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45º Encontro Anual da ANPOCS. GT34 Religião, política, direitos humanos: reconhecimento e intolerâncias em perspectiva

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45º Encontro Anual da ANPOCS

GT34 – Religião, política, direitos humanos: reconhecimento e intolerâncias em perspectiva

Quem são e o que fazem? Os líderes religiosos na Câmara dos Deputados Brasileiro.

Cyntia Carolina Beserra Brasileiro – UERN Terezinha Cabral de Albuquerque Neta Barros – UERN

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2 Quem são e o que fazem? Os líderes religiosos na Câmara dos Deputados Brasileiro.

RESUMO

No Brasil, a relação comportamento eleitoral e voto religioso tem ganhado mais proeminência nas eleições, configurando ao longo dos anos uma maior representação e demandas voltados para nichos específicos, cedendo lugar às de construções nacionais, tais como: criminalização do aborto, contrário a união civil de homossexuais, defesa da moral cristã, família, bons costumes (CARREIRO, 2017). As lideranças religiosas passam a ser atores importantes desse processo, podemos mencionar frentes e bancadas nesta atuação enfática no legislativo. Diante do exposto, pretende-se analisar quem são os atores que usam da fé para ganhar votos e, depois de eleitos, quais as suas atividades parlamentares. Num país em que se fortalece e cresce a fé, compreender como se entremeia a crença e prática do fiel que é também cidadão e eleitor, permite a problematização de como, em determinados cenários, o apelo dos agente religiosos com viés moralista acena para um eleitor muito específico. O trabalho está metodologicamente fundamentado em pesquisa bibliográfica que versa sobre os temas religião e política, com ênfase nos agentes políticos religiosos. Paralelamente, foram coletadas informações de Projetos de Leis (PLs) intencionadas pelos deputados no site institucional da Câmara de Deputados nas duas últimas legislaturas, identificando quais os deputados líderes. Os resultados sinalizam para crescimento de líderes evangélicos ganhando protagonismo nas pautas denominadas conservadoras (ZILLA, 2020; DUARTE, 2020), atuando de maneira incisiva nas proposituras sobre temas que versam sobre esta moralidade. As que apareceram mais foram: Aborto, Homeschooling, Ensino criacionista/bíblico, Estatuto da família e Ideologia de gênero. Os atores políticos religiosos estabelecem conexão de sua atividade política e suas bases com as concepções de dimensões morais em torno do direito à vida, da economia e da necessidade de preservação da família.

Palavras-chaves: Política; Religião; Deputados evangélicos; Projetos de Leis

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, a relação comportamento eleitoral e voto religioso tem ganhado mais proeminência nas eleições, configurando ao longo dos anos uma maior representação e demandas voltados para nichos específicos, cedendo lugar às de construções nacionais, tais como: criminalização do aborto, contrário a união civil de homossexuais, defesa da moral cristã, família, bons costumes (CARREIRO, 2017).

O jogo político em si, vai se delineando e conformando uma estratégia que fortalece agendas e pautas de discussão visando o controle da opinião pública. Prova disso é que, entre outros atores, as lideranças religiosas passam a ser peças importantes desse processo, podemos mencionar frentes e bancadas nesta atuação enfática para alcance representativo no legislativo. Estes, tendem a aparecer como os `'guardiões" da ética e dos bons costumes que devem pautar a sociedade brasileira. Na verdade, nunca se

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3 tomou tanto corpo o espaço a performance religiosa, evangélica principalmente, sobre o Estado.

Usar a religião para fins eleitorais diante de um país que abraça uma maioria cristã, tem sido uma máxima para alguns candidatos como retórica e discurso de natureza moral e zelo de bons princípios, basta pensar o último pleito para presidência da república que elegeu seu presidente endossando a máxima “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Diante do exposto, esta pesquisa analisa quem são os atores que usam da fé para ganhar votos e, depois de eleitos, quais as suas atividades parlamentares em projetos de leis que pautam agendas temáticas morais/religiosas. Num país em que se fortalece e cresce a fé, compreender como se entremeia a crença e prática do fiel que é também cidadão e eleitor permite a problematização de como, em determinados cenários, o apelo dos agentes religiosos com viés moralista acena para um eleitor muito específico.

O protagonismo destes atores iniciou-se nos governos do PT, contudo foram ganhando mais projeção frente ao Estado e se ambientaram em cenários fortalecidos nos últimos anos. Este crescimento se dá também devido os fatos recentes na política nacional e internacional, principalmente nas lideranças e agendas conservadoras atuando dentro do espaço da política institucional. A trabalho justifica-se pela pertinência da discussão e pela originalidade em trazer dados sobre atividades parlamentares de atores políticos religiosos que cada vez mais pautam agendas conservadoras no Congresso Brasileiro, o que deixa entrever como se enuncia uma cultura política nos país.

O artigo está organizado em três itens além desta introdução e das considerações finais. No item a seguir, será apresentado o procedimento metodológico para desenvolvimento da pesquisa, como foram recortadas as variáveis, o banco de dados e composição das análises. Em seguida, será discutido sobre como a religião evangélica ganhou espaço nas últimas décadas na cena política, ocupando cargos e lideranças expressivas no Congresso. Continuamente, apresentamos os dados da pesquisa compondo o perfil a partir da discussão dos “predestinados”, ou seja, quem são estes representantes da moral na política, quais denominação se filiam, como é sua articulação nas redes sociais e, quais as propostas de leis que propuseram com pautas religiosas ou morais. Ao final, apresentamos nossas considerações finais em torno dos achados da pesquisa e as propostas de futuras agendas de pesquisa.

