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RELIGIÕES DOS POVOS. U o 52* (30 dc Junho de 183S MUSEO UNIVERSAL VÍSTA INTERIOR DÀ MESQÜÍTA DÊ ACHMET, ÈM COXStANTINOPLA. TOMO I.

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U o 52* (30 dc Junho de 183S • MUSEO UNIVERSAL. 609

RELIGIÕES DOS POVOS.

VÍSTA INTERIOR DÀ MESQÜÍTA DÊ ACHMET, ÈM COXStANTINOPLA.

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TOMO I. 52

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MUSEO UNIVERSAL.

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As mesquitas turcas.

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Ainda não ha muitos annos que era bastante dif- ficil a qualquer Europeo o penetrar no interior cias mesquitas de Constantinopla, e, para isso conseguir, era necessário obter hum firman especial da Porta, que nem sempre livrava o visitante estrangeiro de insultos e ultrajes de huma populaça fanática. Assim,

apenas se conhecião os exteriores desses templos cuja vastidão e belleza causavão a admiração dos viajantes, e cujas torres elevadas, singelas e elegan- tes derramavão huma agradável variedade na physio- nomia e na architectura de Constantinopla. Hoje,

graças ás reformas introduzidas pelo Sultão Mahmoud, os Turcos adoçárão seu orgulho e a sua animosida- de, especialmente depois das ultimas derrotas que tem soffrido, e pócle hum christão entrar nas suas mesquitas sem perigo algum. O interior destes eclifi- cios sagrados já nos não he desconhecido, e o leitor convirá que o desenho apresentado neste nosso nu- mero, offerece delles a mais exacta idéa.

Esta estampa representa a mesquita do Sultão Ach- met, a mais notável das quatorze mesquitas imperiaes de Constantinopla. Foi edificada, no antigo Hippodro- me, por Achmet I que reinou de 1603 a 1617. Por muito bom e justo que fosse este príncipe, os Mu- sulmanos,, que só reconhecem o direito de edificar huma mesquita áquelles seus soberanos que tenhão sido guerreiros c conquistadores, virão com escan- dalo o Sultão Achmet I erigir este soberbo edifício, e o Muphti não receou declarar que as preces dos verdadeiros crentes não serião ali do agrado de Deos.

Este bello monumento não deixa por isso de attes- tar a magnificência de seu fundador, de quem rece- beu o nome; mas chamárão-lhe tamhem a Alti-Mi- narely, ou a mesquita das seis torres, porque todas as outras da capital do império ottomano só tem quatro ou duas. Esta mesquita he separada do Hippo- drome por hum muro pouco elevado, no qual se vô tres portas e setenta e duas janellas. Este muro forma hum páteo lageado de mármore, e ornado com huma fonte da mesma pedra e de fôrma hexa- gona. Aeste páteo se vê huma galeria coberta de vinte e seis arcadas cujas cúpolas, revestidas de chumbo, são sustentadas por columnas de granito cgypcio, tendo os pedestaes de bronze e capiteis turcos. A mesquita occupa hum vasto quadrado. Sua elevação he emextremomagestosa; seuzimborio que he muito mais alto, simples e de melhor gosto que o de Santa Sophia, sustenta-se sobre columnas colossaes maciças, e as suas torres que sobem muito além do zimbòríò, tem cada huma tres galerias circulares. Esta magni- fica mesquita, observada do alto da antiga columna dc bronze em spiral, ou do antigo obelisco levanta- do no meio do Hippodrome, com a immensa cúpola de Santa Sophia ao longe, he huma das mais bellas vistas que Constantinopla oSerecé.

Magestosas como de ordinário o são as mesquitas imperiaes, pela sua vastidão e elevação, nada pôde exceder a extrema simplicidade de seus detalhes no interior. Em algumas, taes como Santa Sophia e a do Sultão Achmet, as columnas são esculpidas, e os arcos, as cúpolas e as paredes são ornadas de baixos relevos e de mosaicos; mas estes ornatos, com alguns outros que guarnecem as numerosas janellas, cons- tituem quasi toda a decoração interior das mesqui- tas, e raro he encontrar ali alguns accessorios ou inoveis que interrompão o espaço, ou alterem a sim- plicidade do plano.

Como a religião de Mahomet e a de Moysés pro hibião o gravar ou pintar qualquer ser vivente nio se encontrão pois estatuas, nem quadros nas mes quitas. O órgão que resoa com tanta solemnidade nas cathedraes christãs, he desconhecido dos Turcos • só fazem uso religioso da musica rias salas de seus derviches dançarinos. Não tem cadeiras de qualida- de algumaf nem bancos, nem tamboretes. Os tres objectos principaes que se encontrão nas mesquitas turcas e que tem pouca apparencia, são os seguin- tes: 1.° o mihrab, impropriamente chamado o altar por alguns viajantes, pois que só he huma espécie de nicho de seis a oito pés de alto, e collocado na parede, na extremidade da mesquita, para marcar a direcção da cidade santa de Meca, para a qual se dc- vem voltar no acto da oração;,2.° omahfil-muezzim pequena varanda pouco elevada, á esquerda do mihrab, que os muezzins oecupão durante a celebração do ser- viço divino; 3.° o kursy, espécie de púlpito aberto á direita do mihrab, seis a oito pés superior ao sobrado que he occupaclo pelo Iman nas raras oceasiões em que lhe acontece pregar.

