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Referência
Kira Tarapanoff
(O rganizadora)Inteligência organizacional
e competitiva
EDITORA
BH
O contexto da mudança
Kira Tarapanoff
A sociedade da inform ação8 não é um m odism o. R epresenta um a profunda m udança na organização da sociedade e da eco n o mia. É um fenôm eno global, com elevado potencial transform ador das atividades econôm icas e sociais. A lgum as características e tendências dessa nova sociedade podem ser agrupadas dentro dos seguintes aspectos: nova ordem m undial/política; econôm ico/co m ercial/financeira; social/com portam ental. Com o últim o item in cluirem os tam bém alguns aspectos do novo paradigm a gerencial.
A nova ordem m undial
A nova ordem mundial ainda não está definida, mas, na opinião de alguns especialistas, com eça a ser possível distinguir um novo ciclo de crescim ento do capitalism o industrial, puxado pela tele- m ática e com a indústria am ericana dos sem icondutores com o e s porão (Oliveira, 1995). Presume-se que a nova ordem mundial seja capitaneada por um dos três espaços econômicos, considerados os laboratórios do pós-globalização, com form ação supranacional, já universalm ente reconhecidos, a conhecida T ríade: os Estados U ni dos, a Europa unificada (liderada pela A lem anha) e o Leste A siáti co (liderado pelo Japão e China). Estados fortes que se em penham em definir as estruturas territoriais e ju ríd icas da próxim a ordem m undial.
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N essa sociedade, a inform ação assum e contornos de estratégia e de área de segurança, sobretudo m undial. D iferentes países, so bretudo a T ríade, estão preocupados, desde m eados da década de 1980, com a construção de políticas de inform ação com o estratégia de inserção na sociedade da inform ação.
D iversos foros de discussão foram convocados in tern acio n al m ente para essa discussão, dentre eles a C onferência do G 7 sobre a S ociedade da Inform ação (B ruxelas, fevereiro de 1995) e a C onfe rência sobre a Sociedade da Informação e o Desenvolvim ento, cele brada em M idrand, na Á frica do Sul, em m aio de 1996 (U nesco, dezem bro 1996, p. 2).
D iferentes países, sobretudo os m ais industrializados e tam bém os em desenvolvim ento, estão preocupados, desde m eados da década de 1980, com a construção de políticas de inform ação com o estratégia de inserção na sociedade da inform ação.
Há um consenso internacional em adotar a filosofia do “desen volvim ento sustentável” que visa à dim inuição da distância entre países ricos e pobres, até mesmo na distribuição da riqueza, e busca o desenvolvimento socialmente consciente (Unesco, m aio 1966). De fende-se a sociedade ju sta que deve contar com crescim ento econô m ico e so c ia l su ste n táv e l, su b sta n c ia l e c o n fiá v el (G a lb ra ith , 1996, p. 26).
A “globalização” im põe-se, m as é um a questão discutida. E x pressões com o “sociedade global da inform ação” e “aldeia g lo b al” são questionadas. A firm a-se que o conceito de “civilização g lobal” é um a visão tendenciosa, um sonho sectário de um a m inoria ex trem am ente privilegiada, um grupo m uito pequeno dos habitantes deste planeta. A m aioria esm agadora não vive, não com preende e, m enos ainda, beneficia-se da globalização, em bora esteja de fato sofrendo suas conseqüências e seja direta ou indiretam ente afetada por ela de m odo efetivo e profundo (Q uéau, 1998, p. 198).
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m esm o em apenas um a form a de governo. D everia ser encontrada no difícil e paradoxal princípio de que a diversidade é, de fato, mais necessária para a unidade do que a própria unidade. A m ulti plicidade esconde e revela a unidade (Q uéau, 1998, p. 205).
