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Caracterização da subsuperfície e análise da qualidade de água para consumo na Vila de São Joaquim do Ituquara (Baião, Pará, Brasil) / Characterization of the subsurface and analysis of the quality of the water used for human consumption in the village of

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Caracterização da subsuperfície e análise da qualidade de água para consumo

na Vila de São Joaquim do Ituquara (Baião, Pará, Brasil)

Characterization of the subsurface and analysis of the quality of the water

used for human consumption in the village of São Joaquim do Ituquara

(Baião, Pará, Brazil)

DOI:10.34117/bjdv5n12-149

Recebimento dos originais: 07/11/2019 Aceitação para publicação: 11/12/2019

Iduina de Almeida Leite

Pos-Graduação em Ciências Biológicas (Especialização- Centro Universitário Leonardo da Vinci- (Uniasselvi, Baião (Pará, Brasil), CEP 68465-000

e-mail: iduinaalmeida@yahoo.com

Pedro Chira Oliva

Doutorado em Geofísica, Instituto de Estudos Costeiros (IECOS), Universidade Federal do Pará (UFPA), Alameda Leandro Ribeiro s/n, Bairro Aldeia, Bragança (Pará, Brasil), CEP 68600-000

e-mail: chira@ufpa.br

RESUMO

Os padrões recomendados de qualidade ambiental das fontes de água variam de acordo com o uso pretendido da água, dadas as diferenças nos critérios de avaliação. Os padrões de contaminação de solos e águas subterrâneas são determinados por uma série de fatores, incluindo a fonte da contaminação e o tipo de contaminante, além das características geológicas e hidrogeológicas do local. Os diferentes tipos de contaminação provocados pelas atividades humanas suscitam uma série de preocupações, dado seu impacto na qualidade da água, que pode até ocorrer durante a transferência da água para os consumidores, nas tubulações e nas bombas do abastecimento de água. O presente estudo foi baseado em um estudo integrado da vila de São Joaquim do Itaquara, no município de Baião, norte do Brasil, que caracterizou a subsuperfície do local do poço artesiano que abastece a vila com água. Não existe uma estação pública de saneamento ou tratamento de água nesta região e, na maioria dos casos, os efluentes domésticos são descartados inadequadamente, o que pode afetar a qualidade da água consumida pela população local. O levantamento foi baseado no uso do Radar de penetração no solo (GPR), uma ferramenta geofísica, que não encontrou evidências de contaminação em profundidades de até 15 m, provavelmente devido ao substrato predominantemente argiloso do terreno. No entanto, as análises microbiológicas do abastecimento de água da vila indicaram que a água é inadequada para consumo humano devido às altas concentrações de bactérias coliformes. A análise físico-química da água também indicou que o pH estava abaixo do nível recomendado pela legislação atual, ou seja, é ácido e provavelmente provoca uma série de problemas de saúde na população local, incluindo gastrite, úlceras e estômago câncer e é claramente inadequado para o consumo humano.

Palavras-chave: Lençol freático, potabilidade, Radar de penetração no solo, concentrações de

coliformes.

ABSTRACT

Recommended standards of the environmental quality of water sources vary according to the intended use of the water, given differences in the criteria of evaluation. The contamination patterns of soils and groundwater are determined by a range of factors, including the source of the contamination and

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the type of contaminant, and the geological and hydrogeological characteristics of the site. The different types of contamination provoked by human activities raise a number of concerns, given their impact on water quality, which may even occur during the transfer of the water to consumers, in the pipes and pumps of the water supply. The present study was based on an integrated study of the village of São Joaquim do Itaquara, in the municipality of Baião, in northern Brazil, which characterized the subsurface of the site of the artesian well that supplies the village with water. There is no public sanitation or water treatment plant in this region and, in most cases, domestic effluents are disposed of inadequately, which may impact the quality of the water consumed by the local population. The survey was based on the use of Ground Penetrating Radar (GPR), a geophysical tool, which found no evidence of contamination at depths of up to 15 m, which was probably due to the predominantly clay substrate of the terrain. However, the microbiological analyses of the water supply of the village indicated that the water is inadequate for human consumption due to the high concentrations of coliform bacteria. The physicochemical analysis of the water also indicated that the pH was below the level recommended by the current legislation, that is, it is acidic, and is likely to provoke a number of health problems in the local population, including gastritis, ulcers, and stomach cancer, and is clearly inadequate for human consumption.

