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Qualidade percebida da educação à distância: a influência do papel dos tutores e professores e da estrutura da Universidade Aberta do Brasil

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ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

DANIELLA BARBOSA SILVA

QUALIDADE PERCEBIDA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:

A

INFLUÊNCIA DO PAPEL DOS TUTORES E PROFESSORES E DA ESTRUTURA DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

Salvador

2016

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QUALIDADE PERCEBIDA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:

A INFLUÊNCIA DO PAPEL DOS TUTORES E PROFESSORES E DA ESTRUTURA

DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Administração, Escola de Administração, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Paulo de Arruda Penteado Filho.

Salvador

2016

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Escola de Administração - UFBA

S586 Silva, Daniella Barbosa.

Qualidade percebida da educação à distância: a influência do papel dos tutores e professores e da estrutura da Universidade Aberta do Brasil / Daniella Barbosa Silva. – 2016.

121 f.

Orientador: Prof. Dr. Paulo de Arruda Penteado Filho.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Escola de Administração, Salvador, 2016.

1. Universidade Aberta do Brasil - Ensino à distância - Feira de Santana (BA). 2. Ensino à distância – Professores -Eficácia no ensino. 3.

Aprendizagem -Ambientes virtuais compartilhados. 4. Tecnologia da informação. I. Universidade Federal da Bahia. Escola de Administração. II. Título. CDD – 378.175 371.35

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QUALIDADE PERCEBIDA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:

A INFLUÊNCIA DO PAPEL DOS TUTORES E PROFESSORES E DA ESTRUTURA

DA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração, Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia.

Banca Examinadora

Prof. Dr. Paulo de Arruda Penteado Filho - Orientador _______________________________

Doutor em City and Regional Planning (Cornell University) Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Prof. Dr. Antonio Sergio Araújo Fernandes ________________________________________

Doutorado em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Prof. Dr. Sergio Hage Fialho ___________________________________________________

Doutorado em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) Universidade Salvador (UNIFACS)

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Dedico esta dissertação a Deus, aos meus pais, à minha família e aos meus amigos.

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Os meus agradecimentos não poderiam iniciar de forma diferente: Agradeço imensamente a Deus por toda a sustentação nos dias mais difíceis, pela condução nos caminhos trilhados, pelos aprendizados conquistados, pelas pessoas maravilhosas que colocou em meu caminho e por me fortalecer a cada dia. As bênçãos de Deus em minha vida são inúmeras, depois de tantos problemas de saúde, devo a ele essa vitória. Sem ele, certamente eu nada seria.

Agradeço à minha amada e devotada mãe, Linda, e ao meu grande amigo e amado pai, Ademir, que sempre deram todo o apoio emocional e financeiro necessários às minhas realizações. Com princípios e valores morais sólidos me ensinaram o valor da educação e do conhecimento, o que certamente influenciou a minha escolha profissional que tanto me satisfaz. Por muitas vezes deixaram de viver os sonhos deles para viver os meus, sempre me ouvindo e compartilhando das minhas vitórias, vibrando e torcendo por novas conquistas. Durante as fases difíceis, foram o meu refúgio, o meu abrigo. Agradeço ao meu irmão Danylo, que mesmo sendo um típico engenheiro, teve sensibilidade bastante para me ajudar quando precisei.

Não poderia deixar de citar as minhas tias Ligia, Luciene e Lindinalva, três Marias muito queridas que sempre me apoiaram e aconselharam, participando ativamente de toda essa caminhada, sempre penalizadas por me verem estudar tanto, preocupadas com a minha saúde a todo instante. Obrigada por cuidarem tão bem de mim, mesmo no auge dos meus trinta anos. Também não posso esquecer de agradecer aqui ao meu primo mais amado, Dion. Essa caminhada revelou que não tenho só um irmão, tenho dois.

Obrigada às amigas da minha querida “Princesinha do Sertão”. Maria Rosane, amiga de muitos anos, com quem dividi sonhos, planos, momentos alegres e tristes, companheira que sempre esteve disposta a me ouvir, aconselhar e apoiar como amiga, irmã de vida e acadêmica; Constance Mara, outra irmã que a vida me reapresentou em forma de amizade, carinho e cumplicidade, palavras certas nas horas certas, incentivando cada passo e torcendo sempre; Lorena, que com espírito aventureiro sempre provocou as melhores reflexões e conselhos em todos os aspectos da vida. Esta caminhada sem vocês não seria tão produtiva. Obrigada a minha grande amiga soteropolitana, Fernanda, que incondicionalmente sempre esteve ao meu lado desde a graduação, com quem construí uma relação de irmandade das mais sólidas que se pode ter, vibrando por cada conquista acadêmica minha. Grata também a Marta, minha querida parceira e amiga, sempre paciente e presente.

Agradeço à minha eterna chefe, profa. Mônica MacAllister. Com ela aprendi na prática que para ser eficiente, a gestão deve ser colaborativa. Uma profissional extremamente competente e inteligente que será uma eterna inspiração na carreira docente. Ao professor Ernani Marques, registro também meu agradecimento, que, ainda como aluna especial, me deu todo o apoio no que se refere às minhas pretensões de me tornar aluna regular desse programa de mestrado.

Agradeço ao meu querido orientador prof. Paulo Penteado, que acreditou em mim desde o primeiro momento, quando eu tinha apenas um pré-projeto para ser apresentado à banca de seleção do NPGA. Com toda a sua experiência em educação a distância, sempre propôs discussões de extrema profundidade provocando reflexões importantíssimas à condução do trabalho. Obrigada por sempre ter sido paciente e acessível para as orientações, se colocando não apenas como um orientador, mas também como parceiro.

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do NPGA, em especial à Anaélia e a Dacy, que sempre, com muita paciência, estiveram disponíveis para tornar os processos burocráticos mais fluidos. Um agradecimento também muito especial para a prof. Ana Décia, a qual me conhece desde a graduação e hoje se tornou grande parceira de trabalho e inspiração profissional.

Durante os últimos dois anos, conheci pessoas que hoje são muito importantes para mim. Inicialmente eram apenas colegas de uma caminhada que prometia ser árdua, mas cada um com seu jeito contribuiu fortemente para minha formação docente e como pesquisadora e dessa forma pretendo mantê-los em minha vida por muitos anos. Obrigada Antônio Eduardo de Albuquerque Junior, um colega que conheci nas longas tardes de pesquisa no NEPAD. Sempre disposto a ajudar, utilizando o seu tempo de estudo para se dedicar à minha pesquisa, norteou muitos dos meus raciocínios, contribuindo para o refinamento da pesquisa. Sou extremamente grata por suas valiosas contribuições. Obrigada ao colega Jezreel Melo, que, como estatístico, contribuiu fortemente para a condução dos caminhos dessa pesquisa por ter grande experiência em estudos de natureza predominantemente quantitativa. Obrigada a Larissa Soares, pesquisadora que também contribuiu consideravelmente para importantes esclarecimentos metodológicos durante a caminhada. Obrigada a minha grande amiga e parceira Wanusa Centurion, que me proporcionou oportunidade de trabalhar e aprender muito durante a produção de relatórios para o Sebrae/SE e que também me inspira como profissional e mulher. Obrigada aos queridos Fábio Bergamo e Ricardo Caggy que, confiando em meu potencial, me apresentaram à Faculdade Adventista da Bahia, instituição da qual sempre sonhei fazer parte e que me acolheu com tanto carinho e respeito em seu quadro de professores.

