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Relatório de Estágio Profissional "Uma jornada quanto mais difícil fica, mais próxima está do sucesso"

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Academic year: 2021

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2º Ciclo em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário

Uma Jornada, quanto mais difícil fica, mais

próxima está do

sucesso

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto com vista à obtenção do 2º Ciclo conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto- Lei nº74/2006, de 24 de Março e Decreto-Lei nº43/2007, de 22 de Fevereiro)

Professor Orientador: Professor Doutor Rui Araújo

Rui Daniel Amaral Novais Porto, Setembro de 2016

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Ficha de Catalogação

Novais, R. A. (2016). Uma Jornada, quanto mais difícil fica, mais próxima está do sucesso. Porto: R. Novais. Relatório de estágio profissionalizante para a obtenção do grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA, SER

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v AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Alda Amaral Novais e José Domingos Novais, pela paciência e apoio prestado durante todo este ano.

Ao meu irmão, Bruno Novais, por todos os conselhos e apoio prestado.

A minha namorada, Anabela Sampaio, pelo carinho e dedicação.

À Professora Cooperante, a Professora Rosa Lopes, que partilhou connosco muito mais que os seus conhecimentos, a sua amizade.

Ao Orientador da Faculdade, o Professor Rui Araújo, pela sua disponibilidade e bons conselhos.

Aos meus colegas estagiários, João Rodrigues e João Figueiredo, que através de grande união e camaradagem foi possível vencer todos os obstáculos existentes.

Aos meus amigos, pelos momentos de descontração e por todos os conselhos partilhados.

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RESUMO ... xi

ABSTRACT ... xiii

1.INTRODUÇÃO ... 1

2.DIMENSÃO PESSOAL ... 5

2.1. A minha história e o nascer da semente da atividade física ... 5

2.2. O Estágio Profissional e as Primeiras Expectativas ... 9

3.ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ... 15

3.1. O contexto legal e institucional do Estágio Profissional ... 15

3.2. A Nova Visão da Escola ... 17

3.3. A Escola Secundária e a Comunidade Escolar ... 19

3.4. O Núcleo de Estágio ... 21

3.5. A Minha Turma ... 22

4.1. Organização e Gestão do ensino e da Aprendizagem ... 25

4.1.1. Conceção e Planeamento do Ensino ... 25

4.1.2 - Planeamento Anual ... 28

4.1.2. Realização ... 33

4.1.3. Avaliação ... 41

4.2. Área 2 – Participação na Escola e Relações com a Comunidade ... 44

5.2 Metodologia ... 50

5.2.1 Participantes ... 50

5.2.2 - Enquadramento metodológico ... 50

5.2.3 – Recolha de dados ... 51

5.3 Apresentação e discussão dos resultados ... 52

5.4 Conclusões ... 59

6 - CONCLUSÕES E PERSPETIVAS PARA O FUTURO ... 61

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INDICE DE TABELAS

Tabela1 ………pág.67 Tabela 2………...pág.68

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RESUMO

O presente documento deriva da Unidade Curricular de Estágio Profissional, inserida no Mestrado em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. O Estágio Profissional serve para a integração do estudante-estagiário no contexto real de ensino. Através da possibilidade de poder lecionar de forma supervisionada, o que é fundamental, não só pelo simples facto de educar e lecionar, mas sim por ser supervisionada por um profissional experiente que auxilia em todos os problemas que possam surgir e ainda transmitir alguma da sua experiencia. O presente Relatório de Estágio é constituído por seis capítulos. Especificamente, a Introdução, onde é apresentado, de forma sucinta, os principais temas referenciados e posteriormente desenvolvidos ao longo do documento. A Dimensão Pessoal inclui um enquadramento pessoal, onde conto um pouco da minha história e o que me levou ao caminho para esta profissão. Ainda neste capítulo deixo um breve pensamento relativo as expectativas pessoais do Estágio Profissional. Só através de estarmos mergulhados nesta profissão podemos realmente ter a perspetiva do mundo de ensino. O Enquadramento da Prática Profissional contempla o contexto legal e institucional do Estágio Profissional, em que é apresentada a escola, o meu núcleo de estágio e a minha turma residente. A Realização da Prática Profissional centra-se na minha prática pedagógica, em que são expostos os problemas e os desafios que presenciei ao longo do processo de formação, assim como algumas soluções e estratégias implementadas para a resolução de problemas. Posteriormente, o Desenvolvimento Profissional, evidencia a importância da reflexão na minha evolução e desenvolvimento profissional. Por último, a Conclusão e Perspetivas para o Futuro, destacam a importância desta experiência na minha formação como profissional e como pessoa, e ainda as perspetivas para o meu futuro. Por fim é apresentado um estudo relativo ao desinteresse nas aulas de educação física na modalidade de natação.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA, SER

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ABSTRACT

The present document results from the Professional Teacher-Training pre-service, included in the curriculum of the FADEUP for the Master Degree in Teaching Physical Education in Elementary School and Middle School Education.

The pre-service facilitates the integration of the student trainee with real teaching context. The possibility of teaching under certified supervision offers the guidance of an experienced professional that helps one overcome obstacles, and doubts that may arise along the training. This supervised process provides the development of skills that promote critical and reflective performance in the pre-service teachers. This environment will help the student trainee reach full potential into becoming a skilled professional with a successful teaching career. This adventure took place in a school located in the district of Porto, with three pre-service teachers, a cooperative teacher and a university mentor instructor. This document consists of six chapters: Introduction, where the main referenced topics are briefly presented, and further developed throughout the document. The Personal Dimension, includes a personal framework, and a brief reflection on personal expectations of the Internship and the role of a Physical Education teacher, Professional Practice Framework, includes the legal and institutional context of a Professional Intern, where the school, my intern group, and my class is presented; the Professional Practice focuses on my teaching evolution, where the problems and challenges witnessed during the pre-service process are exposed, as well as some solutions, and strategies, implemented to solve problems;the Professional Development , highlights the importance of reflection in my evolution and professional development; The Conclusion and outlook for the future , which features the importance of this experience in my training as a professional and as an individual; Lastly, the prospects for my future, where a study is presented of the disinterest of swimming lessons in physical education.

KEYWORDS: PROFESSIONAL PRACTICUM, PHYSICAL EDUCATION, TO BE A TEACHER,;

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LISTA DE ABREVIATURAS

EP – Estágio Profissional RE – Relatório de Estágio DE – Desporto Escolar EF – Educação Física EP – Estágio Profissional

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto ISMAI – Instituto Superior da Maia

PIAV - Participação e Interesse, Atitudes e Valores NE – Núcleo de Estágio

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1.INTRODUÇÃO

Este documento intitulado “Relatório Final de Estágio” (RE) encontra-se introduzido no âmbito da unidade curricular de Estágio Profissional (EP), do 2º ciclo de estudos, conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário de Desporto da Universidade do Porto. O estabelecimento de ensino em que estagiei durante este ano letivo foi a Escola Secundária de Rocha Peixoto da cidade Póvoa de Varzim. Nesta, fiquei responsável por uma turma de 12º ano e ainda lecionei um período escolar uma turma do 2º ciclo numa escola vizinha, a Escola Básica 2,3 Flávio Gonçalves. Neste RE, tenho como pretensão transmitir o que senti e o quanto cresci como profissional neste derradeiro ano de estágio. Desde as expectativas iniciais até ao encerramento do mesmo, esta jornada proporcionou-me viver o Ensino em diversas particularidades, todos os seus sabores e dissabores, assim como as suas “mil e uma” intermitências. Este texto culmina vários anos de árduo trabalho ao longo da minha formação, bem como transporta a ânsia de transfigurar o conhecimento apreendido, traduzindo-o em uma forma eficaz para ensinar. Foi um ano que guardarei como uma excelente experiência de crescimento profissional e pessoal, nutrindo as palavras de Batista e Queirós (2013, p. 33) “a prática de ensino oferece aos futuros professores a oportunidade de imergirem na cultura escolar nas suas mais diversas componentes, desde as suas normas e valores, aos seus hábitos, costumes e práticas, que comprometem o sentir, o pensar e o agir daquela comunidade específica”.

