• Nenhum resultado encontrado

1 INTRODUÇÃO À URIANÁLISE 1.1 HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA DA URINÁLISE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "1 INTRODUÇÃO À URIANÁLISE 1.1 HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA DA URINÁLISE"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

1 INTRODUÇÃO À URIANÁLISE

1.1 HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA DA URINÁLISE

Antes dos grandes avanços tecnológicos verificados no século XX a urina era o principal fluído corpóreo utilizado por médicos no o diagnóstico e o prognóstico de patologias. Entretanto, importância histórica da uroscopia ou uroanálise no diagnóstico tem sido tratada de forma depreciativa. Apesar de a uroscopia ter sido usada, muitas vezes, na prática de fraudes a sua utilização adequada teve importante participação no diagnóstico médico, mesmo antes de ser possível a realização da análise química da urina.

A análise de amostras de urina para fins diagnósticos já era realizada em 1000 AC por sacerdotes egípcios que utilizavam amostras de urina para realizar um procedimento que pode ser considerado como o primeiro teste diagnóstico descrito na literatura. O teste tinha como objetivo não apenas confirmar a gravidez, mas também identificar o sexo do feto e consistia em derramar urina recém emitida sobre uma mistura de sementes de cereais.

Caso as sementes germinassem o teste era considerado positivo para gravidez, e dependendo do tipo de sementes que germinava seria possível prever o sexo do feto (Lines, 1977).

O exame de urina, da forma como é realizado atualmente parece ter sido desenvolvido a partir da “uroscopia”, ou observação de características físicas de amostras de urina conforme de do livro “Os Prognósticos”, descrito por Hipócrates (460-370 AC). A uroscopia desenvolvida por Hipócrates se constituía na observação de verificadas na composição da urina durante o curso de estados febris verificados em crianças e adultos.

Esta análise incluía a observação de diferenças na cor, no odor e no aspecto do sedimento das amostras de urina.

Para Hipócrates a análise de urina era considerada efetiva não apenas para demonstrar variações no equilíbrio dos quatro humores, mas também na localização de doenças no corpo com finalidade de realizar um prognóstico (Foster,1961). Contudo, Hipócrates não descreveu detalhadamente as qualidades de amostras de urina que indicam a ausência de doenças. Ele apenas descreveu que uma urina “boa” é aquela em que o

“sedimento é branco, uniforme e pequeno, nem espesso ou fino e de cor apropriada”, conforme consta em “Hipocrates: Teory and Practice of Medicine”(Citadel Prerss,1964).

Em estudo realizado Elknoyan (1988) verificou que nos livros “As Epidemias”

Hipócrates descreveu que, “algumas urinas por outro lado não tem valor”. Alem disso, segundo Alvarez (1999) existem nestes livros, forte ênfase no registro de sinais e ocorrências verificadas em pacientes que morreram, com objetivo de a partir destes dados poderem ser realizadas previsões ou prognósticos. Em seu livro “Os Aforismos” se verifica que Hipócrates descreveu proposições como por exemplo: número 32, “A urina que é transparente na sua superfície e apresenta sedimento bilioso indica que a doença é aguda”;

número 33, “Quando a urina sofre alterações, um violento distúrbio está ocorrendo no corpo”; número 34, “Bolhas flutuando na superfície da urina indicam infecções nos rins e que a doença será longa” e número 70, “A urina límpida e branca é um mau sinal em casos de loucura”. Estas proposições demonstram que a uroscopia por ele desenvolvida mais direcionada ao prognóstico de pacientes doentes do que ao diagnóstico de doenças.

Tanto Hipócrates como posteriormente Aritóteles (384-322 AC) desenvolveram seus estudos, em parte, pelo menos, a partir da famosa teoria de que a vida é mantida pelo

(2)

humano e tendo diferentes qualidades: (i) o sangue (coração), que é quente e úmido; (ii) a fleuma (cérebro), fria e úmida; (iii) a bílis amarela (fígado), quente e seca; e (iv) a bílis (baço), fria e seca. Assim, do predomínio de um destes humores na constituição do indivíduo, resulta um determinado tipo fisiológico ou caráter: o sanguíneo, o fleumático, o colérico ou o melancólico.

