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~ RS / AAL

N° 70026835371 2008/CíVEL

APELAÇÃO CíVEL. RECURSO ADESIVO.

RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE

INDENIZAÇÃO. PROMESSA DE CASAMENTO. RUPTURA DO NOIVADO. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. SENTENÇA MANTIDA.

Com relação aos danos morais, ainda que não se desconheça o abalo sofrido em decorrência da ruptura de um relacionamento, cuida-se de fato que qualquer ser humano, que estiver aberto a se relacionar, está sujeito. O caso dos autos, mesmo que inegável a mágoa da apelante, não há nada que extrapole a normalidade decorrente da ruptura de noivado. Assim, inexiste o dano moral.

Por fim, quanto aos honorários advocatícios, correta a fixação na forma do art. 20, §4° do CPC.

RECURSO DE APELAÇÃO E RECURSO ADESIVO DESPROVIDO.

APELAÇÃO CíVEL

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Sexta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado,

à

unanimidade, em negar provimento ao recurso de apelação e ao adesivo.

Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. ANTÔNIO CORRÊA PALMEIRO DA FONTOURA

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PODER JUDICIARIO ~ - -.-;. TRIBUNAL DE JUSTiÇA ~ RS / AAL N° 70026835371 2008/CíVEL

DES. ARTUR ARNILDO LUDWIG, Relator.

Trata-se de recurso de apelação interposto por VIRGINIA MATTOS THOMA da sentença que julgou improcedente o pedido contido na ação proposta contra FÁBIO CRISTIANO DA SILVA, condenando a autora no pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, fixados em R$ 1.000,00.

Em razões recursais, sustenta a apelante que merece ser reconhecido o dano moral decorrente do abrupto rompimento do noivado, uma vez que as partes já possuíam adiantados trâmites para a realização do casamento. Alega que o rompimento não foi normal, pois decorrente de traição e, mais, deu-se por telefone. Diz que o casamento já estava acertado e os preparativos já estavam todos dentro do cronograma estipulado pelos nubentes. Ressalta que se tratava de um noivado de longa data, inclusive com data de casamento marcada, aquisição e reforma de imóvel, bem como da respectiva guarnição de móveis. Aduz que houve a quebra da boa-fé objetiva, razão pela qual inequívoca a ocorrência do ato ilícito. Transcreve fragmento dos depoimentos a fim de corroborar com a sua tese. Pede a reforma da sentença para que seja o requerido condenado no pagamento de indenização por danos morais.

O recurso de apelação foi recebido no duplo efeito (fI.284). Contrarrazões às fls.287/293.

O réu interpôs recurso adesivo às fls.294/296, no qual pede a majoração dos honorários advocatícios para 20% sobre o valor da causa, observados os critérios do art.20, §3° do CPC.

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N° 70026835371 2008/CíVEL

Intimada, a autora deixou transcorrer in a/bis o prazo para

contrarrazoar o recurso adesivo.

Subiram os autos a esta Egrégia Corte, vindo-me conclusos para julgamento.

Registro, por fim, que tendo em vista a adoção do sistema informatizado, os procedimentos para observância dos ditames dos arts. 549, 551 e 552, do CPC foram simplificados, mas observados na sua integralidade.

É o relatório.

Ilustres Colegas.

Consoante se verifica da prova produzida nos autos as partes, no ano de 1999, deram início a um namoro, que acabou por evoluir para um noivado. Diante da expectativa de casamento, as partes trataram de dar início aos preparativos para a união, a qual se daria no mês de setembro de 2005. Em razão de um envolvimento íntimo do apelado com uma colega de trabalho, as partes acabaram por romper o vínculo.

A questão devolvida a este Tribunal diz respeito, unicamente, aos danos morais decorrentes do rompimento do noivado, que, segundo a apelante, teria extrapolado

à

normalidade, razão pela qual faria jus

à

indenização.

Ainda que não se desconheça o sofrimento inerente da ruptura de um noivado, quanto mais já havia ela dado início aos preparativos do casamento, não verifico no caso o alegado dano moral.

Dispõe o art.1.514 do CCB., que o casamento deve ser contraído mediante a livre manifestação da vontade, não estando, portanto, o promitente obrigado ao casamento.

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Assim, o rompimento do noivado, por si só, não gera o dever de indenizar, porquanto a dor da ruptura

é

sentimento inerente das relações entre nós seres humanos.