Deste modo, como este ano foi dos mais importantes, senão o mais marcante, o que acarretou inúmeras cargas adjacentes. A curiosidade extrema de como correria o ano e da rica experiência que iria vivenciar, ou de um nervosismo que por vezes me atormentava o pensamento originado pelas dúvidas sempre presentes. Desde o início que sempre refleti sobre as dúvidas e problemas que fui sentindo de modo a que os conseguisse superar para me formar e corresponder da melhor forma possível a este estágio. Através destas reflexões, aliadas a muito trabalho e constante empenho, atingi todos os meus objetivos e desenvolvi laços com a comunidade escolar. Estes laços foram reforçados através da realização de várias atividades na escola, como por exemplo, o Torneio “Boccia na Rocha”, organizado por mim e em colaboração com os meus

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colegas de estágio. Ainda relativamente à comunidade escolar estive presente semanalmente no Desporto Escolar (DE) de Natação, bem como em todas as competições que faziam parte do mesmo. A contínua participação em diversas atividades traduziram-se no desenvolvimento de apetências que me fizeram evoluir como pessoa e, acima de tudo, como professor. Desta forma, tenho a completa noção que este ano aprendi bastante, tanto a nível profissional como pessoal, com a minha professora cooperante, Professora Rosa Lopes, o orientador, Doutor Rui Araújo, com os membros do grupo de Educação Física (EF) da Escola Secundária Rocha Peixoto, com todos os alunos, os professores das outras áreas de ensino e também com todos os auxiliares de ação educativa desta escola.

Mas com certeza este estágio não teve apenas impacto para mim enquanto professor. Como resultado do meu estágio, penso que consegui estimular e fomentar o gosto pela atividade física e prática desportiva nos alunos, uma vez que, atualmente, esta tem vindo a ser substituída por outras atividades, as quais podem ser prejudiciais para a plena formação das nossas crianças e jovens. A titulo de exemplo (pois existem tantas outras) o uso exacerbado nas novas tecnologias, que leva à redução da atividade física e, consequentemente, ao sedentarismo. A minha missão primordial foi, portanto, tentar colmatar esta falta de prática desportiva, ao incentivar a comunidade escolar a exercitar-se e a “levantar-se” do sofá, abandonando assim a sua zona de conforto e abraçar assim o mundo da atividade física.

Em suma, o processo educativo e toda a sua vastidão de processos e complexidades estiveram sempre presentes na minha mente. Tentei intervir da melhor forma possível, não só para cumprir ao máximo com o meu papel como professor, como também para o meu pleno desenvolvimento pessoal e social. Todas as etapas de ensino devem ser respeitadas, todas elas existem com um prepósito e tempo. Acredito que o estágio foi crucial para que todas estas etapas fossem ultrapassadas, nomeadamente por me permitir estar presente em diversas situações diferenciadas, experienciar todas as situações de forma a retirar bastante enquanto professor. Penso ainda que fui capaz de lecionar para que os meus alunos fossem capazes de retirar algo para a sua vida, além dos habituais conteúdos das modalidades. Conteúdos psicossociais e sócioafetivos, ferramentas para se comportarem de forma saudável em qualquer situação

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desportiva e ainda, motivá-los para se envolverem voluntariamente na prática desportiva fora da escola.

Com a comunidade escolar aprendi não só a sua estrutura que é formada por professores e profissionais que atuam na escola, por alunos matriculados que frequentam as aulas regularmente e por pais e/ou responsáveis dos alunos, mais sim que são um sistema onde funcionam em conjunto e que são indissociáveis, pois é impossível separá-los, toda esta estrutura está ligada de forma a elevar o ensino transmitido e praticado na escola.

Neste documento irei tentar demonstrar o que realmente este estágio significou para mim. Este RE é constituído por seis capítulos: a Introdução, onde é apresentada, de forma sucinta, os principais temas referenciados e posteriormente desenvolvidos ao longo do documento, sendo a introdução fundamental para o leitor compreender e “entrar” no meu ano de estágio. O segundo ponto, a Dimensão Pessoal, incluí um enquadramento pessoal e uma breve reflexão relativa as expectativas pessoais do EP e do papel do professor de EF. Este ponto fala sobre quem sou e o meu caminho até este momento. Contém ainda os meus objetivos a cumprir num futuro próximo. O Enquadramento da Prática Profissional, menciona o contexto legal e institucional do Estágio Profissional, em que é apresentada a escola onde realizei o EP, o meu núcleo de estágio (NE) e a minha turma residente. Ao apresentar estes alicerces que suportaram o meu estágio estou a mencionar o quão importantes foram para mim e a sua influência no meu crescimento profissional e pessoal. A Realização da Prática Profissional, centra-se na minha prática pedagógica, em que são expostos os problemas e os desafios que presenciei ao longo do processo de formação, assim como algumas soluções e estratégias implementadas para a resolução de problemas. O Desenvolvimento Profissional, evidencia a importância da reflexão na minha evolução como professor reflexivo, o que retirei deste estágio, o que me pode ajudar futuramente como docente. Neste ponto, apresento ainda um estudo relativo ao desinteresse nas aulas de EF na modalidade de natação. Por último, encontra-se a Conclusão e Perspetivas para o Futuro, onde realço a importância desta experiência na minha formação, como profissional e como pessoa.

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2.DIMENSÃO PESSOAL

2.1.

A

MINHA HISTÓRIA E O NASCER DA SEMENTE DA ATIVIDADE FÍSICA

Sempre fui uma pessoa com um enorme gosto pelo Desporto. Não só pela prática em si, mas também quando observava os atletas profissionais, seja na televisão seja ao vivo. Guardo com especial carinho e alegria todos os fins de semana na minha infância, quando ia ver os jogos de futebol ao estádio. O facto de viver numa zona costeira, fez com que desde sempre estivesse em contacto com o meio aquático e então aprendei a nadar muito cedo, sendo outro desporto que tenho especial afeto pois, para mim, água era sinal de praia e água era sinal de nadar. Na cidade que habito existia uma febre pelo futebol, sendo que hoje em dia existem outros desportos a ganharem terreno ao futebol.

Desde sempre fui atleta de vários desportos sendo que mais tarde, por volta dos 11 anos, foquei-me principalmente no futebol onde fui atleta federado por vários anos no Varzim Sport Club e, ainda, no Rio Ave Futebol Clube. Sempre fui um jovem muito ativo e com grande gosto pelo desporto. Quando era mais novo, o desenvolvimento motor foi bastante abrangente, pois resido num local onde existem vários parques e ringues de futebol onde eu passava largos períodos de tempo. Estas experiências fizeram com que o gosto pela prática desportiva fosse permanente na minha vida. Tive a possibilidade e a felicidade de ser atleta e de ser treinado por muitas pessoas que suscitaram em mim a vertente do ensino, o educar os alunos em determinadas modalidades. Após estas vivências optei por um caminho relacionado com a minha paixão, a prática desportiva.

Sempre tive grande admiração por um professor que tive no secundário, um professor de EF. Este era um professor diferente de todos os outros. Para além de apresentar conhecimento do conteúdo, relacionava-se muito bem com os alunos. Mas além disso, ele era capaz de executar fazia aquilo que ensinava e sabia ensinar e ainda era capaz de nos transmitir conhecimentos fundamentais para a nossa vida futura. Foi talvez a admiração por este professor que despoletou o meu enorme gosto pelo desporto e a vontade de ser um excelente professor tal como tive a sorte de ter.

