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Contextos político e educacional no Campus Natal – Central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte: da ETFRN ao IFRN, passando pelo CEFET/RN

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO. HUGO MANSO JÚNIOR. CONTEXTOS POLÍTICO E EDUCACIONAL NO CAMPUS NATAL – CENTRAL DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE: DA ETFRN AO IFRN, PASSANDO PELO CEFET/RN. NATAL/RN 2017.

(2) HUGO MANSO JÚNIOR. CONTEXTOS POLÍTICO E EDUCACIONAL NO CAMPUS NATAL – CENTRAL DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE: DA ETFRN AO IFRN, PASSANDO PELO CEFET/RN. Dissertação de Mestrado apresentada à Comissão Examinadora do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito à obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Moisés Domingos Sobrinho.. NATAL/RN 2017.

(3) Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA Manso Júnior, Hugo. Contextos político e educacional no Campus Natal – Central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte: da ETFRN ao IFRN, passando pelo CEFET/RN / Hugo Manso Júnior. - Natal, 2017. 110f. : il. Orientador: Prof. Dr. Moisés Domingos Sobrinho. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Educação. Programa de Pós-graduação em Educação. 1. Educação – Dissertação. 2. Educação Profissional - Dissertação. 3. Institutos Federais – Dissertação. 4. Contexto Político – Dissertação. 5. Contexto Educacional – Dissertação. I. Domingos Sobrinho, Moisés. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título RN/BS/CCSA. CDU 377.

(4) CONTEXTOS POLÍTICO E EDUCACIONAL NO CAMPUS NATAL – CENTRAL DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE: DA ETFRN AO IFRN, PASSANDO PELO CEFET/RN. Dissertação aprovada por todos os membros da Comissão Examinadora como requisito parcial à obtenção do título de Mestre no Programa de PósGraduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.. Aprovada em: _______ de _______________ de 2017. ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Moisés Domingos Sobrinho (Orientador) Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEd. __________________________________________________________________________ Prof. Dr. Adir Luiz Ferreira Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEd. ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. José Moisés Nunes da Silva (Externo) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio G. do Norte. “[...] o que se trata de ensinar é, essencialmente, um modus operandi,.

(5) um modo de produção científico que supõe um modo de percepção, um conjunto de princípios de visão e de divisão, a única maneira de o adquirir é a de ver operar praticamente ou de observar o modo como este habitus científico – é bem esse o seu nome –, sem necessariamente se tornar explicito em preceitos formais, “reage” perante opções práticas - um tipo de amostragem, um questionário, etc.”. Pierre Bourdieu (2003, p. 21 e 22). Figura 1 - Campus Natal Central do IFRN em 2017. Fonte: Arquivo IFRN (foto Bruno Gomes).

(6) DEDICATÓRIA. À Teresa Freire, minha querida incentivadora..

(7) AGRADECIMENTOS. A todas e todos que fazem o Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em particular com os quais tive oportunidade de conviver nesse período de trabalho e em outros momentos, ao logo de nossas existências. Ao amigo e orientador Professor Dr. Moisés Domingos Sobrinho, destacado militante e pesquisador da educação brasileira, profissional dedicado, experiente e sensível. Aos que me incentivaram para chegar a essa conclusão de trabalho, em especial minha família e amigos. Agradeço aos colegas e estudantes do IFRN especialmente a Professora Dra. Graça Baracho, Professores Mestres Eduardo Janser e José Arnóbio, aos estudantes da disciplina Gestão Organizacional 2017.1 com os quais dividi os momentos finais desse trabalho, bem como a Vitor Pimentel, Lia Araújo e Shirley Carvalho pelas observações e apoios. A professora Dra. Marta Pernambuco coordenadora e ao Mst. Milton Câmara secretário do PPGEd pela dedicação e acolhida responsável. A professora Dra. Marta Araújo e ao Professor Dr. Marciano Furukava pelas observações e incentivos. Aos Professores Drs. José Moises e Adir Ferreira pelas críticas, observações e sugestões quando da apresentação do trabalho em 03 de Agosto de 2017. Aos pensadores e formuladores educacionais que tive oportunidade de conhecer, conviver, lê e ouvir. Como é importante a contribuição de cada um deles e cada uma delas. Vivemos tempos difíceis. Somente muita luta e organização popular para vencer o ódio, garantir o espaço do povo no orçamento público e resistir ao que faz mal e minimiza a educação. Agradeço a todos e todas parceiros dessa resistência e em especial a você que nesse momento para um pouco e lê essa dissertação..

