• Nenhum resultado encontrado

Gêneros-Chaves de Onze Diferentes Comunidades de Nematóides do Solo na Região dos Cerrados do Brasil Central

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Gêneros-Chaves de Onze Diferentes Comunidades de Nematóides do Solo na Região dos Cerrados do Brasil Central"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Gêneros-Chaves de Onze Diferentes Comunidades de Nematóides do Solo na

Região dos Cerrados do Brasil Central

Jean K.A. Mattos1, Ednalva P. Andrade2, Marcela A. Teixeira2, Ana Paula G. Castro2 & Shiou P. Huang (in memoriam)2

1Universidade de Brasília (UnB), Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária,

C. Postal 04364, 70919-970 Brasília (DF) Brasil.

2UnB, Departamento de Fitopatologia, Instituto de Biologia, Brasília (DF) Brasil.

Autor para correspondência: jeankleber@yahoo.com.br Recebido para publicação em 08 / 01 / 2008. Aceito em 07 / 04 / 2008

Editado por Mário Inomoto

Resumo- Mattos, J.K.A., E.P. Andrade, M.A. Teixeira, A.P.G. Castro & S.P. Huang. 2008. Gêneros-chaves de onze diferentes comunidades de nematóides do solo na região dos cerrados do Brasil central.

Foram estudadas, na região central do Brasil, comunidades de nematóides do solo relacionadas a coberturas vegetais nativas (cerrado, cerradão, mata de galeria e campo limpo) e cultivadas (eucalipto, Pinus caribaea, citros, café, milho, feijão-vagem e tomate), compreendendo onze diferentes níveis de intervenção humana. As amostragens do experimento foram realizadas em cinco localidades para cada sistema estudado durante a estação chuvosa. Os nematóides de solo de cada amostra foram quantificados e os gêneros de 100 indivíduos coletados ao acaso, determinados. Foi estabelecida a abundância relativa de cada gênero. Com os dados obtidos foi determinado o gênero-chave ou nematóide parasita de plantas prevalente. Os gêneros Trophotylenchulus e

Discocriconemella separaram as comunidades associadas às vegetações nativas das associadas aos sistemas de

cultivo. O segundo distinguiu cerrado e cerradão em relação aos sistemas mata e campo. Nos sistemas eucalipto e Pinus prevaleceu fortemente o gênero Xiphinema. Nos campos nativos e nos sistemas café, milho e tomate prevaleceu o gênero Helicotylenchus. Nos pomares cítricos, o gênero-chave foi Tylenchulus (T. semipenetrans), com exceção de um pomar onde a espécie esteve ausente, em virtude de práticas culturais seguras, prevalecendo neste o gênero Trichodorus. Na comunidade de feijão-vagem prevaleceram os gêneros Helicotylenchus e Scutellonema. Palavras-chaves: Nematoda, fauna edáfica, mata de galeria, culturas.

Summary- Mattos, J.K.A., E.P. Andrade, M.A. Teixeira, A.P.G. Castro & S.P. Huang. 2008. Key genera of eleven soil nematode communities in the savannah region of Central Brazil.

The soil nematode community was studied in the central region of Brazil on four natural communities (“cerrado”, “cerradão”, gallery forest, and native grassland) and seven cropping systems (eucalyptus, Pinus

caribaea, citrus, coffee, corn, snap-bean and tomato) composing eleven different degrees of human intervention.

Samplings were made from five different locations for each land use system in rainy season. The total number of nematodes was evaluated in the soil, and 100 random individuals identified to generic level. The relative abundance of each genus was expressed in percentage. The genus Trophotylenchulus was widespread in all four native communities, whereas Discocriconemella was dominant only in “cerrado” and “cerradão”. Populations of

Xiphinema were higher in eucalyptus and pinus fields, and Helicotylenchus in the native grassland and three annual

cropping fields (coffee, corn and tomato). In the citrus system the genus Tylenchulus (T. semipenetrans) was prevalent in general. Where safe agricultural practices were implemented (one orchard), Tylenchulus was absent.

Trichodorus genus was prevalent there. Helicotylenchus and Scutellonema were prevalent on snap bean. Keywords: Nematoda, edaphic fauna, gallery forest, cultivated plants.

