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O Evangelho do Reino de Deus

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Academic year: 2021

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Texto

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O Evangelho do Reino de Deus

Ser e Fazer discípulos

Ademir Ifanger

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SUMÁRIO

Introdução ... 3 1. O que é o Reino de Deus? ... 5 2. Unidade entre o Velho e Novo

Testamento ...11 3. Ser e Fazer Discípulos ...155 4. Conclusão ...199

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INTRODUÇÃO

“E, depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho do reino de Deus, E dizendo: O tempo está cumprido,

e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho.”

(Marcos 1.14-15).

O texto de Marcos 1.14-15, tem dois conceitos importantes: “O evangelho e o Reino de Deus.” Estes não podem ser dissociados. Para serem salvos os homens precisam ouvir o evangelho e aceitar o reino de Deus em suas vidas.

Colossenses 1.13-14, nos diz que somos libertados do império das trevas e transportados para o reino do filho do seu amor, no qual temos a redenção, remissão de nossos pecados. Assim, evangelho da graça, evangelho do reino e evangelho da salvação, são a mesma coisa. A redenção está no fato de entrarmos no Reino de Deus, no qual os benefícios da salvação se realizam plenamente. É comum, a ênfase na salvação sem o reino de Deus. Quando isso ocorre, o discipulado vai ser orientado para os benefícios da salvação e não para a demanda do reino de Deus onde temos uma convocação para seguirmos Jesus. A diferença é buscar só temas e assuntos, que falam das bênçãos de Deus para o homem, desfocada da obediência à simplicidade do evangelho.

Quando a salvação é focada somente em seus benefícios para o homem ela se torna antropocêntrica (o homem e suas necessidades se tornam o centro da mensagem, não Cristo). Por isso, que, na maior parte das igrejas as bênçãos estão no centro das mensagens. O objetivo delas é somente abençoar o homem, em função de suas necessidades. Aí o evangelho fica distorcido. Não que essas coisas não sejam verdadeiras, mas quando a ênfase é só colocada nisso, você não tem o tema da obediência e os relacionamentos de discipulado ficam prejudicados. Temos somente o tema da bênção de Deus para o indivíduo. Aqui, o evangelho se torna demasiadamente individualista, porque não foca mais no outro, ele foca só no indivíduo que recebe a benção. Nos tornamos seres para nós mesmos, não para os outros. O discipulado nos

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convoca para sermos para os outros. Negar-se a si mesmo, não é anular-se, mas viver em função do outro. Esse é o tema do evangelho. “Se alguém não renunciar a si mesmo não pode ser meu discípulo” (Lucas 14.33).

Evangelho da graça, evangelho do reino, evangelho da salvação, todos fazem parte de um pacote único. Isso precisa ficar claro para nós, para não perdermos de vista a integralidade do evangelho, centrado na pessoa de Cristo e que certamente traz benção para nós.

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1. O QUE É O REINO DE DEUS?

O Reino de Deus é o tema da mensagem de Jesus e dos apóstolos. Para serem salvos os homens precisam ouvir o evangelho, aceitar o reino de Deus em suas vidas. Essas são as boas novas da salvação.

A palavra Malkuth(Em hebraico: תוכלמ), no Antigo Testamento, como a palavra basiléia (do grego: βασιλεία), no Novo Testamento, designa a posição de autoridade e soberania exercida por um rei. Esse rei, que é Jesus, tem uma posição de autoridade sobre nós. Não podemos fazer discípulos sem estarmos debaixo de autoridade. Jesus disse: “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, e fazei discípulos”. Ou seja: o vínculo do discipulado é a autoridade de Jesus como rei. O discipulado não é só informação ou instrução, é um relacionamento que nos vincula a alguém com autoridade.

