XIX QUALIEDUC EDUCAÇÃO
PRESSENCIAL & A DISTÄNCIA
A APROPRIAÇÃO DE
T
ECNOLOGIASE
DUCACIONAISP
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RIVADOS SÃOI
NSTRUMENTOS QUE LEVAM A COMERCIALIZAÇÃO DO ENSINO?
MSc. EDUARDO GUERINI JULHO/2013
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Nos últimos anos, particularmente depois da
década de 1970, o mundo do trabalho vivenciou
uma situação fortemente crítica, talvez a maior
desde o nascimento da classe trabalhadora e do
próprio movimento operário inglês.
O entendimento dos elementos constitutivos
desta crise é de grande complexidade, uma vez
que, neste mesmo período, ocorrem mutações
intensas, de ordens diferenciadas, e que, no seu
conjunto, acabaram por acarretar conseqüências
muito fortes no interior do movimento operário, e,
em particular, no âmbito do movimento sindical
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É preciso acrescentar ainda que, com a enorme expansão do
neoliberalismo a partir de fins dos anos 70, e a conseqüente crise do
Welfare State, é um processo de regressão da própria social-democracia,
que passou a atuar de maneira muito próxima da agenda neoliberal.
O projeto neoliberal passou a ditar o ideário e o programa a serem
implementados pelos países capitalistas, inicialmente no centro e logo
depois nos países subordinados, contemplando reestruturação produtiva,
privatização acelerada, enxugamento do estado, políticas fiscais e
monetárias sintonizadas com os organismos mundiais de hegemonia do
capital como FMI e BIRD, desmontagem dos direitos sociais dos
trabalhadores,
combate
cerrado
ao
sindicalismo
classista,
propagação de um subjetivismo e de um individualismo exacerbados
da qual a cultura "pós-moderna" é expressão, animosidade direta
contra qualquer proposta contrária aos valores e interesses do
capital etc.
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Particularmente nas últimas décadas, como respostas do
capital à crise dos anos 70, intensificaram-se as
transformações no próprio processo produtivo, através do
avanço tecnológico, da constituição das formas de
acumulação flexível e dos modelos alternativos ao binômio
taylorismo/fordismo, no qual se destaca, para o capital,
especialmente, o modelo "toyotista" ou o modelo japonês.
Estas transformações, decorrentes, por um lado, da
própria concorrência intercapitalista e, por outro,
dada pela necessidade de controlar o movimento
operário e a luta de classes, acabaram por afetar
fortemente a classe trabalhadora e o seu movimento
sindical.
Portanto, a classe trabalhadora
SE FRAGMENTOU,
HETERROGENEIZOU E COMPLEXIFICOU, resultando
numa
relativa
intelectualização
do
trabalho,
mas
desqualificou e precarizou em diversos ramos.
O movimento gerou, em escala minoritária, o trabalhador
"polivalente e multifuncional", capaz de operar com
máquinas com controle numérico e, de outro, uma massa
precarizada, sem qualificação, que vive o desemprego
estrutural.
CONTEXTO DAS MUTAÇÕES NO
MUNDO DO TRABALHO
Na América Latina os debates sobre mercados de
trabalho e desemprego vêm ganhando novas
características desde meados da década de 80.
Dominavam abordagens a respeito do impacto
das crises cíclicas da economia nos mercados de
trabalho
ou
avaliações
sobre
as
causas
estruturais
do
desemprego,
especialmente
aquelas derivadas da estrutura produtiva do país
e da dualidade dos mercados formal e informal.
Recentemente, ampliaram-se os estudos que
tratam do impacto de organizações e instituições
sobre os mercados de trabalho ou dos efeitos da
tecnologia na eliminação de postos de trabalho.
