MACROECONOMIA
AULA 04
RODOLFO OLIVO
AULA TRANSCRITA
SOBRE O AUTOR
RODOLFO OLIVO
PROFESSOR FFIA
Doutor (2015) e mestre (2010) em administração pela FEA-USP, possui pós-graduação
em finanças pela EPGE-FGV (2001) e graduação em Administração de Empresas pela
EAESP da Fundação Getulio Vargas – SP (1997). Atualmente é professor da FFIA –
Faculdade FIA de Administração e Negócios, na Graduação e do Mestrado Profissional
em Gestão de Negócios. Vencedor por duas vezes do prêmio de melhor trabalho
acadêmico do ano sobre franquias pela Associação Brasileira de Franchising (ABF)
pela sua tese de doutorado (2015) e pela sua dissertação de mestrado (2012). Foi
consultor de empresas na McKinsey&Company, executivo em empresas de telefonia
celular, energia elétrica e de educação. Colabora com as revistas PEGN – Pequenas
Empresas & Grandes Negócios, Superinteressante, Você S/A e Jornal DCI.
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AULA 04: RENDA NACIONAL
Olá, pessoal. Voltamos. Continuando a nossa aula de Macroeconomia, agora na nossa aula 04. O que veremos na aula 04?
• 1. Renda nacional e PIB;
• 2. Composição do PIB;
• 3. PIB e bem-estar social;
• 4. PIB e bolsa de valores.
A gente vai começar a falar um pouco mais especificamente das variáveis macroeconômicas, das coisas que estão no jornal, PIB, taxa de juros, uma série de coisas. Mas vai amarrar com aquelas ideias importantes de demanda, de oferta e estrutura de mercado. Não percam aquilo, aquilo é fundamental.
No final vocês vão ver que tudo se encaixa.
Vamos falar um pouquinho então, na aula 04, sobre a questão da renda nacional e do PIB. Todo mundo discute tanto o PIB, o tal do pibão e do pibinho, o PIB tem que crescer. Vamos entender o porquê disso.
Então, vamos falar um pouquinho sobre como é composto o PIB, a questão do PIB e bem-estar so- cial, e como é que o PIB impacta na Bolsa de Valores, que é o foco aqui do nosso curso.
1. RENDA NACIONAL E PIB O que é o PIB?
O PIB, é um conceito em que as pessoas intuitivamente entendem como o seguinte, é a riqueza do país, é a quantidade de bens e serviços que foi produzido em um determinado período de tempo, em geral, a gente fala no ano. Então, o PIB do Brasil, o PIB dos EUA, o PIB dos países foi X, em determinado ano.
Por que ele é tão importante? Porque, como a gente já viu na outra aula, o PIB vai determinar
a riqueza da nação. Então, um país rico é um país que tem uma alta renda per capita, um PIB per
capito, ou seja, um país que tem bastante PIB por habitante, as pessoas são, em média, ricas, elas
conseguem consumir mais bens, elas têm uma qualidade de vida melhor.
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De onde que vem essa ideia? Essa ideia vem do fluxo circular de riqueza na Economia. Como é que o PIB cresce? Por que o PIB cresce?
O PIB crescer é uma condição muito importante para o país melhorar, para as pessoas terem uma qualidade de vida melhor, para as pessoas viverem melhor. Lembra lá do fluxo circular de riqueza?
As pessoas trabalham nas unidades produtivas, as pessoas trabalham nas empresas, ou elas são donas da empresa, então elas têm salário, elas têm renda, elas têm aluguel. O que elas fazem com isso?
Elas consomem os produtos e serviços que as empresas produziram e que são vendidos no merca- do. Então, o PIB, ele deveria ser igual à soma das rendas. Uma outra forma de calcular o PIB, em vez de somar todos os bens e serviços numa Economia, você soma as rendas, os salários, os alu- guéis, os juros, os lucros, que deveriam chegar no mesmo valor. Isso numa Economia fechada, que não tem transação com o exterior.
Então, um jeito de ver é olhar o produto, e, outro jeito de ver é olhar a renda das pessoas, das em- presas. Eles estão intimamente ligados, porque o produto é vendido para as pessoas que têm ren- da, e as pessoas têm essa renda trabalhando e produzindo os produtos.
São como se fossem as duas faces da mesma moeda. Então, esse ciclo é muito importante, como a gente já viu. Vamos entender um pouco melhor então como o PIB funciona.
Como eu falei, aquele diagrama de fluxo que eu coloquei, ele não considera algumas imperfeições, então ele não considera que o Governo tributa. Então, quando o Governo tributa e recolhe impos- tos, ele distorce um pouco o sistema, porque ele incentiva algumas coisas ou outras, por isso que a gente fala tanto que precisa sempre ter um sistema tributário justo, sistema tributário neutro.
Não tem o sistema financeiro, que a gente vai ver nas próximas duas aulas a questão da moeda,
como é que impacta aqui o dinheiro. E, como eu falei, não tem o setor externo, não tem as transa-
ções com o exterior, que a gente vai ver depois.
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2. COMPOSIÇÃO DO PIB
Vamos ver então como seria o PIB aqui, colocando tudo isso:
O PIB, pessoal, essa fórmula aqui (não se assuste com a fórmula, ela é só para ajudar), se você olhar, o PIB tem 3 grandes componentes. Ele tem:
• o setor privado,
• o setor público e
• o setor externo.
O que é o setor privado?
As empresas, as pessoas, que não são Governo, que consomem, o setor privado.
O que é o setor público?
O Governo também consome, o Governo também gasta, o Governo também presta serviços, então o Governo também faz parte do PIB. Em todos os níveis, Governo Federal, Estadual, Municipal, Em- presas Públicas, todos eles.
