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Resíduos sólidos e orgânicos como subprodutos do serviço de bordo em aeronaves comerciais brasileiras

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DANIEL TIAGO DE BRITO

RESÍDUOS SÓLIDOS E ORGÂNICOS COMO SUBPRODUTOS DO SERVIÇO DE BORDO EM AERONAVES COMERCIAIS BRASILEIRAS

Palhoça 2018

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DANIEL TIAGO DE BRITO

RESÍDUOS SÓLIDOS E ORGÂNICOS COMO SUBPRODUTOS DO SERVIÇO DE BORDO EM AERONAVES COMERCIAIS BRASILEIRAS

Monografia apresentada ao Curso de graduação em Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Esp. Antônio Carlos Vieira de Campos

Palhoça 2018

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DANIEL TIAGO DE BRITO

RESÍDUOS SÓLIDOS E ORGÂNICOS COMO SUBPRODUTOS DO SERVIÇO DE BORDO EM AERONAVES COMERCIAIS BRASILEIRAS

Esta monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Ciências Aeronáuticas e aprovada em sua forma final pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 21 de Junho de 2018.

__________________________________________________ Orientador: Prof. Esp. Antônio Carlos Vieira de Campos

__________________________________________ Avaliador: Prof. Esp. Hélio Luís Camões Abreu

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Dedico este trabalho a chegada de meu filho André, fonte inexaurível de amor e respeito. Que este estudo possa contribuir para sua formação intelectual e ajude a disseminar uma cultura de valores mais justos pautados pela ética e pelo equilíbrio.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, Senhor de todas as coisas, à minha amada mãe Silvânia por conceder-me a dádiva da vida e à minha esposa Thatiana pelo apoio e compreensão durante mais essa conquista. Uma menção de agradecimento ao Corpo Diretivo, Mestres, Coordenadores e toda equipe da Universidade do Sul de Santa Catarina pela oportunidade de estudar em uma das melhores Instituições Educacionais do país.

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RESUMO

Dentro de uma linearidade histórica, o aumento da predileção por produtos industrializados ganhou notoriedade e conferiu à sociedade novos hábitos de consumo. Essa mudança comportamental justifica-se pela praticidade na aquisição, estoque e consumo dos produtos industrializados. Paralelamente e de forma análoga a esse fenômeno, o mercado como um todo apresentou adequações conceituais no modelo de negócio originalmente proposto, buscando diretrizes sustentáveis para garantir a viabilidade comercial. Inserida desse contexto, a Aviação Comercial Brasileira que outrora ostentava o primor na qualidade de seus serviços, sofreu profundas e significativas alterações operacionais como resultado da criação ou adoção de políticas de baixo custo, ainda que tacitamente, esse processo culminasse em um aumento exponencial da quantidade de resíduos produzidos a bordo de suas aeronaves. Esse trabalho teve como objetivo precípuo a descrição da dinâmica do serviço de bordo em aeronaves comerciais brasileiras quanto aos processos de coleta e descarte de resíduos produzidos a bordo. A pesquisa descritiva conferiu ao estudo a possibilidade de maximizar as características do objeto de estudo através da elaboração de um questionário e um roteiro de entrevista estruturados, enquanto que o procedimento bibliográfico teve valor referencial na contraposição dos fatos. A abordagem quantitativa considerou as variáveis analisadas para um estudo conclusivo, apoiado em valores estatísticos que traduzem o nível de comprometimento social das empresas aéreas brasileiras, enquanto que geradoras precípuas de resíduos sólidos e orgânicos. A consolidação dos dados coletados foi representada através de ilustrações, quadros, tabelas e gráficos, permitindo ao autor uma análise sistemática sobre a problemática abordada. Concluiu-se, portanto, que os procedimentos operacionais adotados pelas Companhias Aéreas Brasileiras, quanto ao gerenciamento dos resíduos sólidos e orgânicos produzidos a bordo de suas aeronaves ainda carecem de adaptações pontuais para fomentar o processo de coleta seletiva e concomitantemente despertar a conscientização sobre a relevância do tema aos usuários desse modal.

Palavras-chave: Resíduos sólidos e orgânicos. Aviação Comercial Brasileira. Coleta Seletiva. Conscientização.

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ABSTRACT

In a historical linearity, the increasing fondness for industrialized products gained notoriety and has given to society new consumption habits. This behavioral change is justified by the practicality in the acquisition, storage and consumption of industrialized products. At the same time and in a manner analogous to this phenomenon, the market as a whole presented conceptual adjustments in business model originally proposed, seeking sustainable guidelines to ensure commercial viability. Inserted in this context, the Brazilian Airline that once boasted the perfection in the quality of its services, deep and significant operational changes suffered as a result of the creation or adoption of low-cost policies, even if tacitly, this process has culminated in an exponential increase in the amount of waste generated on board its aircraft. This work had as objective the description of the dynamics of the eventual service in Brazilian commercial aircraft as the processes of collection and disposal of waste generated on board. Descriptive research gave to study the possibility of maximizing the characteristics of the object of study through the elaboration of a questionnaire and a structured interview, while the bibliographic procedure had reference value in contrast of the facts. The quantitative approach considered the variables analyzed for a conclusive study, based on statistical values that reflect the level of social commitment of Brazilian Airlines, while solid waste meet essential needs and generating organic. Consolidation of data collected was represented by illustrations, tables, charts and graphs, allowing the author a systematic analysis on the issues addressed. Therefore, it was concluded that the procedures adopted by Airlines operating in Brazil, with regard to the management of solid waste and organics produced aboard their aircraft still lack specific adaptations to enhance the process selective collection and at the same time arousing awareness of the relevance of the topic to users of this modal.

Keywords: Solid waste and organic. Brazilian Commercial Aviation. Selective waste Collection. Awareness.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Símbolo Internacional de Reciclagem ... 28

Figura 2 - Identificação de Materiais e Descarte Seletivo ... 29

Figura 3 - Identificação de Materiais do Grupo A e E. ... 30

Figura 4 - Identificação de Materiais segundo sua designação de cor. ... 30

Figura 5 - Rotulagem Ambiental Internacional ... 31

Figura 6 - Rotulagem Ambiental Brasil ABNT... 31

Figura 7 - Coleta Seletiva em aeronave da Alaska Airlines. ... 32

Figura 8 - Funcionária de Catering durante a separação dos materiais. ... 33

Figura 9 - Compactação de latas de alumínio coletadas em voo. ... 33

Figura 10 - Voluntários e beneficiados pela ajuda humanitária do programa. ... 35

Figura 11 - Voluntários durante a construção de residências. ... 35

Figura 12 - Tripulante Comercial da Delta Airlines durante a coleta de latas de alumínio. .... 36

Figura 13- Bandeja de café da manhã servida a bordo da aeronave: ... 39

Figura 14 - Trolley para descarte de resíduos em geral. ... 40

Figura 15 - Imagem dos resíduos coletados ao final do serviço de bordo... 40

Figura 16 - Chegada da equipe de comissaria (catering) de Frankfurt na aeronave: ... 42

Figura 17 – Entrada dos trolleys. JJ 8071. ... 42

Figura 18 - Classe executiva: Xícaras, taças e copos de vidro. JJ 8071. ... 43

Figura 19 - Opções de Jantar – Classe executiva e econômica. JJ 8071. ... 46

Figura 20 - Opções de café da manhã – Classe executiva e econômica JJ 8071. ... 47

Figura 21 – Painel do Trash Compactor voo JJ 8071. ... 48

Figura 22 – Trash Compactor voo JJ 8071. ... 48

Figura 23 - Avarias nos materiais de apoio do serviço de bordo. JJ 8071. ... 49

Figura 24 - Improvisação no acondicionamento do material avariado. JJ 8071. ... 50

Figura 25 - Heterogeneidade dos materiais coletados. JJ 8071. ... 51

Figura 26 - Café da manhã GLO 1503. ... 53

Figura 27 - Resíduos depositados em bandejas acondicionadas em trolleys GLO 1503. ... 54