(8) RESUMO O presente trabalho é produto de uma pesquisa bibliográfica e de análise documental que teve por objetivo principal analisar os contextos político e educacional no Campus Natal – Central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (CNat–IFRN), quando da publicação da Lei n° 11.892 de 29 de dezembro de 2008. Tomando a fase final da ditadura militar e a transição à democracia como referência inicial, o texto percorre três institucionalidades, da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN) ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), passando pelo Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET–RN). Como objetivos específicos o trabalho procurou fazer um breve resgate histórico da educação profissional no Brasil; analisar os antecedentes à criação dos Institutos Federais e avaliar seus impactos no CNat-IFRN. Discute-se o contexto político do período em que são criados os Institutos Federais e suas permanentes disputas pelos rumos do país, que se refletem na política educacional permeada por descontinuidades em sua orientação e legislação. Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, o novo governo (2003-2010) manteve-se num equilíbrio instável entre as políticas neoliberais, instaladas no Brasil na década de 1990 e os seus compromissos históricos, em especial desde a fundação (1980) e a formulação do programa democrático e popular do Partido dos Trabalhadores em 1987. Percorridos os objetivos do trabalho, pode-se afirmar que a conjuntura que envolve a transição da ETFRN para o IFRN, é pautada por crises e disputas políticas. Crise do modelo neoliberal de dominação econômica e ideológica no plano internacional e de profundas disputas políticas no país. Os resultados apontam que, apesar da positividade da expansão da Rede Federal, a partir de 2003, não se produziu uma nova institucionalidade que viesse a alterar a dualidade estrutural entre a educação propedêutica e a educação profissional no país, cabendo o desafio ao CNat-IFRN de aprofundar sua formação profissional, em vários níveis, em diálogo mais permanente com a rede estadual de ensino médio do Rio Grande do Norte. Palavras Chave: Educação Profissional. Institutos Federais. Campus Natal– Central do IFRN. Contextos Político e Educacional..

(9) ABSTRACT The present work is the product of a bibliographical research and documentary analysis that had as main objective to analyze the political and educational contexts in the Campus Natal - Central of the Federal Institute of Education, Science and Technology of Rio Grande do Norte (CNat-IFRN), when of the publication of Law No. 11,892 of December 29, 2008. Taking the final phase of the military dictatorship and the transition to democracy as an initial reference, the text goes through three institutions, from the Federal Technical School of Rio Grande do Norte (ETFRN) to Federal Institute of Education, Science and Technology of Rio Grande do Norte (IFRN), through the Federal Center for Technological Education (CEFET-RN). As specific objectives the work sought to make a brief historical rescue of the professional education in Brazil; analyze the background to the creation of the Federal Institutes and evaluate their impacts on CNat-IFRN. It discusses the political context of the period in which the Federal Institutes are created and their constant disputes over the country's directions, which are reflected in educational policy permeated by discontinuities in its orientation and legislation. With the victory of Luiz Inácio Lula da Silva, the new government (2003-2010) remained in an unstable balance between the neoliberal policies established in Brazil in the 1990s and its historical commitments, especially since the foundation (1980) and the formulation of the democratic and popular program of the Workers' Party in 1987. Once the objectives of the work have been fulfilled, it can be said that the conjuncture that involves the transition from ETFRN to the IFRN is marked by crises and political disputes. Crisis of the neoliberal model of economic and ideological domination at the international level and of deep political disputes in the country. The results indicate that, despite the positivity of the expansion of the Federal Network, as of 2003, there was no new institutionality that would alter the structural duality between propaedeutic education and professional education in the country, with the challenge of CNat-IFRN deepen their professional training, at various levels, in a more permanent dialogue with the state high school network of Rio Grande do Norte. Keywords: Professional Education. Federal Institutes. IFRN's Natal-Central Campus. Political and Educational Contexts..

(10) SUMÁRIO. INTRODUÇÃO. 1. 10. UM OLHAR SOBRE OS CONTEXTOS POLÍTICO E EDUCACIONAL. QUE ANTECEDERAM A NOVA INSTITUCIONALIDADE DE 2008. 18. 1.1. A Educação Profissional no Brasil. 21. 1.2. Ditadura, Redemocratização e a Legislação Educacional. 29. 1.3. O Programa Democrático e Popular. 38. 1.4. O Neoliberalismo e o Novo Governo. 42. 2. A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA. NO RIO GRANDE DO NORTE. 2.1. 60. Aspectos históricos e contextualização da educação profissional no estado. 63. 2.2. Profissionalização do Ensino Médio no contexto local. 67. 2.3. O Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do. 2.4. Rio Grande do Norte – IFRN. 73. O Campus Natal – Central do IFRN. 81. CONSIDERAÇÕES FINAIS. 89. REFERÊNCIAS. 94. APÊNDICES. 101.

