sociais em detrimento de outros (BORGES, 2018, p.39).

A crise no sistema prisional não é apenas na segurança pública, mas um problema social, caracterizado pela existência de um “autoritarismo social” apresentado por meio de injustiças, preconceitos, opressões e violação dos direitos humanos, herdados de um passado escravista que ainda não foi abolido.

1

Disponível emhttps://www.justica.gov.br/news/ha-726-712-pessoas-presas-no-brasil/relatorio_2016_junho.pdf Acesso em 17 mar. 2021.

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13 Essa visão é cega para algo profundo na sociedade brasileira: o autoritarismo social. Nossa sociedade é autoritária porque é hierárquica, pois divide as pessoas, em qualquer circunstância, em inferiores, que devem obedecer, e superiores, que devem mandar. Não há percepção nem prática da igualdade como um direito. […] nela vigoram racismo, machismo, discriminação religiosa e de classe social, desigualdades econômicas das maiores do mundo, exclusões culturais e políticas. (CHAUÍ, 2000, p. 435).

A defesa desse sistema é uma consequência de algo que já foi naturalizado no imaginário social. A ideia de pensar a punição e prisão como algo inevitável a toda transgressão, é sutilmente implantado e, nos últimos tempos, tem ganhado ainda mais força devido ao avanço de um discurso conservador e autoritário no país.

Roland Barthes defende que para acessar o sentido e o significado de um discurso, é preciso desnudá-lo e desconstruí-lo. Ou seja, a partir da desconstrução desse discurso autoritário, notamos que ele está muito mais ligado a todo esse histórico de construções sociais tomada por injustiças, preconceitos e opressões do que a justificativa do desejo de uma sociedade “mais tranquila”.

Por isso, a necessidade de compreendermos a raiz do problema e ressignificar pensamentos construídos estruturalmente.

2.1DIREITOS HUMANOS

A Declaração Universal dos Direitos Humanos é nada mais do que a garantia de uma sociedade com relações mais justas e harmônicas, protegendo a dignidade humana e garantindo direitos básicos a todos. Dividido em três dimensões, a defesa desses direitos garante o respeito à liberdade, ou seja, o Estado não pode interferir na liberdade dos seus cidadãos sem que tenham regras claras e motivos razoáveis para isso; igualdade, o que dá direitos sociais, econômicos e culturais a todos; e por fim, fraternidade e solidariedade, relacionadas ao desenvolvimento e progresso e à autodeterminação dos povos (NOVELINO, 2009).

É evidente que a garantia de direitos básicos a todos é indiscutível em uma sociedade. Porém, notamos com muita frequência a não garantia desses direitos quando se trata, principalmente, da segurança pública no Brasil.

O caos instaurado nas estruturas precárias e nas superlotações recorrentes no encarceramento em massa são os principais agravantes desses ataques aos direitos básicos.

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14 Um dos motivos que podemos relacionar é o aumento da população carcerária inversamente proporcional ao número de novas vagas nos presídios.

Com a aprovação da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), pessoas flagradas com alguma quantidade de droga e que for considerada tráfico, poderão ser levadas à prisão, enquanto pessoas caracterizadas como usuárias, cumpririam uma pena alternativa diferente da prisão, como: advertência, prestação de serviços à comunidade ou medidas educativas. E é justamente nessa distinção entre usuário e tráfico que há tratamentos diferenciados entre classes econômicas e, consequentemente, o crescimento exponencial da população carcerária brasileira. Pesquisas apontam que antes da sanção da nova lei de drogas em 2006 o país tinha 47 mil presos por tráfico, no ano de 2017 esse número chegou a 138 mil.

Para Cristiano Maronna, advogado criminalista, secretário executivo do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e presidente da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, essa distinção sem a exigência de provas é um problema:

O Artigo 33 que trata do tráfico coloca como uma das condutas punidas a cessão gratuita de drogas de uma pessoa a outra. Isso não é tráfico, o tráfico envolve lucro. Outra coisa é que não se exige prova. A pessoa flagrada com determinada quantidade é presumida como traficante. Isso é inaceitável, porque o que se espera é que o Estado prove que aquela pessoa, de fato, trafica drogas, por meio, por exemplo, do extrato bancário ou por meio de uma investigação, com testemunhas etc. Nada disso é exigido, como regra, para uma pessoa ser condenada por tráfico (MARONNA, 2018).

Devido a mais esse incentivo às prisões, 62% das mulheres encarceradas respondem por crime ligado a drogas; de 2006 a 2014, o número de encarcerados aumentou em mais de 200 mil, o que reflete diretamente na superlotação dos presídios, de acordo com relatos do Infopen.

Segundo dados do DEPEN2, a população carcerária brasileira possui hoje mais de 700 mil presos, e em 2016 tinha um déficit de 358.668 vagas e uma taxa de ocupação de 197,4%, o que revela uma precarização na estrutura dos presídios nacionais e, consequentemente, condições inadequadas de sobrevivência, corroborando para a ausência de garantias básicas.

As penas privativas de liberdade aplicadas em nossos presídios convertem-se em penas cruéis e desumanas. Os presos tornam-se lixo digno do pior tratamento possível, sendo-lhes negado todo e qualquer direito à existência minimamente segura e salubre. (MARCO AURELIO, 2016, p. 5).

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15 A superlotação revela que as penas privativas que corrobora para o encarceramento em massa são responsáveis pela inexistência de um local adequado para sobrevivência dos apenados, levando-os a condições desumanas.

Sem contar, que essa crescente tende a continuar e, consequentemente, agravar ainda mais a situação, levando em consideração a manutenção do encarceramento em massa e a não estruturação do sistema recorrente as novas demandas, o que piora ainda mais a situação dentro e fora das unidades prisionais.

TORTURA

Privar uma pessoa de sua liberdade e colocá-la em uma cela superlotada, sem ventilação, higiene e outras condições desumanas já constitui uma forma de tortura. A definição de tortura não está resumida apenas à agressão física, mas se manifesta na ausência de serviços básicos, o que torna a sua presença ainda mais frequente nesses ambientes.

No sistema carcerário a tortura também se opera por meio da ausência de serviços básicos, da hiperlotação das celas, da alimentação deficiente, da insalubridade do ambiente prisional, pelos “bondes loucos”, regimes de isolamento, surtos viróticos e bacteriológicos, ameaças e violências cotidianas, pelos procedimentos disciplinares humilhantes, revistas vexatórias, partos com algemas e tantas outras situações (Pastoral Carcerária, 2016, p. 29).