No final do século VI e início do século VII Teophilus de Constantinopla escreveu um texto de urologia cujo objetivo foi preencher lacunas deixadas por Hipócrates e Galeno.

Ele considerou as interpretações e os trabalhos destes e de outros inadequados, escrevendo è necessário procurar uma doutrina diferente e não examinar em vão as coisas como imaginadas por eles, e não levar em consideração opiniões e fatos que são duvidosas”. Em

“A Urina” ele não apenas define pela primeira vez urina como um filtrado do sangue e como ela é formada, mas introduziu inovações instrutivas que transformaram a uroscopia em uma ferramenta diagnóstica de doenças. Entre as inovações introduzidas podemos ressaltar: a) a descrição da cor da urina baseado em espectro utilizando dez tonalidades cromáticas que foram divididas em duas categorias (fina e espessa); b) a dedicação de capítulos específicos a varias partículas sólidas divididas por aspecto e cinco cores,sedimento normal e aspecto turvo. Ele verificou, ainda, que as propriedades da urina estão relacionadas com o ar, o nível de umidade, e que a consistência ou cor pode variar com o tempo após a colheita. Além disso ele introduziu uma padronização na observação das amostras com objetivo de reduzir as variações intra-observador e entre observadores e descreveu que através da analise da urina é possível diagnosticar doenças escondidas em outros órgãos.

Nó século XVI um pequeno grupo de cientistas liderados por Theophrastus Bombastus Von Hohenheim, conhecido como Paracelso (1493-1541) insistia em não apenas olhar para a amostra de urina, queria obter mais informações da urina e desenvolveram novos métodos para verificar o que ela continha. Alguns destes métodos se mostraram úteis, como quando adicionou vinagre a algumas amostras de urina e verificou a precipitação de proteínas (Pagel, 1962). Assim este grupo iniciou o que denominamos atualmente de exame químico da urina.

O exame de urina sofreu evoluções ao longo da história. No século XX, entre os cientistas que mais contribuíram para a evolução do exame de urina esta Thomas Addis (1881 a 1949) e o brasileiro Sylvio Soares de Almeida com seu estudo publicado na Revista do Hosptital das Clínicas, em 1961, com título “Estudos sobre infecções urinárias não específicas”.

Atualmente a realização do exame de urina inclui a análise macroscópica (cor, espuma e transparência), o exame físico (densidade), o exame químico (pH, proteínas, glicose, hemoglobina, cetonas, bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, esterase de leucócitos) e o exame microscópico (células, leucócitos, hemácias, cilindros, cristais, bactérias, etc.).

Mas a padronização de sua realização, apesar de existir em diferentes países, inclusive no Brasil, apresenta diferenças significativas (European Urinalysis Guideline, 2000; NCCLS, 2001; ABNT NBR 15268, 2005).

A solicitação de sua realização inclui razões como: a) auxiliar no diagnóstico de doenças; b) realizar triagem de populações para doenças assintomáticas, congênitas, ou hereditárias; c) monitorar a progressão de doenças; d) monitorar a efetividade ou complicação da terapia e, e) realizar a triagem de trabalhadores de indústrias para doenças adquiridas (NCCLS, 2001).

(3)

O exame de urina constitui ferramenta importante no: a) diagnóstico e acompanhamento de infecções do trato urinário; b) diagnóstico e acompanhamento de doenças não infecciosas do trato urinário; c) detecção de glicosúria de grupos de pacientes admitidos em hospitais em condição de emergência; d) controle de pacientes diabéticos e e) acompanhamento de pacientes com determinadas alterações metabólicas como vômitos, diarréia, acidose, alcalose, cetose ou litíase renal recorrente (European Urinalysis Guideline, 2000; NCCLS, 2001).