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Profissionalmente, neste momento, sou treinador de futebol no Rio Ave Futebol Clube, pelo segundo ano consecutivo neste clube, mas anteriormente exerci funções como treinador na escola Geração Benfica Póvoa de Varzim durante três anos, onde dei os primeiros passos no sector profissional nesta área desportiva. Deparei-me com alguns problemas, pois estava habituado e ser treinado e por observar treinos de alto rendimento o que me levou a um choque inicial, pois por ser uma escola privada, todos os miúdos que tivessem pais capazes financeiramente podiam pertencer a escola. Sem nenhuma seleção em termos de qualidade e devido ao pouco número de atletas dos mesmos escalões etários, levou a que por vezes estivessem atletas de diferentes idades e qualidades a treinar ao mesmo tempo, baixando assim a produtividade de todos. Seguidamente, ao fazer a ponte entre o treino e a EF é evidente que, existem duas personalidades diferentes no meu caso. Tenho a consciência que deveriam existir dois estilos diferentes, pois um professor tem preocupações que um treinador não tem e vice-versa, por isso idealizo as minhas aulas com esse propósito. Penso que fui capaz de implementar as duas personalidades que referi anteriormente, pois no treino a energia que me é pedida tanto como a postura é bastante mais intensa, onde constantemente forneço feedbacks de forma a elevar a intensidade, existindo assim o objetivo de competir e ganhar além de obviamente formar. No treino é fundamental que exista um nível de proximidade muito elevado, embora o treinador nunca perca a autoridade. O que é esperado de atletas é incomparáveis com alunos que apenas realizam atividade física duas vezes por semana e mesmo assim são quase que obrigados. No desporto só está envolvido quem realmente gosta, os atletas apresentam normalmente melhores condições físicas e motivacionais para o exercício físico.

Mas, muitos dos problemas existentes no treino são idênticos aos da aula, nomeadamente, manter a concentração dos alunos/atletas, no aumento da prática, no aumento da dinâmica, no aumento da produtividade etc, mas não posso encarar o treino e a aula como semelhantes, pois para mim são situações completamente diferentes. Todavia, apesar desta diferença consegui retirar algumas vantagens da minha experiência como treinador, pois auxiliou-me em vários aspetos como a nível de controlo turma e de dinâmica de exercícios, feedback, gestão de aula entre outros.

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Nas aulas de EF é necessária uma figura de autoridade, onde se desenvolvem algumas relações, mas não uma proximidade excessiva de forma a não existir desrespeito por parte dos alunos em relação ao professor. Muitos dos alunos que frequentam a escola pouca motivação apresentam e só continuam a frequentar a mesma pelo simples facto de ser obrigatória até ao 12º ano o que é prejudicial para as turmas pois são alunos desmotivados e por vezes desestabilizadoras. Existem ainda alunos que simplesmente não são apologistas de atividade física e não apreciam nada que envolva desporto.

Penso que parti em vantagem em relação aos meus colegas de estágio pois eu já encarei diversas equipas e inúmeros atletas o que levou a não ter qualquer receio de encarar a minha turma na primeira aula.

Há quatro anos atrás, quando ingressei no Ensino Superior na Licenciatura de Educação Física e Desporto e, posteriormente, no Mestrado em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, procurei desde logo alcançar todo o conhecimento transmitido nas aulas por forma a adquirir competências que me permitissem começar a erguer os meus alicerces como professor. Foram muitas as disciplinas que contribuíram para tal facto, nomeadamente Práticas Pedagógicas, Didáticas, Princípios e Práticas dos Desportos Coletivos e Individuais, Pedagogia, Psicologia, Fisiologia, entre outras. Todas elas foram importantes em diferentes perspetivas, pois assim sou conhecedor e alguns pontos importantes no que toca a EF e exercício físico.

Quanto à escolha da Escola Secundária Rocha Peixoto (Póvoa de Varzim) para o meu ano de estágio baseou-se não só na proximidade de casa, mas também nas excelentes infraestruturas, assim como pelas referências obtidas através de estagiários de anos anteriores. Estes referiram o excelente nível de comportamento dos alunos, a boa relação existente entre todos os docentes e auxiliares de educação e ainda pelo excelente desempenho dos alunos nas aulas de EF. De início, tinha como principal objetivo realizar o estágio próximo de casa. Todavia, para além disso, esta era uma escola conhecida por mim, pois moro na mesma cidade, é uma escola com condições e infraestruturas fantásticas e, por isso, sabia que não iria ter qualquer constrangimento no que toca a espaços e materiais. Apesar de ser oriundo da cidade (Póvoa de Varzim), não tive a oportunidade de frequentar esta escola como aluno, pois estudei na escola vizinha. Na primeira impressão, que obtive no primeiro dia em que me

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dirigi à escola, superou as minhas expectativas iniciais, desde as excelentes condições, à receção por partes dos professores e assistentes operacionais passando ainda por uma boa organização.

Fiquei fascinado com esta escola, pois é uma escola fantástica, de uma união tremenda, onde toda a escola funciona como um todo. Todos os departamentos são unidos e trabalham em conjunto, a escola é dirigida por um diretor muito competente que eleva o nome da escola todos os anos. Tinha uma ideia da dimensão do DE desta escola, mas mesmo assim surpreendido. Agora que o ano terminou, não vejo escola melhor onde pudesse realizar o meu estágio pois é dirigida por excelentes profissionais os quais me ajudaram a evoluir como pessoa e profissional.

Relativamente à professora cooperante Rosa Lopes, inicialmente, esperava que esta acompanhasse sempre a minha evolução como profissional e esperava beneficiar ao máximo de conhecimento das suas palavras por forma a evoluir cada vez mais, quer fosse a dar aulas, quer fosse na entrega de documentos importantes, e foi precisamente isso que aconteceu. A disponibilidade da professora Rosa foi constante, o que me permitiu manter-me no caminho certo durante todo este ano, essencialmente na parte escrita onde apresentava maiores dificuldades. A professora Rosa, mais que uma professora cooperante, é uma amiga que sempre me auxiliou nas alturas que necessitei e me instruiu, sabiamente, colocando-me no correto percurso para me tornar um professor autónomo e competente. É uma pessoa que desempenha funções nesta escola há bastante tempo o que facilitou e muito a nossa movimentação na escola. Achei ainda fantástico que tenha sido uma professora aberta a novas perspetivas e ainda uma pessoa aberta a novos conhecimentos e ideias. Fico muito contente pela professora Rosa Lopes ter sido a minha professora cooperante, pois ao longo do ano demonstrou ser uma professora com enorme experiência e competência o que levou a que eu pudesse melhor e atingir os objetivos traçados. Sem ela, o sucesso desta viagem não teria sido possível.

No que concerne ao orientador de estágio, professor Rui Araújo, esperava que o mesmo orientasse o meu trabalho da melhor forma possível, fornecendo-me linhas orientadores que pudesse seguir de forma a crescer como profissional. Agora que olho para trás, foi precisamente o que sucedeu. Achei fundamental a forma como o professor orientou, pois não nos deu respostas concretas, mas

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sim levou-nos a uma descoberta guiada, o que nos levou a procura de algo mais, o que nos levou ao nível seguinte. Sendo uma descoberta guiada, eramos apenas informados que estaríamos com certas dificuldades e não nos dizia diretamente o que deveríamos realizar para melhorar e vencer essas mesmas, invés disso encaminhava-nos para leitura de certos livros e ainda apelava a nossa prática reflexiva.