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4 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O trabalho está metodologicamente fundamentado em pesquisa bibliográfica que versa sobre os temas religião e política, com ênfase nos agentes políticos religiosos evangélicos. Para identificar os líderes evangélicos, tomamos como base principal, os signatários declaradamente evangélicos da Frente Parlamentar Evangélica para duas legislaturas 55º (2015 a 2019) e 56 º (2019-2023)1 que totalizam 131 deputados. Para a primeira parte da pesquisa traçamos o perfil geral, para destacar os que consideramos como líderes em suas bases. Para a pesquisa foram aplicados critérios quantitativos e qualitativos para identificar sua possível projeção. São eles:

1) Parlamentares signatários/as da Frente Parlamentar Evangélica;

2) Identidade religiosa evangélica declarada (o);

4) Número de seguidores em redes sociais (Instagram e Twitter);

3) Projeção por atuação parlamentar (autor de PLS);

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não divulga estatísticas sobre a religião dos candidatos, dessa forma para a composição da pesquisa foi realizada uma busca qualitativa sobre informações referentes aos deputados e suas religiões em portal e redes sociais dos mesmos, até porque nas pesquisas percebemos que nem todos signatários da FPE são evangélicos, assim como também detectamos a existência de evangélicos que não assinaram a frente. Deputados que foram reeleitos foram contabilizados duas vezes, já que para a pesquisa considera-se duas legislaturas. Parlamentares evangélicos da FPE com projeção são aqueles mais ativos na articulação política, com identidade religiosa mais evidente nos posicionamentos e na defesa das pautas de natureza mais conservadora. Estudar como os líderes religiosos respondem a este fiel eleitor com proposições imbuídas de valores como resposta ao que lhe foi confiado é a proposição do trabalho.

Paralelamente, foram coletadas informações de Projetos de Leis intencionadas pelos deputados no site institucional da Câmara de Deputados, nas duas últimas legislatura. Para realizar o banco, categorias foram elencadas para análise. Nosso intuito é perceber como elas constituem pautas/agendas de natureza moral e de ataques direto as

1 Foram escolhidas as legislaturas 55ª e 56ª porque na base de pesquisa do site dos deputados só elas identificam a Frente Parlamentar Evangélica.

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5 minorias, na atuação desses parlamentares. São elas: a) Aborto, b) Ensino Domiciliar c) Ensino criacionista/bíblico, d) Estatuto da família, e) Ideologia de Gênero, f) Escola sem Partido e g) Outros (cujas frequências se deram em menor propostas).

A análise e apresentação dos dados se deu por estatística descritiva, através da consulta de palavras chaves foram analisadas cada um dos PLS para verificar se tratavam de projetos de natureza proibicionistas ou se que teriam alcance na prerrogativa de um direito. Não foram observados o ritmo e trâmites dos PLS, apenas sua intencionalidade de circunscrição.

3 DE “CRENTE NÃO SE ENVOLVE COM POLÍTICA” PARA “CRENTE VOTA EM CRENTE”

O número de evangélicos só cresce no Brasil, 22% segundo dados do IBGE no último censo (2010), o que em números absolutos corresponde a 42 milhões de pessoas.

Com o atraso no censo que deveria ter acontecido em 2020, outras pesquisas recentes2 já sinalizam que 31% são os números daqueles que profetizam a fé evangélica. A mesma pesquisa ainda mostrou que as mulheres são 58% das fiéis, em maior quantidade na região Norte e os negros são 59% do grupo.

Segundo Zilla (2020) no Brasil existem o predomínio de três grandes igrejas:

Assembleia de Deus, Universal do Reino de Deus e Igreja do Evangelho Quadrangular, mas que em linhas gerais os neopentecostais e pentecostais3, sobressaem em crescimento sobre protestantes históricos4. O aumento no número de fiéis tem implicações nos aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos do país e junto a este aumento a capacidade de mobilização e participação nos debates públicos tem refletido diretamente no poder político, mas precisamente na política institucional.

Viver no mundo evangélico tem mais implicações comportamentais, do que a priori no catolicismo e em outros grupos religiosos. (PRANDI, SANTOS, BONATO, 2019; ZILLA, 2020). É uma identidade religiosa que expressa mudanças no modo de

2 Pesquisa realizada pelo Datafolha, 5 e 6 de dezembro de 2019, divulgado 13 de janeiro de 2020, pelo jornal “Folha de São Paulo”. Disponível: < https://folha.com/yt24ezr7>. Acessado em: 27. maio.2021.

3 Nas palavras de Mariano (2005, p.34) define-se pentecostal a denominação religiosa que é guiada pelo

“dom da cura” ou “dons do Espírito Santo”, “dons das línguas’. As neopentencostais ganham esta nomenclatura por cunhar as igrejas que emergem pós década de 70, destaca, pois, alguns elementos: guerra contra o diabo, pregação voltada à Teologia da Prosperidade, liberação do uso estereotipado da santidade e uma forte inclinação para estruturação empresarial.

4 Formados principalmente por batistas, presbiterianos, metodistas e congregacionais.

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6 vida, comportamento, vestuário, alimentação, consumo de entretenimento etc, e sobre uma visão de mundo. Mas até que ponto vem mudando o aspecto político é uma agenda de pesquisa que vêm ganhando destaque (ALMEIDA, 2017; ARDUINI; WOHNRATH, 2018; CAMURÇA, 2019; VITAL, LOPES, 2012; PIERUCCI, 2011; ZILLA, 2020;

DUARTE, 2020) sobretudo para que possamos entender de como saíram da narrativa prevalecente nas igrejas nos anos 80 de que o “crente não se envolve com política” para

“crente vota em crente”5?.

Zilla (2020) afirma que o eleitorado evangélico vota de acordo com as propostas dos líderes da igreja, mais do que quaisquer outros grupos religiosos. Se voto é sinônimo de confiança, o vínculo religioso entre candidato e eleitor, ainda que sem determinismos, atesta sua eficácia. (ALMEIDA, 2017). Sabendo de seu poder os líderes das maiores igrejas no Brasil: Assembleia de Deus, Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e Quadrangular, buscam o diálogo dos presidenciáveis, assim como o fazem para outros cargos elegíveis do legislativo e executivo, estaduais e municipais. (CARREIRO, 2017;

CUNHA, 2012; DUARTE, 2020).

O tema “política” não é um tema que foge dos espaços de ritual religioso, os cultos do segmento evangélico. Cada vez mais recorrente nas campanhas eleitorais, o nome de Deus, candidatos com nome de urna acrescido com os termos “irmãos”,

“irmãs”, “pastor”, “missionário” etc. ou quando utilizam a igreja como mediadora para suas candidaturas, inclusive no uso dos mecanismos institucionais religiosos para fins eleitorais, aspecto inclusive passível de implicações jurídica. (PRANDI; SANTOS;

BONATO, 2019).