Keywords: Water table, potability, Ground Penetrating Radar, coliform concentrations. 1 INTRODUÇÃO

Um corpo de água pode ser inadequado para consumo humano ou manutenção da vida aquática, porém servir para navegação ou geração de energia elétrica. Os parâmetros de qualidade ambientais comumente considerados são: parâmetros estéticos (cor, turbidez, odor, sabor), fisiológicos ou sanitários (toxicidade, patogenicidade, salinidade), ecológicos (ph, oxigênio dissolvido, produtividade) (Oliveira e Monticeli, 2018) entre outros.

Segundo Oliveira e Monticeli (2018) apresentaram as principais técnicas convencionais de investigação utilizadas para caraterização de áreas contaminadas destacam as técnicas de resposta rápida (levantamentos geofísicos, métodos que avaliam substancias voláteis e metais em solos e águas subterrâneas, caracterização hidroestratigrafica, kits de análises expeditas em campo, etc), sondagens ambientais e coleta de amostras de solos, instalação de poços de monitoriamento, amostragem de águas subterrâneas, amostragem de águas superficiais e sedimentos, amostragem de vapores do solo, etc, entre outros.

Entre os métodos indiretos que podem ser utilizados no estudo de contaminação das águas subterrâneas destacam os métodos geofísicos que fornecem informações sobre algumas propriedades físicas do subsolo. Ao longo dos anos, estes métodos têm-se mostrado eficientes na avaliação e caracterização de problemas ambientais, e são muito utilizados na investigação e monitoramento de poluição subterrânea; são de natureza não invasiva, ou seja, a priori, não alteram o meio físico (Bortolin, 2009).

Segundo Braga (2016) os métodos geoelétricos (por exemplo, eletrorresistividade, polarização induzida, potencial espontâneo, eletromagnéticos e Radar de Penetração no Solo (GPR)) destacam tanto em estudos visando a captação para abastecimento como em questões decorrentes de

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contaminação de solos e águas subterrâneas. Estes métodos também são aplicados em investigações relativamente rasas no mapeamento de contaminantes em solos, rochas e águas subterrâneas. Segundo o autor estes métodos apresentam bons resultados tanto nas fases de avaliação preliminar, monitoramento e remediação.

Da Silva et al. (2016) avaliaram a qualidade da água em diferentes pontos de uma estação de tratamento de água do tipo convencional, do sistema de distribuição e dos mananciais de abastecimento do município de Jaboticabal (São Paulo), nas estações chuvosa e seca. Eles aplicaram análises microbiológicas e físico-químicos nas amostras de água coletadas. Os resultados demonstraram que, apesar do manancial superficial apresentar qualidade microbiológica inferior (comparado aos mananciais subsuperficial e subterrâneo estudados), após tratamento convencional foi obtida a potabilidade do mesmo. A estação chuvosa foi crítica para amostras coletadas nas etapas logo após adição de cloro, principalmente no sistema de distribuição do manancial subsuperficial. Os reservatórios domiciliares apresentaram o maior número de amostras fora do padrão de potabilidade, principalmente na rede abastecida pelo manancial subsuperficial.