As mesquitas imperiaes tem, além disto, humminber e hum mahfil para o Sultão. O minber he hum pe- queno pavilhão que, em algumas grandes mesquitas,, parece hum pombal; fica sempre hum tanto distante do mihrab, do lado esquerdo, e, para elle, dá entrada huma escada estreita e Íngreme. Segundo a letra do livro da lei, nunca deve esta escada ter mais de vinte e tres degráos. O minber he reservado para o khatib, ou chefe da mesquita, que, em certos dias, d'ali re- cita huma longa profissão de fé e lança hum ana- thema contra todas as religiões, excepto a de Maho- met. No tempo em que os Turcos erão hum povo conquistador, e convertião as igrejas que havião to-, mado aos christãos em mesquitas, o dia em que as abrião, e quando os gritos de Allah il allah resoavão pela primeira vez do alto das torres, o khatib subia a escada, apoiando-se sobre hum alfange que tinha na mão, como o instrumento da victoria, em quanto recitava a sua profissão de fé; depois, o brandia no ar e descia apoiando-se sobre elle, como o havia feito para subir.

O mahfd do padishah, ou mahfú imperial, he hum quarto ou lugar retirado, fechado na frente por huma grade dourada, onde o Sultão e a sua corte estão durante o tempo das preces. Este quarto, que não passa além do muro da mesquita, está em huma altura considerável, e ordinariamente do lado do tem- pio opposto ao púlpito do khatib.

Inscripções em grandes letras árabes, e painéis on- de se achão inscriplos os nomes de Allah, de Maho- met, dos quatro primeiros kalifes, de Hassan e de Hussein, filhos de Aly, figurão por todos os muros;

porém, estes objectos são muito simples e muito unidos para serem contados como ornatos.

A certa distancia, as inscripções parecem rabiscas de côr negra, e os painéis, guarnecidos de simples molduras de madeira negra, raramente oecupão mais dc dous ou tres pés de espaço. Alguns destes painéis tem as suas letras de azul e ouro, e contém curtas passagens do alcorão. Lâmpadas, que algumas são dc prata (na mesquita de Achmet são, ou, pelo menos, forão de ouro, guarnecidas de pedras preciosas), pen- dem de differentes partes do interior; são porem pouco numerosas, muito distantes humas das outras, e muito pequenas para produzirem effeito em hum

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recinto tão vasto. Algumas vezes se tem visto nestes templos pequenas lâmpadas em vidros de côr, iguaes aos que se usão nas illuminações de alguns paizes da Europa. Os Turcos suspendem também nas suas mesquitas e nos grandes mausoleos ovos de aves- truz; extravagante uso, de que ignoramos a expli-

cacãd. .

Ô pavimento das mesquitas he geralmente coberto de esteiras egypcias, sólidas, compactas e, em huma palavra, de excellente qualidade. Até os últimos an- nos, os Turcos usarão ligeiras botas de marroquim, sem'sola, e, por cima destas, sólidas chinellas que recebião a poeira das ruas, e que deixavão, não só- mente entrando na mesquita, mas mesmo á porta de toclos os quartos. Desta maneira, as esteiras não estavão expostas a mancharem-se, e, ainda que nas provincias algumas pequenas mesquitas estivessem desprezadas, as principaes de Constantinopla, erão constantemente conservadas em perfeito estado de aceio. 0 interior da mesquita do sultão Achmet, a da sultana valida, cia Solimania de Eyoub, erão no- taveis a este respeito. Hoje, que Mahmoud fez usar a hum grande numero de seus subditos botas e sapa- tos como os que usamos, que não são tão fáceis de tirar como as chinellas turcas, será difficil livrar as esteiras, onde tem costume de ajoelhar e de se prós- trarem nas ceremonias de seu culto, de qualquer nódoa ou poeira.

Além das quatorze mesquitas imperiaes que são

•magestosas em suas dimensões geraes, e construídas desde a base até o zimborio com excellentes e sólidos materiaes, principalmente com hum mármore branco levemente raiado de cinzento, contão-se mais, em Constantinopla, sessenta mesquitas ordinárias, for- mando assim edifícios consideráveis, ainda que dif- ferem em tamanho e grandeza, e mais de duzentas mesquitas inferiores e capellas; algumas pequenas torres contíguas a estas ultimas, annuncião o seu fim religioso. Santa Sophia he tida como o primeiro templo da capital; porém he á mesquita do Sultão Achmet que o Grão-Senhor se dirige com a sua curte para as suas devoções, na época do Bairam, do Courban-Bairam e do Melvoud que são as três únicas grandes festividades reconhecidas pelo código religioso dos Turcos. Ao Bairam, que igualmente he chamado Id-filr, ou a quebra do jejum, e pôde ser comparado á páscoa dos catholicos, precede o Ra- madan. que he a quaresma dos Turcos. Aquella festa dura três dias. O Courban-Bairam, ou a festa dos sa- crificios, cahe setenta dias depois da primeira, e dura quatro dias. O Melvoud he huma festividade iristi- tuida por Mourad III cm 1588, em honra do nasci- mento do Propheta; porém, só he celebrada pelo sultão e sua corte, somente dura hum dia, e consiste em huma visita á mesquita do sultão Achmet.

