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O mundo funerário romano no Noroeste Alentejano (Portugal) : o contributo das intervenções de Abel Viana e António Dias de Deus

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS

O Mundo Funerário Romano No Nordeste Alentejano (Portugal) – O Contributo Das Intervenções De Abel Viana E António Dias De Deus

Ana Mónica da Silva Rolo Volume I

Orientador: Prof. Doutor Carlos Jorge Gonçalves Soares Fabião

Tese especialmente elaborada para obtenção do grau de Doutor no ramo de História, na especialidade de Arqueologia

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE LETRAS

O Mundo Funerário Romano No Nordeste Alentejano (Portugal) – O Contributo Das Intervenções De Abel Viana E António Dias De Deus

Ana Mónica da Silva Rolo Orientador: Prof. Doutor Carlos Jorge Gonçalves Soares Fabião

Tese especialmente elaborada para obtenção do grau de Doutor no ramo de História, na especialidade de Arqueologia

Júri:

Presidente: Doutor António Adriano de Ascenção Pires Ventura, Professor Catedrático e Director da Área de História, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Vogais:

- Doutor André Miguel Serra Pedreira Carneiro, Professor Auxiliar da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora;

- Doutor Rodrigo de Araújo Martins Banha da Silva, Professor Auxiliar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa;

- Doutor Carlos Jorge Gonçalves Soares Fabião, Professor Associado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, orientador;

- Doutor Amílcar Manuel Ribeiro Guerra, Professor Associado da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa;

- Doutora Catarina Ferrer Dias Viegas Taveira, Professora Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

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O MUNDO FUNERÁRIO ROMANO NO NORDESTE ALENTEJANO (PORTUGAL) – O CONTRIBUTO DAS INTERVENÇÕES DE ABEL VIANA E ANTÓNIO DIAS DE DEUS

Resumo: No presente trabalho pretende-se apresentar uma visão geral das designadas «necrópoles céltico-romanas» alto alentejanas, identificadas e exploradas entre as décadas de 40 e 50 do século passado. O nosso particular interesse recai sobre as práticas funerárias adoptadas pelas comunidades que, em época romana, habitaram este território. Durante cerca de duas décadas de pesquisas e recolhas de material arqueológico, funcionários da Colónia Correcional de Vila Fernando identificaram mais de uma centena de arqueossítios, de natureza e cronologias diversas, no território de 11 concelhos do Alto Alentejo e parte setentrional do Alentejo Central. Em 1949, o preceptor-adjunto do estabelecimento correcional, António Dias de Deus (1901-1955), um dos principais impulsionadores destas pesquisas, passou a contar com a colaboração do arqueólogo Abel Viana (1896-1964). Com base na consulta dos trabalhos publicados nos anos 50 e de diversas fontes documentais, foi possível apurar um conjunto de 22 sítios nos quais terão sido identificadas evidências de natureza funerária – desde sepulturas (aparentemente) isoladas, como, por exemplo, na Anta do Carvão (Vila Viçosa) e em Olival da Silveirinha (Elvas), a necrópoles densamente utilizadas (quer no espaço, quer no tempo), como se verificou, por exemplo, na Chaminé (Elvas) e em Padrãozinho (Vila Viçosa). Contabilizaram-se mais de 800 enterramentos e reuniu-Contabilizaram-se uma amostra de 1078 peças atribuídas a estes espaços funerários, parte delas já estudadas por outros autores durante a segunda metade do séc. XX e inícios da atual centúria. Partindo desta amostra, composta por espólio diversificado (terra sigillata, cerâmica de paredes finas, lucernas, cerâmica comum e de construção, vidros, metais e material epigráfico), procurou-se reconstituir o maior número possível de conjuntos de oferendas fúnebres por sepultura e definir as cronologias de cada um dos espaços analisados. Em termos gerais, sobressai o retrato de um conjunto de necrópoles in agro, associadas a villae ou a outros estabelecimentos rurais, e utilizadas, grosso modo, entre a II Idade do Ferro (finais do séc. IV a.C./ séc. III a.C.) e a Antiguidade Tardia (séc.s VII-VIII d.C.). A par de uma plena assimilação das práticas e ideário romano ou, mais tarde, da adesão ao Cristianismo, ressalta uma estável continuidade nos espaços de enterramento, confirmando a importância da memória dos mesmos como loci religiosi.

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Abstract: We intend to present a global vision over the so-called «celtic-roman necropolises» of Alto Alentejo (Portugal), which have been identified and excavated in the 20th century, between the 40s and the 50s. During two decades of search and gathering of archaeological finds, carried out by a group of employees of Colónia Correcional de Vila Fernando (Elvas), more than a hundred archaeological sites, with different chronologies and characteristics, have been spotted in the Alto Alentejo territory and in the northern of Central Alentejo. In 1949, António Dias de Deus (1901-1955), assistant-preceptor in the educational centre and one of the most enthusiastic elements of the Vila Fernando’s group, started working with the archaeologist Abel Viana (1896-1964). Since then and until the death of António Dias de Deus, in April of 1955, a most fruitful partnership was engaged. The archaeological surveys have continued and, thanks to Abel Viana’s initiative, an important work of publication and divulgation of the main results was started. Based on the study of the works published in the mid-20th century and of the documental sources, we were able to identify 22 archaeological sites with funerary evidences that have been excavated – from (apparently) isolated burials, such as in Anta do Carvão (Vila Viçosa) and Olival da Silveirinha (Elvas), to extensive necropolises, largely used in space and time, as Chaminé (Elvas) or Padrãozinho (Vila Viçosa). More than 800 burials have been identified and explored, and more than one thousand artefacts have been collected in those contexts. Several researchers during the second half of the 20th century and the beginnings of the 21st have studied a large amount of these materials. From this sample, which gathers varied collections (terra sigillata, thin walled pottery, oil lamps, common ware pottery and ceramic building material, glass, metals and epigraphy), we have tried to recompose funerary offers per grave and, subsequently, to determine the chronologies for each burial. The limitations of the evaluable data only have allowed us to reconstitute around 300 funerary ensembles. Nevertheless, it has been possible to draw a general picture of these necropolises – funerary spaces in agro, more or less intensively used, associated to villae or small rural establishments, and documenting an occupation of this territory since Iron Age (late 4th/ 3rd BC) to Late Antiquity, an even Early Middle Ages (7th/ 8th AD).

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AGRADECIMENTOS

Findo o projeto de investigação que deu origem ao presente trabalho, são inúmeros os agradecimentos que se impõem fazer e que nos recordam que o trajeto de um investigador, em grande parte solitário, apenas se converte em frutuoso caminho se este puder contar com uma vasta rede de pessoas que, de uma forma ou de outra, o auxiliam.

Em primeiro lugar, cabe-me agradecer ao Professor Doutor Carlos Fabião, meu orientador científico. Agradeço-lhe a confiança com que me incentivou a desenvolver este projeto e o apoio concedido para conseguir levá-lo a bom porto. Devo-lhe, uma vez mais, um agradecimento pela orientação sábia e sensata e, acima de tudo, pelo entusiasmo de quem acredita e vê mais longe quando nós próprios pomos em causa o caminho.

Em segundo lugar, agradeço à Fundação para a Ciência e Tecnologia, pela concessão da Bolsa de Doutoramento (FCT SFRH/ BD/ 77562/ 2011) que tornou possível a concretização deste projeto de investigação.

Não posso também deixar de agradecer ao Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa (UNIARQ), centro de investigação que me acolheu, e a todos os docentes e colegas que dele fazem parte.

Devo um agradecimento especial ao Dr. António Martins da Costa Viana, sobrinho de Abel Viana, pela generosidade que revelou desde o primeiro momento. Verdadeiro guardião e representante do legado de Abel Viana, não lhe poderia estar mais grata pela partilha, pelos ensinamentos, e pela forma calorosa como sempre acolheu as minhas solicitações. Por tanto, um enorme bem-haja.

Agradeço à Doutora Adília Alarcão a disponibilidade manifestada quando, logo no início da nossa investigação para o presente projeto de Doutoramento, tive oportunidade de contactá-la. Tendo esta autora estudado parte dos vidros, da terra sigillata e das lucernas atribuídos às necrópoles exploradas por António Dias de Deus e Abel Viana, procurei obter informações adicionais sobre o espólio e sobre a experiência de trabalhar com o arqueólogo minhoto. Estou-lhe muito grata pela forma generosa e franca como respondeu às minhas questões e pelas úteis observações tecidas sobre a exploração destas necrópoles e a gestão do espólio recolhido. Gostaria, aliás, de manifestar o meu agradecimento a todos os investigadores que me precederam no estudo das designadas «necrópoles céltico-romanas elvenses» e de dedicar-lhes este trabalho. A sua pesquisa e contributo, para além de imprescindível

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ponto de partida para a nossa investigação, serviram-nos de exemplo e ‘farol’, guiando-nos e trazendo luz sobre o retrato que procurámos traçar destes espaços funerários.