Santos et al (2009) compararam a investigação direta da qualidade da água subterrânea (análises físico-químicas e exames microbiológicos) com o levantamento geofísico realizado pelo método GPR na área do aterro sanitário da cidade de Cuiabá, no estado de Mato Grosso. Esta ferramenta identificou indícios de que o subsolo do local estudado se encontrava contaminado. Esta contaminação foi confirmada com as amostras das águas subterrâneas coletadas nos poços de monitoramento próximo das células de resíduos que apresentaram parâmetros de coliformes, cor, turbidez, ferro, chumbo e manganês superiores aos estabelecidos pela legislação vigente.

Malheiros et al. (2009) avaliaram a qualidade da água subterrânea utilizada para consumo humano em propriedades rurais no oeste de Santa Catarina (Brasil) e registraram altos níveis de contaminação por coliformes fecais. Essas propriedades normalmente usam fossas rudimentares para descartar seus efluentes domésticos, que contaminam fontes de água subterrânea e poços (Stolf e Molz 2017).

Corcóvia e Celligoi (2012) realizaram um estudo de análises físicas-químicos da água subterrânea consumida pela população de Ibiporã (Paraná), utilizando uma sonda multiparâmetros, para avaliar os seguintes parâmetros, condutividade, pH, Oxigênio Dissolvidos, Totais de Sólidos Dissolvidos, ORP (potencial de redução-oxidação) entre outros. Os resultados encontrados demonstraram que os parâmetros avaliados somente o pH estava fora do valor padrão.

Chagas (2012) realizou um estudo de análises microbiológicas para avaliar a qualidade da água do poço artesiano consumida pela população da localidade Jardim do Rosário/Saracuruna-

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Duque da Caxias (RJ), os resultados obtidos demonstraram que a água estava imprópria para o consumo humano por apresentar bactérias do grupo coliformes, estando em desacordo com a portaria 2914/11 - Ministério da Saúde (Brasil, 2011).

Neste trabalho foi realizado um estudo preliminar, integrando métodos indireto e direto, para avaliar a existência de contaminação no poço artesiano que abastece a Vila de São Joaquim do Ituquara (Pará, Brasil). Foi utilizado o método indireto do Radar de Penetração no Solo (GRP) e no caso do método direto foram realizadas análises microbiológicas e físico-químicas das amostras de água, em busca de informações sobre possíveis indícios de contaminação da superfície onde está localizado o poço artesiano da referida Vila.

2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

2.1. LOCALIZAÇÃO

A área de estudo está localizada na Vila São Joaquim do Ituquara pertencente ao município de Baião (Pará) (Figura 1). A referida Vila está situada à aproximadamente 44 km do núcleo urbano do referido município. Localiza-se na margem direita do rio Tocantins pertencendo à Microrregião de Cametá (baixo Tocantins) e à Mesorregião Nordeste Paraense. Encontra-se a uma latitude 3°1’56” S e uma longitude de 49°38’31” W, estando a uma altitude entre 35 a 40 m sobre o nível do mar.

Segundo o censo demográfico do IBGE (2010), a Vila apresenta uma população estimada de 6.000 habitantes.

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Fig. 1. Mapa da área de estudo na Vila São Joaquim do Ituquara (Baião, Pará). Modificado de IBGE (2015) e Google Earth Pro (2019).

2.2 GEOLOGIA, RELEVO E SOLO

A geologia do município de Baião é representada por sedimentos Terciários, da Formação Barreiras, e sedimentos Quaternários Sub-atuais e Recentes. O relevo acompanha a pobreza litológica com a presença de tabuleiros relativamente altos em relação aos do Baixo Tocantins, existindo níveis de terraços e várzeas, todos inseridos na unidade morfoestrutural Planalto Rebaixado da Amazônia (do Baixo Amazonas) (IDESP, 2011) (Tabela 1).

Os solos são representados pelo Latossolo Amarelo distrófico com texturas argilosa e média e pelos Concrecionários Lateríticos indiscriminados distróficos (Figura 2). Nas áreas aluviais, destacam os Gleys eutrófico e distrófico, aluviais eutrófico e distrófico e o Plintossolo distrófico com areia quartzosa distrófica (IDESP, 2011).

