,SUMARTO
IDEIUTISTEf,IA
&
MEDICINA
29
Queratoquistos
OdontogénicosMaxilares: Um
GraveErro
Comum deDiagnóstico Clínico
Mohammad AÌi, D.D.S.; Ronald A. Baughman, D.D.S., M.S.D.
Neste estudo os Drs. Ali e Baughman determínam qual a localizaçd,o mais frequente dos queratoquistos odontogénicos no maxilar superior e
a
su.a, imjticaçao no eiercício dentário.rilvEsTtcAçÃo
37
Reabilitação da
GuiaAnterior
em Dentições DesgastadasDra. C. Barbosa; Dra. A. Lino; Dra. P. Fonseca; prof. J. Lordelo
Neste trabalho os autores apresentam a sua experiência em relaçã.o
q
casos clínicos d,edesgaste dentário acentuado em que foi necessó.rio restaurar a guia anterior.
D€IlITISTERI'{ (O5MÉrICA Ë
RESTAURADORA
44
sobredentadura
Tmplanto-suportada como
Alternativa
àprótese
Total
Mandibular
James H. Doundoulakis, D.M.D., M.S. e colaboradores
Este artigo descreue as uantagens d.a sobred.entad,ura mand,íbular apoiad.a em implantes.
ïENDEil(IAS
-.,Ì51
cimeiras
sobre
Formação emMedicina Dentária: os
DesafiosFuturos
Howard Bailit, D.M.D. e colaboradores
O Dr. Bailit e colaboradores apresentam as princípais conclusões d.as cimeiras sobre formação de 2001 e 2002 patrocinadas pela ADA.
pá9. 37
ti F t t t I ! I i
í-ìïzuvEsrrG,*qe
Ãc
Reabilitação
da
guia
anterior
em
dentições
desgastadas
DRA. C. BAFBOSA; DRA.
A.
LINO; DRA. P. FONSE(A;PROF. J. LORDELO
ilUTRODUçAO
asicamente existem dois sistemas biomecâni-cos que condicionam, ou seryem de guia, aos
movimentos mandibuÌares: as articulações temporomandibulares, constituintes
anatómi-cos da guia posterior, e os dentes que
contac-tam nos movimentos excursivos da mandíbula, que constituem a guia anterior. De acordo com Davies e
Gray,l fazem parte da guia anterior os dentes que con-tactam nos movimentos excêntricos, independentemente de serem anteriores ou posteriores como, por exemplo,
numa situação de mordida aberta. Outros autores, como
Orthlieb e coÌ., consideram que quando os movimentos mandibulares são guiados apenas pelos contactos dos
dentes posteriores ao canino, estamos na presença de
uma guia anterior afuncional, designando esses
contac-tos por interferências.2 Na 7." Ecl. do Glossary of
Pros-thodontic Terms (GPT-7) a guia anterior é definida como
sendo a influência exercida peÌas superfícies de contacto
dos dentes anteriores nos moyimentos mandibuÌares limitados por dentes.3 A primeira definição, embora
mais abrangente, engloba situações que se afastam do
conceito de ocìusão ideaÌ. Dado que em reabilitacão oral
se deve
ter
como objectivo a aproximação de umaoclu-são ideal, a defrnição de guia anterior tomada como
re-ferência é aquela que consta no GPT-7 e que aÌiás, é
corroborada por outros autores.a'õ 6
O PAPEL
DA
GUIA AIUÏERIORilA
CIilEMÁTICN MANDIBULARQuando falamos de dentiçoes naturais- o esquema ocÌu-saÌ considerado "normal" é o da oclusão mutuamente protegida. Dentro deste esquema, podemos subdividir os
elementos da guia anterior nos dentes que contribuem para o movimento de lateraÌidade e nos dentes que in-tervêm no movimento de protrusão. Para o movimento
de lateralidade podemos categorizar dois tipos de gu.ia:
A restauracão dos dentes que, habituaÌ-mente, constituem a guia
ante-rior é da máxima importân-cia peÌas suas consequên-cias estéf,icas e funcio-nais.
São relativamente fre-quentes as situações de desgaste dentário acentuado
dos dentes anteriores. Na maior parte dos casos a restauracão da grria anterior
impli-ca um arunento da dimensão verticaÌ de oclusão e, consequentemente, a intervenção nas restantes deterrninantes oclusais com excepção, obviamente, da guia conrìflia.