Prova disso, nas eleições de 2020 houve um aumento de 34% em comparado com as eleições de 2016, em pesquisa realizada pelo jornal Correio Brasiliense6, acerca dos números de postulantes a prefeito ou vereador que utilizaram pastor ou pastora como nome na urna é de 4,5 mil, sendo 4,2 mil para vereadores. Nas últimas eleições, os próprios líderes deixaram de apoiar cadidatos, para eles próprios se lancem em candidaturas. “O compromisso público dos pastores varia de apoio informal a certos

5 Também é comum o discurso “Irmão vota em irmão”

6 MEDEIROS, Israel; BOSCO, Natália; Candidaturas evangélicas aumentam 34% em relação à última

eleição municipal. Correio Braziliense. Disponível:

<https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2020/10/4884857-candidaturas-evangelicas-aumentam- 34--em-relacao-a-ultima-eleicao-municipal.html>. Acessado em: 07.maio.2021.

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7 candidatos (às vezes de fora de sua própria denominação) até a própria candidatura às eleições ” (ZILLA, 2020, p.20, tradução nossa).

Machado e Burity (2014) em pesquisa acerca das lideranças políticas pentecostais, argumentam que o envolvimento desses no legislativo se dar por dois aspectos: O primeiro, como forma de sobrevivência em uma ordem social e segundo como forma de construção (minoritária) de uma agência coletiva com pretensões de reconhecimento e influência. “A participação na esfera da política se tornou fundamental para esse grupo religioso que, embora em expansão, é minoritário e se sente discriminado na sociedade civil e no sistema político brasileiro” (MACHADO; BURITY, 2014, p.

602).

Uma característica importante para este crescimento é uma identificação a um modelo corporativo de representação política (MACHADO; BURITY, 2014, p 606, grifos dos autores). Começou-se a projetar candidaturas de evangélicos de maneira mais sistematizada, assumindo a dianteira e monopólio de meios de comunicação, a rotinização de práticas que formam traços culturais que já podemos entrever na esfera social.

Sair da invisibilidade, reconhecimento de uma agenda interna e o confronto à movimentos sociais são alguns dos motes que alavancaram as igrejas pentecostais, tornando-a uma religião pública e publicizada e, que fala de forma contundente ao seu público, uma vez que os irmãos sentem-se seguros de ter e escolher para representá-los alguém que os conhece diante da vastidão da externalidade do mundo da política (MACHADO; BURITY, 2014).

Zilla (2020) afirma que pelo seu peso demográfico, os evangélicos são (ainda) politicamente sub-representados em todos os países da América Latina. Sua participação política data no período da redemocratização no continente, nos anos 90 mais precisamente, os evangélicos pentecostais e neopentecostais começaram a influenciar o espaço político. Mas é no governo do PT que atuam como importantes atores na base de apoio cujo empoderamento será fundamental nas eleições seguintes. Requisitando inclusive o espaço de protagonismo que a Igreja Católica possuía. Já que historicamente no país, a Igreja Católica deteve um acesso privilegiado à política, seja por meio de influência formalizada ou tolerada pelo Estado brasileiro. Uma vez que, estão presentes

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8 em escolas, universidades, hospitais e organizações sociais. (DUARTE, 2020;

ARDUINI; WOHNRATH, 2018).

Com o seu crescente protagonismo, os representantes religiosos começaram a atuar mais diretamente pelo espaço criado por pela própria fragilidade dos partidos e políticos tradicionais, com narrativa sobre a ética, moralização e ataques aos preceitos cristãos do povo brasileiro, com interesses bem específicos como: casamento, família, direitos reprodutivos, educação são algumas que apareciam com mais proeminência, constituindo o que chamam de “moralidade cristã”.

Compreender o mundo evangélico, permite a problematização de como, em determinados cenários, o apelo religioso com viés moralista passa a ter uma força popular crescente no país. O engajamento cívico e político dos evangélicos atuam contra a diversidade política, discriminação positiva para as minorias e a extensão da igualdade direitos para mulheres e para grupos que seguem estilos de vida não disseminado em suas comunidades religiosas. Os evangélicos geralmente assumem uma atitude conservadora em relação às questões morais e sociais, sendo em sua maioria rigorosamente contra ao aborto, homossexualidade, casamento do mesmo sexo, uso de métodos contraceptivos, sexo fora do casamento e consumo de álcool. (ZILLA, 2020; DUARTE, 2020;

CARREIRO, 2017).

Em pesquisas eleitorais7, os resultados apontam que 19% ainda seguem o líder da igreja, um número com efeito, por exemplo, para aqueles que pleiteiam vagas, para cargos ao legislativo. Mas foge um pouco da ideia “imagem de rebanho eleitoral facilmente manejável e influenciável pelas pregações proferidas nos cultos”. (PRANDI;

SANTOS; BONATO, 2019, p. 57). O apoio popular não garante o “rebanho eleitoral”, não se pode engessar o voto do evangélico como necessariamente a uma escolha obediente (PIERUCCI, 2011; MACHADO e BURITY, 2014). Mas é inegável toda a rede de apoio que contam em suas empreitadas políticas, com amplo escopo de influência.

As igrejas se mostram, portanto, como um celeiro de lideranças político-religiosas que podem dispor de: uma capilaridade sem igual, alcançando desde comunidades carentes até círculos empresariais; um amplo repertório simbólico, que lhes permite se comunicar com variados tipos de demandas políticas – as quais, como vimos, raramente são ligadas a valores religiosos –; e, por fim, uma via de financiamento

7 Datafolha 26 de outubro de 2017.

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9 livre dos constrangimentos impostos aos canais tradicionais da prática política. (PRANDI; SANTOS; BONATO, 2019, p. 54)

Colocar dentro de um mesmo patamar todas as diferentes denominações evangélicas é uma opção metodológica calculado pelas autoras, uma vez que, essas já sabem que diferentemente da católica ela não se caracteriza por um perfil homogeneizador. E dizer que todas elas se apresentam de modo harmônico dentro do congresso também é um cenário irreal. Mas entender se nos momentos cruciais como criação e adesão a PLS a qual estejam pautadas agendas de costumes8, por exemplo, eles colocam as assimetrias de lado e unem frente a essas demandas. Inclusive essa união também acontece juntamente com católicos em algumas agendas de interesse comum, mas que para essa pesquisa optamos por não realizar esse recorte.