Os Turcos, em geral, observão o jejum ãoRamàdan com tanta rigidez como os Judeos, e, durante toda a sua duração, conservão-se desde o nascer até o pôr do sol sem nada comer, não tendo outra distracção mais do que o seu cachimbo e o café. He pois difficil descrever a sua alegria na expiração do jejum. Danção ao som da guitarra e do tamboril, abração-se huns aos outros, e fallão com prazer da noite próxima, dessa noite esperada com tanta impaciência, em que a apparição da nova lua annuncia o fim do Ramadan e a abertura do Bairam. -

As lâmpadas e os festóes de flores suspensos nas

casas, indicão a approximação da festa. De todos os lados se vêem crianças ornando as janellas, victimas pascaes, ornadas para o sacrifício, bazares onde os mais ricos vestuários tentão mil desejos.

A seriedade ordinária das physionomias se torna ri- sonha; os Turcos caminhão mais accelerados que de costume, tudo offerece hum ar de prazer, de expec- tação e de alegria. Innumeraveis fileiras de lampeóes illuminão as grandes mesquitas que, então, oíferecem hum golpe de vista verdadeiramente mágico, dis- tinguindo-se particularmente a mesquita do sultão Achmet, a Solimania e Santa Sophia. No meio do so- cego da noite, Constantinopla toda, e o povo que contém, esperão o sinal da festa. No cume das mais elevadas torrinhas, os imans, com os olhos no Céo, espião o primeiro raio da nova lua. Immediatamente que o descobrem, mil gritos de alegria ferem os ares, e são repetidos por todos os ecos da vasta cidade. A hora do regosijo he chegada, e todos vão a ser com- pensados das privações do ultimo mez, comendo, bebendo e entregando-se a huma alegria pouco vul- gar. A aurora do dia seguinte, o primeiro do Bairam, he saudada peio estrondo de cem bocas de fogo. Huma multidão de navios ornados com as bandeiras de cem diOerentes nações, em linha por toda a circumferen- cia do crescente de ouro, respondem com salvas ás que se ouvem simultaneamente no Serralho, na To- phana e nos quartéis. Nada he mais magniíico que o aspecto de Constantinopla neste momento. A alegria está pintada em todos os semblantes. Os viandantes mutuamente se felicitão e, para assim dizer, tudo he fraternidade. Não he raro, nesta época, ver o pobre apertar a mão e beijar a face do homem rico epo- deroso que lhe corresponde como a hum igual, hum irmão em Mahomet, hum sectário da verdadeira reli- gião, destinado a participar hum dia, assim como elle, das delicias do paraiso. Não se encontra hum só habitante que não esteja ornado com seus melhores vestidos, e os doces sons da musica, unidos aos can- tos de gloria cm honra do propheta, se ouvem de todos os lados. Os Turcos tem hum traje especial para esta brilhante ceremonia que tem igualmente o nome de Bairam, que faz parte da herança de cada familia, e passa três ou quatro gerações.

He, pois, no primeiro dia do Bairam que o sultão se dirige em grande pompa á mesquita de Achmet.

O vasto espaço, de que nossa estampa só oíTerece huma parte, lie então oecupado pela curte do sultão, e inundado de muflis, tle tilcmas, de paclids, de beys e outros clighítàriÒs do império, acompanhados de seus filhos e de hum exercito de criados ricamente

vestidos. .

Na retirada, o Grão-Senhor atravessa a cidade, pas- sando pelo antigo Ilippodrome, e se dirige para o Serralho, onde entra pela Sublime Porta. Não ha hum só viajante que não tenha descriptò minuciosamente o cortejo imperial, extasiando-se sobre sua mages- tosa magnificência: assim nos absteremos nós de repetir huma narração que, em toda aparte, se en- contra: além disso a nossa descripção seria ociosa, pois que todo esse luxo do Oriente terá desapparc- cido, com esses atavios tão bellos, tão magestosos, tão esplendidos, proscriptos por Mahmoud, para os substituir por hum traje mais favorável sem duvida aos exercícios militares, porém cuja mesquinhez fará, por muito tempo, lamentar o antigo.

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Silencioa

0 quadro que aqui apresentamos qtiasi que náo carece de explicação. S. João quer acordar o menino Jesus que dorme nos braços de sua mãi, e esta faz- lhe sinal com o dedo para que o não desperte. A figura principal, tanto na mente do artista como na perfeição da arte, he sem duvida a do menino que dorme. He impossível que o mais interessante dos espectaculos

— o somno de huma criança—podesse ser mais fiel- mente representado. Todo o corpo está abandonado ao repouso, porém as feições indicão a expressão de prazer tranquillo que resulta dessas ligeiras ittipres- soes que provavelmente supprem o lugar dos sonhos á criança que dorme. A expressão indagadora na phi- sionomia de S. João e a ternura da virgem, nada dei- xão também a desejar.

Este qtiadfo he de Annibale Carraccí, hum dos fun-- dadores da escola de pintura, que se formou em Bo- lonha no décimo sexto século. Esta escola, ao mesmo tempo realista e eclectica, teve por principio a imita- çáo severa da natureza modificada, e não substituída como era, havia trinta annos, pelo estudo dos grandes mestres do século precedente. Segundo as regras es- tabdecidas por Carracci, huma pintura perfeita não devia consistir de mais do que três grupos e doze figuras. As qualidades principaes das suas composi- ções, erão a graça e a dignidade. As figuras subor- diriadas ficavão sempre na sombra, para que o olho se occupasse somente com os caracteres principaes e a parte mais animada da pintura.

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O COMILAQ DB CARNEIROS E O SEU GUIA

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Voracidade de hum Indiano.