O que é o setor externo?
A Economia não é fechada, a Economia transaciona com o exterior, então a gente importa, a gente exporta e isso impacta o PIB. Como? Vamos ver cada um.
Como é que funciona o setor privado?
O ‘’C’’ e o ‘’I’’, o C é o consumo das famílias e das empresas, e o I é o investimento.
O que é o investimento?
Investimento nada mais é do que, você pegar parte da sua renda, ao invés de consumir hoje, investir,
comprar mais bens, comprar mais equipamentos, para produzir mais bens para consumir no futuro.
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Então, se você quiser de uma forma simples, o C é o consumo hoje, e o I, que é o investimento, é algo que vai gerar consumo no futuro. Então, quanto maior o consumo das famílias e das empresas, quanto maior o investimento que elas fazem, maior o PIB. Por isso C é positivo e I é positivo.
Olhe para o setor público agora, você tem G – T. O G é o gasto do Governo. Da mesma forma que o consumo privado, quando o Governo aumenta o seu gasto, ele aumenta o PIB, que é a ideia do John Keynes, que a gente viu. Em momentos de recessão o Governo deve aumentar seu gasto, porque isso aumenta o PIB, isso ajuda o PIB a se recuperar. Mas, diferente do setor privado, o setor público não produz nada, no sentido de criar riqueza como setor privado, ele capta os seus recursos dos tributos, que é o T. Então, o setor público (G – T), se os tributos são muito altos, os tributos di- minuem o PIB. Por quê? Porque você está tirando tributo do consumo privado.
Por fim, você tem o setor externo. O que é o setor externo? A gente vai ver um pouco melhor, mas, resumidamente, importações e exportações. X são as exportações e M são as importações. Quanto mais um país exporta, mais produtos foram feitos aqui, aumenta o PIB. Quando a gente importa, a gente está consumindo produtos fabricados em outro país, isso diminui o PIB.
Então, o setor externo (X-M) também impacta o PIB. Resumindo, o PIB cresce quando as famílias consomem ou investem. O PIB cresce quando o Governo gasta mais. Mas, o PIB encolhe quando o Governo tributa mais.
O PIB cresce quando o país exporta mais e o PIB diminui quando o país importa mais. Essas são as grandes variáveis que impactam o PIB. A gente tem que incentivar, e aí tem uma grande discussão de como fazer isso, mas a ideia é que, especialmente o setor privado vai crescer o PIB, vai investir, vai consumir. Ou o setor externo, também, porque é você vender para outro país, também vai fazer aquela economia rodar, aquele fluxo circular de riqueza.
3. PIB E BEM-ESTAR SOCIAL
O PIB per capita, que nada mais é do que o PIB dividido pelo número de pessoas, ele está muito
ligado com a qualidade de vida, apesar de o PIB ter sido muito criticado. O PIB é uma medida im-
perfeita, sem dúvida. Então, você tem uma crítica clássica, do Robert Kennedy:
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Então, Robert Kennedy foi um senador, foi irmão do John Kennedy. Lamentavelmente foi morto, como o irmão, nos EUA. Os dois irmãos foram assassinados. Então ele dizia assim: “o produto in- terno bruto não leva em conta a saúde das nossas crianças, a qualidade da sua educação, a fe- licidade das suas brincadeiras. Não inclui a beleza, a solidez dos casamentos. Não inclui a nossa coragem, a nossa sabedoria, a nossa devoção do país.”
No final ele termina assim: “Em resumo, mede tudo, exceto aquilo que faz a vida valer a pena e pode nos dizer tudo sobre a América, exceto a razão pela qual nos orgulhamos de ser norte- -americanos.”
Ou seja, o que ele está dizendo? Ele está fazendo uma crítica sobre a questão do PIB não ter as- pectos qualitativos. E tem um certo sentido essa crítica; mas, vejam só o contra-argumento dessa crítica.
Dá uma olhada nesses dois gráficos. Por que é que nós nos preocupamos tanto com o PIB? Apesar de o PIB ser imperfeito, apesar de ser uma medida que tem suas falhas, como ele bem apontou, dá uma olhada como existe uma relação forte. Olha o primeiro gráfico da esquerda ‘’O PIB e a ex- pectativa de vida em 12 países’’. Pessoal, deem uma olhada em países como Nigéria, Bangladesh, Índia, Paquistão, que têm um PIB real per capta baixo. O que acontece com a expectativa de vida?
Expectativa de vida também é baixa. Pessoas morrem mais cedo. Por quê?
Porque elas se alimentam pior, porque elas têm menos acesso a saúde, menos acesso a esse tipo de coisa. Olha, como um salto na renda per capta, já em países de renda média, como o Brasil, Mé- xico. China já tem de U$ 5 mil para U$ 10 mil, U$ 12, U$ 15 mil de renda per capta, como já aumen- ta significativamente a qualidade de vida.
E olha lá os países em que realmente você tem uma altíssima expectativa de vida, como Alemanha, Japão, EUA, com uma renda per capta maior. Então, apesar de todas as críticas, a renda per capta, o PIB per capta, está muito ligado à longevidade, a expectativa de vida. Veja que o gráfico é quase idêntico para alfabetização:
Países pobres não conseguem investir adequadamente para alfabetizar as pessoas mais pobres.
Já em países de PIB mais alto, como Alemanha, Japão e EUA, têm praticamente 100% de alfabetiza-
ção. A grande exceção é a Rússia, que é um país, que por uma tradição de outras questões culturais,
tem uma alfabetização muito alta.
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