2 ANATOMIA E FISIOLOGIA RENAL

2.1 ANATOMIA DO TRATO URINÁRIO E RENAL

O trato urinário é constituído de dois rins e dois ureteres, da bexiga e da uretra. A unidade funcional do rim onde a urina é formada é denominada de néfron. Depois de formada, a urina segue pelos ureteres até a bexiga, onde ela é armazenada até ser eliminada através da uretra (Figura 1).

O rim de um indivíduo adulto pesa, mais ou menos, 150g, tem a forma de feijão e mede, aproximadamente, 12 cm de comprimento, 6 cm de largura e 2,5cm de espessura. Na parte côncava do rim se localiza o hilo por onde os nervos, vasos sangüíneos e linfáticos entram e saem e é por onde sai o ureter que conecta cada rim a bexiga. O rim pode, ainda ,ser dividido em três regiões, córtex, medula e pelve. Cada rim contém, aproximadamente, 1.200.000 néfrons.

Cada néfron começa como uma área dilatada denominada de glomérulo, seguido do túbulo contornado proximal, da alça de Henle e do tubo contornado distal.

Apesar de todos os corpúsculos renais se encontrarem na região da córtex renal existem dois tipos de néfrons denominados de corticais e justaglomerulares. A diferença entre esses dois tipos de néfrons começa pela localização. Os néfrons corticais apresentam o corpúsculo renal e, também, as partes posteriores localizadas na região cortical, enquanto os néfrons justaglomerulares tem o glomérulo, tubo contornado proximal e tubo contornado distal localizado nesta região, enquanto a alça de Henle se localiza na região medular.

O glomérulo é formado quando a arteríola aferente se divide em uma rede da alças constituída de 4 a 8 alças capilares na forma de tufo, cujo diâmetro é de, aproximadamente 200μ de diâmetro. O tufo capilar glomerular invagina o epitélio da cápsula de Bowman de modo ele tenha apenas uma camada de células epiteliais em seu redor. Assim, o glomérulo é constituído de capilares e uma membrana basal recoberta de células epiteliais especializadas denominadas de podócitos que estão separadas da cápsula remanescente por um espaço denominado de espaço de Bowman. A cápsula de Bowman é constituída de uma simples camada de células escamosas sustentadas por uma lâmina basal e uma fina camada de fibras reticulares.

O túbulo contornado proximal é constituído por células epiteliais que apresentam invaginações e interdigitações com células vizinhas e sua superfície luminal é provida de microvilosidades que formam uma escova, ampliando a superfície de contato e facilitando a reabsorção tubular. No interior das células tubulares proximais se encontra bomba de sódio e potássio e grande quantidade de mitocôndrias, o que característico de células envolvidas em transporte ativo de solutos.

Existem três tipos de alças de Henle, a cortical, a curta e a longa. As alças corticais

(4)

que se localizam na zona externa da região da córtex. As alças curtas penetram na região medular renal, mas não a zona mais interna e são parte de néfrons cujos glomérulos se localizam na zona externa e intermediária da região da córtex. As alças longas penetram mais profundamente na região medular e são partes dos néfrons justaglomerulares, cujos glomérulos localizados na zona intermediária da região cortical. Os ramos, descendente fino, o ramo curvo e a ramo ascendente espesso apresentam epiteliais com características morfológicas distintas. As células epiteliais do ramo descendente fino são planas e não apresentam interdigitações, as células do ramo curvo, por sua vez são planas, mas apresentam novamente interdigitações, enquanto as células do ramo ascendente largo não são planas e apresentam membrana basolateral aumentadas pelas interdigitações celulares e mitocôndrias são encontradas, o que, conforme citado anteriormente, e característico de células que apresentam bomba de solutos.