A palavra discipular tem o sentido de disciplina também. Aliás, a tradução correta de Mateus 28 é “discipulai as nações”, e ela tem o caráter também educativo e de transformação da pessoa. Então, “Indo, portanto, discipulai todas as nações” significa trazer as nações para estar debaixo do senhorio de Jesus Cristo. Por isso eu também tenho que ser discipulo. Portanto, precisamos entender o evangelho da salvação, da graça, da bênção, tudo dentro desse contexto. Onde Jesus, realmente, reina e governa em nossas vidas.

No capítulo 16 de Mateus, quando Pedro tem aquela experiência com as palavras que Jesus lhe dirigiu, Ele faz uma pergunta: “O que o povo diz acerca de mim?” Por isso, precisamos estar atentos sobre o que as pessoas estão pensando acerca de Jesus, porque saber sobre isso nos leva à oração, intercessão e enfim, à nos interessar pelas pessoas. Percebe-se que na ação de fazer discípulos, se faz necessário uma visão do ambiente, da sociedade e das pessoas que estamos nos relacionando, porque o evangelho que vamos pregar se incorpora na situação do grupo do qual estamos inseridos. Se eles não conhecem nada a respeito de Jesus, de Deus e da fé, se faz necessário saber o que esse grupo pensa, porque isso facilita a abordagem.

Aí a pergunta chave envolve: “que dizem que eu sou?”. Ou seja, aqui a importância de termos uma revelação da pessoa de Jesus. Não é somente uma

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questão de conhecimento teórico acerca de Jesus, mas acerca quem é Jesus na nossa vida. A resposta de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” É o primeiro passo na ação de discipular para trazer o reino de Deus para a vida das pessoas. Nós precisamos ter uma revelação clara do Filho de Deus como messias. Jesus confirma isso na vida de Pedro: “Não foi carne nem sangue quem te revelou, foi meu Pai que está nos céus.”

A segunda coisa necessária que vem logo em seguida, é a revelação da igreja.

Essa é a primeira vez que Jesus trata da Igreja no Novo Testamento. Ele diz:

“Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja.” Por que, minha igreja? Porque existiam diversos tipos de igreja, nas cidades antigas da Grécia, constituída por cidadãos convocados para fora da cidade para decidirem o destino dela. A coisa era bem-feita e tinha um contexto religioso também. É a tal de democracia que hoje é um tema muito falado, mas a democracia grega era uma democracia direta, diferente da atual que é representativa. As mulheres não eram incluídas nem os escravos. Só aqueles que eram tidos como cidadãos. Jesus disse: Eu vou edificar a minha igreja. Então, não dá para dissociar a ação de fazer discípulos da igreja. Mas Jesus vai além, não é só preciso uma revelação da igreja, mas também uma revelação do reino. “Dar- lhe-ei as chaves do reino”, disse Jesus. “O que ligares na terra será ligado no céu; o que desligares na terra será desligado no céu.” O reino de Deus já está presente aqui.

O Reino de Deus não é algo somente fora do contexto prático de vida. Nós ainda precisamos entender essa dimensão de poder, graça e autoridade do reino de Deus já presente aqui. A igreja não é o reino, mas ela é um instrumento do reino. Por isso, a visão do reino é importante, aliás, essencial, porque ela está vinculada com o evangelho. Evangelho, que é Jesus, que é Igreja, que é o Reino, não são coisas dissociadas aqui. É a partir daí que Ele fala da questão do discipulado, como podemos ver em Mateus 16.24: “Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim que a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Portanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á e quem perder a sua vida por minha causa achá-la-á.”

O tema do discipulado começa com a nossa total renúncia de comandar a nossa vida. Temos de ter uma visão clara disso. Então, vejamos: Cristo, Igreja,

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Reino, ser discípulo, fazer discípulo, é a sequência. O discipulado nos convoca a uma total negação de comandarmos nossa própria vida. “Quem quiser vir após mim, a si mesmo se negue.” Por quê? Porque nós vamos dar nossa vida em favor de outros. O contrário disso é centralização de nossas vidas em nossos projetos, alvos e relações. Então, é importante entender o Reino de Deus dentro desses aspectos.