Ao Professor Doutor André Carneiro, agradeço a imprescindível ajuda no trabalho de campo realizado e o entusiasmo contagiante na forma de olhar e pensar o território em época romana. Pelo exemplo, pela lucidez e pelo inexcedível apoio, o meu muito obrigada.

Agradeço também ao Professor Doutor José de Encarnação – o meu obrigada pelos ensinamentos, por toda a ajuda e disponibilidade, e pela generosa partilha no estudo da epígrafe de Fontalva.

Ao Professor Doutor Francisco Sande Lemos, agradeço as úteis indicações e a amabilidade de me ter facultado cópias de documentação epistolar trocada por Abel Viana com o Coronel Mário Cardozo. Devo um agradecimento particular às Direções e equipas das instituições museológicas que me acolheram e que possibilitaram a realização deste trabalho, quer pelas autorizações concedidas para estudar o espólio solicitado, quer pelas facilidades logísticas e apoio facultados no decurso das nossas ‘estadas’, mais ou menos longas, em cada um dos museus.

Assim, não posso deixar de agradecer ao Dr. António Carvalho, Diretor do Museu Nacional de Arqueologia, por toda a ajuda concedida ao longo deste nosso projeto. Agradeço igualmente à Dra. Ana Isabel Santos, à Dra. Lívia Cristina, à Carmo, à Luísa Guerreiro, e à saudosa Lita.

Em 2013, o então Presidente do Conselho Administrativo da Fundação da Casa de Bragança, Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, facultou a autorização necessária para o estudo de parte da importante Coleção de Arqueologia daquela Fundação, ao qual nos propúnhamos. Expresso aqui o meu profundo agradecimento pela oportunidade concedida e pela forma generosa como acolheu a ideia deste projeto de investigação. Estou igualmente grata ao atual Presidente do Conselho Administrativo da Fundação da Casa de Bragança, Dr. Alberto Ramalheira, pela possibilidade de dar continuidade a este trabalho e à colaboração com a Casa de Bragança. À Diretora do Museu-Biblioteca da Fundação da Casa de Bragança, Dra. Maria de Jesus Monge, devo um especial agradecimento por todo o apoio, pelas facilidades concedidas para a realização do meu estudo da Coleção de Arqueologia e, acima de tudo, pela confiança. Agradeço também ao Sr. Engenheiro Marcos Charrua (Fundação da Casa de Bragança) pelo privilégio da visita realizada à Tapada Ducal, na tentativa de ‘redescobrir’ o arqueossítio de Olival da Silveirinha. Agradeço à equipa de funcionários do Museu-Biblioteca da Casa de Bragança, em geral; a todos, pelo acolhimento e profissionalismo, o meu muito obrigada. Em particular, não posso deixar de agradecer ao grupo de guias-vigilantes do Museu de Arqueologia, pelos muitos ‘dias de castelo’ partilhados e por toda a ajuda. O meu obrigada também para o Sr. Manuel Francisco Grilo, antigo funcionário do Museu-Biblioteca da Casa de

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Bragança, com quem tive a oportunidade de falar sobre os tempos em que trabalhou lado a lado com Abel Viana.

Agradeço à Dra. Isabel Pinto (Câmara Municipal de Elvas) e à equipa do MACE, em especial, aos Técnicos Manuel Neves e Romão Mimoso, pela atenção, disponibilidade e apoio com que sempre pude contar no decurso do meu estudo de espólio do acervo do antigo Museu Municipal de Elvas. Gostaria igualmente de agradecer à equipa da Biblioteca Municipal de Elvas e Arquivo Municipal de Elvas, e em particular à Dra. Tânia Rico e Dr. Rui Jesuíno.

Agradeço ao Dr. Miguel Ramalho, Coordenador do Museu Geológico/ LNG, pela autorização para estudar o espólio atribuído a Fontalva, constante daquela instituição museológica. Agradeço também aos demais Técnicos do Museu Geológico com quem tive oportunidade de contactar, nomeadamente Jorge Sequeira e José António Anacleto, pelas facilidades e por todo o apoio prestado.

Não posso deixar de agradecer ao Dr. José Carlos Oliveira, Diretor do Museu Regional de Beja, ao Dr. Francisco Paixão e à restante equipa daquela instituição museológica. Agradeço igualmente ao professor Simão Matos, pela simpatia com que me recebeu naquela que foi a antiga residência de Abel Viana em Beja.

Manifesto o meu agradecimento à Direção do Deutsche Archaeologische Institut de Madrid, em particular à sua Diretora, Professora Doutora Dirce Marzoli, ao Professor Doutor Thomas Schattner, e à equipa da biblioteca, pelas facilidades concedidas no decurso da nossa pesquisa. Agradeço igualmente à equipa do Museo Nacional de Arte Romano (Mérida), em especial à sua Diretora, Doutora Trinidad Nogales Basarrate, a Elisabeth Fragoso Pulido e a Nova Barrero Martín. Por toda a afabilidade e pelo precioso apoio concedido nas nossas estadas na biblioteca daquela instituição, o meu muito obrigada.

Cabe-me igualmente agradecer à Direção Geral do Património Cultural (DGPC) e à Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA), e em particular aos Técnicos dos respetivos Arquivos, pelas facilidades concedidas na consulta de processos. Agradeço também ao Instituto Camões, pela possibilidade de consulta dos processos da antiga Junta Nacional de Educação.

Aos proprietários dos terrenos visitados no decurso das nossas saídas de campo, devo um agradecimento pelas facilidades de acesso concedidas. Agradeço em particular ao Sr. Engenheiro José Luís Sommer d’Andrade, proprietário da Herdade de Font’Alva, por todas as informações facultadas e pela autorização para estudar uma epígrafe recolhida na sua propriedade.

Às funcionárias da Junta de Freguesia de Vila Fernando (Elvas), aqui fica o meu muito obrigada por todas as informações facultadas e pela visita à ‘sala-museu’ da Junta.

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Devo um agradecimento especial ao Professor Doutor Desiderio Vaquerizo Gil – pelo incentivo e paciência, pelos ensinamentos e, acima de tudo, pelo exemplo e pela generosidade, o meu muito obrigada.

Agradeço igualmente a Jerónimo Sánchez Velasco e a Miguel Ángel Valero, não só pelas preciosas informações e bibliografia facultadas, mas também pelo incentivo e amizade.

À equipa do Centro de Ciência Viva de Estremoz, agradeço pela forma como me acolheram e me fizeram sentir em casa. Ao Noel Moreira, agradeço-lhe os ensinamentos de Geologia, bem como toda a generosa disponibilidade e ajuda.

Ao Noé Conejo Delgado, agradeço-lhe pelas preciosas ‘lições’ de Numismática facultadas ao longo da elaboração deste trabalho, e pelo companheirismo e pela partilha no estudo do tesouro monetário de Juromenha.

Agradeço aos antigos alunos da licenciatura em Arqueologia da Universidade de Évora: Catarina Oliveira, Frederico Vieira, Laura Largueiras, Ruben Barbosa e Rui Pencas, pela ajuda prestada numa das saídas de campo realizadas para identificação e relocalização dos arqueossítios estudados. À Laura agradeço também a informação facultada sobre os inventários do antigo Museu Municipal de Elvas e a ajuda nas consultas realizadas no Arquivo Municipal de Elvas.

Agradeço também à Catarina Alves, Carolina Grilo, Francisco Gomes, Irene Salinero Sánchez, João Almeida, Margarida Ralha, Naima Adnane e Teresa Rita Pereira. Devo um agradecimento especial à Tânia Dinis e à Vanessa Dias, responsáveis pela vectorização dos desenhos das peças. À Vanessa, a quem devo igualmente todo o tratamento das estampas, não tenho como agradecer o tempo, a generosa paciência e boa disposição com que me ajudou ao longo deste trabalho; pela preciosa ajuda, muito obrigada.

A Jesús García Sanchéz, agradeço a elaboração dos mapas e todo o incentivo.