O conceito da globalização sofre m uitas críticas. A lgum as delas, além das anteriorm ente destacadas, são de especial grav id a de para os países em desenvolvim ento:
a) A volatilidade dos fluxos financeiros internacionais coloca em risco perm anente a estabilidade econôm ica dos países em desen volvim ento, diante da possibilidade de súbita sangria em suas reservas. Esses governos são forçados, com todas as co n se qüências negativas decorrentes, a acum ular am plas reservas para que possam defender as econom ias nacionais das v aria ções abruptas do m ercado financeiro.
b) A globalização não dissolve as fronteiras nacionais, m as as reconfigura, e força as funções internacionais do Estado. O que se arrisca é a jurisd ição dos Estados m ais fracos política e eco nom icam ente. Põe-se em risco a questão da soberania.
c) G era com petição de form a aguda entre os governos nacionais, por m eio de incentivos legais e fiscais que atraiam o capital in ternacional. D entro de cada país, os estados e m unicípios ado tam , igualm ente, padrões de com portam ento com petitivo cada vez m ais intenso.
d) O que está realm ente globalizado são as relações entre as elites financeiras, industriais e científico-tecnológicas, excluindo-se, assim , desse processo, as cam adas periféricas m ais pobres. e) A globalização pode trazer a fragm entação, ou seja, acirra o
hiato entre o centro e a periferia, entre os Estados e dentro d e les (G rum bach, 1997, p. 14-15).
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Da m esm a form a com o se questiona a globalização, questiona- se a sociedade da inform ação e do conhecim ento baseada nas tele com unicações e na infra-estrutura tecnológica, que parece não alcan çar a todos com o requereria um a sociedade justa.
A nova ordem econôm ica
G lobalização é o term o que descreve, sobretudo, a ab rangên cia, em âm bito planetário, do sistem a econôm ico de m ercado e do sistem a capitalista, que se tornou possível com o fim da G uerra Fria. A globalização, supõe-se que:
a) reorganiza o sistem a político e econôm ico internacional; b) aprofunda a internacionalização da produção;
c) estim ula a recom posição do sistem a produtivo; d) torna m óveis o capital e a tecnologia;
e) alterna a qualidade e as m odalidades dos fluxos financeiros e tecnológicos;
f) alterna o fator trabalho e as condições de em prego.
O m odelo econôm ico m undial atual tem com o característica o desenvolvim ento e a difusão do novo paradigm a tecnoeconôm ico das tecnologias da inform ação.
A intervenção significativa dos países no paradigm a tecn o ló gico cessou com o térm ino da G uerra Fria e da corrida espacial. A tualm ente, os atores que definem o perfil do paradigm a tecn o ló gico são as grandes corporações em busca de m axim ização binô- m io-preço (D upas, 1996).
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N esse contexto, o virtual ou o digital se torna um padrão eco nôm ico. A tecnologia possibilita o advento da organização e a oferta de serviços virtuais, e a nova sociedade centra-se na p resta ção de serviços e na atividade supersim bólica (T offler & T offler, 1995). A econom ia torna-se global, com um m ercado m undial do m inado por bens e serviços intensivos em conhecim ento (aqueles em cujo custo total a parcela correspondente ao trabalho intelectual criativo é significativa em face do custo dos dem ais insum os).
A nova ordem social
A com petitividade dos setores produtivos e dos países passa a depender m ais da educação e do preparo de seus trabalhadores e povo e de sua capacidade de gerar e utilizar conhecim ento e inova ções.
O digital torna-se o padrão que afeta a sociedade m ediante o entretenim ento dom éstico, a energia e as telecom unicações. M ú lti plos serviços que passam por cabos de cobre, cabos de fibra ó p ti ca, m icroondas e satélites transform arão a vida dom éstica.
A realidade virtual propicia o aparecim ento da nova geração social, a que navega 110 ciberespaço, geração esta que hoje está com a idade entre 2 e 22 anos, usa a internet para com unicar-se, inform ar-se, divertir-se, fazer com pras, explorar, gerenciar finan ças e aprender (T apscott, 1997).