Os túbulos contornados distais são mais curtos que os túbulos contornados proximais e são constituídos de células não planas que não apresentam microvilosidades mas são observadas interdigitações celulares e menos mitocôndrias que as células dos túbulos contornados proximais. Túbulos contornados distais de vários néfrons se conectam a um mesmo duto coletor. Os dutos coletores desembocam nos cálices renais e estes nos ureteres

O túbulo contornado proximal, a alça de Henle e o tubo contornado distal são envolvidos por uma rede de capilares peritubulares, por onde circulam os solutos reabsorvidos e secretados pelo néfron.

2.2 FISIOLOGIA RENAL

Os rins através dos processos de filtração, reabsorção e secreção exercem funções de como: a) remoção de produtos finais do metabolismo como, por exemplo, uréia e creatinina; b) retenção de proteínas, água e glicose; c) manutenção do equilíbrio ácido- básico, do equilíbrio hídrico e eletrolítico; d) síntese de eritropoetina, renina, vitamina D, cininas e prostaglandinas; e) excreção de substâncias exógenas e f) formação da urina.

2.2.1 FILTRAÇÃO GLOMERULAR

O sangue que chega aos rins pela artéria renal que se ramifica em artérias cada vez menores até que pela arteríola eferente entra nos glomérulos onde é filtrado através da membrana glomerular. A filtração glomerular se dá à custa de uma pressão efetiva de filtração que, na parte inicial, mais próximo da arteríola aferente é de aproximadamente 15mm de Hg e vai diminuindo, se aproximando de zero ao longo do tufo capilar em conseqüência do aumento da pressão oncótica. A membrana glomerular, semipermeável, permite a passagem de todas as substâncias com peso molecular inferior a 70.000 daltons de modo que o filtrado formado tem basicamente a mesma constituição do plasma, exceto as proteínas e os lipídeos plasmáticos. Este filtrado formado, que tem osmolaridade próxima da verificada no plasma, de 232 a 300mOsm/L, e densidade de aproximadamente 1.008, é o resultado da primeira etapa de formação da urina. Em um indivíduo adulto, normal, são formados diariamente 180 litros desse filtrado, mas, aproximadamente, 99%

desse volume é reabsorvido para o sangue pelos túbulos renais, restando apenas de 1,5 a 2 litros de urina por dia, em condições normais de hidratação, para serem eliminados.

(5)

2.2.2 REABSORÇÃO E SECREÇÃO TUBULAR

O processo de reabsorção tubular renal ocorre tanto por transporte ativo como por transporte passivo. Por transporte ativo as substâncias são transportadas através das membranas celulares contra o gradiente de concentração e esta movimentação requer gasto direto de energia. O transporte passivo de substâncias ocorre por gradiente osmótico o que não requer consumo direto de energia.

Nos túbulos contornados proximais são reabsorvidos, em condições normais são reabsorvidos 80% da água existente no filtrado. Por transporte ativo, 100% da glicose e 95% dos aminoácidos enquanto a reabsorção do sódio ocorre ao nível de 85% por transporte ativo que envolve a bomba de sódio e potássio. A reabsorção tubular de glicose apresenta taxa máxima (Tm) de 180 m/dL, aproximadamente, isto significa que quando a concentração sérica ultrapassar este limite parte da glicose não será mais reabsorvida porque os carreadores estão lotados. Também são reabsorvidas, nos túbulos proximais, por transporte ativo, outras substâncias como: aminoácidos, ácido úrico, bicarbonato, cálcio, fosfato, magnésio e sulfato, enquanto, a reabsorção de água, ácidos fracos não ionizados e uréia ocorrem por transporte passivo, a favor do gradiente osmótico. A reabsorção dos cloretos, por sua vez, ocorre passivamente por gradiente elétrico. As proteínas, encontradas no filtrado, em quantidade reduzida, são reabsorvidas em quase sua totalidade por pinocitose. Após, reabsorvidas, as proteínas sofrem a digestão celular, sendo os seus aminoácidos, posteriormente reutilizados.