(2)

Nematologia Brasileira 143

Introdução

Os índices comumente utilizados para descrever a comunidade de nematóides funcionariam melhor em experimentos em que várias fontes de variação (estação, clima, solo, etc.) pudessem ser controladas (McSorley & Frederick, 1996). Por esse motivo, variações sazonais que ocorrem na população de determinadas espécies de nematóides podem interferir nos índices ecológicos e nematológicos, nivelando sistemas sabidamente diferentes. Esses mesmos autores sugerem, para representar melhor a comunidade de nematóides de uma cultura, a determinação de um gênero-chave ou espécie-chave, como Paratrichodorus minor (Colbran, 1956) Siddiqi, 1974 para a cultura da soja na Flórida (EUA). Goede & Bongers (1994) determinaram que uma espécie da família Criconematidae era um dos elementos utilizáveis para distinguir florestas de coníferas em solos arenosos em relação a outros sistemas. Bernard (1992) mencionou que a espécie Helicotylenchus clarkei Sher, 1966 foi encontrada na comunidade de nematóides em florestas clímax e a espécie H.

pseudorobustus (Steiner, 1914) Golden, 1956 em áreas

com distúrbio.

Cadet et al. (2003), pesquisando as comunidades de nematóides ao longo de dois cortes geográficos, ou seja, linhas delimitadoras de amostragens, envolvendo coberturas florestais diferentes, encontraram que o gênero predominante ou o gênero-chave diferia conforme a situação sócio-botânica e climática, predominando em algumas áreas a espécies

Scutellonema cavenessi e em outras, mesmo vizinhas, Tylenchorhynchus gladiatus. Em áreas menos perturbadas

foi observada a prevalência de Xiphinema spp. Hoschitz & Zolda (2002) estudaram a comunidade de nematóides num campo nativo dos Alpes centrais da Áustria, com predominância das espécies botânicas

Vaccinium gaultherioides, V. myrtillus e Rhododendron ferrugineum. Encontraram trinta e oito gêneros de

nematóides distribuídos por cinco grupos tróficos, segundo Yeates et al. (1993). A espécie predominante foi Rotylenchus breviglans, obviamente o gênero-chave da comunidade.

Pen-Mouratov et al. (2003), estudando as comunidades de nematóides em ecossistema de deserto em Negev, com predominância das espécies

Atriplex halimus e Hammada scoparia, encontraram a

prevalência do gênero parasita de plantas

Tylenchorhynchus, especialmente entre os arbustos e sob A. halimus. Também observaram que a abundância dos

três gêneros prevalentes Cervidellus, Mesorhabditis e

Tylenchorhynchus foi influenciada pelos tratamentos

(cobertura vegetal), pela estação (sazonalidade) e profundidade de coleta de amostras.

O sistema de cultivo exerce inegável influência sobre a prevalência de determinados gêneros. Pujol et

al. (2004), estudando a população de nematóides do

solo relacionada às culturas de batata, soja, feijão e milho consoante três sistemas de cultivo (orgânico, integrado e convencional), encontraram que, muito embora o gênero prevalente nas quatro culturas tenha sido Meloidogyne (média de 75 %), o gênero Xiphinema também foi muito expressivo na soja (média dos tratamentos 12 %, sendo 20 % no sistema orgânico). Na cultura da batata no sistema convencional, o gênero

Xiphinema atingiu prevalência de 44 %. No mesmo

sistema, foi praticamente equivalente ao gênero dominante Meloidogyne, que atingiu apenas 45 %. No feijão encontraram 24 %. No milho, após o gênero

Meloidogyne (média de 75 %), destacou-se o gênero Criconemoides com 20 % de prevalência. Criconemoides

também destacou-se no feijão orgânico, com 23 % de prevalência.

Gomes et al.(2003), em campos de soja na região dos cerrados do Brasil, encontraram uma comunidade onde 53 % foram fitoparasitos, 35 % bacteriófagos e cerca de 12 % micófagos, predadores e onívoros. A comunidade de fitonematóides foi dominada por

Helicotylenchus com 40 % da abundância total. O

nematóide Heterodera glycines não foi encontrado neste estudo.

Coletando amostras na profundidade de 20cm na rizosfera das plantas de soja, Neves & Huang (2005) encontraram H. glycines e Helicotylenchus dihystera como os dois parasitas de plantas mais abundantes, em dois campos da cultura localizados no estado de Goiás. Evidencia-se, mais uma vez, que nem sempre o gênero-chave corresponde ao nematóide mais importante do ponto de vista fitopatológico.