Figura 28 – Resíduos depositados em sacos plásticos pretos GLO1503. ... 55

Figura 29 – Trolleys de lixeira Avianca ONE 6097 ... 57

Figura 30 – Trolley e sacos plásticos utilizados na coleta seletiva. Azul Linhas Aéreas. ... 59

Figura 31 – Logomarca do programa de coleta seletiva – Azul Linhas Aéreas Brasileiras. .... 60

Figura 32 – Opções de snacks - Azul Linhas Aéreas Brasileiras. ... 61

Figura 33 – Opções de bebidas – Azul Linhas Aéreas. ... 62

Figura 34 – Resíduos plásticos acondicionados em trolley - AD 2664. ... 62

Figura 35 – Material infectante para incineração – GRU Airport. ... 67

Figura 36 – Resíduo sólido comum próximo ao incinerador. GRU Airport. ... 67

Figura 37 – Processo de autoclavagem de material infectante. GRU Airport ... 68

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Figura 39 – Trolley sustentável. Visão externa. ... 76 Figura 40 – Compactador de latas de alumínio. ... 76 Figura 41 – Prensa para garrafas PET. ... 77

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Recomendações para o gerenciamento de Resíduos Sólidos nos Aeroportos. ... 24

Quadro 2 - Identificação do voo JJ 3041. ... 38

Quadro 3 - Composição do serviço de bordo JJ 3041. ... 39

Quadro 4 - Identificação do voo JJ 8071 ... 41

Quadro 6 - Identificação do voo GLO 1503 ... 52

Quadro 7 – Composição do serviço de bordo GLO 1503. ... 53

Quadro 8 – Identificação do voo ONE 6097. ... 56

Quadro 9 – Composição do serviço de bordo ONE 6097 ... 57

Quadro 10 – Identificação do voo AD 2664... 60

Quadro 11 – Composição do serviço de bordo AD 2664 ... 61

Quadro 12 – Quantidade de Resíduos Sólidos, GRU Aeroporto Internacional de São Paulo. 69 Quadro 13 - Geração, Tratamento e destinação final de Resíduos Sólidos. ... 69

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1– Composição do serviço de bordo JJ8071. Jantar e Café da manhã. ... 44

Tabela 2 – Estimativa de resíduos produzidos diariamente JJ 8071. ... 72

Tabela 3 – Estimativa de resíduos produzidos diariamente nos voos observados. ... 72

Tabela 4 – Estimativa de volume mensal de resíduos. ... 73

Tabela 5 – Estimativa do volume total produzido diariamente pelas companhias aéreas brasileiras. ... 73

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Composição de resíduos na classe econômica. ... 27

Gráfico 2 – Distribuição de bebidas embarcadas no voo JJ 8071 ... 45

Gráfico 3 – Distribuição do material de apoio do voo JJ 8071. ... 45

Gráfico 4 – Questionamento sobre a política operacional sustentável. ... 64

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LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AD Designativo de voos da empresa Azul Linhas Aéreas Brasileiras ANAC Agência Nacional de Aviação Civil

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CMR Comissário de bordo

CMS Comissária de bordo

CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear CNN Cable News Network

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente EUA Estados Unidos da América

IATA International Air Transport Association ICAO International Civil Aviation Organization IFCA In Flight Catering Association

IFSA In Flight Service Association

GLO Designativo de voos da empresa Gol Linhas Aéreas INVEPAR Investimentos e Participações em Infraestrutura S.A. JJ Designativo de voos da empresa LATAM Airlines JPEG Joint Photographic Experts Group

NBR Norma Brasileira

ONE Designativo de voos da empresa Avianca Airlines. PERS Plano Estadual de Resíduos Sólidos

PGRS Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos PNRS Plano Nacional de Resíduos Sólidos

PSESCA Plano de Segurança de Empresa de Serviços Auxiliares ou Concessionários RBAC Regulamentos Brasileiros de Aviação Civil

RDC Resolução da Diretoria Colegiada RPK Revenue passenger per kilometer SMA Secretaria do Meio Ambiente

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SUMÁRIO 1INTRODUÇÃO... 13 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ... 13 1.2 PROBLEMA DA PESQUISA ... 15 1.3 OBJETIVOS ... 15 1.3.1 Objetivo geral ... 15 1.3.2 Objetivos específicos ... 15 1.4 JUSTIFICATIVA ... 16 1.5 METODOLOGIA... 18

1.5.1 Natureza e Tipo da Pesquisa ... 18

1.5.2 População e Amostra... 19

1.5.3 Sujeito da Pesquisa, Material e Método. ... 20

1.5.4 Procedimentos de coleta de dados ... 20

1.5.5 Procedimentos para Análise dos Dados ... 20

1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ... 21

2REFERENCIAL TEÓRICO ... 22

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS E ORGÂNICOS ... 22

2.1.1 Definição ... 22 2.1.2 Características ... 23 2.1.3 Composição ... 23 2.1.4 Classificação ... 24 2.1.5 Destinação ... 24 2.2 HETEROGENEIDADE ... 25 2.3 RECICLAGEM ... 27 2.3.1 Definição ... 27

2.3.2 Simbologia e Rotulagem Ambiental ... 28

2.3.2.1 Simbologia ... 28

2.3.2.2 Simbologia técnica de identificação de materiais ... 29

2.3.2.3 Rotulagem ambiental ... 30

2.4 COLETA SELETIVA EM EMPRESAS ESTRANGEIRAS... 31

3APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 37

3.1 LATAM AIRLINES ... 37

3.1.1 Voo Nacional – Manaus / Guarulhos (SP) ... 38

3.1.2 Voo Internacional – Frankfurt / Guarulhos-SP ... 41

3.2 GOL LINHAS ÁEREAS ... 52

3.3 AVIANCA BRASIL ... 55

3.4 AZUL LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS ... 58

3.5 DIRETRIZES SUSTENTÁVEIS ... 63

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3.7 GRU AIRPORT... 66

3.7.1 Política Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos. ... 69

4CONCLUSÃO ... 71

APÊNDICE A -Modelo do Questionário de Pesquisa ... 84

APÊNDICE B - Modelo do Roteiro da Entrevista ... 90 ANEXO A - Direitos autorais - Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Disposições preliminares 94

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A atividade aérea, quando analisada sob uma perspectiva global, representa um segmento de substancial valor à economia mundial. Por apresentar características intrinsecamente relacionadas à conjuntura econômica, a vetorização do setor apresenta patamares crescentes, justificado pela demanda constante em decorrência da globalização de mercados e turismo.

Apesar da reconhecida relevância do setor, os impactos ambientais resultante da atividade aérea podem ser considerados alarmantes e representam uma ameaça latente à preservação do meio ambiente. Não obstante à emissão de gases poluentes como insumo da queima de combustíveis fósseis e do ruído aeronáutico que contribui para a poluição sonora, os insumos gerados durante o voo, decorrentes do serviço de bordo e entretenimento, quando não descartados adequadamente, contribuem significativamente para o aumento da poluição ambiental e a degradação do ecossistema, além de representar uma considerável ameaça à segurança operacional das aeronaves devido ao perigo aviário.

Dentro de uma linearidade histórica, a origem do desequilíbrio ambiental, como consequência da atividade aérea, ocorre já no período pós-Segunda Guerra Mundial. O estudo aplicado às novas tecnologias de mercado permitiu à indústria aeronáutica a concepção de novas aeronaves, mais seguras, velozes, capazes de realizarem voos mais longos e principalmente transportar passageiros e cargas. Entretanto, o consumo de combustível, o ruído sonoro e a emissão de gases poluentes aumentaram sensivelmente à razão de suas proporcionalidades. Não obstante, o desenvolvimento de novas sociedades e a busca incessante por novos mercados e parcerias comerciais culminou com o surgimento de diversas empresas aéreas.