Com isso as análises ganham em complexidade e
HETEROGENEIDADE, FRAGMENTAÇÃO E
COMPLEXIFICAÇÃO
Principais tendências das mutações no mundo do trabalho
Com a retração do binômio taylorismo/fordismo, vem
ocorrendo uma redução do proletariado industrial, fabril, tradicional, manual, estável e especializado, herdeiro da era da indústria verticalizada de tipo taylorista e fordista;
Há, entretanto, contrariamente à tendência anteriormente
apontada, outra muito significativa e que se caracteriza pelo aumento do novo proletariado fabril e de serviços, em escala mundial, presente nas diversas modalidades de trabalho precarizado. São os terceirizados, subcontratados, part-time, entre tantas outras formas assemelhadas, que se expandem em escala global;
Há uma outra tendência de enorme significado no mundo do
trabalho contemporâneo: trata-se do aumento significativo do trabalho feminino, que atinge mais de 40% da força de trabalho em diversos países avançados, e que tem sido absorvido pelo capital, preferencialmente no universo do
HETEROGENEIDADE, FRAGMENTAÇÃO E
COMPLEXIFICAÇÃO
É perceptível também, particularmente nas últimas décadas
do século XX, uma significativa expansão dos assalariados médios no "setor de serviços", que inicialmente incorporou parcelas significativas de trabalhadores expulsos do mundo produtivo industrial, como resultado do amplo processo de reestruturação produtiva, das políticas neoliberais e do cenário de desindustrialização e privatização;
Tendência presente no mundo do trabalho é a crescente
exclusão dos jovens, que atingiram a idade de ingresso no mercado de trabalho e que, sem perspectiva de emprego, acabam muitas vezes engrossando as fileiras dos trabalhos precários, dos desempregados, sem perspectivas de trabalho, dada a vigência da sociedade do desemprego estrutural;
Paralelamente à exclusão dos jovens vem ocorrendo também a
exclusão dos trabalhadores considerados "idosos" pelo capital, com idade próxima de 40 anos e que, uma vez excluídos do trabalho, dificilmente conseguem reingresso no mercado de trabalho;
HETEROGENEIDADE, FRAGMENTAÇÃO E
COMPLEXIFICAÇÃO
Como desdobramento destas tendências anteriormente
apontadas, vem se desenvolvendo no mundo do trabalho uma crescente expansão do trabalho no chamado "Terceiro Setor", assumindo uma forma alternativa de ocupação, por intermédio de empresas de perfil mais comunitários, motivadas predominantemente por formas de trabalho voluntário;
Expansão do trabalho em domicílio, permitida pela
desconcentração do processo produtivo, pela expansão de pequenas e médias unidades produtivas. Por meio da telemática, com a expansão das formas de flexibilização e precarização do trabalho, com o avanço da horizontalização do capital produtivo;
No contexto do capitalismo mundializado, dado pela
transnacionalização do capital e de seu sistema produtivo, a configuração do mundo do trabalho é cada vez mais transnacional. Com a reconfiguração, tanto do espaço quanto do tempo de produção, novas regiões industriais emergem e muitas desaparecem,.
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MERCADO DO ENSINO (
EDUCAÇÃO
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NO
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Visão Geral do Setor de Ensino Superior no Brasil
O Brasil representava o quinto maior mercado de ensino superior do mundo e o maior mercado de ensino superior da América Latina, com aproximadamente 6,7
milhões de matrículas, segundo dados do MEC/INEP 2011.
Apesar do crescimento nos últimos anos, de acordo com o IBGE, apenas 14,6% da população brasileira entre 18 e 24 anos estava matriculada em instituições de ensino superior em 2011, uma porcentagem ainda bem abaixo da meta de 33% estipulada pelo Governo Federal para até 2020, o que indica potencial de
continuidade de crescimento do setor de ensino superior no Brasil.
O setor de ensino no Brasil é altamente relevante para a economia do país, devido,
principalmente, ao tamanho de nossa população. De acordo com dados do Censo da Educação do MEC/INEP, em 2011, o Brasil apresentou um total de 50,9 milhões de matrículas na Educação Básica, incluindo todas as categorias de ensino dentre educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação de jovens e adultos e educação profissional.