A propósito do tema cabe destacar o seguinte julgado:

DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. ROMPIMENTO DE NOIVADO PROLONGADO.1. Não se pode desconhecer que inúmeros fatos da vida são suscetíveis de provocar dor, de impor sofrimento, nem se olvida que qualquer sentimento não correspondido pode produzir mágoas e

decepção. E nada impede que as pessoas, livremente, possam alterar suas rotas de vida, quer antes, quer mesmo depois de casadas. 2. Descabe indenização por dano moral decorrente da ruptura, quando o fato não é

marcado por episódio de violência física ou moral e

também não houve ofensa contra a honra ou a dignidade da pessoa. 3. Não tem maior relevância o

fato do namoro ter sido prolongado, sério, ter havido relacionamento próximo com a família e a ruptura ter causado abalo emocional, pois são fatos próprios da vida. Recurso desprovido. (Apelação Cível NO 70012349718, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 07/12/2005)

RESPONSABILIDADECIVIL. DANO MATERIALE MORAL. ROMPIMENTO DE NOIVADO. Preliminar de incompetência recursal rejeitada. Voto vencido. A ruptura do compromisso de casamento somente direito ao ressarcimento do dano material quando houver demonstração de que a parte reclamante contribuiu para a aquisição dos bens. Caso em que a autora não produziu prova convincente nesse sentido. Embora inegável a dor e o sofrimento decorrentes do término do relacionamento afetivo e da frustração quanto ao enlace matrimonial, não há como imputar, ao réu, a prática de ato ilícito. O rompimento é decisão relacionada ao sentimento de cada pessoa, não cabendo ao Judiciário valorá-Ia. Apelo desprovido. (Apelação Cível NO 70006731715, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Leo Lima, Julgado em 18/09/2003 )

Danos morais. Noivado. Promessa de casamento. Desfazimento. É incabível dano moral contra o parceiro que desiste de contrair casamento, Improcedência do recurso e condenação da recorrente nos ônus de sucumbência, suspensa a exigibilidade em face da 4

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO _,.. TRIBUNAL DE JUSTiÇA ~ RS / AAL N° 70026835371 2008/CíVEL

concessão a assistência judiciária gratuita. (Recurso Cível N° 71000485318, Terceira Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relatar: Maria José Schmitt Sant Anna, Julgado

em

04/05/2004)

AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO. RESCISÃO DE PROMESSADE CASAMENTOCUMULADACOM PERDASE DANOS. DANO MORAL. INVIABILIDADE DE SER REPARADA A DOR DO LAÇO AFETIVO DESFEITO, PORQUANTOINSUSCETÍVEL DE AFERIÇAO A ILICITUDE DA CONDUTA DITA DEFLAGRADORA DO DANO. SENTIMENTOS PERSONALÍSSIMOS, QUE TRANSBORDAM A SIMPLES ANÁLISE DE DOLO OU CULPA. RESPONSABILIDADE CIVIL NÃO DEFLAGRADA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO INDENIZA TÓRIA MANTIDA. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível NO 70002665149, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relatar: Ana Lúcia Carvalho Pinto Vieira Rebout, Julgado em 29/10/2003)

Aliás, cabe transcrever fragmento do voto de lavra do E. Oes. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, ao analisar caso análogo, quando do julgamento da Apelação Cível nO70012349718:

Realmente essa história de amor teve desfecho que magoou profundamente a autora, mas é rigorosamente igual a centenas de outros e que acontecem a cada dia.

As perdas que cada pessoa enfrenta a cada dia, pela morte, pelo abandono ou pela quebra da confiança ou pela descoberta do afeto não correspondido, que geram desilusão

e decepção, são acontecimentos próprios da vida.

Não se pode desconhecer que inúmeros fatos da vida são suscetíveis de provocar dor, de impor sofrimento, nem se olvida que qualquer sentimento não correspondido pode produzir mágoas e decepção. E nada impede que as pessoas, livremente, possam alterar suas rotas de vida, quer antes, quer mesmo depois de casadas.

Assim, tenho que se mostra descabido o pedido de indenização por dano moral decorrente da ruptura, quando o

fato não é marcado por nenhum acontecimento excepcional,

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nenhum episódio de violência física ou moral e também não houve ofensa contra a honra ou a dignidade da pessoa.

Portanto, mesmo que não se desconheça o abalo sofrido em decorrência da ruptura do relacionamento, cuida-se, na verdade, de fato inerente do cotidiano de qualquer ser humano que estiver aberto a se relacionar.

Aliás, cabe transcrever fragmento da sentença de lavra do MM. Juiz de Direito André Guidi Colossi:

Mas também estas circunstâncias, embora inegável a "dor moral" vivenciada pela autora no período, quando inclusive precisou de tratamento psicoterápico, não autorizam a indenização postulada, que pressupõe a prática de ato ilícito, não tipificado na espécie. E nem toda "dor moral" - decorrente da ruptura de uma relação afetiva - é indenizável, como inclusive corretamente apontado nos precedentes jurisprudenciais acima colacionados.