Além üsso, a sua restauração deve
respei-tar padrões estéticos aceitáveis para o pa-ciente. Estes factores condicionantes exi-gem um plano de tratamento que tenha em conta todos os procedimentos a
efec-tuar e a sua sequência, bem como, os
ma-ieriais a utüzar.
O desenvolvimento da dentisteria adesiva veio permibir a restauração dos dentes an-teriores por processos mais conservadores, simples de executar, esteticamenie aceitá-veis, previsÍveis, mais fáceis de ajustar e
mais económicos quando comparados com os trabmento de prótese fi-xa.
Os autores apresentam 2 casos chnicos de desgaste denüírio acentuad.o nos quais pro-cederam à restauração da guia anterior
através de dentistería adesiva.
:
...,s$.
ïi,,ryIguia canina e função de g:-upo.ï Não há evidência científica que comprove a su-perioridade de um esquema relativa-mente ao outro. No entanto, quando se
pretende aÌterar ou restabelecer a guia anterior, existem mais proponentes
pa-ra
a utilização da guia canina.s Ì.íomo-vimento de protrusão idealmente
utili-za-se uma relação do tipo 6/8 (os 8
dentes anteroinferiores deslizam nas
superfícies paiatinas dos 6 dentes
an-terosuperiores),4 embora a relaçáo 416
seja aceitável.
Sob o ponto de vista meramente
me-cânico, na oclusão mutuamente
prote-gida, as faces palatinas dos dentes
JADA, Vol. 4 - N.o 2, Março/Abril 2004 37 ii, '.:. 'a í, ''* ;: ti, tl
i j
'
rilvËsT:c,âçÃO
Imaxilares anteriores funcionam como "pista de
desÌizamento" para os dentes mandibuÌares. Nu_ ma perspectiva neuromuscular a guia anterior é
responsáveÌ
peìa
diminuicão da forca cle con-tracção dos músculos da mastigaçãoe e pelaau-sência de contactos dos dentes posteriores
du-rante a totaÌidade dos movimentos mandibulares
excêntricos.
Os dentes constituintes da guia anterior
cÌe-sempenham outras funções importantes,
nomea-damente, fonética, mastigatória e estética que
devem também ser tidas em conta aquando da sua reabiÌitação.
ETIOLOGIA DO DESGASTE DENTÁNIO
A identificação da etiologia do desgaste dentário é
o primeiro passo na abordagem dos pacientes que sofrem desta situação patológica.10 São muitas as
causas de desgaste dos dentes anteriores: (1)
perda de suporte posterior devido à extracção dos
dentes posteriores sem ulterior substituicáo; (2)
actividades parafuncionais, (3) hábitos alimenta-res (ingestão abundante de aÌimentos ou bebidas
com pH ácido); (4) doenças que levam a uma
diminuição do pH da cayidade oral (anorexia
nervosa, bulimia, reflu,ro gastro-esofágico) ou (5)
combinação de mais do que uma destas situações.
Para aumentar a durabilidade do tratamento
dos dentes desgastados e promover a
estabili-dade ocìusal, a intermpção ou controlo da(s)
cau-sa(s) do desgaste dentário deve estar incÌuída no
pÌano de tratamento.
DESGASTE DEilTÁRtO
-
ABORDAGEM TERAPÊUTICAApós a avaliação da extensão do tratamento oclusal necessário deve-se decidir quaì a opção terapêutica que permita, com maior previsibi-Ìrdade, remodelar a guia anterior, de modo a preencher as exigências funcionais e estéticas.11
{Jma das principais questões consiste em
sa-ber se do desgaste dentário resuÌtou a perda de
dimensão vertical.12 A presença de dentes
des-gastados não significa que a dimensão vertical
de oclusão (DVO) esteja diminuída, concluiu
Nis-wonger em 1938
-
uma egressão ósseacompen-satória no sector anterior é frequentemente
observad.a.l
Uma observação clínica cuidadosa e a
monta-gem dos modelos de estudo em articuìador
semi--ajustável, utilizando arco facial, de acordo com os registos da dimensão vertical de oclusão e da
relação cêntrica (RC) aproximadas, são funda-mentais para a planificação do tratamento.