Como afirma Duarte (2020, p.4-5, tradução nossa) que no legislativo existe a solidificação de uma aliança de setores conservadores na política brasileira para formar a base de um governo que se autodenomina cristão, que concebe o Estado como caixa de ressonância de uma única

‘verdade’ à qual todos os outros devem se submeter. Isso envolve uma nova governabilidade que está intimamente ligada à Frente Parlamentar Evangélica e suas bases religiosas.

No Brasil, o Estado laico é estabelecido constitucionalmente, mas atores políticos vêm tornando-se mais confortável em relacionar suas atividades legislativas, com suas religiões. Mesmo sendo dentro do espaço político, o ator político responsável conter as influencias religiosas por meio dos aspectos normativos, responsabilidades que são inerentes ao próprio cargo.

4 QUEM SÃO OS “PREDESTINADOS”

As Frentes Parlamentares são exemplos de associações de parlamentares dos mais variados partidos que se reúnem com a finalidade de promover debates sobre a legislação e políticas públicas referentes a temas de interesse da sociedade. Nas palavras de Coradini (2010, p.245) quando se cria uma Frente o que se coloca em pauta é uma

“estrutura de recursos de diferentes ordens, bem como a defesa de interesses de esferas

8 O nome usado agenda/ pauta de Costumes, associa-se a elementos que consideram afetar a moralidade pública, assim como ações que julgam ferir a honra e a dignidade das “famílias brasileiras”, termo usado comumente pela mídia.

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10 distintas, seja de origem mais diretamente econômica ou empresarial, corporativa setorial ou profissional, regional, ou ideológica, dentre tantas outras.

Algumas frentes tem como bases grupos socialmente mais delineados, é o caso das Frentes Parlamentares (FP) de natureza religiosa9, estas são algumas das mais populares entre os parlamentares, perdendo só para a ruralista (VITAL; LOPES, 2012), sabendo disso muitos deles se vincularam a mais de uma frente. Prova disso, são os números que as compõem, vêm ganhando mais adeptos a cada legislatura.

Com destaque para Frente Parlamentar Evangélica (FPE)10, o recorte do presente trabalho, tem um crescimento significativo que desde a sua formação na 52º Legislatura (2003-2011) saiu de 57 deputados e 3 senadores para atualmente na 56 º Legislatura (2019-2023) um quantitativo de 194 deputados e 8 senadores dos mais diferentes partidos do espectro ideológico presente no Congresso Nacional Brasileiro.

Vale destacar que os signatários não são todos publicamente e ativamente evangélicos, na frente também existem deputados que são declaradamente católicos, mas que assinam a frente, porque se identificam com suas agendas propostas. “A ação política da Frente Evangélica não se limitou a citar versículos bíblicos em projetos de lei, membros entenderam que precisavam aprender as estratégias políticas necessárias para jogar para vencer” (DUARTE, 2020, p.7, tradução nossa).

Para nossa análise, o recorte dos que são publicamente evangélicos apontou para um quantitativo de 131 deputados, que estão distribuído em diferentes origens denominacional: Neopentecostais (IURD, Internacional da Graça de Deus, Sara Nossa Terra) Pentecostais (Assembleia de Deus, Congregação Cristã do Brasil e Quadrangular), Tradicional (Batista, Metodista, Presbiteriana, Anglicana, etc) e Sem denominação (Adventista e Comunidade das Nações).

9 Na 56ºLegislatura existe o registro da Frente Parlamentar Mista Católica Apostólica Romana (206 deputados e 9 senadores), Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional (194 deputados e 8 senadores) e Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (214 deputados e 4 senadores).

10 A Frente Parlamentar Evangélica só foi implantada no Congresso Nacional na 52ª legislatura, em 18 de setembro de 2003.

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11 Figura 01- Gráfico de composição da FPE na 55º e 56º legislaturas, por origem

denominacional11

Fonte: Banco de dados da pesquisa. Elaborado pelas autoras, 2021.

Os dados corroboram com a literatura (MACHADO, BURITY, 2014;

LACERDA, 2018) quando afirmam do crescimento das pentecostais e neopentecostais no cenário da América Latina e também no Brasil, chamando atenção especial para a Assembleia de Deus e a IURD como as que adotaram as candidaturas corporativas, apresentando candidatos oficiais. Estes representantes muitas vezes são escolhidos estrategicamente, aqueles que tem eloquência diante do público e que sejam capazes especialmente de fortalecer a sua igreja, garantindo a sua expansão (LACERDA, 2018).

Duarte (2020) afirma que a Frente Evangélica vem desenvolvendo sua atuação não só no legislativo, mas adentrando em espaços do executivo, a exemplo, mas não restrito, da ministra Damares Alves e do ministro da educação Milton Ribeiro, e também no próprio judiciário, com promessas de indicação de ministros do supremo que sejam

“terrivelmente evangélico”. (DUARTE, 2020). Segundo o autor, desde a 54º legislatura a FPE vem se fortalecendo, ganhando espaço com pautas de natureza moral e que segundo ele vai alterando os caminhos para o pleito presidencial, associando o “terrivelmente cristão” com o conservadorismo e liberalismo, elementos esses basilares da política do Brasil recente.

11 Os adventistas foram inseridos nos sem denominações, assim como igrejas que não sinalizaram participar efetivamente das outras categorias.

