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Experiências de criação cênica com atrizes e atores na televisão: o Programa Ciência Aberta da TV UFPB

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS. KÁTIA CELYANE FARIAS SCHMITT. EXPERIÊNCIAS DE CRIAÇÃO CÊNICA COM ATRIZES E ATORES NA TELEVISÃO: O Programa Ciência Aberta da TV UFPB. NATAL/RN 2017.

(2) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS. KÁTIA CELYANE FARIAS SCHMITT. EXPERIÊNCIAS DE CRIAÇÃO CÊNICA COM ATRIZES E ATORES NA TELEVISÃO: O Programa Ciência Aberta da TV UFPB. NATAL - RN 2017.

(3) KÁTIA CELYANE FARIAS SCHMITT. EXPERIÊNCIAS DE CRIAÇÃO CÊNICA COM ATRIZES E ATORES NA TELEVISÃO: O Programa Ciência Aberta da TV UFPB. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Artes Cênicas, na linha de pesquisa Pedagogias da Cena: Corpo e Processos de Criação, sob a orientação do Prof. Dr. José Sávio de Oliveira Araújo e coorientação da Profa. Dra. Luciana de Fátima Rocha Pereira de Lyra.. NATAL - RN 2017.

(4) Universidade Federal do Rio Grande do Norte PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS. ATA Nº 15. Aos oito dias do mês de março de 2017, às quatorze horas e trinta minutos na sala 38-D do Departamento de Artes da UFRN reuniu-se a Banca Examinadora composta pelos professores doutores: José Sávio Oliveira de Araújo (Presidente - PPGArC/UFRN), Luciana de Fátima Rocha Pereira de Lyra (Membro Interno UFRN/UERJ) e Walmeri Kellen Ribeiro (Membro Externo à Instituição - UFF) por meio de vídeo conferência, para a Defesa da Dissertação intitulada: EXPERIÊNCIAS DE CRIAÇÃO CÊNICA COM ATRIZES E ATORES NA TELEVISÃO: O Programa Ciência Aberta da TV UFPB., de autoria da discente Kátia Celyane Farias Schmitt. Após 20 minutos de apresentação os professores arguiram seguindo a ordem do convidado externo para o interno e a Banca considerou que a discente respondeu e comentou adequadamente as questões levantadas. A banca concluiu que o trabalho atende às exigências de uma Dissertação de Mestrado e considerou o trabalho Aprovado, destacando-se a singular contribuição desta pesquisa para um diálogo epistemológico entre trabalho de atuação nas Artes Cênicas e na Televisão, bem como, recomenda-se publicação deste trabalho. Não havendo nada mais a registrar, eu, José Sávio Oliveira de Araújo, Presidente da Sessão, lavrei a presente Ata que, depois de lida e aprovada, vai assinada por mim, por todos os membros presentes e pela discente.. Dr. WALMERI KELLEN RIBEIRO, UFF Examinador Externo à Instituição. LUCIANA DE FÁTIMA ROCHA PEREIRA DE LYRA, UERJ Examinador Interno. Dr. JOSE SAVIO OLIVEIRA DE ARAUJO, UFRN Presidente. KÁTIA CELYANE FARIAS SCHMITT Mestrando. Campus Universitário - Lagoa Nova - Natal/RN - CEP: 59072–970 Telefax: (084) (84) 99193-6340 •.

(5) Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Sistema de Bibliotecas – SISBI Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede Schmitt, Kátia Celyane Farias. Experiências de criação cênica com atrizes e atores na televisão: o Programa Ciência Aberta da TV UFPB / Kátia Celyane Farias Schmitt. 2017. 233 f. : il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Programa de PósGraduação em Artes Cênicas. Natal, RN, 2017. Orientador: Prof. Dr. José Sávio de Oliveira Araújo. Coorientador: Prof.ª Dr.ª Luciana de Fátima Rocha Pereira de Lyra. 1. Audiovisual – Dissertação. 2. Preparação do ator – Dissertação. 3. Processos de criação – Dissertação. 4. Televisão - Dissertação. 5. Ator Dissertação. I. Araújo, José Sávio de Oliveira. II. Lyra, Luciana de Fátima Rocha Pereira de. III. Título. RN/UFRN/BCZM. CDU 791-028.26.

(6) AGRADECIMENTOS. Aos dois amores de minha vida: Ícaro e Guilherme, filho e marido, companheiros de vida, de sonho e de luta. À minha mãe, Marinalva; meu pai, João; minha irmã, Pollyana e meu irmão, Vinícius, que sempre me apoiaram em cada escolha, me dando todo o suporte necessário para que eu continuasse a jornada. Ao Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Ao meu orientador, Sávio Araújo, e à minha coorientadora, Luciana Lyra, que acreditaram na minha capacidade e me acompanharam nesse trajeto. Aos professores das disciplinas cursadas no PPGArC: Karenine Porpino, Larissa Marques, Teodora Araújo e Adriano Cruz, pelos ensinamentos e provocações. Aos colegas de turma, pelas trocas estimulantes, especialmente às queridas: Rachel, Nyka, Jana, Tiago, Duarte, Tati, Karla, Rocio e Dani. À Universidade Federal da Paraíba e à TV UFPB, que me concederam licença, permitindo que eu me dedicasse integralmente à pesquisa, além de todo o apoio operacional para a realização da prática. Aos professores Marcelo Coutinho, do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais, e Marcel Vieira, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, ambos da UFPB, por me aceitarem como aluna especial em suas disciplinas e me oferecerem novos olhares sobre o meu fazer artístico. À Walmeri Ribeiro, por suas valiosas contribuições no decorrer de toda a pesquisa. A Everaldo Vasconcelos, professor e artista que me ensina e estimula desde a graduação em Educação Artística, na UFPB. Aos atores, atrizes e diretoras entrevistadas: Titina Medeiros, Lúcia Serpa, Valeska Picado, Tiche Vianna, Luiz Carlos Vasconcelos e David Muniz, pela generosidade em compartilhar suas experiências. À equipe de filmagem do Programa, amigos queridos da TV UFPB: Valeska Picado, Fabiano Diniz, Niutildes Batista, Mônica Brandão e José Newton. E também ao ex-estagiário César Moura. Aos alunos da Oficina de Atuação para o Audiovisual, que se entregaram completamente às atividades que propus, sendo elementos essenciais para o desenvolvimento.

(7) dessa pesquisa: Itamira, Tarciana, Saskia, Joelton, Malu, Vinicius, Eulina, Jamila, Railson, Kassandra, Bertrand, Naiara, Bonerges, Berttony e Phil. Aos atores da primeira temporada do Ciência Aberta: David Muniz, Márcio de Paula, Raquel Ferreira, Natan Pedoni, Sandro Régio, Kassandra Brandão, Osvaldo Travassos e Ingrid Castro, que iniciaram este projeto junto conosco, lançando a semente da árvore que hoje floresce. Aos amigos do Grupo Graxa de Teatro, que compreenderam minha ausência e torceram por mim todo o tempo: Ingrid, Joht, Kassandra, Marcelo e Erivanilson. Aos amigos do coletivo Ser Tão Teatro, novos parceiros de trabalho que me apoiaram e incentivaram nesta pesquisa: Thardelly, Rafael, José Hilton, Isadora e Pollyana. Ao Coletivo Atuador, grupo de estudos de atuação que representa a continuidade desta pesquisa através de atores e atrizes interessados pela pesquisa e prática de atuação no audiovisual. Ao grupo de pesquisa MOTIM – Mito, Rito e Cartografias Femininas nas Artes da Cena, coordenado pela Profa. Dra. Luciana Lyra..