Obrigada à Augusta, que sempre muito companheira, esteve disposta a contribuir com materiais de estudo e apoio fraternal; Nayane, que com sua doçura e tranquilidade auxiliava nos momentos de tensão e comigo dava muitas risadas para juntas fugirmos deles; Morjane, que sempre buscou estar presente e auxiliar nas pesquisas, compartilhando vivências e orientando os melhores caminhos; Julia, de quem eu tirei muitas gargalhadas e em quem também reconheci uma amiga para a vida. Não poderia deixar de citar Edvania e Urbano, colegas aos quais devo gratidão, não somente pelas caronas, mas pelas orientações, palavras de carinho e acolhimento.

Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPQ, pela bolsa de estudos concedida, que propiciou o reforço financeiro durante o tempo que me dediquei exclusivamente ao mestrado.

Agradeço à profa. Maria Salete Freitas da Silva, coordenadora do polo da Universidade Aberta do Brasil de Feira de Santana que abriu as portas da referida instituição para que eu pudesse fazer minhas observações, entrevistas e aplicação dos questionários. Agradeço imensamente a todos os respondentes do questionário desta pesquisa, pois graças a todos eles essa pesquisa se tornou possível.

Encerro por aqui os meus agradecimentos com a certeza de que todos aqui citados foram fundamentais para o alcance dessa vitória e que continuarão ao meu lado das mais diversas formas durante a minha caminhada acadêmica que está apenas iniciando.

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“Perca sua função de transmissor de conhecimento, e passa a conter informações a partir das quais o estudante é desafiado a construir seu conhecimento.” Nitzke, 2006, p.19

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Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo central analisar a configuração e o significado do envolvimento dos tutores, professores e da estrutura da rede de ensino a distância em função da percepção da qualidade do ensino ofertado pela Universidade do Estado da Bahia, através da Universidade Aberta do Brasil no polo de Feira de Santana/BA. Os objetivos específicos definidos foram atingidos mediante realização de pesquisa exploratória, pesquisa de campo e análise dos dados, através de abordagem quantitativa associada à abordagem qualitativa, com aplicação de questionário aos estudantes e realização de entrevistas não estruturadas com profissionais atuantes no referido polo. As quatro hipóteses consideradas foram ancoradas nas relações entre o envolvimento dos tutores, professores e estrutura de apoio à rede com a percepção da qualidade do ensino e foram comprovadas, mas através de análise estatística ficou evidenciado que das três dimensões citadas e consideradas por esta investigação, a estrutura de apoio à rede de ensino a distância foi avaliada como a que mais influencia a qualidade percebida do ensino, fato que encontrou comprovação também através da análise qualitativa dos dados do questionário e das entrevistas.

Palavras-chave: Educação a distância. Qualidade. Expectativas. Tutores. Professores. Estrutura.

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Federal University of Bahia, Salvador, 2016.

ABSTRACT

This research had as main objective to analyze the setting and the significance of the involvement of tutors, teachers and the structure of the school system the distance due to the perception of the quality of education offered by the Bahia State University through the Open University of Brazil on pole Feira de Santana / BA. The defined specific objectives have been achieved by conducting exploratory research, field research and data analysis through quantitative approach associated with qualitative approach with a questionnaire to students and conducting unstructured interviews with professionals working in that pole. The four assumptions were anchored in relations between the involvement of tutors, teachers and support the network structure with the perception of the quality of teaching and have been proven, but through statistical analysis evidenced that the three dimensions mentioned and considered by this investigation, the support structure for distance education network was assessed as the most influence on the perceived quality of teaching, a fact that also found evidence through qualitative analysis of data collected through questionnaires and interviews.

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Figura 1 - Contexto Político da UAB ... 21

Figura 2 - Funcionamento da UAB ... 21

Quadro 1 - Autores e Respectivas Teorias Clássicas Sobre Ensino a Distância ... 29

Figura 3 - Ação Social da Instituição de Ensino ... 32

Figura 4 – Expectativa e Percepção da Qualidade ... 34

Figura 5 - Sistema de EAD ... 37

Figura 6 – Modelo de Análise - ... 49

Quadro 2 - Construtos do Modelo de Pesquisa ... 50

Quadro 3 - Hipóteses da Pesquisa elaboradas com base no Modelo proposto por Vieira Et Al. 2013 ... 52

Figura 7 - Organograma das Fases de Desenvolvimento da Pesquisa ... 55

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Tabela 1 - Análise Fatorial Confirmatória do Modelo ... 64

Tabela 2 – Envolvimento dos Tutores ... 65

Tabela 3 - Envolvimento dos Professores ... 66

Tabela 4 - Interação e Flexibilidade ... 67

Tabela 5 - Adequação do Sistema ... 67

Tabela 6 - Ferramentas de Comunicação ... 68

Tabela 7 - Organização e Estrutura do Curso... 68

Tabela 8 - Polo Presencial ... 69

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ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CD Compact Disc

DVD Digital Versatile Disc

EAD Educação a Distância / Ensino a Distância IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IES Instituição de Ensino Superior MEC Ministério da Educação

PACC Plano Anual de Capacitação Continuada SEED Secretaria de Educação a Distância UAB Universidade Aberta do Brasil UFG Universidade Federal de Goiás UNEB Universidade do Estado da Bahia

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1 INTRODUÇÃO ... 15

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMA DE PESQUISA ... 15

1.1.1 O Sistema UAB e a UNEB ... 21

1.2 OBJETIVOS ... 24 1.2.1 Objetivo Geral ... 24 1.2.2 Objetivos Específicos ... 24 1.3 JUSTIFICATIVA ... 24 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 27 2.1 ENSINO A DISTÂNCIA ... 27

2.2 QUALIDADE PERCEBIDA DO ENSINO A DISTÂNCIA ... 32

2.3 ESTRUTURA DA REDE ... 36

2.3.1 Variáveis que Influenciam a Percepção da Qualidade ... 38

2.4 A DOCÊNCIA NO ENSINO A DISTÂNCIA... 40

2.4.1 O Papel do Tutor ... 42

2.4.2 O Papel do Professor ... 44

2.4.3 Professor ou Tutor: Causas da Confusão Entre os Papéis ... 46

3 MODELO DE ANÁLISE E HIPÓTESES DA PESQUISA ... 48

3.1 MODELO DE ANÁLISE ... 48

3.2 HIPÓTESES DA PESQUISA ... 51

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 53

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ... 53

4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA ... 56

4.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ... 57

4.3.1 Primeira Fase: Aberta ou Exploratória ... 58

4.3.2 Segunda Fase: Trabalho de Campo ... 58

4.3.3 Terceira Fase: Análise e Interpretação das Evidências ... 59

4.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ... 60

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 62

5.1 ANÁLISE FATORIAL CONFIRMATÓRIA ... 63

5.2 ANÁLISE DESCRITIVA ... 64

5.2.1 Envolvimento dos Tutores ... 65

5.2.2 Envolvimento dos Professores ... 66

5.3 ANÁLISE DO MODELO ESTRUTURAL E SEUS INDICADORES ... 70

5.4 ANÁLISE DOS DADOS QUALITATIVOS ... 73

5.4.1 Análise das respostas da questão aberta do questionário aplicado aos discentes ... 75

5.4.2 Análise da entrevista com tutores presenciais ... 79

5.4.3 Análise da entrevista com o técnico de laboratório ... 81

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Federal da Goiás (UFG) ... 97 APÊNDICE C – Questionário aplicado aos estudantes das licenciaturas em Letras com Espanhol e suas Literaturas e em Matemática da UNEB do polo da UAB em Feira de Santana/BA ... 104 APÊNDICE D – Análise qualitativa dos dados coletados pela questão nº 24 do questionário aplicado aos estudantes ... 106 APÊNDICE E - Transcrição das entrevistas com tutores presenciais ... 117 APÊNDICE F – Transcrição da entrevista com o técnico responsável pelo laboratório de Informática ... 121

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1 INTRODUÇÃO

No primeiro capítulo dessa pesquisa serão apresentados a contextualização e o problema de pesquisa, os objetivos geral e específicos, a justificativa e as contribuições do estudo.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMA DE PESQUISA

A partir dos anos 60, o desenvolvimento dos meios de comunicação em massa (rádio e TV) exerce forte influência nos costumes sociais. A grande capacidade de influência destes meios de comunicação gerou profundas mudanças na política, economia, jornalismo, marketing e também na educação. Na década de 70, a informática começa a despontar e consolida a utilização dos computadores para fins educacionais. Durante as décadas seguintes, as novas tecnologias da informação e comunicação impulsionaram inovadoras ações apoiadas no desenvolvimento de aparelhos e programas projetados para gerenciar quantidades cada vez maiores de informação.