Os estudos sobre os nematóides dos pomares cítricos são tradicionais nos Estados Unidos. Barnes

(3)

plantas cítricas da Califórnia (EUA), ao final dos anos 50, estavam infestadas com Tylenchulus semipenetrans. Eles relataram também a presença de Hemicycliophora

arenaria, Paratrichodorus minor (sin. Trichodorus christiei), P. porosus (T. porosus), Xiphinema americanum, Criconemoides

sp e algumas espécies de Pratylenchus, todos de importância fitossanitária. O gênero Meloidogyne também foi relatado, mas os autores advertem que as espécies cítricas não são hospedeiras preferenciais do gênero, raramente se relatando o parasitismo e assim mesmo em mudas. Embora relatado na espécie Citrus

aurantium nos Estados Unidos, o nematóide Xiphinema italiae não é importante, sendo a laranja um mau

hospedeiro. (CAB International, 2001).

Pastor (1990) amostrou pomares cítricos na Venezuela e encontrou que os nematóides mais abundantes extraídos eram da espécie T. semipenetrans. Outros nematóides foram: Helicotylenchus, Paratylenchus,

Peltamigratus, Pratylenchus, Rotylenchulus reniformis, Trichodorus, Tylenchorhynchus e Tylenchus.

Nas espécies cítricas da Costa Rica, em que se destaca a laranja (Citrus sinensis), Solano et al. (2002) relataram os nematóides Criconemella, Helicotylenchus,

Longidorus, Meloidogyne, Paratylenchus, Pratylenchus, Rotylenchulus, Trichodorus, Xiphinema e T. semipenetrans.

Conforme a espécie cítrica analisada, podem ser relatados Helicotylenchus, Xiphinema americanum,

Rotylenchus e Belonolaimus. Reddy (1997) confirma, em

termos gerais, a lista de hospedeiros acima apresentada. Com referência às culturas de Eucalyptus, milho e tomate, Solano et al. (2002) encontraram em prevalência os seguintes nematóides: em Eucalyptus, Meloidogyne e Tylenchorhynchus; em milho, Criconemella, Helicotylenchus, Longidorus, Meloidogyne incognita, Meloidogyne sp. - incluindo M. incognita -, Pratylenchus, Trichodorus, Tylenchorhynchus e Xiphinema; em tomate, Criconemella, Helicotylenchus, Hemicycliophora, Meloidogyne hapla, M. incognita, M. javanica, Pratylenchus e Trichodorus.

Em cafeeiros, levantamento feito por Ferraz (1982), para nematóides parasitas de plantas cultivadas e realizado em 36 municípios do estado de Minas Gerais, identificou os seguintes gêneros em ordem decrescente de importância: Helicotylenchus, Criconemella, Meloidogyne,

Pratylenchus e Xiphinema. Dentre as espécies

identificadas, a mais comum foi Helicotylenchus dihystera

(Cobb, 1893) Sher, 1961, seguida de Pratylenchus zeae Graham, 1951. Em apenas duas amostras das 68 analisadas, foi encontrada a espécie Rotylenchulus

reniformis Linford & Oliveira, 1940, que na Índia é

considerado o principal nematóide parasita do cafeeiro. Com relação à comunidade de nematóides associada a espécies do gênero Pinus, Brito et al. (2005), considerando a prevalência de nematóides do gênero

Xiphinema na cultura, advertem sobre o risco de entrada

no Brasil de Xiphinema americanum Cobb, 1913. Relatam que a espécie Pinus banksiana é hospedeira desse nematóide. Mencionam ainda que a maior dificuldade encontrada para impedir a entrada desse nematóide é a correta identificação. Muitas vezes Xiphinema

americanum é confundido com outras espécies

pertencentes ao mesmo gênero, porém esta espécie se destaca por ser importante transmissor de viroses de plantas.

Cares & Huang (1991) compararam a prevalência dos gêneros em campo cerrado, mata de galeria e campo úmido. De acordo com os citados autores, os gêneros Aorolaimus, Coslenchus, Criconema,

Discocriconemella, Hemicriconemoides e Trophotylenchulus

foram encontrados com maior freqüência em áreas de cerrado stricto sensu, enquanto os gêneros Meloidogyne,

Hemicycliophora, Aphelenchoides, Malenchus, Helicotylenchus

e Ditylenchus o foram na mata de galeria. Nos campos úmidos, os gêneros encontrados com maior freqüência foram Caloosia, Criconemella, Filenchus, Pratylenchus,

Xiphinema e Meloidogyne.