Agora, o Reino de Deus também se expressa numa perspectiva escatológica, porque ele se manifesta através da proclamação do evangelho, da dádiva do Espírito Santo e na vida da igreja. Então, ele tem um caráter soteriológico (salvação), eclesiológico (vida da igreja), e escatológico (2ª vinda e consumação).

Vamos, agora, fazer uma diferenciação: O Reino de Deus já veio e ele ainda vai vir – o já e o ainda não; o já veio, mas ainda está por vir. Então, ele tem uma perspectiva presente, na proclamação do evangelho e vida da Igreja, mas também uma perspectiva futura e eterna, que é se dará na segunda vinda de Jesus Cristo.

Observemos os gráficos:

Compreendendo os aspectos do reino presente e futuro:

Gráfico 1 - ESPERANÇA ESCATOLOGICA JUDAICA: “O ESCHATON”

ESTA ERA

(O TEMPO DE SATANÁS)

CARACTERIZADA POR:

• PECADO

• ENFERMIDADE

• POSSESSÃO DEMONÍACA

• TRIUNFO DO MAL

ERA DO PORVIR

(O TEMPO DO DOMÍNIO DE DEUS)

VINDA DO MESSIAS:

• PRESENÇA DO ESPÍRITO

• JUSTIÇA

• SAÚDE

• PAZ

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Gráfico 2 - A ESPERANÇA ESCATOLÓGICA CRISTÃ: “O ESCHATON”

No gráfico 1, vemos a Esperança Escatológica judaica (o eschaton), de um reino político, já presente na primeira vinda do messias e a esperança escatológica cristã se baseia na cruz, na ressureição e na segunda vinda. O reino de Deus já começou e se consumará na segunda vinda. O tempo presente é caracterizado por: Pecado, enfermidade, possessão demoníaca e triunfo do mal. Então, não adianta o homem tentar mudar esse mundo, ele está caído e jaz no maligno. O problema das filosofias humanistas e das ideologias é considerar que o mundo pode ser transformado através da educação, das ideologias e da eliminação de preconceitos. Querem transformar o homem num

ESTA ERA

COMEÇADA

NUNCA FINDARÁ

PASSANDO

CONSUMADA

ERA DO PORVIR

A CRUZ E A

RESSURREIÇÃO

(PRIMEIRA VINDA)

• JÁ

• JUSTIÇA

• PAZ

• SAÚDE

• ESPÍRITO SANTO

CONSUMAÇÃO

(SEGUNDA VINDA)

• AINDA NÃO

• JUSTIÇA PLENA

• PLENA PAZ

• NENHUMA ENFERMIDADE

• COM PLENITUDE COMPLETA

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ser perfeito à parte da graça e do reino de Deus. A era do porvir (o tempo do domínio de Deus), a “doutrina das últimas coisas”, será caracterizada:

a. Pela presença do Espírito Santo: Ele já está presente em nosso meio, como sinal de uma plenitude;

b. Pela justiça: Já há uma justiça que é vivida pela igreja hoje, mas que será plena após a segunda vinda;

c. Pela saúde: Os sinais já estão ocorrendo hoje, a igreja está trabalhando impondo as mãos sobre os enfermos, para que estes sejam curados, mortos são ressuscitados e a cura dos males naturais já estão em curso (Marcos 16.15-20). Porém na segunda vinda haverá saúde plena. Essa presença do Reino agora é um sinal da era porvir. Deus sempre faz coisas sinalizando. Como o inimigo atua hoje? Tirando todos os sinais, que são as narrativas da verdade de Deus na criação e no evangelho.

Por exemplo: Se tiramos a família como sinal de perspectiva da

verdadeira família, que é Cristo e a Igreja (Ef 5.31,32), as pessoas não tem como compreender esta verdade última sem um sinal que aponte para esta realidade. Jesus sempre falava por narrativas; coisas do

mundo atual para explicar coisas espirituais, Ele falava por parábolas, por linguagem simbólica, para demonstrar através da realidade presente as coisas eternas.

d. Paz: Entre nós a paz já é um sinal, que proclama algo perfeito. O mundo quer a paz, mas essa só vira com o príncipe da paz (Isaias 9.6).