Deste total, 28,6 milhões de matrículas correspondem ao ensino fundamental, 8,4 milhões
ao ensino médio e 6,9 milhões ao ensino infantil, os três maiores setores de ensino do mercado brasileiro. O ensino superior, por sua vez, apresentou um total de 6,7 milhões de matrículas em 2011
De acordo com dados do MEC/INEP, o setor privado presencial tem apresentado um crescimento anual composto de 9,33% de 1997 a 2011, enquanto o setor público cresce
a taxas de 5,92% ao ano no mesmo período. Com isso, o setor privado elevou sua participação de mercado de 61,0% para 72,2% de 1997 a 2011, enquanto que o setor público teve sua participação reduzida de 39,0% para 27,8%. Os gráficos abaixo ilustram, respectivamente, (i) o crescimento do número de matrículas para cursos presenciais nos setores público e privado e (ii) a participação de cada setor (público e privado) no número total de matrículas para cursos presenciais de 1997 a 2011.
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Um dos fatores para esse crescimento foi a mudança na regulamentação do
setor na década de 1990. Anteriormente a 1996, o setor de educação
superior no Brasil enfrentava restrições regulatórias que dificultavam a expansão da oferta de ensino superior por instituições privadas,
apesar da insuficiência dos investimentos públicos nos diversos níveis do setor.
A partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em
dezembro de 1996, diversas medidas foram lançadas para incentivar o investimento privado no setor de educação superior brasileiro. Dentre as
principais iniciativas adotadas incluem-se a flexibilização das restrições regulatórias para a abertura de cursos e instituições e a regulamentação da lei que permitiu que instituições de ensino superior fossem constituídas como empresas com fins lucrativos.
Atualmente, ao contrário do segmento de ensino básico, o ensino superior
brasileiro é dominado por instituições privadas, capazes de suprir à demanda por cursos superiores não atendida pelas instituições públicas.
Enquanto as instituições de ensino superior públicas são direcionadas
para servir como centros de excelência e pesquisa, com padrões de
admissão extremamente competitivos e capacidade de expansão limitada, as
instituições de ensino superior privadas voltam sua atenção para as exigências profissionais impostas pelo mercado de trabalho e desenvolvem programas flexíveis para atender às necessidades dos
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O ensino à distância surge como opção para
aumentar a penetração do ensino superior no Brasil
em virtude de sua mensalidade mais baixa, o que
aumenta substancialmente o número de pessoas com
poder aquisitivo para frequentar esses programas.
Segundo o levantamento realizado pela Associação
Brasileira de Educação a Distância - ABED, no ano de 2008
havia
aproximadamente
2,6
milhões
de
alunos
matriculados em algum curso de Educação à Distância no
país.
Conforme dados divulgados pela MEC/INEP para 2011, a
Educação à Distância foi a modalidade que mais cresceu do
mercado de ensino superior, com uma taxa composta de
crescimento anual de 42,11% no período de 2002 a 2011,
quando
havia
aproximadamente
993
mil
alunos
matriculados em cursos de ensino superior à distância no
país.
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O sistema de educação brasileiro na década de 90, passou por transformações
que de certa forma foram aplicados ao Estado como um todo, na busca pela democratização e restauração da capacidade de coordenação e planejamento, tais como: descentralização, participação popular, gestão por resultados, premiação de iniciativas e padronização dos processos avaliativos.
Nesta década, foram priorizados pelo Governo os investimentos em educação
básica e a falta de financiamento impediu a expansão e modernização do ensino superior.
Existe um falso dilema entre universalização , democratização da educação no
Brasil, que seguia a tendência mundial de desregulação do ensino superior público e abertura ao setor privado, que teoricamente seria capaz atender as pressões do meio ambiente organizacional.
O setor educacional expandiu em todo o mundo, reflexo da globalização e da
educação direcionada pelos organismos internacionais e transnacionais.
No contexto da privatização, universalização pelo mercado – o processo em
curso de mercantilização não é meramente da cultura e modelos ocidentais, lastreada em valores
que se difundem mundialmente, mas sim, é um arranjo de ordem
político-econômica para a economia global de forma a assegurar a manutenção e continuidade do sistema capitalista, ou seja, a globalização da educação serve basicamente aos interesses capitalistas.