Segundo o relatórioTortura em Tempos de Encarceramento em Massa”,lançado em 2016, pela Pastoral Carcerária, a tortura no Brasil continua presente. Condições desumanas e tomadas por ilegalidade estão presentes em todo cenário carcerário brasileiro, mesmo que o artigo 5º inciso III da Constituição de 1988 garanta que “ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante”

Essa tortura constitui instrumento essencial de gestão e manutenção da ordem de um sistema baseado em violação de direitos, e que não pode prescindir de violência para efetivamente cumprir seu papel de controle de determinados grupos e classes sociais (Pastoral Carcerária, 2016, p. 29). A tortura não é algo ultrapassado, ela sofre renovações e se adapta ao contexto e a tudo aquilo que tenta combatê-la, a prisão em si é uma tortura. É preciso questionar velhos conceitos sobre a tortura e perceber como ela está inserida na lógica do encarceramento em massa e no sistema penal como um todo.

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16 No acervo da Subcomissão da Verdade na Democracia, Cristiano Silva de Oliveira integrante do coletivo EuSouEu, relata as dificuldades encontradas dentro do sistema prisional:

A dificuldade de material higiênico nas unidades prisionais é uma realidade; você entrar em um banheiro que se chama boi, defecar em um buraco de cano, a água cair duas vezes no dia, a alimentação vir estragada várias vezes na semana. Os gatos e cachorros que tiravam a cadeia conosco sinalizavam a qualidade da brilhosa (quentinha servida) colocávamos primeiro para eles, era o modo de sabermos se a comida estava comível ou não (OLIVEIRA, 2018).

Situações como essa escancara o abandono do estado e necessidade de doações e o compartilhamento entre eles para que possam suprir necessidades básicas:

Existem presos que já vivem de forma sub-humana; Vivem de forma caótica mesmo, não tem roupa, se não tiver uma rede de apoio entre os presos para suprir as necessidades básicas de higiene o estado não fornece. Algumas instituições religiosas fazem doações mesmo assim não dá conta é essa rede de apoio que impede que a miséria efetiva venha detonar e explodir o sistema (OLIVEIRA, 2018).

É notório que a tortura é estrutural e sistemática no sistema prisional brasileiro, tendo em vista o caos e as condições desumanas presentes em todo cenário. Um verdadeiro ataque a garantia dos direitos humanos.

2.2 MULHERES

O número de mulheres privadas de liberdade no Brasil sempre foi estatisticamente inferior ao número de homens presos e, por isso, a minimização da necessidade de se debater o sistema prisional feminino durante anos. Porém, segundo dados do Infopen Mulheres3, no período de 2000 a 2014 a população carcerária feminina teve um aumento de 567,4%, enquanto a média de crescimento masculino, no mesmo período, foi de 220,20%, revelando

3 Disponível em

https://cnj.jusbrasil.com.br/noticias/252411149/populacao-carceraria-feminina-aumentou-567-

em-15-anos-no-brasil#:~:text=O%20Coordenador%20do%20Departamento%20de,de%20aproximadamente%20607%20mil%20 detentos Acesso em 13 abr. 2021.

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17 um crescimento do encarceramento em massa de mulheres e a urgência de debater o tema e encontrar soluções para garantir direitos básicos a essas mulheres.

As mulheres representam 6,4% da população carcerária do Brasil, que é de aproximadamente 607 mil detentos no total. No ranking mundial da população carcerária feminina, o Brasil fica em 5º lugar, atrás apenas dos Estados Unidos, China Rússia e Tailândia.

O levantamento também revelou que 68% das mulheres presas no país são negras, enquanto 31% são brancas. No Acre, 100% das detentas eram negras em junho de 2014. O segundo estado com o maior percentual é o Ceará, com 94%, seguido da Bahia, com 92% de presas negras.

Quando o assunto é escolaridade, somente 11% concluíram o Ensino Médio e o número de concluintes do Ensino Superior ficou abaixo de 1%, 50%, das detentas possuem o Ensino Fundamental incompleto e 4% são analfabetas. Um forte indicador de baixa renda.

O ingresso expressivo das mulheres no sistema prisional corrobora com a superlotação dos poucos presídios femininos e, consequentemente, com as condições precárias presentes em todo o sistema prisional. Obrigando-as na maioria das vezes e irem para presídios mistos, devido à ausência de vagas e de presídios femininos.

Também segundo o levantamento Infopen4 de 2014, 75% das prisões no Brasil eram masculinas; 17% mistas e somente 7% direcionadas exclusivamente à mulheres. O que pode resultar em um problema ainda maior, tendo em vista o aumento do encarceramento em massa feminino nos últimos anos.

Os estabelecimentos penais, as estruturas internas desses espaços e as normas de convivência no cárcere quase nunca estão adaptadas às necessidades da mulher, já que são sempre desenhadas sob a perspectiva masculina. O atendimento médico, por exemplo, não é específico. Se já faltam médicos, o que dirá de ginecologistas, como a saúde da mulher requer (LANFREDI, 2016).

A ida de mulheres para presídios mistos as torna ainda mais suscetíveis a serem vítimas de abusos sexuais, verbais e morais, sem contar que mulheres e homens possuem necessidades diferentes, mas que na maioria das vezes é desconsiderado. O fornecimento de

4 Disponível em

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18 ginecologistas, absorventes, acompanhamento para as mulheres gestantes nas unidades, e entre outras assistências a necessidades femininas são escassos. Gestantes, por exemplo, enfrentam sérias consequências devido às condições da gravidez na prisão, provocando altos índices de estresse e os inúmeros casos de depressão.

Pela Lei de Execução Penal (7.020/84), as unidades prisionais destinados a mulheres deviam ter berçário, onde as privadas de liberdade pudessem cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até seis meses de idade. Porém, das 1.420 unidades prisionais citadas no levantamento, apenas 48 possuem celas ou dormitório adequado para gestantes (INFOPEN, 2014).

De acordo com os dados, é notório a abandono e o descaso quanto ao sistema prisional feminino e a necessidade de reavaliar esse sistema para que possam ser garantidos direitos básicos a todas as mulheres inseridas nesse contexto.

2.3 RIO GRANDE DO NORTE

A crise sistemática e generalizada no sistema prisional do paístambém está presente no Rio Grande do Norte. Segundo dados do Relatório Anual de Inspeção Prisional do Ministério Público5 publicado em 2019, o RN possui 1,43% da população carcerária do Brasil, apresentando 10.460 internos, divididos em 22 unidades penitenciárias, com um déficit de 4.288 vagas e uma taxa de ocupação de 169,48%, e ocupando a décima oitava maior população de pessoas privadas do Brasil.