Àpressamo-nos a prevenir os nossos leitores, de ípie a gravura que apresentamos e o artigo que vão ler se achão em muitas obras recommendaveis, e que o facto que recordão foi contado pelo major Hardwick em huma das ultimas reuniões da Sociedade real asia- tica, que o transcreveu nas suas memórias* Este indiano de barba longa nâo he a personagem mais curiosa desta historia. Esse desenvolvimento extraor- dinario da barba, tão longa que o velho era obrigado a suspendê-la com a mão para não arrastar pelo chão, he sem duvida admirável; mas a singular proeza que fazia habitualmente o seu companheiro surprehendia muito mais ainda os inglezes e asiáticos que delia erão testemunhas. Este homem era mui conhecido na provincia de Radjutana e notavelmente em Liwnow, onde muitas vezes se dava em espectaculo, sob a denominação de comilão de carneiros. Se dermos cre- dito a algumas testemunhas oculares, levava á boca hum carneiro vivo, ãtacava-o com os dentes e em poucos minutos devorava quasi toda a carne e bebia o sanghe do animal. Freqüentemente atacava este rei

dos lobos hum segundo carneiro, e deixava apenas alguns pequenos restos para a merenda. Terminada a deglutição, comia huma pequena porção da planta chamada madar, ou asclepias gigantesque, que se diz ajudar muito a digestão e que, na índia, se emprega muitas vezes como medicamento. Reproduzimos re- ligiosamente a gravura original que representa o comilão agitando o ramo de madar, como costu- mava fazer sempre que acabava de comer o delicado manjar.

Seria excusado dizer que o povo da índia contem- plava com tanto terror como admiração esta hedionda scena, e que o actor afocinhava nas entranhas da victima, e cobria todo o rosto de sangue para o tornar ainda mais nojento. Os crédulos, e na índia ha mui*-*

tos, consideravão este homem sobrehumano, e dizião que comia crianças quando lhe faltavão carneiros.

O ancião de barba longa, que acompanhava o fa- moso comilão, devia de ter mais de cem annos, a.

julgar, não pela extrema brancura dos seus cabellos e barba, mas sim pelas profundas rugas que lhe

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sulcavão o rosto. Era o que se chamava Gura ou pai espiritual do homem dos carneiros, e aquelle que re- cebia o produeto do espectaculo. Depois de servir por muito tempo o emprego de faquir, e ter extorqui- do esmolas aos crédulos indianos, fez-se emprezario deste insólito espectaculo e mostrava o seu voraz com- panheiro como entre nós se mostrão os elephantes eos surucucus. Hum viajante inglez, testemunha-las

proezas do nosso heroe, lastima na sua historia o infortúnio de o ter visto em hum dos dias em que menos brilhou: «O comilão, diz elle, estava nesse dia com algum fastio; só pôde comer hum carneiro. E depois acerescenta: «cada hum dos quartos pesava treze libras. » Cabia aqui dizer-se-lhe: perdoe a li- mitação.

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O ermitão.

Visitei as bellas provincias occiclentaes d'America onde a natureza, maior nas suas proporções, mais variada em suas producções, parece ter-se excedido no dia da creação, e senti o mais vivo prazer expio- rando essas terras, por assim dizer incultas, que poucos Europeos tem por ora pisado. Levado por hum encanto irresistível, muitas vezes me desgarrava, e era só depois de caminhar muito tempo que conse- guia entrar de novo em Acapulco. Em huma bella manhã de setembro, tinha eu sabido para o campo e, seduzido pelas numerosas e encantadoras perspec- tivas que me offerecia huma coluna que, ao longe, ia perder-se no seio das Cordilheiras, nem me lembrava que mais de quatro legoas me separavão de minha habitação.

Orientei-me para encurtar o mais possível o cami- nho que me restava a fazer, e tomei á direita por entre deliciosas planícies e odoriferos bosques de lilaz. Teria andado já duas ou três léguas, quando huma montanha me veio subitamente fechar o cami- nho por onde suppunha poder passar para a cidade.

Resignei-me a subi-la: a fadiga me tinha entorpe- cido os membros; mas consolava-me a esperança de que , chegado ao cume da serrania, a perspectiva do paiz me compensaria tantos trabalhos. Attingindo o termo tão desejado, meus olhos procurarão com avi- dez essas paizagens encantadoras com que tinha em- balado a minha imaginação.... Huma cruz toscamente trabalhada se offerecia somente á minha vista; junto a cila estava sentado hum homem em altitude medi- tativa, e mais ao longe avistava-se por debaixo de espessas arvores a fachada de huma pequena e pitto- resca cabana. Cheguei-me ao desconhecido!.... Era joven; mas a dôr tinha marcado nas suas faces pro- fundas rugas.... Pedi-lhe que me mostrasse o cami- nho; elle o fez. —E aquella habitação de quem he ?...

perguntei-lhe eu. —Ile minha.... —E otumulo?—Esse túmulo.... respondeu elle; e seu rosto tornou-se pai- lido, as lagrimas principiarão a correr-lhe dos olhos.

— Amigo! disse elle, se a curiosidade te leva a per- gúntar me de quem são as cinzas que ali repousão, eu te satisfaço....o

« O desejo de accumulàr riquezas determinou os pais da joven Eivira a deixarem a sua pátria e a virem residir nestas longínquas regiões do novo mundo.