(11) 10. INTRODUÇÃO. As duas décadas que antecederam as eleições presidenciais de 2002 no Brasil, são caracterizadas pelas disputas de rumos e projetos de nação. Ainda na ditadura militar, as eleições que aconteceram, se deram sob absoluto controle e monitoramento dos militares golpistas e seus aliados. Na perspectiva. de. uma. abertura. política lenta,. gradual. bipartidarismo entre a Aliança Renovadora Nacional. e. segura,. o. (ARENA) e. o. Movimento Democrático Brasileiro (MDB), foi sucedido com a reforma partidária de 1981 por um novo regime político onde cinco (05) partidos conseguiram a legalização1. Lentamente, a democracia brasileira passa a conviver com um regime pluripartidário, com frequentes surgimentos e mudanças de siglas e nomenclaturas partidárias. A democracia tem como fundamento a competição política, que supõe, como condição essencial, sistemas políticos competitivos, com partidos políticos organizados e na qual as eleições são fundamentais como fonte de legitimação. No entanto, no diagnóstico de muitos autores, a democracia está em crise, assim como os partidos políticos: historicamente considerados fundamentais para o funcionamento e manutenção das democracias representativas o que se observa é o declínio da importância dos partidos nas democracias contemporâneas. (COSTA, 2015, p.1-2).. Essa crise de identidade partidária não se restringe ao Brasil, embora seja, aqui, muito forte e simbólica. Após a ditadura militar e a transição conservadora e neoliberal, as forças partidárias com origem nos movimentos democráticos e populares2, que haviam disputado todas as eleições Partido Democrático Social (PDS); Partido Democrático Trabalhista (PDT); Partido Trabalhista Brasileiro (PTB); Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e Partido dos Trabalhadores (PT). 1. Partido dos Trabalhadores (PT); Partido Comunista do Brasil (PCdoB); Partido Comunista Brasileiro (PCB) em aliança com Partido Liberal (PL) e Partido da Mobilização Nacional (PMN). O Partido Socialista Brasileiro (PSB), o Partido Democrático Trabalhista (PDT), o Partido Verde (PV) e setores populares do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) apoiaram a coligação no 2° turno. Esteve fora da coligação o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU).. 2.

(12) 11. ocorridas no país desde 1982, vencem as eleições presidenciais em aliança com setores do empresariado brasileiro, representados na chapa eleita pelo Vice Presidente José Alencar Gomes da Silva, do Partido Liberal (PL). Com a vitória e a posse do novo governo, o ambiente neoliberal que instalou-se no país no década de 1990 passa a ter um questionamento mais qualificado, menos sindical e mais amplo socialmente. De forma bastante intensa, surgem propostas de mudanças sociais, através do fortalecimento das estruturas de governo e da construção de políticas públicas em diversas áreas. Essas propostas são reforçadas pelas resoluções das conferências setoriais, por setores partidários mais à esquerda que a direção do Partido dos Trabalhadores (PT), pelos movimentos sociais - em especial os movimentos dos trabalhadores sem terra e agricultores familiares - que visualizam uma perspectiva de superação deste ambiente neoliberal no país. Entretanto o novo governo foi constituído por um amplo ministério dividido pragmaticamente entre os aliados ideológicos e programáticos e os novos parceiros que representavam as forças oligárquicas e conservadoras presentes no Congresso Nacional. Esse modelo de governabilidade repete a mesma lógica de sustentação parlamentar adotada pelos governos conservadores de presidencialismo de coalizão no Brasil, rompida apenas nos períodos ditatoriais do Estado Novo e do Regime Militar. A nova legislação para a educação profissional, científica e tecnológica no país e a criação dos Institutos Federais, proposta em abril de 2007 e aprovada em dezembro de 2008, está envolvida num cenário de disputas internas ao próprio governo e num cenário internacional de crise econômica do modelo neoliberal. As incertezas macroeconômicas e o fim de uma hegemonia longa, de cerca de trinta anos, do neoliberalismo em escala internacional, dão a essa formulação de Institutos Federais uma caracterização de aposta no desenvolvimentismo. Se não de todo o governo, essa aposta parte de um.