O ensino a distância pode ser definido como o ensino no qual o conhecimento é disseminado de um ponto, seguindo para outros. Cabe observar que, para alcançar seu objetivo, este processo deve ser gerenciado de forma adequada com a finalidade de que os conteúdos estejam de acordo às necessidades de aprendizados dos estudantes e sejam transmitidos sem a existência de ruídos que possam alterar a natureza das informações. A educação a distância corresponde a uma modalidade de ensino que é racionalizada pela aplicação de princípios organizacionais e de divisão do trabalho, bem como pelo uso intensivo de meios técnicos, com o objetivo de reproduzir material de ensino de alta qualidade, o que torna possível formar um número maior de estudantes ao mesmo tempo, onde quer que estejam. Sendo assim, é uma forma industrializada de ensino e aprendizagem (PETERS, 1973).

As diversas áreas do conhecimento contam com o uso do computador para organizar, gerenciar e transmitir informações e construir novos conhecimentos, estando cada vez mais dependentes do auxílio de programas desenvolvidos e utilizados segundo a necessidade de

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cada estudo proposto. Isso não quer dizer que esta dependência anula ou diminui a importância do homem na realização da gestão do conhecimento construído, apenas aponta para a utilização dos inúmeros aparatos tecnológicos que auxiliam no alcance da eficácia da gestão das informações e conhecimento produzido.

O processo de educar a distância é executado através da interação de diversos atores, que devem estar afinados aos objetivos do curso com o qual se encontram envolvidos. Gestores, professores, coordenadores de curso, coordenadores pedagógicos, coordenadores de polo, tutores presenciais e virtuais buscam em conjunto ajustar as melhores estratégias pedagógicas, para que os estudantes possam participar do processo de construção do conhecimento de forma ativa e possam ter uma avaliação positiva de todo o processo.

Com o desenvolvimento das tecnologias da informação, novos meios para facilitar as atividades didáticas e pedagógicas relacionadas com a educação a distância vêm sendo adotados, a fim de auxiliar os educadores na tarefa de promover a construção do conhecimento junto aos estudantes, onde quer que estejam. Contudo, é importante que tanto tutores como professores, e os demais integrantes da rede de EAD, estejam aptos a trabalhar satisfatoriamente com as tecnologias de informação e comunicação, adequando-as às necessidades de aprendizado dos estudantes.

A cultura digital traz mudanças sociais consideráveis no tocante ao relacionamento entre as pessoas, à forma como estas percebem o mundo a sua volta, bem como a forma como elas se percebem parte integrante do contexto em que vivem. Sendo assim, no campo educacional, estas mudanças são ainda mais visíveis, uma vez que vão aparecendo novas formas de ensinar e aprender, dando espaço a um novo paradigma de educação, uma vez que ambientes interativos ganham mais espaço e reconhecimento nesse contexto. Com a Internet, informações restritas, livros, manuais, dentre outros, ficaram acessíveis e a interação entre estudantes e professores formatou novas formas de aprender e ensinar. Trata-se agora de uma nova relação com o conhecimento, como registra Levy (1998, p. 55):

O saber prendia-se ao fundamento, hoje se mostra como figura móvel. Tendia para a contemplação, para o imutável, ei-lo agora transformado em fluxo, alimentando as operações eficazes, ele próprio em operação. (LEVY, 1998).

O ensino a distância é considerado por Silva (2010) como “um conjunto de ações de ensino e aprendizagem ou atos de currículo mediado por interfaces digitais que potencializem práticas comunicacionais interativas e hipertextuais”. Sendo assim, a educação a distância é

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uma excelente oportunidade para novas metodologias apropriadas à sociedade em rede. É interessante que o curso a distancia seja desenhado metodologicamente, de forma a apresentar uma proposta de ensino em que as possibilidades ofertadas pelo ciberespaço sejam provocações para conhecimentos (re)significados, fazendo assim uso de novas linguagens de interação e comunicação.

A EAD possui algumas especificidades e, portanto, necessita estar fundamentada em propostas que potencializem o intercâmbio, a cooperação e o auxílio dos alunos entre si, não apenas com acesso aos conteúdos, mas a possibilidade de troca, discussões, compartilhamento de experiências fazendo parte do processo de aprendizagem. Para que isso ocorra é necessária a utilização dos AVAS – Ambientes Virtuais de Aprendizagem, que possibilitam a realização de processos cooperativos, interdisciplinares e comunitários. A visão de mudança no ensino e no aprender pode ser encontrada dentro do ciberespaço, que comporta tecnologias intelectuais que ampliam, exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas humanas: memória (banco de dados, hiperdocumentos, arquivos digitais de todos os tipos), imaginação (simulações), percepção (sensores digitais, tele presença, realidades virtuais), raciocínios (inteligência artificial, modelização de fenômenos complexos). Sendo assim, estas tecnologias intelectuais favorecem novas formas de acesso à informação e novos estilos de raciocínio e de conhecimento.

Os recursos ofertados pela tecnologia para a otimização dos processos de transmissão de informação entre quaisquer pontos do globo estão cada vez mais modernos e possibilitando a eficácia cada vez maior dos processos que envolvem a gestão do conhecimento. Nesse sentido, pode-se considerar que os professores e tutores, ao apropriarem-se do conhecimento sobre o uso correto das tecnologias de informação e comunicação, fazendo delas ferramentas de inclusão dos estudantes no atual contexto social, fazem com que estes possam perceber qual papel poderão assumir dentro desse cenário, uma vez que prepararam estes estudantes para o mundo de informações e de tecnologia em que vivem.

O uso da informática representa um meio para a troca de informações e diminuição de barreiras intelectuais. A tecnologia educacional tem a preocupação de manter os interessados em um determinado campo de conhecimentos interligados. A proposta é de manter o conhecimento exposto a números cada vez maiores de pessoas, favorecendo a comunicação entre elas, o que possibilita a facilitação dos processos de produção, gerenciamento e transmissão de conhecimento em uma era em que as informações circulam cada vez mais velozes.

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Nessa perspectiva, a UAB – Universidade Aberta do Brasil surge como forma de tornar a oferta de cursos a distância mais próxima do contexto social de regiões com baixa ou nenhuma presença de instituições de ensino superior. O sistema UAB foi instituído através do Decreto nº 5800 de 8 de junho de 2006, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos a distância através de parceria com instituições públicas de ensino superior, relação mediada pelo MEC.