Eivira era bella: suas maneiras sem arte, seu corpo gentil, seus negros olhos expressivos, e as trancas de seus cabellos cahião ondulanles sobre suas cie- gantes espadoas. Ella se tornou o objecto de admi- ração de Iodos os passageiros. Havia no mesmo navio hum joven oílicial chamado D. Diogo, que vinha reu- nir-se ao seu regimento que enlão combalia os re- beldes. Diogo vio Eivira; amou-a.... eeste sentimento veio a ser o seu único pensamento. Tendo oblido a amizade do pai, pedio a mão de Eivira que lhe não foi negada.

« Hum mez depois chegou o navio a Acapulco. D.

Francisco, eommandante da guarnição e tio de D.

Diogo, approvou a união, mas pedio que se demo- i as>e até que o joven alferes tivesse alcançado no i.

exercito huma patente mais graduada. Prevaleceu esta idéa.... Eivira e D. Diogo resignárão-se, e o regimento

recebeu ordem para entrar em campanha.

«Chegou a hora mortal da separação, e avistarão- se os amantes para se dizerem o ultimo adeos

Diogo, disse a donzella, deixais-me, talvez para sempre! Ah! ficai! não me abandoneis. — Dissipa os teus receios, respondeu Diogo, vou conquistar e não morrer!

«Partio, e no espaço de três annos ganhou no campo da batalha cinco postos.

«Eivira, sempre que retebiaa noticia de huma nova promoção, entregava-se a hum prazer immodera- do. Hum dia, dia fatal, chega hum correio com huma carta para o pai de Eivira.... Sua filha obser- va-lhe as feições.... Ellas se alterão a despeito dos esforços que faz para oceultar sua emoção, e Elvi- ra dá hum grito de desesperação. — Meu pai dizei- me, pelo amor de Deos, que noticia vos traz essa carta.—Minha filha.... Diogo morreu nos braços da victoria...—Ao ouvir estas palavras desfalleceu Eivira, e quando tornou a si, tinha perdido a razão.... Ah!

essa noticia era falsa. O tio de Diogo, depois de hum combate obstinado, não o tornou a ver; fizerão-se as maiores diligencias para encontra-lo, e, como fossem infruetuosas, pensou que o joven official havia pere- cido na acção que se dera perto dc hum rio, e que tinha sido lançado á agua. Mas, seis mezes depois, Diogo que fora feito prisioneiro, conseguio escapar- se e apresentou-se a seu tio ; foi então que soube dos suecessos que havião oceorrido durante o seu captiveiro.

«—Euencontrei Eivira, disse elle a D. Diogo, pela ultima vez nas ruas de Acapulco; cheguei-me a ella:

Vistes o meu amado Diogo? perguntou-me Eivira.

Diogo! elle he feliz; está no céo!—Diogo feliz, o eu miserável! não, isso he impossível; elle era o ídolo da minha alma!—Mas eu sei que elle morreu.

Sim, partio, partio para sempre.... c principiou a chorar.-—Vamos, querida Eivira, vamos para casa, vossa mãi vos espera. —Minha mãi.... Ah! zombais de mim, disse ella, minha mãi morreu.... —Peguei em suas mãos ardentes ; encarou-me com olhos fixos e toda trêmula; a testa estava fria e humida; fallava- lhe, mas nada me respondia; por fim, Diogo.... cahio nos meus braços e ahi exhalou o ultimo suspiro. Con- duzi a pobre Eivira para casa de seu infeliz pai que, poucos dias depois, sahio deste paiz.

«Esta cabana, continuou o desconhecido, hoje mi- nha habitação, foi outr-ora a sua! Tal he a historia deste túmulo. Eivira era bella, joven, e agora, ei-la ahi, a teus pés.... Semelhante á pallida rosa que se abre com o sol da manhã e se desfolha com o sopro da brisa, assim acabou ella antes de haver percor- rido metade da sua carreira.... Amigo, se já amas- te, se o teu coração, cheio de esperança c de encan- to, foi já dilacerado por huma perda inesperada, der- rama huma lagrima sobre os restos que cobre esta pedra tumular.»

Acabadas estas palavras deixou-me o desconhe-

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cido, e eu voltei pára Acapulco, cheio ainda das emoções que me tinhão causado esta aventura. Logo que cheguei, contei-a a alguns amigos... —Ah! disse

huma das pessoas que me ouvia, esse que vistes he D. Diogo; chora Elvira, e, neste paiz, só heconhe- cido pelo nome do Ermitão»

O orang-otang pregador.

O orang-otang tem* como todos sabemr muita se- melhança com o homem, e possue em subidográo o talento de imitar. Conta-se huma anecdota mui sin- guiar de hum animal desta espécie, que pertencia ao padre Carbasson, e que lhe era mui aííeiçoado. O reverendo padre tinha o cuidado de fecha-lo em hum quarto quando queria ver-se livre da sua companhia.

Hum dia, porém, Pug (assim se chamava o macaco) illudio as precauções do amo, e, seguindo-o até a igreja onde este ia pregar, foi, sem ser visto, collo- car-se no capitei do púlpito, onde esperou tranquillo que o serviço divino começasse. No momento em que o padre Carbasson subio ao púlpito, saltou Pug com a maior agilidade para o cume do capitei, e, dirigindo a vista para o reverendo, principiou a imitar todos os seus movimentos com tanta gravidade, e de hum modo tão burlesco, que a congregação não pôde dei- xar de sorrir-se. Ignorando a causa desta súbita ale- gria, estranhou o padre pregador ao auditório a falta de respeito com que o ouvião. Mas o macaco, que conservava o posto, continuava a imitar a attitude

e gestos do pregador. Os fieis fazião todos os esforços para conter o riso; mas, de quando em quando, per- dião o serio e fazião mil contorsões. Tão insólito pro- cedimento exaltou a bilis do reverendo; no ardor da sua cólera, redobrava os gestos, alteava a voz; ora batia com o punho violentamente no púlpito, ora le- vantava as mãos para o céo e abanava com a cabeça.

