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einstein. 2016;14(3):435-6

APRENDENDO POR IMAGENS

Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

Dissecção espontânea de artéria coronária e sua

resolução documentadas pela tomografia de coerência óptica

Spontaneous coronary artery dissection and healing documented

by optical coherence tomography

Jamil Cade1, Gary S Mintz2, Roderick M Silva Filho1, Adriano Caixeta1

1 Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP, Brasil.

2 Cardiovascular Research Foundation, NY, USA.

Autor correspondente: Adriano Caixeta – Avenida Albert Einstein, 627/701 – Morumbi – CEP: 05652-900 – São Paulo, SP, Brasil – Tel.: (11) 2151-0453 – E-mail: adriano.caixeta@einstein.br

Data de submissão: 9/10/2015 – Data de aceite: 24/2/2016

DOI: 10.1590/S1679-45082016AI3551

Paciente do sexo feminino, 57 anos, saudável, sem fa-tores de risco para doença arterial coronária, apresen-tou-se à unidade de primeiro atendimento com dor to-rácica aguda. Estava em uso de moderador de apeti te (dimetilamilamina, Oxyelite Pro, USP Labs) nos últimos 7 dias.(1,2)

O eletrocardiograma não mostrou alterações, mas os níveis séricos de creatinofosfoquinase isoenzima MB (3,59ng/mL) e troponina I (8.310pg/mL) estavam au-mentados. A cineangiocoronariografia mostrou estrei-tamento extenso e abrupto do lúmen do ramo marginal esquerdo, com um defeito de enchimento intraluminal discreto na parte distal do vaso (Figura 1). A tomografia

de coerência óptica (OCT, optical coherence tomography),

uma nova modalidade de imagem intravascular à base de luz próxima ao infravermelho, que apresenta ima-gens em alta resolução (10 a 20μm), mostrou a pre-sença de hematoma intramural, com 20mm de

com-primento e dissecção de +10mm de comcom-primento, de forma quase circunferencial (duplo-lúmen) (Figura 2), sem evidência de aterosclerose. A paciente teve alta após tratamento com aspirina, clopidogrel e heparina de baixo peso molecular. Após 6 meses, foram nova-mente realizadas cineangiocoronariografia e OCT, que mostraram resolução espontânea completa da dissecção (Figuras 1 e 2).

A dissecção coronariana espontânea é uma doença rara, pouco diagnosticada, e sua apresentação clínica va ria de angina instável à morte súbita cardíaca. Afeta pre dominantemente mulheres jovens, sem os fatores de risco cardiovascular clássicos. É cada vez mais diagnos-ticada em mulheres que não se encontram no período

periparto.(1) A etiologia e patogênese da dissecção

co-ronariana espontânea ainda não foram completamente elucidadas, mas os mecanismos subjacentes propostos são a rotura primária das camadas do vaso, com

san-gramento dos vasa vasorum e hemorragia no interior da

camada média. Outra possibilidade seria uma rotura da camada íntima, levando à separação das camadas da pa-rede arterial coronária, com criação de um falso lúmen. A expansão por pressão desse lúmen induz à propagação axial da dissecção e da compressão da luz verdadeira, causando isquemia miocárdica. Finalmente, como ocorreu no presente caso, a cineangiocoronariografia mostrou um estreitamento intraluminal longo e excêntrico, sem a

presença de rotura visível da camada íntima.(1)

Portanto, uma modalidade de imagem invasiva, como a OCT ou a ultrassonografia intravascular, deve-ria ser o padrão-ouro para o diagnóstico de dissecção

Figura 1. Cineangiocoronariografia (A) durante hospitalização e (B) após 6 meses

(2)

einstein. 2016;14(3):435-6

436 Cade J, Mintz GS, Silva Filho RM, Caixeta A

coronária espontânea,(2) especialmente nos casos em que

a cineangiocoronariografia gere dúvidas. O tratamen-to ótimo ainda é controverso e inclui tratamentratamen-to clínico para os pacientes assintomáticos e com fluxo

coronaria-no coronaria-normal. A angioplastia com implante de stent ou

ci-rurgia de revascularização do miocárdio devem ser con-sideradas para os pacientes com isquemia, clinicamente instáveis, ou com dissecção espontânea do tronco da co-ronária esquerda ou com múltiplas dissecções corona-rianas proximais. O prognóstico é favorável e tem sido descrito em pacientes tratados de forma conservadora,

pois a resolução completa pode ocorrer ao longo do tempo. O presente relato de caso é o primeiro a docu-mentar dissecção coronária espontânea e sua resolução por meio de OCT.

REFERÊNCIAS

1. Saw J. Spontaneous coronary artery dissection. Can J Cardiol. 2013;29(9): 1027-33. Review.

2. Alfonso F, Paulo M, Gonzalo N, Dutary J, Jimenez-Quevedo P, Lennie V, et al. Diagnosis of spontaneous coronary artery dissection by optical coherence tomography. J Am Coll Cardiol. 2012;59(12):1073-9.

Figura 2. Tomografia de coerência óptica do terço proximal (0mm) para o distal (5mm) do (A) ramo marginal esquerdo na fase aguda e (B) no seguimento após 6 meses; as imagens representam exatamente os mesmos locais da dissecção espontânea da coronária na fase aguda (A) e após sua resolução (B). As setas brancas indicam as camadas íntima e média, e as pontas das setas, a adventícia. As imagens iniciais mostram o hematoma intramural com rotura da camada íntima às 4h, morfologia de duplo-lúmen, com dissecção do complexo médiointimal separando o lúmen verdadeiro (onde o cateter está localizado) do falso (asterisco). As imagens (B) após seguimento de 6 meses mostram resolução completa do hematoma e da dissecção, observando-se o aspecto das três camadas, com pequena espessura da camada íntima

Imagem

Figura 1. Cineangiocoronariografia (A) durante hospitalização e (B) após 6 meses
Figura 2. Tomografia de coerência óptica do terço proximal (0mm) para o distal (5mm) do (A) ramo marginal esquerdo na fase aguda e (B) no seguimento após 6  meses; as imagens representam exatamente os mesmos locais da dissecção espontânea da coronária na f

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