É sempre assim, se há uma realidade ainda que imperfeita agora, há uma plenitude no porvir. A ciência por exemplo, tem recortes e através destes recortes, certo ou errado nos seus pressupostos, fazem previsões do que é isto ou aquilo. Não dá para conhecer tudo de uma vez só. O mundo não é conhecível ou investigável, de uma vez só. Tem que ser por recortes. Estas são coisas que sinalizam. No gráfico 2, temos a esperança escatológica cristã. Esta nossa era (começada - passando). A era porvir, escatológica, já se iniciou.

Quando João Batista teve dúvida acerca de Jesus ser ou não o Messias, Jesus falou para os discípulos dele: “Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos

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ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho” (Mateus 11.4-5). Esses são sinais de um Reino futuro, já produzindo seus efeitos na era presente. A escatologia cristã, já se iniciou destruindo as obras de satanás, construindo os valores do reino e suas bases para sua expressão futura e eterna.

No gráfico 2, vemos que a era do reino já se iniciou e prossegue até à consumação, que nunca mais findará. A cruz e a ressurreição, são os marcos desta era já iniciada e os sinais: Justiça, paz, saúde e o Espírito Santo, já estão presentes (Romanos 14.17).

Na segunda vinda (o ainda não), quando o reino de Deus vier em sua fase consumada haverá: justiça, paz, saúde em plenitude. Então, a igreja tem este foco de ser uma comunidade profética que anuncia nesta era o Reino de Deus já inaugurado na primeira vinda e que terá a consumação na segunda vinda.

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2. UNIDADE ENTRE O VELHO E O NOVO TESTAMENTO

Outro ponto de destaque nesta questão do reino de Deus é sobre a unidade entre Velho e Novo Testamento. Existe um processo de ruptura e continuidade entre os dois testamentos. Ruptura da velha ordem, como sombras daquilo que haveria de vir e continuidade que representa o cumprimento daquilo que foi tema no Velho Testamento. O que é ruptura? Algumas coisas deixaram de ter vigência, mas outras tiveram continuidade. Não podemos desconsiderar o Velho Testamento, ficaríamos sem tradição, sem história, sem a base daquilo que nos conduziu ao Novo Testamento.

Tomemos como exemplo a genealogia de Mateus (capítulo 1)

Temos aqui um resumo do Velho Testamento e início do Novo Testamento a partir da chamada de Abraão após a criação, queda, redenção e juízo de Deus conforme relatado em Gênesis 1 a 11.

Aspectos da genealogia:

Mateus 1.1-15

Mateus 1.6-11

Mateus 1.12-15

Mateus 1.16-17

1. ABRAÃO

2. DAVI

3. BABILÔNIA

4. CRISTO

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ABRAÃO (Mateus 1.1-15): Deus prometeu o seu reino a Abraão (Gênesis 12.1-3 e 18.17-18); Abraão recebeu a promessa e em Abraão o evangelho do reino foi pré-anunciado (Gálatas 3.8). Na genealogia Jesus é filho de Abraão. O descendente prometido.

Davi (Mateus 1.6-11): A promessa do Reino é sinalizada em Davi. E aqui podemos estudar todos os reis que o sucederam. Jesus é da descendência davídica, da qual procede o reino.

Babilônia (Mateus 1.12-15): Depois nós temos o cativeiro Babilônico. Dos versículos 12 a 15 nós temos o trono vazio, praticamente; não havia

presença do rei ali.

Cristo (Mateus 1.16,17): Chegamos então ao cumprimento do Velho Testamento, Jesus o verdadeiro rei. Então, fazemos uma unidade entre o Velho e o Novo Testamento: Promessa – sinal – apostasia – Reino

verdadeiro (o reino de Jesus).