No ramo descendente da alça de Henle é reabsorvida de forma passiva a água, enquanto no ramo ascendente ocorre a reabsorção de cloreto por transporte ativo e do sódio e da uréia por transporte passivo. No ramo ascendente não ocorre a reabsorção de água porque este segmento é impermeável à água.

Nos túbulos contornados distais são reabsorvidos por transporte passivo água e uréia. O transporte passivo do sódio depende da ação da aldosterona enquanto o da água depende do hormônio antidiurético. A reabsorção de água nos tubos coletores também depende do hormônio antidiurético.

A secreção tubular proximal de substâncias que se encontram nos capilares peritubulares para a luz dos túbulos se constitui em importante meio de eliminação de material não filtrado pelos glomérulos e manutenção do equilíbrio ácido base. É através da secreção tubular renal que os de íons de hidrogênio em excesso são eliminados e o pH normal do sangue é mantido. Outras substâncias que não são filtradas pelos glomérulos porque se encontram ligadas a proteínas plasmáticas se dissociam das mesmas nos capilares peritubulares e são transportadas para o filtrado pelas células tubulares proximais, principalmente. São também secretados nos túbulos contornados distais uréia, creatinina e ácido úrico

3 CONSTITUIÇÃO DA URINA

A urina é uma mistura bastante complexa onde 96% são representados por água e 4% por substâncias nela dissolvidas e que são provenientes da dieta e do metabolismo.

Além disso, nós encontramos, também, na urina estruturas em suspensão que tem como origem o trato urinário. Portanto, as variações constitucionais da urina refletem as variações

(6)

da dieta diária, das condições fisiológicas do indivíduo bem como as condições de trato seu urinário.

Uma das funções dos rins é a manutenção do equilíbrio hídrico do organismo. A manutenção do equilíbrio hídrico ocorre, principalmente através da ação do hormônio antidiurético. Assim a fração representada pela água pode apresentar variações dependendo da capacidade de concentração verificada, sendo os solutos constituídos, principalmente, de sais como cloreto de sódio e de potássio, entretanto, muitas outras substâncias se encontram dissolvidas na urina.

Algumas estruturas são encontradas em suspensão na urina em pequeno número, em condições normais. Estas estruturas podem ser encontradas, em suspensão, em quantidades aumentadas sob diferentes condições patológicas, bem como, podemos encontrar sob diferentes condições patológicas estruturas anormais.

O exame de urina é solicitado, principalmente, com o objetivo de avaliar as condições do trato urinário. Assim, para que este exame seja realmente um reflexo das variações das condições do trato urinário é necessário que as amostras de urina sejam corretamente colhidas e processadas.

3.1 AMOSTRAS DE URINA

Na realização do exame de urina vários tipos de amostras poderão ser utilizados, mas é importante ressaltar que cada uma apresenta características próprias e que os resultados, a partir delas obtidos podem ser distintos.

Contudo, independente do tipo de amostra, para que o resultado do exame de urina possa ser corretamente interpretado, tanto o horário de coleta da amostra quanto o horário de realização do exame deve ser anotado e constar do resultado emitido.

Para a realização do exame de urina, a amostra considerada padrão ou mais adequada é a denominada comumente de primeira amostra da manhã. Esta amostra deve ser colhida imediatamente após acordar, pela manhã, em jejum e antes de realizar qualquer atividade. É recomendado, ainda que esta amostra seja colhida após oito horas de repouso e, pelo menos quatro horas após a última micção. A primeira amostra da manhã é considerada como amostra padrão para a realização do exame de urina porque ela é mais concentrada que as outras amostras e porque nesta amostra se verifica maior crescimento das bactérias eventualmente presentes na bexiga, assim o resultado da analise realizada reflete melhor as condições do paciente. Embora esta amostra seja considerada padrão, ela geralmente não é a utilizada nos laboratórios tendo em vista o tempo e as condições de transporte da mesma até o laboratório. A utilização da primeira amostra da manhã para a realização do exame de urina se tem mostrado mais viável apenas de pacientes hospitalizados.

