• Nenhum resultado encontrado

Política educacional para o ensino médio da rede estadual do Piauí : limites do atendimento e das condições de oferta para a garantia do direito à educação no contexto do FUNDEB

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Política educacional para o ensino médio da rede estadual do Piauí : limites do atendimento e das condições de oferta para a garantia do direito à educação no contexto do FUNDEB"

Copied!
281
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO

SAMARA DE OLIVEIRA SILVA

POLÍTICA EDUCACIONAL PARA O ENSINO MÉDIO NA REDE ESTADUAL DO PIAUÍ: LIMITES DO ATENDIMENTO E DAS CONDIÇÕES DE OFERTA PARA A GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DO FUNDEB

CAMPINAS (SP) 2019

(2)

SAMARA DE OLIVEIRA SILVA

POLÍTICA EDUCACIONAL PARA O ENSINO MÉDIO NA REDE ESTADUAL DO PIAUÍ: LIMITES DO ATENDIMENTO E DAS CONDIÇÕES DE OFERTA PARA A GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DO FUNDEB

Tese de Doutorado, apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Doutora em Educação, na área de concentração de Educação.

ORIENTADOR: PROFA. DRA. THERESA MARIA DE FREITAS ADRIÃO

ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO SAMARA DE OLIVEIRA SILVA, E ORIENTADO PELA PROFA. DRA. THERESA MARIA DE FREITAS ADRIÃO.

CAMPINAS (SP) 2019

(3)
(4)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO

TESE DE DOUTORADO

POLÍTICA EDUCACIONAL PARA O ENSINO MÉDIO NA REDE ESTADUAL DO PIAUÍ: LIMITES DO ATENDIMENTO E DAS CONDIÇÕES DE OFERTA PARA A GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DO FUNDEB

Autora: Samara de Oliveira Silva

COMISSÃO JULGADORA:

Profa. Dra. Theresa Maria de Freitas Adrião

Prof. Dr. Juca Pirama Camargo Gil

Prof. Dr. Luís Carlos Sales

Prof. Dr. Rubens Barbosa de Camargo

Profa. Dra. Cássia Alessandra Domiciano

A Ata da Defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa de Pós-graduação em Educação da Faculdade de Educação.

(5)

Dedicatória

"A todos os educadores comprometidos com a luta pelo Direito à Educação Pública."

(6)

AGRADECIMENTOS

A elaboração de uma Tese não é uma tarefa solitária, como pode parecer à primeira vista. Muitas são as pessoas ao longo do processo que contribuem de formas distintas desde a seleção do doutorado ao término do curso. Chegar ao final desse trabalho só foi possível pela solidariedade e companheirismo de muitas pessoas. Cada uma delas contribuiu e participou de alguma forma na concretização desta Tese. A elas meu agradecimento. A solidariedade, o desprendimento, o entusiasmo e a força que demonstraram nesse processo, fortalecem a amizade e as nossas lutas.

A oportunidade de estudar na Universidade Estadual de Campinas -UNICAMP (o curso de doutorado) foi ímpar, pela história da instituição e, sobretudo, pelo aprendizado e convivência com docentes e discentes que continuam tendo paixão pelo conhecimento e compromisso com a luta social. Poder compartilhar da companhia da minha orientadora, a professora Dra. Theresa Maria de Freitas Adrião, é enriquecedora. A sua gentileza, carinho, compreensão, firmeza, organização, sua sensibilidade, generosidade e dedicação ao trabalho. As disciplinas cursadas em diferentes centros de estudos, no Instituto de Economia e na Faculdade de Educação da Unicamp, na FEUSP da Universidade de São Paulo, foram momentos de reflexão e acúmulo de conhecimentos. A participação no Grupo de Estudos e Pesquisas em Política Educacional (GREPPE-UNICAMP) e no meu Núcleo de Estudos e Pesquisas em Políticas e Gestão da Educação (NUPPEGE- UFPI), possibilitou o convívio com diferentes visões de mundo, temáticas de estudos, mas com um objetivo comum, a compreensão das políticas educacionais, em especial as de financiamento da educação.

Agradeço a Deus, pela vida e pela força de continuar buscando realizar os sonhos.

Agradeço a minha família, por compreender a importância do meu processo de formação e ausência decorrente deste processo formativo, sempre me incentivando e apoiando, especialmente meus pais, irmãos e sobrinhos.

Agradeço a minha orientadora Profa. Dra. Theresa Maria de Freitas Adrião pela generosidade, apoio, incentivo e leitura cuidadosa, apoio na produção da presente Tese, e pelo permanente incentivo e amizade.

Gratidão, em seu sentido pleno aos amigos e amigas do GREPPE e da Unicamp, representados pela Egle, Cássia, Elisangela, Maria Lúcia Ceccon, Grabriela Ramos, Fábio,

(7)

Andrey, Dayanne, Luciana Galzerano, Luciane Muniz, Flávia e Kátia Aparecida e todos que me acompanharam nessa etapa de formação, por todo apoio e amizade.

Gratidão a Maria Aparecida Lopes, que fez a leitura cuidadosa e dedicada do trabalho. Sempre me motivando com sua força e experiência nesse processo de trabalho da redação da Tese.

Agradeço, ainda:

Às professoras Rosana Evangelista da Cruz e Maria do Socorro Lages de Carvalho pela generosidade, apoio, incentivo e leitura cuidadosa da presente Tese, cujas contribuições foram incorporadas neste trabalho. Também às professoras Maria do Carmo Alves do Bomfim, ao meu orientador do Mestrado Luís Carlos Sales, pelo permanente incentivo e amizade.

Aos amigos do Curso de Doutorado da Unicamp, Ângela Goncalves (UFAM), Lucelma Braga (UFMA), Sandra (UFMA) Sandra (UFAM), Leonardo Davi companheiro de trabalho na UESPI e Nathali Ciarline (UFSCAR) e a turma do grupo Baião Norte e Nordeste.

Agradeço especialmente, aos membros do GREPPE que me acolheram e contribuíram com minha formação no tempo em que estive em Campinas. As professoras e professores com as quais convivi na Unicamp que me apoiaram nessa caminhada, com gratidão à Luciane Muniz (Unicamp), Teise Garcia e José Marcelino Resende Pinto (USP-Ribeirão Preto).

Agradeço aos membros da minha banca de exame de qualificação e Defesa com a partilha da experiência, apoio e orientação para o desenvolvimento e conclusão da Tese, representada pelos professores pesquisadores Prof. Dr. Luís Carlos Sales, Prof. Dr. Juca Pirama Camargo Gil, Prof. Dr. Rubens Barbosa Carmargo e Profa. Dra. Cássia Alessandra Domiciano Pellisson e na partilha cotidiana as professoras Rosana Evangelista da Cruz e Lucineide Barros Medeiros, imensa gratidão.

Aos amigos do NUPPEGE pela parceria no esforço de construção de conhecimento e de incidência sobre as políticas educacionais no Piauí.

Aos meus amigos de trabalho e da vida que sempre me apoiaram e incentivaram a buscar essa formação, especialmente à Edmara Castro, Lucine Vasconcelos, Marina Gleika Soares, Lucineide Santos Soares, Lucineide Barros, Socorro Silva, Mateus O`Sullivan, José Illica, Cristina Araújo, Marly Clementino, Magna Sales, Osmarina Moura, Samara Viana, Jesus Duarte, Elionáira Sá, Antonio Ferreira, Daniel Cara, Edna Nascimento, Carmen Lima, Jullyane Frazão, Socorro Santana, Socorro Silva, Juliana Brito.

(8)

Aos funcionários e funcionárias da Unicamp, pelo apoio e orientações para desenvolver à conclusão deste trabalho.

Aos setores da SEDUC-PI e TCE-PI, por terem disponibilizado os dados para essa pesquisa.

Às companheiras e companheiros das lutas pela Educação Pública no coletivo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação (nacional e comitê Piauí), por todo o aprendizado constante da solidariedade de classe e a paciência histórica na construção de novos caminhos.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Piauí (FAPEPI), pelo o apoio.