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12 Pesquisa de Brasileiro e Barros (2021) destacaram que dentre as PLS de natureza proibitiva do aborto 60% são de autores declaradamente evangélicos. A sua própria articulação com outras frentes que gerou a conhecida bancada BBB (Bíblia, Boi e Bala), criaram no país a aglutinação de aliança articulada em uma agenda neoliberal com as de costumes e medos sociais, criando narrativas que vão fomentar o discurso polarizador da política recente do Brasil. A FPE é composta por diferentes denominações evangélicas, mas que é evidente um predomínio da Assembleia de Deus, Adventistas e os pertencentes da IURD.

Figura 02 – Gráfico da FPE na 55º e 56º legislaturas, por denominação

Fonte: Banco de dados da pesquisa. Elaborado pelas autoras, 2021.

Independentemente de qual denominação evangélica, está próximo de pautas podem significar estar próximos dos eleitores, elencando uma concepção de sociedade que atinge seu modus operandi em relação à política. “A política não ocorre em um vácuo de valores, mas em um ambiente normativo que está o propósito sujeito à influência de convicções religiosas.” (ZILLA, 2020, p.7, tradução nossa). Aspecto também ressaltado por Almeida (2017, p.18) quando afirma que o maior número de parlamentares vinculadas a estes valores, confirmam a tese de que se disputa “não somente a proteção da moralidade deles, mas a luta para ela ser inscrita na ordem legal do país”.

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13 Os deputados propõem projeto de leis, usando os caminhos institucionais, com preceitos morais religiosos, explorando o movimento conservador de uma população resistente às mudanças sociais, a uma cultura e formas de ver o mundo fora dos valores cristãos, negando direitos à diversidade e das minorias sociais. Em prejuízo a uma compreensão ampla de sociedade que reconhece os direitos das mulheres e grupos étnicos, por exemplo. A maioria destas pautas são provocadas por políticos evangélicos homens, estes compõem a grande maioria dos cargos (82%), como evidencia a Figura 3.

Figura 03 – Gráfico da FPE na 55º e 56º legislaturas, por gênero

Fonte: Banco de dados da pesquisa. Elaborado pelas autoras, 2021.

A proporção de mulheres na política já é marcada pela sub-representação, a mesma dinâmica encontrada no Congresso Nacional quando recortamos a variável religião estes números, refletem também na frente, elas continuam a ser inferiores à dos homens. Apesar do crescimento nos últimos anos, saltado de 51 para 77 na comparação de 2014 com 2018, o que corresponde a 15% das cadeiras, mesmo sendo elas a grande parcela da população brasileira. (TSE, 2021). Quando recortamos idade, temos neste universo de deputados 32% entre as faixas (25-45 anos), 32% (46-55 anos), 22,9% (56- 65 anos), 6,78% (66-70 anos), e 4,5% (com mais de 71 anos), revelando um grupo mais amadurecido. Os dados para escolaridade também apontam apenas um político 1% não terminou o Ensino Médio, 51% destes políticos religiosos são graduados e 22% têm pós- graduação revelado que no quesito escolaridade são oportunizados.

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14 No que diz respeito as informações por cor, estamos falando de uma maioria branca (65%). Já os que declararam Pardos (21%) e Pretos (15%), ou seja, entre aqueles que são majoritariamente formada por Pardos e Pretos. Não ter esse público sub- representados atenua o compromisso de que estes deputados possam levar compromissos de combate e discriminação ao racismo, agendas urgentes em um país que vitimiza economicamente, socialmente, culturalmente e politicamente, diariamente esse público.

Figura 04 – Gráfico da FPE na 55º e 56º legislaturas, por cor.

Fonte: Banco de dados da pesquisa. Elaborado pelas autoras, 2021.

Uma frente para ser oficialmente reconhecido, deve ser composta por, pelo menos, um terço dos membros da legislatura. Nas últimas legislaturas, 55º (2015-2019) 198 e na 56º(2019-2023) 194 deputados12 e 4 senadores para a anterior e 8 na atual que foram e são signatários FPE. Os seus coordenadores eram o deputado Takayama do PSC, pastor da Assembleia de Deus e atualmente é Silas Câmara dos Republicanos, também pastor da Assembleia de Deus. A atividade de pastor e bispo é recorrente a FPE, estamos falando no total da pesquisa de 32 deputados.

O número atual de membros evangélicos do congresso varia de acordo com a fonte, já que nem o TSE e nem a Câmara perguntam diretamente sobre a religião.

Quando juntamos as duas legislaturas, estamos falando de 131 deputados, poderá o

12 O número incluí deputados que estão fora do exercício e que faleceram e/ou deixaram durante o mandato.

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15 mesmo deputado aparecer duas vezes, caso reeleito, como já dito anteriormente. A busca qualitativa sobre os deputados evangélicos que assinaram a FPE foi um dos maiores desafios da pesquisa, que consistiu em uma busca em redes sociais, páginas oficias e reportagens.

Sobre o perfil partidário dos evangélicos na FPE estamos falando de 23 partidos, cujo destaque é para o partido Republicanos (PRB) 16%, Democratas (DEM) 10% e Partido Social Liberal (PSL) 10%, como dispostos na figura 05.

Figura 05 – Composição partidária da FPE na 55º e 56º legislaturas.

Fonte: Banco de dados da pesquisa. Elaborado pelas autoras, 2021.

Apesar de seu aspecto forte ideológico e cultural, chamamos atenção para o fato de que pudemos encontrar muitos representantes cristãos vinculados à FPE, o que se evidencia também quando percebemos que os mais diversos partidos congregam as candidaturas, então não se trata de um recorte somente evangélico, mas sobretudo da religião que cresce. Ainda assim é possível perceber que os partidos que mais protagonizam candidaturas evangélicas estão “à direita”, como afirma Coradini (2010)13. Apesar de sua ideologia, a frente parlamentar evangélica traz em sua composição

13 Em sua definição Coradini (2010, p.249) define que “no pólo à “direita”, mais que “econômicos”, trata- se de interesses associados ao universo empresarial e, mais especificamente, aos interesses organizados associados ao mesmo. No pólo contrário, de “esquerda”, mais que “moral”, trata-se de interesses investidos em setores de produção de caráter mais “cultural” ou “social”, ou seja, simbólica, seja em razão das origens e vinculações profissionais dos deputados ou, então, de relações com o engajamento e militância associativa e sindical.