Na doutrina de Carfos Roberto Gonçalves tem-se que

o direito à reparação pelo dano moral somente é devido nos casos

em que "0 arrependimento foi imotivado, além de manifestado em

circunstâncias constrangedoras e ofensivas à sua dignidade e

respeito (abandono no altar ou negativa de consentimento no instante da celebração) ... "1, o que não restou caracterizado no caso. Neste aspecto, cabe destacar que as partes, ainda que já estivessem como casamento marcado, inclusive com aluguel de salão e definição da Igreja, não tinham ainda sequer providenciado na confecção/entrega dos convites. Por fim, merece colação o seguinte precedente jurisprudencial, que também se

afigura adequado ao caso:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. INEXISTÊNCIA DE UNIÃO ESTÁVEL. Na inicial a autora afirmou que manteve com o

demandado namoro que perdurou por dez anos. Os

namoros, mesmo prolongados e privando as partes de vida íntima como soe ocorrer atualmente, são fatos da vida não recepcionados pela legislação civil e, por isso, não ensejam efeitos jurídicos, seja durante ou apóso fim do relacionamento. Somente as relações jurídicas que surgem pelo casamento ou pela constituição de uma união estável asseguram direitos pessoais e patrimoniais. (...) IMPOSSIBILIDADE DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORALDECORRENTEDO ROMPIMENTODA RELAÇÃO.OS sentimentos que aproximam e vinculam homem e mulher por vezes se transformam e até mesmo acabam, nem

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sempre havendo um "justo motivo" para explicar seu fim. A dor da ruptura das relações pessoais, a mágoa, a sensação de perda eabandono, entre outros sentimentos, são custos da seara do humano. Fazendo parte da existência pessoal não constituem suporte fático a autorizar a incidência de normas que dispõe sobre a reparação pecuniária. Possibilidade de indenização somente surgiria se restasse caracterizado um ato ilícito de extrema gravidade, cuja indenizabilidade seria cabível independentemente do contexto da relação afetiva entretida pelas partes. A simples dor moral resultante da ruptura, entretanto, não é indenizável. Ao fim, não estando caracterizado qualquer instituto jurídico reconhecido pelas normas de direito de família, o pedido indenizatório para recomposição patrimonial de eventuais gastos feitos pela autora deverá ser analisado em ação própria, a partir das regras e princípios gerais da Teoria da Responsabilidade Civil. NEGARAM PROVIMENTO, À UNANIMIDADE. (segredo de justiça) (Apelação Cível NO 70008220634, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Des.Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em

14/04/2004 - grifei)

E do voto do eminente Relator do julgado cuja ementa acima foi transcrita, merece ser destacado e transcrito ainda o seguinte trecho:

... Os sentimentos humanos se transformam, por vezes acabam e nem sempre há um 'justo motivo' para explicar seu fim. Há uma dor na ruptura das relações pessoais. Desencanto, solidão, mágoa, sensação de perda e

abandono são os custos da seara do humano e não cabem

em uma dimensão pecuniária. Escreveu Lya Luft que laços podem ser reconstituídos, remendados ou cortados. O corte

se faz com mais ou menos generosidade, carinho ou

hostilidade e raiva - sempre com dor (Perdas e ganhos. 3.ed. Rio de Janeiro: Recordo, 2003, p. 80).

Por mais doloridos que sejam, fazem parte da existência humana e, pela sua própria natureza, não constituem suporte fático a autorizar a incidência de normas que dispõe sobre a reparação pecuniária. Possibilidade de indenização somente surgiria nessa seara se restasse caracterizado um ato ilícito de extrema gravidade, cuja indenizabilidade seria cabível mesmo independente do contexto da relação afetiva entretida pelas partes. A simples dor moral resultante da ruptura, entretanto, não é

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É inegável a mágoa sofrida pela apelante, contudo, não há nada que extrapole a normalidade decorrente da ruptura de noivado. Assim, inexiste o dano moral alegado.

Por derradeiro, quanto ao pedido de majoração dos honorários advocatícios formulado em sede de recurso adesivo, tenho que não merece prosperar.

o

julgador singular ao fixar os honorários advocatícios em R$ 1.000,00 devidamente atualizados, o fez adequadamente na forma do art. 20, §4° do CPC. Equivocado o pedido de majoração na forma do art. 20, §3° do CPC., porquanto no caso em tela não há condenação.

Por essas razões, mantenho o valor dos honorários advocatícios, na forma da sentença.

Voto, portanto, no sentido de negar provimento ao recurso de apelação e ao recurso adesivo.

DES. NEY WIEDEMANN NETO (REVISOR) - De acordo com o(a)

Relator(a).

DES. ANTÔNIO CORRÊA PALMEIRO DA FONTOURA (PRESIDENTE)

-De acordo com o(a) Relator(a).

DES. ANTÔNIO CORRÊA PALMEIRO DA FONTOURA - Presidente

-Apelação Cível nO 70026835371, Comarca de Porto Alegre: "NEGARAM PROVIMENTO. UNÂNIME."

Referências

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