Na definição da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior (2013), “a Universidade Aberta do Brasil é um sistema integrado por universidades públicas que oferece cursos de nível superior para camadas da população que têm dificuldade de acesso à formação universitária, por meio do uso da metodologia da educação a distância. O público em geral é atendido, mas os professores que atuam na educação básica têm prioridade de formação, seguidos dos dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos estados, municípios e do Distrito Federal”.

No que se refere ao arranjo da rede de ensino a distância praticado pela UAB, em suma composto por coordenação de polo, coordenador de curso, professores conteudistas, tutores online e virtuais, pouco se fala sobre a necessidade da parceria, sobretudo entre professores e tutores (online e virtuais) para trabalharem com tecnologias educacionais de gestão do conhecimento, bem como sobre o quanto a plena utilização dessas tecnologias deve manter os estudantes motivados com as propostas dos cursos. Sendo assim, ainda existe uma lacuna no que se refere ao reflexo das posturas dos tutores e professores dentro desse processo educacional em rede, no tocante ao uso das tecnologias citadas e dos conteúdos trabalhados na qualidade do ensino percebida pelos estudantes.

A confusão de papéis em EAD ocorre muito na prática, o que nos faz refletir sobre a necessidade da clareza e transparência dos processos como fatores extremamente relevantes quando tratamos sobre qualidade percebida pelos estudantes. Quando estes papéis não são bem definidos e quando a execução de algum deles ocorre de maneira insatisfatória, ocorre então uma insatisfação natural no que se refere ao serviço educacional prestado. É importante registrar aqui que tanto professores quanto tutores e a estrutura de comunicação que sustenta cursos da referida modalidade são pontos chaves que influenciam fortemente a percepção dos estudantes sobre o ensino que recebem, no qual muitos fatores encontram-se interligados para compor a estrutura do sistema.

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Do ponto de vista pedagógico e de condições de trabalho, a situação do tutor em muitos projetos de EAD no Brasil é trágica, quando comparada à do professor presencial. Em geral, o tutor recebe o conteúdo pronto (desenvolvido pelo professor-autor ou conteudista), incluindo as atividades a serem realizadas pelos alunos e um calendário com as datas dos avisos ‘motivacionais’ que deve enviar aos alunos, ‘motivando-os’ sobre a liberação de conteúdos ou, principalmente, a aproximação dos prazos para a entrega de atividades (desenvolvidas pelo design instrucional) (MATTAR, 2012, p. 51).

Sobre as atribuições dos tutores, a Universidade Aberta do Brasil (UAB), através do MEC (BRASIL, 2009, p. 3-4), estabelece como funções:

 Mediar a comunicação de conteúdos entre o professor e os cursistas;  Acompanhar as atividades discentes, conforme o cronograma do curso;  Apoiar o professor da disciplina no desenvolvimento das atividades docentes;  Manter a regularidade de acesso ao AVA e dar retorno às solicitações do cursista

no prazo máximo de 24 horas;

 Estabelecer contato permanente com os alunos e mediar as atividades discentes;  Colaborar com a coordenação do curso na avaliação dos estudantes;

 Participar das atividades de capacitação e atualização promovidas pela Instituição de Ensino;

 Elaborar relatórios mensais de acompanhamento dos alunos e encaminhar à coordenação de tutoria;

 Participar do processo de avaliação da disciplina sob orientação do professor responsável;

 Apoiar operacionalmente a coordenação do curso nas atividades presenciais nos polos, em especial na aplicação de avaliações.

Todo o exposto nos faz refletir sobre o papel de caráter participativo do tutor na EAD, não executando apenas um papel mecanicista. Para Bruno e Lemgruber (2009, p.7) a nomenclatura deveria ser descartada ou reconceituada e afirmam “... O tutor enquanto tal é um docente que deve possuir domínio, tanto tecnológico quanto didático, de conteúdo”. Mais à frente serão discutidos os papéis social, pedagógico, intelectual e pedagógico do tutor, que reforçam esta teoria.

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O papel do docente em EAD envolve atuação pedagógica, gerencial, social e técnica. Teles (2009) registra que o aumento da comunicação humana mediada pelo computador com finalidade educacional estimulou uma propagação das tecnologias, a fim de oferecer ambientes educacionais. Essa mudança no meio educacional modificou e, em certa medida, provocou novos modos de ensinar e aprender.

Teles (2009) afirma:

Tarefa do professor online é a de criar um ambiente de comunicação fácil e confortável, no qual o participante de uma comunidade virtual não deverá sentir-se isolado e sem interação com colegas, estabelecendo um modelo no qual as respostas são rápidas (não mais de 24 horas, se possível menos do que isso). É necessário reconhecer e valorizar os comentários dos estudantes, evitando a sensação de que estão imersos em um vazio. Entretanto, é sempre bom lembrar que o gerenciamento de uma sala de aula virtual exige um equilíbrio delicado (TELES, 2009, p.74).

A função de suporte técnico é também tratada por Teles (2009) como um viés do papel docente em EAD e sobre isso ele afirma que o professor é também responsável pela seleção do software apropriado para preencher os objetivos específicos de aprendizagem da disciplina, bem como deve auxiliar os estudantes para que se tornem usuários competentes e confortáveis do software escolhido.

Dessa forma, percebe-se a necessidade de discutir neste trabalho os papéis do professor e do tutor, que possuem grande responsabilidade nos processos educacionais a distância, mas que se confundem em algumas situações. É necessário também discutir a estrutura oferecida, tanto pela instituição promotora quanto pelo polo UAB, aqui considerada como um suporte aos processos de ensino e aprendizagem em EAD. Vale ressaltar que a estrutura de ensino corresponde de modo geral à infraestrutura necessária, métodos de ensino, e outras orientações importantes para que o processo ocorra de forma saudável. Nas palavras de Giddens a estrutura é simultaneamente "o meio e o resultado da conduta humana que ela organiza; as propriedades estruturais dos sistemas sociais não existem fora da ação, mas são cronicamente implicados em sua produção e reprodução" (1984, p. 174). Contudo, a interação entre os tutores, professores e estrutura corresponde a processo e fim em ensino a distância, sendo temática latente no que se refere a investigações relacionadas à qualidade percebida de EAD.

Sendo assim, o presente trabalho pretende responder à pergunta: Qual a configuração da percepção dos estudantes sobre a qualidade do ensino a distância ofertado pela UNEB,

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através do polo da UAB – Feira de Santana/BA em função do envolvimento dos tutores, professores e da estrutura da rede em EAD?

1.1.1 O Sistema UAB e a UNEB

Segundo a CAPES (2015), o Sistema UAB funciona como articulador entre as instituições de ensino superior e os governos estaduais e municipais, com vistas a atender às demandas locais por ensino superior. Essa articulação estabelece qual instituição de ensino deve ser responsável por ministrar determinado curso em certo município ou certa microrregião por meio dos polos de apoio presencial. Seguem abaixo figuras que ilustram esse funcionamento:

Figura 1 - Contexto Político da UAB

Fonte: Site CAPES, 2013

Figura 2 - Funcionamento da UAB

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Ainda segundo a CAPES (2015), feita a articulação entre as instituições públicas de ensino e os polos de apoio presencial, o Sistema UAB assegura o fomento de determinadas ações de modo a assegurar o bom funcionamento dos cursos.

O MEC (2015) destaca o maior objetivo da UAB: Sistematizar as ações, programas, projetos e atividades pertencentes às políticas públicas voltadas para a ampliação e interiorização da oferta do ensino superior gratuito e de qualidade.