O orang-otang reproduzia tudo com hum sangue frio verdadeiramente divertido. Por fim, os membros da*

congregação, não podendo conter-se por mais tempo, derão grandes gargalhadas.

.0 padre Carbasson ficou petrificado ao ver què oá seus ouvintes faltavão por tal modo ao respeito devido ao santo lugar, e, possuído da maior cólera, ia descer do púlpito, quando hum dos fieis lhe mostrou com o dedo a causa da conducta inexplicável do auditório.

Vendo Pug, nem o mesmo reverendo pôde resistir ao contagio e principiou também a rir a frouxo até que o sacristão saltou ao púlpito e expellio dali o intruso, autor de todo o mal.

ÍIum banquete em Argel.

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O viajante inglez Thomaz Campbell, fez a seguinte descripção de hum jantar a que assistio em Argel.

«Os convidados, diz elle, erão o coronel Maret, mais dous francezes e eu. O nosso hospede (Ben Omarr ex- hei dcTitery) me fez sentar sobre huma ottomana, e, depois de ter puchado algumas fumaças do seu grande cachimbo, apresentou-mo, ainda humido dos seus beiços, para que eu fumasse: he esta a maior honra que se pôde fazer a hum convidado. Pouco depois trouxerão a mesa do jantar, ou antes huma grande bandeja de estanho funda, que foi posta sobre hum pequeno estrado: nomeio da bandeja achava-se huma terrina com excellente sopa de arroz; e todos os convidados, tendo-nos acocorado, cruzando as pernas sobre huma almofada mui baixa, como fazem entre nós os alfaiates, fomos servidos da sopa, que comemos comcolheres de pão. Os pratos erão de bel- la louça íngleza. Cada convidado tinha hum com- prido guardanapo, que o nosso hospede me disse ser tecido em Smirna. A' sopa seguio-se hum prato com hum grande peixe grilhado, que passou em roda, cada hum de nós tirando hum bocado com os dous dedos grandes e o polegar. Na verdade, depois de provar este manjar, não pude deixar de confessar, que os francezes, quanto á comida, não podem ri- valisar com a dá cozinha africana: o peixe estava tão delicioso, que não pude deixar de pedir mais, e immediatamente o ex-bey, com a mais extraordina- ria politica, agarrou huma mão cheia delle, e mo apresentou no prato. Seguirão-se aves assadas e ai- guns pratos de legumes saborosos, temperados com

azeite; e immediatamente depois appareceu o celebre cuscussu. Partimos as aves em bocados á mão, mas com bastante delicadeza, e como desejasse comer de mistura alguns legumes que fazião appetite pelo bem que paredão, não havendo colheres, deitei hu- ma porção no prato, e com a ajuda de dous pedaços de pão (que fazem as vezes de garfos) c dos meus dedos, consegui satisfazer minha vontade. Ben Ornar, que se mostrava mui attencioso para com todos, e principalmente para comigo, queria por força obri- gar-me a repetir de todos os pratos, até que lhe per- guntei se era costume nas melhores sociedades do seu paiz, obrigar hum estrangeiro a comer mais do que tinha na vontade. Respondeu-me que não; porém, que se elle o fazia, era por desejar recommendar-me aquelles guisados como o melhor da sua cozinha. A sobremesa que se seguio ao jantar apresentava huma grande variedade de fruetos naturaes e de doces:

e para os comer nos derão colheres feitas de tarta- ruga, com cabos de dentes de cavallo marinho, oú de marfim. A porcelana era riquíssima, e Ben Ornar me surprehendeu, dizendo-me que toda lhe tinha vindo de Inglaterra, bem como a louça do jantar. Tendo lavado as mãos , derão-nos cachimbos e café em chicaras de prata: conversámos até ás dez horas, e excusado he dizer que não houve vinho, nem ao jantar nem depois, falta esta que tirava hum pouco

do valor dos bellos pratos que nos apresentarão. » Tal he a descripção, pouco mais ou menos, de todos os banquetes nas dilTerentes regências e estados da Berberia.

À promessa de casamento (Anecdota histórica).

Camilla de Turengee era huma das mais lindas, e ricas senhoras dc Messina nos princípios do X1VÚ se- culo: havia herdado grandes bens dos seus paren- tes, e era por isso requestada dos mais ricos cava-

lheiros daquella época. Camilla havia regeitado todas asoífertas, por não ter encontrado entre os preten- dentes á sua mão hum só com quem se decidisse a ligar a sua sorte. Neste tempo, o priucipe Bolando,

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MUSEO UNIVERSAL.