Por fim, cabe-me ainda agradecer à ´mãe’ Alice, pela inestimável inspiração e carinho, à Dra. Maria João, e às amizades de sempre, alheias ao tempo e à distância, e por isso tão valiosas - à Ana Patrícia, Isabel, Lara, Margarida, Mari, e Rute, o meu sincero e profundo obrigada. Agradeço à minha família, por todo o apoio, e em especial aos mais recentes membros do ‘clã’ – André, Sara e João Miguel. Bem vindos e bem-hajam, que a viagem seja feliz e luminosa.

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“Só deploro o tempo e as oportunidades que dia a dia se perdem, e para sempre” Abel Viana, 22/01/1930 (MNA – Legado JLV, Doc. 23213)

“Não é a morte que confere ausência. O morto está ainda presente: todo o passado lhe pertence.”

Mia Couto (In A Confissão da Leoa, 2012)

À memória do ‘Mestre’ Abel Viana. À minha Família, eterno ponto de partida e de chegada.

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ÍNDICE Volume I

Agradecimentos iii

INTRODUÇÃO 11

I. ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO 16

I.1. Localização Geográfica 16

I.2. Contexto Geomorfológico e Recursos Naturais 18

II. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO 27

II.1. Sobre Abel Viana – vida e obra 27

II.2. Sobre a parceria Abel Viana e António Dias de Deus 43 II.2.1. O contexto, os intervenientes, a polémica e o contributo 43 II.2.2. A investigação sobre as «necrópoles céltico-romanas» alto alentejanas –

vicissitudes e limitações, fontes e coleções museológicas 84

III. METODOLOGIA 125

III.1. Caracterização geral da amostra em estudo e opções metodológicas 125

III.2. O Catálogo 135

IV. AS NECRÓPOLES 144

IV.1. HERDADE DAS CARNINHAS (Portalegre/ Arronches/ Assunção)

IV.1.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 144 IV.1.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 146 IV.1.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 147 IV.2. NOSSA SENHORA DO CARMO (Portalegre/ Arronches/ Assunção)

IV.2.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 148 IV.2.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 149 IV.2.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 149 IV.3. A-DO-RICO (Portalegre/ Campo Maior/ N. Sra. Degolados)

IV.3.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 150 IV.3.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 152 IV.3.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 153 IV.4. EIRA DO PERAL (Portalegre/ Monforte/ Santo Aleixo)

IV.4.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 155 IV.4.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 158 IV.4.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 158 IV.5. HERDADE DE FONTALVA (Portalegre/ Elvas/ Santa Eulália)

IV.5.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 161 IV.5.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 166

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IV.5.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 168 IV.6. CHAMINÉ (Portalegre/ Elvas/ Barbacena e Vila Fernando)

IV.6.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 169 IV.6.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 179 IV.6.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 193 IV.7. SERRONES (Portalegre/ Elvas/ Barbacena e Vila Fernando)

IV.7.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 198 IV.7.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 201 IV.7.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 210 IV.8. ALCARAPINHA (Portalegre/ Elvas/ Barbacena e Vila Fernando)

IV.8.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 213 IV.8.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 215 IV.8.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 216 IV.9. HORTA DA SERRA (Portalegre/ Elvas/ S. Brás e S. Lourenço)

IV.9.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 217 IV.9.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 218 IV.9.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 219 IV.10. TORRE DAS ARCAS (Portalegre/ Elvas/ S. Brás e S. Lourenço)

IV.10.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 221 IV.10.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 224 IV.10.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 233 IV.11. HORTA DAS PINAS (Portalegre/ Elvas/ S. Vicente e Ventosa)

IV.11.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 239 IV.11.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 241 IV.11.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 245 IV.12. TERRUGEM (Portalegre/ Elvas/Terrugem e Vila Boim)

IV.12.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 248 IV.12.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 253 IV.12.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 257 IV.13. HERDADE DA CAMUGEM (Portalegre/ Elvas/Terrugem e Vila Boim)

IV.13.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 259 IV.13.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 261 IV.13.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 264 IV.14. PADRÃOZINHO (Évora/ Vila Viçosa/ Ciladas)

IV.14.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 267 IV.14.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 273

IV.14.2.1. Padrãozinho 1 273

IV.14.2.2. Padrãozinho 2 274

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IV.14.2.4. Padrãozinho 4 276 IV.14.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 283 IV.15. OLIVAL DA SILVEIRINHA (Portalegre/ Elvas/Terrugem e Vila Boim)

IV.15.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 291 IV.15.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 292 IV.15.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 293 IV.16. ANTA DO CARVÃO (Évora, Vila Viçosa, Ciladas)

IV.16.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 295 IV.16.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 296 IV.16.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 297 IV.17. HERDADE DOS QUEIMADOS (Évora, Vila Viçosa, Ciladas)

IV.17.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 299 IV.17.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 301 IV.17.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 302 IV.18. PADRÃO (Portalegre/ Elvas/ Assunção, Ajuda, São Salvador e Santo Ildefonso)

IV.18.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 304 IV.18.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 306 IV.18.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 310 IV.19. MONTE DA OVELHEIRA (Portalegre/ Elvas/ Assunção, Ajuda, São Salvador e Santo Ildefonso)

IV.19.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 314 IV.19.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 316 IV.19.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 317 IV.20. SÃO RAFAEL (Portalegre/ Elvas/ Assunção, Ajuda, São Salvador e Santo Ildefonso)

IV.20.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 320 IV.20.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 321 IV.20.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 322

IV.21. CARDEIRA [Évora/ Alandroal/ União das freguesias de Alandroal (N. Sra. da Conceição), São Brás dos Matos (Mina do Bugalho) e Juromenha (N. Sra. Loreto)]

IV.21.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 324 IV.21.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 326 IV.21.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 327

IV.22. JUROMENHA [Évora/ Alandroal/ União das freguesias de Alandroal (N. Sra. da Conceição), São Brás dos Matos (Mina do Bugalho) e Juromenha (N. Sra. Loreto)]

IV.22.1. O sítio, as intervenções arqueológicas e os dados conhecidos 330 IV.22.2. Caracterização do espaço e práticas funerárias 332 IV.22.3. Espólio Funerário e Limites cronológicos propostos 333 V. O MUNDO FUNERÁRIO ROMANO NO NORDESTE ALENTEJANO – uma leitura de conjunto

sobre as necrópoles intervencionadas por Abel Viana e António Dias de Deus 337

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ÍNDICE ANEXOS Volume II ANEXO 1: - Créditos - Siglas e Abreviaturas - Documentação e Fontes - Bibliografia - Documentação transcrita

- Anexo ao Subcapítulo IV.7.: Descrição das tumulações e conjuntos funerários da necrópole de Serrones (Barbacena e Vila Fernando, Elvas, Portalegre).

- Anexo ao Subcapítulo IV.10.: Descrição das tumulações e conjuntos funerários da necrópole de Torre das Arcas (São Brás e S. Lourenço, Elvas, Portalegre).

- Anexo ao Subcapítulo IV.14.: Descrição das tumulações e conjuntos funerários do núcleo de enterramentos denominado Padrãozinho 4 (Ciladas, Vila Viçosa, Évora).

Volume III

ANEXO 2:

Mapas

Cartografia e Fotos de sítio

Ilustrações de espólio e fontes documentais

Representação gráfica de plantas de necrópoles e arquitetura tumular Quadros de Necrópoles

Listagem Geral de Espólio Estampas

Gráficos e Tabelas

Volume IV

ANEXO 3:

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ÍNDICE GERAL DE FIGURAS

Fig. 1: Exemplo de Tabela de Necrópole, conforme constante de Anexo 2. Fig. 2: Localização da área geográfica em análise.

Fig. 3: Localização dos espaços funerários em análise (autoria do mapa: Jesús García Sánchez).

Fig. 4: Localização do sítio da Herdade das Carninhas (Assunção, Arronches, Portalegre) na Carta Militar de Portugal n.º 385 – Arronches (1: 25 000).

Fig. 5: Vista geral do sítio da Herdade das Carninhas (SE-NW). Fig. 6: Vista geral do sítio da Herdade das Carninhas (SW-NE).

Fig. 7: Localização do sítio de Nossa Senhora do Carmo (Assunção, Arronches, Portalegre) na Carta Militar de Portugal n.º 385 – Arronches (1: 25 000).

Fig. 8: Vista geral do sítio de Nossa Senhora do Carmo – possível área de implantação da necrópole romana, na encosta Sul da antiga igreja (S-N).

Fig. 9: Vestígios de construção sobre os quais assenta a antiga igreja de Nossa Senhora do Carmo (S-N). Fig. 10: Sepultura escavada na rocha identificada no sítio de Nossa Senhora do Carmo (SE-NW).