À Universidade Estadual do Piauí (UESPI) por garantir o direito de afastamento para que os docentes possam se qualificar, para melhor desenvolver o ensino, a pesquisa e à extensão em nossa universidade.

Aos discentes e egressos do curso de Pedagogia da UESPI de Parnaíba, pelo estímulo e força constante nesse processo, representados pela Carine Gomes, Fernanda, Jordana e o querido amigo Murilo e Alan.

Aos meus colegas de trabalho e lutas da Universidade Estadual do Piauí do Campus de Parnaíba, Winston, Yuri Holanda, Jonas Henrique, Sorayne, Sueli Lopes, Valdeney Lima, Clodson Santos, Fabricia Teles e todos os docentes e discentes do Curso de Pedagogia de Parnaíba, da rede estadual de educação do Estado do Piauí e municipal de Teresina que me apoiaram e acpmpanharam essa jornada.

(9)

RESUMO

SILVA, Samara de Oliveira. Política educacional para o ensino médio na rede estadual do Piauí: limites do atendimento e das condições de oferta para a garantia do direito à educação no contexto do FUNDEB. 2019. 315f. Tese (Doutorado) - Universidade de Campinas, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Campinas-SP, 2019.

A pesquisa intulada Política Educacional para o Ensino Médio na rede Estadual do Piauí: limites do atendimento e das condições de oferta para a garantia do direito à educação no contexto do FUNDEB desenvolveu-se no âmbito do Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Educacionais (Greppe/Unicamp). Adotamos como objetivo geral compreender as mudanças que ocorreram no atendimento e nas condições de oferta do ensino médio na rede estadual de educação do Piauí, após a instituição do FUNDEB, no período de 2007 a 2017. Os objetivos específicos foram da seguinte forma delineados: a) caracterizar o modelo de financiamento da educação no Brasil desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, no cenário das desigualdades educacionais; b) analisar a política de atendimento do Ensino Médio público na rede estadual do Piauí, considerando as matrículas, as taxas líquidas e brutas de atendimento, a formação de professores, a estrutura fisica das escolas e as condições de oferta, de 2007 a 2017; c) investigar o financiamento da educação na rede estadual do Piauí no período de 2007 a 2017; d) mapear as políticas voltadas ao ensino médio desenvolvidas pela rede Estadual de Educação do Piauí no período analisado. O ensino médio ganhou destaque nas políticas educacionais brasileiras após a aprovação da Emenda Constitucional n° 59/2009, que ampliou a obrigatoriedade escolar para a população de quatro a 17 anos de idade, impondo novos desafios ao poder público frente à demanda por sua universalização, inclusive no que se refere ao financiamento. Especificamente, pretendeu-se caracterizar o modelo de financiamento da educação no Brasil desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, no cenário das desigualdades educacionais; analisar a política de atendimento do Ensino Médio público na rede estadual do Piauí, considerando as matrículas, as taxas líquidas e brutas de atendimento, a formação de professores, a estrutura fisica das escolas e as condições de oferta; investigar o financiamento da educação na rede estadual do Piauí no período de 2007 a 2017; e mapear as políticas voltadas ao ensino médio desenvolvidas pela rede Estadual de Educação do Piauí no período analisado. A abordagem metodológica adotada foi de natureza qualitativa e quantitativa, com base em pesquisa documental, mediante adoção de fontes primárias e secundárias relacionadas a dados socioeconômicos, educacionais, receitas e despesas da educação do Piauí. O referencial teórico teve como referências centrais autores como Marx (1985a), Pochmann (2015), Adrião (2007; 2015) Oliveira (2007), Pinto (2007; 2011;2018), Davies (2007), entre outros. Os resultados indicam que o modelo de financiamento da educação adotado no Brasil após a instituição do FUNDEB, foi favorável ao Ensino Médio, contribuindo para o aumento do atendimento na rede estadual do Piauí. Ainda no que tange ao financiamento, na rede investigada foram desenvolvidos vários programas e projetos em parceira com o governo federal, com a iniciativa privada e com entidades da sociedade civil, revelando, por um lado, a colaboração intergovernamental, e, por outro, o avanço no processo de inserção da lógica mercantil na oferta do ensino médio mediante processos de parcerias público-privadas. As condições de oferta melhoram no período analisadado, embora aquém das necessidades para a garantia do pleno direito à educação, o qual depende da revisão do padrão de financiamento e da instituição do custo-aluno qualidade, conforme previsto o Plano Nacional de Educação. Inicialmente tínhamos a hipótese de que, não obstante as desigualdades estruturais presentes na sociedade brasileira, que também se expressam no setor educacional, o modelo de

(10)

financiamento estatal implementado pelo FUNDEB, como política de financiamento da educação que avançou em relação ao Fundo anterior, ao incluir as demais etapas e modalidades de ensino, impactou positivamente no atendimento do Ensino Médio na rede estadual de educação do Piauí, expresso na ampliação do número de matrículas, no aumento da taxa de atendimento e na melhoria das condições da oferta. No entanto, o trabalho revelou que não houve o impacto esperado, principalmente em relação ao número de matrículas, que, efetivamente, declinaram no período em análise. No entanto, em relação às taxas de atendimento, houve manutenção da taxa bruta e o crescimento efetivo da taxa líquida, como expresso anteriomente. Em relação às condições de oferta, em geral, houve melhoria, embora aquém do necessário para o alcance do padrão de qualidade.

Palavras-chave: Política Educacional. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Financiamento da Educação.

(11)

ABSTRACT

SILVA, Samara de Oliveira. Educational policy for high school in the state network of Piauí: limits of service and conditions of supply to guarantee the right to education in the context of FUNDEB. 2019. 315f. Tese (Doutorado) - Universidade de Campinas, Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Campinas-SP, 2019.

The research that is being presented Educational policy for high school in the state network of Piauí: limits of service and conditions of supply to guarantee the right to education in the context of FUNDEB was developed within the Group of Studies and Research in educational policies (Greppe/Unicamp). We adopted as the general objective to understand the changes that occurred in the attendance and in the conditions of supply of high school education in the state Education network of Piauí, after the institution of FUNDEB, in the period 2007 to 2017. The specific objectives were outlined as follows: a) to characterize the education financing model in Brazil since the promulgation of the Federal Constitution of 1988, in the scenario of educational inequalities; b) to analyze the policy of attendance of public secondary education in the state network of Piauí, considering enrollment, net and gross rates of attendance, teacher training, physical structure of schools and conditions of supply, from 2007 to 2017; c) To investigate the financing of education in the state network of Piauí in the period from 2007 to 2017; d) to map the policies aimed at secondary education developed by the state Education network of Piauí during the period analyzed. High school education gained prominence in Brazilian educational policies after the approval of the constitutional Amendment No. 59/2009, which expanded the compulsory school for the population from four to 17 years old, imposing new challenges to the public power in the face of demand for its universalisation, including what refers to financing. Specifically, it was intended to characterize the education financing model in Brazil since the promulgation of the Federal Constitution of 1988, in the scenario of educational inequalities; To analyze the policy of attendance of public secondary education in the state network of Piauí, considering enrollment, net and gross rates of attendance, teacher training, physical structure of schools and conditions of supply; To investigate the financing of education in the state network of Piauí in the period from 2007 to 2017; and to map the policies aimed at secondary education developed by the state Education network of Piauí during the period analyzed. The methodological approach adopted was qualitative and quantitative, based on documentary research, through the adoption of primary and secondary sources related to socio-economic data, educational, income and expenses of education in Piauí. The theoretical framework had as main references authors such as Marx (1985a), Pochmann (2015), Adrião (2007; 2015) Oliveira (2007), Pinto (2007; 2011; 2018), Davies (2007), among others. The results indicate that the education financing model adopted in Brazil after the institution of FUNDEB was favorable to high school education, contributing to the increase of attendance in the state network of Piauí. In relation to funding, several programs and projects were developed in partnership with the federal government, with the private initiative and with civil society entities, revealing, on the one hand, intergovernmental collaboration, and, on the other hand, the advance in the process of insertion of mercantile logic in the provision of high school education through public-private partnerships processes. The conditions of supply improve in the period analyzed, although it is below the needs to guarantee the full right to education, which depends on the revision of the standard of financing and the establishment of cost-student quality, as foreseen by the National Plan of Education. Initially we had the hypothesis

(12)

that, despite the structural inequalities present in Brazilian society, which are also expressed in the educational sector, the state financing model implemented by FUNDEB, as a policy of financing the Education that advanced in relation to the previous fund, by including the other stages and modalities of teaching, positively impacted the high school attendance in the state Education network of Piauí, expressed in the expansion of the number of enrollments, in the increase in the rate of improvement of supply conditions. However,the work revealed that there was no expected impact, especially in relation to the number of enrollments, which, effectively, declined during the period under analysis. However, in relation to the attendance rates, there was maintenance of the gross rate and the effective growth of the net rate, as expressed anteriomente. Regarding the conditions of supply, in general, there was improvement, although short of the necessary for the achievement of the quality standard.