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irmão mais moço dò rei de Sicilia, tendo sido en- carregado do commando de huma frota contra os Napolitanos, foi por estes derrotado * ferido, e feito

•prisioneiro, sendo conduzido a huma torre por or- iidem de Roberto de Nápoles. Como o principe se ha- via mostrado inimigo irreconciliavel dos Napolitanos, e era tido por hum dos mais bravos cavalheiros do seu tempo, exigio-se a enorme quantia de doze mil florins pela sua liberdade. O rei de Sicilia, seu ir- mão, recusou pagar a somma exigida; e Rolando seria talvez condemnado a passar o resto de seus dias entre os horrores de huma prisão, se a bella Camilla lhe não mandara offerecer a quantia em que se havia fixado o seu resgate, com a única condição de que havia de casar com ella. O principe aceitou o contracto de bom grado: os doze mil florins forão pagos por Camilla, e as portas da torre immedia- tamente abertas ao principe. Mas apenas este se vio ,nà$ua liberdade, que recusou preencher as obriga-

ções que havia contraindo.°

Camilla o citou perante o tribunal supremo do es- tado, e apresentou ahi a escriptura do contracto as- signada pelo principe: o processo foi breve; em pou- cos dias se vio Rolando sentenciado a ser adjudi- cado a Camilla, não só como seu marido, mas tam- bem como huma propriedade, a que, conforme as leis daquelles tempos, ella havia adquirido direito pelo seu dinheiro.

Determinou-se o dia do casamento. Rolando, que era hum cavalheiro de bella presença, apresentou- se com a maior magnificência, e seguido de huma comitiva esplendida: Camilla também compareceu

ataviada com apparatosos Vestidos nupciaes. Roíaii- do, logo que ella entrou na igreja, foi ao seu en- contro, e pedio-lhe que houvesse de esquecer a in**

juria qne lhe havia feito na resistência > protestai!- do-lhe que de mui boa vontade estava prompto a obedecer aos mandados da justiça. — Basta, lhe responde Camilla; estou satisfeita. Desejei hum ma- rido de sangue real; mas este se degradou da sua alta jerarchia no momento em que baixamente faK tou á sua palavra; e desde esse instante eu jurei não ser sua. Levei-vos a hum tribunal de justiça para patentear ao mundo todo a fealdade cia acção com que vos tendes manchado. Adeos. Ide offerecer a outra a mão que haveis deshonrado. Estais quite da promessa que me haveis feito: guardai a somma que por vós paguei, delia vos faço presente.

Deixando então Rolando mudo e envergonhado, passou pelo meio dos convidados, e se retirou a hum convento, a quem doou todos os bens que pos- suia, e onde passou o resto de sua vida. Rolando', dahi em diante, olhado como hum homem que havia manchado a nobre profissão da cavalleria, por huma baixa violação da sua palavra, passou o resto da sua existência mal visto e desprezado de todos, e morreu obscuramente n'hum retiro.

Charadas.

As palavras das charadas , publicadas no ultimo numero , são : — Nuvem e Ismeinia.

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Aos nossos Assigoantes.

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Hum anno tem decorrido desde que dêmos prin- cipio á publicação do Museo Universal, e conscios de havermos feito todos os esforços para merecer o be- nigno acolhimento que a nossa empreza tem encon- trado, annunciamos hoje com satisfação a nossos leitores o complemento do nosso primeiro volume.

Os candidatos á protecção e ao favor do publico costumão sempre fazer promessas. Nós também as fizemos quando apresentámos o prospecto da nossa obra; procurámos zelosamente cumpri-las, e, se nos he licito julgar pelo progressivo augmento da circu- lação do Museo, parece-nos que o publico, appreciador das grandes difliculdades de todas as emprezas novas, está satisfeito com o ensaio que fizemos no primeiro anno dos nossos trabalhos.

Mas supposto julguemos ter desempenhado todas as obrigações a que nos ligámos, cumpre dizer fran- camente que só levámos a effeito, em parte, as nossas intenções, e que muito nos resta ainda a

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fazer para elevar o Museo Universal ao gráo de per- feição de que he susceptível. A experiência que te- mos adquirido, e o êxito feliz da nossa empreza, nos proporcionarão os meios de a melhorar considera- velmente, e áquelles dos nossos assignantes que se tem dignado approvar os esforços que temos feito, acharáõ no volume a que vamos dar principio a me- lhor prova dos effeitos que a sua benevola approvação tem produzido.

Na impressão e execução das gravuras, que serão iguaes ás que de melhor neste gênero tem appare- ciclo em França, parece-nos que pouco teremos a invejar aos nossos cóllegas da Europa, e, pelo que diz respeito ás matérias, faremos todo o possivel para que o Museo Universal apresente melhoramen- tos sensiyeis e se torne não só agradável senão tam- bem útil, afim de poder satisfazer esse desejo de instrucção, que tanto se tem desenvolvido entre nós e que he hum dos principaes característicos do se- culo em que vivemos.

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FIM DO PRIMEIRO VOLVME,

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por classificação das matérias e por ordem alphabetico, dos diversos artigos que contém o primeiro volume.

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v Agricultura.

Agave ou Maguey..?....«, Pag. 2 4

Algodão 228

Chá (o). 195

Maguey (vide Agave).

Meio dé curar as arvores doentes. 178

—* de destruir a lagarta... 179

¦—• fácil de converter em estrume

todas as hervas nocivas 178 Sementeiras de melões. 599

Anecdotas.

Àneçdotas diversas 32, 39, 405, 119, 123, 158, 159, 206, 240, 291, 309, 363, 374, 384, 395, 408.