Huang & Cupertino (1976) relataram os gêneros de nematóides Aphelenchus, Aphelenchoides,

Helicotylenchus, Meloidogyne, Rotylenchus e Tylenchus como

os mais freqüentemente encontrados em áreas cultivadas em geral, na região dos cerrados em Brasília. A espécie Helicotylenchus longicaudatus Sher, 1966 foi relatada como prevalente tanto em áreas de cerrado nativo como em áreas de cerrado cultivado. Cares & Huang (1991) também relataram a ocorrência de gêneros de nematóides em áreas de cerrado nativo e cultivado, e encontraram que nematóides dos gêneros

Ditylenchus e Tylenchus adaptaram-se melhor em

sistemas de cultivo anuais do que em sistemas perenes, enquanto outros como Ecphyadophora e Trophotylenchulus estabeleciam-se bem apenas em sistemas perenes.

(4)

Nematologia Brasileira 145

Material e Métodos

As comunidades de nematóides foram estudadas em áreas nativas de cerrado, cerradão, mata ciliar e campo limpo e em áreas de agricultura com: eucalipto,

Pinus caribaea, citros, café, milho, feijão-vagem e tomate.

A coleta dos dados realizou-se em 1997, nos meses de março e abril em cinco lugares diferentes, abrangendo a região do Distrito Federal e os municípios goianos de Cristalina, Luziânia e Padre Bernardo, situados na região do entorno.

Em cada sistema em estudo, a amostragem foi delimitada a quadrilátero de aproximadamente 1 ha. Em cada área foram coletadas amostras em cinco pontos próximos aos quatro ângulos e ao centro. Em cada ponto foram retiradas com trado próprio (6,3 cm de diâmetro por 20 cm de altura), cinco subamostras, as quais foram misturadas num balde de 10 litros, para que se obtivesse uma amostra única de 500 cm3 por ponto. Cada sistema foi portanto amostrado com cinco repetições compostas. A profundidade da amostragem foi a do intervalo de 0 a 20 cm.

Amostras de solo de 500 g suspensas em 5 l de água foram passadas em peneira de 40 malhas sobre peneira de 400 malhas, onde foram coletadas, de acordo com o método da flutuação-sedimentação-peneiramento de Flegg & Hopper (1970). O processo foi executado duas vezes para cada amostra. A técnica da centrifugação em sacarose foi utilizada para clarificar a amostra (Jenkins, 1964). A seguir foram fixadas com solução de Golden de acordo com Hooper (1970).

A contagem dos nematóides foi feita em câmara de Siracuse adaptada. O número de nematóides não foi corrigido pela taxa de eficiência de extração do método. A abundância relativa dos taxa foi calculada

para a proporção dos 100 nematóides identificados ao acaso por amostra. A confecção de lâminas permanentes para microscopia foi feita mediante o método de infiltração lenta com glicerina de acordo com Hooper (1970). A identificação dos gêneros dos nematóides foi feita em 100 indivíduos examinados ao acaso sob microscópio óptico com magnitude de 1.000 x. A abundância relativa foi registrada para nematóides pertencentes a todos os grupos tróficos (Yeates et al. 1993).

Em cada comunidade foi determinado o gênero-chave, que é o parasita de plantas prevalente de acordo com o conceito de McSorley & Frederick (1996), ou seja, o gênero parasito de plantas que apresentou maior abundância relativa.

A classificação taxonômica dos nematóides foi baseada em Bongers (1988), May et al. (1996) e Smart & Nguyen (1988) para nematóides em geral, Jairajpuri & Ahmad (1993) e Thorne (1974) para a ordem Dorylaimida, e Andrássy (1983) para nematóides bacteriófagos da subordem Rhabditina.

Resultados e Discussão

Os gêneros Trophotylenchulus e Discocriconemella separaram as comunidades associadas às vegetações nativas daquelas associadas aos sistemas de cultivo (Tabelas 1, 2, 3 e 4), sendo que o segundo gênero distinguiu cerrado e cerradão em relação aos sistemas mata e campo. Cares & Huang (1991) já haviam encontrado que o gênero Trophotylenchulus era eficiente para distinguir sistemas nativos, cultivados perenes e anuais, porquanto não foi encontrado em áreas de cerrado cultivadas. Bernard (1992) mencionou que a espécie Helicotylenchus clarkei Sher, 1966 era expressiva na comunidade de nematóides em florestas clímax e que a espécie H. pseudorobustus (Steiner, 1914) Golden,

Tabela 1 - Abundância relativa (% em relação ao total da comunidade) dos cinco gêneros de parasitas de plantas mais prevalentes em

comunidades de nematóides do solo de vegetações nativas.