Do conjunto de variáveis que constituíam a precificação das passagens, as empresas aéreas buscavam diferenciais competitivos para a fidelização do passageiro. Segundo Porter (1999, p.97): “Uma empresa só é capaz de superar em desempenho seus concorrentes, se conseguir estabelecer uma diferença preservável”.

Instituía-se, dessa forma, o serviço de bordo, prática que, dentro de sua singularidade, promoveu a polarização de resíduos no interior das aeronaves.

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As limitações tecnológicas impostas à época atribuíam ao serviço de bordo um valor diferenciado na disputa de mercado. As opções de entretenimento a bordo, todavia, restringiam-se apenas à leitura e a refeição, uma referência à sofisticação gastronômica e a excelência na qualidade dos serviços prestados ao passageiro.

Viajar era um evento e os passageiros usavam seus melhores ternos e vestidos. Na classe econômica, a refeição era servida em louça, com talheres de metal e copo de vidro. Ao fim da refeição havia ainda café e chocolate suíço. [...] Em 1979 a VARIG ganhou o prêmio de melhor serviço de bordo do mundo, pela conceituada revista americana Air Transport World. (VASCONCELOS, 2010)

Ainda dentro da linearidade proposta, a prática do serviço de bordo permaneceu como uma importante variável no planejamento estratégico das companhias aéreas, entretanto seu conceito operacional sofreu profundas alterações no decorrer dos anos, seja por razões de conjuntura econômica ou pela própria dinâmica do voo. Louças de porcelana, talheres de prata e taças de vidro, elementos que devidamente higienizados, eram reutilizados em outros voos, foram substituídos gradativamente por utensílios de plástico e materiais descartáveis. As refeições premiadas de outrora, agora são oferecidas em diminutas porções ou snacks. Garrafas Pet e latas de alumínio são produtos indispensáveis a bordo de qualquer aeronave comercial.

Se as mudanças justificadas pelos novos padrões de consumo favoreceram a dinâmica do serviço de bordo e a valorização comercial dos produtos ofertados, o aumento expressivo na produção do lixo como resultante desse processo, representou um grave problema ambiental e de saúde pública. Considera-se ainda, o risco laboral, quando objetos perfurocortantes são indiscriminadamente depositados em coletores comuns, dando origem ao chamado “lixo oculto”.

O processo de reciclagem pode ser entendido como uma das alternativas mais eficazes para mitigar o problema. O método compreende as etapas de coleta, separação e reaproveitamento dos resíduos. Os resíduos produzidos a bordo apresentam, invariavelmente, uma alta capacidade reciclável e quando da prática do processo de reciclagem, esta atividade pode ser considerada como lucrativa e de importante valor corporativo.

Estudos desenvolvidos em outros países tendo como pauta o serviço de bordo em aeronaves comerciais apontam para uma crescente conscientização coletiva e principalmente uma mobilização social quanto à importância da segregação de materiais como subprodutos

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do serviço de bordo, sendo estes, amparados pela legislação pertinente e organizações não governamentais através de diretrizes sustentáveis.

O presente estudo tem por objetivo precípuo a observação da dinâmica do serviço de bordo em aeronaves comerciais brasileiras, aplicada sob a luz da legislação nacional no tocante ao processo de coleta de resíduos.

Para um melhor entendimento do assunto em questão, o estudo propõe uma pesquisa de campo com a participação voluntária de representantes das empresas aéreas brasileiras no âmbito de suas atribuições. Os resultados obtidos serão utilizados como fonte de estudo para uma sugestiva adequação quanto aos processos de coleta e descarte dos materiais, além de despertar uma consciência social sobre a relevância do tema.

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

De que maneira as empresas aéreas brasileiras gerenciam os processos de coleta e descarte dos resíduos como subprodutos do serviço de bordo?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Descrever a dinâmica do serviço de bordo em aeronaves comerciais brasileiras quanto aos processos de coleta e descarte de resíduos sólidos.

1.3.2 Objetivos específicos

 Analisar o procedimento de coleta de resíduos produzidos a bordo das aeronaves comerciais brasileiras sob a luz da normatização vigente.

 Apresentar soluções sustentáveis para viabilizar a coleta seletiva a bordo das aeronaves.

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1.4 JUSTIFICATIVA

Um estudo realizado pela International Air Transport Association (IATA), divulgado pelo canal de noticiais norte americano CNN, revelou que: “[...] no ano de 2016 as companhias aéreas produziram aproximadamente 5.2 milhões de toneladas de lixo e a previsão para 2030 ultrapassa o valor de 10 milhões de toneladas por ano” (SPRINGER, 2017).

O aumento expressivo da produção de lixo mundial está intrinsecamente relacionado aos novos padrões de consumo, evidenciando a predileção por produtos industrializados, entretanto, as consequências dessa prática já despertam a atenção de entidades governamentais de vários países e a problemática do desequilíbrio ambiental já atinge patamares alarmantes.

Para Leff (2006, p.5):

A questão ambiental aparece como uma problemática social e ecológica generalizada de alcance planetário, que mexe com todos os âmbitos da organização social, do aparato do Estado e todos os grupos e classes sociais. Isso induz um amplo e complexo processo de transformações epistêmicas no campo do conhecimento e do saber, das ideologias teóricas e práticas, dos paradigmas científicos e os programas de pesquisa.

Dada a devida relevância do tema à comunidade aeronáutica e à população como um todo, uma pesquisa preliminar junto a rede mundial de computadores identificou que o estudo sobre o descarte dos resíduos como subproduto do serviço de bordo em aeronaves comerciais brasileiras, ainda carece de dados estatísticos para quantificar cientificamente o impacto ambiental resultante dessa atividade e oportunamente identificar falhas latentes no processo que ameaçam a integridade física dos profissionais envolvidos, sejam eles comissários ou colaboradores de cooperativas de reciclagem.

Para Freitas (2000, p. 120):

[...] o risco se evidencia no interior de cenários, onde as falas, silêncios, expressões e segredos são objetos de um conhecimento coletivamente elaborado em contextos sociais específicos e complexos.

Especificamente em aeronaves comerciais, os resíduos são depositados em múltiplos sacos plásticos, envoltos por um recipiente de acondicionamento – Trolleys, sem a devida identificação e segregação dos materiais.

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Uma vez acondicionados de forma indiscriminada, os resíduos representam um perigo oculto à integridade física daqueles que direta ou indiretamente trabalham com a coleta e o descarte desse material.

Materiais perfurocortantes, infecciosos, inflamáveis ou até mesmo de radiação química podem estar indevidamente acondicionados junto ao resíduo comum, potencializando os riscos de acidentes laborais.

Concomitantemente ao risco laboral, o descarte indevido dos resíduos contribui substancialmente para o aumento do perigo aviário em aeroportos. Problemática excluída da pauta do presente estudo por razões de coesão.

Ainda sobre a temática do risco, Sandman (apud RANGEL, 2007, p.1379) destaca:

[...] as características da percepção do risco estão relacionadas como o risco é percebido: voluntário ou não; controlado por um sistema ou pelo indivíduo; confiável ou não; moralmente relevante ou neutro; natural ou artificial; estranho ou familiar; memorável ou não; certeza ou incerteza; detectável ou não; amedrontador ou não, de modo que em cada situação o risco ganha significados diferentes.

Ademais, o acondicionamento deliberado de resíduos líquidos junto a materiais sólidos e orgânicos impossibilitam o processo de reciclagem e consequentemente o reaproveitamento do material, uma vez que essa prática transforma o resíduo em rejeito. De acordo com um artigo publicado na página eletrônica do Governo Federal do Brasil: “Quando os resíduos secos são misturados aos úmidos, o percentual de reaproveitamento cai de 70% para 1% “(BRASIL, 2012).

Quando coletados de forma seletiva, os resíduos sólidos e orgânicos podem minimizar o impacto ambiental através de processos de reciclagem e compostagem, evitando assim perdas indesejáveis e contribuindo substancialmente para a redução de possíveis acidentes no manuseio dos materiais.

