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NO ESTADO DO PIAUÍ

2 O DIREITO À EDUCAÇÃO NO BRASIL E AS DESIGUALDADES EDUCACIONAIS

2.1 Fatores Estruturais das Desigualdades Educacionais

Discutir as raízes materiais da desigualdade social nas relações humano-sociais implica evidenciar sua consolidação e reprodução na sociedade capitalista contemporânea, na qual o alto desenvolvimento das forças produtivas tenta impedir a visualização de um horizonte emancipatório do ponto de vista da totalidade social.

Porém, não é possível construir uma análise da desigualdade social e econômica na sociedade capitalista contemporânea sem evidenciar as contradições imanentes à sua lógica de reprodução do capital.

A partir da compreensão de Karl Marx (1985), a desigualdade assentada nas sociedades industriais capitalistas reside na propriedade privada dos meios de produção pelo trabalho, marcada por dois pólos, de um lado o capital e do outro, as pessoas que precisam vender a sua força de trabalho para sobreviver (MARX, 1985, p. 277).

Nesse sentido, consideramos que a dimensão social do trabalho e a relação social de produção são fundamentais para compreender a gênese da reprodução da desigualdade social, posto que é a partir do trabalho que se produz a riqueza social que impulsiona a humanidade a patamares superiores de sociabilidade e desenvolvimento (MARX, 1985).

Essa construção é marcada por condicionamentos ideologizados, como se pode observar na obra “O Brasil Real: a desigualdade para além dos indicadores” (FREITAS; DOWBOR; AMORIM, 2012), a qual retrata que Adam Smith teorizou que o capitalismo seria apenas “progressivo” caso melhorasse a renda dos trabalhadores mais pobres, através do aumento da produtividade do trabalho. Rousseau, por sua vez, viu o acesso diferencial à

propriedade como a origem das desigualdades, enquanto Marx compreendeu que o processo de acumulação de capital funciona como o amplificador das desigualdades.

Sampaio Jr. (2010) explica que o domínio do homem sobre a natureza e a exploração do homem pelo homem, visando a produção do excedente, promoveu, no processo histórico, relações de poder ancoradas na opressão de uma classe sobre a outra; um fenômeno típico das sociedades de classe. Uma das contradições desse processo é que apesar da produção abundante de riquezas, a humanidade, cada vez mais, está envolta à desigualdade e pobreza (SAMPAIO JR, 2010).

Para assegurar o padrão de reprodução e distribuição desigual, foram engendradas no Estado e na sociedade aparatos coercitivos de controle das relações de classes, como nos diz Lessa:

[…] é imprescindível uma série de complexos sociais que serão portadores práticos desse poder de alguns indivíduos sobre outros. É por isso que surgem se desenvolvem e se tornam cada vez mais importantes para reprodução social, complexos como o Estado, a política, o Direito etc. (LESSA, 2006, p.25).

As estruturas administrativas, por meio de organização hierarquizada, rotinas específicas, modos de ocupação das funções e conhecimentos codificados, representam alguns desses mecanismos de controle dos indivíduos e dos processos de modo a garantir a reprodução (LESSA, 2006).

Por essa compreensão o fundamento do Estado repousa sobre as contradições de classes e sua ação se volta para manter a reprodução da desigualdade, do ponto de vista estrutural e real, que se põe na produção material da vida humana e que, necessariamente, é resposta para as demais dimensões da vida social, inclusive no contexto das políticas públicas, transformadas em mercadoria. Mas, afinal, o que seria a mercadoria? Marx explica que:

A mercadoria é, antes de mais nada, um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas, seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do estômago ou da fantasia. Não importa a maneira como a coisa satisfaz a necessidade humana, se diretamente, como meio de subsistência, objeto de consumo, ou indiretamente, como meio de produção (MARX, 1985a, p. 57).

Assim, os ganhos do processo de produção servem para a acumulação de capital por parte de uma pequena porção da população, detentora dos meios de produção, por meio de apropriação da mais-valia - a moeda, ou dinheiro, usada como mercadoria de

troca universal recebe o nome de Capital no momento em que é aplicada como meio de acumulação de mais moeda num processo cíclico que compreende: Dinheiro --=> Mercadoria => Mais Dinheiro, ou seja o possuidor de dinheiro (capitalista) utiliza-o para adquirir (fabricar) uma mercadoria para depois converte-la novamente num montante ainda maior de dinheiro (LESSA, 2012). A isto (fazer dinheiro virar mais dinheiro através da mercadoria, que é fruto do trabalho) Marx chamou de "mais-valia", processo acumulativo capitalista que não conhece limites, pois transforma dinheiro em mercadoria, e mercadoria em valor de uso que transforma-se em mais dinheiro, o início e o fim do processo são a mesma coisa (dinheiro) e também via a introdução de novas tecnologias, para a competição nos mercados com outros capitalistas (LESSA, 2012).