A tecnologia da inform ação pode ser usada com o veículo para ajudar a elim inar desigualdades econôm icas e sociais. A s ferra m entas das tecnologias da inform ação e suas aplicações podem oferecer oportunidades que transcendem barreiras de raça, gênero, deficiência, idade, capacidade financeira e localização geográfica.
N o entanto, de acordo com o
Relatório sobre o desenvolvi
mento da telecomunicação mundial de 1998,
publicado pela U nião Internacional de T elecom unicações, afirm a-se que há vastas con centrações hum anas sem acesso aos serviços básicos de telecom u nicações (Q uéau, 1998, p. 199).56 Kira Tarapanof f
o autor oferece-nos um a visão crítica sobre o im pacto das tecn o lo gias da inform ação e das com unicações sobre a sociedade latino- americana. Presta particular atenção sobre as grandes transform ações ou movim entos que afetam os Estados, territórios, grupos étnicos, indústrias e organizações, com o conseqüência do vendaval tecn o lógico, de com unicações e cultural, proveniente dos países m ais industrializados, sobre a região latino-am ericana, e conclui pela não-existência da “ aldeia global” .
P arad igm as gerenciais
Toda a m udança, para que seja im plem entada, depende da gestão, do
management.
N o entender de alguns autores, a ciência do século X X , que m ais contribuiu para o progresso hum ano, foi a ciência organizacional (D e M asi, 2000).Foi o desenvolvim ento dessa ciência que possibilitou o fo rta lecim ento de cada atividade, cognitiva e operacional, a um nível desconhecido em todas as épocas anteriores da história, dentro e fora dos locais de trabalho. M ilhões de hom ens e m ulheres na p rá tica cotidiana, m ilhares de especialistas em suas profissões, p artin do das grandes descobertas de T aylor e Fayol, passando pela adm inistração das relações hum anas (1930), da pesquisa o p eracio nal (1940), do planejam ento estratégico (1950/1960/1970), da qualidade total em estilo jap o n ês (1980) e da gestão da inform ação e do conhecim ento (1990) revolucionaram o m odo pelo qual os seres hum anos organizam seus próprios recursos e aum entam seu rendim ento.
Foi a gestão que introduziu as novas tecnologias nos locais de trabalho, nas casas, nas diversões. Foi a gestão que criou as em p re sas em rede, as m ultinacionais, os distritos industriais, a glo b aliza ção da econom ia e, conseqüentem ente, a universalização de gostos e de costum es.
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vin, 1993)- A gestão da informação, aquisição, arm azenam ento, an áli se e uso provê a estrutura para o suporte ao crescim ento e d esen volvim ento de um a organização inteligente, adaptada às exigências e novidades da am biência em que se encontra.
No território do
management,
há um intenso debate sobre as m udanças fundam entais em andam ento para as organizações, d en tre elas, a globalização, a desregulam entação e a privatização, a volatilidade, a convergência, as fronteiras m enos definidas entre os setores de atividade, a prevalência de padrões, o fim da interm edia ção e a nova consciência ecológica. Fatores estes que devem ser adm inistrados sim ultaneam ente. O im pacto dessas m udanças vai afetar as em presas de m aneiras diferentes, m as tais em presas d ev e rão esta r a ten tas às tra n sa çõ e s in te rn a c io n a is, às a lia n ça s te m porárias, bem com o enfatizar a velocidade e reavaliar o m odelo em presarial usado. D everão ainda rever as com petências essenciais da organização, in co rp o rar novas tecn o lo g ias aos n eg ó cio s tra d i cionais, m udar as equipes e aprender a transferir com petências es senciais entre unidades (Prahalad, 1999).Para entender as m udanças e com o elas afetam a organização é preciso, antes de m ais nada, entender o conceito e o contexto organizacional, assunto a ser tratado no próxim o capítulo.
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