Quanto ao NE, tive a sorte de ser colocado com dois amigos extraordinários que me acompanharam nesta jornada, onde me apoiaram e me ajudaram a crescer como pessoa e profissional. Começamos como colegas de mestrado, mas acabamos por nos tornar grandes amigos e cúmplices nesta jornada. Foram pilares para os momentos mais difíceis e companheiros nos momentos de especial celebração. Foi um grupo com o verdadeiro sentido da palavra, pois estivemos sempre lá quando um precisou do apoio, onde eramos os primeiros a ajudar quando algo não corria menos bem e eramos os primeiros a felicitar quando algo corria bem. Penso que o facto de sermos “fortes” em modalidades diferentes enriqueceu não só a troca de ideias relativas a exercícios, planos de aula e progressões, mas sim ao ato de lecionar propriamente dito, pois vivenciamos diferentes olhares no que toca à lecionação. Após este ano posso afirmar que a nossa relação (NE) foi rica em aprendizagem além dos laços de afetividade que certamente criamos. Com o concluir deste ano, as amizades ficam e perduram, pois não fomos amigos ao acaso, estivemos juntos no ano crucial da nossa formação e vencemos todos os obstáculos que surgiram e superámos juntos, o que torna este ano ainda mais especial. Pois a união faz a força e nós fomos um grupo bastante forte.

2.2. O Estágio Profissional e as Primeiras Expectativas

Este último ano, ou seja, o EP surgiu como o culminar, não só de quatro anos de faculdade, mas de toda a minha vida académica. Na minha perspetiva a prática real de ensino possibilita a construção e a consolidação de um conjunto de destrezas, de atitudes e de saberes práticos essenciais para o desempenho da profissão.

Embora muitos dos conhecimentos aplicados neste ano de estágio tenham sido adquiridos na faculdade, toda a nossa vida é uma aprendizagem, desde a

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obtenção de valores, crenças, costumes e ainda de conhecimentos. Trigueros, Ballarin e Furtado (2001) referem mesmo que “(…) a identidade é construída no percurso das nossas vidas, e esta construção é um longo processo, no qual o meio atua de forma preponderante”. Se na faculdade é onde se adquire um conhecimento mais específico para a nossa profissão, é no quotidiano que se desenvolvem as nossas características, a nossa personalidade. Apercebi-me que a medida que o EP foi avançando a minha identidade como professor ia-se modificando, ia evoluindo. Tal como Kellner (1992) nos diz “a identidade torna-se cada vez mais móvel, múltipla, pessoal, auto-reflexiva e sujeita à mudança e inovação”. O estilo de cada professor é único, pois deriva de si próprio, dos seus conhecimentos, da sua personalidade e da sua competência. Durante o processo e as etapas que este estágio nos proporciona, fui alvo de várias questões: Como irei lecionar? Será melhor desta forma? Será que existiram dúvidas relativas a aula passada? Será que os alunos conseguirão fazer? Refletia a todas estas perguntas como um aluno e como é que gostaria que o professor de EF me ensinasse, tudo isto levou-me a modificar a minha personalidade e a maneira de agir. Pois vivemos em uma escola para todos e todos somos diferentes apesar de iguais, pois isso deve existir este pensamento de reflexão de forma a conseguirmos ser algo mais.

Penso que ao longo deste ano, conheci e desenvolvi o meu estilo de ensino com o apoio da minha professora cooperante Rosa Lopes, do meu orientador Rui Araújo, com os meus alunos e com os professores desta escola. Segundo Boronat, Castaño e Ruiz (2007) aludem várias dimensões sobre tutoria entre as quais se destacam: a) legal ou administrativa prescrita na legislação atual; b) docente ou curricular, que interpreta a tutoria no âmbito curricular, respeitante ao conteúdo e ao programa das unidades curriculares; c) académica ou formativa, que representa a ajuda que se proporciona ao aluno para que este possa desenvolver com êxito a vida académica, promovendo a autonomia na aprendizagem; d) personalizada, relativa ao âmbito pessoal (o professor tutor fornece apoio especial em casos de dificuldades particulares e aconselha para promover o desenvolvimento formativo dos estudantes) e ao futuro profissional (o professor ajuda na configuração do itinerário curricular e sobre as possíveis saídas profissionais); e) a dimensão tutorial em período de práticas, que, em determinados cursos (ensino, medicina, enfermagem, etc.), possui uma ampla

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tradição, onde intervêm os professores universitários e os tutores das práticas. Por isso friso que os meus professores tutores Professora Rosa Lopes e Professor Rui Araújo foram fulcrais na minha evolução.

Tal como menciona Giddens (1994), a identidade profissional está indissoluvelmente ligada à prática profissional, à aprendizagem contínua e ao desenvolvimento profissional. Todos os acontecimentos relativos à prática profissional irão modificar-nos como profissionais. Durante o decorrer do EP tentar estar em contante evolução e aprendizagem, pois considero sinceramente que através de experiências e estudo podemos evoluir e progredir no caminho da excelência. Por isso, tanto o EP como os anos transatos foram fundamentais e estão interligados, de forma a criar uma identidade profissional completa e eficiente na realização de um professor completo e apto para lecionar.

Penso que fui capaz de cumprir todas as metas durante este ano, desde realizar todas as atividades planeadas, cumprir as minhas obrigações como estudante-estagiário transmitindo os conhecimentos de forma correta e eficaz e, por fim, melhorar em todos os campos possíveis fazendo com que me torne, efetivamente, um professor. Por fim queria ainda ser algo mais, queria demonstrar que sou capaz de lecionar sem qualquer tipo de supervisão e ainda tinha como objetivo marcar este ano na vida dos meus alunos e colegas de estágio. Quero ser lembrado pelos meus alunos como o professor estagiário que realmente fez a diferença pela forma que lecionou e inovou em todas as aulas, quero ser ainda lembrado como o colega de estágio que esteve sempre disponível para ajudar em tudo que fosse necessário, pois tal como refere Santos (2008), “…ser professor ultrapassa, pois, a mera preparação técnica e científica, mas reclama também qualidades pessoais, sendo na confluência destas duas vertentes que se define o professor”.

Agora, que o ano de estágio terminou é o momento exato para refletir sobre o que realmente aconteceu e se superei as expectativas a que me comprometi comigo mesmo. A nível profissional sinto que a experiência de lecionar numa escola é completamente diferente daquilo a que estava habituado pois existem algumas semelhanças com o treino, mas são mundos completamente distintos. Pensava que só se era professor durante as aulas e no momento em que se sai da escola deixava de o ser, mas isso não aconteceu. Existe muito trabalho a desenvolver fora das aulas. Nunca esperei que fosse algo tão trabalhoso, pois é

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necessário preparar em casa metodologias, progressões, análise das turmas em particular, aulas para lecionar, reuniões habituais de departamento de educação física, reuniões de turma, atividades extracurriculares para organizar, desporto escolar, é um processo difícil que só com grande empenho é possível cumprir com qualidade.

Tal como Stenhouse (1981) nos diz acerca do professor como profissional: "As características mais salientes do profissional 'amplo' são: uma capacidade para o auto-desenvolvimento profissional autónomo mediante uma análise sistemática da própria prática, a reflexão sobre o trabalho de outros professores e a comprovação dos conhecimentos mediante procedimentos de investigação na sala de aula". Com esta afirmação podemos observar que o trabalho do professor não é só durante as aulas, mas sim existe uma vastidão de trabalho fora das mesmas.