Atualmente fazem parte do sistema UAB, 104 instituições de ensino, 652 polos presenciais de ensino e apoio aos estudantes e 1.235 turmas ativas distribuídas em bacharelados, licenciaturas, formação de professores, especializações, aperfeiçoamentos, extensões e tecnólogos pelo Brasil. Ainda segundo o MEC (2015), pelo sistema UAB também são ofertados os seis mestrados no formato semipresencial do País: o Programa de Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (Profmat), criado em 2010; o Programa de Mestrado Profissional em Letras (Profletras) e o Programa de Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física – MNPEF (ProFis), lançados em 2013; e os Programas de Mestrado Profissional em Rede Nacional em Artes (ProfArtes), Administração Pública (ProfiAP) e Ensino de História (ProfHistória).

É importante compreender a estrutura do sistema UAB, como um sistema nacional associado a diversas universidades pelo Brasil, país extenso em termos territoriais, possuindo grande número de municípios e que é tão diverso no que se refere às demandas de cada uma das regiões.

A Universidade do Estado da Bahia (UNEB) é a maior instituição de ensino superior da Bahia e oferece cursos presenciais e a distância, estes sendo ofertados em parceria com o sistema UAB.

Segundo a administração geral, a UNEB possui um total de 29 Departamentos distribuídos em 24 campi, sendo que 01 está situado na capital do estado onde é concentrada a administração central e os demais, distribuídos em outros 23 municípios de porte médio e grande. A universidade disponibiliza ainda mais de 150 opções de cursos e habilitações nas modalidades presencial e de ensino a distância (EAD), nos níveis de graduação e pós-graduação, oferecidos nos 29 departamentos.

Vale a pena reforçar aqui que os cursos ofertados pelo sistema da UAB são semipresenciais e os polos de apoio presencial constituem um forte elemento estrutural. Em geral, esses polos têm como estrutura básica computadores com acesso à Internet, biblioteca,

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sala de coordenação e de escritório, salas para estudo individual e em grupo, para as atividades de tutores presenciais e reuniões presenciais entre alunos e funcionários. Esta estrutura é mantida pelos governos locais ou pelo Estado, em cada cidade, tornando estes polos unidades com características divergentes dos demais, pondo em questão o caráter unitário da política nacional.

Após o estudo realizado, buscando compreender se o sistema UAB disponibiliza ou incentiva a capacitação dos professores sobre o desenvolvimento de habilidades para produção de material didático, adequação das tecnologias de informação e disseminação do conhecimento, foi percebido que esta capacitação é prevista pelo sistema, porém não está registrada como uma das atribuições do sistema e sim das IES financiadas pela CAPES, conforme registrado no Guia UAB divulgado pela Universidade de Brasília (2013, p. 6):

Cada instituição deve ter seu Plano Articulado de Capacitação Continuada (PACC), que promoverá a formação dos diversos atores que trabalham na EAD, professores, tutores e equipe técnica. Mesmo com experiências de atuação em suas respectivas áreas, é fundamental que os professores da instituição e os tutores sejam capacitados para o trabalho na modalidade a distância. Em caso de já ter sido realizada alguma capacitação, a instituição deverá promover aperfeiçoamentos para cada segmento. Essas ações também são previstas no PACC. A equipe técnica que trabalha na EAD também deve ser capacitada, resguardando-se as especificidades de sua atuação (2013, p. 6).

Sendo assim, o guia ainda explica sobre o Programa Anual de Capacitação Continuada – PACC:

Constitui-se de chamada regular da CAPES para a apresentação de propostas das IES voltadas para a formação continuada de profissionais que atuam e/ou atuarão em seus programas e cursos ofertados na modalidade a distância, no âmbito do Sistema UAB. Essa ação reforça o papel de indução da CAPES não somente para a oferta de cursos na modalidade à distância, mas também, subsidiariamente, da capacitação dos quadros institucionais para a atuação acadêmica, pedagógica, tecnológica, multidisciplinar e administrativa. É importante que, ao elaborar o projeto PACC da IES, o coordenador UAB e equipe estejam atentos aos itens que deverão conter nos projetos, conforme orientação da CAPES, para facilitar o processo de avaliação posterior pelas comissões ad hoc. (2013, p. 6)

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1.2 OBJETIVOS

Mediante a necessidade de responder à problemática apresentada por este trabalho, foram definidos objetivos que nortearam essa investigação, os quais serão apresentados a seguir.

1.2.1 Objetivo Geral

 Examinar a configuração e o significado do envolvimento dos tutores, professores e da estrutura da rede de EAD em função da percepção dos estudantes sobre a qualidade do ensino de graduação ofertado pela Universidade do Estado da Bahia no polo da Universidade Aberta do Brasil de Feira de Santana/BA.

1.2.2 Objetivos Específicos

 Descrever as variáveis que influenciam a qualidade percebida do ensino pelos estudantes;

 Identificar dimensões para melhor explicar como é gerada a percepção da qualidade do ensino;

 Analisar a correlação entre as dimensões identificadas e a qualidade percebida pelos estudantes sobre o ensino ofertado.

1.3 JUSTIFICATIVA

Tendo em vista o caráter estratégico do ensino a distância, uma vez que esta modalidade de ensino aumenta o número de pessoas preparadas para ingressarem no mercado de trabalho, políticas públicas em ensino foram implementadas no Brasil seguindo inicialmente parâmetros de outras nações que já se utilizavam há mais tempo dessa modalidade de estudo, e dessa forma tivemos entre outras políticas de apoio, a implantação da

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Universidade Aberta do Brasil, que corresponde a um sistema integrado por universidades públicas, cujo objetivo é oferecer cursos de nível superior para camadas da população que têm dificuldade de acesso à formação universitária, por meio do uso da metodologia do ensino à distância, conforme já registrado anteriormente.

Segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES (2015), o sistema UAB foi instituído pelo decreto 5.800, de 8 de junho de 2006, para "o desenvolvimento da modalidade de ensino a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de ensino superior no País". O referido sistema proporciona a execução da modalidade de ensino a distância nas instituições públicas de ensino superior, bem como apoia pesquisas em metodologias inovadoras de ensino superior respaldadas em tecnologias de informação e comunicação.

Ainda segundo a CAPES, o Sistema UAB propicia a articulação, interação e a efetivação de iniciativas que estimulam a parceria dos três níveis governamentais (federal, estadual e municipal) com as universidades públicas e demais organizações interessadas, enquanto viabiliza mecanismos alternativos para o fomento, a implantação e a execução de cursos de graduação e pós-graduação de forma consorciada. A CAPES ainda ressalta que o sistema da UAB acaba por incentivar o desenvolvimento de municípios com baixos IDH e IDEB. Desse modo, funciona como um eficaz instrumento para a universalização do acesso ao ensino superior, minimizando a concentração de oferta de cursos de graduação nos grandes centros urbanos e evitando o fluxo migratório para as grandes cidades.

De acordo com Silva (2013),

apesar das diferenças existentes em termos de legislação, não se pode negar que a qualidade é um pressuposto básico e irrevogável, o que faz dos questionamentos e balizadores apresentados para o Ensino Superior, fatores que podem ser considerados por aqueles que oferecem esses tipos de cursos, independentemente da ação fiscalizadora governamental. Afinal, todos aqueles que se valem da modalidade para desenvolverem seus conhecimentos anseiam por serviços adequados. Nesse caso, a vantagem para as instituições que oferecem esses cursos está exatamente na possibilidade de poderem utilizar esses indicadores e, ao mesmo tempo, aproveitarem ao máximo as possibilidades existentes sem que haja o engessamento que a legislação estabelece. (SILVA, 2013 p. 31).