Quando analisamos as taxas de ocupação por municípios, Nísia Floresta, que é onde está localizado o maior e mais antigo presídio estadual, a penitenciaria de Alcaçuz, apresenta uma taxa de ocupação de 190,62%, o que revela uma carência na estrutura e nas condições básicas de sobrevivência dentro do complexo.

Vale lembrar que a Penitenciária de Alcaçuz foi notícia nacional no ano de 2017, com o episódio que ficou conhecido como o “Massacre de Alcaçuz”. Uma chacina que resultou no total de 27 óbitos devido à disputa de facções que existe há anos dentro do complexo. Mais um retrato da falta de estrutura, entre outras falhas existentes no sistema carcerário no país e no RN.

5 . Disponível em

https://cnmp.mp.br/portal/images/noticias/2019/setembro/Relat%C3%B3rio_de_Visitas_Prisionais_-_vers%C3%A3o_final_2.pdf Acesso em 17 mar. 2021.

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19 Outro ponto que podemos destacar é que também segundo o Relatório Anual de Inspeção Prisional do Ministério Público, apenas 4,01% da população carcerária norteriograndense exerce atividades laborais interna e externamente no sistema penitenciário, o que torna o estado o último no ranking nacional em relação ao percentual de detentos trabalhando. Essa situação significa a ausência de oficinas de trabalho nas unidades, onde apenas 27,27% delas possuem esse tipo de condições de oferecerem esse tipo de atividade.

O relatório anual também destaca a ausência de infraestrutura e condições adequadas para a prestação de assistência médica, odontológica e farmacêutica no Complexo Prisional de Alcaçuz. Também expôs a dura realidade de cadeias: “Unidades, em sua maioria, sem alternativas de educação e trabalho, em condições estruturais difíceis, muitas delas superlotadas e sob forte influência de facções criminosas.”

2.4 PANDEMIA

A ausência de assistência medica em todo o sistema prisional brasileiro é algo recorrente já faz um tempo. Segundo dados do CNMP, Conselho Nacional do Ministério Público, 31% das unidades prisionais brasileiras não oferecem assistência medica internamente. No nordeste esse índice é ainda maior, chegando a 42,7%. Um descaso com a saúde dos detentos, principalmente quando se vive uma crise sanitária e hospitalar como a pandemia de Covid-19.

O coronavírus tem afetado o mundo todo e, consequentemente, o sistema prisional. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem feito o monitoramento, fiscalização e disponibilizado relatórios e boletins com informações sobre o contexto da pandemia em todo território nacional.

Segundo dados do Boletim Semanal sobre Contágios e Óbitos no Sistema Prisional, disponibilizado pelo CNJ6, no dia 24 de março de 2021, já foram registrados 67.262 casos de Covid-19 confirmados e 293 óbitos dentro dos espaços de reclusão, desde o início da pandemia, incluindo servidores e presos. Também segundo o boletim, apenas 261.723 presos e 67.969 servidores realizaram testes. Isso indica que o número de infectados pode ser ainda maior.

6

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20 De acordo com o monitoramento das ações de enfrentamento à Covid-19 em espaços de privação de liberdade, disponibilizado também pelo CNJ, no dia 24 de março de 2021, no RN 2.330 presos e 1.466 realizaram testes a partir de maio de 2020. Em relação à distribuição de equipamentos de proteção individual, foi distribuído uma máscara por pessoa presa e para os servidores 1 kit com: máscaras descartáveis, máscaras laváveis, face shield, álcool líquido e em gel. Aproximadamente 10 mil itens de proteção distribuídos para pessoas presas e 7 mil para servidores.

Em uma entrevista à Rádio potiguar 98 FM, no dia 23 de março de 2021, o diretor clínico da saúde do presídio de Alcaçuz, em Nísia Floresta/RN, Lionaldo Duarde, declarou a utilização de uso de medicação sem comprovação científica, a Ivermectina, para tratar precocemente a Covid-19 entre os presos, e ainda afirmou ter autorização para a realização da “pesquisa” entre os presos com o uso do remédio.

A declaração levou o Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do Rio Grande do Norte – CEPCT/RN a questionar em ofício à Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap), o prefeito de Nísia Floresta, Daniel Gurgel, e a Secretária Municipal de Saúde de Nísia, Lidiane Rodrigues, sobre qual o protocolo médico foi autorizado no presídio. O Comitê também pediu a instauração de procedimento administrativo para apurar a conduta do médico.

Francisco Augusto Cruz Araújo, o coordenador geral da Rede Potiguar de Apoio à Pessoa Privada de Liberdade Egressa e Familiar do Sistema Penitenciário (Raesp), não caracteriza o usa da medicação na unidade como uma pesquisa cientifica.

A Seap tem um setor específico para receber pedidos de realização de pesquisas. O que o médico fez passa longe de pesquisa científica, é um experimento próprio de uma convicção que ele tem a partir de sua concepção ideológica. Esse é o problema! Porque como o médico é o profissional autorizado para determinar o tratamento na prisão, ele utiliza seu viés ideológico para implementar o protocolo a uma população que não pode recusar. Aqui fora, posso dizer: não, não quero! Aí fica a questão, até onde vai o poder que o médico tem? A Seap, provavelmente, não tem conhecimento desse tipo de experimento, nem é recomendação da Secretaria fazê-lo (ARAÚJO, 2021).

Tal acontecimento revela o descaso com a saúde da massa carcerária. A submissão de presos a condições de cobaias é mais um ataque aos direitos básicos e a dignidade humana. Enxergar essa crise sanitária presente nos presídios brasileiros é necessário não apenas em tempos de pandemia, mas é trazer à tona uma questão constantemente ignorada pelo estado e pela sociedade. As ações para a manutenção da saúde carcerária mostram o impacto na segurança, bem como na vida de todos os indivíduos, indo além dos muros dos presídios.

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21 3. PODCAST

O surgimento de novas ferramentas de informações é algo cada vez mais comum. Constantemente nos deparamos com novos formatos disponíveis no mundo de digital. Exemplo disso são os podcasts. Originado pela junção dos termos Pod que significa “Pessoal sob demanda”, retirada de iPod, com broadcast (radiodifusão) o formato vem ganhando força e crescendo. E o jornalismo tem se adaptado e utilizado o formato.

Não é estranho ao jornalismo, ou ao seu processo criativo, conviver ou ser afetado pelo surgimento de modelos diferenciados para a elaboração, composição e apresentação de seus conteúdos. A tecnologia sempre foi um agente importante para desencadear essas mudanças, levando ao aprimoramento de técnicas jornalísticas, dos produtos disponibilizados para a apuração e da forma como as informações chegam à jornalista (FERNANDES, 2007, p. 4).