Fig. 11: Localização do sítio de A-do-Rico (Nossa Senhora de Degolados, Campo Maior, Portalegre) na Carta Militar Fig.

12: Vista geral do sítio de A-do-Rico – possível área de implantação da necrópole romana e, ao longe o atual Monte do Rico (orientação S-N).

de Portugal n.º 386 - Degolados(1: 25 000). Fig. 13: Vista geral do sítio de A-do-Rico (NW-SE).

Fig. 14: Localização do sítio de Eira do Peral (Santo Aleixo, Monforte, Portalegre) na Carta Militar de Portugal n.º 398 – Veiros (1: 25 000).

Fig. 15: Vista geral do sítio de Eira do Peral (NW-SE). Fig. 16: Vista geral do sítio de Eira do Peral (N-S).

Fig. 17: Localização dos sítios de Fontalva (traço cheio) e Torrão (traço interrompido) (Santa Eulália, Elvas, Portalegre) na Carta Militar de Portugal n.º 399 – Barbacena (1: 25 000).

Fig. 18: Vista geral da Herdade de Fontalva, com o Castelo Velho de Fontalva ao fundo (SE-NW). Fig. 19: Vista geral do sítio de Torrão/ Terrão (SW-NE).

Fig. 20: Localização dos sítios da Chaminé (traço interrompido) e Carrão (traço cheio) (Barbacena e Vila Fernando, Elvas, Portalegre) na Carta Militar de Portugal n.º 413 – Vila Fernando (1: 25 000).

Fig. 21: Vista geral do sítio da Chaminé – possível área de implantação do espaço funerário, atualmente ocupada por um olival (N-S).

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Fig. 23: Vista geral da presumível área de implantação da villa do Carrão, com atual monte agrícola da Chaminé ao fundo (W-E).

Fig. 24: Possíveis blocos de construção de estrutura de contenção e condução de água, de época romana, identificada no sítio do Carrão (SE-NW).

Fig. 25: Vista da estrutura absidada identificada no sítio do Carrão (W-E).

Fig. 26: Localização do sítio de Serrones (Barbacena e Vila Fernando, Elvas, Portalegre) na Carta Militar de Portugal n.º 413 – Vila Fernando (1: 25 000).

Fig. 27: Vista geral do sítio de Serrones (S-N). Fig. 28: Vista geral do sítio de Serrones (N-S).

Fig. 29: Localização do sítio de Alcarapinha (Barbacena e Vila Fernando, Elvas, Portalegre) na Carta Militar de Portugal n.º 413 – Vila Fernando (1: 25 000).

Fig. 30: Vista geral do sítio de Alcarapinha (NE-SW). Fig. 31: Vista geral do sítio de Alcarapinha (E-W).

Fig. 32: Localização do sítio de Horta da Serra (traço interrompido) e do sítio de Torre das Arcas (traço cheio) (São Brás e São Lourenço, Elvas, Portalegre) na Carta Militar de Portugal n.º 413 – Vila Fernando (1: 25 000). Fig. 33: Vista geral do sítio de Horta da Serra (S-N).

Fig. 34: Vista geral do sítio de Torre das Arcas – a possível área de implantação do espaço funerário encontra-se atualmente ocupada por uma vinha (N-S).

Fig. 35: Localização do sítio de Horta das Pinas (São Vicente e Ventosa, Elvas, Portalegre) na Carta Militar de Portugal n.º 414 – Elvas (1: 25 000).

Fig. 36: Vista geral do sítio de Horta das Pinas, com a localização do antigo monte agrícola (N-S). Fig. 37: Vista geral do sítio de Horta das Pinas (SW-NE).

Fig. 38: Localização do sítio da Terrugem (Terrugem e Vila Boim, Elvas, Portalegre) na Carta Militar de Portugal n.º 427 – Terrugem (1: 25 000).

Fig. 39: Vista geral do sítio da Terrugem (NE-SW). Fig. 40: Vista geral do sítio da Terrugem (NW-SE).

Fig. 41: Localização do sítio de Camugem (traço cheio) (Vila Boim, Elvas) Padrãozinho (traço interrompido) (Ciladas, Vila Viçosa, Évora) e Anta do Carvão (círculo) (Ciladas, Vila Viçosa, Évora) na Carta Militar de Portugal n.º 427 – Terrugem (1: 25 000).

Fig. 42: Vista geral do sítio da Camugem (NE-SW). Fig. 43: Vista geral do sítio de Padrãozinho (NW-SE). Fig. 44: Vista geral do sítio de Padrãozinho (SW-NE). Fig. 45: Anta do Carvão (S-N).

Fig. 46: Localização do sítio de Olival da Silveirinha (Terrugem e Vila Boim, Elvas, Portalegre) na Carta Militar de Portugal n.º 414 – Terrugem (1: 25 000).

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Fig. 47: Vista geral do sítio de Olival da Silveirinha (SW-NE). Fig. 48: Vista geral do sítio de Olival da Silveirinha (E-W).

Fig. 49: Localização do sítio de Herdade dos Queimados (traço interrompido) e do sítio de Padrão (traço cheio) (Ciladas, Vila Viçosa, Évora) na Carta Militar de Portugal n.º 427 – Terrugem (1: 25 000).

Fig. 50: Vista geral do sítio da Herdade dos Queimados (SE-NW). Fig. 51: Vista geral do sítio do Padrão (W-E).

Fig. 52: Localização do sítio do Monte da Ovelheira (Ajuda, São Salvador e Santo Ildefonso, Elvas, Portalegre) na Carta Militar de Portugal n.º 428 – Ajuda (1: 25 000).

Fig. 53: Vista geral do Monte da Ovelheira (SE-NW).

Fig. 54: Vista parcial de estrutura de natatio localizada a NE do antigo monte agrícola da Ovelheira (NW-SE). Fig. 55: Pormenor de aparelho construtivo romano sobre o qual assenta parcialmente um dos edifícios do antigo monte da Ovelheira (W-E).

Fig. 56: Vista geral de plataforma com mancha de dispersão de material de construção romano no sítio do Monte da Ovelheira (SE-NW).

Fig. 57: Localização do sítio de São Rafael (Ajuda, São Salvador e Santo Ildefonso, Elvas, Portalegre) na Carta Militar de Portugal n.º 428 – Ajuda (1: 25 000).

Fig. 58: Vista geral do sítio de São Rafael. Fig. 59: Pormenor de sepulturas em São Rafael.

Fig. 60: Localização do sítio da Cardeira (traço interrompido) [União das freguesias de Alandroal (N. Sra. da Conceição), São Brás dos Matos (Mina do Bugalho) e Juromenha (N. Sra. Loreto), Alandroal, Évora] e do sítio de Juromenha (traço cheio) [União das freguesias de Alandroal (N. Sra. da Conceição), São Brás dos Matos (Mina do Bugalho) e Juromenha (N. Sra. Loreto), Alandroal, Évora] na Carta Militar de Portugal n.º 441 – Juromenha (1: 25 000).

Fig. 61: Vista geral do sítio da Cardeira (NW-SE).

Fig. 62: Vista parcial do sítio da antiga escola de Juromenha (SW-NE).

Fig. 63: Espólio de A-do-Rico – ilustrações realizadas na década de 50 e constantes do Caderno Elvas (AFCB: [s.a.], [s.d.]a)

Fig. 64: Sarcófago da Eira do Peral (Catál. EPE.li.001) nas instalações do antigo Museu Municipal de Elvas. [Foto gentilmente cedida pelos Serviços da Biblioteca Municipal de Elvas].

Fig. 65: Estado atual do sarcófago da Eira do Peral nas Reservas da Câmara Municipal de Elvas – vista geral. Fig. 66: Sarcófago da Eira do Peral.

Fig. 67: Tampa do sarcófago da Eira do Peral, atualmente nas Reservas da Câmara Municipal de Elvas (Manutenção Militar).

Fig. 68: Lápide funerária recolhida na Herdade de Font’Alva (FE 145, n.º 592). Fig. 69: Vidro da Chaminé – Catál. CHA.vi.001 (MRB: [s.a.], [s.d.]f, Pasta 40)

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Fig. 70: Achados em 4-9-949 – documento referente à exploração do sítio da Chaminé (MRB: DEUS, 04/09/1949, Pasta 97

Fig. 71: Caderno da autoria de Manuel Heleno, intitulado «Nº 1/ 1949/ Cambelas, nº 3/ Antiguidades de Elvas e de Torres Vedras (nº 3)/ (Cambelas)/ Arronches (contas)/ Outubro de 1949» (MNA: APMH/2/18/1).