Para compreender melhor sobre isso podemos ver em Hebreus 9. O que queremos dizer é que tudo está em torno do reino. Começa na criação com o primeiro casal que recebe autoridade para, em comunhão com Deus, dominar a terra a partir do Éden. A queda interrompeu este processo. Deus chama a Abraão para iniciar tudo de novo. Um remanescente foi levado cativo para o Egito. Dali através de Moisés foram levados para Canaã para formar um povo que haveria de abençoar todas as nações da terra. Mais à frente surge o reinado de Davi e depois, outros reis. Por causa da apostasia, veio os cativeiros Assírio e Babilônico.

Os profetas se levantam nesses tempos para exortar Israel daquela condição de idolatria e mornidão para voltar ao propósito de Deus. Quando Davi foi estabelecido como rei construiu o tabernáculo, que nas palavras de Tiago, representavam a ação da igreja para alcançar as nações que era uma reedificação daquele tabernáculo (Atos 15.13-18). De igual modo, a construção do templo por Salomão, tipifica a igreja no Novo Testamento. A uma ruptura e continuidade. Quando chegamos ao Novo Testamento, em Hebreus 9.9, (uma parábola, para a época presente) diz: “E segundo esta se oferece assim, dons

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como sacrifícios, embora estes, no tocante à consciência, serão ineficazes.” Ou seja, os sacrifícios no Velho Testamento não purificavam a consciência. Deixe- me dizer uma coisa importante para nós entendermos, porque um cristão não pode ser marxista. Para Marx a consciência está subordinada à materialidade.

Essa é a tese e dela se puxa todos os fios. Se a consciência está subordinada a materialidade, ela não tem vínculo com a espiritualidade, isto é, com Deus.

Por isso, entre outras coisas, não podemos ser marxistas.

Continuando, em Hebreus: “... sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto.” Por quê? Porque a consciência não é purificada. “... não passa de ordenança da carne baseada somente em comidas e bebidas e diversas abluções impostas...” “Impostas” como sombras de uma realidade que ia se manifestar no tempo da reforma. Quando aconteceu a reforma? Quando Jesus veio, vs. 11-12: “Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens realizados, mediante o maior e o mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos humanas, não desta criação, não por meio de sangue de bodes, bezerros, mas de seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos uma vez por todas tendo obtido eterna redenção.” Portanto, se o sangue de bodes e de touros e as cinzas de uma novilha aspergidas sobre os contaminados, o santifica, não purificava a consciência, mas santificava porque a separava para Deus. A nossa consciência só é purificada pela sangue de Jesus e pela ação do Espírito Santo. Por isso, o cristão não pode ser marxista; porque a nossa consciência não está subordinada à materialidade. “Quanto à purificação da carne, muito mais pelo sangue de Cristo e pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo” (vs. 13-14).

Há uma ruptura nessa reforma, mas uma continuidade, Cristo é continuidade.

Então, aquilo que estava no Velho Testamento tem uma continuidade também no Novo. Mas há algo que se rompeu nos feitos, nas ordenanças, no templo, nos sacrifícios, enfim, coisas que eram sombras de uma realidade que estava por vir. Pensemos assim: Um vínculo entre nós e a eternidade. Não há ruptura entre nós e a eternidade. Não saímos daqui para a eternidade e não nos esquecemos quem somos. Porque Jesus não se esqueceu quem ele foi, Ele continua intercedendo por nós. A eternidade começa agora, amém? Então, quem crê em Cristo não vai ter vida eterna, mas tem a vida eterna e vai tê-la

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em plenitude. Então, há uma ruptura, é claro, porque carne e sangue não herdam o reino de Deus. Porém, a nossa essência como pessoa, nosso ser continua, todavia, agora, num estado espiritual mais elevado e perfeito diante de Deus. Então, é bonito ver Deus fazer isso na história; estamos vendo Deus fazer isso na igreja agora. E é bom a gente ter essa perspectiva porque isso nos dá esperança, a bendita esperança (Tito 2.13), porque, sem esperança temos que viver um presente exacerbado que não produz nada e um futuro que é uma incógnita, não saberíamos o que vamos ser. Mas nós sabemos o que vamos ser. Esta é a nossa bendita esperança (1ª João 3.3).