Keywords: Educational Policy. Fund for Maintenance and Development of Basic Education and appreciation of Education Professionals (FUNDEB). Education Financing.

(13)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Teses e dissertações sobre o financiamento do Ensino Médio nas

Redes Estaduais - 2006 a 2016 27

Quadro 2 - Artigos Publicados sobre a Temática Financiamento do Ensino Médio em Revistas A1 – Educação de 2006 a 2017. 30 Quadro 3 - Estudos Desenvolvidos sobre a Mensuração da Desigualdade na

Região Nordeste 48

Quadro 4 - Garantias do Direito à Educação na CF de 1988 (Texto

Atualizado) 76

Quadro 5 - A responsabilidade do Estado para com a Educação Pública 77 Quadro 6 - Situação das Metas de Atendimento da Educação Básica no PNE (2014-2024) 88 Quadro 7 - Vinculação de Recursos nas Constituições Brasileira 93

Quadro 8 - Estados do Brasil com Vinculações Superiores ao Mínimo

Constitucional 96

Quadro 9 - Origem dos Recursos do FUNDEB 106

Quadro 10 - Receita Total do Fundeb 2017 (Estados, Munícipios e União) 113

Quadro 11 - Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi) 124

Quadro 12 - Conceitos Gasto/Aluno X Custo Aluno-Qualidade. 125 Quadro 13 - Municípios piauienses por Territórios de Desenvolvimento - Piauí 162 Quadro 14 Municípios piauienses por Territórios de Desenvolvimento – Piauí 163 Quadro 15 Governadores e Secretários de Educação do Piauí no período de

2006 a 2017 164

Quadro 16 Gerências Regionais de Educação do Piauí e Número de Escolas

(1ª a 8ª) 177

Quadro 17 Gerências Regionais de Educação do Piauí e Número de Escolas

(9ª a 16ª) 178

Quadro 18 Gerências Regionais de Educação do Piauí e Número de Escolas

(17ª a 21ª) 179

Quadro 19 Quadro 19: Programas e Projetos Desenvolvidos pela SEDUC-PI

para o Ensino Médio Regular 197

Quadro 20 Programas e Projetos Desenvolvidos pela SEDUC-PI para o Ensino Médio Regular em Parceria Público – Privado. 199 Quadro 21 Programas e Projetos Desenvolvidos pela SEDUC-PI para o

Ensino Médio Regular em parceria com Entidades Sociais. 201 Quadro 22 Matrículas do Ensino Médio por Dependência Administrativa 204

(14)

Quadro 23

Composição dos Indicadores da Qualidade da Infraestrutura Escolar propostos no estudo das Escolas de Ensino Médio Regular.

230

Quadro 24

Quadro 24: Implantação de TELESSALAS para Oferta do Ensino Médio Regular na Rede Estadual de Educação do Piauí (2007 a 2017)

(15)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Receitas Fiscais do PIB nos Países Ricos (1870 a 2010) 53 Gráfico 2 - Disponibilidade de recursos por criança ou jovem em idade

escolar (US$ PPP) 2013-2015 59

Gráfico 3 - Efeitos da PEC 241 na Vinculação da União dos Recursos da

Educação 60

Gráfico 4 - Evolução das Matrículas da Educação Básica no Fundef/Fundeb

(Milhões) – Brasil 90

Gráfico 5 - Efeitos da PEC 241 na Vinculação da União dos Recursos da

Educação 111

Gráfico 6 - Evolução das Matrículas Pública na Educação Básica por

Dependência de 2005 a 2018. 112

Gráfico 7 - Valor Aluno Nacional no Fundeb 2017 – Brasil 114 Gráfico 8 - Receitas do FUNDEB 2007 a 2018 (Valores R$) – Brasil 114 Gráfico 9 - Piauí localização das Ensino Médio Regular por GREs (2017) 167

Gráfico 10 -

Percentual do número de Estabelecimentos da Educação Básica por Dependência Administrativa no Piauí em 2017. 173 Gráfico 11 - Composição das Receitas de Impostos (Piauí 2006-2016) 186 Gráfico 12 - Aplicação do valor mínimo Constitucional em MDE - Piauí 187 Gráfico 13 - Complementação da União ao Fundo Estadual (Valores Reais) 190 Gráfico 14 - Perda do Fundeb da Rede Estadual – Piauí (2007-2017) 191 Gráfico 15 - Evolução das matrículas do ensino médio, por Dependência

Administrativa, no Piauí, 2006–2017. 206

Gráfico 16 - Oferta da Modalidade de Ensino Médio Regular nos CETs 208 Gráfico 17 - Número da Estabelecimentos do Ensino Médio Regular Piauí 210 Gráfico 18 - Evolução do IDEB nas Escolas de Ensino Médio Regular 215

Gráfico 19 -

Resultado da Avaliação do SAEPI – Ensino Médio Regular Rede

Estadual –Piauí 220

Gráfico 20 -

Taxa de Distorção Idade-Série no Ensino Médio Regular Brasil -

Nordeste – Piauí (2007 a 2017). 221

Gráfico 21 -

Taxa de Distorção Idade-Série no Ensino Médio Regular Brasil

(16)

Gráfico 22

Taxa de Reprovação, Abandono e Aprovação - Ensino Médio Regular –Brasil, Nordeste e Rede Estadual Piauí – 2017 (Série História)

224

Gráfico 23

Formação de Professores do Ensino Médio Urbano da Rede

Estadual do Piauí 242

Gráfico 24 Piauí - Formação de Professores do Ensino Médio Regular Rural

(17)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Recursos disponíveis do PIB e Gasto Aluno no Brasil, Suiça,

Canadá e Corréia (2017) 58

Figura 2 - Distribuição do IGE por município dos Estados da Região

Nordeste (2010) 66

Figura 3 - Índice de Gini Educacional (IGE), Maranhão e Piauí (2010) 67 Figura 4 - Cálculo do Custo-Aluno Qualidade Inicial anual do Ensino

Médio em Tempo parcial (2017) 129

Figura 5 - Territórios de Desenvolvimento 2019 - Piauí 161 Figura 6 - Organograma Administrativo da rede estadual de educação 175 Figura 7 - Piauí - Estrutura organizacional das GREs, por territórios 180

(18)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Índice de Gini Educacional, Região Nordeste, 2010 64

Tabela 2 - Implementação gradativa do FUNDEB 107

Tabela 3 - Evolução das ponderações do FUNDEB – 2007 a 2017 117

Tabela 4 - Valor Aluno Ano Fundeb e CAQ 126

Tabela 5 - Gasto-aluno nas redes estaduais e municipais (R$) – 2017 131 Tabela 6 - Matrículas no Ensino Médio Regular, por Dependência