(8) RESUMO Esta pesquisa buscou aprofundar os estudos sobre técnicas de preparação do ator e da atriz no contexto da ficção televisiva, linguagem popularmente difundida em nosso país, porém pouco estudada sob o prisma da atuação. A investigação partiu da experiência da autora na direção de teledramaturgia do programa Ciência Aberta, produzido pela TV UFPB, o qual aborda a relação entre o conhecimento científico e o saber popular utilizando-se da linguagem jornalística e da teledramaturgia, respectivamente, em uma estética que revela o processo de criação dos atores e atrizes a partir da metalinguagem. Propôs-se, então, um diálogo com estudos teóricos das áreas do cinema, do teatro e da televisão, lançando um olhar sobre as relações de fronteira e contaminação que se estabelecem entre elas, especificamente no tocante às técnicas de atuação. Realizou-se ainda uma interlocução com entrevistas cedidas por atores, atrizes, diretora de televisão e preparadora de atores, em busca de um entendimento sobre as relações entre ator/atriz e câmera e seus desdobramentos na criação artística em televisão. A etapa prática da pesquisa consistiu na realização de uma oficina realizada com estudantes dos cursos de Teatro, Cinema, Rádio e Tv e Mídias Digitais da UFPB, além de atores e atrizes da cidade, e resultou na construção do primeiro episódio da segunda temporada do programa Ciência Aberta, no qual se busca a radicalização do que já fora proposto na primeira temporada do programa: o aprofundamento e explicitação dos processos de criação do ator e da atriz, os modos de produção audiovisual, as metodologias e conceitos de suporte da criação. Nortearam este trabalho os autores Arlindo Machado, que explana sobre o universo do audiovisual, Jackeline Nacache, que concentra sua pesquisa no ator/atriz de cinema, Constantin Stanislavski, cujos estudos sobre o ator/atriz são a base para diversas técnicas de atuação, seja no teatro ou no cinema, e Walmeri Ribeiro, que aborda a relação de co-criação do ator/atriz no audiovisual. Pretendeu-se com esta pesquisa contribuir para a reflexão e discussão sobre a formação do ator e como as artes cênicas se integram aos modos de produção na televisão brasileira contemporânea, em particular, no âmbito da atuação para a câmera. Palavras-chave: Preparação do Ator; Processos de Criação; Televisão; Audiovisual; Ator..

(9) ABSTRACT This research sought to deepen the studies about the actor's creative process in fiction on the television context, this popularly known language, but still poorly studied under the actor´s point of view. This investigation has departed from the author´s experience as director of teledramaturgy at the Ciência Aberta show, produced by TV UFPB. This show approaches the relationship between scientific and popular knowledge using journalistic and teledramaturgic language respectively, in an aesthetic that reveals actor´s creative process through metalanguage. Therefore, has proposed to the dialogue with the theoretical studies in the fields of cinema, theatre, and television, attempting to enlighten their frontiers of relation and contamination, specifically, in the actor's preparation technique. It has also performed an interlocution that attends interviews with television´s actors and directors as well as experiences reports to search an understanding about the relationship between actor\camera and its developments in television artistic creation. The practical stage of the research has carried out a workshop held with actors and students enrolled in theatre course of UFPB, that has resulted in the construction of the Ciência Aberta show's first episode of the second season, which has sought to radicalize what has been proposed in the first season of the show: the deepening and explanation of the creative process of the actor, modes of audiovisual production, methodologies and support concepts of creation. This work was conceptually guided by the authors Arlindo Machado, who explains about the audiovisual world, Jackeline Nacache, that focuses on cinema‟s actors and actresses, Constantin Stanislavski, whose studies on the actor are the base for several techniques of acting both in theater and cinema, and Walmeri Ribeiro, which addresses the actor's co-creation relationship in the audiovisual. With this research, we have intended to contribute to the reflection and discussion about the actor´s formation and the production modes in Brazilian contemporary television, particularly in the context of acting for the camera. Keywords: Actor's Preparation; Creative Processes; Television; Audio-visual; Actor..

(10) LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Oficina Ator e Câmera ........................................................................................................ 87 Figura 2 – Oficina Ator e Câmera ........................................................................................................ 88 Figura 3 – Oficina Ator e Câmera ........................................................................................................ 88 Figura 4 – Oficina Ator e Câmera ........................................................................................................ 88 Figura 5 – Episódio Milona .................................................................................................................. 89 Figura 6 – Episódio Pagode Russo ....................................................................................................... 90 Figura 7 – Episódio Sisal ...................................................................................................................... 91 Figura 8 – Episódio Biocombustível .................................................................................................... 92 Figura 9 – Episódio Engolindo Sapo .................................................................................................... 93 Figura 10 – Episódio Dança da Vida .................................................................................................... 94 Figura 11 – Episódio Dança da Vida .................................................................................................... 94 Figura 12 – Episódio Planta Mágica ..................................................................................................... 95 Figura 13 – Oficina de Atuação para o Audiovisual - Apresentação ................................................. 105 Figura 14 – Roda de conversa ............................................................................................................. 106 Figura 15 – Diário de bordo ................................................................................................................ 107 Figura 16 – Exercício do Samurai ...................................................................................................... 108 Figura 17 – Exercício de olhar e tocar ................................................................................................ 109 Figura 18 – Exercício de olhar e tocar ................................................................................................ 110 Figura 19 – Jogo batatinha frita 1 2 3 ................................................................................................. 111 Figura 20 – Jogo nó humano ............................................................................................................... 111 Figura 21 – Exercício de gravação dos monólogos ............................................................................ 113 Figura 22 – Exercício de gravação dos monólogos ............................................................................ 114 Figura 23 – Exercício de foco, projeção e repulsa - foco ................................................................... 118 Figura 24 – Exercício de foco, projeção e repulsa – projeção ............................................................ 119 Figura 25 – Exercício de foco, projeção e repulsa – repulsa .............................................................. 119 Figura 26 – Exercício de profundidade de campo .............................................................................. 121 Figura 27 – Exercício de construção de personagem – entrevistas .................................................... 124 Figura 28 – Exercício de protagonismo .............................................................................................. 126 Figura 29 – Exercício de repetição ..................................................................................................... 127 Figura 30 – Exercícios de improvisação ............................................................................................. 128 Figura 31 – Exercício de criação com ações ....................................................................................... 134 Figura 32 – Exercício de gravação de cenas (diálogos) ...................................................................... 136 Figura 33 – Exercício de gravação de cenas (diálogos) ...................................................................... 136 Figura 34 – Exercício de gravação de cenas (diálogos) ...................................................................... 137 Figura 35 – Gravação do projeto piloto – abertura ............................................................................. 141 Figura 36 – Gravação do projeto piloto – atividade cegos 1 .............................................................. 142 Figura 37 – Gravação do projeto piloto – atividade cegos 2 .............................................................. 143 Figura 38 – Gravação do projeto piloto – criação de cenas ................................................................ 144 Figura 39 – Gravação do projeto piloto – cena “Festa de Formatura” ............................................... 147 Figura 40 – Gravação do projeto piloto – cena “Loja de Roupas” ..................................................... 148 Figura 41 – Gravação do projeto piloto – cena “Na Parada de Ônibus” ............................................ 148.