No aperfeiçoamento da dinâmica de garantia de lucros e reprodução de desigualdades podemos destacar a financeirização, que se realiza por meio de capital fictício, baseado nas finanças constituídas em títulos, dívidas e garantias, ou seja, papeis negociáveis, que podem ser convertidos em dinheiro, ocasionando incidências complexas no modo de organização e efetivação das finanças e implementação dos investimentos públicos, especialmente nos sotores sociais. (LESSA, 2012).

Desse modo, enfrentar a problemática da desigualdade no contexto da crise estrutural do Capitalismo, exige a superação da mercadorização do trabalho, da vida e da política, estabelecendo mecanismos de distribuição da riqueza, de valorização do trabalho e dos modos de vida e evitando que a riqueza produzida continue a ser usada com a finalidade única de reprodução do capital em detrimento das necessidades humanas (LESSA, 2012).

Esse processo está envolto, na sociedade capitalista moderna, na divisão social do trabalho, promovendo para grandes contingentes populacionais a degradação do trabalho, assegurando novas estratégias de manutenção das desigualdades, de modo a associar a atividade intelectual ao trabalho valorizado e o trabalho técnico, desprovido de conhecimento científico, à baixa remuneração e condições insalubres (LESSA, 2012).

Lessa (2006, p. 237) ressalta que, “na história recente, houve um período que gerou a ilusão de que o capitalismo seria capaz de distribuir rendas e superar as misérias”. Contudo, o processo histórico tem evidenciado que mesmo havendo crescimento econômico, a situação da desigualdade se mantém inalterada, pois a lógica da política de produção e de concentração de riqueza continua atuando, pois não há uma lógica redistributiva, que altere as taxas de lucro, com capacidade de superar a lógica concentradora, promovendo, ao mesmo tempo políticas públicas de largo alcance social, a exemplo da política educacional.

As experiências de governos forjados no ideários políticos da esquerda no Brasil, movimentando-se em sistema de coalizão, asseguraram certo crescimento econômico, transferência de renda e ampliação de níveis de escolarização, através de programas sociais, contudo, a margem de lucro dos empreendimentos capitalistas se manteve inalterada. O mesmo se verifica nas experiências inauguradas em alguns países da América Latina como Equador, Bolívia, Argentina, Venezuela e Brasil, e neste, especialmente com a criação e ascensão do Partido dos Trabalhadores ao poder central e em vários Estados brasileiros (POCHMANN, 2014).

Observa-se que esse tipo de política provoca melhoria nos índices sociais, porém, quando se trata de superar o problema estrutural das desigualdades, esbarra em limitações sistêmicas. A esse respeito, Tonet (2016) afirma que a produção da desigualdade social não é um defeito, mas algo que, essencialmente, é intrínseco à natureza desta matriz geradora do capitalismo. Portanto, a partir dessa compreensão é impossível pensar em humanizar o capital, isso porque as leis do capitalismo, segundo Marx (1985), diferem das leis da natureza, já que as leis que regem o capitalismo são oriundas de atos humanos, portanto, são de caráter histórico-social definidas por pessoas e não naturais (TONET, 2016). Neste sentido, Marx apud Rubin (1980, p. 27) afirma que o modo de produção capitalista, na reprodução das condições materiais e das relações sociais, é que sustenta o sistema capitalista:

[…] tanto um processo de produção das condições materiais de existência da vida humana, quanto um processo que se desenvolve através de relações específicas, histórico-econômicas, de produção, o conjunto dessas mesmas relações de produção e, portanto, o processo que produz e reproduz os expoentes deste processo, suas condições materiais de existência e suas mútuas relações, isto é, sua forma econômica determinada de sociedade.

Enquanto problema estrutural do modo de produção capitalista, diversos teóricos construíram compreensão a respeito do fenômeno, de modo que os estudos sobre a desigualdade acompanham o seu processo de existência (RUBIN, 1980). Podemos reportar autores do século XX como Durkheim (1984), por exemplo, quando trata sobre a igualdade em termos de um possível “despotismo dos iguais” e a observou como especialização e em termos de “solidariedade orgânica”. Segundo ele, a perspectiva estrutura-funcional sobre a divisão social do trabalho considerava que a regulação das desigualdades poderia assegurar o que chamou de uma solidariedade orgânica (FREITAS; DOWBOR; AMORIM, 2012).