A Vila de São Joaquim do Ituquara apresenta-se dividida em dois tipos de terreno um mais elevado, conhecido também por parte “alta”, onde o crescimento urbano é bem mais acelerado, em virtude do terreno ser mais apropriado e extenso. E o outro conhecido popularmente por parte “baixa” situado próximo da margem direita do Rio Tocantins, que pelo tipo do solo, pela localização próxima

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às encostas íngremes dos barrancos e pelos impactos ambientais causados pela erosão das chuvas, está cada vez mais estagnando o crescimento urbano.

Tabela 1. Carta estratigráfica da Bacia do Marajó. Unidades definidas em subsuperfície e superfície, com destaque para as unidades da sub-bacia Cametá. Modificado de James et al (2018).

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2.3 CLIMA

Pela classificação de Köppen, o clima corresponde ao tipo Ami que se classifica pela média mensal com temperatura mínima superior a 18º C, estação seca de pequena duração e umidade suficiente para manutenção da floresta, amplitude térmica que não ultrapassa 5º C. Há ligeira variação para o tipo Aw, com chuvas que ocorrem, com maior incidência, de fevereiro a abril.

A temperatura do ar apresenta-se elevada com média de 26,3º C, máxima de 32,4º C e mínima de 24,1º C. A umidade relativa está sempre acima de 80%. A precipitação pluviométrica está regulada aproximadamente em 2.202 mm anuais. O mês de abril, considerado como o de maior pluviosidade, chegou a registrar aproximadamente 44,1 mm, e novembro, o menos pluvioso, já registrou apenas 9 mm. No município a maior disponibilidade de água no solo se refere aos meses de fevereiro a junho (IDESP, 2011).

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste estudo preliminar foram aplicados os métodos de investigação direto e indireto. No método indireto, foi aplicado o método geofísico eletromagnético Radar de Penetração no Solo (GPR) (Annan, 2001; Porsani et al., 2004; Marcelino et al., 2005; Moreira e Dourado, 2007; Kearey et al., 2009; Santos et al., 2009; Duarte, 2011; Chira Oliva et al., 2015; Oliveira e Monticeli, 2018; Miranda e Oliva, 2019). Para o método direto foram aplicados dois tipos de análises de água, uma microbiológica e outra físico-química das amostras coletadas em residências próximas ao poço artesiano da Vila.

3.1 RADAR DE PENETRAÇÃO DE SOLO (GPR)

Para a aquisição dos dados geofísicos foi utilizado o equipamento GPR da marca GSSI SIR-3000 (Geophysical Survey Systems, Inc.) com uma antena de 200 MHz de frequência (Figura 3), conisderando janelas de tempo de 100 ns, atingindo uma profundidade de aproximadamente 15 m. Neste trabalho aplicou-se a configuração fonte-receptor do tipo commom-offset (afastamento-comum). O controle da distância e posicionamento das medidas foi feito a partir da utilização de um odômetro com a inserção de marcas a cada 1 metro.

Os dados foram georeferenciados usando o aparelho GPS (Global Position System) da marca Garmin 76.

Durante o mês de fevereiro de 2015 foram coletados os quatro (04) perfis GPR no local do poço artesiano na Vila de São Joaquim do Ituquara (Baião, Pará). Os perfis tiveram comprimentos entre 11,5 e 22 m aproximadamente.

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O poço em estudo tem aproximadamente 16 anos de tempo de abastecimento, 75 m de profundidade e uma vazão de água de 3000 l/h (a água é retirada do poço com o auxílio de uma bomba injetora).

3.2 ANÁLISE DE ÁGUA

O poço artesiano da Vila está rodeado de residências (Figura 3) que apresentam fossas sépticas e existem relatos dos moradores sob a ocorrência de doenças como: dores abdominais e diarreias. Ante este problema foram coletadas amostras de água (Figura 4) e analisada a qualidade da água no local através da: 1) análise microbiológica para mensurar a quantidade mais provável de coliformes totais e termotolerantes nas amostras de águas e 2) a análise físico-química dos parâmetros pH, condutividade, salinidade, oxigênio dissolvido (OD) e sólidos totais dissolvidos (STD) para verficar se estão em conformidade com a legislação vigente.