Administrativa - Brasil (2007 - 2017) 152

Tabela 7 - Matrículas no Ensino Médio Regular, por Dependência

Administrativa - Nordeste (2007 -2017) 153

Tabela 8 - População jovem no Piauí segundo Faixa Etária – 2017- Piauí 157 Tabela 9 - População de 15 a 29 anos segundo Ocupação, 2017 – Piauí 158 Tabela 10 - Taxa de Escolarização Bruta e Líquida da população Piauiense

de 15 a 17 anos 168

Tabela 11 - Matrículas da Educação Básica por Etapa e Modalidades - Piauí 169 Tabela 12 - Número de Estabelecimentos da Educação Básica Piauí 2006 a

2017 171

Tabela 13 - Composição das Receitas de Impostos (Piauí 2006-2016) 186 Tabela 14 - % de Aplicação de recursos de impostos e transferências em

MDE 187

Tabela 15 - Informações Orçamentárias do Estado do Piauí, 2007 – 2017, valores atualizados pelo INPC (dez. de 2017) 189 Tabela 16 - Subfunções Típicas em MDE –Rede Estadual do Piauí 194 Tabela 17 - Número da Estabelecimentos do Ensino Médio Regular Piauí 209 Tabela 18 - Distribuição de professores da Rede Pública Estadual de Ensino

do Piauí, por titulação 212

Tabela 19 - Resultado do IDEB do Ensino Médio Regular - Brasil, Nordeste

e Piauí 214

Tabela 20 - Taxa de reprovação, aprovação e abandono -Piauí e Brasil por

(19)

Tabela 21 - Estrutura Predial das Escolas de Ensino Médio Urbano e Rural

da Rede Estadual – Piauí (2007 a 2016). 233

Tabela 22 - Infraestrutura Básica das Escolas de Ensino Médio Regular Urbano e Rural da Rede Estadual – Piauí (2007 a 2016). 235

Tabela 23 - Tabela 23: Existência de Equipamentos Apoio Pedagógico – Escolas Urbana e Rural do Ensino Médio Regular – Rede Estadual –Piauí

237

Tabela 24 - Existência de Estrutura de Apoio Pedagógico – Escolas Urbana e Rural do Ensino Médio Regular – Rede Estadual –Piauí 238 Tabela 25 - Adequação das Escolas ao Ensino Médio Regular Urbano e Rural

e da estrutura da escola aos estudantes com Necessidades

Especiais – Rede Estadual do Piauí 239

Tabela 26 - Formação de Professores do Ensino Médio da Rede Estadual do

(20)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADHB Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

ANPAE Associação Nacional de Política e Administração da Educação BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

BM Banco Mundial

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CAQ Custo Aluno-Qualidade

CAQi Custo Aluno-Qualidade Inicial

CF Constituição Federal

CLADE Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação

CEE Conselho Estadual de Educação

CNE/CEB Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

DOE Diário Oficial do Estado

EC Emenda Constitucional

EJA Educação de Jovens e Adultos

EPT Educação para Todos

EUA Estados Unidos

FAPEPI Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí

FASFIL Fundações Privadas e Associações Sem Fins Lucrativos no Brasil

FHC Fernando Henrique Cardoso

FIES Programa de Financiamento Estudantil

FMI Fundo Monetário Internacional

FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação

FUNDEF Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério

FINEDUCA Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação GREPPE

IE

Grupo de Estudos e Pesquisa em Políticas Educacionais Instituto de Economia da Unicamp

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IQE Instituto Qualidade do Ensino

LDB Lei de Diretrizes e Base da Educação MARE

MDE

Ministério da Administração e Reforma do Aparelho do Estado Manutenção e Desenvolvimento de Ensino

MEC Ministério da Educação

NEPES Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação e Sociedade NICHD

NUPPEGE

National Academy of Sciences

Núcleo de Estudos e Pesquisas em Políticas Educacionais e Gestão da Educação

OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico OIT Organização Internacional do Trabalho

(21)

OMC Organização Mundial de Comércio

ONG Organização não governamental

OSC Organizações da Sociedade Civil

PDRAE O Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PNE Plano Nacional de Educação

PNLD Programa Nacional do Livro Didático

PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego PSDB Partido de Social Democracia Brasileira

PSPN PT

Piso Salarial Profissional Nacional Partido dos Trabalhadores

RBPAE Revista Brasileira de Política e Administração da Educação RED ESTRADO Rede Latino Americana de Estudos sobre o Trabalho Docente SAEB Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica

SAM Semana da Ação Mundial

SCIELO Scientific Electronic Library Online

SEDUC Secretaria Estadual de Educação do Piauí SEPLAN

SIOPE

Secretaria do Planejamento do Estado do Piauí

Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação

TCE Tribunal de Contas do Estado

UESPI Universidade Estadual do Piauí

UFPI Universidade Federal do Piauí

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

(22)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 23

2 O DIREITO À EDUCAÇÃO NO BRASIL E AS DESIGUALDADES

EDUCACIONAIS

39

2.1 Fatores estruturais das desigualdades 39

2.2 Aspectos gerais sobre as Desigualdades educacionais 46 2.3 O papel do Estado frente às desigualdades educacionais 68

2.4 O direito à educação no Brasil 74

3 O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 92

3.1 Marcos históricos da vinculação dos recursos para a educação no Brasil 92 3.2 O financiamento da educação no marco legal brasileiro pós Constituição

Federal de 1988 – avanços e retrocessos

94 3.3 O Fundo de Manutenção e desenvolvimento da educação básica e de

valorização dos profissionais da educação

104 3.4 O Custo Aluno Qualidade da Educação Pública no Brasil em debate 119

4 PANORAMA GERAL: O ENSINO MÉDIO NO CONTEXTO

POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL

124 4.1

4.2

Políticas Educacionais para o Ensino Médio no Brasil, pós instituição do Fundeb

Atendimento Educacional do Ensino Médio no Brasil: desafios para expansão

124 148

5 POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DO ENSINO MÉDIO PÚBLICO

NO ESTADO DO PIAUÍ

155

5.1 Desigualdades Educacionais no Estado do Piauí 155

5.1.1 A Política Estadual de Educação para o Ensino Médio no Piauí 165

5.2 A realidade Educacional do Estado do Piauí 168

5.3 A Organização do Sistema Estadual de Educação Piauiense 173 5.4 Financiamento da Educação na rede Estadual de Educação do Piauí 182 5.5

5.6

A Política Estadual de Educação para o Ensino Médio Caracterização da Oferta do Ensino Médio no Piauí

194 203 5.7 O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) do Ensino

Médio Regular da Rede Estadual de Educação do Piauí.

213

5.8 As condições de oferta do ensino médio no Piauí 224

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 245

(23)

1 INTRODUÇÃO

A desigualdade social é, historicamente, um fenômeno típico das sociedades de classes, contudo, a partir do capitalismo, esse fenômeno adquire patamares de complexificação inéditos, haja vista que se assenta na contradição imanente do processo de reprodução do capital. Esse novo patamar da produção social dos homens não permite à humanidade a eliminação da desigualdade social e da pobreza, por isso a lógica de expansão e de acumulação do capital alcança patamares cada vez mais adensados.

O desafio de aprofundar a compressão a respeito do fenômeno das desigualdades sociais, econômicas e educacionais no Brasil ganha força, especialmente em razão de políticas nacionais e regionais implementadas nas últimas décadas que, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), amenizaram os indicadores da desigualdade total no país (BRASIL, 2018). Contudo, ao considerar as especificidades regionais, o Norte e o Nordeste se destacam pelos índices elevados de pobreza e exclusão, especialmente quando comparadas com o Sul e Sudeste do país.

Os indicadores sociais, econômicos e educacionais, das bases de dados do IBGE e INEP, revelam a predominância de uma intensa desigualdade na região Nordeste, entre os seus Estados, microrregiões e municípios. Contudo, em termos educacionais, para a primeira década do século XXI, alguns dados sociais apontam que as desigualdades têm diminuído gradativamente, especialmente nos Estados do Piauí, Alagoas e Maranhão, decorrente de programas de desconcentração de renda (IPEA, 2017).