Fig. 72: Negativo de fotografia de mosaico identificado no sítio do Carrão (MRB: sem indicação de autoria ou data).

Fig. 73: Necrópole dos Serrones – anotações de campo, atribuídas a A. Dias de Deus, relativas às sepulturas de Serrones (MRB: DEUS, [s.d.]e, Pasta 97).

Fig. 74: Planta da necrópole de Serrones (MRB: DEUS, [s.d.]b, Pasta 97).

Fig. 75: Peça SER.vi.001_18, conforme ilustração constante do Caderno Elvas (AFCB: [s.a.], [s.d.]a). Fig. 76: Planta da necrópole de Horta da Serra (MRB: [s.a.], [s.d.]a).

Fig. 77: Espólio de Torre das Arcas – ilustrações realizadas na década de 50 e constantes do Caderno Elvas (AFCB: [s.a.], [s.d.]a).

Fig. 78: Peça TDA.mt.015_17, conforme ilustração constante do Caderno Elvas (AFCB: [s.a.], [s.d.]a).

Fig. 79: Descobertas das “Pinas” – anotações relativas à descoberta da necrópole e atribuídas a A. Dias de Deus (MRB: DEUS, [s.d.]).

Fig. 80: Achados em 7-8-949 – anotações relativas às sepulturas da Camugem (MRB: DEUS, 07/08/1949, p. 1). Fig. 81: Achados em 7-8-949 – anotações relativas às sepulturas da Camugem (MRB: DEUS, 07/08/1949, p. 2). Fig. 82: Lápide funerária recolhida por A. Dias de Deus na Herdade da Camugem (Catál. CMG.epi.001 – IRCP 585).

Fig. 83: Lápide funerária recolhida por A. Dias de Deus na Herdade da Camugem (Catál. CMG.epi.002 – IRCP 597).

Fig. 84: Lápide funerária proveniente da Herdade da Camugem (Catál. CMG.epi.003 – IRCP 592). Fig. 85: Lápide funerária proveniente da Herdade da Camugem (Catál. CMG.epi.004 – IRCP 594). Fig. 86: Lápide funerária proveniente da Herdade da Camugem (Catál. CMG.epi.005 – FE 25, n.º 116).

Fig. 87: Descobertas em 31-10-951/ Pedrãozinho – anotações de campo relativas às sepulturas de Padrãozinho 4 e atribuídas a A. Dias de Deus, (MRB: DEUS, [s.d.]b, Pasta 97).

Fig. 88: Pormenor de anotações de campo atribuídas a A. Dias de Deus – sepultura 62 de Padrãozinho 4 (MRB: DEUS, [s.d.]b, Pasta 97, f. 35).

Fig. 89: Planta do Campo de urnas identificado em Padrãozinho (MRB: [s.a.],[s.d.]g, Pasta 39).

Fig. 90: Anotações de Abel Viana relativas à sepultura identificada em Olival da Silveirinha em Novembro de 1961 (AFCB: VIANA, 17/11/1961).

Fig. 91: Referência, por Domingos Lavadinho, aos achados na Cardeira e às pesquisas e ofertas de A. Dias de Deus, no jornal Linhas de Elvas (24/02/1951).

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Fig. 92: Explorações efectuadas em 4 de Janeiro de 1950 – anotações de campo relativas à exploração das sepulturas identificadas em Juromenha e atribuídas a A. Dias de Deus, (MRB: DEUS, 04/01/1950, Pasta 97). Fig. 93: Paço Ducal de Vila Viçosa. Secção Arqueológica – caderno de Abel Viana, com anotações diversas sobre a Colecção de Arqueologia da Fundação da Casa de Bragança (AFCB: VIANA, [s.d]).

Fig. 94: Carta endereçada por Abel Viana a A. Dias de Deus, com recomendações sobre as medições das peças (MRB: VIANA, 07/10/1950, p. 1).

Fig. 95: Carta endereçada por A. Dias de Deus a M. Heleno, a propósito da ‘questão’ da Chaminé e das peças cedidas em empréstimo pelo funcionário da Colónia Correcional de Vila Fernando ao então Museu Etnológico (AFCB: DEUS, [s.d.]b, p. 1).

Fig. 96: Carta endereçada por Manuel Heleno a A. Dias de Deus, a propósito da ‘questão’ da Chaminé e Carrão (MRB: HELENO, 03/03/1950, p. 1).

Fig. 97: Relação de objectos enviados ao Museu de Vila Viçosa (MRB: [s.a.], [s.d.]b).

Fig. 98: Tumulação do campo de urnas da Chaminé (VIANA & DEUS, 1958, p. 148, Est. I, 3; MRB: Pasta 24). Fig. 99: Conjunto funerário de tumulação alto imperial identificada no arqueossítio da Chaminé (VIANA & DEUS, 1958, p. 148, Fig. 5. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 100: Planta da necrópole de Serrones, baseada em VIANA & DEUS, 1955c (p. 22) e em fontes documentais (MRB: DEUS, [s.d.]b, Pasta 97. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 101: Tumulações de Serrones, segundo VIANA & DEUS, 1955c (p. 25 – Fig. 14).

Fig. 102: Planta da necrópole de Horta da Serra (MRB: Pasta 97. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 103: Planta da necrópole de Torre das Arcas (VIANA & DEUS, 1955a, p. 245 – Fig. 1. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 104: Tipos de tumulações representados na necrópole de Torre das Arcas (VIANA & DEUS, 1955a, p. 247 – Fig. 2. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 105: Planta da necrópole de Horta das Pinas (VIANA & DEUS, 1955a, p. 245 – Fig. 1. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 106: Tipos de tumulações representados na necrópole de Horta das Pinas (VIANA & DEUS, 1958, p. 12 – Fig. 3, n.ºs 1-a a 5. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 107: Tipos de tumulações representados na necrópole de Horta das Pinas (VIANA & DEUS, 1958, p. 13 – Fig. 4. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 108: Planta da necrópole da Terrugem (VIANA, 1950, Fig. 19. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 109: Sepulturas com ossário da necrópole da Terrugem (VIANA, 1950, Fig. 2, n.ºs 8 e 9. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 110: Tumulações da Camugem (VIANA, 1950, Fig. 20. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 111: Planta do núcleo de enterramentos denominado Padrãozinho 1, com a indicação das sepulturas (a branco) que terão fornecido espólio (VIANA & DEUS, 1955c, p. 1, Fig. 1. Original adaptado por Vanessa Dias).

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Fig. 112: Planta do núcleo de enterramentos denominado Padrãozinho 2 (VIANA & DEUS, 1955c, p. 2, Fig. 2. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 113: Planta do núcleo de enterramentos denominado Padrãozinho 4, com indicação de áreas de ustrinum (VIANA & DEUS, 1955c, p. 3, Fig. 3. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 114: Tumulação identificada no sítio de Olival da Silveirinha (AFCB: VIANA, 17/11/1961. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 115: Planta de sepultura, de época romana ou tardo-antiga, identificada na Anta do Carvão (AFCB: [s.a.], [s.d.]a; VIANA & DEUS, 1955b, Fig. 5).

Fig. 116: Tipos de tumulações documentados na necrópole do Padrão (VIANA & DEUS, 1958, p. 12, Fig. 3. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 117: Tumulação documentada na necrópole do Padrão - em caixa, com lajes formando paredes duplas (VIANA & DEUS, 1958, p. 18, Fig. 6. Original adaptado por Vanessa Dias).

Fig. 118: Disposição de oferendas fúnebres nas sepulturas 3, 6, 9 e 17 da necrópole do Padrão (VIANA & DEUS, 1958, p. 16, Fig. 5. Original adaptado por Vanessa Dias).

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como temática central o estudo das designadas «necrópoles céltico-romanas elvenses». Entenda-se esta designação como o conjunto de necrópoles identificadas, referenciadas e, num significativo número de casos, escavadas por António Dias de Deus e outros funcionários da antiga Colónia Agrícola Correcional de Vila Fernando (Elvas), durante as décadas de 40 e 50 do séc. XX, no território do atual Nordeste Alentejano, e em particular na região de Elvas. A escolha do tema em causa resulta do desafio lançado pelo nosso orientador, o Professor Doutor Carlos Fabião, na sequência da conclusão do nosso estudo sobre a necrópole romana da Rouca (Alandroal, Évora), elaborado no âmbito da dissertação de Mestrado em Arqueologia, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa no ano de 2010 (ROLO, 2010). Neste sentido, reconheceu-se a necessidade e mais valia de se proceder ao estudo sistemático e compilação de todos os dados relativos aos espaços funerários em questão. A nossa intenção não foi a de substituir-nos aos estudos previamente realizados por outros investigadores sobre o espólio atribuído a estas necrópoles; foi antes congregar toda a informação disponível e complementá-la, na medida do possível, com novos dados que nos permitissem esboçar um retrato geral dos trabalhos arqueológicos levados a cabo em meados da passada centúria, bem como da realidade funerária romana posta a descoberto no decurso desses mesmos trabalhos.