Já Max Weber (1990) em estudos sobre estratificação que servem como fontes para o estudo da desigualdade, compreende que, pela dimensão econômica, a sociedade é estratificada com base em critérios de posse, riqueza e de renda, implicando desigualdades (FREITAS; DOWBOR; AMORIM, 2012). Para Weber (1978), o domínio e a divisão da sociedade em classes e a estratificação social são fenômenos da distribuição de poder dentro da sociedade, explicitando que:

a)certo número de pessoas em comum tem um componente causal específico em suas oportunidades de vida, e na medida em que b) esse componente representado exclusivamente pelos interesses econômicos de posse de bens e oportunidades de renda, e c) é representado sob as condições de mercado de produtos ou mercado de trabalho (WEBER, 1971, p. 217).

Para a teoria da estratificação social de Weber (1978, p. 418), “[...] as desigualdades sociais manifestam-se de três modos diferentes”, sendo, no primeiro, pela hierarquia econômica que define a classe social; na segunda forma, pela hierarquia social; e, na terceira, pela hierarquia política, em um contexto em que a desigualdade é assumida no modo de produção capitalista com formação de sociedades cada vez mais desiguais, se comparadas a diferentes tipos societários ao longo do desenvolvimento histórico (FREITAS; DOWBOR; AMORIM, 2012).

No século XX, Simmel (1978) e Dahrendorf (1992) afirmaram que o conceito de desigualdade social está relacionado a todo o processo ou situação de diferenciação social e econômica. Para Bourdieu (2000), as classes sociais, ao partilharem condições semelhantes de existência e socialização, expressam graus diversos de desigualdades de posição social ocupada nas relações de produção (FREITAS; DOWBOR; AMORIM, 2012).

Contudo, para a perspectiva aqui adotada, apoiada na concepção crítica do trabalho e do modo de produção da sociedade capitalista, as desigualdades sociais são resultado da falta de acesso aos recursos materiais ou simbólicos, fruto das divisões sociais, ou seja, compreende as diversas variáveis (classe, gênero, raça, entre outras) advindas da divisão da sociedade em classes sociais.

As contribuições de Caio Prado Jr. (1966) ressaltam três problemas que convivem e se reforçam nessa formação social desigual, impedindo mudanças estruturais que, nesse contexto da desigualdade social e econômica, podem ser assim explicadas: o primeiro problema pelo mimetismo - adoção das teorias dos países dos centros hegemônicos de análise histórica da nossa realidade, estratégia que se reitera atualmente pela

subserviência às teorias e políticas dos organismos internacionais que protagonizam projetos econômicos e propostas de reformas educacionais (SAMPAIO JR, 2010).

Essa perspectiva tem relação direta com o modo como ocorre a produção de conhecimento, em grande medida baseada na reprodução de teorias alinhadas à lógica dominante, apresentadas como receituário a serem seguido, embora não sejam adequardas à realidade e necessidades específicas; resquícios da herança colonialista do poder e do saber marcantes na sociedade brasileira.

Conforme atesta a pesquisa de Fonseca (2009), os organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM), encontram na realidade brasileira uma situação de subserviência dos governos à economia mundial, repercutindo de maneira determinante na educação pública. Em função dessa conjuntura, a crise do capitalismo, em âmbito mundial, cada vez mais é permeada de contradições e de limitações da estrutura dominante (FONSECA, 1998). A educação assume um papel primordial, qual seja: combater a pobreza e “as desigualdades sociais”. Assim, as políticas públicas, com destaque para as políticas educacionais, passam a ser delineadas em documentos oriundos de organismos internacionais a partir de uma lógica economicista e servem como parâmetro para a proposição de políticas educacionais nos países periféricos em desenvolvimento (FONSECA, 1998).

Segundo Florestan Fernandes (1981), o capitalismo dependente desenvolve uma dupla ação: o bloqueio em direção às mudanças que ocorrem de fora para dentro, por meio da ação inconformista dos segmentos da burguesia monopolizada, que se caracteriza por um ciclo político de circuito fechado, sendo intolerante e passando a controlar as mudanças em seu sentido, ritmo e intensidade (FERNANDES, 1981). Portanto, Prado Junior (2010), por sua vez, quanto ao endividamento externo e interno, estaria vinculado a uma postura de subserviência. O capitalismo dependente realiza um movimento externo de ampliação da dependência (política) e também o aumento da segregação social e econômica (SAMPAIO JR, 2010).

Por essa compreensão, o capitalismo dependente é, por natureza, antissocial, antidemocrático e antinacional, fazendo uma combinação intrínseca no processo de desenvolvimento capitalista da reprodução com a segregação social, sendo o desenvolvimento induzido para fora como continuidade da dependência externa. Do ponto de vista interno, Florestan Fernandes (1981) analisa o desenvolvimento brasileiro, a partir da caracterização teórica sobre o capitalismo dependente, ressaltando que:

Primeiro, a concentração de renda, do prestígio social e do poder nos estratos e nas unidades ecológicas ou sociais que possuem importância estratégica para o núcleo hegemônico de dominação externa. Segundo, a coexistência de estruturas econômicas, socioculturais e políticas em diferentes ‘épocas históricas’, mas interdependentes e igualmente necessárias para a articulação e a expansão de toda a economia, como uma base para a exploração externa e para a concentração interna da renda, do prestígio social e do poder. Terceiro, a exclusão de uma ampla parcela da população nacional da ordem econômica, social e política existente, como um requisito estrutural e dinâmico da estabilidade e do crescimento de todo o sistema [...] (FERNANDES, 1981, p. 20).