E mesmo tendo algumas características que lembram os programas de rádio, os podcasts possuem um novo jeito de distribuição e interação com seu público, promovido pela internet:

A distribuição de podcasts diferencia-se radicalmente da radiodifusão. No último processo a distribuição é feita tradicionalmente através de transmissores de ondas eletromagnéticas, que viajam através do éter, para serem captados e sintonizados através das antenas de receptores de rádio. Ou seja, a escuta se dá sincronicamente com a emissão do sinal. Desta forma, em programas ao vivo os apresentadores/locutores podem conversar com colegas da emissora, com entrevistados e mesmo com ouvintes ao mesmo tempo que o programa é sintonizado pela audiência. No podcasting essa sincronia é quebrada, pois o tempo de produção e publicação não coincide com o da escuta (PRIMO, 2005, p. 5).

E por mais recente que a presença dos podcasts pareça, desde 2004 o formato chegou ao Brasil, quando o Digital Minds7 começou a disponibilizar os arquivos de áudio para download através do podcasting8. Logo em seguida, outros surgiram no cenário brasileiro, porém de forma ainda muito sutil. Apenas em meados de 2019 o Brasil passou a ter um aumento expressivo no consumo. Segundo uma pesquisa da plataforma de streaming Deezer (uma das principais plataformas de reprodução de áudio em todo o mundo) foi notado um aumento de 67% no consumo de podcast no Brasil; 25% dos ouvintes consomem mais de uma hora por dia.

7Primeiro podcast brasileiro fundado em outubro de 2004.

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22 Segundo o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) entre outubro e dezembro de 2019, 40% das pessoas com acesso à internet escutaram algum tipo de podcast, e metade destes possuem uma prática de escutar mensalmente. A região com maior número de ouvintes é o Sudeste, com 51%, seguida da região Nordeste, com 23%. A região Sul concentra 11%, depois a região Norte com 8% e o Centro-Oeste com 7%.

Os programas radiofônicos têm conquistado seu espaço na internet, pois apenas com um smartphone a qualquer hora e lugar com acesso à internet ou até offline, é possível ouvi-los. Isso tem levado os meios de comunicação a utilizar o formato como um aliado na propagação de informação e de seus conteúdos, além, da vantagem de não necessitar necessariamente de grande investimento.

Segundo Carvalho (2007), os baixos custos de produção, a isenção de concessão, a flexibilidade, interatividade e o conteúdo em tempo real e essa possibilidade dos ouvintes consumirem o conteúdos em qualquer situação do dia, de forma online ou offline, são as vantagens de utilizar a internet para a produção de conteúdos sonoros.

3.1 PODCAST NA PANDEMIA

Segundo uma pesquisa realizada da pela Associação Brasileira de Podcasters (ABPOD), a PodPesquisa9, em 2018, havia mais de 2 mil programas ativos no Brasil. Porém de acordo com a Voxnest, o número cresceu ainda mais durante o ano de 2020, no período de pandemia da Covid-19, apresentando um crescimento de 103% de janeiro a julho de 2020 e tornando o Brasil primeiro lugar no ranking de criação.

O aumento no consumo de podcasts levou o Spotify10 a chegar, no segundo trimestre de 2020, a 1,5 milhão de podcasts em sua plataforma. O aumento foi expressivo no período de pandemia. Segundo a Deezer, a procura por podcasts no país aumentou mais de 150% e que 43% dos brasileiros ouviram o formato pela primeira vez durante a quarentena; a categoria voltada para o público infantil cresceu 218%, os de segmento de treinamento esportivo, cresceram 194% e os de meditação 132%.

9 Empresa Brasil de Comunicação. Disponível em

https://radios.ebc.com.br/tarde-nacional/2021/01/associacao-brasileira-de-podcasters-divulga-pesquisa-sobre-o-perfil-do. Acesso em 18 mar. 2021.

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23 O aumento significativo dessa demanda nos últimos meses é um estímulo à produção dos programas de áudio. E as empresas têm entendido a necessidade de utilizar o formato e, por isso, vários novos conteúdos sobre os mais variados assuntos e para diferentes perfis de público vêm surgindo. Tanto por empresas, como produções independentes.

Ou seja, uma ferramenta que vem gerando a oportunidade também para a criação de conteúdos independentes, devido às facilidades promovidas pelo formato e, principalmente,quando é necessário adaptar-se ao cenário de pandemia, pois é possível criar um programa de forma totalmente remota dentro e de um formato em ascensão.

E foi a partir disso que o programa “Humanus” surgiu. O produto que inicialmente teria o formato audiovisual, onde necessitaria de gravações externas e, consequentemente, riscos de contaminação e propagação do novo coronavírus. Então, optamos por nos adaptarmos a situação, e encontramos no podcast a oportunidade de desenvolvermos o programa de forma remota e segura.

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24 4. METODOLOGIA

A situação do sistema prisional no Brasil é um assunto que precisa ser debatido nos meios de comunicação. A hierarquização social fomenta um discurso escravista, autoritário e conservador no Brasil. Com a intenção de gerar a reflexão a respeito do assunto, surgiu o programa “Humanus”. Para a criação desse produto, inicialmente realizamos pesquisas bibliográficas a respeito do cenário prisional brasileiro, as violações dos direitos humanos nesses ambientes, sistema carcerário feminino e o cenário prisional no Rio Grande do Norte.

As pesquisas foram fundamentais para o embasamento teórico do conteúdo e, consequentemente, no direcionamento das entrevistas dos episódios, devido ao domínio do assunto resultado das pesquisas, o que é indispensável na condução de uma entrevista.

Também foram feitos estudos sobre o formato de mídia escolhido (podcast) e produções sonoras para adquirir conhecimento sobre o formato e facilitar a produção do produto.

A pesquisa bibliográfica procura explicar e discutir um tema com base em referências teóricas publicadas em livros, revistas, periódicos e outros. Busca também, conhecer e analisar conteúdos científicos sobre determinado tema (MARTINS, 2001). Processo fundamental na construção do trabalho.

[...] registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utilizam-se dados de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir de contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos (SEVERINO, 2007, p.122).

A partir das investigações de materiais teóricos sobre o assunto de interesse, identificamos e compilamos informações e ideias importantes sobre o tema, a partir dessas categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores, facilitando o conhecimento e contribuindo para o desenvolvimento do trabalho.

Esse levantamento bibliográfico preliminar pode ser entendido como um estudo exploratório, posto que tem a finalidade de proporcionar a familiaridade do aluno com a área de estudo no qual está interessado, bem como sua delimitação. Essa familiaridade é essencial para que o problema seja formulado de maneira clara e precisa (GIL, 2002, p. 61).