Apercebi-me que uma das grandes ferramentas que teria no estágio seria a minha capacidade de reflexão, que era algo que iria ditar o meu desenvolvimento, pois só era capaz de crescer como profissional em todos os aspetos se pudesse superar todos os problemas que iriam surgindo. No meu estágio sempre que surgia um problema refletia bastante sobre o mesmo de forma que este não voltasse a ocorrer e ainda o porquê de aparecer. Segundo Zeichener e Kenneth M. (1992) “O conceito de professor como prático reflexivo reconhece a riqueza da experiência que reside na prática de bons professores. Na perspetiva de cada professor, significa que o processo de compreensão e melhoria do seu ensino deve começar pela reflexão sobre a sua própria experiência e que o tipo de saber inteiramente tirado da experiência dos outros é, no melhor dos casos, pobre e, no pior, uma ilusão.” Tal como nos diz Bernett, H. (1989) “Há (…) uma preparação para a arte através da ciência; uma preparação do entendimento e do coração antes da entrada no ofício que nos esclarecerá em tudo, qualquer que seja a experiencia que apenas poderemos aprender na prática do ofício. Na ação apenas aprendemos a arte, adquirimos tato, destreza, habilidade; mas mesmo na ação aprende a arte apenas aquele que antes aprendeu a ciência…” Em análise a este pensamento podemos retirar que é fundamental a parte preparatória que tivemos no primeiro ano de mestrado com a ligação a este ano, a parte mais prática do nosso futuro ofício.

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Eu, como estudante-estagiário, refleti diariamente sobre todos os acontecimentos escolares que me foram ocorrendo, desde o planeamento das aulas, das aulas em si, de atividades escolares, entre outras, de forma a ser capaz de absorver tudo aquilo que seja importante na minha formação como professor. Tal como Habermas 2006 nos diz “Só o eu se aprende a si próprio. Como sujeito que se questiona a si mesmo, o eu consegue a autonomia.” Só o eu próprio através de auto-reflexão, intuição, compreensão e libertação de pensamentos é capaz de evoluir e crescer como profissional. Matos (2014, p. 3) atenta que o estágio profissional é “como um projeto de formação do estudante com a integração do conhecimento proposicional e prático necessário ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática e contextualizando o conhecimento no espaço escolar. O projeto de formação tem como objetivo a formação do professor profissional, promotor de um ensino de qualidade. Um professor reflexivo que analisa, reflete e sabe justificar o que faz em consonância com os critérios do profissionalismo docente e o conjunto das funções docentes entre as quais sobressaem funções letivas, de organização e gestão, investigativas e de cooperação.” Todo o processo inicial do primeiro ano de mestrado está ligado a este estágio profissional, pois foram como peças de um puzzle que encaixaram perfeitamente neste ano. Neste mestrado existiram dois pontos chaves, o professor reflexivo que fomos mais do que instigados a apelar de forma a progredirmos, durante o primeiro ano de mestrado, foi uma das ideias mais vincadas por parte dos professores da universidade, ser um professor reflexivo é de grande importância para quem deseja evoluir. É com base nas reflexões que realizamos interiormente do passado, presente e futuro que podemos modificar comportamentos indesejados e melhorar os desejados. Ao termos a capacidade de nos concentrarmos e refletirmos do que iremos produzir no planeamento e na ação podemos antecipar problemas futuros, com base em experiencias e erros cometidos anteriormente. É crucial este tipo de pensamento, pois durante a prática da nossa profissão surgem inúmeros problemas que devem ser resolvidos no mesmo instante e só com uma rápida reflexão isso é possível. O outro ponto-chave foi a diferente perspetiva dos professores, o facto de não existir receitas para o bom ou mau professor, faz-nos pensar e abrir os faz-nossos horizontes na simples medida que cada professor é diferente e acredita em maneiras diferentes de ensinar. “Ao bebermos” da

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perspetiva de vários professores, somos capazes de construir uma bastante própria o que nos levará ao futuro estilo de professor. Todos nos temos personalidades e diferentes maneiras de agir, e ao lecionar acontece exatamente o mesmo, não existem professores iguais, pois não existem pessoas iguais. No ato da lecionação assisti a diferentes estratégias por diversos professores, o que me levou a perspetivar todas estas estratégias e optar por umas em detrimento de outras.

Em termos de estratégias a seguir, durante as aulas, optei por elaborar situações de aprendizagem, progressões de ensino e ainda competições para que os alunos pudessem ter um lado que até então não existia, um espreitar para o que realmente é uma competição desportiva e o sentir e o que é pertencer a uma equipa, de forma a aproximar os alunos do desporto institucionalizado. Comprometi-me a ser capaz de atingir de forma a conseguir lecionar todos os alunos, desde o “mais atleta” ao menos dotado a nível motor, pois todos nos temos processos de aprendizagem diferentes, todos nos podemos sempre aprender algo mais independentemente da nossa qualidade desportiva e foquei-me essencialfoquei-mente nisso. Penso que consegui conhecer bem os foquei-meus discentes. Não os conheci apenas baseando-me nos questionários que realizei na aula de apresentação, mas também durante as aulas. Estabeleci uma excelente relação com a minha turma, onde alguns dos alunos desabafaram comigo vivências desportivas que ocorreram no passado que os prejudicaram e certas dificuldades e preconceitos desportivos. Tudo isto levou-me a um conhecimento profundo do que realmente eles eram a nível desportivo e social. Foi crucial na minha tentativa de me aproximar dos discentes para lidar com certos problemas, como a vergonha relativa a acontecimentos passados, o receio pela experiencia nova e ainda falta de confiança. Fui capaz de intervir a nível mais pessoal de modo a que as minhas ações fossem cada vez mais objetivas e, claro, incentivando assim os alunos a que participassem em todos os eventos que possuam interesse educativo, realizados na escola e cidade. As minhas expectativas foram superadas, logicamente surgiram bons e maus momentos, pois numa jornada existem sempre percalços e momentos menos bons, mas todos os momentos contribuíram para que fosse um ano inteiramente de aprendizagem onde aprendi imenso, onde estive em baixo e no alto.

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3.ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

3.1.

O

CONTEXTO LEGAL E INSTITUCIONAL DO

E

STÁGIO

P

ROFISSIONAL

O estágio profissional tem como fundamento introduzir e colaborar para a integração dos estudantes no mercado de trabalho neste caso, na escola. Pois é a ponte entre a faculdade e o profissionalismo. “inserção dos jovens na vida ativa, complementando uma qualificação preexistente através de uma formação prática a decorrer em contexto laboral” (Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2000, p. 3788). Com a inserção dos estudantes além de demonstrar o que realmente esta profissão acarreta, completa ainda a sua formação e qualificação para o seu futuro emprego. Matos (2014, p. 3) refere-se ao estágio profissional “como um projeto de formação do estudante com a integração do conhecimento proposicional e prático necessário ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática e contextualizando o conhecimento no espaço escolar. O projeto de formação tem como objetivo a formação do professor profissional, promotor de um ensino de qualidade. Um professor reflexivo que analisa, reflete e sabe justificar o que faz em consonância com os critérios do profissionalismo docente e o conjunto das funções docentes entre as quais sobressaem funções letivas, de organização e gestão, investigativas e de cooperação.” O estágio profissional não é a ultima etapa da formação, pois estamos em constante formação até deixarmos de ser professores, pois ano após ano é necessário reformular e evoluir no sentido de elevarmos o ensino para os alunos.

É fundamental que o estudante-estagiário se entregue com todo o profissionalismo possível, para que possa progredir e se formar como professor. É impossível submeter todos os alunos ao mesmo estágio, ao longo da nossa vida académica passamos por diversas escolas e todas elas foram diferentes, formas de funcionamento, regulamentos, etc... O que nos proporciona características muito próprias. Apesar de ter a perfeita noção que cada escola vive na sua realidade e de ter estudado na cidade em que realizei o estágio profissional deparei-me com uma escola um tanto diferente das demais.