(11) SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 11 EPISÓDIO I ........................................................................................................................... 27 1.1 Plano Geral: A Televisão ............................................................................................... 27 1.1.1 O Caso da TV Pública ............................................................................................ 36 1.2 Panorâmica: Ator/atriz e Câmera ................................................................................... 40 1.3 Over Shoulder: O preparador de Atores e Atrizes........................................................... 64 1.4 Zoom InProcessos de Criação ........................................................................................ 73 EPISÓDIO II .......................................................................................................................... 85 2.1 Flash Back: O Programa Ciência Aberta ....................................................................... 85 2.1.1 Pré-Produção .......................................................................................................... 86 2.1.2 Produção ................................................................................................................ 88 2.1.3 Avaliação ............................................................................................................... 97 2.2 Plano Detalhe: Oficina de Atuação para o Audiovisual ................................................ 101 2.3 Projeto Piloto: Uma Experiência Prática ...................................................................... 138 CENAS DO PRÓXIMO CAPÍTULO... (Considerações Finais) ............................................. 153 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 158 APÊNDICES ........................................................................................................................ 165 ANEXOS................................................................................................................................... 222.

(12) 11. INTRODUÇÃO Objetivando uma maior qualidade artística e estética das obras, os elementos que fazem parte das produções para a televisão vêm se desenvolvendo de maneira refinada, seja tecnologicamente, seja artisticamente. O/a ator/atriz, que no teatro é considerado o vórtice, o dínamo dessa expressão artística, vem ganhando cada vez mais espaço no meio audiovisual, no qual fora considerado por muito tempo apenas mais um dos elementos estéticos da obra, adquirindo, mais recentemente, um papel mais ativo, de sujeito e autor dela, e, por isso, também precisa se adaptar ao rápido desenvolvimento desta linguagem e às novas exigências que ela apresenta. A televisão compreende um espaço de múltiplas expressões, com uma imensa e diversa gama de programas, muitos dos quais tem em sua construção as Artes Cênicas, seja como ferramenta, seja como fim. Os principais produtos televisuais onde esta presença é mais marcante é, claro, na teledramaturgia, como telenovelas, minisséries, telefilmes, programas educativos, etc.. Mas não apenas nestes se faz uso das técnicas de atuação, mesmo em programas jornalísticos, que se utilizam de cenas ilustrativas, ou ainda na própria “atuação” de repórteres e apresentadores, que muitas vezes se utilizam de ferramentas do teatro para utilizar o corpo ou a voz, veem-se elementos das artes cênicas, de maneira isolada ou combinada, a fim de compor estética e narrativamente esses produtos. Por sua especificidade, a linguagem audiovisual possui características muito particulares que traz para o ator e a atriz, principalmente para aqueles que tem formação teatral, – realidade da maioria dos atores e atrizes brasileiros – novos desafios à construção da cena, seja nas questões da semântica desta nova linguagem, seja com relação às técnicas de atuação para a câmera. Este trabalho partiu de uma análise de uma experiência vivida por atrizes, atores e estudantes do curso de Teatro da Universidade Federal da Paraíba, dirigidos pela autora desta dissertação, no programa educativo Ciência Aberta, produzido pela TV UFPB. O programa televisivo foi realizado através do projeto de extensão de mesmo nome, coordenado pela Prof. Dra. Joana Belarmino, financiado pelo Proext 2014, e tinha como objetivo popularizar a produção científica e tecnológica da UFPB utilizando, para isso, ferramentas do jornalismo e da teledramaturgia. A pesquisa analisou de que forma os processos colaborativos, amplamente difundidos nas práticas teatrais contemporâneas, podem ser aplicados à produção televisiva considerando a tríade produção / direção / atuação, lançando um olhar sobre o processo de preparação dos.

(13) 12. atores e atrizes nesta produção e sua reverberação enquanto potência formativa de estudantes de teatro. É importante ressaltar que, embora os meios audiovisuais apresentem-se como espaço de atuação profissional para atores e atrizes há mais de um século – inicialmente com o cinema, posteriormente com a televisão e o vídeo e, mais recentemente, com a internet – a formação dos atores e atrizes brasileiros nas universidades ainda é voltada para atuação no teatro, com pouquíssimas disciplinas voltadas especificamente para o audiovisual. Quando se miram os estudos sobre o ator e a atriz, estes se dão quase que em sua totalidade na área do teatro e do cinema, sendo nesta última encontrados predominantemente em língua estrangeira. Algumas questões geradas pelo contato com este universo de pesquisa são norteadoras desta investigação: Quais as características particulares da linguagem audiovisual que interferem no trabalho do ator e da atriz? De que maneira se podem combinar técnicas teatrais, do cinema e a linguagem da televisão em um processo de criação autoral? Como é possível contribuir para a formação de atores e atrizes estudantes no sentido de proporcionar experiências de criação alternativas no contexto da televisão? Mas, antes de responder a essas perguntas e aprofundar o objeto desta pesquisa, seguese, nesta introdução, uma breve descrição do percurso referente às experiências que levaramme, enquanto pesquisadora, ao encontro com o tema da dissertação e, consequentemente, à necessidade de um maior aprofundamento. Enquanto atriz profissional, participei de dezenas de produções na área de artes cênicas: espetáculos teatrais para o público adulto e infantil, performances, poesias encenadas, grandes espetáculos de rua, filmes de curta e longa metragem, programas de televisão e vídeos publicitários. Nos últimos anos, porém, experimentei também a função de diretora: primeiramente, com um grupo de alunos do ensino fundamental da rede municipal de ensino de João Pessoa-PB, onde exercia a função de professora de Artes Cênicas e, posteriormente, com os atores e atrizes do Grupo Graxa de Teatro, do qual faço parte desde sua fundação, em 2005. Neste, além de codiretora do espetáculo A Paixão da Sagrada Família1, dirigi encenações de poesias de autores locais e, mais recentemente, o espetáculo voltado para crianças A Princesa Luzia e o Urso de um Olho Só2.. 1. Montagem do Grupo Graxa, do ano de 2010, do espetáculo de rua promovido anualmente pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, voltado para a narrativa da Paixão de Cristo, cujo elenco é normalmente formado por cerca de 60 atores e bailarinos. 2 Espetáculo do Grupo Graxa de Teatro, estreado no ano de 2011, com texto de Joht Cavalcanti e elenco inicial formado por Ana Carolina Guedes e Antonio Deol, posteriormente, substituídos por Cely Farias e Joevan Oliveira..