Outra amostra é denominada como segunda amostra da manhã. Esta amostra pode ser obtida com mais facilidade no laboratório que a primeira amostra da manhã. Esta amostra deve ser colhida de duas a quatro horas após a primeira micção do dia. É importante lembrar que sua composição pode ser influenciada pela ingestão de alimentos e líquidos no desjejum. Com o objetivo de aumentar a concentração de eventuais bactérias presentes na bexiga pode-se recomendar a restrição de ingestão de líquido após as 22:0 horas. A segunda amostra da manhã é a amostra mais utilizada pelos laboratórios.

Outra amostra bastante utilizada nos laboratórios para realização do exame de urina é a amostra randômica. Esta amostra é colhida a qualquer momento do dia sendo

(7)

recomendável que o intervalo de tempo entre a última micção e a coleta da amostra seja de pelo menos duas horas. A composição pode é, certamente, influenciada pelos alimentos e líquidos ingeridos durante o dia. A utilização da amostra randômica é inevitável em situação de emergência e urgência, freqüentes em ambiente hospitalar. Entretanto, a utilização da amostra randômica realização do exame de urina deve considerar a elevada possibilidade de resultados falsos negativos assim como resultados falsos positivos dentre os constituintes avaliados na realização do exame.

Apesar da possibilidade de resultados falsos negativos assim como alguns resultados falsos positivos de constituintes analisados, a amostra randômica, considerando a facilidade de sua obtenção é a de eleição mais freqüente no caso de pacientes atendidos através do serviço de emergência e de Unidade de tratamento intensivo. No caso de pacientes atendidos através de ambulatório a amostra mais freqüentemente utilizada é a segunda amostra da manhã.

Além das amostras de urina acima descritas, outras formas de colheita podem ser utilizadas, dependendo das condições e da idade dos(as) pacientes a serem obtidas as amostras de urina, como por exemplo: inserção de cateter; aspiração suprapúbica e sacos coletores.

Em crianças que ainda não apresentam controle urinário a obtenção de amostra de urina através da inserção de cateter de cateter estéril, especificamente, para este fim. Esta forma de coleta de amostra é relativamente invasiva e deve ser obtida por profissional específico. A coleta a partir de cateter pode ser obtida através de punção estéril de cateter permanente introduzido no(a) paciente. Neste caso a amostra, jamais deve ser obtida a partir da bolsa coletora.

Em vista desta dificuldade, geralmente, a coleta de amostra de urina de crianças que ainda não apresentam controle urinário se dá através da utilização de sacos coletores específicos disponíveis no mercado. Para obtenção da amostra através de sacos coletores, é necessária a higiene prévia dos órgãos genitais para posterior aplicação do saco coletor específico. Após aplicar o saco coletor se deve freqüentemente, verificar se a criança urinou. Contudo, apesar de todo cuidado o saco coletor deve ser trocado se após uma hora a criança não urinou. Esta amostra obtida conforme recomendado, freqüentemente, apresenta elevada contaminação com células epiteliais. No caso de o saco coletor permanecer por mais de uma hora e a amostra for colhida depois deste tempo a possibilidade de contaminação maior da amostra é elevada, a ponto de comprometer a confiabilidade do resultado do exame de urina.

Outra possibilidade de obtenção da amostra de urina é através aspiração suprapúbica após punção realizada por profissional médico. Procedimentos de assepsia são indispensáveis para a obtenção da amostra deste modo. Para a obtenção da amostra de urina por punção suprapúbica a bexiga deve estar cheia e a punção ser realizada 1 centímetro acima do osso pubiano. Como em condições normais esta amostra é estéril, esta forma de coleta apresenta como grande vantagem a confiabilidade do resultado que indique a presença infecções do trato urinário ou de outros distúrbios do trato urinário.