No livro de Apocalipse, capitulo 21.12-14, podemos ver algo interessante:

“Tinha uma grande e alta muralha, doze portas e junto às portas doze anjos e sobre elas nomes escritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel.” Vejam o Velho Testamento aqui e os cristãos judeus do Novo Testamento. Todos representados pelas doze tribos. Por isso, que Jesus escolheu doze apóstolos, estes representando as doze tribos. “...três portas se achavam ao norte, três ao sul, três a oeste. A muralha da cidade tem doze fundamentos.” Aqui, o Novo Testamento explica o Velho, porque o fundamento dessa cidade são doze apóstolos. Vemos no versículo 14: “A muralha da cidade tinha doze fundamentos e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do cordeiro.” Temos então, aqui, o Velho e o Novo Testamento, todo o povo de Deus de todas as eras, todos na cidade santa. Por isso, o evangelho é pregado e discípulos são feitos, contribuindo para uma realidade muito maior do que aquela que vemos hoje. Consequentemente, é bom entender essa unidade porque a igreja não é só gentílica, ela é composta tanto de judeus como de gentios. Por isso, é importante entender esse aspecto de unidade.

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3. SER E FAZER DISCÍPULOS

Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a

guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.

(Mateus 28.18-20)

O discipulado se relaciona com o Reino de Deus e sua expansão na presente era.

a. A natureza do discipulado (origem e fundamento)

A origem e fundamento do discipulado está no mandamento: “... ide, portanto, fazei discípulos...” (Mt 28.19). Não se trata de opção, temos que sair porque é um mandamento, uma ordem. O reino de Deus está sobre nós.

b. Razão de ser do discipulado

O discipulado tem uma razão de ser. Ele é um meio de transmissão e reprodução de vida. A vida cristã é transmitida e reproduzida no contexto mestre e discípulo: “O discípulo não está acima do seu mestre.” (Lc 6.40).

Porém, todo aquele que for bem instruído será como seu mestre.

Claro que Jesus está muito acima de nós, mas se formos bem instruídos seremos como Ele. Portanto, o alvo do discipulado é tornar as pessoas semelhantes a Jesus. Isso parece uma utopia. Mas temos que crer que o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Porque a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé. Nós temos que crer nisso.

c. Finalidade última do discipulado

A finalidade última do discipulado é expandir o reino de Deus, para que Jesus possa receber as nações por herança. O Salmo 2, traz luz a este pensamento, pois o Pai falou para Jesus: “Pede-me e eu te darei as nações por herança”.

Jesus pediu? Certamente que sim. Satanás também ofereceu os reinos deste

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mundo a Jesus, no episódio da tentação do deserto: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.” (Mateus 4.9). Mas Jesus já tinha a promessa de Deus que as nações seriam d’Ele. O diabo é que estava usurpando e tomando o lugar que é de Jesus. Portanto, quando Jesus venceu a Satanás, Ele tirou as nações das mãos de Satanás. O evento da tentação é também salvífico, pois o reino de Deus estava na pessoa de Jesus ali. Ele é o rei. Ele foi levado pelo diabo ao deserto para ser tentado. O diabo o tenta em várias áreas de sua vida, e Jesus venceu. Diferentemente de Adão, Ele não caiu. Ele venceu e a Sua vitória é a nossa vitória. O evento da tentação é um evento salvífico porque se Jesus tivesse caído ali nós estaríamos perdidos para sempre.