A diminuição das desigualdades também tem relação com a educação, direito humano básico reconhecido internacionalmente, cujo acesso está diretamente relacionado à melhoria da qualidade de vida das pessoas, em diferentes contextos sociais e econômicos. Ademais, autores como Barros, Henriques e Mendonça (2000) sustentam que a educação é essencial para fomentar o crescimento econômico e reduzir a desigualdade e a pobreza, portanto fator de sustentabilidade do desenvolvimento econômico.

No Brasil, a partir da década de 1990, observaram-se avanços expressivos na expansão educacional em todos os Estados. Neste período, o ensino fundamental foi praticamente universalizado e houve uma significativa expansão no ensino médio, sendo que metade da geração nascida na década de 1980 chegou a ingressar nesta etapa de ensino

(24)

(MENEZES-FILHO, 2008). Essa conquista se deve à aprovação da Constituição Federal de 1988, que assegura o dever do Estado de ofertar, gratuitamente, a educação, definindo as responsabilidades dos Estados e dos municípios com as diferentes etapas da educação básica. O ensino médio ganhou destaque com a aprovação da Emenda Constitucional n° 59/2009, por conta da ampliação da obrigatoriedade escolar para a população de quatro a 17 anos de idade, impondo novos desafios ao poder público frente à demanda por sua universalização, implicando em questões relacionadas ao financiamento. Os principais marcos legais que orientam o financiamento da Educação Básica no Brasil são a Constituição Federal de 1988; a Lei n° 9.394/96, que institui as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e a Lei nº 11.494/2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). O Plano Nacional de Educação, Lei nº 13.005/2014, importante referência para a política educacional, ainda não foi assumido como marco orientador dos governos, especialmente no que se refere ao financiamento da educação.

O FUNDEB é sucessor do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), que vigorou de 1996 a 2006. Para Pinto (2012), a instituição da política de fundos para o financiamento da educação, inaugurada com o FUNDEF, tinha como fundamento a redução das disparidades entre os gastos dos Estados e dos municípios com o ensino fundamental, em suas respectivas redes, dentro de uma mesma unidade da federação, e entre as diferentes unidades, por meio do complemento da União. No entanto, a complementação da União ao Fundo, essencial para a redução das desigualdades, foi reduzida e inconstante, ocorrendo apenas para alguns fundos estaduais do Norte e, principalmente, do Nordeste.

O FUNDEB, criado pela Emenda Constitucional nº 53/2006, regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, com vigência de 2007 a 2020, amenizou parte dos problemas do Fundo anterior, principalmente por contemplar todas as etapas e modalidades da educação básica e por elevar a participação da União na complementação do Fundo dos Estados que não alçassem o valor mínimo por aluno definido nacionalmente, embora não tenha assegurado condições para uma oferta educacional de qualidade.

A pesquisa que resultou na presente tese, motivada por preocupações relacionadas às desigualdades educacionais e ao direito à educação, foi motivada pela seguinte questão: quais mudanças ocorreram na oferta do ensino médio da rede estadual do

(25)

Piauí no que tange ao movimento das matrículas; à taxa de atendimento; às condições de oferta e ao financiamento dessa etapa da educação básica após a instituição do FUNDEB? Este estudo partiu da hipótese de que, não obstante as desigualdades estruturais presentes na sociedade brasileira, que também se expressam no setor educacional, o modelo de financiamento estatal implementado pelo FUNDEB, como política de financiamento da educação que avançou em relação ao Fundo anterior, ao incluir as demais etapas e modalidades de ensino, impactou positivamente no atendimento do Ensino Médio na rede estadual de educação do Piauí, expresso na ampliação do número de matrículas, no aumento da taxa de atendimento e na melhoria das condições da oferta.

A escolha do tema tem relação com o acúmulo de discussões realizadas no Grupo de Estudos e Pesquisas em Política Educacional (GREPPE)1 da Universidade de Campinas (UNICAMP), no âmbito de projeto de pesquisa nacional, sob a coordenação da orientadora professora Dra. Theresa Maria de Freitas Adrião, dedicado ao mapeamento das estratégias de privatização da educação básica no Brasil no período 2005 a 2015. Com o aporte humano e teórico deste Grupo, foi possível delinear um projeto cujos resultados são apresentados nesta Tese de Doutorado.

A delimitação do tema foi precedida de inventário das produções sobre a política de financiamento do Ensino Médio no Brasil no contexto do FUNDEB. Essa atividade foi motivada pelo entendimento da necessidade de compreensão do Estado das investigações sobre o tema, visando ao diálogo com as pesquisas que abordam a questão no Nordeste brasileiro. O levantamento foi feito em duas bases de dados: o Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Portal de Periódicos da Capes.

Duas definições precederam ao processo de busca: o recorte temporal e a escolha dos descritores2. O recorte temporal contemplou todos os trabalhos produzidos de 2006 a 2016. Já os descritores iniciais foram “financiamento da educação” e “financiamento do ensino médio”, no entanto, como o levantamento trouxe um número excessivo de teses e

1GREPPE é um grupo de pesquisa interinstitucional que agrega pesquisadores de três universidades:

UNICAMP, USP-RP e UNESP-RC. Disponível em: https://greppe.wordpress.com.

2Brandau, Monteiro e Braile informam que uma palavra-chave tornar-se um descritor é necessário que passe por um “rígido controle de sinônimos, significado e importância na árvore de um determinado assunto”, isto porque os descritores “são organizados em estruturas hierárquicas, facilitando a pesquisa e a posterior recuperação do artigo” (2005, p.8).

(26)

dissertações, mais de 400 mil, optou-se por um descritor delimitado, em forma de palavra-chave, qual seja, “financiamento do ensino médio nas redes estaduais”.

O levantamento no Banco de Teses e Dissertações da Capes com o referido descritor culminou em 15 trabalhos, dos quais quatro foram excluídos por abordarem a política de financiamento do Ensino Fundamental ou da Educação Profissional, ou questões específicas relacionadas ao currículo e gestão da educação. Portanto, do levantamento realizado, no período de 2006 a 2016, foram localizadas 11 monografias específicas sobre financiamento do Ensino Médio, sendo nove dissertações e duas teses, conforme quadro 1 a seguir:

(27)

Quadro 1- Teses e dissertações sobre o financiamento do Ensino Médio nas Redes Estaduais - 2006 a 20163

Fonte: Banco de Teses e Dissertações da CAPES, 2017. (Elaboração Própia)

Os trabalhos 1, 2, 3 e 6, conforme resumos, decorrem da pesquisa nacional Ensino Médio Noturno: registro

e análise de experiências, coordenada por Romualdo Portela de Oliveira e Sandra Zákia (Universidade de

São Paulo) e desenvolvida em oito Estados das cinco regiões do país (MS, MG, PA, PB, RN, RS, SC e SP). O projeto de pesquisa, que teve por objetivo investigar as condições que facilitam ou dificultam o desenvolvimento de experiências de ensino de qualidade em escolas de ensino médio noturno, visava subsidiar a formulação e implementação de políticas educacionais. Pesquisa financiada pela Secretaria de Ensino Médio e Tecnológico do Ministério da Educação (SEMTEC/MEC).

Ano Título Autor Instituição

Tipo de curso e área de conhecimento

1. 2006

POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO: CUSTO/ALUNO DE DUAS ESCOLAS DA REDE ESTADUAL DE ENSINO DE MATO GROSSO DO SUL

FERNANDES, SOLANGE JARCEM FUNDAÇÃO U. FEDERAL DE MATO G. DO SUL Mestrado em EDUCAÇÃO 2.

2008 O FINANCIAMENTO DO ENSINO MÉDIO DA REDE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL (1996-2006)

BRAZ, TEREZINHA PEREIRA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Doutorado em EDUCAÇÃO 3.