Cerrado Cerradão Mata Campo

Trophotylenchulus 7,48 Discocriconemella 8,44 Trophotylenchulus 9,68 Helicotylenchus 17,9

Coslenchus 6,8 Trophotylenchulus 8,36 Helicotylenchus 5,56 Trophotylenchulus 6,16

Tylenchus 5,6 Tylenchus 7,56 Tylenchus 5,16 Tylenchus 4,52

Discocriconemella 5,24 Coslenchus 6 Paratylenchus 4,36 Paratylenchus 4,2

(5)

Tabela 2 - Abundância relativa (% relativa ao total da comunidade) dos cinco gêneros de parasitas de plantas mais prevalentes em

comunidades de nematóides do solo de sistemas de cultivos perenes.

Pinus Citrus Eucalipto Café

Xiphinema 37,18 Tylenchulus 19,9 Xiphinema 13,4 Meloidogyne 4,32

Paratrichodorus 2,89 Trichodorus 11,4 Helicotylenchus 3,32 Helicotylenchus 3,68

Criconemella 2,52 Criconematoidea 5,93 Tylenchus 2,16 Tylenchus 2,4

Trichodorus 2,47 Helicotylenchus 5,81 Trophotylenchulus 1,96 Criconemella 2,12

Discocriconemella 1,37 Meloidogyne 2,91 Hemicriconemoides 1,2 Pratylenchus 0,48

Tabela 3 - Abundância relativa (% relativa ao total da comunidade) dos cinco gêneros de parasitas de plantas mais prevalentes em

comunidades de nematóides do solo de sistemas de cultivos anuais.

Feijão-vagem Milho Tomate

Helicotylenchus 35,74 Helicotylenchus 28,68 Helicotylenchus 14,84

Scutellonema 6,09 Meloidogyne 7,88 Meloidogyne 8,6

Trichodorus 3,34 Trichodorus 3,2 Tylenchus 2,48

Meloidogyne 2,43 Criconemella 2,12 Coslenchus 0,56

Paratrichodorus 1,45 Tylenchus 1,44 Trichodorus 0,24

Tabela 4 - Abundância absoluta de nematóides do solo (500 g) em onze comunidade estudadas na região de Brasília . Comunidade No. de nematóides Tomate 6.576 a Milho 4.113 b Feijão-vagem 2.848 c Citros 2.600 c Campo 1.810 c Café 1.351 c Cerradão 1.174 cd Cerrado 1.171 cd Mata 1.116 cd Eucalipto 686 d Pinus 553 d

Médias seguidas pela mesma letra não diferem pelo teste de Tukey a 5%.

1956 o era em áreas com distúrbio. McSorley & Frederick (1996) indicaram P. minor como gênero-chave para a cultura da soja na Flórida (EUA). Goede & Bongers (1994) determinaram que espécies da família Criconematidae eram utilizáveis para distinguir florestas de coníferas em solos arenosos em relação a outros sistemas.

Nas comunidades de nematóides do solo associadas às culturas de Eucalyptus spp e Pinus caribaea, prevaleceu o gênero Xiphinema. Esse gênero está geralmente associado de modo prevalente a sistemas culturais com distúrbios mínimos, conforme constatado por Cadet et al.(2003). No Brasil, Xiphinema aparece com destaque associado a campos graminosos nativos da região dos cerrados do Brasil central,

embora não seja o gênero-chave (Cares & Huang,1991). Espécies de Eucalyptus têm sido relatadas internacionalmente como hospedeiras de X. italiae (CAB International, 2001). Peterson (1962) relatou o parasitismo de X. americanum em Pinus nigra Arnold, causando a perda de vigor de mudinhas e figurando entre as causas mais comuns de doenças em viveiros. No presente trabalho, o gênero Helicotylenchus foi prevalente nos chamados “campos limpos” nativos, como também nas culturas de cafeeiros, milho e tomate. Helicotylenchus longicaudatus Sher, 1966 havia sido relatado na mesma região por Cares & Huang (1991), como prevalente tanto em áreas de cerrado nativo, certamente campos graminosos nativos, e aqui acrescentamos como também em áreas de cerrado

(6)

Nematologia Brasileira 147

cultivado. Gomes et al.(2003) encontraram uma prevalência do gênero Helicotylenchus (40 %) em campos de soja na mesma região. No milho, Solano et al. (2002), na Costa Rica, já o haviam detectado como o segundo na linha de prevalência, abaixo apenas de Criconemella. Surpreendentemente, Pujol et al. (2004), no sul do Brasil, relataram no milho a prevalência do gênero

Meloidogyne (média de 75 %), destacando-se em seguida

o gênero Criconemoides com 20 % de prevalência. Com referência ao cafeeiro, Ferraz (1982) já havia detectado Helicotylenchus como gênero prevalente em Minas Gerais. Essa prevalência do gênero

Helicotylenchus dificulta a individualização do sistema

cultural com base num gênero-chave. O mesmo se dá com a prevalência do gênero Xiphinema nos sistemas florestais de eucaliptos e pinheiros.