Podemos tomar os textos que falam sobre a tentação de Jesus nos evangelhos sinóticos e pregá-los tanto como um kerigma (um anúncio de vitória), como também didaquê (como vencer a tentação, como vencer a prova, como vencer a Satanás, como se utilizar da Palavra de Deus). Esse é um evento que nos leva a fé da salvação, mas também nos leva ser discípulos de Jesus. Então, tanto o kerigma como o didaquê pode ser anunciado nesse episódio da tentação. Convém nos lembrar aqui, que Jesus ao ser batizado por João Batista, cumpriu também um evento salvífico, porque Ele disse que: “...nos convém cumprir toda a justiça.” (Mateus 3.15). Historicamente Jesus estava ali, antecipadamente morrendo, ressuscitando e recebendo o Espírito. Depois ele morreu, de fato, ressuscitou, recebeu o Espírito e foi glorificado.

Nesse evento há também uma ponte entre o Velho e o Novo Testamento, porque João Batista é um profeta do Velho Testamento. A Palavra diz que entre os nascidos de mulher ele era o maior. Por quê? Porque ele apontou para Jesus, ele chegou ao ponto culminante entre toda a velha dispensação e a nova dispensação quando disse: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (João 1.29) e “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.”

(Mateus 3.11). Porque a dádiva do Espírito Santo também representa a presença do reino em nossas vidas. No livro de Apocalipse as nações estão ali representadas por herança, todas as nações, povos, tribos e línguas (Apocalipse 7.9). sendo assim, vemos cumprida a finalidade última do discipulado que é trazer todas as nações ao senhorio e reinado de Jesus Cristo.

Amém!

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d. Características do discipulado

Sabemos que as características do discipulado: Submissão, obediência, amor e dar fruto. São consequência de uma total entrega ao senhorio de Jesus Cristo. Assim compreenderemos sua comissão: “Eu vos designei que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça.” (João 15.16). A consciência disso determina nossa completa rendição a Ele.

e. Custos do discipulado

Depois temos os custos do discipulado:

Abrir mão das afeições mais intimas da alma (Lc 14.25-26)

Como pai, filho, filha... São essas as afeições que nos tiram do foco. Se nós amarmos mais estas relações do que a Jesus, não conseguimos ser seus discípulos. Os evangelhos nos apresentam uma série de exemplos

relacionados a família, trabalho e relacionamentos. Que pessoas relutavam em seguir Jesus em vista dessas coisas. Um queria sepultar os pais, outro queria cuidar do campo, outro queria cuidar da junta de bois, cada um queria cuidar de alguma coisa. Outro queria seguir Jesus de maneira

voluntária, sem pré-condições, esse último chegou a dizer: “Mestre, seguir- te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves dos céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mateus 8.19-20). Começa por aí, toda zona de conforto é eliminada. Temos que trabalhar isto em nossas vidas. ao

amenizarmos a intencionalidade de Jesus neste texto, corremos o risco de nos afastar da condição de discípulos;

Abrir mão de ambições e projetos pessoais

Como é difícil! (Lc 9.23). muitas vezes oramos para que Deus responda a nossos projetos, mas dificilmente conseguimos orar para que Ele nos capacite a deixar nossos projetos e seguir os d’Ele. Precisamos tomar cuidado com as coisas com as quais estamos apegados, elas podem desorientar nosso chamado;

Abrir mão de posses e bens (Lc 14.33 e Mc 10.17-22); e,

Disponibilidade para o Reino de Deus (Is 6.8 e Lc 9.57-62).

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f. Responsabilidade do discipulado

• Testemunhar Cristo (At 1.8); e,

• Levar os discípulos à maturidade (Mt 28.20 e Cl 1.28,29).

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4. CONCLUSÃO

O Reino de Deus se relaciona com Seu governo sobre nossas vidas. E esse governo é que temos que anunciar e é essa palavra que nós temos: “Jesus reina!” Há um cântico em Isaías 52.7:

“Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas,

que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem,

que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião:

O teu Deus reina!

Amém! Louvado seja Deus!

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