Fig. 3. Equipamento GPR com antenna de 200 MHz utilizado para o levantamento geofísico ao redor do poço artesiano que abastece a Vila em estudo.

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Fig. 4. Coleta de amostras de água.

3.2.1 Análise Microbiológica

Para a análise microbiológica das amostras de água coletadas foi aplicada a técnica de fermentação em tubos múltiplos. Essa técnica é indicada para determinar o número mais provável (NMP) de microrganismos pela distribuição de alíquotas em séries de tubos contendo o meio de cultura diferenciado para cada tipo de microrganismo alvo como coliformes totais e coliformes termotolerantes.

A análise foi baseada conforme a metodologia descrita pela APHA (1998) e foram utilizados três testes diferentes.

No teste presuntivo (primeiro meio) de coliformes foram realizadas três diluições seriadas, onde na primeira diluição foi inoculada 10 ml de água em uma série de três tubos contendo 10 ml de caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) em concentração dupla. Para a segunda diluição, 1ml de água a ser avaliada foi inoculada em três tubos contendo 10 ml de LST em concentrações simples. Na terceira diluição foram inoculados 1 ml da diluição 10-1 em três tubos contendo 10 ml de LST em concentração simples. A concentração foi inoculada com o auxílio de uma pipeta. Todos os tubos com cultura continham em seu interior tubos de Durham invertidos. A presença de coliformes é evidenciada pela turvação da amostra e pela produção de gás (produzido pela fermentação da lactose contida no meio) nos tubos de Durhan.

Na prova confirmativa (segundo meio) para coliformes totais é feita por meio da inoculação dos tubos positivos para a fermentação de lactose, na prova presuntiva, em Caldo Bile Verde

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Brilhante 2% (CBVB), e posterior incubação a 37ºC. A presença de gás nos tubos de Durhan do Caldo Verde Brilhante evidencia a fermentação da lactose presente no meio.

No último teste foi feita a confirmação para coliformes termotolerantes (terceiro meio). Os tubos positivos para CBVB são transferidos para tubos contendo caldo com Escherichia coli (EC), com auxilio da alça de Drigalski e deixados em banho-maria de 44,5 a 45ºC durante 24 a 48 horas. Ao final do período, as culturas que apresentaram turvação e produção de gás foram consideradas positivas, seguindo-se o cálculo do número mais provável de diluições em série (NMP) utilizando-se a tabela de Hoskins (APHA, 1998).

3.2.1.1 coleta de amostras de água para análise microbiológica

Para a realização da análise microbiológica de água foram coletadas duas (02) amostras de água no mês de julho de 2015 cujo georeferenciamento foi: 3°01’49’’S; 48°38’27’’W (amostra A1)

e as coordenadas 3°01’51,51’’S; 49°38’29,64’’ W (amostra A2) sendo que uma amostra foi coletada

diretamente no poço artesiano que abastece a Vila e a outra em uma residência distante 100 m do poço artesiano abastecedor (Figura 11).

Nos pontos de coleta havia uma torneira, que a princípio foi realizada a assepsia com etanol 70% e em seguida aberta, para que saísse a água que estava parada na tubulação e, depois de 3 minutos, eram realizadas as coletas das amostras. As amostras de água foram coletadas em coletores de polietileno de 500 ml, e também foi realizada a assepsia com etanol 70, sendo um para cada poço, evitando assim contaminação entre os pontos. Foram coletadas 400 ml de água e imediatamente as amostras armazenadas em isopor sob-refrigeração com gelo químico e depois transportadas para análise no Laboratório de Microbiologia do Pescado, do Instituto de Estudos Costeiros, da UFPA, Campus de Bragança.