É importante refletir sobre a influência de diversos fatores na percepção da qualidade do ensino que é ofertado a distância, porém Silva (2013) chama atenção ainda para o fato de que em muitos casos existe uma grande preocupação apenas com a produção do material

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didático representados também por mídias e tecnologias, estando em segundo plano os demais aspectos. Ainda segundo Silva (2013),

são comuns os relatos de alunos que abandonaram seus cursos por falta de apoio de professores e baixa qualidade no atendimento, o que demonstra que ambas as áreas são importantes e devem receber investimentos compatíveis e equilibrados. Cortar custos eliminando pessoal, contratando pessoal não qualificado e deixando de investir em formação continuada é uma estratégia bastante perigosa”. (SILVA, 2013 p. 37).

Dessa forma fica clara a necessidade de dar atenção especial às pessoas que compõem a rede de EAD, principalmente àquelas que estarão na linha de frente, devendo estar em contato com os estudantes todos os dias, presencial e virtualmente, representando a instituição da qual fazem parte, deixando impressos em seu trabalho os valores da referida instituição e influenciando ativamente na percepção da qualidade do ensino que é ofertado.

Para Rumble (2003), a gestão dos sistemas de EAD deverá partir sempre da consideração das funções técnicas do planejamento, organização, direção e controle. Logo, dada a primazia do planejamento estrutural sobre as demais funções, o autor pontua que essa ação deve delinear todos os objetivos do projeto de formação em EAD, a partir das necessidades do mercado, do perfil dos alunos e das tecnologias de informação e comunicação escolhidas.

Sendo assim, a proposta deste trabalho se mostra relevante, uma vez que é importante identificar como os papéis executados pelos professores, tutores e pelo conjunto dos demais fatores que compõem a estrutura da rede de ensino a distância, influenciam na percepção da qualidade do ensino que é ofertado, contribuindo para que instituições de ensino da referida modalidade sejam incentivadas a investir na qualidade de aspectos que realmente são relevantes para os estudantes que promovem estas instituições, bem como estas mesmas instituições possam estar atentas em como se manterem ou tornarem-se sustentáveis.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo serão apresentadas as bases teóricas que norteiam essa pesquisa. Inicialmente serão expostos conceitos sobre a educação a distância e as teorias clássicas referentes a essa modalidade de ensino. Logo depois será trabalhado o conceito de qualidade percebida, com foco na percepção da qualidade do ensino a distância. Em seguida, será discutida a docência na educação a distância, chamando atenção para os papéis exercidos pelos tutores e professores, bem como sobre a importância da estrutura da rede de suporte ao referido ensino. Também serão expostas as variáveis que, segundo o estudo de Vieira et. al. (2013), tomado como base para a produção desse trabalho, são determinantes da qualidade dos cursos de educação a distância.

2.1 ENSINO A DISTÂNCIA

Segundo Holmberg (1977), “o termo educação a distância esconde-se sob várias formas de estudo, nos vários níveis que não estão sob a contínua e imediata supervisão de tutores presentes com seus alunos nas salas de leitura ou no mesmo local. O ensino a distância beneficia do planejamento, direção e instrução da organização do ensino”. Esta é a definição que norteia esta investigação e confere a base do referencial teórico a ser desenvolvido no que se refere ao ensino a distância.

Para Holmberg (1977), a questão mais importante no ensino é a aprendizagem, sendo que a gestão, o ensino, os grupos de trabalho e a avaliação são importantes na medida em que dão sustentabilidade ao processo de aprendizagem. Sendo assim, o ensino a distância é considerado por ele como uma conversação didática direcionada, com o objetivo de otimizar a aprendizagem. Ainda segundo Holmberg (1977), os materiais didáticos devem simular uma conversação com os estudantes e possuir algumas características, tais como:

 Ser de fácil acesso e fácil entendimento;  Densidade de informação moderada;

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 Proporcionar a troca de ideias, o questionamento e a avaliação do que deve ser aceito ou rejeitado;

 Envolver emocionalmente o estudante de modo que este tenha um interesse pessoal pelas disciplinas e suas problemáticas.

Vale ressaltar aqui que o conceito de conversação é muito utilizado por esse autor, uma vez que, segundo ele, os materiais ao simularem uma conversação com os estudantes, favorecem o fomento de sentimentos próprios de relacionamentos interpessoais e sendo assim mensagens transmitidas e recebidas em forma de conversação são mais facilmente recebidas e lembradas. Essa é a Teoria da Conversação Didática Guiada que possui a autonomia do aprendiz, a comunicação distante e a comunicação didática guiada como conceitos centrais e recebe influência direta da Corrente Humanística da Educação.

Além dessa teoria, outras que também trouxeram significativas contribuições para o campo de estudos sobre EAD, tais como Otto Peters e a Teoria da Industrialização, Michael Moore e Distância Transacional, Desmond Keegan com a Teoria da Reintegração dos Atos de Ensino e Aprendizagem, Daniel Randy Garrison com a Teoria da Comunicação e Controle do Aprendiz e os teóricos John Verduin e Thomas Clark, com a teoria da Tridimensionalidade do ensino a distância.

É importante lembrar que mesmo esse referencial teórico sendo apoiado principalmente pela Teoria da Conversação Didática Guiada de Borje Holmberg, as outras teorias citadas darão apoio à discussão proposta por este trabalho, uma vez que representam teorias clássicas sobre o ensino a distância, deram suporte ao trabalho de outros autores que também serão citados aqui, e subsidiaram todo o conhecimento gerado nessa área.

Segue abaixo quadro representativo dessas teorias. Aqui serão também discutidos, os seus conceitos centrais, seus impactos principais e por quais correntes são influenciadas.

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Quadro 1 - Autores e Respectivas Teorias Clássicas sobre Ensino a Distância

AUTOR TEORIAS CONCEITOS

CENTRAIS IMPACTO PRINCIPAL INFLUÊNCIA Peters Teoria da Industrialização Sociedade Industrial, Sociedade Pós-Industrial Princípios

e Valores Sociais Sociologia Cultural

Moore Teoria da Distância Transacional e Autonomia do Aprendiz Distância Transacional Necessidades

do Aprendiz Estudo Independente

Holmberg Teoria da Conversação Didática Guiada Autonomia do Aprendiz, Comunica ção Distante, Comunicação Didática Guiada Promoção da Aprendizagem atra vés de Métodos Pessoais e Convencionais Corrente Humanística da Educação Keegan Teoria da Reintegração dos Atos de Ensino e Aprendizagem Reintegração dos Atos de Ensino e Aprendizagem Recriação de Componentes Interpessoais presentes no Ensino Presencial Pedagogia Tradicional Garrison Teoria da Comunicação e Controle do Aprendiz Transação Educativa, Controle do Aprendiz, Comunicação Facilitação da Transação Educativa Teoria da Comunicação, Princípio s da Educação de Adultos Verduin e Clark Teoria da Tridimensionalidade Diálogo/Suporte Estrutura/Especializ ação Competência/A uto-Aprendizagem Requisitos das Tarefas e dos Aprendizes Princípios da Educação de Adultos, Estruturas do Conhecimento

Fonte: elaborado pela autora, 2015

Contudo, o conceito de educação a distância no Brasil é definido oficialmente pelo Decreto nº 5.622 de 19 de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005):

Art. 1º Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a Educação a Distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Essa definição da educação a distância é complementada com o primeiro parágrafo do mesmo artigo, que traz alguns detalhes:

§ 1º A Educação a Distância organiza-se segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a obrigatoriedade de momentos presenciais para:

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I – avaliações de estudantes;

II – estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;

III – defesa de trabalhos de conclusão de curso, quando previstos na legislação pertinente;

IV – atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso.