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As diferenças começaram, desde logo, nas instalações da escola. Esta escola apresenta as melhores condições que alguma vez encontrei numa escola. Além de estar remodelada, onde foi construído uma sala de espetáculos, sintético remodelado para o campo de futebol, um campo novo de exterior onde pode ser utilizado para múltiplas modalidades e ter todo o material necessário para o bom funcionamento da escola, tem algo mais, tem uma piscina, e ainda um pavilhão de grande polivalência e qualidade, pois além de novo, tem grande utilidade para diversos desportos e ainda é utilizado para ocasiões especiais como festas de natal e espetáculos, além da própria escola ter um local apenas utilizado para espetáculos a sala de espetáculos. Tal, permite que os alunos possam aprender com todo o material que desejam.

Mais ainda, existe uma excelente relação entre professores, principalmente o grupo de professores de EF, onde se ajudavam mutuamente em lecionação de aulas, planeamento e ainda não distribuição de trabalho administrativo. Além de ser notória a boa disposição e o trabalho em equipa realizado pelos professores deste grupo, existia por exemplo todas as semanas um lanche em conjunto onde todos os professores se juntavam no pavilhão e existia um momento de recreação e cumplicidade onde as verdadeiras relações se criavam.

No entanto, o que me realmente impressionou foi a ligação professor – e aluno. Nesta escola os alunos estabelecem uma excelente relação com todos os professores, o que eu achei chocante no início, pois nunca tinha presenciado tal enquanto aluno. Foi algo que modificou a minha forma de pensar relativa a afetividade para com os meus alunos. Nomeadamente, consegui estar mais próximo dos mesmos e ainda lecionar e motivar os meus alunos graças a esta proximidade. Tal como confirma Aquino (1996,), a relação professor-aluno é muito importante, a ponto de estabelecer posicionamentos pessoais em relação à metodologia, à avaliação e aos conteúdos. Se a relação entre ambos for positiva, a probabilidade de ocorrer aprendizagem aumenta consideravelmente. É todo um processo construído em todas as suas particularidades, desde o planeamento a afetividade com os alunos. O estágio profissional é crucial, pois dá-nos tempo e espaço para pensar, analisar, produzir, construir e reconstruir os nossos pensamentos, os conhecimentos e as conceções o que nos elevará como professores. O EP tem a capacidade de colocar o professor iniciante no contexto real de ensino, onde este pode progredir, desempenhando o seu

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exercício profissional de forma progressiva e auxiliado pelo professor cooperante e ainda o professor orientador da faculdade. Originando assim o desenvolvimento das suas competências como profissional do ensino. Tal como Victor Hugo (1850) nos diz “Mude suas opiniões, mantenha seus princípios. Troque suas folhas, mantenha suas raízes.” Durante este ano letivo foram muitas as vezes que mudei de opinião relativamente ao que deveria lecionar e como deveria lecionar, pois tinha uma ideia bastante concreta no início do estágio, mas a medida que o mesmo ia avançando foram existindo problemas que me suscitaram um pensamento além do que eu tinha criado, o que me abriu os horizontes do sentido em que não existem receitas para lecionar.

3.2.

A

N

OVA

V

ISÃO DA

E

SCOLA

Numa visão antiga do que representava a escola, a escola era composta por profissionais que apenas transmitiam conhecimento para os alunos, onde os alunos não tinham liberdade de expressão e tinham de absorver tudo o que lhes era dito. Canário, (2005, p. 73), diz-nos que “qualquer um que tenha lidado com crianças sabe que são curiosas e criativas. Querem explorar as coisas e descobrir o que acontece. Grande parte da escolarização consiste em tentar fazê-las perder isso e adaptá-las a um molde, fazê-las comportar-se bem, deixar de pensar, não causar problemas.” Nos dias de hoje existe uma visão mais moderna onde muito mudou, mas infelizmente ainda existe este problema, muitos dos professores estão formatados e realizam o mesmo que se realizava, apenas despejam conhecimento e os alunos absorvem não apelando ao seu desenvolvimento livre e acompanhado, mas sim são inseridas em um molde que neste momento serve a sociedade. Apesar de hoje em dia existir uma evolução neste sentido, os professores contribuem enormemente para os alunos aprenderem, também é possível e aceitável que os professores aprendam com os seus alunos. Na escola, as interações entre eles são constantes e devem ser apreciadas por ambos de forma a poderem retirar algo positivo do mesmo. Existe na mesma o respeito existencial e fundamental entre professores e alunos, mas existe também uma negociação, sendo o aluno também um agente ativo no seu próprio processo de ensino-aprendizagem. As novas reformas na educação, elevaram o verdadeiro sentido da aprendizagem, pois existe uma maior

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interação entre professores e alunos, tornaram o processo educativo muito mais rico e didático.

Na escola do presente, o aluno frequenta agora um espaço educativo e pedagógico. Isto é, o aluno não absorve apenas o que está no programa, mas também é formado como pessoa. A escola é onde os alunos passam mais tempo, logo na escola não poderia apenas ser lecionado aquilo que está presente no programa, sendo necessário algo mais, algo que acrescente e faço diferença no futuro de um aluno. A escola é assim um espaço para a formação e educação dos alunos. Na escola os alunos aprendem valores, crenças e costumes. Na escola o aluno está exposto e várias perspetivas e diferentes culturas, o que leva a origem a um ser reflexivo, pois está na presença de diferentes pontos de vista e é necessário refletir, pois não existe uma verdade absoluta.

Não obstante, esta evolução não foi isolada de contratempos. Nomeadamente, todos os dias os alunos demonstram a sua desmotivação e concomitante obrigatoriedade de frequentar a escola. Esta desmotivação propagou diversos constrangimentos no planeamento e gestão das turmas. Especificamente, é fundamental existir um elaborado planeamento e gestão das turmas para que estes alunos que não querem permanecer na escola não afetem negativamente as aulas e os seus colegas. Esta situação pode ainda ser encarada como um desafio para qualquer professor, pois todos os alunos merecem mais do que uma oportunidade, e se for possível encorajar e motivar estes alunos para se superarem é sinal que o trabalho de professor está a ser realizado com um elevado grau de qualidade. Existe ainda outro problema com as novas reformas, mormente que foi o aumento do número de alunos por turma. É quase impossível um docente conseguir responder a todas as individualidades, pois não existem meios nem tempo para tal, o que só irá empobrecer a formação dos alunos, tanto a nível institucional como a nível pessoal.

Enquanto estudante-estagiário fui alvo destes dois problemas na escola em que lecionei o 2º ciclo, pois na turma do 5º F tive 30 alunos e um aluno repetente que não tinha qualquer interesse em frequentar as aulas. Com um grande número de alunos, tive de resolver para que todos os alunos estivessem a aprender o que eu queria, então optei por dividi-los por equipas, o que resultou muito bem, pois todos eles além de serem problemáticos tinham algo mais em comum, a

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competitividade e foi ai a chave do meu sucesso. Ao separa-los por equipas ao pontuar tudo o que faziam consegui colocar todos os alunos em movimentos e aplicados nas tarefas de ensino que eu proponha. Sendo que ao aluno repetente, que era o maior causador de problemas, atenuei este problema ao utiliza-lo como o meu braço direito, ao incutir-lhe responsabilidade diminui bastante a sua atitude desinteressada e desviante.

Ao longo deste EP deparei-me com algo que me causou enorme reflexão pessoal, pós desempenhar funções como professor na escola de 2º e 3º ciclo pude contemplar que existem professores que se acostumaram com a sua profissão e deixaram de conter entusiasmo a realizar o mesmo, apenas simplesmente comparecem as aulas, não ensinando o que realmente deveriam ensinar, ou até transmitir uma boa energia a turma. Mas também assisti ao contrário, tive a felicidade de verificar e observar que existem alguns profissionais com o sonho de cada vez evoluírem e se tornarem melhores o que me fascina.

3.3. A Escola Secundária e a Comunidade Escolar

Situada na Praça Luís de Camões, esta é uma instituição pública destinada à educação dos jovens da comunidade concelhia.