3.2.2 Parâmetros físico-químicos investigados

Entre os principais parâmetros considerados para analisar as amostras de água, temos pH, condutividade elétrica (µS/cm), salinidade (ppm), oxigênio dissolvido (OD, mg/l) e sólidos totais dissolvidos (STD, mg/l).

3.2.2.1 Procedimento de coleta para análise físico-química

A análise física de água foi feita in loco, em uma única coleta no mês de julho de 2015. Foram considerados os mesmos lugares de coleta da análise microbiológica que totalizaram duas (02) amostras.

As amostras de água foram coletadas em torneiras dos poços previamente assepsiadas, em um balde enxaguado por pelo menos seis vezes com a mesma água a ser analisada para evitar interferência nos resultados.

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Foi utilizada para a análise das amostras de água a sonda multiparâmetrica da marca Hanna modelo HI 9828 (Figura 5). Os resultados dos parâmetros analisados foram obtidos imediatamente.

Fig. 5. Análise físico-química das amostras de água.

Os métodos empregados obedecem aos procedimentos e as recomendações descritas pela APHA (1998).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dados GPR

Nos perfis levantados P1 a P4 (Figuras 6 a 9), ao redor do poço artesiano que abastece a Vila a ferramenta geofísica GPR não detectou até uma profundidade de 15 m nenhum indício de contaminação devido provavelmente ao terreno ser argiloso na Vila estudada.

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Fig. 6. Radargrama P1 (período chuvoso, fevereiro de 2015) obtido com uma janela de tempo de 100 ns.

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Fig. 8. Radargrama P3 (período chuvoso, fevereiro de 2015) obtido com uma janela de tempo de 100 ns.

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Análise microbiológica da água

A Portaria n° 2.914/2011 do Ministério da Saúde (Brasil, 2011) estabelece o padrão microbiológico da água para consumo humano, incluindo as fontes individuais como os poços, como aquela livre de Escherichia coli e coliformes totais por 100 ml de amostras de água analisada (Tabela 2). O resultado é expresso em NMP/100 ml segundo APHA (1998).

Os resultados demostraram a forte presença de coliformes totais e termotolerantes nas duas amostras de água coletadas no poço artesiano (Tabela 2). Portanto, o consumo desta água está comprometido devido ao fator de risco à saúde que ela representa devido a presença de coliformes, considerando que a determinação da concentração dos coliformes assume importância como parâmetro indicador da possibilidade da existência de microrganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica. Segundo está análise a água é imprópria para o consumo humano.

Parâmetros Analisados

Unidades Amostras

A1 A2

Coliforme Total UFC/100ml 1100 7,2 Coliforme Termotolerante UFC/100ml 43 9,2

Tabela 2. Análise microbiológica das amostras de água coletadas próximos do poço artesiano.

Vários estudos já foram realizados de análises microbiológicas em amostras de água, principalmente em áreas rurais, onde o saneamento é precário, com falta de uma rede esgoto e baixa qualidade de vida. Isso faz com que sejam altos os índices de amostras de água consideradas imprópria para o consumo humano (D’aguila et al., 2000).

Estes resultados corroboram os resultados obtidos por Malheiros et al. (2009) em Santa Catarina (SC), uma vez que as amostras da água, dos poços analisados encontra-se com contaminação microbiológica, o que os tornam impróprios para o consumo humano.

Análise físico-química da água

A Portaria n° 2914/2011 do Ministério da Saúde (MS) (Brasil, 2011) define os padrões de água potável, que pode ser consumida pelo homem sem apresentar riscos a saúde, desse modo a Portaria estabelece os valores máximos permitidos (VMP) para cada parâmetro, segundo a Tabela 3.