Rossi & Ferraz (2005) encontraram forte prevalência do gênero Helicotylenchus, com freqüência de 60,4 %, representado principalmente pela espécie

H. dihystera (49 %) em comunidades de nematóides

do solo amostrados em pomares de fruteiras de clima subtropical e temperado nos estados de São Paulo e Minas Gerais.

No presente trabalho, de cinco pomares cítricos estudados, em um deles não foi encontrado o

Tylenchulus semipenetrans, prevalecendo neste caso o

gênero Trichodorus. O gênero Tylenchulus foi o gênero-chave nos demais pomares cítricos. No pomar livre da espécie parasita, as mudas haviam sido lá mesmo produzidas e implantadas em solo sob cerrado recém-desbravado. Os demais pomares haviam utilizado mudas importadas. Desta forma evidenciou-se que o

T. semipenetrans foi introduzido. Freitas (2004),

estudando o mesmo pomar confirmou a prevalência do gênero Trichodorus e a ausência de Tylenchulus. Neste caso fica evidente que e emergência de Tylenchulus como gênero-chave esteve condicionada à tecnologia de produção de mudas adotada. Rossi & Ferraz (2005) também registraram amostras de solo de pomares em São Paulo e Minas Gerais com ausência de fitonematóides da superfamília Tylenchoidea, os quais eram o foco do trabalho. Vários pesquisadores confirmam a importância do gênero Trichodorus na fauna nematológica do solo associada aos cítricos (Barnes et al.,1959; Pastor 1990; Solano et al. 2002).

Para feijão-vagem (Phaseolus vulgaris), neste estudo

foram encontrados 34 gêneros e 22 famílias na comunidade de nematóides, compreendendo cinco grupos tróficos (Yeates et. al.1993). Os gêneros

Helicotylenchus e Scutellonema foram os parasitas de

plantas mais abundantes. O gênero Helicotylenchus foi altamente prevalente, sendo portanto o gênero-chave deste sistema.

Árias & Renaud (1984) identificaram 19 gêneros na comunidade de nematóides associada à cultura de

P. vulgaris com cinco grupos tróficos, tendo observado

que os parasitas de plantas apresentaram densidades populacionais medianas para Ditylenchus e Helicotylenchus e baixas para Rotylenchulus, Meloidogyne, Tylenchorhynchus e Pratylenchus. Em nosso estudo decidimos considerar

Ditylenchus como micófago (Goodey, 1960). O gênero Coslenchus foi incluído como parasita de plantas

(Andrássy, 1976).

Karanjal et al. (2001), estudando a distribuição da população e densidade de nematóides parasitas de plantas associados com P. vulgaris, em três distritos do Quênia, observaram que Meloidogyne e Pratylenchus foram os endoparasitas predominantes, ocorrendo em 86 e 61 % das amostras de raízes respectivamente e que Scutellonema e Helicotylenchus foram encontrados em 86 e 59 % das amostras de solo respectivamente, resultados corroborados no presente trabalho.

Conclusão

O presente estudo do gênero-chave ou nematóide parasita de plantas prevalente, determinado para as onze comunidades de nematóides do solo estudadas, evidenciou que alguns gêneros notórios de culturas nem sempre figuram como gênero-chave da comunidade de nematóides. Observa-se que os cuidados fitossanitários procedidos pelo agricultor podem interferir no resultado da determinação do gênero-chave.

Literatura Citada

ANDRÁSSY, I. 1976. Evolution as a Basis for the Systematization of Nematodes. Akademiai Kiado, Budapest, 288 p.

ANDRÁSSY, I. 1983. A Taxonomic Review of the Sub-Order Rhabditina (Nematoda - Secernentea). ORSTROM, Paris, 241 p.

ÁRIAS, R.B. & J.C. RENAUD. 1984. Nemátodos asociados al cultivo de caraota (Phaseolus vulgaris L.) en el estado Lara. Bioagro, 2 (1): 43-52.