Com isso, foram escolhidos os entrevistados que têm vivência ou domínio sobre o tema, e realizado a criação do roteiro das entrevistas embasado nos conhecimentos teóricos

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25 adquiridos através das pesquisas bibliográficas, que também é fundamental na condução dessas entrevistas, pois o domínio do assunto no processo de entrevistas é indispensável.

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26 5. PODCAST HUMANUS

Humanus é um programa em formato de podcast que irá fomentar o debate a respeito do sistema prisional e suas respectivas consequências na sociedade, se despindo de toda e qualquer amarra para causar reflexões.

Com apresentação de Arthur Nascimento e Jullyendson Lopes, os três primeiros episódios vão explanar dados, receber convidados e estimular o debate sobre o tema, com o intuito de gerar reflexões.

O nome do programa vem da palavra “humanidade” e da necessidade de inseri-la nas discussões sociais. O trocadilho com a palavra “nus”, de nudez, traz a ideia das pessoas se despirem de suas opiniões e achismos sobre os assuntos relacionados ao sistema carcerário.

Os três episódios inicias, terão em média 10 minutos cada, onde os apresentadores trarão breves contextualizações sobre o tema, provocando questionamentos aos entrevistados que resultará em uma reflexão sobre o tema debatido ao final de cada episódio.

Todos os convidados a participarem dos episódios são pessoas que estão ou estiveram inseridos no contexto de encarceramento, seja exercendo sua profissão ou privados de liberdade, e irão contribuir a partir de suas vivencias e conhecimentos nos respectivos debates.

No primeiro episódio, conversamos com o professor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte, o professor Augusto Dantas que faz parte da Rede de apoio ao egresso do sistema penitenciário e com conhecimentos a respeito do sistema carcerário, o professor abordou a atual situação do nosso sistema carcerário e a importância da defesa dos direitos humanos nesse contexto, principalmente em meio à pandemia do novo coronavírus.

No segundo episódio, a agente penitenciária Glycia Lopes, policial penal do Complexo Penitenciário João Chaves, compartilhou suas experiências no contexto prisional feminino, trazendo reflexões a respeito do atual modelo de encarceramento em massa.

No terceiro episódio, conhecemos a história de Newton Albuquerque, ex-presidiário que cumpriu pena de 10 anos em regime fechado, no presídio de Alcaçuz, por tráfico de drogas. Abordando sua vivencia e experiências.

Nos três episódios inicias estimulamos a necessidade do debate desse tema e pudemos compartilhar experiências e conhecimentos necessários para compreender e refletir o sistema carcerário e o encarceramento em massa.

(27)

27 IDENTIDADE VISUAL

Apesar de ser um programa sonoro, a internet exige uma identidade visual que atraia o interesse dos ouvintes e que reforce ainda mais a mensagem que queremos transmitir. Por isso, criamos o seguinte logotipo:

Figura 1 - Logotipo Humanus.

Criado no adobe Photoshop, o background preto por trás do nome traz uma ideia de envelhecimento lembrando as estruturas das unidades prisionais no Brasil. Optamos por usar poucos elementos e enfatizar o nome do programa, reforçando a ideia de uma conversa com a utilização das aspas. Na paleta de cores, utilizamos elementos amarelos que, segundo a simbologia das cores, estimula o intelecto, é ótima para chamar atenção para um elemento e pode representar otimismo na escuridão. De forma geral, a imagem transmite o sentimento do que os ouvintes poderão conferir no programa.

A identidade visual também estará presente nos episódios, para os quais realizamos capas específicas para cada programa, enfatizando o tema que será abordado:

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Figura 2 Episódio 1: "O sistema carcerário e suas questões".

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29

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30 6. PRODUÇÃO

O processo de produção foi movido por muitos desafios e alterações. O projeto, que inicialmente teria um formato de websérie com gravações dentro do Presídio de Alcaçuz, teve que se adaptar ao cenário de pandemia da Covid-19, devido às limitações e aos riscos de contaminação e proliferação do vírus.

O projeto, que teve início ainda no período 2020.1, foi inviabilizado pela agressiva contaminação do coronavírus e, consequentemente, adiado para o período seguinte. O primeiro desafio encontrado pós o adiamento foi a mudança de orientação; antes éramos orientados pela professora Miriam Moema, que contribuiu na idealização do tema, e hoje orientados pela professora Mônica Mourão, que tem desempenhado um papel fundamental na orientação da produção, tendo em vista o pouco espaço de tempo devido ao calendário acadêmico remoto.

Outro obstáculo encontrado foi exatamente a redução do período letivo que, consequentemente, reduziu nosso prazo. Ainda no início do semestre tivemos reuniões remotas com a professora orientadora,quando estipulamos metas e prazos que não foram possíveis de serem cumpridos devido à pandemia, resultando, inclusive na alteração da proposta.

O produto, que inicialmente teria cinco episódios documentados dentro de alguma unidade prisional,sendo que chegamos inclusive a entrar em contato com a Secretaria de Administração Penitenciária para viabilizar o projeto, foi substituído pela alternativa de gravarmos com egressos em locais abertos fora do presídio, seguindo todos os protocolos de segurança recomendados, reduzindo a três episódios e com dois personagens. Chegamos a criar novos roteiros, encontrar novos personagens, estipular datas de gravações, porém, mais uma vez inviabilizados pelo avanço da pandemia.

Em todos os momentos sempre tivemos a consciência do cenário mundial e da necessidade de reconhecer e respeitar os limites, mesmo que o desejo de realizar o projeto como havíamos pensado inicialmente fosse algo importante para gente. Passar por todas essas alterações foi desafiador, porém totalmente compreensível.

Portanto, devido ao tempo limitado para a produção, encontramos a solução no formato podcast, o que facilitaria o processo de produção podendo ser executado remotamente, além de ser um formato interessante e em ascensão. A partir disso, ouvimos

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31 alguns modelos de programas para inspiração no formato do programa e na construção da identidade visual.

Novos roteiros foram criados e criamos novas abordagens para o tema e, com isso, houve a necessidade de novos personagens, quando encontramos mais um obstáculo. A maior dificuldade na realização do produto foi encontrar personagens que pudessem contribuir para nosso trabalho. Chegamos a ter convidado que desistiu e outros que não nos responderam, e com isso, a necessidade de corrermos contra o tempo.

O primeiro deles a confirmar participação foi o Newton Albuquerque. Posteriormente vieram as confirmações da Glycia Lopes e do Augusto Araújo. Todos os contatos foram feitos via aplicativo de mensagem. Quando enfim definimos os convidados, tínhamos muito pouco tempo para a produção do produto, que tivemos que desenvolver de forma rápida.