(14) 13. No ano de 2009 prestei concurso para o cargo de Diretor de Artes Cênicas, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e após aprovação fui lotada na TV UFPB, com a função de criar e dirigir produções de teledramaturgia, inserindo-as na programação daquela televisão. Foi lá onde ocorreram minhas primeiras experiências como diretora3 na área audiovisual. Anteriormente a este período, minhas experiências em televisão 4 e cinema5 haviam acontecido sempre na função de atriz, sendo que, enquanto diretora, somente havia atuado no âmbito teatral. Embora já me interessasse por desvendar um pouco mais sobre o “por trás das câmeras”, foi somente diante do desafio de dirigir um programa televisivo que me vi impelida a pesquisar e estudar o assunto. E foi então no meu primeiro trabalho, o programa De Portas Abertas6, que comecei a conhecer os problemas que enfrentaria para me tornar, de fato, uma diretora de teledramaturgia. Para um melhor desenvolvimento do trabalho na TV UFPB, busquei um aprofundamento no tocante à direção de ator/atriz. Minhas investigações neste campo se deram basicamente por quatro meios: a leitura específica sobre o tema; a experimentação de processos de criação variados com atores e atrizes no desenvolvimento dos trabalhos; a observação dos trabalhos de direção e atuação em produções de outros diretores na televisão e no cinema; e a experimentação de técnicas com os alunos das oficinas que ministrava. Como minha experiência e formação fora quase que completamente voltada para o teatro, foi a partir dele que busquei as bases para meu trabalho na televisão, principalmente no tocante à direção de atores e atrizes. Exercícios de consciência corporal, aquecimentos, jogos dramáticos e de improvisação, entre outros, foram aplicados nesse processo. Contudo, existem especificidades inerentes a cada uma das linguagens, do teatro e do audiovisual, embora ambas tratem com a mesma “matéria prima” – o ator e a atriz. 3. Produções em televisão como diretora na TV UFPB: Ciência Aberta, 2014; TeleTeatro, 2014; De Portas Abertas, 2011. 4 Produções em televisão como atriz: A Menina de Cabelos Dourados, TV UFPB, 2014; Quem Souber que Conte Outra, TV UFPB, 2014; Especial Aniversário da Cidade de João Pessoa, TV Cabo Branco, 2013; Especial Aquele Beijo Tuti-Fruti, TV Cabo Branco, 2013; Especial Amor de Carnaval, TV Cabo Branco, 2011; Minissérie Geração Saúde 2, TV UFPB, MEC, Ministério da Saúde e Ministério da Ciência e Tecnologia, 2010. Além destas, algumas participações em peças publicitárias diversas. 5 Produções em cinema, como atriz: Jamais Vou Esquecer Quem Era Mesmo, 2004, J. Audaci Junior; O Gosto de Ferrugem, 2005, J. Audaci Júnior; A Língua Lavra, 2008, Mônica Fidélis; A Princesa de Elymia (longametragem), 2017, Silvio Toledo; Videoclipe Hair Cream, de Anibal, 2013; Vídeo Síndrome de Asperger, 2014, Raquel Ferreira; Macumbá, 2014, Tony Rodrigues; Aqueles que Ficam, 2015, Arthur Lins; Moído, 2014, Torquato Joel; O Resgate do Pavão Misterioso (longa-metragem), 2014, Sílvio Toledo. 6 Programa de televisão produzido pela TV UFPB no ano de 2011, dentro do projeto de extensão De Portas Abertas – PROEXT 2011, coordenado pela Prof. Dra. Sandra Moura. Composto de duas partes, sendo uma de teledramaturgia e outra de jornalismo, tinha o intuito de mostrar para a sociedade os projetos de extensão desenvolvidos na UFPB cujos serviços eram oferecidos à comunidade em geral..

(15) 14. Luciana Lyra (2012, p. 1), ao tratar sobre o encontro das linguagens da literatura, do cinema e do teatro, afirma que: É pelo viés dramatúrgico que é possível aproximar essas linguagens, considerando a forma como os personagens são trabalhados, a relevância dos diálogos, a construção de cenas, a realização conjunta necessária para que uma peça, um filme, um livro estreiem.. São muitos elementos em comum entre as linguagens, nas quais incluo a televisão, no que diz respeito a seus produtos ficcionais. Destaco neste universo audiovisual o aspecto da coletividade citado por Lyra, uma vez que é necessário um grande número de profissionais para que seja construída uma obra televisiva. Com relação às especificidades da linguagem do cinema (e aqui incluo também a televisão) e do teatro, ela destaca a efemeridade do segundo versus a perenidade da imagem gravada. Enquanto o teatro acontece em forma de fenômeno, ou seja, como um evento único em uma combinação singular de tempo e espaço, no cinema o evento é registrado de maneira permanente, sendo reproduzido exatamente da mesma maneira por inúmeras vezes, não havendo variações de nenhum tipo. Ao fazer uma abordagem sobre os territórios e fronteiras entre as áreas do teatro e do cinema, a pesquisadora Maria Heloísa Machado (2010, p. 1) afirma que “[...] o que une as novas linguagens ficcionais é a presença cênica, no palco ou no set, do ator”. Mas é na identificação das particularidades de cada uma delas que começam a se delinearem e se exigirem procedimentos adequados para se estabelecer uma plena integração com a linguagem abordada. Já Walmeri Ribeiro (2005, p. 11) pontua: Se por um lado no teatro a construção visual da cena se dá no todo criado sobre o palco, por outro no cinema, o olhar fragmentado da câmera e a justaposição das imagens é que constroem a narrativa do filme. A partir então, dessa construção, podemos pontuar como o grande fator de ruptura entra a concepção de cena para o teatro e para o cinema, o olhar aproximado e fragmentado da câmera cinematográfica, pois, no cinema a “cena” é composta através da justaposição de planos.. Considerando, então, a necessidade de me aprofundar nas particularidades da linguagem televisiva, iniciei minha busca efetiva por técnicas de condução adequadas aos trabalhos de teledramaturgia. Afinal, os pontos de encontro e interseção, as ferramentas do teatro que atendiam igualmente à preparação de atores e atrizes para o audiovisual, essas eu já tinha em meu alcance, mas as específicas desta nova linguagem eu ainda não conhecia..

(16) 15. É importante salientar o fato de, numa pesquisa inicial, ter me deparado com a escassez de bibliografia em língua portuguesa no que diz respeito aos estudos sobre a atuação no cinema ou sobre o trabalho dos preparadores de atores e atrizes, ou mesmo sobre os métodos de direção de ator/atriz. Na busca por conhecimentos práticos, participei de cursos e oficinas na área de televisão e de cinema e passei a observar mais atentamente os processos de produção audiovisual dos quais participava como atriz, me aproximando dos bastidores das realizações. Nesse processo de observação ficou ainda mais clara a ausência de uma atenção dos realizadores voltada especificamente para a preparação dos atores e atrizes, pois o modus operandi das atuações é basicamente intuitivo, sendo rara a presença de um preparador ou diretor de atores não só nas produções das quais participei, mas no cinema praticado na Paraíba em geral. No sentido de buscar um alinhamento entre estudos e práticas, com respaldo científico e acadêmico, senti a necessidade de buscar um programa de pós-graduação que abarcasse tal pesquisa, e que me ajudasse a compreender e a sistematizar tais estudos, de forma a contribuir para a reflexão do tema e o desenvolvimento desta área específica dentro das Artes Cênicas. Também me motivou a possibilidade de poder contribuir para a produção de material bibliográfico, uma vez detectada a escassa bibliografia referente à prática de ator/atriz no audiovisual, principalmente no contexto regional e no universo da TV pública. Sendo assim, esta pesquisa surgiu como uma oportunidade de me aprofundar nesta área com a possibilidade não apenas de aplicar estes estudos de forma prática através do meu trabalho na TV UFPB, mas também compartilhá-los com outros pesquisadores da área. É importante enfatizar a liberdade proporcionada no ambiente da TV pública, a qual é livre de vínculos comerciais, havendo compromisso principalmente com objetivos educacionais, a arte, priorizando características como originalidade e qualidade intelectual dos produtos. Este trabalho concentrou-se nos estudos sobre técnicas de preparação de atores e atrizes para a ficção televisiva, e para tanto abordou também estudos desenvolvidos no campo do Cinema e do Teatro, uma vez que são áreas afins, com estudos já bastante aprofundados e difundidos. Objetivou-se, desta forma, desenvolver uma sistemática pessoal aplicável aos processos de criação em ficção televisiva. Considerou-se ainda a possibilidade de contaminação pela via inversa, ou seja, a aplicação dessa sistemática reverberar na formação dos atores e atrizes de tal maneira que tenham efeito também sobre sua atuação no teatro, uma.