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16 elementos a ser considerado, tais como: as relações dos deputados à outros atividades, o desejo de expansão, a ética da prosperidade tão oportuna ao desenvolvimento do capitalismo.

Um outro importante aspecto a ser considerado é a comunicação dos líderes com seus eleitores, visto que, extrapolarem os muros da igreja e estabelece contato com outros públicos. Entre os meios de comunicação, aquele que vem ganhando um maior protagonismo nos últimos anos, são as redes sociais. Aparecendo como o espaço de instrumento de voz e fiscalização dos atores políticos com a sociedade. Ganhando espaço além dos já tradicionais programas televisivos, custadas pelas igrejas, o Instagram, Twitter e Facebook, vem sendo usados para difundir a ação dos candidatos e muitas vezes são fomentadores da sua imagem e projetos políticos, por outro lado, constituem elemento distintivo para o cidadão conseguir acompanhar se quem ele elege propõe demandas que o representa. (BRASILEIRO, 2017). A imagem torna-se um aspecto tão importante que dentre os deputados da pesquisa 24 afirmam estabelecer trabalho com a imagem (Comunicador, jornalista e Cantor). O uso das redes sociais é realidade para todos os deputados, como podemos ver na Figura 6, 11 deputados não possuem twitter e o Instagram.

Figura 06 – Deputados da FPE na 55º e 56º legislaturas e o uso das redes sociais.

Fonte: Banco de dados da pesquisa. Elaborado pelas autoras, 2021.

Observando a quantidade de seguidores no Instagram e Twitter, temos o deputado com maior projeção nas redes o Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair

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17 Bolsonaro (sem partido), que apresentou no twitter 2.1 milhões de seguidores e no Instagram são 3.5 milhões. Número de expressão que também se revelam na deputada e também cantora Lauriete (PSC) com 1.6 milhões no Instagram.

As redes sociais ocupam um espaço importante para disseminar aspectos que vão de encontro a expansão de direitos em apoio às diversidades sociais. Muitos deputados evangélicos, conciliam sua atuação política, com atividades decorrentes do seu próprio papel na religião, como pastores, mercado gospel e seu amplo engajamento nas mídias e redes sociais. Nas redes sociais, os deputados apresentam-se pela sua função em uma igreja evangélica. Entre vídeos alimentados em suas redes estão evidenciando suas atividades parlamentares, como versículos bíblicos, imagens motivacionais, participação de rituais evangélicos e até pregações. Um padrão que se repete em várias contas de candidatos com tal perfil.

Frente Parlamentar Evangélica deu novo impulso à sua agenda moral, pelo amplo alcance nas redes sociais. As organizações religiosas e agentes de influência sabem da importância de evocar pautas que sejam marcados por esta constante tensão e polarização, focando as que contemplam valores e tradições. A partir de interpretações por uma leitura inexorável da Bíblia, propõe leis que estejam ancoradas no viés cristão e que influenciam amplamente os valores democráticos do Estado-democrático de direito.

Usando a estrutura do Estado e enquanto criminaliza e demoniza questões levantadas por aqueles “inimigos” dos cristãos.

Diante deste perfil que se forma, observamos que os “predestinados” ou aqueles que tem o “dom da graça” aparecem no jogo político com a liderança carismática e passam a ser figuras decisivas na luta política pelo poder (WEBER, 2002). Os políticos religiosos, também profissionais, precisam ter e consolidar aquilo que chamamos de habitus (BOURDIEU, 2010), eles não são qualquer um, mas os candidatos representantes da igrejas, aqueles enviados por Deus.

Nesta luta, que é em grande parte simbólica, disputa-se a capacidade de mobilizar, e inculcar visões de mundo. Os candidatos passam a ser porta-vozes da sociedade e assim “apropria-se não somente da palavra do grupo dos profanos, quer dizer, na maioria dos casos, do seu silêncio, mas também da força desse mesmo grupo, para cuja produção ele contribui ao prestar-lhe uma palavra reconhecida como legítima no campo político. (BOURDIEU, 2010, p. 185).

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18 Carisma e habitus necessitam da crença. É o carisma que faz valer o crédito e a legitimação. É o habitus responsável pelo processo de internalização de condutas através das relações sociais. A crença é o que faz possível confluir estas duas análises que permitem que o representante da religião, o vocacionado incuta fidelidade. Fidelidade que só existe “na representação e pela representação, na confiança e pela confiança, na crença e pela crença, na obediência e pela obediência”. (BOURDIEU, 2010, p.188).

Por isso a rotinização é deveras importante, haja vista que o político religioso consolida sua força política mediante a fé que o seu grupo deposita nele. O representante da religião, porta voz da moralidade e honradez, torna-se vulnerável a tudo que ameaça a crença que ele constrói, por isso tão importante é o desenvolver de atividades e ações que o fortaleçam. Tais como vimos neste item, para além de sua conduta e seu ethos religioso, a sua atuação enfática nos partidos, nas redes sociais fazendo valer a autoridade de sua representação política.

O político predestinado, por tudo e em tudo é constantemente tensionado, pois, o poder que ele detém “é um poder que existe porque aquele que lhe está sujeito crê que ele existe”. (BOURDIEU, 2010, p. 188). A ética que o guarda é o seu guia e direção, portanto, o eleitor que vota um candidato pela ascese, traz consigo um voto prenhe de significado religioso.

4.1 ATIVIDADES PARLAMENTARES DOS DEPUTADOS EVANGÉLICOS DA FPE

Para a pesquisa optamos pelo recorte que versa sobre os Projetos de Leis com temas/pautas associados à elementos que consideram afetar a moralidade pública, assim como ações que julgam ferir a honra e a dignidade das famílias brasileiras. Essas pautas estão próximas da parcela religiosa do Congresso. Constatamos, de 2015 até 2020, a presença de 62 PLs que abordam esta perspectiva, destas 31 são dos deputados evangélicos da FPE.