2009 A POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DO ENSINO MÉDIO PÚBLICO NO PERÍODO DE 1996 A 2006 STEINHORST, CÉZAR UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA Mestrado em EDUCAÇÃO 4. 2010

O FINANCIAMENTO DA ESCOLA GUAICURU: VIVENDO UMA NOVA LIÇÃO PARA O ENSINO MÉDIO DAVILA, JORGE LUIS FUNDAÇÃO U. F. MATO G. DO SUL Mestrado em EDUCAÇÃO 5. 2010

EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA O ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA ESTADUAL: UMA PROPOSTA INOVADORA NEGRI, ANA LÚCIA LEME CENTRO U. SALESIANO DE SÃO PAULO Mestrado em EDUCAÇÃO 6. 2011

FINANCIAMENTO DO ENSINO MÉDIO PÚBLICO NO ESTADO DO MARANHÃO NO PERÍODO DE 1996 A 2006: POSSÍVEIS EFEITOS DA POLÍTICA DE FOCALIZAÇÃO

ALVES, ANTONIO SOUSA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Mestrado em EDUCAÇÃO 7. 2012

FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO: DO FUNDEF AO FUNDEB - REPERCUSSÕES DA POLÍTICA DE FUNDOS NA VALORIZAÇÃO DOCENTE DA REDE ESTADUAL DE ENSINO DO PARÁ - 1996 A 2009 CARVALHO, FABRICIO AARÃO FREIRE UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Doutorado em EDUCAÇÃO 8. 2012

IMPACTOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM RONDÔNIA NO PERÍODO DE 2003-2010: O CASO DE UMA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO DE PORTO VELHO

LIMA, LIANA SILVA DE ALMEIDA UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA Mestrado em EDUCAÇÃO 9.

2013 PANORAMA DO GASTO-ALUNO NAS REDES ESTADUAIS E MUNICIPAIS BRASILEIRAS

FERRAZ, JOKASTA P. VIEIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Mestrado em EDUCAÇÃO 10.

2015 O ENSINO MÉDIO EM PERNAMBUCO: O ESTUDO DO SEU FINANCIAMENTO NO PERÍODO DE 2005 A 2013

ALVES, MARIA DO S.VALOIS UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO Doutorado em EDUCAÇÃO 11. 2015

EDUCAÇÃO FINANCEIRA: A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE GESTÃO DAS FINANÇAS PESSOAIS E VIDA FINANCEIRA SAUDÁVEL PAGLIATO, WAGNER UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO Mestrado em EDUCAÇÃO

(28)

Os trabalhos, conforme títulos e resumos, tratam do financiamento da educação em âmbito de redes de ensino ou unidades escolares, sendo apenas dois trabalhos sobre Estados nordestinos (Pernambuco e Maranhão).

Do conjunto de 11 trabalhos apenas dois foram desenvolvidos em instituições privadas de ensino superior, em nível de mestrado, os quais abordam o financiamento no âmbito da educação financeira dos alunos de ensino médio (PAGLIATO, 2015; NEGRI, 2010), portanto fogem ao propósito desta pesquisa de doutorado.

Com relação ao estudo de Braz (2009), pela relevância de sua contribuição, a autora analisa a alocação de recursos para o ensino médio no Brasil e no Mato Grosso do Sul, constatando que os recursos escassos obrigam a Secretaria de Educação daquele Estado a recorrer a empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Ademais, além da insuficiência, Braz verifica a pulverização de verbas, a drenagem de recursos para o pagamento de outras despesas estranhas à manutenção do ensino e o não-cumprimento dos percentuais assegurados pela Constituição, situações que levaram as escolas a buscarem suas próprias alternativas de manutenção. Para ela, isso não é fruto do acaso e nem tampouco da falta de vontade ou de condições políticas conjunturais, mas decorrente da própria estrutura da sociedade capitalista, em seu estágio atual, na qual o Estado cumpre o papel de mediador entre serviços e problemas econômicos (BRAZ, 2009).

A temática custo-aluno ou gasto-aluno no ensino médio foi enfrentada em dois trabalhos, tendo como foco o estudo de caso de duas escolas de Mato Grosso do Sul (FERNANDES, 2006) ou o conjunto das redes estaduais e municipais do Brasil (FERRAZ, 2013). Estudos de casos sobre o financiamento em escolas, além do trabalho de Fernandes (2006), também foram produzidos por Davila (2010) e Lima (2012), em escolas de ensino médio de Mato Grosso do Sul e Rondônia, respectivamente.

O financiamento do ensino médio antes da instituição do FUNDEB foi pesquisado por Braz (2008) e Alves (2011) e Steinhorst (2009). Portanto, pesquisas sobre a temática no contexto do FUNDEB foram desenvolvidas apenas nas teses de doutorado de Alves (2015) e Carvalho (2012), sobre as realidades de Pernambuco e Pará, respectivamente.

Os trabalhos de Fernandes (2006), Braz (2008), Steinhorst (2009) e Alves (2011) decorrem de pesquisa desenvolvida em rede sobre o Ensino Médio Noturno, em oito Estados das cinco regiões do país (Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo), com o objetivo de investigar as condições que facilitam ou dificultam o desenvolvimento de experiências de ensino de

(29)

qualidade em escolas de ensino médio noturno, visando subsidiar a formulação e implementação de políticas educacionais4.

Nessa direção, os trabalhos supracitados buscaram contribuir para o debate da política educacional, dimensionando a capacidade e os limites do financiamento da educação básica e os desafios da universalização do ensino médio, especialmente em relação ao alcance de um padrão de qualidade nos Estados mais penalizados pelas assimetrias na capacidade tributária, realidade que demanda a efetivação do regime de colaboração na oferta educacional e a constituição de um sistema nacional de educação.

Ainda buscando caracterizar a produção na área da temática “financiamento do Ensino Médio”, mediante busca na Plataforma de Periódicos do SciELO (Scientific Electronic Library Online), foram localizados 119 artigos sobre o Ensino Médio em periódicos classificados com qualis A1 – Educação. Dessas produções, 28 publicações trataram do tema “financiamento da educação” de forma direta ou indireta. Tais trabalhos foram publicados nos periódicos: Cadernos de Pesquisa, Educação e Sociedade, Educação e Pesquisa, Educação e Realidade, Educação em Revista, Educar em Revista, Ensaio: Avaliação de Políticas Públicas Educacionais, Pró-Posições e na Revista Brasileira de Educação. Conforme quadro 2:

Pesquisa coordenada por Romualdo Portela de Oliveira e Sandra Zákia (Universidade de São Paulo), entre 2003 e 2004, com financiamento da Secretaria de Ensino Médio e Tecnológico do Ministério da Educação (SEMTEC/MEC).

(30)

Quadro 2 Artigos Publicados sobre a Temática Financiamento do Ensino Médio em Revistas A1 – Educação de 2006 a 2017.

Ano Título Autor Instituição

1 2006 Filosofia e seu Ensino: conceito e

transversalidade Gallo Ethica

2

2008 Ensino Médio noturno: indicações de qualidade

Adrião; Garcia;

Silveira Educação e Realidade

3

2008

O ensino médio: órfão de idéias, herdeiro de

equívocos Castro

Ensaio: aval.pol.públ.Educ.

4 2008 Pesquisa na escola: Que espaço é esse? O do

conteúdo ou o do pensamento crítico? Ninin

Educação em Revista (UFMG)

5 2009 A desoficialização do ensino no Brasil: a Reforma

Privada. Cury

Educação e Sociedade

6 2009 Práticas educacionais distintas: a psicologia no

ensino médio paulista. Dadico Cadernos Pesquisas

7

2010

Proeja em construção: enfrentando desafios

políticos e pedagógicos Lima Filho

Educação & Realidade

8 2010

A Relação entre a educação profissional e a educação básica na CONAE 2010: possibilidades e limites para a construção do novo Plano Nacional de Educação.

Moura Educação & Sociedade

9

2010

Discussão acerca do ensino por competências: problemas e alternativas

Ricardo

Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos

Chagas.