A produção desse trabalho também foi um desafio pessoal. Durante todo o curso sempre me envolvi com os bastidores e nunca me senti à vontade em estar na frente das câmeras ou microfones. Porém, me desafiei a ser um dos apresentadores e não ficar apenas nos bastidores. Foi desafiador, porém, uma experiência gratificante.

6.2 ENTREVISTAS

As entrevistas foram embasadas e estruturadas a partir do conteúdo teórico fundamentado pelas pesquisas bibliográficas a respeito do tema. Todas as perguntas tiveram contextualizações das questões e foram enviadas para os entrevistados, que puderam antecipadamente ter acesso as perguntas e assim construir e enviar as respostas para que pudesse ser iniciada a edição.

6.2.1 ENTREVISTADOS

Os entrevistados convidados a participar dos episódios são pessoas que estão ou estiveram inseridas no contexto de encarceramento. Convidamos um professor, uma policial penal e um egresso do sistema prisional para compartilhar e contribuir no debate a partir de suas vivências e conhecimentos.

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32 AUGUSTO DANTAS

Francisco Augusto de Araújo é graduado em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e possui mestrado também em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Atualmente trabalha como professor na Faculdade Natalense de Ensino e Cultura (FANEC) e também no Instituto Federal do Rio Grande do Norte, onde é também coordenador pedagógico da educação prisional. Além disso, Francisco já escreveu alguns artigos como pesquisador da área de segurança pública e sistema prisional e faz parte da Rede de Apoio ao Egresso do Sistema Carcerário (RAESP).

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33 GLYCIA LOPES

Natalense e apaixonada pelas ciências naturais, Glycia Lopes é a personagem do nosso segundo episódio.Graduada em geologia e policial penal do estado, a jovem de 27 anos atua no Complexo Penitenciário João Chaves.

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34 NEWTON ALBUQUERQUE

No terceiro episódio, conhecemos a história de Newton Albuquerque, que tem 45 anos, é natural de São Paulo capital e publicitário. Newton com 29 anos foi preso e passou 10 anos em regime fechado, no presídio de Alacaçuz, por tráfico de drogas. Hoje, o ex-presidiário compartilha suas experiências no contexto prisional em palestras e também é escritor. Sua história com a escrita começou ainda dentro de presídio e seu primeiro lançamento “A escolha errada” já vendeu 25 mil exemplares e está prestes a lançar seu segundo livro.

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35 7. FINALIZAÇÃO DO PRODUTO

Com as entrevistas realizadas, iniciamos a etapa de edição do produto. Devido ao curto espaço de tempo para a edição do programa, devido às complicações encontradas durante o período de produção devido à pandemia do novo coronavírus, optamos por um formato de entrevista que facilitasse o processo de edição e decupagem, tendo em vista, ser um dos processos mais demorado nessa etapa.

Enviamos para os entrevistados via aplicativo de mensagens, poucas perguntas, porém objetivas e contextualizadas, o que facilitou por recebermos poucos áudios. Exceto no episódio 1, onde recebemos longas respostas que dificultou a etapa de decupagem. Após isso, gravamos as falas dos apresentadores via gravador de voz do Iphone e em seguida, ouvimos várias vezes os áudios recebidos com o intuito de identificarmos partes que fossem necessárias de cortes.

Tendo todos os áudios, e identificado o que entraria ou não no programa, juntamos os áudios dos entrevistados com o dos apresentadores, realizando as edições necessárias, utilizando o aplicativo mobile “Capcut”, que mesmo sendo um programa para smartphones, o aplicativo gratuito supriu nossas necessidades e foi de fácil manuseio.

Optamos por um aplicativo móbile, após problemas técnicos com o programa que íamos utilizar no computador, o que corrobora com os estudos feitos ao decorrer deste trabalho, mostrando a não necessidade de muitos equipamentos tecnológicos paraa produção de um podcast.

O processo de produção de entrevistas, gravações e edições foi feito a partir de dispositivos móveis, o que comprova que com apenas um smartphone é possível produzir, editar e finalizar esse tipo de produto.

Para a vinheta e bg, utilizamos o banco de áudio, também gratuito, Youtube Studio. Optamos por utilizar uma vinheta de abertura e bg de transição nas mudanças dos temas do diálogo.

Com o arquivo editado e renderizado, o tempo total ficou em 25 minutos e 52 segundos, sendo 8 minutos em média cada episódio, tempo inicialmente esperados. Ao final, hospedamos o conteúdo no site Anchor, para que ele pudesse ser disponibilizado em plataformas digitais.

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36 Para a distribuição do produto, criamos perfis no Instagram e twitter, onde realizaremos postagens, utilizando a identidade visual criada, como estratégia de divulgação no intuito de alcançar um público.

Figura 8 - Perfil no instagram

Figura 9 - Perfil no twitter

De forma geral, o obstáculo que mais dificultou essa etapa do trabalho foi o pouco tempo para edição e finalização, tendo em vista, problemas já mencionados anteriormente, e os problemas técnicos encontrado no programa de edição que íamos utilizar.

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37 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A crise no sistema prisional não é apenas na segurança pública, mas um problema social apresentado por meio de injustiças, opressões e violação dos direitos humanos. O sistema adotado vem gerando o encarceramento em massa, superlotando as unidades prisionais gerando condições degradantes e se tornando um ataque à dignidade humana e contribuindo para a desigualdade.

O Humanus surgiu com a proposta de provocar o debate com o intuito de entendermos esse sistema, percebendo todos os pontos que constroem o sistema prisional e que corrobora para um “autoritarismo social” embasado por preconceitos. E assim, podermos desconstruir discursos que mantém essa hierarquização, levando as pessoas a se despirem de suas opiniões e achismos sobre os assuntos relacionados ao sistema carcerário.

Por meio de pesquisas bibliográficas e entrevistas, notamos ainda mais o descaso presente em todo o território nacional e também no Rio Grande do Norte. E percebemos em como esse abandono reflete diretamente em toda a sociedade e provoca consequências históricas. O que mostra a necessidade de reavaliar esse sistema para que os direitos básicos sejam respeitados e para que soluções efetivas sejam de fato postos em pratica.

As entrevistas com os convidados foi fundamental para que pudéssemos enxergar pontos e necessidades reais vividas por Augusto Dantas, Glycia Lopes e Newton Albuquerque quem estão inseridos nesse contexto e viveram e vivem na pele a realidade do sistema prisional. Experiências vividas que reforçam os estudos realizados.