Appetite delicado. 343 Arcebispo (o) soldado.... 342 Bom (o) despacho... » Bulla (a).. . .... . . .... .... 545 Cabello de Judas 542 Desertor (o) prussiano 48 Dever de hum soberano... 39 Devoção de Carlos II e de seus cor-

tezãos 48

Frango (o) assado com molho,... 350 Gatuno (o) eb belleguim. . 240 Historia de bandidos; coragem de

huma mulher 346

Inconveniente de mudar de nome. 8 Mulher (a) de Miltão. 39 Negromante (o)., 381 Orang-otang pregador 415 Pachá (o) d'Egypto e os obeliscos. 373 Pedro I de Portugal... 38 Perigo de fallar muito 408 Receita real contra o fastio de hum

abbade. 350

Resposta nobre dehum Ameripano. 299

— picante de hum medico... 350 Trabalho (o), ou 5,000 cruzados de

renda 341

Ursos (os) postiços 8 Valor civico de huma portugueza. 342

•i— de Carrasco 349

. . Astronomia.

Configuração da terra 58 Dos cometas em geral 69 Golpe de vista sobre o céo, pia-

netas, cometas, aerolites, es-

trellas correntes, estrellas lixas, 2 Revolução annual da terra 96 Theoria dos ventos 103

Biographia.

Beghum (a) Sumro 352

50hvar • , m

Ganning tê ê *j

Duque (o) de Reichstadt.,I. \\\\ 118

Franklin., 257

Frederico o grande ..}..' 36

Guido Remi 154

Hdbnemann , autor da doutrina

homoeopathista 202 | TOMO I.

1..-

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¦'¦--.:¦. " -'yyysy-y-

James Walt... Pag. 217

João Goujon 276

Júlio César;...:..,... 283 Leonardo de Venci... 234 Mahmoud II... 297

Miguel Ângelo; 339

.Nelson .;... 146 Randjit-Sing, rei de Lahor... 398

Rubens. .. 42

Spagnoletto... 82 Ticiano Vecelli. 313

Economia domestica.

Conservação da carne fresca 55 do leite e dos ovos » Gelatina de ossos .. 327 Meio de grudar a louça. ill

de afugentar e matar os ratos. » Methodo aperfeiçoado de fabricar

o pão... 231

Modo de destruir as formigas.... 175 de destruir as pulgas, perso-

vejos, etc 111

de tornar o calçado impermea-

vt. 1* ... _51

Pão de ló á- franceza... 327 Papel próprio a desenferrnjar o fer-

ro e o aço. 259 Processo para fabricar papelão e

papel impermeável com as apa-

ras de couros e de pelles 279 Receita para limpar os espelhos.. 327 Solda que resiste á acção do fogo

e da água .' 231 Estudos históricos.

Batalha de Aljubarrota 378 de Guadalete, ou a invasão dos

Mouros na Hespanha 407

de Waterloo 306

Boadicea, rainha britannica 155 Bohemios no século XV.... 109,114 Castello fo) de Faria 371 Christovão Colombo perante os

doutores de Salamanca 10 Conspiração contra Carlos Magno,

dirigida por Pepin o corcundo. 26 Descoberta da Bahia 134 Destruição dos Janizaros 290 Dous (os) Barbaroxas 235 Entrevista de Francisco I e de Car-

los Quinto... 108 Execução de Jane Grey . 17 Inquisição (a) 363 Joanna de Are, virgem de Orleans 241 Morte de S. Luiz, rei de França.. 143 Quatro (os) Henriques. 91 Republica de S. Marinho 107 Ultimoinstanle do imperador Theo-

doro 102

Estudos moraes.

Adelaide deSargans. baroneza de

Wart,,, ,. 250

' ¦' ''¦.;¦ '.<¦'. ¦¦ ." '"¦ . ¦'.¦'¦-' ";..;: "' ¦ ¦.-¦'...,!'':¦';¦'. •'...'¦. ¦vx-

Amor (o> filial... Pag. 245 Antonia (episódio do cerco do

Porto)... .v,... 357 Camponez (a) de Carigliano,.... 286 Cartuxo (o) de rape...,., 189 Castello (o) de Lueg,... 220 Duas (as) coroas d^spinho. 50 Dugucsclin e o bufalo 369

Huma sorte 29

Hum ingrato... 194 Igreja (a) do Copo d'Agoa 58 Irmã (a) de Rembrandt 124, 130, 138

e 149.

Joven (a) carmelita... 238

Miss Keimer 269

Noiva (a) Brazileira.. 165 Remendão (o) de Sevilha .331 Segredo (o).. 78, 82 Soffrer e morrer 317

Estudos physiologicos.

Órgão da vista , 315

Ouvido (o) 294

Historia natural.

Abada ou Rhinoceronte 2

Águia 159

Alce 32

Avestruz 2 06

Balêa 92

Boa conslrictor ou giboia 377

Bufalo 75

Camelo 199

Cavallo 59

marinho (vide Hippopolamo)

Cobra cascavel 177

Dromedário..: 199

Elephante 1

marinho. 128

Flamengo 68

Gato doméstico 136

Girafa 145

Hemionio 60

Hippopotamo 174

Kakatoes 346

Leão 53

Papagaios.... 545

Preguiça. 378

Rangifero 588

Rhinoceron te (vide Abada)

Sabujo in

Salmão 248

jl íp, re...*... oO UxBOS.. ... ...«..., 104

Vacca tfAbyssinia 73

Jurisprudência criminal.

Acto de justiça do sultão Amurath. 14 Banhos (os) ou galés em França.. 15 Castigo da canga entre os Chinas. 63

Pelourinho (o) 72

Supplicio de Damiens, assassino de

LuizXV 393

53

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Referências

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