10 2010 Formação política do adolescente no Ensino

Médio: a contribuição da Filosofia Severino Pro-Posições

11 2010

A passagem pelo sistema de ensino em três gerações: classe e gênero na segmentação do sistema de ensino

Perosa Educação & Sociedade

12 2011

La Educación Secundaria en la España democrática: Antecedentes, Problemas y Perspectivas

Benítez Cadernos de Pesquisa

13 2011

Perspectivas sociais e políticas da formação de nível médio: Avanços e entraves nas suas modalidades

Frigotto e Ciavatta

Educação e Sociedade

14 2011 A Formação de professores para o Ensino Médio: Velhos problemas, novos desafios

Kuenzer Educação e Sociedade

15 2011

Juventude, projetos de vida e ensino médio Leão et al

Educação e Sociedade

16

2011 Ensino médio: possibilidades de avaliação

Moraes e Alavarse

Educação e Sociedade

17

2011 Ensino médio: em busca do princípio pedagógico Nosella Educação e Realidade

18 2011

O Currículo para o Ensino Médio em suas diferentes modalidades: Concepções, Propostas e Problemas

Ramos Educação e Sociedade

19 2011

As relações entre o ensino médio e educação superior no Brasil: profissionalização e privatização

Silva Jr et al Educação e Sociedade

20

2011

Educación secundaria argentina: dinámicas de

selección y diferenciación Tiramonti Cadernos de Pesquisa

21 2011

O Financiamento do Ensino Médio no Brasil: de uma escola boa para poucos à massificação barata da Rede Pública

Pinto et al Educação e Sociedade

(31)

22 2012

As reformas necessárias ao ensino secundário brasileiro nos anos 1950, segundo a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos

Braghini,

Bontempi Jr Educação em Revista

23 2012

Perspectivas sociais e políticas da formação de nível médio: avanços e entraves nas suas modalidades

Frigotto; Ciavatta Educação e Sociedade

24 2012 Filosofia no Ensino Médio: a favor da? Filosofia

que chega depois? Correia; Gallo Filosofia e Educação

25 2012

O ensino médio e as novas diretrizes curriculares nacionais: entre

recorrências e novas

inquietações

Moehlecke Revista Brasileira de Educação

26 2012 Quando a sociedade de consumidores vai à escola: um ensaio sobre a condição juvenil no Ensino Médio

Oliveira e

Tomazzeti Educar em Revista

27 2013

Ensino médio integrado: subsunção aos interesses do capital ou travessia para a formação humana integral?

Moura Educação e Pesquisa

28 2013 Ensino, formação profissional e a questão da mão de obra Schwartzan e Castro Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação Fonte: Scientific Electronic Library Online, 2017.

A leitura dos resumos desses trabalhos do Quadro 2 revelou que eles discutem, especificamente, as políticas recentes voltadas às condições de oferta, atendimento e financiamento para o Ensino Médio. Autores como Moura (2010, 2013), Lima Filho (2010), Tavares e Ferreti (2011), Matsumoto (2012), Ciavatta (2012), Oliveira e Tomazzeti (2012) e Schwartzan e Castro (2013) problematizaram a reforma da educação técnica profissional de nível Médio, Educação de Jovens e Adultos com ênfase em suas discussões sobre a relação entre a formação profissional, formação de mão de obra e subsunção aos interesses do capital no Brasil, Argentina e Chile.

Castro (2008), Silva Jr et al (2011) e Frigotto e Ciavatta (2011) abordaram as finalidades do Ensino Médio, criticando as ações dos governos federal e estaduais para essa etapa da Educação Básica, desde a década de 1990, bem como o processo de privatização da educação profissional por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e Programa Universidade Para Todos (Prouni).

Análises sobre as políticas educacionais para o Ensino Médio, com ênfase nas questões curriculares - Diretrizes Curriculares Nacional (DCNEM), Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio (PCNEM) e currículo, repetência, evasão e avaliação - foram enfrentadas por Ricardo (2010), Ramos (2011), Santos (2011), Moraes e Alavarse (2011) e Moehlecke (2012). Nessa mesma perspectiva, um grupo de artigos trata da incorporação das disciplinas de filosofia, psicologia e sociologia para a formação dos adolescentes e

(32)

jovens do Ensino Médio - Dadico (2009), Severino (2010), Gallo (2006; 2012) - ou das propostas pedagógicas das escolas de Ensino Médio de tempo integral - Ninin (2008) e Nosella (2011).

Aspectos relacionados à dimensão histórica do Ensino Médio na legislação brasileira, implicando em análise das grandes reformas na educação pública no Brasil e Espanha, são enfrentados nos artigos de Cury (2009) e Benítez (2011), os quais analisaram a oficialização do ensino e a precária ação estatal, o que coloca a educação pública como serviço público vendável no mercado.

Perosa (2010) e Tiramonti (2011) enfrentam, em seus artigos, a discussão sobre as relações entre Ensino Médio e a diferenciação social entre estudantes de escolas públicas do Brasil e da Argentina, debatendo os investimentos educativos de grupos socialmente diferenciados, produção importante para posterior diálogo no âmbito desta tese no Capitulo 1, porque considera a desigualdade um fator importante para a análise do financiamento do ensino médio.

Leão (2011) e Reis (2012) buscaram compreender a concepção dos alunos sobre a escola e sobre o ensino médio, portanto estudos de vertente mais empírica. Mas trabalhos teóricos como revisão de literatura - Braghini, Bontempi Jr (2012) - também foram localizados. Relação entre formação de professores e demanda para o ensino médio - Kuenzer (2011) - e sobre os fatores extraescolares que constituem uma escola de qualidade para o ensino médio noturno - Adrião (2008) - são temas localizados na base de pesquisa levantada.

A temática específica dessa Tese, o financiamento do ensino médio, é enfrentada diretamente em apenas dois artigos de revistas qualis A, produzidos entre 2006 e 2016. Oliveira (2005), tratando do problema da identidade do ensino médio decorrente da dicotomia educacional entre a formação profissional e a formação geral, evidenciou a falta de uma política para o financiamento do ensino médio que atenda às exigências da realidade. Pinto (2011) destaca os limites do padrão atual de financiamento para o alcance da qualidade, especialmente quando considerada a expansão da matrícula e o rebaixamento do valor gasto por aluno. Para Pinto, Amaral e Castro (2011), é necessário fazer um levantamento dos recursos públicos que são destinados ao ensino médio no Brasil, especialmente dos gastos estaduais, já que os Estados respondem por 82% das matrículas da última etapa da educação básica (95% da rede pública).

O levantamento e análise das produções sobre financiamento do ensino médio informaram que ainda existe carência de estudos sobre o tema, situação a ser enfrentada,

(33)

especialmente, após a ampliação da obrigatoriedade para crianças e adolescentes de 04 a 17 anos de idade, nos termos da Emenda Constitucional nº 59, e das metas do Plano Nacional de Educação n° 13.005/2014 referentes à universalização do ensino médio. A presente tese pretende ser uma contribuição ao retratar a realidade em uma unidade específica da federação no contexto das desigualdades educacionais.

A revisão das produções foi importante para reforçar a escolha da temática. Assim, mobilizada pelo interesse em verificar as mudanças decorrentes da política educacional implementada no período analisado e problematizar os principais entraves a serem superados para a garantia do direito à educação da população de 15 a 17 anos, a pesquisa adotou como objetivo geral compreender as mudanças que ocorreram no atendimento e nas condições de oferta do ensino médio na rede estadual de educação do Piauí, após a instituição do FUNDEB,no período de 2007 a 2017.

Os objetivos específicos foram da seguinte forma delineados: a) caracterizar o modelo de financiamento da educação no Brasil desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, no cenário das desigualdades educacionais; b) analisar a política de atendimento do Ensino Médio público na rede estadual do Piauí, considerando as matrículas, as taxas líquidas e brutas de atendimento, a formação de professores, a estrutura fisica das escolas e as condições de oferta, de 2007 a 2017; c) investigar o financiamento da educação na rede estadual do Piauí no período de 2007 a 2017; d) mapear as políticas voltadas ao ensino médio desenvolvidas pela rede Estadual de Educação do Piauí no período analisado. Após a definição das questões e objetivos da pesquisa, definiram-se os procedimentos metodológicos. Gonsalves (2007, p. 17) destaca que a pesquisa “é uma apresentação organizada do conjunto de decisões que você tomou em relação à investigação científica que pretende empreender”. Mediante essa definição, procuramos selecionar os métodos e técnicas mais adequados ao propósito de compreender a problemática elencada.