Concluímos este trabalho com a confiança de que o programa cumpriu seu propósito inicial, de promover o debate a respeito do sistema prisional, gerando reflexões sobre a garantia da dignidade humana e ao combate a discursos autoritários e conservadores que promovem a desigualdade no país. E trouxe a tona um debate esquecido ou com tantos estigmas ultrapassados.

O podcast Humanus está em fase inicial e o formato nos permite a possibilidade de continuarmos com o projeto contribuindo com o debate de causas que acreditamos. Foi uma experiência que contribuiu na minha formação como profissional e todos obstáculos encontrados durante esse períodos e todos os erros cometidos foram importantes nesse aprendizado.

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38 Além de ter sido produzido durante um período que vem sido dificilmente enfrentado por todo mundo devido a pandemia da Covid-19. Período que tem nos feito passar por diversas situações difíceis e nos adaptarmos ao “novo normal” inclusive dentro do Jornalismo.

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39 REFERÊNCIAS

ABPod divulga pesquisa sobre o perfil do público de podcasts e os bastidores da produção.Empresa Brasil de Comunicação. Disponível emhttps://radios.ebc.com.br/tarde-nacional/2021/01/associacao-brasileira-de-podcasters-divulga-pesquisa-sobre-o-perfil-do. Acesso em 18 mar. 2021.

ADORNO, Sérgio. Discriminação racial e justiça criminal em São Paulo. Disponível emhttps://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/203942/mod_resource/content/1/Adorno.pdf Acesso em 17 mar. 2021.

BORGES, Juliana. O que é encarceramento em massa?. ed. Letramento. 2018.

CALVI, Pedro. Sistema carcerário brasileiro: negros e pobres na prisão. Disponível

emhttps://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cdhm/noticias/sistema-carcerario-brasileiro-negros-e-pobres-na-prisao Acesso em 18 mar. 2021.

CINTRA, Karine. População e o Sistema Carcerário Brasileiro. Disponível

emhttps://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-processual-penal/populacao-e-o-sistema-

carcerario-brasileiro/#:~:text=POPULA%C3%87%C3%83O%20CARCER%C3%81RIA&text=O%20Br asil%20encontra%2Dse%20em,era%20de%20166%2C26%25 Acesso em30 mar. 2021.

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GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: atlas, 2004.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. Disponível emhttp://www.uece.br/nucleodelinguasitaperi/dmdocuments/gil_como_elaborar_projeto_de_ pesquisa.pdf Acesso em 15 mar. 2021.

(40)

40 Levantamento Nacional de informações penitenciárias INFOPEN – Junho de 2014. Departamento Penitenciário Nacional. Disponível emhttps://www.justica.gov.br/news/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-terca-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf Acesso em 18 mar. 2021.

Levantamento Nacional de informações penitenciárias INFOPEN – Junho de 2016. Departamento Penitenciário Nacional. Disponível emhttps://www.justica.gov.br/news/ha-726-712-pessoas-presas-no-brasil/relatorio_2016_junho.pdf Acesso em 17 mar. 2021.

LOPES, Mirella. Médico da Penitenciária de Alcaçuz é questionado por uso de medicação sem comprovação científica para tratar covid-19 entre presos. Disponível emhttps://www.saibamais.jor.br/medico-da-penitenciaria-de-alcacuz-e-questionado-por-uso-de-medicacao-sem-comprovacao-cientifica-para-tratar-covid-19-entre-presos/ Acesso em 28 mar. 2021.

MARTINS, G.A. & PINTO, R.L. Manual para elaboração de trabalhos acadêmicos. São Paulo: Atlas, 2001.

MARTINS, Helena. Lei de drogas tem impulsionado encarceramento no Brasil. Disponível emhttps://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-06/lei-de-drogas-tem-impulsionado-encarceramento-no-brasil Acesso em 19 mar. 2021.

Óbitos por covid-19 crescem 190% no sistema prisional. Agência Brasil. Disponível emhttps://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2021-03/obitos-por-covid-19-crescem-190-no-sistema-prisional Acesso em 25 mar. 2021.

PESTANA, Caroline.A realidade das mulheres no Sistema Penitenciário Brasileiro. Disponível emhttps://carolpestana.jusbrasil.com.br/artigos/520995218/a-realidade-das-mulheres-no-sistema-penitenciario-brasileiro Acesso em 22 mar. 2021.

Pod pesquisa 2019 – 2020. Associação Brasileira de Podcasts. Disponível emhttp://abpod.org/wp-content/uploads/2020/03/Podpesquisa-ouvintes-2019.pdf Acesso em 19 mar. 2021.

(41)

41 Pod pesquisa 2020 - 2021. Associação Brasileira de Podcasts. Disponível em https://abpod.org/wp-content/uploads/2020/12/Podpesquisa-Produtor-2020-2021_Abpod-Resultados.pdf Acesso em 19 mar. 2021.

População carcerária feminina aumentou 567% em 15 anos no Brasil. Conselho Nacional de Justiça. Disponível em https://cnj.jusbrasil.com.br/noticias/252411149/populacao-

carceraria-feminina-aumentou-567-em-15-anos-no-brasil#:~:text=O%20Coordenador%20do%20Departamento%20de,de%20aproximadamente% 20607%20mil%20detentos Acesso em 13 abr. 2021.

Produção de podcasts no Brasil cresce durante a pandemia. Terra. Disponível emhttps://www.terra.com.br/noticias/dino/producao-de-podcasts-no-brasil-cresce-durante-a-pandemia,7025d9c72eed3c2d8e639197fbffd56ahvaps6cj.html#:~:text=O%20dado%20foi%2 0apontado%20pelo,para%20a%20ind%C3%BAstria%20de%20%C3%A1udio&text=Apesar %20de%20ter%20sido%20um,desde%20o%20in%C3%ADcio%20de%202020 Acesso em: 17 mar. 2021.

RADDE, Leonel. Polícia e Direitos Humanos: um diálogo (im)possível?. Disponível

emhttps://www.cartacapital.com.br/justica/policia-e-direitos-humanos-um-dialogo-impossivel/ Acesso em 17 mar. 2021.

Relatório da indústria de podcast do meio do ano de 2020. Voxnest.Disponível emhttps://bit.ly/PodcastUniverseReportJune20 Acesso em 19 mar. 2021.

Relatório de visitas prisionais Rio Grande do Norte 2019. Conselho Nacional do

Ministério Público. Disponível

emhttps://cnmp.mp.br/portal/images/noticias/2019/setembro/Relat%C3%B3rio_de_Visitas_ Prisionais_-_vers%C3%A3o_final_2.pdf Acesso em 17 mar. 2021.