Estabeleceu-se assim como objecto de estudo um conjunto de 22 arqueossítios, associados a evidências arqueológicas de natureza funerária e a cronologias diversas, compreendidas, grosso modo, entre a II Idade do Ferro e a Antiguidade Tardia. Têm em comum, não só o facto de corresponderem a arqueossítios escavados ou meramente identificados, entre os anos 40 e 50, pelos funcionários do estabelecimento correcional de Vila Fernando (contando, a partir de 1949, com a colaboração de Abel Viana), mas também a ‘condição’ de espaços funerários em contexto rural. Apesar da lata cronologia de alguns dos arqueossítios, e ainda que não abdicássemos de uma visão geral de cada um, a nossa atenção focou-se sobretudo na utilização feita dos espaços em época romana. A seleção da amostra de necrópoles sobre as quais centramos a nossa análise baseou-se fundamentalmente nas fontes documentais consultadas e nas informações obtidas a partir dos artigos publicados, nas décadas de 50 e 60 do século XX, pelos intervenientes diretos nos trabalhos de reconhecimento e escavação destas necrópoles – Abel Viana, António Dias de Deus (Preceptor-Adjunto da Colónia Correcional de Vila Fernando), e o pároco local, Henrique da Silva Louro. Eis, portanto, o ponto de partida para o nosso projeto de investigação.

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Para além das publicações da autoria dos ‘pesquisadores’, procedeu-se à identificação, levantamento atualizado e estudo de diversas fontes documentais (Acervos Documentais do Museu-Biblioteca da Casa de Bragança, Museu Nacional de Arqueologia, Museu Regional de Beja, e Direção Geral do Património Cultural; Biblioteca Nacional, Arquivo Distrital de Elvas, Arquivo Distrital de Portalegre, e Instituto Camões), procurando estabelecer a devida articulação da informação recolhida com os dados publicados. A este nível, revestiram-se de especial importância o espólio documental de Abel Viana, à guarda do Museu Regional de Beja, composto por variada documentação produzida pelo arqueólogo durante as quase três décadas que viveu naquela cidade; o espólio documental do Arquivo do Museu-Biblioteca da Fundação da Casa de Bragança; e a inestimável ajuda do Dr. António Martins da Costa Viana, sobrinho de Abel Viana, que generosamente nos disponibilizou um vasto conjunto de documentação (fotográfica e epistolar) do Arquivo do Professor Mário Viana, irmão do arqueólogo. Aquilo a que nos propusemos foi, mais do que uma mera revisão da informação conhecida e publicada, proceder a uma abordagem sistemática de todos dados referentes a estas intervenções, que se traduzisse numa visão global e integrada das necrópoles romanas alto alentejanas escavadas pelos funcionários da Colónia Correcional e Abel Viana. Para tal tomaram-se como pedras basilares do nosso estudo, por um lado, a organização e análise crítica das fontes documentais disponíveis e de toda a informação que, de forma dispersa e desarticulada entre si, se encontra publicada sobre as necrópoles e/ou respetivo espólio; e, por outro, o levantamento atualizado dos materiais exumados, privilegiando, sempre que possível, o estudo dos conjuntos sepulcrais e o entendimento de cada espaço funerário como um todo.

Desde logo se tornou evidente que o total de 22 espaços de enterramento documentado pelos autores constituía apenas uma parte de um vasto conjunto de sítios, de cronologias e características bastante diversas, explorados entre 1934 e 1955, ao longo de um dilatado perímetro de acção que, a partir de Vila Fernando, abarcou a zona oriental do distrito de Portalegre (concelhos de Elvas, Campo Maior, Arronches, Monforte, Fronteira, e Avis) e se estendeu até ao norte do distrito de Évora (concelhos de Mora, Estremoz, Borba, Vila Viçosa, e Alandroal). Assim sendo, a amostra de espaços funerários em análise concentra-se em especial no território do actual concelho de Elvas (Alcarapinha, Herdade da Chaminé, Herdade da Camugem, Herdade de Fontalva, Horta das Pinas, Horta da Serra, Monte da Ovelheira, Herdade do Padrão, São Rafael, Serrones, Terrugem e Torre das Arcas), mas distribui-se também pelo território dos actuais concelhos de Monforte (Eira do Peral), Arronches (Nossa Sra. do Carmo e Herdade das Carninhas), Campo Maior (A-do-Rico), Vila Viçosa (Padrãozinho, Olival da Silveirinha, Anta do Carvão e Herdade dos Queimados), e Alandroal (Cardeira e Juromenha). Através

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da realização de várias saídas de campo, e partindo dos dados disponíveis, procurou-se proceder à identificação, relocalização e georreferenciação dos sítios. Na maior parte dos casos, a ausência de evidências arqueológicas visíveis, quer em virtude da profunda transformação da paisagem pelo incremento da actividade agrícola, quer por deficientes condições de visibilidade aquando das incursões no terreno, permitiu apenas uma identificação aproximada dos locais onde, há mais de cinco décadas, se supõe que tenham sido identificadas as necrópoles.

Tendo em vista a gestão da multiplicidade dos dados que tínhamos em mãos, concebeu-se, num plano teórico, uma abordagem estruturada em três graus de análise fundamentais, assente na premissa fundamental de “relacionar a dinâmica dos elementos particulares para a compreensão do geral (o

sítio)” (CARNEIRO, 2014, II, p. 324). Definiu-se então, como objectivo primordial a identificação e

estudo preliminar da totalidade do espólio artefactual atribuído aos arqueossítios, concedendo especial atenção à reconstituição de conjuntos funerários, com vista à aferição de cronologias para cada contexto em particular. Paralelamente, foi nossa intenção a leitura sincrónica e diacrónica de cada espaço funerário (MORENO ROMERO, 2006, p. 28) e a análise do registo arqueológico funerário na sua multidimensionalidade. Desta forma, procurou-se entrever nos registos conhecidos e disponíveis, para além dos depósitos funerários em sim mesmos, variáveis como a implantação topográfica dos enterramentos, a respetiva orientação e organização espacial, a arquitetura e morfologia das sepulturas, e os ritos e crenças associados às práticas funerárias e cristalizados no registo arqueológico. Passando a uma segunda escala de análise, concebeu-se o estudo de cada necrópole entendida como realidade agregadora, isto é, como um espaço criado e pensado em função de um propósito bem definido, moldado pela matriz cultural vigente e pelo respetivo enquadramento temporal. A este nível privilegiou-se a definição de cronologias de utilização para os espaços funerários e a apreciação da representatividade dos dados no quadro de referência do mundo funerário romano conhecido para o atual território alto alentejano. Por fim, em terceiro lugar, e numa escala de âmbito mais alargado, pretendeu-se abordar a relação entre espaços da morte e espaços de vida, numa tentativa de compreender a dinâmica de povoamento e a realidade socioeconómica e cultural das populações que habitaram a região em análise e deram uso a estes diversos espaços funerários. Para tal procurámos inferir eventuais fluxos de importação da cultura material (e imaterial), identificar padrões de fabrico, distribuição e consumo da cerâmica de produção local/regional, reconhecer diferentes graus de aculturação, e compreender em que medida a relativa proximidade geográfica espelharia ou não uma proximidade cultural.