As organizações religiosas e agentes de influência sabem da importância de evocar esta agenda, polarizando posicionamentos. O debate público atual é marcado por esta constante tensão que ganhou uma maior projeção nos últimos anos, como podemos verificar na Figura 07

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19 Figura 07 – PLs dos deputados evangélicos da FPE nas legislaturas 55º e 56º

Fonte: Banco de dados da pesquisa. Elaborado pelas autoras, 2021.

Desde as eleições de 2018 ampliou-se o espaço para exercerem sua influência acerca dos seus valores e tradições, com a bandeira da democracia, do direito de serem ouvidos. Ainda assim, os próprios elementos que amparam a democracia reconhecem a necessidade de frear o obscurantismo religioso, a laicidade é condição fundamental para seu exercício (BRASILEIRO; BARROS, 2021).

A pauta de uma agenda de costume não é restrita somente às organizações evangélicas, ela advém de uma sociedade que se alicerça em uma cultura com valores tradicionais e religiosos e que problematizam há anos temas como a eutanásia, homossexualidade, aborto, entre outros. A Figura 8 identifica os PLs com os conteúdos elencados pelos deputados como pautas proibitivas.

Figura 08- PLS com conteúdo pautados pelos dos deputados evangélicos da FPE nas legislaturas 55º e 56º

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20 Fonte: Banco de dados da pesquisa. Elaborado pelas autoras, 2021.

A pauta que mais figura, com 29% das proposituras, trata sobre a ideologia de gênero. Destacamos duas propostas do Pastor e deputado Marcos Feliciano (PSC/SP) com os PLs 3236/2015 e 3235/2015, o primeiro trata sobre o Plano Nacional de Educação (PNE), inserindo em seu artigo 1º “a exclusão da promoção da ideologia de gênero por qualquer meio ou forma” e, o segundo “Acrescenta o art. 234-A à Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências e criminaliza comportamento que induza à ideologia de gênero”. Neste mesmo sentido de criminalizar o PL 3492/2019, que tem como um dos autores o deputado evangélico Eduardo Bolsonaro (PSL/SP) visa alterar os arts. 75, 121 e 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) para “incluir o homicídio contra criança e adolescente e para impor ideologia de gênero no rol dos crimes hediondos”.

Ainda voltada às proibições no âmbito da educação, destacamos o PL que tem como um dos autores Alan Rick (PRB/AC), no PL 1859/2015, propondo que se acrescente Parágrafo único ao artigo 3º da Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) “para prever a proibição de adoção de formas tendentes à aplicação de ideologia de gênero ou orientação sexual na educação” e o PL 5487/2016 do deputado Profº Vitório Galli (PSC/MT), professor de teologia e pastor da Assembleia de Deus, propõe que o Ministério da Educação e da Cultura fica proibido de “orientar e distribuir livros às escolas públicas sobre orientação de diversidade sexual para crianças e

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21 adolescentes”. Alinhada a esta concepção de neutralizar o pensamentos crítico reflexivo, a manutenção da família e os valores prezados pelos pais passa a ser colocado como prioridade (MIGUEL, 2016).

Em seguida vem o aborto como a segunda pauta (19,3%) mais proposta.

Considerado crime nos artigos 124 e 128 do Código penal desde 1984, o aborto quando induzido é punido com penalidade prevista para o profissional e gestante. Algumas situações podem ser abarcadas pelo SUS em casos excepcionais: a) quando resultante de um estupro a mulher fique grávida; b) quando for para salvar a vida da mulher e, c) quando o feto for anencefálico.

Avaliando os PLs, a recorrência apresenta-se com duas abordagens: (1) alterações na legislação para a permissão da prática em outras situações e (2) medidas e alterações na legislação que revertam conquistas estabelecidas por leis sobre o aborto voluntário.

Neste segundo caso estão os PL 4396/2016 de autoria de Anderson Ferreira (PR/PE), o PL 2893/2019 do Pr. Marco Feliciano (PSC/SP), PL 3415/2019 Filipe Barros PSL/PR), PL 1787/2019 que tramita em conjunto, dos Pastor Sargento Isidorio (AVANTE/BA), Alan Rick (DEM/AC).

Destaca-se o PL 5617/2016 ainda do Pr. Marco Feliciano (PSC/SP), propondo

“Instituir o Dia Nacional de Conscientização Antiaborto”. As narrativas do direito à vida, procuram tecer suas justificativas não só pelos dispositivos morais e religiosos, mas também legais, a partir do artigo 5º da Constituição Federal, que é o direito à vida. O debate intenso da última década não gerou mudanças na legislação. A intensificação do debate nas últimas décadas não conduziu a nenhuma mudança de fato na legislação.

As pautas que versam sobre Ensino domiciliar e Homeschooling (16,12%) são protagonizadas por três proponentes: Eduardo Bolsonaro (PSC/SP) com o PL 3261/2015, o Alan Rick (DEM/AC) com o PL 10185/2018. Mas, esta pauta é amplamente defendida em grande maioria pelo Pastor Eurico (PATRIOTA/PE). Desde 2011 este tema aparece no plenário, de maneira tímida, com o intuito de descriminalizar a educação em casa.

Este debate intenciona que as crianças possam ser educadas com a prerrogativa dos pais, sendo a estes dado o direito de optar em matricular ou não seus filhos nas escolas sem que isso implique em crime de “abandono intelectual”, como disposto no artigo 246 do Código Penal.

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22 Destacamos o PL 5541/2019 de autoria do pastor Eurico (PATRIOTA/PE) que defende em seu projeto “Ademais, tendo em vista que família e educação são indissociáveis, e em sintonia com o art. 205 da Constituição Federal de 1988, achamos por bem regular dois pontos conexos. Primeiramente, a indicação de que a educação formal não pode ser um óbice à convivência, harmonia e prática religiosa de cada família.” De maneira semelhante ele também é autor de mais três PLS, cujas justificativas ancoram em nome da família e da religião.

Direito e Estatuto da Família (16,12%) são proposições emblemáticas nos discursos conservadores e que põem a valorização e soberania da família como protagonistas. Mais uma vez o Pastor Eurico (PATRIOTA/PE)14, membro da igreja evangélica Assembléia de Deus, crítico da criminalização da homofobia, propõe neste projeto instituir o “Estatuto das Famílias, a definição de entidade familiar, a promoção de políticas públicas, assim como estabelece diretrizes para a educação formal e domiciliar dos filhos. Fortalecendo um modelo retórico de família cristã que não se abre a diversidade.