3.1.1 FRASCOS PARA COLETA DE AMOSTRAS DE URINA

O frasco a ser utilizado para colheita de urina deve ser translúcido (Figura 2) e rigorosamente limpo e fornecido pelo laboratório. Para a realização do exame de urina não

(8)

cultura de urina é imprescindível que o frasco seja estéril e de preferência que Os frascos devem, segundo European Urinalysis Guideline (2000), ter a capacidade de armazenar de 50 a 100ml e abertura de no mínimo 5 cm de diâmetro a fim de facilitar a colheita de amostra de urina tanto para pacientes do sexo masculino como pacientes do sexo feminino.

È recomendado também que o frasco tenha base ampla, de forma que seja difícil que o mesmo vire acidentalmente. Os frascos devem estar livres de contaminação com substâncias interferentes. A reutilização de frascos para colheita de amostras de urina eleva o em muito o risco de contaminação com substâncias interferentes.

3.1.2 PREPARAÇÃO DO PACIENTE E COLHEITA DE AMOSTRA

A preparação do paciente e a colheita da amostra de urina constituem de fato a primeira fase do exame de urina. O paciente deve ser, primeiramente, informado de que para a realização do exame solicitado, uma amostra de urina deve ser colhida. Em seguida o paciente deve ser orientado sobre como se procede a coleta da amostra de urina para o exame solicitado. Esta orientação é importante para que o resultado da análise de urina a ser realizada permita a interpretação confiável que reflita as reais condições do trato urinário do(a) paciente. As orientações ao(a) paciente devem ser fornecidas oralmente e por escrito, sendo estas, sempre, acompanhadas de material ilustrativo para facilitar a compreensão do(as) mesmo(a).

A orientação e preparação adequadas dos pacientes, principalmente quando do sexo feminino, não se constitui, na prática diária, em procedimento dos mais simples. Por isto, freqüentemente no deparamos com amostras de urina inadequadamente colhidas, que apresentam características de contaminação com fluxo vaginal.

No caso do sexo feminino as pacientes devem ser orientadas a lavarem cuidadosamente as mãos e após enxaguá-las, afastar os lábios vaginais e lavar os órgãos genitais externos em torno da uretra com água e secar com lenços de papel ou limpar com lenços de higiene. Após esta higiene os lábios vaginais devem ser mantidos afastados até a micção e durante a mesma. A primeira parte jato da micção deve ser desprezada, após deve-se colher, aproximadamente, 50 mililitros e desprezar o restante. As pacientes, devem colher a amostra de urina imediatamente após realizar a higiene, sem se levantar do vaso para isto, caso contrario o procedimento de higiene deve ser repetido. O rigor necessário na higiene dos órgãos genitais externos torna o êxito do procedimento de coleta difícil de ser alcançado.

Como alternativa para o procedimento de higiene no caso de pacientes do sexo feminino se pode recomendar que esta proceda a colheita da urina, após lavar bem as mãos, com os dedos indicado e médio afastar bem os grandes lábios vaginais e com leve pressão promover a retificação da uretra feminina, que normalmente apresenta uma curva descendente de aproximadamente 45°.

Os pacientes do sexo masculino devem ser orientados a lavarem cuidadosamente as mãos e após enxaguá-las, retrair o prepúcio, se existente, para permitir cuidadosa lavagem da glande peniana, apenas com água ou então realizar a limpeza desta com lenços de higiene. Após esta higiene, sem permitir que o prepúcio volte a cobrir a glande peniana, deve ser realizada a coleta desprezando a primeira parte jato da micção, recolhendo no frasco fornecido pelo laboratório, aproximadamente, 50 mililitros e desprezando o restante da urina desta micção.

(9)

Com relação ao volume da amostra é importante considerar que pacientes que apresentam distúrbios do trato urinário podem emitir diariamente apenas reduzido volume de urina, de modo que o volume total de uma micção seja até mesmo inferior a 10 mililitros. Nestes casos as amostras de urina devem ser analisadas com qualquer que seja o volume de amostra obtido.