(17) 16. vez que se trata de processo de formação constante, onde há um caminho de retroalimentação cujos efeitos se dão em todas as áreas de atuação do ator e da atriz. O contexto deste estudo priorizou processos e produções desenvolvidos em TVs públicas, preferencialmente universitárias, porém não prescindiu de outras experiências em contextos mais amplos, utilizando-os também como referenciais de formatos de produção. Esta pesquisa lançou um olhar direcionado à algumas práticas correntes entre atores e diretores de programas ficcionais televisivos, numa tentativa de compreender as técnicas aplicadas, bem como de que maneira a formação do ator e da atriz em teatro contribui para este tipo de atuação, e de que forma é possível concatenar os conhecimentos acumulados nas três áreas: teatro, cinema e televisão, para a criação de uma obra ficcional televisiva. Desta forma, esse estudo pretende contribuir para o desenvolvimento do ator e da atriz frente às câmeras, bem como delinear caminhos que possam servir de referência para diretores de programas ficcionais televisivos, com possibilidades de aprofundar o diálogo com as outras áreas estudadas. Neste sentido, as perguntas acumularam-se em um volume bem maior que as respostas, o que tornou necessário o compartilhamento das dúvidas, dos questionamentos que permanecem em aberto, que surgiram no meio do caminho e, que, provavelmente, suscitarão novas discussões. Procurei aqui analisar de que forma o teatro e o cinema influenciam as técnicas de preparação de atores e atrizes para a televisão, refletindo sobre os procedimentos de criação ligados à atuação na televisão brasileira, a partir de depoimentos de atores, atrizes e diretoras. Como experimento prático, realizei a condução de um processo de criação para a televisão combinado à uma sistematização dos procedimentos técnicos e metodológicos estudados. No mundo onde as redes são a principal forma de comunicação não se pode prescindir de estabelecer esses pontos de contato entre áreas que, embora distintas, possuem elementos em comum. Assim, a interdisciplinaridade permeia este trabalho, indo das artes teatrais à comunicação, passando pelo cinema, pela performance, entre outras áreas que necessariamente nos servem de base para as discussões suscitadas. Sobre essas intersecções, Boaventura S. Santos (2010, p. 73) afirma que “Os objetos tem fronteira cada vez menos definidas; são constituídos por anéis que se entrecruzam em teias complexas com os dos restantes objetos, a tal ponto que os objetos em si são menos reais que as relações entre eles”. Diante da já mencionada carência de material bibliográfico sobre atuação para televisão, recorri aos parcos estudos sobre o trabalho do ator e da atriz no cinema brasileiro, sua preparação, construção de personagens, criação colaborativa, etc. Já em língua estrangeira foi possível ter acesso a um número bem maior de escritos, porém, estes, em sua maioria, se.

(18) 17. apresentaram em formato de manual ou relato de trabalho e foram encontrados predominantemente no mercado editorial estadunidense, seguindo os princípios difundidos pelo Actors Studio, cuja base norteadora é o sistema proposto por Constantin Stanislavski. Sendo assim, para dar início a essa pesquisa, fez-se necessário um mapeamento detalhado de áreas de estudos cruciais que norteiam esta investigação, quais sejam: preparação de atores e atrizes, atuação para a televisão, atuação cinematográfica, direção de atores e atrizes. Para este levantamento foi realizada uma revisão teórica e bibliográfica nos acervos virtuais das bibliotecas de diversas universidades brasileiras sobre os objetos tratados nesta pesquisa, bem como os pesquisadores e teóricos que abordaram esses assuntos. Foi encontrado um número razoável de trabalhos que tem como foco o ator e atriz no audiovisual. Porém, ao recortar o tema à área restrita de atuação para a televisão, raríssimas pesquisas contemplaram a temática. Uma vez que o objeto de estudo aqui apresentado dispõe de raras publicações a respeito, fez-se necessário um amplo levantamento de estudos tangenciais, para assim constituir uma estrutura basilar para as reflexões propostas. Somada a isto, uma das características dessa pesquisa é justamente a tentativa de promover a interdisciplinaridade entre as áreas de teatro, cinema e televisão, o que acentuou a necessidade de abarcar diferentes enfoques sobre o tema nas diversas áreas, a fim de promover uma compreensão globalizada e, a partir daí, se seguir com as reflexões necessárias. Com relação aos caminhos metodológicos escolhidos para se chegar ao fim proposto por esta pesquisa acadêmica teórico-prática, uma vez que aqui não me interessam números, mas, sim, o aprofundamento na compreensão do trabalho do ator e da atriz para a televisão, numa tentativa de entender os processos estudados e explorando novas formas de fazer, identifico esta pesquisa como qualitativa. De acordo com Denzin, A pesquisa qualitativa é uma atividade situada que localiza o observador no mundo. Consiste em um conjunto de práticas materiais e interpretativas que dão visibilidade ao mundo. Essas práticas transformam o mundo em uma série de representações, incluindo as notas de campo, as entrevistas, as conversas, as fotografias, as gravações e os lembretes (DENZIN, 2006, p. 17).. Utilizou-se, para esta pesquisa, uma ampla variedade de práticas interpretativas interligadas, no intuito de conseguir compreender melhor o objeto de estudo. Cada prática garante uma visibilidade diferente e o arranjo entre elas possibilita um entendimento mais global, sob diversos prismas, sobre o aspecto estudado..

(19) 18. Identifico-me como o bricoleur, descrito por Denzin (2006, p. 18) como um indivíduo que confecciona colchas, ou, como na produção de filmes, uma pessoa que reúne imagens transformando-as em montagens. Ao que complementa afirmando que o pesquisador qualitativo deste tipo é “um confeccionador que costura, edita e reúne pedaços da realidade, um processo que gera e traz uma unidade psicológica e emocional para uma experiência interpretativa”. Sendo assim, esta pesquisa caracterizou-se enquanto pesquisa qualitativa que se propôs a uma análise reflexiva sobre os processos de criação de atores, atrizes e diretores de cinema, teatro e televisão, a partir de levantamentos bibliográficos e entrevistas, para identificar possíveis procedimentos de criação na atuação na televisão e aplicá-los em uma experiência prática de produção de um programa televisivo. Enquanto pesquisa na área de artes, destaca-se a explanação realizada por Sampaio: A pesquisa em artes é constituída de diferentes passos em diversos níveis. O desenvolvimento de uma técnica e de uma linguagem para o ator, por exemplo, é feita de muitas descobertas particulares, entrelaçadas por uma reflexão sistêmica que permita integrar os vários elementos da atuação em uma prática geral. Depois, esta prática encontrará o teste das situações particulares nas quais irá sendo utilizada. Cada uma dessas aplicações se tornará mais um experimento de pesquisa (SAMPAIO, 2011, p. 55).. Esses diferentes passos nesses diversos níveis, faz com que se transite entre a pesquisa bibliográfica, a de campo e a experimental, em combinações que se revelam necessárias para que seja possível o cumprimento dos objetivos apresentados. Tal escolha permitiu abordar três planos de investigação citados por Sampaio (2011): o plano individual de reflexão sobre formas e soluções nos âmbitos concreto e simbólico, o plano dos conceitos e suas relações com a cultura simbólica e o plano técnico, os quais se inter-relacionam e estão presentes no processo de criação. Num primeiro momento, foi realizado um levantamento bibliográfico da literatura especializada referente aos temas abordados nesta proposta de pesquisa: atuação para televisão, atuação para cinema, a preparação do ator e da atriz, construção de personagens, o treinamento, processos de criação em artes cênicas, etc., tanto na literatura em língua portuguesa como também em outras línguas, onde a tradição dos atores e atrizes em meios audiovisuais é mais sistematizada e demonstra o espaço que ocupa por meio do significativo volume de publicações que dispõe ao público e aficionados pelo tema. Essa etapa iniciou-se no primeiro semestre e se estendeu durante toda a pesquisa..