(7)

BARNES, R.C., S.D. VAN GUNDY, & S.A. SHER. 1959. Citrus and avocado nematodes spread by nursery stock, by contaminated implements, and by water from irrigation canals that may drain infested land. California Agriculture,13 (9): 16-18.

BERNARD, E.C. 1992. Soil nematode biodiversity. Biology and Fertility of Soils, 14: 99–103.

BONGERS, T. 1988. De nematoden van Nederland. Pirola Schoorl, Natuurhist. Biblioth. KNNV, 408 p.

BRITO, G.G., E.C. COSTA, Z.I. ANTONIOLLI, F. DÖRR & H. MAZIERO. 2005. Xiphinema americanum Cobb, 1913 (Dorylaimida: Longidoridae): espécie-praga quarentenária para o Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, 35 (1): 239-244.

CAB INTERNATIONAL, 2001. Xiphinema italiae: Crop Protection Compendium, Global Module. 3rd ed. CAB

International, Wallingford UK, 10 p.

CADET, P., E. PATE, & J. THIOULOUSE. 2003.Relationship of nematode communities to human demographics and environment in agricultural fields and fallow lands in Senegal. Journal of Tropical Ecology, 19: 279–290.

CARES, J.H. & S.P. HUANG. 1991. Nematode fauna in natural and cultivated cerrados of Central Brazil. Fitopatologia Brasileira,16: 199-209.

FERRAZ, S. 1982. Principais fitonematóides presentes nos cafezais do estado de Minas Gerais. Fitopatologia. Brasileira, 7: 567.

FLEGG, J.J. & D.J. HOOPER, 1970. Extraction of free-living stages from soil. In: Laboratory Methods for Work with Plant and Soil Nematodes. Commonwealth Agricultural Bureaux, Herts UK, p. 5-22.

FREITAS, V.M. 2004. Relação entre comunidade de nematóides e biomassa microbiana na zona radicular de plantas de tangerina (Citrus reticulata) no Distrito Federal. (Dissertação de Mestrado). Universidade de Brasília, 98 p.

GOEDE, R.G. M. & T. BONGERS, 1994. Nematode community structure in relation to soil and vegetation characteristics Applied Soil Ecology, 1 (1): 29-44. GOMES, G.S., S. P. HUANG, & J.E. CARES. 2003.

Nematode community, trophic structure and population fluctuation in soybean fields. Fitopatologia Brasileira, 28 (3): 258-266.

GOODEY, J. B. 1960. Observations on the effects of the parasitic nematodes Ditylenchus myceliophagus,

Aphelenchoides composticola and Paraphelenchus myceliophthorus on the growth and cropping of

mushrooms. Annals of Applied Biology, 48 (3): 655– 664.

HOOPER, D.J. 1970. Handling, fixing, staining and mountaing nematodes. Commonwealth Agricultural Bureaux, Herts UK, p. 34-38.

HOSCHITZ, M. & P. ZOLDA. 2002. Diversity of soil nematodes in an alpine dwarf-shrub heath in Austria: first results of a two-year study. Nematology, 4 (2): 253.

HUANG, C.S. & F.P. CUPERTINO. 1976. Nematóides parasitas de plantas em áreas cultivadas do Distrito Federal e Goiás. Revista da Sociedade Brasileira de Fitopatologia, 9: 29.

JAIRAJPURI, M. S. & W. AHMAD, 1993. Dorylaimida. Free living, Predaceous and Plant Parasites Nematodes. Oxford & IBH Publish. Co. Put. Ltd, New Delhi (Índia), 456 p.

JENKINS, W.R. 1964. A rapid centrifugal flotation technique for separating nematodes from soil. Plant. Disease Reporter 48: 62.

KARANJAL, N.K., J.W. KIMENJU, I. MACHARIA, & R.A. SIKORA, 2001. Diversity and distribution of plant parasitic nematodes of Phaseolus vulgaris and impact of selected nematode management strategies. Managing Biodiversity in Agricultural Ecosystems. International Plant Genetic Resources, Montreal & Quebec (Canadá), 1 (1): 109.

MAY, W.F., P.G. MULLIN, H.H. LYON & K. LOEFFLER, 1996. Pictorial Key to Genera of Plant Parasitic Nematodes. 5th ed. Cornell University Press, Ithaca,

277 p.

McSORLEY, R. & J.J. FREDERICK. 1996. Nematode community structure in rows and between rows of a soybean field. Fundamental and Applied Nematology, 19 (3): 251-261.