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Cabe-nos, todavia, assinalar que a intenção de explorar todo o potencial informativo das ditas «necrópoles céltico-romanas», conforme a estratégia e objectivos teoricamente definidos numa fase inicial do nosso estudo, se revelou uma tarefa condicionada e sucessivamente reajustada às limitações que encerravam os dados com que fomos trabalhando. A exequibilidade da nossa intenção encontra-se posta em causa, a priori, pelos condicionalismos inerentes às vicissitudes do trabalho de escavação e registo sobre os arqueossítios em questão, bem como às condições do posterior tratamento e acondicionamento dos materiais exumados. De facto, para além de alguma negligência verificada na organização, tratamento e acondicionamento do espólio (peças danificadas, peças com intervenções de restauro comprometedoras, peças não localizadas ou que se perderam), da dispersão deste por diferentes instituições museológicas (Museu-Biblioteca da Fundação da Casa de Bragança, antigo Museu Municipal de Elvas, Museu Geológico/ LNEG, e Museu Nacional de Arqueologia), das lacunas de informação registadas ao nível da descrição e inventário das peças, e dos lapsos nas ilustrações e legendas dos textos publicados, a principal limitação que, a montante, comprometeu, de forma irremediável, o estudo destes espaços funerários reside no próprio processo de escavação. Para além da ausência de metodologia e critérios científicos, as recolhas e trabalhos efectuados não terão sido, na maioria dos casos, objecto de qualquer tipo de registo. Só a partir de finais da década de 40, com o início da colaboração de Abel Viana, parece ter-se instituído tal prática, por sugestão do arqueólogo. Contudo, a adopção deste ‘novo hábito’ revelou-se incipiente e lacunar, se atendermos, não só às exigências atuais da ciência arqueológica, mas também às características dos próprios sítios intervencionados. Exemplo elucidativo disso mesmo é o facto de mais de metade da amostra de materiais estudados e apresentados no presente trabalho corresponder a espólio sem contexto de sepultura conhecido.

Deste modo, houve a necessidade de repensar e readaptar a estratégia definida num momento inicial do nosso projecto de investigação, tendo este acabado por converter-se no produto da conjugação possível entre as questões formuladas aprioristicamente e as respostas viáveis a partir da evidência arqueológica e dados conhecidos; da consciência (e necessária gestão) das dificuldades que, amiúde, se revelaram incontornáveis na abordagem da temática de estudo; e, em paralelo, da necessidade de conhecer o contexto conjuntural que conduziu às pesquisas e recolhas iniciadas por António Dias de Deus e António Luís Agostinho no segundo quartel do séc. XX. No decurso da nossa investigação, tomámos consciência da necessidade de esclarecer, tanto quanto as fontes e os dados disponíveis nos permitissem, a história dos trabalhos realizados nas necrópoles em estudo. Com o intuito de trazer alguma luz sobre um momento muito particular da Arqueologia portuguesa, e em especial, sobre um

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fenómeno de, dir-se-ia, ‘Arqueologia regional’, entendeu-se que o propósito de conhecer e caracterizar a realidade arqueológica destes espaços funerários passaria, em primeiro lugar, por identificar e caracterizar os agentes das ‘pesquisas’, o contexto em que atuaram, a motivação que os moveu e o seu modus operandi. Nesta nossa incursão pela historiografia da Arqueologia nacional, e designadamente no retrato que se procurou traçar da parceria entre Abel Viana e António Dias de Deus, cabe-nos reconhecer que não fomos capazes de manter a desejada “assepsia científica” (FABIÃO, 1999, pp. 104-105), tendo-se procurado, acima de tudo, fazer um discurso equilibrado e justo, sem comprometer a objectividade mas com a empatia necessária para (re)conhecer o outro e o seu contexto.

Em última instância, os objectivos do presente trabalho visam ir ao encontro de um repto lançado pelo próprio Abel Viana na sua obra Algumas noções elementares de Arqueologia prática (1962a), publicada depois de várias décadas dedicadas à atividade arqueológica, e dois anos antes do seu falecimento. Aí pode ler-se: “tarefa verdadeiramente benemérita será a atualização das conclusões

contidas na literatura arqueológica do nosso país, assim como a rectificação de muitos lapsos que, se aos mais sabedores não causa embaraço de monta, lança os principiantes e os inexperientes em séria confusão” (VIANA, 1962a, p. 199). Sem pretensões ‘beneméritas’ e assumindo a condição de

‘principiante’ no estudo da polifacetada obra de Abel Viana, reconhece-se que, não raras vezes, nos vimos enleados na ausência de respostas ou nas (não menos frustrantes) contradições entre os dados disponíveis, bem como nas dificuldades de identificação, localização e gestão de um vasto espólio. À margem de tais condicionalismos, pretendeu-se proceder à recuperação e atualização do conjunto da informação relativa às designadas «necrópoles céltico-romanas elvenses», reunindo-a num corpus que, se espera, possa constituir um contributo para o estudo do mundo funerário romano no atual território Norte Alentejano e o ponto de partida para nova e mais aturada investigação sobre esta temática.

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O Mundo Funerário Romano No Nordeste Alentejano (Portugal)

I.

ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO I.1. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA

Os 22 arqueossítios que nos propomos analisar encontram-se distribuídos, de Norte para Sul, pelo território dos atuais concelhos de Arronches, Monforte, Campo Maior e Elvas, no distrito de Portalegre; e dos atuais concelhos de Vila Viçosa e Alandroal, no distrito de Évora. É na área do distrito de Portalegre que se concentra a maioria (17) destes espaços funerários: Herdade das Carninhas (Assunção, Arronches; CMP 385), Nossa Senhora do Carmo (Assunção, Arronches; CMP 385), A-do-Rico (Nossa Senhora da Graça dos Degolados, Campo Maior; CMP 386), Eira do Peral (Santo Aleixo, Monforte; CMP 398), Herdade de Fontalva (Santa Eulália, Elvas; CMP 399), Chaminé (Barbacena e Vila Fernando, Elvas; CMP 413), Serrones (Barbacena e Vila Fernando, Elvas; CMP 413), Alcarapinha (Barbacena e Vila Fernando, Elvas; CMP 413), Horta da Serra (São Brás e São Lourenço, Elvas; CMP 413), Torre das Arcas (São Brás e São Lourenço, Elvas; CMP 413), Horta das Pinas (São Vicente e Ventosa, Elvas; CMP 414), Terrugem (Terrugem e Vila Boim, Elvas; CMP 427), Herdade da Camugem (Terrugem e Vila Boim, Elvas; CMP 427), Olival da Silveirinha (Terrugem e Vila Boim, Elvas; CMP 427), Herdade do Padrão (Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso, Elvas; CMP 427), Monte da Ovelheira (Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso, Elvas; CMP 428), e São Rafael (Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso, Elvas; CMP 428). Na área do atual distrito de Évora, contamos com os arqueossítios da Herdade de Padrãozinho (Ciladas, Vila Viçosa; CMP 427), anta do Carvão (Ciladas, Vila Viçosa; CMP 427), Herdade dos Queimados (Ciladas, Vila Viçosa; CMP 427), Cardeira (União das freguesias de Alandroal, São Brás dos Matos e Juromenha, Alandroal; CMP 441), e Juromenha (União das freguesias de Alandroal, São Brás dos Matos e Juromenha, Alandroal; CMP 441).1

Da análise da distribuição geográfica da nossa amostra de sítios ressalta, desde logo, a função polarizadora que Vila Fernando desempenhou como base logística para a atividade arqueológica desenvolvida por A. Dias de Deus e A. Luís Agostinho. A distribuição dos espaços funerários de cronologia romana e/ou tardo-antiga identificados é ilustrativa disso mesmo, sendo possível delimitar para estas ‘pesquisas’ um raio de acção de aproximadamente 20 km, equivalente a uma área não

1 A localização e descrição da implantação topográfica de cada um dos arqueossítios listados é apresentada, em detalhe,

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superior a 1400 km2.2 Neste perímetro, destaca-se, por ocupar a posição mais setentrional, a necrópole da Herdade das Carninhas, a cerca de 2 km para sul da vila de Arronches. Por sua vez, o arqueossítio da Eira do Peral, a aproximadamente 10 km a sul da vila de Monforte, assinala o limite oeste do território explorado, e o Monte da Ovelheira o limite leste, a cerca de 3, 6 km para SE da cidade de Elvas. O espaço funerário de época romana identificado mais a sul corresponde à estação arqueológica explorada no sítio da escola primária de Juromenha, prolongando-se assim a área de atuação dos ‘pesquisadores’ até à zona setentrional do concelho do Alandroal.