Os parlamentares professor Victório Galli (PSC/MT) e Pastor Eurico (PATRIOTA/PE), são contra o ensino da educação sexual nas escolas. Com o discurso de que quem devem ensinar sobre sexo para as crianças e adolescente serem os pais. A PL 8933/2017 do pastor, por exemplo, em sua justificativa afirma que “Buscamos deixar claro que educação sexual se trata em casa, com os pais, que conhecem a sensibilidade e particularidade de seus filhos. A educação moral é da família – e a escola, bem como a sociedade, deve perceber esse limite”. Mesmo especialistas alertarem sobre a importância desse debate na informação e redução de doenças sexualmente transmissíveis, assim como na gravidez precoce, esta pauta sofre resistências por questões morais e religiosas.

Com o mesmo alvo, está a discussão da “Escola sem Partido”. Movimento que surgiu em 2004 protagonizado à época pelo o advogado Miguel Nagib, foi fortemente resgatado pelos deputados, não sendo diferente para os evangélicos da FPE, com 6,4%

das PLS que versam sobre o tema. A proposta é justificada na ideia de que às escolas e professores, não possam promover concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias em sala de aula. O pastor Eurico (PATRIOTA/PE) através

14 A saber: PL 4590/2019, PL 4824/2019, PL 4965/2019, PL 5486/2019, PL 5162/2019.

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23 da PL 258/2019 é uma dos defensores da proposta, com o PL 7180/2014, o mesmo afirma “Dispõe sobre o direito dos alunos de aprender sem ideologia político-partidária;

sobre a conduta dos professores na transmissão dos conteúdos e acrescenta inciso XIV e parágrafo único ao art. 3º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, de diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre o respeito às convicções do aluno, de seus pais ou responsáveis, dando precedência aos valores de ordem familiar sobre a educação escolar nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e religiosa, bem como tornar defesa a inserção de questões relativas à ideologia de gênero no âmbito escolar.” No entanto, o PL 246/2019 é que vem ganhar um maior impulso na discussão com doze deputados assinando a proposta no total, cuja grande maioria compõe base governista. A proposta ganhou a adesão de muitos partidos, especificamente nesta proposição chamou-nos atenção o estímulo as denúncias a uma problemática sobre a liberdade de cátedra15.

Outras iniciativas que também atingem diretamente os princípios educacionais brasileiros, são aqueles que defendem as crianças aprenderem sobre o criacionismo como a PL 5336/2016 do Pastor Jefferson Campos (PSD/SP), que mais precisamente trata da inclusão da Teoria da Criação” na base curricular do Ensino Fundamental e Médio.

Assim como a inclusão do estudo do ensino da bíblia que também apareceu nas proposições.

Por fim, o PL 6807/2017 do professor Victório Galli (PSC/MT) que trata da legalização da maconha, é enfático ao justificar a proposta em dizer “Este Projeto de lei vem na contramão dos que querem legalizar o uso de drogas para consumo pessoal. É lamentável, nós que defendemos a família, termos que engolir calado tal agressão ao seio da sociedade tradicional de bons costumes brasileira” Deixando evidente a justificativa ancorada sem nenhuma fundamentação de natureza cientifica, mas nos preceitos morais de suas convicções pessoas. Os projetos de leis propostos por estes deputados evangélicos alavancam a agenda conservadora, acirrando cada vez mais polarizações na sociedade e torna cada vez mais distantes a vivencia da igualdade e respeito a diferença. (ULRICH E OLIVEIRA, 2020).

15 PL 246/2019 - Art. 7º “É assegurado aos estudantes o direito de gravar as aulas, a fim de permitir a melhor absorção do conteúdo ministrado e de viabilizar o pleno exercício do direito dos pais ou responsáveis de ter ciência do processo pedagógico e avaliar a qualidade dos serviços prestados pela escola”.

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24 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados sinalizam para crescimento de líderes evangélicos ganhando protagonismo nas pautas denominadas conservadoras e atuando de maneira incisiva nas proposituras sobre temas que versam sobre esta moralidade. As que apareceram mais foram: Aborto, Homeschooling, Ensino criacionista/bíblico, Escola sem partido, Estatuto da família e Ideologia de gênero. Os atores políticos religiosos estabelecem a conexão de sua atividade política com suas bases e com as concepções de dimensões morais em torno do direito à vida, da economia e da necessidade de preservação da família.

Defender a todo e qualquer custo uma tradição religiosa, num palco de democracia que traz em seu cerne uma miscelânea de experiências, faz polarizar e acentuar as desigualdades, especialmente dos grupos que lutam de maneira árdua pelo direito de viver a sua diferenças. Insere-se no jogo uma batalha ideológica que é fomentada por representantes profissionais da política, que não estão alheados ao jogo, tampouco à ética de uma sociedade conjugada em valores tradicionais.

Nossos estudos apontam para a necessidade de uma democracia que não seja abstrata, mas concreta e plural e que garante o direito de existir e discordar, sem ser eliminado ou ignorado como cidadão. O viés religioso, fortalece a retórica que afirma que quem não está alinhado com suas posições não tem direitos, além disso, demonstra um forte desprezo pelas ciência e pelo conhecimento escolar secular e crítico, acreditamos na assertiva que afirma “o avanço dos grupos religiosos na política conferiu caráter conservador às discussões e às legislações propostas nos últimos anos” (SILVA, 2017, p. 225).

Quanto mais os grupos políticos avançam, mais as conquistas democráticas parecem ser cerceadas. Não há nenhuma ilegalidade sobre a relação intrínseca religião e política, ainda que se fale tanto da laicidade do Estado. Mas, na prática, a democracia começa a se desmantelar nas urnas e consolida-se a corrosão quando começamos a notar que parte dos nossos representantes nos espaços de tomada de decisão estão balizando a religiosidade e moral cristã como os únicos caminhos possíveis de construção social coletiva.

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