(13) 12. setor do governo mais à esquerda no sentido do fortalecimento de políticas públicas que enfrentem a crise neoliberal com investimentos públicos e dinamização da econômica local e regional. O suporte político dessas iniciativas é a reeleição do presidente Lula da Silva em 2006. Mesmo após um conjunto de denúncias de corrupção, renúncia do chefe da casa civil, José Dirceu de Oliveira e Silva, e sua posterior cassação como deputado federal em dezembro de 2005, a reeleição possibilitou um fortalecimento político poucas vezes atingido por um presidente eleito no Brasil. Assim, o segundo mandato presidencial permite a consolidação de um conjunto de iniciativas, entre as quais destaca-se a expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Ao tomar o final da ditadura militar e a transição à democracia como referência para o desenvolvimento desta pesquisa, buscou-se compreender até que ponto as mudanças políticas e sociais influenciaram a construção da nova institucionalidade dos Institutos. Definiu-se, então, como objetivo principal analisar os contextos político e educacional de criação do Campus Natal – Central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (CNat-IFRN), instituição fundada em decorrência da publicação da Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. No período analisado ocorreu a transformação da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN) em IFRN3, passando antes pelo Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET-RN). Em diálogo com autores que tratam dos temas da educação e do trabalho, a pesquisa desenvolveu um breve resgate histórico da educação profissional no Brasil, tendo em vista pôr em evidência os antecedentes políticos e educacionais à Lei n° 11.982/2008 e avaliar os impactos mais. O atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte denominou-se Escola de Aprendizes e Artífices de Natal (1909-1937), Liceu Industrial do Rio Grande do Norte (1937-1942), Escola Industrial de Natal (1942-1965), Escola Industrial Federal do Rio Grande do Norte (1965-1968), Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (1968-1999) e Centro Federal de Educação Tecnológica (1999-2008).. 3.

(14) 13. relevantes dessa mudança no Campus Natal Central (CNat) tomando-se como referência a história da instituição, as alterações nas legislações da educação no período e os dados estatísticos da instituição, em particular no Campus Natal Central. Estes formam os objetivos específicos que guiaram a construção do nosso caminhar. Para ressaltar o impacto da expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica durante os governos Lula da Silva, podese destacar que entre 1909 e 2002 foram construídas 140 escolas técnicas no país. Já entre 2003 e 2006, na 1ª fase da expansão, 244 unidades foram construídas em todo país. No Rio Grande do Norte, nesse mesmo período, ainda durante a existência do CEFET–RN, foram construídos os campus de Ipanguaçu, Currais Novos e Zona Norte de Natal4. A criação dos Institutos, em 2008, por sua vez, possibilitaram a constituição de uma nova institucionalidade na Rede Federal e o prosseguimento da expansão, como diz Pacheco (2011). Os Institutos Federais ressaltam a valorização da educação e das instituições públicas, aspectos das atuais políticas assumidos como fundamentais para a construção de uma nação soberana e democrática, o que, por sua vez, pressupõe o combate às desigualdades estruturais de toda ordem. É, pois, para além da estrutura institucional estatal e dos processos de financiamento e gestão de caráter técnico administrativo, principalmente na dimensão política, no campo dos processos decisórios, na intermediação dos interesses de diferentes grupos utilizando- se de critérios de justiça social em virtude de sua função social, que esses institutos afirmam a educação profissional e tecnológica como política pública. (PACHECO, 2011, p. 18). A. expansão. da. Rede. Federal. como. política. pública,. foi. implementada com força e agilidade em todo território nacional e representou uma aposta no sentido de uma virada de rumos na política O Centro de Tecnologias em Agronegócios do Vale do Assu (CETANVALE), gerenciado pelo então CEFET-RN, foi contemplado pelo Ministério da Educação (MEC) com a instalação da Unidade de Ensino de Ipanguaçu em 2006, mesmo ano em que o governo do Estado repassou para o CEFET- RN o Centro de Tecnologias do Queijo (CTQueijo) em Currais Novos. Em 2007 é inaugurada a Unidade Descentralizada de Ensino da Zona Norte de Natal, todos na 1ª fase de expansão da Rede Federal. 4.