Relatório Voxnest Brasil 2019. Voxnest. Disponível

emhttps://drive.google.com/file/d/1ham4HMuyGl5MICsGTWE1qk3CuIbY2hEf/view Acesso em 17 mar. 2021.

(42)

42

SESSA, Amanda. Estabelecimentos Prisionais Femininos no Brasil. Disponível

(43)

43 APÊNDICE A - ROTEIRO

EPISÓDIO I

SOBE BG INICIAL

LOC. 1:Você já deve ter visto em algum noticiário de TV como funcionam as prisões brasileiras: pouca infraestrutura e celas superlotadas. Pelo menos em sua grande maioria, sempre desafiando as leis da física. Ocupando o 3º lugar no ranking mundial de maior população carcerária, o Brasil, no segundo semestre de 2020, possuía mais de 700 mil pessoas privadas de liberdade e um déficit de mais de 231 mil vagas, de acordo com dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias.

LOC. 2: Outro agravante é que segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional, em 2017,mais de 60% dessas pessoas foram declaradas negras e de classe econômica baixa, o que mostra a gritante desigualdade social que está enraizada. Sem contar a ausência de direitos e de estrutura básica dentro dos presídios. E é por isso que hoje, nesse primeiro episódio, o Humanus vai falar sobre o sistema prisional brasileiro, sobre direitos humanos e os impactos da pandemia do novo coronavírus. Meu nome é Jullyendson Lopes.

LOC. 1:Meu nome é Arthur Nascimento e esse é o Humanus Podcast.

VINHETA

LOC 1: Apresentação e boas vindas do convidado.

AUGUSTO:

LOC 2: Para começar nosso papo, como você vê o encarceramento em massa no Brasil e como o nosso sistema prisional contribui para a desigualdade social?

AUGUSTO:

LOC 2: Falando sobre a defesa dos direitos humanos e a garantia de direitos básicos, como você acha que esses direitos estão sendo ameaçados dentro desse sistema e como a tortura

(44)

44 ainda se apresenta desde as abordagens policiais, aos interrogatórios e no dia a dia dentro dos presídios?

AUGUSTO:

LOC 1: E falando sobre o cenário de pandemia, quais tem sido os principais impactos do novo coronavírus dentro da rotina dos presídios?

AUGUSTO:

LOC 1: E, pra encerrar, qual observação sobre a atual situação do sistema prisional brasileiro você deixa pra quem está nos ouvindo? De forma bem direta, quais são os pensamentos que precisamos reavaliar?

AUGUSTO:

LOC 2: É isso, pessoal! Queria agradecer a você, convidado, pela sua participação e também a você que nos acompanha no programa de hoje. Foi um prazer estar com vocês e nos vemos no próximo episódio! Jullyendson.

LOC 1: Valeu, Arthur! Tchau, galera!

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45 APÊNDICE B- ROTEIRO

EPISÓDIO II

BG INICIAL

LOC. 1: Hoje, no segundo episódio do Humanus Podcast vamos continuar falando sobre sistema prisional, mas com um outro enfoque. Como será para uma mulher ficar encarcerada? Mesmo que o número de mulheres privadas de liberdade no Brasil seja estatisticamente inferior ao número de homens, quando a análise é feita em torno do tratamento e da vivência dentro do sistema penal, os problemas se agravam.

LOC. 2: E é por isso que hoje vamos conversar com (apresenta convidado)

LOC. 1: Meu nome é Arthur Nascimento.

LOC. 2: Meu nome é Jullyendson Lopes e tá começando mais um Humanus Podcast.

VINHETA

LOC. 1: Oi, nome do convidado. Prazer te receber aqui e muito obrigado pela sua participação no programa de hoje.

GLYCIA:

LOC. 2: Pra começar, como você retrata a situação do sistema carcerário feminino hoje, levando em consideração o alto índice de mulheres negras encarceradas e que na grande maioria das vezes foram sentenciadas por crimes ligados às drogas? A lei de drogas de 2006 tem impactado o cenário atual?

GLYCIA:

LOC. 1: Bom, segundo os artigos 10 e 11 da Lei de Execução Penal de 1984 é obrigação do Estado garantir assistência material, à saúde, jurídica, educacional e social a todos os presos,

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46 mas sabemos que em grande parte das prisões isso é algo utópico. Levando em consideração o fato de mulheres terem necessidades biológicas diferentes dos homens, como menstruação e gravidez, como essa ausência de assistência afeta a vida das mulheres de forma ainda mais danosa?

GLYCIA:

LOC. 1: Mas pra encerrar qual reflexão sobre o sistema prisional feminino você deixa pra quem está nos ouvindo? De forma bem direta, quais pensamentos precisamos reavaliar?

GLYCIA:

LOC 2: Muito obrigado! O papo foi incrível e agradecemos a sua participação.

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47 APÊNDICE C- ROTEIRO

EPISÓDIO III

BG INICIAL

LOC. 1: Segundo dados do Relatório Anual de Inspeção Prisional do Ministério Público publicado em 2019, o RN possui 1,43% da população carcerária do Brasil, apresentando mais de 10 mil internos, divididos em 22 unidades penitenciárias, com um déficit de quase 4 300 vagas e uma taxa de ocupação de 169%. E hoje vamos bater um papo com quem viveu na pele o cárcere e já fez parte dessa estatística.

LOC. 2: No episódio de hoje, vamos bater um papo com o escritor, publicitário e palestrante Newton Albuquerque. Roda a vinheta!

VINHETA

LOC. 1: Newton, seja muito bem-vindo ao Humanus Podcast! Pra começar, conta pra gente quem é o Newton Albuquerque!

NEWTON:

LOC. 2: Você foi sentenciado por tráfico de drogas, certo? Então fala pra gente como era sua vida antes da prisão.

NEWTON:

LOC. 1: Viver anos no presídio de Alcaçuz deve ter sido um desafio muito grande, ainda mais sabendo que você estava lá quando aconteceu aquela rebelião que tirou a vida de vários apenados. Para você, como foi essa experiência? Quais os principais desafios? Quais os momentos mais marcantes?

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48 LOC. 2: Com certeza o momento da sua liberdade deve ter sido algo marcante pra você. Como foi esse processo e quais foram os principais desafios que você enfrentou após sair da prisão? Você acha que a sociedade te aceitou bem?

NEWTON:

LOC. 1: E como falamos no início, o Newton é escritor e palestrante. Então, conta pra gente esse novo rumo na sua vida e qual reflexão sobre o tema você deixa pra quem está nos ouvindo.

NEWTON:

LOC. 2: Newton evocê que estános ouvindo, o nosso muito obrigado pelo sua participação e ate o próximo episódio.

LOC. 1: Tchau, galera!

Referências

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