(20) 19. Esta fase da pesquisa foi desenvolvida a partir de materiais publicadas em livros, artigos, dissertações e teses, primeiramente numa busca de domínio do estado da arte do objeto pesquisado. A partir desta pesquisa bibliográfica, também foi constituída parte da pesquisa experimental, a qual foi realizada na terceira etapa, cuja descrição encontra-se mais adiante. Detive maior atenção sobre os métodos já desenvolvidos e aplicados na preparação do ator e da atriz, tanto no teatro quanto no cinema, os quais posteriormente foram experienciados durante a oficina de atuação para o audiovisual e a criação do programa televisivo. Corroborando inteiramente com o pensamento de Sampaio que afirma: Os referenciais teóricos utilizados vão oferecendo hipóteses para a ação prática. Os resultados vão indicando o percurso a ser seguido. A reflexão crítica permite a construção de modelos de conduta e procedimentos. O méthodos, enquanto caminho para se chegar ao fim, ou o modus operandi para a abordagem adotada ao enfrentar os problemas levantados vai sendo construído passo-a-passo na sala de ensaios (SAMPAIO, 2011, p. 55).. Para esta fase, a pesquisa apoiou-se em bases teóricas no sentido de refinar o pensamento crítico sobre cada uma das áreas abordadas no trabalho. Dividi em três grandes grupos bibliográficos: no primeiro estavam os autores que abordam a questão do ator e da atriz, predominantemente no universo teatral, dentre os quais destacou-se Constantin Stanislavski, principal responsável pela introdução dos estudos específicos sobre o ator e da atriz, ao qual seguiram-se outros pensadores do teatro, como Grotowski e Eugenio Barba, entre outros, que foram tratados aqui enquanto complementares, de maneira menos aprofundada. O segundo grupo foi composto por estudiosos da área do audiovisual: destacouse o pensamento Arlindo Machado, na contextualização desse universo, complementado por Michael Rabbiger, com abordagem específica sobre direção cinematográfica. Já o terceiro grupo foi formado por autores que enfocam especificamente o trabalho do ator e da atriz no contexto audiovisual e, como se trata do objeto principal desta pesquisa, contou-se com um maior número de interlocutores, entre brasileiros e estrangeiros, a fim de tornar a discussão mais ampla e diversificada: Carlos Gerbase, Nikitta Paula, Stella Adler, Vsevolod Pudovkin, Jacqueline Nacache e Walmeri Ribeiro. A segunda etapa da pesquisa, referente à pesquisa exploratória, compreendeu entrevistas semiestruturadas, que foram realizadas com atores, atrizes e diretoras que tem experiência na televisão brasileira, com o objetivo de conhecer e analisar como eles abordam os procedimentos de criação ligados à atuação na televisão, bem como as necessidades e dificuldades de se trabalhar a partir dos métodos utilizados..

(21) 20. O registro das entrevistas realizadas foi documentado em forma de vídeo, passando a ser parte da composição do produto audiovisual final, também resultante desta pesquisa. A partir de sua análise foi possível refletir sobre as recorrências nos discursos dos entrevistados, correlacionando-os. O objetivo desta etapa foi também a observação das características da produção televisiva brasileira, a partir de diferentes visões e das várias realidades existentes, além, é claro, das experiências pessoais de cada um, a partir do testemunho e da reflexão desses atores e atrizes numa abordagem aberta sobre o assunto. As entrevistas foram realizadas de forma individual com atrizes, atores, diretoras e preparadora da televisão brasileira, a exemplo de: Luiz Carlos Vasconcelos7, Titina Medeiros8, Lúcia Serpa9, David Muniz10, Valeska Picado11 e Tiche Vianna12. Como critério para o convite à participação nas entrevistas, considerei a experiência dos entrevistados em programas ficcionais televisivos seriados e também seu histórico consistente na área teatral e/ou cinematográfica, uma vez que o estudo buscou estabelecer paralelos entre as áreas. Outro fator preponderante na escolha foi o fato de serem, em sua maioria, nordestinos, uma vez que é no contexto regional que me situo, e para o qual pretendo contribuir com este trabalho. Esse fato me aproxima dos entrevistados e facilita não apenas a. 7. Luiz Carlos Vasconcelos é ator, diretor de teatro, integrante do Piollim Grupo de Teatro, da Paraíba, no qual dirigiu espetáculos como o premiado Vau da Sarapalha e Retábulo. No cinema, participou dos filmes: Baile Perfumado (1997), O Primeiro Dia (1999), Eu Tu Eles (2000), Abril Despedaçado (2001), Carandiru (2003), O Tempo e o Vento (2013), entre outros. Na televisão, integrou o elenco de diversas produções, entre telenovelas, minisséries e outros programas, dos quais destacam-se: Você Decide (2000), Pastores da Noite (2002), Senhora do Destino (2004), Carandiru, Outras Histórias (2005), A Pedra do Reino (2007), O Natal do Menino Imperador (2008), Queridos Amigos (2008), Araguaia (2011), A Vida da Gente (2011), Além do Tempo (2015). 8 Titina Medeiros é atriz, potiguar, integrante do grupo de teatro natalense Clowns de Shakespeare, no qual integra o elenco de peças como Dois Amores y um Bicho, Hamlet, Sua Incelência, Ricardo III, Muito Barulho Por Quase Nada, entre outras. Na televisão, participou das telenovelas da Rede Globo: Cheias de Charme (2012), Geração Brasil (2014) e, atualmente, está no ar a telenovela A Lei do Amor. 9 Lúcia Serpa é atriz e professora da Universidade Federal da Paraíba. Integrou o elenco do programa Telecurso 2000, produzido pela Fundação Roberto Marinho. No cinema participou dos filmes O Amor nos Anos 90 (1989) Verdes Anos (1984). 10 David Muniz é ator, integrante do grupo de teatro Engenho Imaginário, de João Pessoa-PB, no qual integra o elenco dos espetáculos Zé Lins – o pássaro poeta, Estórias e João e o Pé de Feijão. Na televisão, participou do programa Geração Saúde 2 (2007), da TV Escola, e, na TV UFPB, participou dos programas: Ciência Aberta (2014) e Quem Souber que Conte Outra (2015). No cinema, participou do filme Três (2010). 11 Valeska Picado atua no teatro como atriz, dramaturga e diretora, cujos trabalhos mais marcantes foram: A Mais Forte, Zé Lins o Pássaro Poeta e Romina e Julião. Faz parte do grupo teatral Engenho Imaginário. É também diretora de artes cênicas da TV UFPB, onde coordena produções voltadas para a infância, como o programa Canal de Histórias (2016), em parceria com o grupo Contação da Rua, e o programa de variedades para crianças intitulado Alecrim. Atuou como roteirista e diretora de teledramaturgia no programa de extensão De Portas Abertas (2011) e Quem Souber que Conte Outra (2014). Produziu e dirigiu o programa de narrativas populares para crianças surdas, com acessibilidade para ouvintes, intitulado Quem Souber que Conte Outra – Libras (2015). 12 Tiche Vianna é atriz e diretora de teatro, uma das fundadoras do Grupo Barracão Teatro, de Campinas – SP, e também preparadora de atores na televisão, cujos trabalhos foram: Hoje é Dia de Maria (2005) e Hoje é Dia de Maria – 2ª Jornada (2005), A Pedra do Reino (2007), Afinal, o que Querem as Mulheres (2010), Capitu (2008), Alexandre e outros heróis (2013), Meu Pedacinho de Chão (2014), Velho Chico (2016) e Dois Irmãos (2017)..