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Parâmetros Analisados Unidade Amostras VMP P1 P2 pH - 4,18 4,01 6,0 -9,5 Condutividade Elétrica µS/cm 39 21 --- Salinidade ppm 0,02 0,01 0,5 Oxigênio Dissolvido (OD) mg/l 6,39 6,24 6 Sólidos Totais Dissolvidos (STD) mg/l 20 10 1000

Tabela 3. Análise físico-química das amostras de água coletadas próximos ao poço artesiano da Vila.

A Portaria acima mencionada estabelece o valor máximo permitido para o pH de 6 a 9. As amostras A1 e A2 estão fora do padrão estabelecido. Devido a que os valores de pH são menores que 7,0, as amostras de água são consideradas ácidas. A água para ser potável ela precisa estar com o pH acima entre 6 e 9,5, colocando a saúde em risco da população da Vila podendo causar diversos problemas na saúde como gastrite, úlcera, câncer estomacal, etc.

Para o parâmetro de condutividade as amostras apresentaram valores ≤ 39 µS/cm. A Portaria n° 2914/2011-MS não define o VMP para este parâmetro.

A salinidade para água doce segundo a Portaria n° 2914/2011 – MS estabelece o valor de 0,5 ppm para o conteúdo permitido de sais na água. As amostras analisadas apresentaram valores de acordo com a legislação vigente.

O valor permitido para o oxigênio dissolvido Segundo o Ministério da Saúde é de 6 mg/l, não podendo ser inferior a este valor. As amostras A1 e A2 apresentaram o valor de 6,39 e 6,24 mg/l respectivamente, portanto estando de acordo com o valor estabelecido pele Portaria.

Para o parâmetro dos sólidos totais dissolvidos a Portaria n° 2914/2011-MS estabelece como valor padrão até 1000 mg/l, sendo que a amostra A1 apresentou 20 mg/l e a amostra A2 apresentou 10 mg/l. Portanto as amostras estão compreendidas dentro dos valores estabelecidos.

5 CONCLUSÃO

O método geofísico Radar de Penetração de Solo (GPR) foi aplicado na área de estudo, mas devido a pouca profundidade atingida o mesmo não detectou nenhum indício de contaminação até a profundidade de 15 m. Provavelmente as características argilosas do local de estudo possam ter dificultado para encontrar mais detalhes do terreno.

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Através das análises microbiológicas foi analisada a qualidade da água que a população da Vila de São Joaquim do Ituquara consome. Os resultados mostraram que a referida água é inadequada para o consumo devido à forte presença de bactérias do grupo coliformes.

Pode-se concluir que dos parâmetros físico-químicos avaliados somente o pH está em desacordo com os requisitos estabelecidos pela legislação vigente, com isso a água se torna inadequada ao consumo humano.

Os demais parâmetros tipo sólidos totais, condutividade, oxigênio dissolvido e salinidade estão dentro dos limites estipulados pela legislação.

Em geral, os resultados demonstram que a água que abastece a popoulação da Vila está em desacordo com a portaria vigente, e portanto, pode estar associado à falta de saneamento básico nas áreas rurais, pois não há tratamento de esgotos na região e, na maioria das vezes, os mesmos são descartados de forma incorreta, o que pode afetar a qualidade da água consumida pela população.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a professora Dra. Simoni Santos da Silva e a MSc Antônia Silvia Lima da Costa do Laboratório de Microbiologia do Pescado/IECOS/Campus de Bragança/UFPA pelas análises microbiológicas das amostras de água coletadas na Vila de São Joaquim do Ituquara (Baião, Pará).

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Imagem

Fig. 1. Mapa da área de estudo na Vila São Joaquim do Ituquara (Baião, Pará). Modificado de IBGE (2015)  e Google Earth Pro (2019)
Fig. 2. Solo da Vila São Joaquim do Ituquara .
Fig. 3. Equipamento GPR com antenna de 200 MHz utilizado para o levantamento geofísico ao redor do  poço artesiano que abastece a Vila em estudo
Fig. 4. Coleta de amostras de água.
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Referências

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