Depois de colhida a amostra deve ser anotada pelo laboratório o tipo de amostra que foi obtida, o horário de sua obtenção que dever ser informado ao médico requisitante, juntamente com o resultado da análise realizada.

Os procedimentos de orientação dos(as) pacientes como descrito acima são recomendáveis para primeira amostra da manhã, segunda amostra da manhã e amostra randômica. Para coleta da amostra de tempo determinado, além de realizar a cuidadosa higiene de seus órgãos genitais externos, o paciente deve anotar o horário em que esvaziou a bexiga e o horário em que realizou a última coleta no tempo determinado. A(s) amostras devem ser colhidas apenas em frasco(s) fornecido(s) pelo laboratório. É importante lembrar que na coleta desta amostra deve ser colhido todo o volume da(s) micção(ões) do período.

No caso de pacientes de ambulatório, não deve ser permitida a colheita da amostra de urina fora das dependências do mesmo tendo em vista não se dispor de garantia da hora de realização da mesma.

Se o laboratório estiver impedido de realizar o exame de urina no período uma hora após colheita da amostra, esta pode, excepcionalmente, ser mantida sob refrigeração entre 4 a 8° centígrados por até 8 horas, entretanto devem ser observados os cuidados relativos às possíveis alterações decorrentes deste procedimento que serão abordados no exame químico e no exame microscópico. No caso de a amostra ser conservada sob refrigeração conforme, conforme descrito acima, o fato deve ser comunicado ao medico requisitante do exame.

As amostras de “urina” devem ser cuidadosamente analisadas, sob todos os aspectos, pois diversos líquidos apresentam características físicas similares às da urina e também reagem com as tiras reagentes.

A preparação e orientação do(a) paciente para a realização do exame de urina deve, preferencialmente incluir questões como hábitos alimentares e medicação de utilizada pelo paciente, pois juntamente com a orientação quanto aos procedimentos relativos à higiene íntima e a colheita da amostra estas informações podem ser úteis na interpretação e na confiabilidade dos resultados.

(10)

Quadro 1. Orientação para coleta de urina para pacientes do sexo feminino 1) Lavar as mãos

2) Abrir o frasco sem tocar a parte interna

3) Lavar a região vaginal com água e depois enxaguar bem

4) Secar a região vaginal, da frente para traz, com toalha de papel

5) Assentar no vaso, afastar os lábios vaginais e mantê-los afastados

6) Desprezar a primeira parte do jato urinário

7) Colher o segundo jato até,

aproximadamente, metade do frasco

8) Desprezar, no vaso, o restante do jato da micção

9) Colhida a amostra, fechar o frasco e entregar ao funcionário do Laboratório

Referências

Documentos relacionados

No caso da coleta de amostras de urina de bovinos vivos, após a realização do procedimento de coleta da amostra, a mesma deve ser remetida ao laboratório determinado pelo PNCRC de

O material para exame citopatológico é coletado através de punção aspirativa por agulha fina PAAF, já, para a realização do exame histopatológico é necessário uma amostra

Para realização do diagnóstico é realizado o exame oftalmológico com lâmpada de fenda, cromatografia feita utilizando a urina com o intuito de detectar a dosagem

Neste capítulo é apresentada uma visão geral da tecnologia de WLANs, padronizada pelo IEEE (padrão 802.11), vantagens e desvantagens sobre as redes cabeadas

Após esse tempo, as amostras E0R e E0nR foram cadastradas no aparelho para realização da dosagem do bicarbonato pelo método enzimático, enquanto as outras

Não é um texto exclusivamente histórico-narrativo, é também histórico- analítico porque, além de mostrarmos a trajetória da prática católica (“ação pastoral católica”) ao

O laboratório utilizado para a realização dos ensaios foi o laboratório de materiais de construção civil da UFERSA – Campus Angicos/RN, na qual as amostras foram preparadas

É também intitulada como “Rio + 20” porque marca o vigésimo aniversário da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92).