3a
JADA, Vol. 4 - N..2, Março/Abril 2004Caso esteja contra-indicado o aumento da di_
mensão vertical, o problema do desgaste
dentá-rio
tem abordagem simpÌificada. Os par'âmetrosdo esquema oclusaì existente em princípio não
serão alterados e a intervenção sobre os dentes
anteriores terá essencialmente uma finaìidade cosmética. Quando para compensar o desgaste
está indicado o aumento do dimensão verlical de
oclusão, temos que ponderar os seguintes
aspec-tos: (1) o grau de aumento das coroas clúricas; (2) qual o sector a aumentar
-
maxiÌar,mandi-bular ou ambos; (3) quais os materiais e técnicas
a
utilizar;
(4) o que fazer nos sectores posteriores (premolares e molares) para manter a estabiìi-dade oclusaÌ. Todos estes itens devem serdeci-didos obedecendo a uma sequência de
procedi-mentos no
fim
dos quais se obtenham os resul-tados desejados: recuperação funcional e esté-tica, equiÌíbrio ocÌusal e interrupção ou controlodas causas do desgaste.
cAsos cl.íNtcos
Descrevemos a reabilitação da guia anterior de
duas pacientes com desgaste dentário acentuado e diminuição da DVO, recorrendo a dentisteria
restauradora.
Caso n.o 1
(paciente
com 60 anos)r
Motivo da consulta: tratamento protético econtroìo do desgaste dentário.
-
Anamnese: difrcuÌdade mastigatória; sem queixas de origem pulpar ou arbicuÌar.r
Exame clinico: ClasseI
de Kennedy maxiiar emandibular; intenso desgaste da dentição
rema-nescente; mobilidade de grau
I
e bolsaperiodon-taÌ
distaì no dente 23 (Figura 1).r
Exame radiográfrco: rebordos alveolares daszonas desdentadas bem desenvolrridos (Figura 2).
Após estudo conclui-se que estaria indicada reabiÌitação protética posterior maxilar e
mandi-buÌar com recurso a implantes ou próteses remo-víveis e reabilitação da guia anterior com
recur-so a prótese fixa ou a dentisteria restauradora. Por motivos económicos optou-se pela prótese
removíveÌ para substituir os dentes posteriores e
peÌa reconstrução com compósitos dos dentes
anteriores.
Plano
detratamento
r
T?atamento periodontal do dente 23;r
Prótese acrílica maxilar;-
Prótese esquelética mandibular;-
Restauração de todos os dentes maxiÌares eF
r
I t i iDescrição
dos passosclínicos:
1. Impressões preliminares;
2. ilIontagem dos modeios de estudo, em
articuÌador semi-ajustável na posição de DVO e
RC registadas;
3. Desenho das próteses;
4. Preparação pré-protética; impressões defini-tivas;
5. Prova de esqueleto mandibular e impressào funcionaÌ das áreas desdentadas (técnica do
mo-delo aiterado); confirmação dos registos interma-xiÌares (DVO e RC) (Figura B);
6. Montagem de dentes, respeitando as relacões
intermaxi.lares registadas (Figura 4), seguida da
respectiva proya em
boca;
,,i7. Colocação das próteses (Figura 5) e
reconstru-ção a compósito (Filtek 250@ 3M) dos seis dentes
anteriores superiores e dos seis dentes anterio-res inferiores (constituintes da guia anterior) (Figura 6); neste caso foi utilizado um esquema
de oclusão balanceada de modo a
facilitar
aesta-bilidade das próteses removíveis.
ttltvEST!ü.q,cÃo
Figura 4.
8. Consultas pós-coÌocação para ajustes das bases
das próteses e da ocÌusão. Figura 2.
Figura í.
Figura 3.
Figura 5.
II{,'VESTICACÃO
IFigura 5.
Caso n."
2 (paciente
com 30 anos)-
Motivo da consulta: sensação de fragilidadedos dentes anteriores maxiìares e diÍiculdade mastigatória.
-
Anamnese; sem qualquer outro tipo de quelxa.4()
JADA, Vol. 4 - N.o 2, Marco/Abril 2004r
Exame cÌínico: intenso desgaste da facepalati-na dos dentes anterosuperiores (Figura 7); ausência de 36.