A abordagem sobre a problemática envolvendo o descarte indevido de resíduos se intensifica exponencialmente quando o estudo propõe uma abrangência fora do âmbito aeronáutico, em particular sob a ótica financeira:

A reciclagem movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano. Mas o Brasil ainda perde outros R$ 8 bilhões por não reaproveitar os resíduos que são destinados aos lixões ou aterros controlados. (BRASIL, 2012).

No intuito de promover uma abordagem mais criteriosa e específica, despertar a atenção de autoridades governamentais e principalmente elevar a consciência coletiva da

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sociedade para as questões de segurança na aviação, este estudo propõe uma observação analítica baseada na contestação dos fatos in loco, para que os resultados obtidos tenham embasamento científico e que possam contrapor aos procedimentos operacionais de algumas companhias aéreas estrangeiras, mundialmente reconhecidas pelas políticas de sustentabilidade e responsabilidade ambiental, coeteris paribus.

1.5 METODOLOGIA

1.5.1 Natureza e Tipo da Pesquisa

O referido estudo apresenta fundamentação científica tendo com referencial metodológico a pesquisa descritiva, pela qual o autor buscará a maximização das características do objeto de estudo para identificar de forma análoga as possíveis variáveis e sua relevância para a melhoria continuada dos processos.

De acordo com Vergara (2000, p.47); “A pesquisa descritiva expõe as características de determinada população ou fenômeno, estabelece correlações entre variáveis e define sua natureza”.

Os tipos de procedimentos adotados para o processo de investigação estão em consonância com as diretrizes aplicáveis à pesquisa bibliográfica e de campo. Para a pesquisa bibliográfica, o autor utilizou como material consultivo, a legislação pertinente, os livros, artigos impressos ou digitais e quaisquer outros materiais de anuência científica para consolidar os estudos. Para a pesquisa de campo, o autor se valeu do conhecimento bibliográfico adquirido, para então participar efetivamente da coleta de dados através de questionário e roteiro de entrevista pré-definidos.

Severino (2007, p. 122) define a iniciação da pesquisa bibliográfica pelo:

[...] registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utilizam-se dados de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador trabalha a partir de contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos.

A pesquisa de campo foi assim definida por Marconi e Lakatos (2011, p. 69): “`[...]consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na

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coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presumem relevantes, para analisá-los".

Observações específicas sobre os dados coletados, quando analisadas criteriosamente, confere ao autor o uso do método indutivo para conclusões generalizadas.

A abordagem da pesquisa foi estruturada pela metodologia quantitativa. A análise dos dados contempla o estudo específico de um problema de âmbito mundial, buscando a valorização fatos através de dados estatísticos. Segundo Gressler (2003, P. 57);

Abordagem quantitativa – caracteriza-se pela formulação de hipóteses, definições operacionais de variáveis, quantificação nas modalidades de coleta de dados e de informações, e utilização de tratamentos estatísticos. O modelo quantitativo estabelece hipóteses que exigem uma relação entre causa e efeito e apoia suas conclusões em dados estatísticos, comprovações e testes. Os critérios de cientificidade são a verificação, a demonstração, os testes e a lógica matemática.

Diante da exposição real do problema abordado pelo estudo, a metodologia científica, quanto à sua finalidade, fundamenta-se na pesquisa aplicada, cabendo ao autor desenvolver alternativas pontuais para a solução do problema.

Segundo Appolinário (2011, p. 146):

A pesquisa aplicadaé realizada com o intuito de “resolver problemas ou necessidades concretas e imediatas”. Muitas vezes, nessa modalidade de pesquisa, os problemas emergem do contexto profissional e podem ser sugeridos pela instituição para que o pesquisador solucione uma situação-problema.

1.5.2 População e Amostra

O presente estudo terá como fundamento basilar de observação e pesquisa a dinâmica do serviço de bordo, bem como os processos de coleta e descarte de resíduos nas aeronaves comerciais brasileiras, aqui apontadas como players de maior representatividade no mercado nacional – Latam, Gol, Avianca e Azul.

A técnica de amostragem terá como objeto de estudo um voo de cada empresa aérea brasileira, a escolha do voo procedeu de forma aleatória, satisfazendo os critérios de nacionalidade, abrangência territorial, média de tempo de voo e sujeito da pesquisa.

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1.5.3 Sujeito da Pesquisa, Material e Método.

O material utilizado constituiu-se de um questionário comum a todas as empresas e direcionado exclusivamente a um (a) comissário (a) de bordo, membro da tripulação comercial do voo, escolhido aleatoriamente.

Uma vez que as empresas aéreas utilizam-se da padronização dos processos operacionais em todos os seus voos, considera-se como satisfatória uma única participação de seu representante legal (comissário) para fins de coleta de dados.

Para a consolidação do estudo, o (a) colaborador (a) foi orientado previamente para que na ocorrência de contratempos e não conformidades quanto ao serviço de bordo e o manuseio dos resíduos, as contingências adotadas e as consequências assumidas sejam descritas ao final do questionário no campo “Informações complementares”.

Oportunamente, para fins de corroboração dos dados, também foi utilizado um roteiro de entrevista aplicado à empresa de catering LSG-Sky Chefs in loco.

1.5.4 Procedimentos de coleta de dados

O procedimento para a coleta dos dados contou a com a colaboração de representantes das empresas aéreas Avianca, Azul, Gol e LATAM. O material de pesquisa, previamente entregue aos mesmos, foi devidamente preenchido de acordo com os critérios operacionais de cada empresa, experiência profissional e intercorrências que resultaram em não conformidades legislativas. Para a consolidação da pesquisa, imagens elucidativas foram anexadas ao formulário de pesquisa. O roteiro da entrevista aplicado à empresa LSG-Sky Chefs foi devidamente estruturado para que os dados coletados contribuíssem de forma pontual à relevância do estudo.

1.5.5 Procedimentos para Análise dos Dados

Os dados quando coletados foram dispostos em planilhas que contemplam a reprodução ipsis litteris do material de pesquisa. A análise dos dados foi elaborada por cada empresa aérea individualmente, visto que a padronização operacional apresentou divergência sistêmica. Posteriormente os resultados foram confrontados entre si com a finalidade de conhecer limitações e/ou deficiências operacionais quanto ao procedimento de coleta e

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descarte dos resíduos produzidos a bordo das aeronaves. Para desenvolver novos conceitos e sugerir diretrizes sustentáveis, os dados obtidos pela entrevista in loco a empresa de catering LSG-Sky Chefs foram analisados criteriosamente quanto a sua importância para o equilíbrio socioambiental e viabilidade de mercado.

1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O presente estudo foi estruturado a partir da contextualização de um fenômeno observado durante os voos comerciais em aeronaves brasileiras, a mudança dos padrões de consumo teve por consequência um considerável aumento na produção dos resíduos, e estes, quando não descartados adequadamente, representam uma ameaça latente ao meio ambiente.

A conduta operacional das empresas aéreas no que concerne à coleta e ao descarte dos resíduos produzidos a bordo foi questionada e entendida como a matriz do problema.

Uma vez definida a problemática do estudo, os objetivos foram definidos com a proposta de descrever, dentro uma visão geral, a dinâmica do serviço de bordo quanto aos processos de coleta e descarte de resíduos e ainda, mais especificamente, contrapor os procedimentos operacionais das empresas aéreas brasileiras à normatização vigente e apresentar soluções sustentáveis para dirimir a problemática apresentada.

Estudos apresentados por instituições governamentais nacionais e estrangeiras, corroborados por especialistas do setor, foram considerados como fundamento basilar para a

justificativa do problema.

A metodologia aplicada pontuou a natureza e o tipo da pesquisa, definiu como população as empresas aéreas brasileiras de maior relevância no setor e a técnica de amostragem considerou a dinâmica do serviço de bordo de cada empresa aérea. Também foi apresentado o material utilizado, o procedimento de coleta e análise dos dados.