(22) 21. assimilação das experiências por eles narradas, mas também a transposição para o universo em que atuo. O estudo deteve o seu olhar sobre as experiências ocorridas no Nordeste, ou com atores e atrizes nordestinos, âmbito do qual faço parte e no qual me identifico, além de ser um recorte que, por estar geograficamente próximo, proporciona melhores condições de investigação para este estudo. Considerei importante, ainda, evidenciar e dar visibilidade à nossa região que tradicionalmente “exporta” grandes nomes em todas as áreas artísticas para as produções das regiões sul e sudeste do país e que, atualmente, realiza produções locais cada vez mais volumosas e destacáveis mundialmente onde estes mesmos artistas atuam de maneira igualmente brilhante. As questões formuladas para tais entrevistas encontram-se no Apêndice A dessa dissertação. Elas serviram de ponto de partida para um diálogo livre e fluido, de maneira que o surgimento de novas questões ou derivações a partir destas, foram plenamente incorporadas no sentido de enriquecer ainda mais o diálogo e as reflexões a respeito do trabalho dos atores, atrizes, diretores e diretoras de televisão. Se de um lado procurei o fundamental aporte teórico, a fim de dar suporte ao trabalho, dando-lhe consistência, e, de outro, o encontro com o campo, com a realidade prática, através das entrevistas, é na terceira e última etapa da pesquisa que as duas primeiras se fizeram experiência, reflexões materializadas. Após a conclusão destas duas primeiras fases, já com um delineamento básico do plano conceitual, parti para o laboratório experimental, terceira e última fase da pesquisa. Nesta fase, foi feita a aplicação prática de uma proposta metodológica surgida a partir da pesquisa bibliográfica e das entrevistas com os profissionais da área, onde foi experimentada uma série de procedimentos de criação colaborativa para televisão. Compuseram esta fase dois momentos: o primeiro contemplou uma oficina de atuação para o audiovisual, destinada a atrizes, atores e estudantes do curso de Teatro, Cinema, Rádio e Tv e Mídias Digitais, da Universidade Federal da Paraíba, onde foram abordadas diversas técnicas de atuação para a câmera, a linguagem da televisão e procedimentos de criação. No segundo momento, foi realizada a produção de uma obra ficcional para televisão, com os alunos remanescentes da oficina. Em ambas as etapas participaram ainda uma equipe de profissionais da TV UFPB, além de estudantes de Rádio e TV, Mídias Digitais e Cinema, que realizaram o registro audiovisual de todo o processo, bem como sua montagem final. Esta última fase compreendeu a experimentação e adaptação para a linguagem audiovisual de processos de criação oriundos do teatro. Tal tarefa exigiu um conhecimento.

(23) 22. pormenorizado dos dois campos: o da linguagem da câmera e também de técnicas de atuação, para que a transposição da mídia do teatro para a televisão pudesse acontecer de maneira fluida, orgânica. O foco desta etapa esteve muito mais na experiência criadora do que no produto final em si. E embora este processo tenha gerado um produto audiovisual, foi no processo de construção deste produto que esteve o meu interesse maior, por saber que é nele o espaço de experimentar e promover experiências colaborativas e, sem dúvida, modificadoras tanto para mim quanto para os que participaram deste experimento, encarando a experiência vivida do corpo como fonte primordial de conhecimento. A análise do processo criativo foi realizada ao final desta terceira etapa e teve como base os registros realizados em diário de bordo pela direção. Os participantes da oficina e da produção audiovisual também tiveram diários de bordo, mas estes serviram como ferramentas pessoais de registro e sistematização individuais, não sendo exigidas para análise nesta pesquisa. Sobre este método de registro, Mariana Machado (2012) explica que esta é uma das etapas do trabalho do pesquisador acadêmico em Artes Cênicas que realiza sua pesquisa processualmente (metodologia work in process). Como a atitude fenomenológica, apontada por Merleau-Ponty, ela acrescenta: O Diário de Bordo é a compilação de todas as anotações que um encenador-criador faz durante a escritura, montagem e encenação do espetáculo sobre o qual, futuramente, sua dissertação ou tese vai tematizar e discutir. Justamente porque o Diário traduz a experiência pré-reflexiva da pesquisa, é que podemos chamá-lo de “ferramenta fenomenológica” (MACHADO, 2012, p. 261).. O diário de bordo da direção foi utilizado como um repositório de impressões primeiras, íntimo, com referências das mais diversas a partir do que foi experimentado durante o processo e que, ao final dele, foi de grande importância para o resgate e ressignificação da experiência. Mariana Machado (2012, p. 261) o compara a um pano de fundo, “o subtexto do próprio encenador, a explicitação da sua poiésis – e esse pode ser seu valor maior”. Ela afirma que o trabalho em processo (work in process) demanda que o pesquisador em Artes Cênicas crie metodologia no decorrer da pesquisa e aponta como grande desafio e dificuldade da escolha do método fenomenológico para pesquisa a falta de noções teóricas prévias. Sobre a simultaneidade entre investigar e construir, Sampaio (2011, p. 47) afirma que “De fato, a pesquisa em artes, no campo do processo criativo, se caracteriza pela inexistência.

(24) 23. de um objeto pronto a ser examinado. A construção do objeto de investigação precisa ser, portanto, elemento integrante da metodologia de pesquisa”. É importante destacar que, normalmente, a televisão comercial tem como medida de aprovação os índices de audiência, o que a faz pautar sua programação predominantemente nas preferências de seu público, aferidas periodicamente através de mecanismos de pesquisa de satisfação e interesses. O processo de construção desse objeto foi na contramão desta prática, trazendo como premissa o compromisso que tem uma TV pública em oferecer conteúdo de qualidade, com responsabilidade social, ainda mais quando se trata de uma TV universitária e educativa. Desta forma, tentamos durante a pesquisa permanecer isentos ao máximo possível do que dita o gosto comum do público em geral, e nos deixar levar por um caminho de fluidez e criatividade, onde prevaleceu a liberdade criativa dos envolvidos no processo de criação, priorizando o trabalho colaborativo, à semelhança do que se pratica no teatro. Neste sentido, transpõem-se as palavras de Sampaio ao afirmar que: A interpretação desenvolvida pelo artista enquanto pesquisador, que é a base da sua metodologia de trabalho, é constituída pelas estruturas básicas e relações que permitem passar do problema à obra. Em seu processo de criação o artista utiliza uma combinação de técnicas e tecnologia, de uma estrutura conceitual que surge de um contexto cultural com o qual ela se relaciona e de um esforço pessoal estruturador de formas, ideias e sentidos. Na medida em que a obra vai sendo criada, também esses elementos metodológico-interpretativos vão sendo reformulados e transformados em novas realidades (SAMPAIO, 2011, p. 48).. Este espaço criativo proporciona terrenos para conversas críticas em torno não somente do ofício do ator e da atriz neste contexto tão específico, mas em reverberações de maior alcance, nos níveis éticos, políticos e sociais deste profissional, para além do set de gravação ou da sala de ensaio. Como afirma Denzin: Assim como os textos de performance, os trabalhos que utilizam a montagem conseguem ao mesmo tempo criar e representar o significado moral. Deslocam-se do pessoal para o político, do local para o histórico e para o cultural. São textos dialógicos. Presumem uma audiência ativa. Criam espaços para a troca de ideias entre o leitor e o escritor. Fazem mais do que transformar o outro no objeto do olhar das ciências sociais (DENZIN, 2006, p. 19).. Denzin (2006, p. 20) complementa este pensamento afirmando que, neste método de trabalho, “os leitores e as audiências são então convidados a explorarem visões concorrentes do contexto, a se imergirem e a se fundirem em novas realidades a serem compreendidas”..