-
Exame radiográfico: radiolucência nas coroasdos dentes anterosuperiores (peÌo desgaste);
res-taurações múltiplas; ausência de 36 (Figura 8). Após o estudo conclui-se que estaria indicado
um ligeiro aumento da DVO que permitisse a
re-construção dos dentes anteriores afectados.
Devi-do ao desgaste dentário
atingir
quaseexclusiva-mente a face palatina destes optou-se pela reconstrução a compósito.
Descrição
dos passosclínicos:
1. Impressões preliminares;
2. Montagem dos modelos de estudo, em
articuÌador de valores médios, na posição da DVO e RC registadas (Figuras 9 e 10) confecção
de chaves de ocÌusão em siiicone de mordida
(FUTAR D@) nas zonas de premoiares e moÌares;
3. Reconstrucão dos dentes anteriores superio-res, em compósito (Composit@ Inibsa), tendo com orientação para a DVO as chaves de ocìusáo
colocadas nos dentes posteriores (Figura 11);
4. Remoção das chaves de ocÌusão e execucão de
Figura 7.
Figura 9. Figura 8.
ÇFr Ì j t t i t
stops posteriores em compósito na face ocÌusai dos dentes posteroinferiores; ajuste oclusal da guia anterior obedecendo a um esquema de ociu-são mutuamente protegida (Figuras 12 e 13); 5. Em sessões subsequentes procede-se à
rea-natomização dos dentes posteriores e
estabiÌiza-ção oclusal.
DrscussÃo
O desgaste dentário leva a perda de substância,
que tem que ser substituída pâra repor a anato-mia.10 Consideramos que o primeiro passo para estabelecer o pÌano de tratamento destes
pacien-tes é sempre urna montagem prévia dos modeÌos
de estudo em articuìador na RC e na DV em que
supomos reabiÌitá-Ìos,la isso permite-nos
üsuali-zar o espaço disponível para a reanatomização.
Como o desgaste dentário ocorre de forma
Ìen-ta isso dá oportunidade a que os diversos compo-nentes do sistema estomatognático se vão
adap-tando. Contudo, quando pretendemos
tratar
estes pacientes não o podemos fazer com a
mes-ma lentidão. Isto significa que rapidamente
IrruvEsrtcncÁo
temos que introduzir alterações bruscas, mas ao
mesmo tempo reversíveis, como, por exempìo,
proceder ao aumento da DVO de uma só vez
uti-lizando resinas compostas, pontes acrílicas provisórias, ou goteiras de utiÌização
contínua.11'15 Esta forma de actuação permite-nos
testar o comportamento do paciente perante as
alterações introduzidas e ajustá-las se neces-qário,
Apresentamos dois casos clínicos com abordagem
inicial
semelhante, mas cujoesquema ocÌusal
Íinal
adoptado foi diferente.Reìativamente aos esquemas oclusais utilizados, no primeiro caso cìínico, estávamos na presenca
de uma classe
I
de Kennedy maxilar emandibular e, ao utilizarmos próteses parciais removíveis para substituição das peças
dentárias, optamos por
utilizar
um conceito deoclusão balanceada como forma de estabilização
protélica,16 em prejuízo do suposto "ideal.,
quando nos propomos a alterar todo um
esquema ociusal.
No segundo caso clínico procedemos a uma
abordagem cÌássica
-
estabelecimento de umaoclusão mutuamente protegidalT
-
r.isto nãotermos substituído peças dentárias por nenhum dispositivo protético removível, mas sim a uma aÌteração do esquema ociusaÌ da paciente por
reposição da anatomia perdida.
'
Dra. C. Barbosa é aluna do llestrado de Reabilitacão OraÌ
F.\I.D.U.P
Dra. A. Lino é aluna do )Íestrado de Reabilitaçáo Oral F.NI.D.U.P.
Dra. C. Áreias é alua do lÍestrado de Reabilitação OraÌ F.}I.D.U.P. Dra. P. Fonseca é aìuna do Nlestrado de Reabilìtação OraÌ
nì!I.D.U.P
(continua na pógina 48)
JADA, Vol. 4 - N.'2, Março/Abril 2004 41
Figura 11. Figuta 12.
:iE
l$
'*
DËIlITISTERIA i CO5I,4ÉT]CA
I
RÊSIAURADCRA7. Buser D, trlericske-Stem R, Bernard JP,
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