Deste modo, se, por um lado, a amostra de sítios em estudo abrange parte do designado «Nordeste Alentejano», conforme definido por Frade & Caetano – “Por Nordeste Alentejano entenda-se a área do

Alto Alentejo que, correspondendo maioritariamente ao distrito de Portalegre, é limitada pelo Rio Tejo, a Norte; pelos Rios Sever, Xévora e pelas Serra de São Mamede, a Leste; pela Serra de Ossa, a Sul; e, a oeste, pela linha de elevações que vai do Gavião a Ponte de Sor e que, continuadas pelo Vale do Rio Sor, parecem separar geograficamente esta zona das planícies ribatejanas” (1993, p. 847); por

outro, ao estender-se ao território dos atuais concelhos de Vila Viçosa e Alandroal, integra também parte da denominada região do «Alentejo Central», correspondente ao território do distrito de Évora (CALADO, BARRADAS & MATALOTO, 1999, p. 18; ROCHA, 2009/2010, pp. 46 e 49). Neste sentido, e no que respeita ao enquadramento sub-regional da área definida pelo conjunto das 22 necrópoles, considera-se fundamental ter em linha de conta dois aspectos: em primeiro lugar, o facto da mancha de arqueossítios em análise não ultrapassar a Serra de Ossa, definida como limite-sul da região do Nordeste Alentejano, de acordo com a proposta dos autores citados (FRADE & CAETANO, 1993, p. 847); e, em segundo lugar, o “princípio da solidariedade das regiões contíguas” (RIBEIRO, 1987, p. 73), já evocado noutra ocasião (ROLO, 2010, I, p. 25). Em relação ao primeiro, encara-se a Serra de Ossa como “um limite natural, homogéneo e definidor: (...), que bloqueia as fronteiras administrativas

de Borba, Vila Viçosa e Estremoz e as separa do sul do distrito onde estão colocadas”, e que “funciona assim como a fronteira natural, definindo o que é o Alto Alentejo e a separação face ao território de Évora e à peneplanície do Alentejo Central“ (CARNEIRO, 2014, I, p. 22). Em relação ao segundo

aspecto, abstraindo-nos da rigidez e artificialidade dos conceitos geográficos e das designações de âmbito administrativo, e atendendo ao “ar de família” (RIBEIRO, 1987, p. 73) da nossa amostra no que

2 Os valores apresentados servem apenas de referência para o quadro das «necrópoles céltico-romanas» exploradas.

Tanto quanto nos foi possível apurar, o raio de ação dos ‘pesquisadores’ de Vila Fernando extrapolou a área em análise, estendendo-se pelo atual território de 10 concelhos, seis dos quais no distrito de Portalegre e os restantes no distrito de Évora. A propósito ver Subcapítulo II.2.1.

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respeita à natureza das evidências arqueológicas em análise e às práticas e concepções socioculturais subjacentes (FRADE & CAETANO, 1993), parece-nos fazer sentido o enquadramento da área em estudo no denominado «Nordeste Alentejano». Em rigor, assume-se que o território em causa integra o termo sul do Nordeste Alentejano, ou, se preferirmos, do designado Alto Alentejo (“constituído pelo

distrito de Portalegre e norte de Évora” – RIBEIRO, 1929, p. 6), concebido como o termo de Elvas e

região limítrofe, não ultrapassando, para Norte, a metade inferior do território do atual concelho de Arronches, e, para Sul, a metade superior da área do atual concelho do Alandroal.3 Cientes do “absurdo que constitui a actual investigação arqueológica continuar a pautar-se por critérios

circunscritos às fronteiras nacionais (se não mesmo aos contornos concelhios, por razões de ordem pragmática), quando na Antiguidade os territórios de referência tinham outras dimensões, limites e fronteiras” (FABIÃO, 1998, I, p. 32), assumimos que, ‘por razões de ordem pragmática’, se optou por

centrar o nosso estudo no território abrangido pelos 22 arqueossítios, ou melhor, na cartografia das necrópoles identificadas e dadas a conhecer no decurso das ‘pesquisas’ de A. Dias de Deus e Abel Viana. Assim, no presente caso, à “artificialidade anacrónica das delimitações municipais” (CARNEIRO, 2014, I, p. 21) acrescenta-se a da área definida pelo conjunto de arqueossítios em análise (ALMEIDA, 2000, pp. 57 e 59). Trata-se de uma parcela circunscrita do território alto alentejano, definida por critérios de ordem funcional, isto é, de um quadro conjuntural em que se conciliaram, por um lado, o interesse e disponibilidade de recursos por parte de funcionários da Colónia de Vila Fernando para levar a cabo ‘pesquisas arqueológicas’, e, por outro, a ocorrência de numerosos achados no decurso da “tractorização da agricultura” (CARNEIRO, 2014, II, p. 174), impulsionada na região a partir de meados do segundo quartel do séc. XX. A notória concentração dos espaços funerários explorados no atual perímetro concelhio de Elvas e a identificação de um horizonte cultural genericamente comum terão justificado a denominação de «necrópoles céltico-romanas elvenses», atribuída pelos próprios ‘pesquisadores’ (VIANA & DEUS, 1950a).

I.2. CONTEXTO GEOMORFOLÓGICO E RECURSOS NATURAIS

3 Ao longo do presente trabalho adopta-se o uso da designação «Nordeste Alentejano», apesar de estarmos conscientes

de que esta não se afigura consensual. Não obstante, tendo em conta o âmbito geográfico da nossa amostra, e atendendo a que a designação em causa se trata de um termo amplamente utilizado nos estudos de Geologia e de que se conta também, pelo menos no âmbito das Ciências Naturais, com o termo «Noroeste Alentejano», considerou-se pertinente a sua aplicabilidade. Por sua vez, o conceito de Alto Alentejo, igualmente utilizado, pareceu-nos preferível ao de Norte Alentejano, como “expressão neutra que elimina o facto de “Norte Alentejo” se encontrar vinculado ao distrito de Portalegre” (CARNEIRO, 2014, I, p. 22).

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Assumindo a ideia de que “the place and the people are conceptually fused. The society derives

meaning from place, the place is defined in terms of social relationships, and the individuals in the society are not alienated from the land” (SACK, 1980, p. 177, apud VALERA, 2000, p. 115), procede-se

a uma breve caracterização dos recursos naturais e geomorfologia do território em análise.

A área geográfica a que se reporta a nossa amostra de estudo integra o designado Maciço Ibérico e, em particular, a zona paleogeográfica e tectónica de Ossa-Morena. Ocupa a região do interflúvio que separa o rio Tejo do rio Guadiana, e caracteriza-se por uma paisagem diversificada, “onde formas

suavemente abauladas são dominadas por colinas e serras circunscritas, geralmente alinhadas de NW para SE” (RIBEIRO, LAUTENSACH & DAVEAU, 1995, pp. 217-218). Em moldes gerais, trata-se de

uma orografia de ondulado suave, intercalado por plataformas de ampla visibilidade, onde ressalta uma paisagem de povoamento disperso, dominada pelo montado de azinho e sobro, por extensas áreas de olival e vinha, e por manchas de policultivo e de vegetação arbustiva. Esta última, hoje em dia progressivamente mais reduzida em função da “”domesticação” do montado”, terá funcionado, durante a Antiguidade e Tardo-Antiguidade, como importante reserva cinegética (ALMEIDA, 2000, pp. 61-62). A associação entre o montado e as culturas de regadio garante a esta região um elevado grau de biodiversidade (vegetal e animal) (BRITO, 2000, p. 38) e uma paisagem distintiva no seio do território alentejano. Em termos geológicos e petrográficos, trata-se de uma região complexa e heterogénea, composta na sua maior parte por formações precâmbricas e câmbricas, marcadas pela presença de rochas eruptivas, designadamente graníticas e hiperalcalinas (GONÇALVES, 1970b, p. 7; GONÇALVES, 1971, p. 7). Apesar da diversidade geológica, sobressai a representatividade da série granítica (na faixa de contacto com a zona Centro-Ibérica, a nordeste da área em estudo, e nas manchas de granitos intrusivos que moldam a paisagem para sudeste) e das rochas carbonatadas, em particular os mármores calcíticos que, pela sua elevada qualidade, constituem um dos principais recursos naturais e de exploração económica da região alto alentejana. Entre as formações geológicas mais relevantes do termo sul do nordeste alentejano, destacamos a série Câmbrica de Elvas, bem documentada entre o território desta cidade e Alter do Chão (GONÇALVES, 1970b, p. 21). Integra o chamado sinclinal de Zafra-Llerena e é formada, ao nível da base, por depósitos terciários (particularmente representados nas áreas a leste de Elvas e do Monte do Carvão, e para noroeste, entre Vaiamonte e Alter do Chão), aos quais se sucedem a série carbonatada (presença de manchas de calcários cristalinos em São Braz e a norte de Elvas, bem como na zona a oeste de Vila Boim e a nordeste de Vila Fernando, onde, para além dos calcários cristalinos, se regista a ocorrência de quartzitos micáceos), os «xistos de Vila Boim» e os «xistos da Terrugem» (GONÇALVES, 1970b, pp.

Referências

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