Segundo Tedesco, Martins e Santos (2010), a estrutura do EAD corresponde a uma equipe que é formada por: gestores, professores, coordenadores pedagógicos, coordenadores de polo, tutores presenciais e virtuais que trabalham colaborativamente, seguindo um “modelo industrial” de educação, baseado na divisão e especialização do trabalho e na economia de escala. Sendo assim, pode-se inferir que a equipe deve estar afinada com o objetivo maior da educação a distância, que é capacitar um número cada vez maior de pessoas, independentemente da sua localização geográfica e de tempo.

Segundo Nunes (1994), o ensino a distância constitui um recurso de incalculável importância para atender grandes contingentes de estudantes, de forma efetiva e sem reduzir a qualidade dos serviços prestados em decorrência da ampliação da clientela atendida. Vale destacar aqui a relevância dessa modalidade de ensino como porta de acesso ao sistema para aqueles que vêm sendo excluídos do processo educacional superior por morarem longe das universidades ou por indisponibilidade de tempo para estarem presencialmente em horários determinados em uma sala de aula, conforme destaca Preti (1996):

A crescente demanda por educação, devido não somente à expansão populacional como, sobretudo às lutas das classes trabalhadoras por acesso à educação, ao saber socialmente produzido, concomitantemente com a evolução dos conhecimentos científicos e tecnológicos está exigindo mudanças em nível da função e da estrutura da escola e da universidade (PRETI, 1996, p. 18).

Com os avanços da tecnologia, vivenciamos um sistema social baseado na viabilidade de atividades online, onde o acesso à informação é muito facilitado, permitindo que distâncias e tempo não sejam mais fatores restritivos para comunicação, o que permite nos deixar imersos na globalização da economia, na mundialização da cultura e na internacionalização do ensino. Sendo assim, as instituições de ensino e as políticas voltadas para o ensino devem estar atentas a estas demandas, possibilitando aos discentes o acesso rápido ao conhecimento, bem como formas de construção do mesmo, através do planejamento didático adotado.

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Vale a pena ressaltar aqui a importância de ser entendido e discutido o processo de comunicação estabelecido no ensino a distância e por isso cabe destacar o conceito de midiatizar, elaborado por Belloni (2001), que contribui muito para a abordagem proposta por este trabalho:

Midiatizar é conceber metodologias de ensino e estratégias de utilização de materiais de ensino/aprendizagem que potencializem ao máximo as possibilidades de aprendizagem autônoma. Isso inclui desde a seleção e elaboração de conteúdos, a criação de metodologias de ensino e estudo, centradas no aprendente, voltadas para a formação da autonomia, a seleção dos meios mais adequados e a produção de materiais, até a criação de estratégias de utilização de materiais e de acompanhamento do estudante de modo a assegurar a interação do estudante com o sistema de ensino (BELLONI, 2001, p. 26)

Sendo assim, ao selecionar os materiais didáticos que serão disponibilizados, os professores devem ter muito claros os objetivos do estudo proposto por determinado conteúdo e o alinhamento destes com o projeto do curso, bem como levar em consideração tudo que seria trabalhado, caso o curso fosse presencial.

De acordo com Moran (2000),

Estamos numa fase de transição na educação a distância. Muitas organizações estão limitando-se a transpor para o virtual adaptações do ensino presencial (aula multiplicada ou disponibilizada). Há um predomínio de interação virtual fria (formulários, rotinas, provas, e-mail) e alguma interação online. Começamos a passar dos modelos predominante individuais para os grupais. A educação à distância mudará radicalmente a concepção de individualista para mais grupal, de utilização predominante isolada para utilização participativa, em grupos. Das mídias unidirecionais, como jornal, a televisão e o rádio, caminhamos para mídias mais interativas. Da comunicação off line evoluímos para um mix de comunicação off e on line (em tempo real) (2000, p. 143).

Segundo Silva (2013, p. 38), “O material não pode se basear numa tentativa de apostilar o conhecimento. A leitura de livros e dos clássicos de uma determinada área do conhecimento é imprescindível à formação do estudante”. Esta afirmativa apoia todo o exposto, visto que o modo de interação entre conteúdos e estudantes deve ser efetivado de formas diferentes nas modalidades presencial e a distância.

Contudo os projetos de cursos a distância desenvolvidos devem ser coerentes com o projeto pedagógico e não pode ser uma simples transposição do presencial, uma vez que possui características, linguagem e formato próprios, exigindo administração, desenho, lógica, acompanhamento, avaliação, recursos técnicos, tecnológicos e pedagógicos condizentes com

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esse formato. O ensino a distância tem identidade própria, não devendo estar limitado a uma concepção supletiva do ensino presencial.

2.2 QUALIDADE PERCEBIDA DO ENSINO A DISTÂNCIA

Segundo Pereira (2008), é muito difícil definir qualidade de serviços, pois está intimamente ligada aos comportamentos subjetivos de cada cliente, que possuem percepções diferentes sobre o mesmo serviço. Slack (1997, p. 552) considera qualidade como “a consistente conformidade com as expectativas do cliente”.

A qualidade na prestação de serviços é uma das principais formas de uma empresa/organização se diferenciar de outras, bem como defende Kotler e Armstrong (1993). Por ser uma característica de difícil mensuração, torna-se difícil também definir e dessa forma possui outras abordagens.

É importante pensar no fator reputação: quanto mais a imagem da instituição é divulgada positivamente através dos clientes que nesse estudo são representados pelo corpo discente, melhor a sociedade considera a instituição e seus serviços prestados. Segundo Bitner e Hubbert (1994, p. 77) a qualidade em serviços “é a impressão global do consumidor da relativa inferioridade/superioridade de uma organização e de seus serviços”.

Figura 3 - Ação Social da Instituição de Ensino

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Para Lewis e Booms, citados por Parasuraman et al. (1995), a qualidade do serviço é medida levando-se em conta quanto da expectativa do cliente é preenchida pelo serviço oferecido, ou seja, em relação à conformidade esperada pelo consumidor, medida numa base consistente. Apoiados por esta teoria, Cheng e Tam (1997) defendem que o ensino superior tem sido crescentemente reconhecido pela sociedade como uma indústria de serviços e como um setor que deve empenhar seus esforços em identificar expectativas e necessidades de seus principais clientes, que são os estudantes.

Importante destacar aqui a definição de Grönroos (1990) sobre qualidade percebida como a comparação entre a qualidade esperada e a qualidade experimentada pelo cliente. Segundo o autor, a qualidade percebida é boa quando a qualidade experimentada ultrapassa (ou ao menos alcança) as expectativas do cliente (qualidade esperada).

Grönroos (1995, p.89) defende a ideia de que a qualidade em serviços deve ser, acima de tudo, “aquilo que os clientes percebem”. Parasuraman et al. (1988) afirmam que a qualidade percebida do serviço é um resultado da comparação das percepções com as expectativas do cliente. A qualidade percebida está relacionada com nível de satisfação do cliente, logo a satisfação do consumidor está em função do desempenho percebido e das expectativas (Kotler, 1988). Slack et al (1977) apresentam três possibilidades nas relações entre expectativas e percepções dos clientes, raciocínio que complementa o já exposto:

 Expectativas < Percepções: a qualidade percebida é boa  Expectativas = Percepções: a qualidade percebida é aceitável  Expectativas > Percepções: a qualidade é pobre

Segue abaixo ilustração do processo de avaliação da qualidade pelo cliente, considerando o já pontuado por Slack et al. (1977).