Nesta escola, as relações interpessoais ultrapassam o relacionamento distante ao que estava habituado. Esta escola carateriza-se por ser uma escola com um ambiente quase “familiar”, onde existe enorme proximidade entre todos, desde alunos-professores, entre professores, professores-funcionários e ainda escola-comunidade o que me levou a um ato de reflexão. Ao observar alunos a comunicarem com a professora cooperante de uma forma carinhosa eu fiquei espantado pois nunca tinha visto tal em todos os anos que tinha sido aluno em diversas escolas, e isto não era apenas com a professora cooperante mais com a maioria dos professores. Foi nesse momento que me apercebi que Escola Rocha Peixoto é especial. Não obstante esta relação, o respeito entre professor, aluno, funcionários é mantido. Cada interveniente sabe qual o seu papel. Mesmo com esta relação de proximidade, os alunos respeitam os professores. A escola prima por um conjunto de regras muito bem estabelecido, que visam reger o

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comportamento de todos (não só dos alunos), educando os alunos de forma exigente, mas responsável. Tal ainda me causou ainda mais admiração. Era possível observar esta relação muito mais próxima e familiar mas (talvez por isso), simultaneamente, o respeito era maior. Não poderia ter escolhido melhor escola para o meu estágio.

O DE nesta escola é levado com grande afinco, pois conta com muitas inscrições não só de alunos da escola, como também de alunos pertencentes a outras escolas, ou seja, esta escola acolhe todos os alunos desde ao desporto adaptado ao desporto ao mais alto nível. A Rocha Peixoto oferece uma grande quantidade de modalidades, nomeadamente, o basquetebol, voleibol, andebol, ténis, golfe, danças urbanas, boccia, natação e natação adaptada e badminton. É de salientar a dedicação por parte dos professores de EF envolvidos no DE, pois produzem um grande trabalho ao possibilitarem a um grande número de alunos praticarem diferentes modalidades sem qualquer custo, aumentando assim o gosto pela prática desportiva e melhorando assim a sua qualidade de vida. Estes espaços, além de sustentarem as aulas de EF, suportam também o DE e as aulas extracurriculares, como a hidroginástica e a hidro-reabilitação de alunos com necessidades educativas especiais. Tendo como lema “Uma Escola de Todos Para Todos”, esta escola demonstra a excelência que tanto defende desde o seu início, dispõe de diferentes cursos e ainda alunos jovens e adultos. Relativamente às instalações desportivas, esta escola contém uma piscina, um pavilhão desportivo onde é possível lecionar futebol, basquetebol, badminton, voleibol, andebol, e ténis, um campo de futebol de relva sintética, um pátio em alcatrão com um campo de andebol e dois de basquetebol e um ginásio frequentemente usada como recinto de ensaios para a modalidade de dança. Esta é uma escola que apoia e promove o desporto e oferece todas as condições para um bom trabalho na nossa área. Relativamente as infraestruturas, são excelentes, os alunos tem tudo ao seu dispor o que possibilita realizar atividades com enorme dimensão e qualidade.

No que diz respeito aos professores relativos ao departamento de EF, deparei com um excelente grupo de pessoas e profissionais. Fomos muito bem recebidos por todos, foram pessoas alegres, que nos acolheram como colegas de profissão. Fiquei especialmente feliz por nos equipararem a eles e não como apenas estudantes estagiários. Ao longo do ano tive a oportunidade de trabalhar

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com alguns destes professores o que enriqueceu bastante a minha experiencia como estudante estagiário, pois “bebi” das suas experiencias e dos seus conhecimentos que derivam de longos anos de experiência. Nesta escola existem professores de excelência e de várias gerações distintas, o que foi deveras importante na observação de diferentes estilos e tarefas de aula. Ainda nas atividades extra curriculares, reuniões de departamento, conselhos de turma e outras atividades apresentaram enorme importância para a minha formação, pois permitiram-me vivenciar o contexto real de ensino e a integrar-me plenaintegrar-mente na profissão de docente. Ao estar presente nas reuniões, além de aprender o que se desenvolve e soluciona nas mesmas, senti-me integrado no projeto de lecionação, pois não era apenas um estudante-estagiário era um professor e tinha direito a opinião.

Mais ainda, procurei envolver a escola na comunidade e vice-versa, promovendo eventos com relevância educativa. Neste estágio o núcleo de estágio optou por realizar um torneio inter-escolas e clubes de Boccia de forma a envolver toda a comunidade escolar neste torneio, com o objetivo de promover este desporto e a união entre a escola e a população. Como esta escola eleva o desporto escolar ao mais alto nível, optamos por um desporto que pertencesse a leque de desportos que a escola abarca. Optamos, portanto, pelo Boccia pois um dos nossos elementos do núcleo de estágio pertencia a essa mesma equipa. É um desporto em progressão e que lhe falta alguma visibilidade e foi com esse intuito que decidimos utilizar este desporto para dinamiza-lo ainda mais. Tínhamos programado em levar atletas de renome ao evento, mas a última da hora ambos os atletas cancelaram devido a estágios dos seus clubes e seleção.

3.4. O Núcleo de Estágio

O meu núcleo de estágio foi composto por três pessoas onde todos nos demos bem logo de início. Apesar de termos personalidades diferentes, tínhamos certos pontos em comum, como a camaradagem, a união e ainda o auxílio ao outro. Gostei bastante de partilhar este ano com este grupo, pois penso que não poderia ter-me divertido e aprendido tanto se estive em outro núcleo de estágio. Os três tínhamos estudado no Instituto Superior da Maia (ISMAI) na licenciatura, por isso tínhamos métodos semelhantes de trabalho o que facilitou no momento

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de realizar os trabalhados de grupos, como os modelos de estrutura do conhecimento de todas as modalidades lecionadas, organização do torneio de Boccia, tarefas pedidas pela Professora Rosa Lopes, entre outros.

De início estava bastante reticente com o núcleo, pois não os conhecia. Mas acabo o ano com mais dois grandes amigos, pois foi o que realmente se tornaram. Para mim, as nossas diferenças acabaram por serem vantagens, pois aprendemos bastante uns com os outros. Devo referir ainda que tinha tido conhecimento ainda que em inúmeros núcleos de estágio existia rivalidades e choque de personalidades e competição não saudável. Posso afirmar que neste núcleo nunca existiu algo do género, pois todos nós trabalhamos em conjunto de forma a nos superar e não com o intuito de vencer o colega. Segundo Araújo (2004), quando a “cultura de coletividade” é estabelecida, o grupo em si, reconhece as suas fragilidades e pontos fortes, atitudes essas que originam a superação dos limites do grupo.

No que diz respeito à professora cooperante, sempre revelou muita disponibilidade e competência da forma como nos ajudava a crescer como pessoas e profissionais, considero que tivemos uma excelente pessoa e profissional como Professora Cooperante. Foi providencial com a sua enorme experiencia e competência o que levou a que todos nos pudéssemos melhorar e cumprir os objetivos traçados.

3.5. A Minha Turma

Relativamente à turma que me foi atribuída na primeira reunião do núcleo de estágio com a professora cooperante, foi um 12º ano do Curso Científico-Humanístico de Línguas e Humanidades. A atribuição das turmas foi realizada consoante a preferência de horários de cada um dos estudantes-estagiários.

No primeiro impacto com a listagem da turma, observei que nunca tinha tido qualquer contacto com nenhum dos alunos o que foi favorável para mim, pois poderia implementar o estilo que eu quisesse na turma, pois nenhum dos alunos sabia como realmente eu atuo. A professora cooperante Rosa Lopes e diretora de turma deste 12º ano, caracterizou a turma como sendo composta por vinte e uma raparigas e com apenas três rapazes. Disse-me que era uma turma

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bem-comportada e sem grandes problemas e com algum gosto pela prática desportiva.