No capítulo 2 (dois) o Referencial Teórico abordou questões técnicas, pautadas pela normatização do setor. Apresentou definições quanto à terminologia utilizada, descreveu a caracterização, classificação e composição dos resíduos, além de discorrer sobre a simbologia técnica e a prática de reciclagem em empresas aéreas estrangeiras.

A apresentação e discussão dos dados foram devidamente detalhadas no capítulo 3. Imagens, gráficos e quadros foram utilizados para elucidar transcrições de maior relevância apontadas no questionário. A compilação dos dados coletados permitiu ao autor uma análise

(25)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Resíduos Sólidos e Orgânicos

A diversificação de produtos ofertados a bordo das aeronaves comerciais brasileiras atende à normatização vigente segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, RDC nº 2 2003) e a Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 8.843 (ABNT, 1996), além de estar em consonância com as recomendações de entidades internacionais de catering como a IFSA – In Flight Service Association nos EUA e a IFCA- In Flight Catering Association, sediada na Europa. Não obstante, todo material destinado ao serviço de bordo é submetido ao processo de auditoria de segurança aeroportuária em caráter mandatório conforme preconiza o Plano de Segurança de Empresa de Serviços Auxiliares ou Concessionários (PSESCA 107.215 item 1 / RBAC n° 107 - ANAC).

Uma vez embarcados, os produtos devem atender à demanda do serviço de bordo durante todo voo e quando descartados deverão proceder à coleta, ao tratamento e à disposição final, cujo propósito é de minimizar os possíveis riscos sanitários e ambientais decorrentes da sua permanência (ANVISA, 2003).

Em tempo, o dicionário eletrônico de língua portuguesa Michaelis não faz distinção quanto à terminologia das palavras lixo e resíduo, sendo esta última adotada para fins do presente estudo. (MICHAELIS, 2018).

A Lei Federal nº 12.305 / 2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), um instrumento de substancial importância para a promoção de práticas de hábitos de consumo sustentáveis, além de incentivos para o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos.

2.1.1 Definição

A Legislação supracitada, em consonância ao disposto na Resolução do CONAMA n° 5/1993 e à NBR n° 10.004 da ABNT, define resíduos sólidos:

[...] como material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para

(26)

isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (BRASIL, 2010).

2.1.2 Características

Quanto às características dos resíduos sólidos, estes podem apresentar certa variabilidade, justificada por questões sociais, econômicas, geográficas e culturais. A análise dos resíduos deve proceder segundo suas características físicas, químicas e biológicas (MONTEIRO et al., 2001)

2.1.3 Composição

De acordo com Jardim (1995, p.15), a composição dos resíduos pode ser assim dividida:

Seco: papéis, plásticos, metais, tecidos, vidros, madeiras, bituca de cigarro, isopor, lâmpadas, parafina, cerâmicas, porcelana, espumas e cortiças.

Molhado: restos de comida, bagaços de frutas e verduras, legumes, ovos. Orgânico: cascas e bagaço de frutas, folhas secas e cascas de ovos, restos de alimentos, papéis molhados e engordurados. O material orgânico pode ser utilizado para a compostagem.

Inorgânico: produtos manufaturados como plásticos, vidros, borrachas, tecidos, metais em geral, tecidos, isopor, lâmpadas, velas, parafina, cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças.

Rejeitos: lixo de banheiro, lenço de papel, curativos, fraldas descartáveis e absorventes higiênicos.

Perigosos: lâmpadas fluorescentes, baterias de celulares, pilhas e embalagens de agrotóxicos. Os materiais perigosos devem ser devolvidos à empresa fornecedora.

A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da Resolução nº 56/2008, estabelece diretrizes para a “Regulamentação Técnica de Boas Práticas Sanitárias no Gerenciamento de Resíduos Sólidos nas áreas de Portos, Aeroportos, Passagens de Fronteiras e Recintos Alfandegados”.

Entende-se por Boas Práticas Sanitárias:

Um conjunto de procedimentos planejados, implantados e implementados a partir de bases científicas, técnicas e normativas, com o objetivo de atender a preceitos de minimização de riscos, na geração de resíduos e proporcionar um encaminhamento seguro aos resíduos, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente. (ANVISA, 2008)

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2.1.4 Classificação

A referida resolução discorre no capítulo III, artigo nº 7 sobre a classificação dos resíduos sólidos:

I. Grupo A: Resíduos que apresentem risco potencial ou efetivo à saúde pública e ao meio ambiente devido à presença de agentes biológicos considerados suas características de virulência, patogenicidade ou concentração [...].

II. Grupo B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente [...].

III. Grupo C: Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos, incluindo materiais resultantes de laboratório de pesquisa e ensino na área de saúde e laboratórios de análises clínicas [...].

IV. Grupo D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radioativo à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares, enquadram-se nesse grupo, dentre outros: Papel de uso sanitário, sobras de alimento, fralda descartável e absorvente higiênicos, não classificados como do grupo A. [...].

V. Grupo E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, lâminas, todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório e outros similares (ANVISA, 2008).

2.1.5 Destinação

A ANVISA, através da Resolução nº 56, ainda estabelece recomendações de manuseio e disposição final para cada grupo de resíduo aeroportuário, excetuando-se resíduos do grupo “C”, que deverão estar em consonância com os critérios estabelecidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear –CNEN.

O quadro a seguir contém as recomendações emitidas pela ANVISA:

Quadro 1 – Recomendações para o gerenciamento de Resíduos Sólidos nos Aeroportos.

Grupo A Grupo B Grupo D Grupo E

Segregação Devem ser separados dos demais resíduos

Devem ser separados de acordo com suas características

Devem ser separados de acordo com suas características Devem ser descartados separadamente no local de sua geração.

Acondicionamento Em sacos impermeáveis de cor branco leitosa.

Em recipientes resistentes de acordo com o tipo de resíduo. Em sacos recipientes de material resistente à ruptura e vazamento. Em recipientes rígidos, resistentes à ruptura, vazamento, apresentando alça ou similar, e também tampa e bocal.

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Identificação Com adesivos de rótulos de fundo branco e desenhos pretos. Com símbolos e frases de risco do produto que gerou o resíduo.

Com símbolos e frases de risco do produto que gerou o resíduo. Com símbolo acrescido da inscrição de Resíduo Perfurocortante, podendo ser realizada por adesivos. Coleta e transporte Realizada por carros coletores. Realizada por carros coletores. Realizada por carros coletores e

caçambas.

Realizadas por veículos coletores de tapas

articuladas.

Armazenamento Armazenagem em locais com cobertura e piso resistente. Armazenagem em tambores e tanques. Armazenagem em locais com luminosidade e afastado de áreas de abastecimento de alimento, entre outras Armazenagem no mesmo local que os resíduos do grupo A sem contato direto

Tratamento e disposição final

Devem passar por tratamento prévio para serem eliminadas características de periculosidade. Devem ser reciclados, recuperados ou dispostos em aterros de resíduos perigosos Devem ser reciclados, recuperados e reutilizados e a sobra de alimentos são destinadas para ração animal.

Devem ser tratados, sendo considerados do Grupo D após o tratamento, para fins de disposição final. Fonte: ANVISA, 2008. 2.2 HETEROGENEIDADE

A composição dos resíduos a bordo das aeronaves constitui-se basicamente da heterogeneidade dos materiais classificados como grupo D, devendo estes, serem “segregados de acordo com suas características, a fim de facilitar a reciclagem, reutilização, redução e disposição final, garantindo a proteção da saúde e do meio ambiente”. (ANVISA, 2008).

A ambientalização de um voo, entretanto, não descarta a possibilidade da geração de resíduos de outros grupos. Anormalidades clínicas ou óbito de pessoas ou animais ocorridos a bordo (grupo A) quando provocados por doença transmissível suspeita ou confirmada, representa uma ameaça à saúde pública e ao meio ambiente. A quebra de um material de vidro ou qualquer outro objeto cortante (grupo E), sendo estes descartados indevidamente pelo passageiro ou comissário, também incorre no risco à integridade física do ambiente.