(25) 24. Para Merleau-Ponty (1999), o saber vai se inscrevendo no corpo do indivíduo a partir de sua experiência de vida, e também de suas relações com o outro, o que define sua posição no mundo. Ainda sobre a avaliação do experimento prático, ela foi realizada pelos participantes em forma de depoimentos gravados em vídeo, os quais estão disponíveis no material final produzido13. Esse olhar sobre o objeto a partir de várias perspectivas permitiu a visualização das diversas interações que a experiência gerou. É importante enfatizar que o processo de pesquisa se deu de forma dinâmica e houve flexibilidade e sensibilidade para perceber as mudanças de rumo que se apresentaram necessárias no percurso da pesquisa, ainda mais numa área como as artes, intrinsecamente fluida e maleável, tão viva e pulsante quanto os seus sujeitos. Nenhum método é capaz de compreender todas as variações sutis na experiência humana contínua. Consequentemente, os pesquisadores qualitativos empregam efetivamente uma ampla variedade de métodos interpretativos interligados, sempre em busca de melhores formas de tornar mais compreensíveis os mundos da experiência que estudam. (DENZIN, 2006, p. 33). A entrada na era da comunicação proporciona uma mudança de paradigma inclusive com relação à produção artística. Falar do eu, para o outro, explorar a relação entre os sujeitos, a verdade, as personas e não personagens, é uma tendência cada vez mais forte e absorvida pelo teatro contemporâneo. Para a arte, tocar o outro ainda é um princípio, mas hoje a afetação ocorre primeiramente no artista, para depois chegar ao espectador. Abriu-se uma via de mão dupla, onde a busca pela postura ativa do espectador também é determinante nos processos artísticos. A arte não acontece apenas no palco, ela está nos ensaios, laboratórios, tudo é espaço de criação, de afetação. Num momento em que a televisão se coloca de forma muito mais aberta, híbrida, em contato com outras mídias, onde as ofertas de programas, bem como a sua qualidade, vem crescendo, abarcando perfis cada vez mais diferenciados de telespectadores, é importante estudar as formas de criação artística para esse veículo. O ator e a atriz, que no teatro são profundamente estudados, e no cinema já contam com uma atenção prática e teórica considerável, também tem em seu espaço profissional o das telas pequenas. Por que não lançar um olhar mais diretivo e aprofundado sobre o papel desses profissionais e seus processos de trabalho neste meio? Estudar o ator e a atriz de televisão é contribuir também para a qualidade artística dos produtos criados para essa mídia, é pensar a televisão como um 13. Vídeo disponível através do link < https://youtu.be/pI97IxtPzJM>.

(26) 25. ambiente não tão transitório, como se praticava até fins do século passado, mas como um espaço de produção artística, de grande alcance de público, de fácil acesso e que gera produtos que podem permanecer disponíveis em outras mídias, ou na própria televisão, na medida em que a possibilidade digital e interativa avança e os produtos multiplataforma se multiplicam. Desta forma, buscou-se com esta pesquisa contribuir ainda para o debate mais amplo sobre as pesquisas em artes cênicas, discutindo as questões sobre como a pesquisa acadêmica pode trazer um novo olhar sobre os processos de criação em arte; e sobre como as especificidades da criação artística podem interferir na produção científica, na sua linguagem e processos metodológicos, paradigmas, etc. Com relação à capitulação este trabalho se divide em dois capítulos que foram nomeados como: Episódio I e Episódio II. O termo “episódio”, no audiovisual, se refere a cada capítulo de um programa de dramaturgia, como, por exemplo, uma série de televisão. É uma parte de uma sequência de um corpo de trabalho. Fez-se a escolha de nomear os capítulos e seus tópicos com termos oriundos da linguagem audiovisual, conforme se pôde verificar já na própria estrutura de apresentação. Desta maneira, buscou-se ressaltar o aspecto de que esta área, ao produzir o seu modo de fazer, produz também suas terminologias, suas especificidades. Evidenciar para o leitor as particularidades deste campo é importante, para demarcar o lugar do qual foi lançado o olhar sobre o ator e a atriz: o da produção audiovisual, com todos os seus desdobramentos. O Episódio I foi dividido em quatro tópicos: 1.1 - Plano Geral14: A Televisão, tópico onde se traça um breve painel sobre a televisão brasileira, desde o seu surgimento até o cenário mais recente, e, mais especificamente, da TV pública universitária; 1.2 Panorâmica15: Ator/Atriz e Câmera, este tópico desenhou um panorama do ofício do ator e da atriz no audiovisual, bem como os aspectos técnicos que compõem esse ofício, em um constante diálogo com as bibliografias elegidas; 1.3 - Over Shoulder16: O Preparador de Atores, o tópico explicita o trabalho deste profissional e sua crescente presença no audiovisual; 1.4 - Zoom In17: Processos de Criação, tópico em que se enfocam diversificados processos de criação do ator no audiovisual. 14. Termo do audiovisual que sugere um tipo de enquadramento onde a figura central se mostra integralmente, normalmente situada em um contexto amplo da cena. 15 Movimento horizontal, de um ponto a outro, que a câmera faz a partir de um eixo fixo. 16 Tipo de enquadramento onde a câmera é colocada por trás do ombro do personagem, com o objetivo de mostrar o que ele está vendo. 17 Movimento de câmera aparente de aproximação do objeto filmado, provocado por uma manipulação das lentes da câmera, sem haver qualquer deslocamento desta..

(27) 26. Em todo esse primeiro episódio, recorreram-se às entrevistas com os atores e atrizes elencados, trazendo à luz experiências presentes no audiovisual brasileiro contemporâneo, de maneira a estabelecer um diálogo entre a bibliografia pesquisada e as práticas estudadas e relatadas pelos entrevistados. A partir das entrevistas com os atores, atrizes e diretoras, pôdese compreender de que maneira estes se situam dentro da cadeia de produção televisiva, quais as formas de trabalho das quais eles participam, de que maneira eles exercem sua capacidade criativa ao atuar no audiovisual. Processos colaborativos das artes cênicas em geral também são considerados no sentido de esboçar possibilidades a serem aplicadas na etapa seguinte da pesquisa. O Episódio II foi dividido em três tópicos: 2.1 - Flash Back18: O Programa Ciência Aberta, nesse tópico foi realizada uma breve descrição do processo de construção da primeira temporada do Programa Ciência Aberta, ponto de partida desta pesquisa; 2.2 - Plano Detalhe19: Oficina de Atuação para o Audiovisual, neste tópico são descritos os caminhos descobertos e experienciados durante a oficina de atuação para o audiovisual, onde foram descritos todos os procedimentos aplicados, suas justificações, objetivos e reverberações; 2.3 Projeto Piloto20: Uma Experiência Prática, neste tópico tratou-se da produção de um episódio piloto para a segunda temporada do programa televisivo Ciência Aberta, com uma pormenorização do processo de criação, apontando questões referentes aos diversos elementos constituintes deste processo: formato, roteiro, arte, atuação e direção. A partir deste relato, foram feitas as reflexões surgidas no decorrer deste processo, em diálogo com os estudos apresentados nos capítulos anteriores, numa tentativa de sistematização de uma prática de criação no audiovisual.. 18. Termo utilizado no audiovisual para denotar a interrupção de uma sequência cronológica narrativa pela interpolação de eventos ocorridos anteriormente. 19 Tipo de plano fotográfico que enquadra um detalhe como uma parte do corpo da personagem ou um objeto. 20 Programa experimental em que se analisam diversos aspectos para, posteriormente, produzir toda a temporada ou não..

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