Lakatos e Marconi (2006, p. 83) ressaltam com nitidez que “o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objeto, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões”. De acordo com estas autoras, as técnicas escolhidas pelo pesquisador servem à trajetória de pesquisa no contexto da investigação.

A partir dos desafios inscritos nos propósitos do estudo, a construção metodológica implica situar a política de financiamento do Ensino Médio no Piauí no contexto do financiamento da política educacional brasileira, considerando o contexto das desigualdades educacionais no Estado do Piauí, no nordeste e no Brasil.

(34)

O fenômeno estudado, como todo fenômeno social, está em permanente movimento. Por isto, adotamos o diálogo com autores que abordam essa realidade em perspectiva crítica, buscando a apreensão da sua dinamicidade e de suas contradições. Essa perspectiva permite compreender a ação do Estado na relação com a sociedade para a produção da política educacional e do seu financiamento, tendo como norte o direito à educação. Isso implica em reconhecer a existência de condicionantes advindos de interesses políticos, muitas vezes contraditórios e antagônicos, os quais se embatem no processo de formulação e implementação das políticas.

Assim, a relação social constituída na lógica socialmente dominante do capital coloca o Estado e a política educacional por ele produzida como lugares de contradição e de antagonismos, geradores de tensões sociais, que, por sua vez, podem alterar o conjunto das relações em determinado momento, contudo, como o movimento é permanente, dali surgirão novas contradições, as quais devem ser enfrentadas por meio da práxis.

É no contexto da práxis que as mudanças e o movimento da história se tornam produtos e ao mesmo tempo produtoras de contradições. Assim, a categoria da contradição implica em reconhecer que o Estado, enquanto arena de disputas, desenvolve mecanismos de compromissos com a classe dominante e com a classe trabalhadora e, nesse embate, a luta dos trabalhadores por melhores condições de vida e por direito à Educação pode, dependendo da capacidade instalada, resultar em conquistas que, por sua vez, podem assegurar saltos quantitativos e qualitativos para a classe (POULANTZAS, 2000).

Para proceder a análise a partir de um olhar crítico dos condicionantes da realidade social, econômica e educacional, recorremos a Afanasiev (1968, p. 266), que, baseado em Marx, informa a necessidade epistemológica do pesquisador superar as aparências do fenômeno investigado.

Considerando que a política educacional se situa no contexto das políticas sociais, Höfling (2001, p.31) destaca que ambas “se situam no interior de um tipo particular de Estado. São formas de interferência do Estado, visando à manutenção das relações sociais de determinada formação social”. Daí, podemos depreender que, para compreender o financiamento do Ensino Médio, como parte da política educacional, será necessário considerar o modo de ser do Estado brasileiro e o tipo de interferência que promove nas situações de desigualdades educacionais, verificando se esta atuação favorece ou não a alteração das relações sociais em favor da maioria.

O estudo da política de financiamento do Ensino Médio e o fenômeno da exclusão educacional no Nordeste, no contexto das desigualdades estruturais, se constitui

(35)

como singularidade articulada ao contexto mais amplo da política educacional, social e econômica brasileira.

Partimos da compreensão de que a produção e a análise dos dados na pesquisa social devem ter suporte na mesma base de pensamento definidora da perspectiva teórica e epistemológica. Neste sentido, a operacionalização da presente pesquisa admitiu certa flexibilidade no processo de coleta dos dados, porém não dispensou um plano inicial que ajudou a pesquisadora a construir as primeiras aproximações do fenômeno em estudo.

Antes, vale lembrar que a abordagem metodológica adotada foi de natureza qualitativa e quantitativa, uma vez que apenas uma destas abordagens não seria suficiente para contemplar as questões de pesquisa; portanto, a investigação incluiu procedimentos e instrumentos usuais, tanto dos modelos de pesquisa qualitativa quanto dos da pesquisa quantitativa. Para auxiliar na compreensão do processo metodológico, apoiamo-nos, especialmente, nos dados sociais-econômicos-educacionais do Brasil, da região nordeste e do Estado do Piauí.

Para o desenvolvimento do estudo, a pesquisa adotou fontes primárias e

secundárias relacionadas a dados socioeconômicos, educacionais, receitas e despesas da

educação. Os dados foram coletados nos bancos junto às fontes oficiais nacionais e da rede estadual de educação do Piauí.

A investigação foi desenvolvida em quatro etapas, sem uma divisão específica quanto à sequência para realização de cada uma, movimento determinado pelo próprio processo de seu desenvolvimento, garantindo um permanente diálogo entre o trabalho de investigação, as referências empíricas e a reflexão teórica.

A primeira etapa, com apoio de produções bibliográficas, constituiu-se em leituras sobre o modo de produção capitalista, a sociedade capitalista como produtora das desigualdades, as desigualdades socioeconômicas e educacionais no Brasil, o conceito de desigualdade, o papel do Estado e o financiamento da educação. O estudo de livros, teses, artigos em periódicos e legislação nacional, foi etapa fundamental para a compreensão do formato e das consequências da adoção dos modelos de financiamento da educação básica no Brasil.

Ainda, no desenvolvimento dessa etapa, coletamos os dados educacionais na base do Portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacional Anísio Teixeira (INEP) e no Portal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativos aos indicadores sociais, econômicos e educacionais. No INEP, os dados educacionais referem-se às matrículas da educação básica por dependência administrativa e modalidade de ensino,

(36)

insumos para uma educação de qualidade relacionados à infraestrutura, formação dos docentes, entre outros. Os indicadores educacionais correspondem à série histórica de 2007 a 2017.

A segunda etapa, por sua vez, adotando um corte longitudinal, objetivou investigar as políticas educacionais no período de 2007 a 2017, para o financiamento do Ensino Médio, no contexto do Fundeb, por meio da análise documental e da sistematização dos dados de execução financeira, destacando inicialmente, com base no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação do governo federal (SIOPE)5 e no portal da transparência do Estado do Piauí, informações financeiras da execução orçamentária das redes estaduais.

Além dos dados do SIOPE, a pesquisa adotou como fontes para a investigação os relatórios anuais de atividades da rede estadual do Piauí, as leis, os convênios, os programas, as resoluções que tratam da política educacional para o Ensino Médio, assim como a bibliografia produzida sobre a temática. A ênfase nos documentos oficiais, como fontes primárias, está vinculada à compreensão da importância desse material para a análise das políticas públicas.

Os dados financeiros da educação (receitas e despesas), coletados no SIOPE e na Secretaria de Fazenda do Estado do Piaui, foram organizados em tabelas e gráficos para a análise da política de financiamento público para a rede estadual para a etapa do Ensino Médio. Nesse processo, entendemos que a análise dos indicadores é fundamental para a melhor compreensão do fenômeno estudado, considerando que a análise de dados requer encontrar o sentido e demonstrar como os dados podem responder ao problema formulado. Além disso, os dados educacionais foram coletados dos microdados do censo escolar e das sinopses estatísticas do banco do INEP e sistematizados com auxílio dos

softwares IBM SPSS Statistics (versão gratuita) e Microsoft Excel na confecção de bancos

de dados (matrícula, indicadores de qualidade da infraestrutura escolar- básica, predial, adequação às necessidades especiais e equipamentos pedagógicos - funções docentes, número de escolas, dentre outros). O Estudo tem por base a série história de 2007 a 2017 pirmeira década de vigencia do Fundeb, que passou a incluir o Ensino Médio na política de fundos no Brasil.

5 O SIOPE, segundo informações prestadas no site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), é uma ferramenta eletrônica instituída para coleta, processamento, disseminação e acesso público às informações referentes aos orçamentos de educação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, sem prejuízo das atribuições próprias dos Poderes Legislativos e dos Tribunais de Contas.

Referências

Documentos relacionados