Procedimentos específicos para evitar a contaminação cruzada entre os resíduos devem ser observados à Resolução nº 56/2008 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2008).

Os resíduos como subprodutos do serviço de bordo, deverão ser compulsoriamente retirados das aeronaves a cada etapa de voo, seja em aeroportos de escala ou destino final.

(29)

A administração aeroportuária em cumprimento à Resolução CONAMA nº 5/1993, alterada pela Resolução CONAMA n° 358/2005, deverá desenvolver e implementar um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), contemplando todas as etapas de coleta, armazenamento, transporte, transbordo, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos, em conformidade com o preconizado na Política Nacional de Resíduos Sólidos e de acordo com a RDC n° 56/2008 da Anvisa (ANVISA, 2008)

Dentro desse contexto, a normatização vigente NBR 8.843 (ABNT, 1996) versa sobre o gerenciamento dos resíduos sólidos em área aeroportuária e designa às Associações e Cooperativas de materiais recicláveis a responsabilidade ambiental pela coleta, transporte e manuseio dos resíduos até os centros de triagem.

Nas regiões aeroportuárias brasileiras, destinadas à operação de aeronaves comerciais, observa-se uma grande diversidade de empresas de abastecimento e coleta de materiais recicláveis, denominadas catering. As empresas que detém maior participação no mercado nacional, acreditadas por entidades governamentais como a ANVISA, são a LSG-Sky Chefs, Gate Gourmet e a RA Group.

Um estudo realizado pela Universidade de Hong Kong em 2001 teve como objetivo precípuo a análise da composição dos resíduos sólidos produzidos a bordo das aeronaves. O estudo considerou a variação entre rotas curtas, médias e longas e a variação entre as classes de assentos das aeronaves; primeira classe, executiva e econômica, assim como a estimativa da geração de resíduos per capita. Os resultados apontaram para a geração de 0,38 Kg/passageiro da classe econômica, 1,14 Kg/passageiro da classe executiva e 2,84 Kg/passageiro na primeira classe em voos de rota longa. Considerando a aeronave wide body Boeing 747-400 com a capacidade máxima de 387 passageiros, assim distribuídos; passageiros na primeira classe -18, passageiros na classe executiva – 56, passageiros na classe econômica – 313 obtém-se a variação de resíduos na ordem entre 134 a 234 Kg, dependendo da rota analisada. Quanto à composição dos resíduos, o estudo apontou os seguintes resultados considerando o consumo da classe econômica: papel seco - 32%, papel descartável – 15%, plástico transparente (copos) – 13%, restos de alimentos – 9%, vidro – 9%, plástico rígido – 4%, plástico filme – 4%, tecido – 4%, embalagens de alumínio – 3%, outros – 7%. (X.D. Li 2003).

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Gráfico 1 – Composição de resíduos na classe econômica.

Fonte: X.D. Li, 2003.

2.3 RECICLAGEM

2.3.1 Definição

O processo de reciclagem consiste basicamente na transformação de materiais usados como matéria prima para a fabricação de novos produtos para consumo. A abordagem do tema surgiu em 1970 como uma alternativa sustentável para dirimir os impactos ambientais ocasionados pela industrialização dos produtos.

Reciclagem é o conjunto de técnicas de reaproveitamento de materiais descartados, reintroduzindo-os no ciclo produtivo. É uma das alternativas de tratamento de resíduos sólidos (lixo) mais vantajosos, tanto do ponto de vista ambiental quanto do social: ela reduz o consumo de recursos naturais, poupa energia e água, diminui o volume de lixo e dá emprego a milhares de pessoas. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2017).

Para o segmento da aviação comercial, a prática da reciclagem contribui para o desenvolvimento sustentável, favorecendo não somente às condições do meio ambiente, mas também aos aspectos sociais e econômicos, visto que, o correto descarte e destinação final dos resíduos resultam na valorização do processo, otimização dos índices de reaproveitamento, redução do custo de produção e consequentemente, promove a cultura de reciclagem a outros segmentos comerciais. 32% 15% 13% 9% 9% 4% 4% 4% 3% 7%

Composição de resíduos na classe econômica

Papel seco Papel descartável Plástico transparente

Restos de alimentos Vidro Plástico rígido

Plástico filme Tecido Embalagens de alumínio

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2.3.2 Simbologia e Rotulagem Ambiental

Dada a devida relevância ao assunto, Órgãos Federais, Entidades não governamentais e Associações sem fins lucrativos contribuíram para a instituição da normatização da reciclagem no Brasil, estando esta, em consonância à padronização internacional de reciclagem adotada por diversos países.

A Constituição Federal determina a “[...] competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas”. (CF, art. 23, inciso VI).

A ABNT, através da normatização ISO série 14000, estabelece diretrizes internacionalmente reconhecidas para a implantação de programas de gestão ambiental sustentáveis no âmbito corporativo, além de instituir a padronização da rotulagem ambiental para a melhoria continuada da qualidade dos produtos e consequentemente despertar a conscientização do consumidor quanto ao descarte dos resíduos.

2.3.2.1 Simbologia

O símbolo universal de reciclagem é internacionalmente reconhecido e utilizado para designar materiais recicláveis. As três setas representam a ideia da tríade: reduzir, reusar e reciclar.

F

Fonte: ABRE - Associação Brasileira de Embalagem, 2012

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2.3.2.2 Simbologia técnica de identificação de materiais

A simbologia Técnica de Identificação de Materiais tem por objetivo precípuo facilitar a identificação e separação dos materiais, fortalecendo a cadeia de reciclagem. Independentemente da viabilidade técnica ou econômica que possibilite o processo de reciclagem do material, no momento de seu descarte, as embalagens devem apresentar identificação técnica de acordo com as suas especificidades. (PELLEGRINO e PEREIRA, 2012).

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária estabelece através da Resolução nr. 56, de 06 de Agosto de 2008, as diretrizes para o Regulamento Técnico de Boas Práticas no Gerenciamento de Resíduos Sólidos para meios de transporte terrestre que operam transporte Internacional de cargas e ou viajantes, aeronaves e embarcações. Determina procedimentos para a identificação dos resíduos de acordo com sua classificação e simbologia. Também discorre sobre a obrigatoriedade do responsável legal, operador, armador, comandante, representante legal ou proprietário dos meios de transporte o cumprimento do referido Regulamento. (ANVISA, 2008).

Figura 2 - Identificação de Materiais e Descarte Seletivo

.

Fonte: ABRE – Associação Brasileira de Embalagem, 2012.

Os resíduos sólidos e orgânicos produzidos a bordo das aeronaves deverão estar acondicionados em coletores que atendam à sua classificação, “[...] identificados por adesivos, dispostos em local de fácil visualização, de forma indelével, utilizando símbolos, cores e frases, conforme as especificações das normas técnicas para identificação do referido grupo de resíduos.” (ANVISA, 2008).

(33)

Figura 3 - Identificação de Materiais do Grupo A e E.

Fonte: Atitude Ambiental, 2018.

Figura 4 - Identificação de Materiais segundo sua designação de cor.

Fonte: ABRE – Associação Brasileira de Embalagem, 2012.

2.3.2.3 Rotulagem ambiental

Com o propósito de agregar valor à marca, através do compromisso de responsabilidade ambiental do fabricante atribuída aos processos de manejo, embalagem e envasamento, a Rotulagem Ambiental propõe uma interação social entre o consumidor e as características do produto, no que concerne a sua capacidade de minimizar os impactos ambientais resultantes do seu ciclo de vida. A certificação da Rotulagem segue diretrizes estabelecidas pelo ISO 14024:1999 e segundo PELLEGRINO E PEREIRA, 2012:

[...] são adotados em diferentes países para identificar produtos com menor impacto ambiental, se comparados com similares em suas categorias, baseados num conjunto de critérios e definidos por estudos de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV).