Após lecionar algumas aulas a esta turma, compreendi a descrição da professora cooperante. Apercebi-me ainda que facilmente conseguiria controlar a turma, mas iria existir um grande desafio, não a nível de comportamento ou gestão da aula, mas em aumentar a sua motivação para as aulas de educação física. Apesar da discrição anteriormente dada pela professora cooperante, a turma não demonstrava grande motivação para a prática desportiva. Nesta turma existia um pouco de tudo. Nomeadamente, os alunos que realmente adoravam o exercício físico, que eram excelentes na disciplina a nível motor, cognitivo e ainda socio-afetivo. Este primeiro grupo englobava alunos que praticavam atividades extracurriculares, eram desportistas natos e alguns deles a nível federado. Para estes alunos tive que aplicar certas estratégias para elevar o seu desempenho, desde auxiliar os seus colegas ou até mesmo trabalhar certos pormenores neles que por vezes não é possível trabalhar no treino devido a falta de tempo.

Por outro lado, existia o grupo de alunos que a nível motor não eram extraordinários, mas a nível cognitivo e socio-afetivo compensavam, pois embora não tivessem a disciplina de educação física como a sua preferida, eram esforçados porque realmente foram educados desta maneira. Apesar do seu empenho, estes alunos não eram como os anteriores que demonstravam uma boa aptidão física. Estes alunos eram premiados no Participação e Interesse, Atitudes e Valores (PIAV), instrumento utilizado para salvaguardar este tipo de alunos, pois além do seu enorme esforço não são capazes de acompanhar os alunos com enorme aptidão física.

Por último, existiam ainda alunos que para eles a educação física era um sacrifício, simplesmente não apreciavam atividade física e não realizavam as atividades com o empenhamento apropriado. Indubitavelmente, foi este o grupo de alunos que mais me fez refletir e questionar relativamente à qualidade das minhas aulas. Estes alunos fizeram-me refletir e ponderar sobre se o problema era meu ou se realmente apenas estavam a frequentar as aulas por estarem no ensino obrigatório, pois por mais que as aulas fossem atrativas e ricas, certos alunos não demonstravam interesse nas mesmas. Eram alunos que a nível motor e cognitivo apresentavam bastantes debilidades.

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Como amante do desporto, no início foi bastante difícil entender esta falta de energia e motivação para realizar uma simples tarefa nas aulas de educação física. Tal como Nóvoa (2004, p. 4) nos diz, “É difícil tratar um doente que não se quer curar (mas, em certos casos, é possível recorrer à anestesia). É impossível ensinar um aluno que não quer aprender. E para esta situação, nenhum de nós estava verdadeiramente preparado.” Esta diversidade de alunos origina níveis na turma bastante díspares. Todavia, durante as reuniões de conselhos de turma, reparei que esta desmotivação e desinteresse não eram apenas na aula de educação física, mas também em todas as outras disciplinas.

Na turma que lecionei este ano letivo transato continha níveis diferentes de aptidão física, mas apesar de serem bem distintos esta foi uma turma que se respeitava. Tinham respeito não só pelos colegas, mas também pelo professor e pelo material. Na aula de apresentação foi um dos pontos que eu mais frisei, exigindo respeito pelos colegas, pelo professor e pelo material da escola, o que foi cumprido. Gostei muito que esta fosse a minha turma no meu ano de estágio, pois lidei com pessoas completamente diferentes e mesmo assim penso que consegui transmitir o mesmo para todas elas. Foi uma turma bem-disposta, respeitadora, que deu gosto trabalhar e conviver durante um ano letivo.

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4.1. Organização e Gestão do ensino e da Aprendizagem

4.1.1. Conceção e Planeamento do Ensino

Segundo Bento, (2003, pp. 15-16) “Planificar a educação e a formação (…) significa planear as componentes do processo de ensino e aprendizagem nos diferentes níveis da sua realização; significa apreender, o mais concretamente possível, as estruturas e linhas básicas e essenciais das tarefas e processos pedagógicos (…) A planificação é o elo de ligação entre as pretensões, imanentes ao sistema de ensino e aos programas das respetivas disciplinas, e a sua realização prática. É uma atividade prospetiva, diretamente situada e empenhada na realização de ensino, que se consuma na consequência: elaboração do plano, realização do plano – controlo do plano – confirmação ou alteração do plano…” O professor deve, portanto, realizar um planeamento cuidado e bastante personalizado para cada turma, pois o planeamento varia de muitas situações e pormenores, desde a escola e as suas infraestruturas, das suas matérias, dos seus alunos e dos seus funcionários. Deve elaborar um conjunto de planos e estratégias que faça com que o professor alcance as metas a que se irá propor, relativas a aprendizagem dos alunos, sempre em favor da formação do aluno. Então, a conceção aparece como um dos primeiros motivos de ação do professor para que o processo de ensino e aprendizagem seja rico e eficaz.

O processo de ensino e aprendizagem, na aula de Educação Física, pressupõe a elaboração de um plano de ação pelo qual o professor se orientará ao longo do ano. O ensino não é semelhante a uma receita, onde tudo ocorre sempre da mesma maneira e sempre pela mesma sequência. Por isso, é fundamental criar um planeamento que seja moldável e passível de alterações. Poderão existir problemas como os dias de inverno mais rigorosos onde os espaços exteriores estão impraticáveis, visitas de estudo, provas globais. O seguinte excerto do diário de bordo mostra o facto de ser necessário haver improviso pois não me foi possível lecionar a aula.

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“Nesta segunda semana deparamo-nos com um problema relativo ao número bastante reduzido de funcionários na escola o que não nos possibilita a realização de aulas. Diário de bordo semana 2”

O meu planeamento ao longo do estágio-pedagógico foi balizado pelo Modelo de Estrutura do Conhecimento (Vickers, 1989) o qual composto por oito módulos. O modelo referido é compartimentado em 8 módulos, dos quais o primeiro corresponde ao Conhecimento Declarativo onde nos transmite o que ensinar. Os restantes correspondem ao Conhecimento Processual de como ensinar. Assim sendo, os primeiros três módulos correspondem à fase de análise, os módulos 4, 5, 6 e 7 à fase de decisão sendo que o oitavo ao de aplicação.

O módulo um diz respeito às categorias transdisciplinares do conhecimento: habilidades motoras, fisiologia do treino e condição física, cultura desportiva e conceitos psicossociais. Este módulo foi curial para me ajudar a esquematizar a matéria que pretendia lecionar.

Segundo Ward, & Li (2015), o conhecimento pedagógico do conteúdo que um professor irá lecionar deve ser evolutivo, para que o mesmo amadureça, com uma função de adquirir conhecimento do conteúdo, onde poderá ter impacto significativo na aprendizagem dos alunos.

O módulo dois consiste na análise das infraestruturas da escola e do material que esta contém. Sendo a Rocha Peixoto uma escola com excelentes condições, foi-nos entregue um inventário, que a maioria das escolas do país não é capaz de almejar, o que enriqueceu as nossas aulas, pois tínhamos todo o material necessário para as diversas modalidades. Já a escola Flávio Gonçalves é bastante inferior no que toca a infraestruturas e material, mas com alguma imaginação era possível desenvolver todos os conteúdos propostos.

O módulo três é onde se realiza a análise dos alunos que iremos lecionar, só assim seremos capazes de nos contextualizar no ponto de partida da lecionação. Deste modo, iniciei a minha conceção relativa à minha turma, a partir das aulas iniciais, onde comecei a conhecer realmente as capacidades dos alunos. Nestas aulas iniciais deparei com três pontos que se destacaram, falta de condição física / capacidade motora, pouca cultura desportiva e necessidade

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