NEVES, D.I. & S.P. HUANG. 2005 Differential responses of nematode communities to soybean genotypes resistant and susceptible to Heterodera glycines race 3. Fitopatologia Brasileira, 30 (1): 21-25.

PASTOR, P.R. 1990. Reconocimiento de nematodos fitoparasitos asociados a frutales de importância econômica em Venezuela. Fitopatologia Venezolana, 3 (1): 2-5.

PATE, E. & J. THIOULOUSE 2003. Relationship of nematode communities to human demographics and environment in agricultural fields and fallow lands in Senegal. Journal of Tropical Ecology: 19: 279–290. PEN-MOURATOV, S., M. RAKHIMBAEV & Y.

STEINBERGER. 2003. Seasonal and spatial variation in nematode communities in a Negev Desert ecosystem. Journal of Nematology, 35 (2): 157–166. PETERSON, G.W. 1962. Root lesion nematode infestation

and control in a plains forest tree nursery. USDA Forest Service, Rocky Mountain Forest and Range Experiment Station, Fort Collins (CO) EUA, 2 p.

PUJOL, S.B., V.J. QUADROS, Z.I. ANTONIOLLI, G.L. DENEGA, C.A. CASALI & M.A. WEBER. 2004. Nematóides em sistema de cultivo orgânico de batata, soja, feijão e milho. In: X REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO, MICORRIZAS, VIII BIOLOGIA DO SOLO e VIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA DO SOLO. p. 113.

REDDY, P.P. 1997. Nematodes and their control in tropical fruit crops. In: ARORA, R.K. & V.R. RAO (ed). Tropical Fruits in Asia. Proceedings of the

(8)

IPGRI-Nematologia Brasileira 149

ICAR-UTFANET Regional Training Course on the Conservation and Use of Germplasm of Tropical Fruits in Asia. Bangalore (India), p 246-249.

ROSSI, C.E. & L.C.C.B. FERRAZ. 2005. Fitonematóides das superfamílias Criconematoidea e Dorylaimoidea associados a fruteiras de clima subtropical e temperado nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Nematologia Brasileira, 29 (2): 183-192.

SMART Jr., G.C. & K.B. NGUYEN, 1988. Illustrated Key for the Identification of Common Nematodes in Florida. Kinko’os Copies Professor Publish, Gainesville (FL) EUA, 91 p.

SOLANO, O.M.F., F.P. ROJAS, A.S.Q. SOLÍS. 2002. Principales nemátodos asociados a los cultivos de Costa

Rica. Ministério de Agricultura y Ganaderia Costa Rica, Servicio Fitosanitario del Estado, Laboratório de Diagnostico Fitosanitario. 22 p.

THORNE, G. 1974. Nematodes of the Northern Great Plains. Part II Dorylaimida (Nematoda -Adenophorea). Agric. Experim. Station, South Dakota EUA, 120 p.

YEATES G.W, T. BONGERS, R.G.M. DE GOEDE, D.W. FRECKMAN, S.S. GEORGIEVA. 1993. Feeding habits in soil nematode families and genera - an outline for soil ecologists. Journal of Nematology. 25:315-331.

Referências

Documentos relacionados

No sistema do capital, segundo Mészáros (2005), a separação entre o capital e o trabalho faz com que a educação formal seja um instrumento pelo qual se opera

Potencialidades e desafios na utilização de coberturas vegetais em condições edafoclimáticas na Amazônia Taxas de liberações diárias de fósforo de resíduos vegetais nos

Os principais resultados obtidos pelo modelo numérico foram que a implementação da metodologia baseada no risco (Cenário C) resultou numa descida média por disjuntor, de 38% no

O tema proposto neste estudo “O exercício da advocacia e o crime de lavagem de dinheiro: responsabilização dos advogados pelo recebimento de honorários advocatícios maculados

The presence of cellulose acetate contributed considerably to the increase of specific surface area in carbonized samples comparing with HPC derived samples.

O desafio apresentado para o componente de Comunicação e Percepção Pública do projeto LAC-Biosafety foi estruturar uma comunicação estratégica que fortalecesse a percep- ção

A dispensa de MSRM é um procedimento que requer rigor e cautela, visto que, um erro a este nível poderá por em risco a saúde do utente e também trazer

Este trabalho consistiu na colheita de amostras de água superficial do rio Douro, com o objetivo de identificar a presença de espécies do género Staphylococcus, com perfis