(34)

Figura 5 - Rotulagem Ambiental Internacional

Fonte: Comitê do Meio Ambiente e Sustentabilidade, 2012.

Figura 6 - Rotulagem Ambiental Brasil ABNT

Fonte: ABNT, 2012

2.4 COLETA SELETIVA EM EMPRESAS ESTRANGEIRAS

A problemática dos resíduos produzidos a bordo das aeronaves comerciais também é observada em território estrangeiro, um estudo desenvolvido em 2010, por um grupo norte americano denominado Green América apontou que a média de resíduos produzidos em voo é de 0,60 kg por passageiro (GREENAIR, 2010). Considerando a devida relevância ao tema, as empresas aéreas Alaska Airlines e Horizon Air, ambas sediadas em Seattle - EUA desenvolveram um programa pioneiro de coleta seletiva a bordo de suas aeronaves denominado Inflight Recycling Program. O programa constitui-se basicamente pela tríade – Treinamento e conscientização dos colaboradores, coleta seletiva durante o repasse do serviço de bordo e distribuição dos resíduos aos centros (hubs) de reciclagem, localizados nos aeroportos de Seattle-Tacoma International (SEA), Portland International (PDX) e Boise (BOI). O programa conta ainda com a participação efetiva das empresas de comissaria

(35)

(Catering) responsáveis pelo abastecimento de refeição a bordo e pelo transporte do material coletado aos centros de reciclagem.

Os materiais coletados pela equipe de comissários durante o repasse são constituídos por resíduos sólidos como jornais, revistas e papéis diversos, garrafas de vidro e copos descartáveis, além de latas de alumínio. Insumo orgânico como sobra de alimentos e bebidas também são coletados e descartados em embalagens devidamente identificadas com a logomarca do programa de reciclagem.

Figura 7 - Coleta Seletiva em aeronave da Alaska Airlines.

(36)

Figura 8 - Funcionária de Catering durante a separação dos materiais.

Fonte: Inflight Recycling Programs – Alaska Airlines, 2010

Figura 9 - Compactação de latas de alumínio coletadas em voo.

(37)

O programa em questão propõe uma redução significativa dos custos de descarte de materiais, reforça a melhoria da imagem pública da empresa e o engajamento moral dos seus colaboradores, contribui para a preservação do meio ambiente e a sustentabilidade operacional, além de ratificar a responsabilidade social através de seus valores institucionais. Dentre os desafios do programa, destaca-se a deficiência de infraestrutura de alguns aeroportos e empresas de comissaria, incompatibilidade da legislação internacional de alguns países diante às diretrizes do programa de reciclagem e o não comprometimento de alguns profissionais envolvidos no programa.

A empresa aérea Horizon Air desenvolveu o programa de coleta seletiva a bordo de suas aeronaves no final dos anos 80 e atualmente responde por aproximadamente 83% da coleta de materiais recicláveis a bordo de suas aeronaves. Obteve reconhecimento internacional pela excelência de seu programa através de duas premiações - Port of Portland – Aviation Environmental Excellence Award -2008 e o Recycling Association – 2010 Recycler of the year.

O reconhecimento pelas diretrizes de sustentabilidade empresarial corrobora para a disseminação do programa de reciclagem e conscientização social por outras empresas do setor aéreo nos EUA, como a United Airlines e Delta Airlines.

O programa de reciclagem da empresa aérea Delta Airlines, notadamente reconhecido pela Green América Corporate como um dos melhores programas de reciclagem dos E.U.A, apresentou em 2017 expressivos números como resultado de iniciativas sustentáveis: foram coletados pela equipe de comissários 6.500 (seis mil e quinhentas) toneladas de materiais recicláveis, número que corresponderia à disponibilização de 26 (vinte e seis) jardas cúbicas de espaço em aterro sanitário, volume equivalente a 10 (dez) vezes o carregamento do porão de uma aeronave Boeing 747-400. Não obstante, o programa destaca-se pelo engajamento de causas sociais em âmbito global; no ano de 2017 a empresa Delta Airlines, repassou mais de 1 (um) milhão de dólares, proveniente do programa de reciclagem, para a construção de habitações humanitárias, totalizando 259 residências até o referido ano. (MORROW, 2017).

(38)

Figura 10 - Voluntários e beneficiados pela ajuda humanitária do programa.

Fonte: Delta Airlines, 2017.

Figura 11 - Voluntários durante a construção de residências.

(39)

Figura 12 - Tripulante Comercial da Delta Airlines durante a coleta de latas de alumínio.

Fonte: Delta Airlines, 2017.

Além de promover a iniciativa da coleta seletiva, a Delta Airlines reintroduz em seu serviço de bordo parte do material reciclado: o cardápio é constituído de papel reciclado e impresso com tinta à base de soja, as refeições e bebidas são servidos em recipientes descartáveis cuja confecção originou-se dos insumos de produtos derivados do milho. A lista de materiais reciclados pela Delta inclui latas de alumínio, copos de bebidas, jornais, garrafas e bandejas plásticas. (DELTA,2017).

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3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A apresentação dos dados resulta da aplicação de um questionário destinado às empresas aéreas Latam Airlines, Gol Linhas Aéreas, Avianca Brasil e Azul Linhas Aéreas.

O questionário utilizado como material de pesquisa poderá ser consultado ao final deste estudo, no campo “Apêndice A”.

Para a melhor apresentação e entendimento dos resultados, o questionário foi estruturado segundo a identificação do voo, tipo de serviço de bordo, composição do serviço de bordo, materiais de apoio, equipamentos de galley, experiência profissional e informações complementares.

O critério pela escolha do voo foi aleatório, ressalva às observações já especificadas anteriormente e coube ao colaborador da pesquisa determinar o trecho a ser analisado.

As declarações contidas no campo “informações complementares” expressam a opinião pessoal do colaborar, podendo estas, não estar com concordância com a opinião do corpo diretivo da empresa.

3.1 LATAM AIRLINES

O grupo Latam Airlines, representado pela fusão entre as empresas LAN Chile e TAM linhas aéreas em 2012, destaca-se pela representatividade comercial no segmento. Com subsidiárias em outros países como Peru, Equador, Chile, Colômbia e Argentina, o grupo divulgou através de seu site oficial um volume de passageiros transportados em 2017 na ordem de 67 milhões, correspondente a mais de 1400 voos diários, números que a qualificam como a maior empresa aérea da América Latina. (LATAM, 2017).

Dada à diversificação dos voos ofertados e em caráter excepcional, este estudo contemplou a análise de dois voos da empresa aérea LATAM, sendo um voo nacional e outro internacional.

A caracterização de um voo internacional de longa duração difere de voo nacional não somente quanto ao volume de lixo produzido, mas também quanto a composição do serviço de bordo e os materiais de apoio.

(41)

3.1.1 Voo Nacional – Manaus / Guarulhos (SP)

O voo em questão trata-se do JJ3041, com origem no Aeroporto Internacional de Manaus – Eduardo Gomes com destino a Guarulhos- Aeroporto Internacional Gov. André Franco Montoro, São Paulo. A aeronave utilizada pertence ao fabricante Airbus Industrie, modelo A320 com capacidade para 174 passageiros.

O questionário foi devidamente preenchido pela comissária chefe Louise Andrade, a mesma declarou estar ciente do propósito da pesquisa e comprometeu-se à exatidão das informações para fins de estudo.

A parte introdutória do questionário contemplava as informações gerais sobre o voo, além de identificar o perfil do colaborador.

Quadro 2- Identificação do voo JJ 3041.

Fonte: Cms. Louise Andrade, 2018.

Por ocasião do período matinal do voo, o serviço oferecido foi o café da manhã. A disponibilidade da refeição a bordo corresponde à demanda do passageiro que o fez no ato da compra da passagem, nova modalidade comercial denominada “Mercado Latam”, característica tipicamente observada em empresas low cost.