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Figura 4 – Expectativa e Percepção da Qualidade

Fonte: adaptado de Gianesi & Corrêa (1994, p. 80)

Segundo Davok (2007), o conceito de qualidade na área educacional, de maneira geral, abarca as estruturas e os processos e os resultados educacionais. Em suas palavras:

Uma educação de qualidade pode significar tanto aquela que possibilita o domínio eficaz dos conteúdos previstos nos planos curriculares; como aquela que possibilita a aquisição de uma cultura científica ou literária; ou aquela que desenvolve a máxima capacidade técnica para servir ao sistema produtivo; ou ainda, aquela que promove o espírito crítico e fortalece o compromisso para transformar a realidade social, por exemplo. (DAVOK, 2007, p. 506).

Segundo Royero (2002, p. 2), a qualidade em educação superior “abarca todos los procesos de lo educativo, de lo social y de lo humano, por lo que (se) convierte en un sistema conectado con otros sistemas interdependientes”. Royero presenta o conceito de qualidade da educação superior em seu caráter interpretativo e valorativo, relacionado às dimensões sociais, políticas, econômicas e históricas. Vale ressaltar que aparece também a dimensão docente uma vez que considera as estratégias voltadas para o desenvolvimento do processo de formação de alunos; se refere à necessidade do empenho docente e discente nas tarefas acadêmicas propostas, considerando a relevância do que se aprende; considera extremamente relevante o caráter transformativo, considerando as demandas da sociedade; envolve as decisões políticas, uma vez que o Estado participa da gestão educacional; sua dimensão micro, englobando a trajetória institucional em todas suas instâncias e o processo especificamente pedagógico ou formativo dos professores.

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A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura [UNESCO] (1999) considera qualidade em educação como um conceito multidimensional que abarca todas as funções e atividades na universidade: ensino, programas acadêmicos, pesquisa e fomento da ciência, ambiente acadêmico em geral. Sendo assim, tornou-se um conceito dinâmico que precisa adaptar-se permanentemente para um mundo cujas sociedades estão experimentando profundas transformações sociais e econômicas.

Partindo das considerações acima, fica evidenciada a importância de alinhamento estratégico entre as atividades propostas pelas disciplinas, as tecnologias educacionais utilizadas e as necessidades de aprendizado do público ao qual se dirigem, bem como alinhamento entre os papéis efetivos dos envolvidos na oferta do ensino seja presencial seja a distância, para que sejam alcançados bons índices de satisfação com o ensino ofertado.

Com base no exposto, vale destacar que para Abud (2001, p. 29) a avaliação da qualidade do ensino é obtida a partir da análise do conjunto das condições comunicativas, teóricas, sociais, culturais e interacionais, uma vez que “direcionam a conduta desses participantes mediante atitudes, ideias e sentidos que eles imprimem às suas ações e decisões no contexto social determinado, ou seja, na sala de aula”.

Sendo assim, discussões sobre qualidade no ambiente educacional são de grande importância. Diante disso, são debatidos à exaustão os fatores que influenciam a percepção dos discentes sobre a qualidade do ensino, porém não se tem até o momento um modelo único, uma vez que qualidade educacional possui caráter multidimensional, conforme já foi explanado, o que se configura em um empecilho para que seja definido um conjunto restrito de fatores que possa ser utilizado amplamente em estudos dessa natureza.

Para Bandeira et. al. (1999), avaliar o ensino superior pode significar um caminho para a reforma universitária, de modo a fortalecer um padrão de política educacional e contribuir para o desenvolvimento da universidade. Sendo assim, um instrumento adequado de avaliação do ensino superior deve também estar direcionado à identificação das falhas da instituição, e das reais necessidades de seus alunos, o que contribui para fortalecer o foco da avaliação.

Para entender a percepção de estudantes sobre a qualidade do ensino ofertado, é imprescindível destacar alguns fatores que influenciam suas opiniões. É importante lembrar que as vivências e as expectativas do sujeito interferem em sua forma de interagir, aceitar, rejeitar e questionar o que é oferecido, o que confirma a dificuldade existente em determinar

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um conjunto fixo de fatores que possam definir com precisão quão satisfeito o estudante está com o ensino que recebe.

A discussão sobre a qualidade percebida de um curso a distância é ampla e a diversidade de posicionamentos de pesquisadores da área impossibilita o estabelecimento preciso de um conjunto de fatores determinantes para a qualidade de cursos a distância. Dessa forma foram considerados por Vieira et al. (2013) diversos fatores de caráter técnico e subjetivo, com o intuito de comtemplar os aspectos tratados pela grande parte dos estudiosos de modelos pedagógicos para a educação a distância. Neste trabalho, esses fatores foram agrupados em três dimensões: Estrutura da Rede, Envolvimento de Tutores e Envolvimento de Professores.

2.3 ESTRUTURA DA REDE

Segundo Meurer (1999),

a teoria da estruturação diz respeito ao processo de reprodução das práticas sociais humanas através do tempo e do espaço. Por meio dessa teoria, Giddens (1984) procura reconciliar o dualismo estrutura e agentividade, reunindo essas duas noções em uma dualidade. Isso significa que não se admite nem a supremacia da estrutura e nem a da agentividade, mas sim a simultaneidade de ocorrência, a interação constante (a dualidade) dessas duas dimensões. A estrutura está implicada na constituição da ação (aquilo que os agentes fazem) e a ação, por sua vez, está implicada na constituição da estrutura. Ação e estrutura, portanto, se pressupõem mutuamente. Através de suas ações, os indivíduos fazem a história, mas isso acontece sempre dentro de estruturas já existentes e que tomam forma e são recriadas ou modificadas através dessa ação (MARX, apud GIDDENS, 1984).

Ainda segundo Meurer (1999) “o termo estrutura tem muitos sentidos, mas na teoria de estruturação é entendido como as regras e os recursos envolvidos na reprodução das práticas sociais nos variados contextos de atividade humana, isto é, nos vários contextos onde os agentes sociais atuam e põem em prática as várias faces da agentividade”. A agentividade, por sua vez, é o poder que os indivíduos têm, para agir, como seres únicos, dentro dos diversos contextos das práticas sociais. O termo práticas sociais é utilizado para representar tudo o que os indivíduos efetivamente fazem, as atividades que executam, recriando ou modificando as estruturas sociais existentes”.

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Sendo assim, no ensino a distância a estrutura corresponde ao meio e fim do processo de aprendizagem, dando apoio ao trabalho executado pelos professores e tutores envolvidos e o relacionamento destes com os estudantes. Wagner III e Hollenbeck (2009) consideram que a importância dos estudos sobre estrutura organizacional está relacionada principalmente ao fato de que a estrutura organizacional influencia os agrupamentos e processos do comportamento organizacional, que afetam a eficiência, a flexibilidade e a interação com o ambiente circundante, bem como separa as partes da organização entre si e ajuda a mantê-las interligadas.

Partindo das definições acima, pode-se compreender que em se tratando de ensino a distância, a estrutura da rede de ensino corresponde a uma dimensão que merece destaque ao se tratar de qualidade, mais precisamente sobre a percepção da qualidade, uma vez que a estrutura imposta pelas instituições envolvidas contribui para a condução dos estudantes durante o processo de aprendizagem. A Figura 5 ilustra a essência do que corresponde à estrutura em sistemas de EAD.

Figura 5 - Sistema de EAD

Referências

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