Tendo em vista as formulações de Florestan (1968, p. 57) sobre o capitalismo dependente, destacamos a prevalência dos fatores externos, sem negligenciar os fatores internos; assim, a ideia de subdesenvolvimento como um estágio preliminar de desenvolvimento é rechaçada. Nessa perspectiva, a acumulação capitalista realizada no centro, a partir da ótica do subdesenvolvimento, mantém-se como uma escolha política (FERNANDES, 1968).

Já o terceiro problema destacado por Prado Junior (1966), constitui-se pela abismal assimetria entre o poder do capital e do trabalho. Nesse sentido, qual seria o destino do capitalismo? Para Sampaio Jr. (1997, p. 12), “[...] a resposta estaria na incapacidade de conciliar desenvolvimento capitalista e as políticas sociais cada vez mais difíceis, bem como desenvolver políticas públicas que possam absorver uma grande parcela da sociedade brasileira que vive em condições desiguais em diferentes regiões do país”, sem nem ao menos conseguir resolver a situação da pobreza, da desintegração nacional, dos antagonismos crescentes e fazer as mudanças estruturais necessárias na dimensão econômica, política e social (SAMPAIO JR., 1997).

Vale destacar também que o processo de desenvolvimento econômico no Brasil privilegiou a concentração da riqueza, de renda e de poder principalmente nas regiões sudeste e sul, excluindo a maioria da população dos frutos do seu trabalho e da sua própria cidadania e acentuando drasticamente as desigualdades sociais, educacionais e regionais no país (POCHMANN, 2014).

A preocupação com as desigualdades regionais ganha força a partir das discussões acerca das políticas regionais, sendo implementadas, predominantemente, nas últimas duas décadas, sem obter, no entanto, reduções expressivas e sólidas da desigualdade. A existência da desigualdade configura-se como uma problemática, altamente correlacionada com a pobreza e com a exclusão social. Para Pochmann (2014, p.17), “as desigualdades regionais também impactam diretamente nos níveis de desigualdade total do

país”, conforme Censo de 2010, as disparidades entre macrorregiões Norte/Nordeste e Sul/ Sudeste/Centro-Oeste, as quais respondiam por quase 8% da desigualdade total do país (POCHMANN, 2014).

Como já afirmado, o desenvolvimento capitalista é um processo intensamente marcado por contradições, por novas dependências do sistema econômico e por crises que exigem novas acomodações e acordos políticos e sociais. Para David Harvey (2011, p. 18), a possibilidade de sairmos desse modelo de uma maneira diferente depende muito do equilíbrio das forças de classe. Depende do grau com que “a massa da população se levantar e dizer: Já basta, vamos mudar o sistema” (HARVEY, 2011).

A análise dessa realidade, de modo mais incisivo, permite-nos apreender a especificidade do tipo de sociedade capitalista em que nos constituímos e quais as impossibilidades e desafios que vamos enfrentar para universalizar a educação básica obrigatória. Para tanto, Florestan Fernandes (1975; 1981) e Francisco de Oliveira (2003) evidenciam a relação dialética entre o arcaico, o atrasado, o tradicional, o subdesenvolvimento e o moderno na formação social capitalista (SAMPAIO JR., 2010).

Considerando as contribuições dos autores clássicos do pensamento social, político e econômico, apresentadas sinteticamente, podemos afirmar que no processo de construção das desigualdades estão forças alinhadas a determinado tipo de projeto societário que ocupa lugar no Estado, manejando mecanismos instituídos que lhes asseguram condições de fazer prevalecer seus interesses.

O sistema educacional é um desses lugares de promoção das desigualdades, em que atuam as forças dominantes; porém é, ao mesmo tempo, um espaço onde se torna possível evidenciar as contradições dessa construção e, a partir daí favorecer lutas contra- hegemônicas. As desigualdades educacionais evidenciadas pelo analfabetismo, evasão escolar e outros problemas graves, que tornam inadiáveis uma tomada de posição dos governos, inclusive por pressões internacionais e somam como a luta dos movimentos sociais em defesa da educação pública, gratuita e de boa qualidade, desde os Pioneiros da Educação, passando pelo Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública e outras diferentes iniciativas e formas de luta realizadas historicamente.