Decorridos aproximadamente 35 minutos de voo, iniciou-se o serviço de bordo. Os produtos estavam devidamente embalados e alocados em compartimentos específicos - trolleys. A equipe de comissários utilizava um avental, vestimenta complementar ao uniforme. A disponibilidade dos produtos, bem como o material de apoio, segue como demonstra o quadro dois (2).

Identificação do voo Nome do (a) colaborador (a) Louise Andrade

Função a bordo Comissária

Tipo da aeronave AIRBUS A320

Origem do voo SBEG – MANAUS / EDUARDO GOMES

Destino do voo SBGR – GUARULHOS / SÃO PAULO

Capacidade máx. passageiros 174 Passageiros embarcados 138

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Quadro 3- Composição do serviço de bordo JJ 3041.

Composição do serviço de bordo

Tipo de serviço Café da manhã

Produtos ofertados

Água mineral 10 un. garrafas PET

Café em pó 2 kg.

Refrigerante em lata

15 un. Lanches / Snacks 17 un. Materiais de

apoio Copos plásticos Copos de isopor Guardanapos Talheres de plástico Fonte: Cms. Louise Andrade, 2018.

Figura 13- Bandeja de café da manhã servida a bordo da aeronave:

Fonte: Cms. Louise Andrade, 2018

Decorridos aproximadamente duas (2) horas de voo, a equipe de comissários iniciou o procedimento de coleta dos resíduos. Calçando luvas de plástico descartáveis e avental, a equipe recolheu todo resíduo produzido a bordo, alocando-os em sacos plásticos transparentes sem nenhuma identificação, acondicionados em trolleys para descarte de resíduos em geral.

A configuração da aeronave dispõe de espaços na área de serviço – galleys para a alocação de até 12 trolleys para a utilização de armazenamento de refeições, bebidas, materiais de apoio e lixeira.

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Figura 14 - Trolley para descarte de resíduos em geral.

Fonte: Cms. Louise Andrade, 2018

Figura 15- Imagem dos resíduos coletados ao final do serviço de bordo.

Fonte: Cms. Louise Andrade, 2018

No campo “experiência profissional”, a comissária Louise declarou que a empresa Latam não adota políticas operacionais para estimular a coleta seletiva, tampouco recebeu

(44)

algum treinamento específico para tal. Declarou ainda ter conhecimento sobre o tema e não considera a coleta de resíduos como uma ameaça à integridade física dos profissionais envolvidos.

Como “ informações complementares” Louise declarou:

Consideramos a importância da coleta seletiva a bordo, porém não temos conhecimento do destino final dado aos resíduos/lixo nos aeroportos.

Seria de grande importância para com o meio ambiente a correta separação/reciclagem dos resíduos a bordo através de atitudes que viabilizem o mesmo, como por exemplo, a implementação de lixeiras com compartimentos separados para o lixo orgânico / reciclável.

3.1.2 Voo Internacional – Frankfurt / Guarulhos-SP

O voo JJ8071 teve origem no Aeroporto Internacional de Frankfurt-Alemanha com destino ao Aeroporto Internacional Gov. André Franco Montoro, em Guarulhos-São Paulo.

A aeronave, um Boeing 777 -300ER com capacidade para 379 passageiros possui dois (2) corredores laterais ao longo de duas (2) classes de assentos; econômica e executiva, além de quatro (4) estações de comissários - galleys, configuração típica de aeronaves wide bodies.

A comissária Chefe Mari Mendonça foi a responsável pela exatidão das informações prestadas e declarou estar ciente do propósito do estudo. O quadro a seguir refere-se a identificação do voo em questão:

Quadro 4 - Identificação do voo JJ 8071

Fonte: Cms. Mari Frigério, 2018.

Identificação do voo Nome do (a) colaborador (a) Mari Mendonça

Função a bordo Comissária.

Tipo da aeronave Boeing 777-300ER

Origem do voo EDDF- FRANKFURT

Destino do voo SBGR – GUARULHOS / SÃO PAULO

Capacidade máx. passageiros 379 Passageiros embarcados 312

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O serviço de catering na origem foi de responsabilidade da empresa Gate gourmet. Em voos internacionais de longa duração, o serviço de bordo contempla variados tipos de refeições, no voo em questão o serviço oferecido compreendia o jantar e o café da manhã.

Figura 16- Chegada da equipe de comissaria (catering) de Frankfurt na aeronave:

Fonte: Aero Ícarus, 2012

Figura 17 – Entrada dos trolleys. JJ 8071.

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Outra particularidade de um voo internacional com classe de assentos segmentada é a disponibilização de louças de porcelana, garrafas, copos e taças de vidros como material de apoio ao serviço de bordo, exclusivamente observado na classe executiva. Para as opções de entretenimento a bordo, destaca-se o vultoso número de exemplares de jornais e revistas disponibilizados aos passageiros da classe executiva, dentre outras opções de entretenimento digital.

Figura 18 - Classe executiva: Xícaras, taças e copos de vidro. JJ 8071.

(47)

A introdução do serviço de bordo iniciou-se 25 minutos após o horário de decolagem com a opção do jantar. Decorridos exatos 1h50min de voo, o serviço de bordo havia sido concluído e o deu-se início ao processo de coleta dos resíduos. Toda a equipe de comissários utilizava um avental complementar ao uniforme de trabalho e calçavam luvas de plástico durante a coleta. Apesar do volume de resíduos produzidos a bordo, não se observou distinção entre os trolleys de lixeira, quanto à identificação dos materiais coletados ou alguma simbologia em alusão à prática de coleta seletiva. O serviço subsequente, café da manhã, transcorreu com a mesma dinâmica. A composição do serviço de bordo poderá ser observada na tabela abaixo:

Tabela 1– Composição do serviço de bordo JJ8071. Jantar e Café da manhã.

*Valor aproximado.

Fonte: Cms. Mari Mendonça, 2018.

A distribuição em percentuais da totalidade das bebidas embarcada na aeronave poderá ser melhor visualizada no gráfico a seguir.

Material de apoio Qtde.

Copos plásticos 305 Copos de isopor 243 Copos de vidro 51 Taças de vidro 39 Xícaras de porcelana 87 Pratos de porcelana 91 Potes de porcelana 91 Pratos de plástico 612 Talheres de plástico (kit) 310 Talheres de metal (kit) 83 Guardanapos de tecido 86 Guardanapos de papel 500* Refeições Qtde. Classe econômica 117 Classe executiva 52 Total 61 Bebidas Qtde. Garrafas de água 1,5L 117 Garrafas de refrigerante 1,5L 52 Suco de caixinha 61 Leite de caixinha 1L 7 Latas de refrigerante 91 Latas de cerveja 46

Garrafas de bebidas alcoólicas 38

(48)

Gráfico 2 – Distribuição de bebidas embarcadas no voo JJ 8071

Fonte: O autor.

Gráfico 3 – Distribuição do material de apoio do voo JJ 8071.

Fonte: O autor.

A figura 18 apresenta as opções de jantar oferecidos a bordo da aeronave, observa-se que bandeja da classe executiva é composta em sua maioria de louças de cerâmica, material reutilizável após devida higienização. A opção oferecida à classe econômica, por sua vez, destaca-se pela composição de produtos em embalagens plásticas.

Distribução do material de apoio voo JJ 8071.

Copos plásticos Copos de isopor Copos de vidro

Taças de vidro Xícaras de porcelana Pratos de porcelana Potes de porcelana Pratos de plástico Talheres de plástico (kit) Talheres de metal (kit) Guardanapos de tecido

28% 13% 15% 2% 22% 11% 9%

Distribuição de bebidas voo JJ 8071

Garrafa de água 1,5L Garrafa de refrigerante 1.5L Suco de caixinha Leite de caixinha 1L Latas de refrigerante Latas de cerveja Garrafas de bebidas alcoólicas

Referências

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