(15) 14. educacional brasileira. Necessário afirmar que tal aposta restringiu-se a uma política. setorizada,. no. caso. a. educação. profissional,. científica. e. tecnológica, que tem muitos méritos, mas também limites, que analisadas em conjunto com as políticas públicas para o ensino superior, demonstra a busca do Ministério da Educação em apresentar uma reestruturação, embora parcial, na política educacional do país. Figura 2 – Mapa da expansão da Rede Federal até 2010. Fonte: Brasil ([2010], p. 6).. No Rio Grande do Norte, a expansão da Rede Federal apresenta um impacto maior que a média nacional. Estado periférico no cenário político e econômico do país, a expansão da Rede de Educação Profissional, Cientifica e Tecnológica gerou no estado, um enraizamento social e pedagógico da nova instituição que pode ser observado a partir da excelente qualidade das instalações físicas e distribuição geográfica de seus campus (fig.9, p.79), que aliada a presença de Instituições de Ensino Superior.

(16) 15. nos mesmo territórios permite a abertura de um diálogo institucional efetivo com a educação pública e privada do ensino médio por um lado e com a educação superior por outro. Contudo, essas políticas mostram-se insuficientes à luz das demandas do país. A nova institucionalidade de 2008 poderia ter apresentado uma formulação mais ampla de Sistema Nacional do Ensino Médio articulando a Rede Federal com as Escolas Estaduais de Ensino Médio, ampliando-se a ação da Rede Federal, mesmo que de forma paulatina e gradual. A ausência de medidas audaciosas e criativas, presentes no programa de governo de 2002 levam o novo governo a repetição de erros e manutenção. de. privilégios. de. classe. que. não. possibilitaram. o. aprofundamento da contradição das “escolas do dizer” e das “escolas do fazer” que segundo Nosella (1998), representam as divisões estruturais da educação no modo de produção capitalista. Esse é um dos limites objetivos da aposta do Ministério da Educação quando da expansão da Rede Federal e da concepção da nova legislação de 2008. Outros limites situam-se na fragilidade da expansão em algumas unidades da federação e no pequeno impacto da expansão nos grandes centros metropolitanos do país. Diante esses limites, mantem-se a dualidade estrutural entre a educação propedêutica e profissionalizante no nível do ensino médio no país. O objetivo dos Institutos Federais de formar um cidadão, seja ele técnico, filósofo ou escritor segundo Pacheco (2011), significa superar o preconceito de classe e afirmar que um trabalhador possa ser um intelectual, um artista. Que as “novas formas de inserção no mundo do trabalho e novas formas de organização produtiva como a economia solidária e o cooperativismo devem ser objeto de estudo” (PACHECO, 2011, p. 11). Contudo essa perspectiva, num governo democrático e popular ou mesmo num governo “Para Todos” que proponha crescimento, emprego e inclusão social, não pode ficar restrita a uma Rede Federal. O dialogo efetivo e estruturado entre a Rede Federal e a juventude brasileira passaria pela.

(17) 16. articulação institucional com as redes estaduais e privada de ensino médio, ausente na perspectiva da Lei nº 11.892/2008 que buscaremos pautar nas considerações finais desse trabalho. Quanto a estrutura de exposição dos resultados da pesquisa, apresentaremos no primeiro capítulo, nosso olhar sobre os contextos político e educacional que antecederam a nova institucionalidade de 2008 e alguns aspectos da evolução da educação profissional no Brasil, destacando períodos e as formulações políticas da esquerda e dos grupos vinculados ao liberalismo. Nessa parte do texto é feita uma breve reconstituição da trajetória. da. Rede. Federal. de. Educação. Profissional,. Cientifica. e. Tecnológica5, desde a constituição das Escolas de Aprendizes e Artífices (1909), passando pelas políticas do estado novo, da ditadura militar até avaliar os efeitos das políticas neoliberais da década de 1990. Como contraponto programático e ideológico às políticas neoliberais no Brasil, o Programa Democrático e Popular elaborado pelo 5° Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) é analisado como elemento mobilizador de uma ampla militância partidária, sindical e popular na transição da ditadura militar para o regime democrático, durante a elaboração da Constituição de 1988 e nos processos seguintes de disputas eleitorais de 1989 até 2002. O segundo capítulo apresenta aspectos históricos da educação profissional no estado do Rio Grande do Norte, expondo os caminhos metodológicos, os quais se basearam na revisão bibliográfica e na análise documental, tendo como temática central do estudo os contextos político e educacional no Brasil que produziram o novo governo e a nova institucionalidade. Essa compreensão é delimitada pelo final da ditadura militar e o governo Lula da Silva com seus objetivos geral e específicos A história da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica começou em 1909, quando o Presidente da República Nilo Peçanha, criou 19 escolas de Aprendizes e Artífices. Em 29 de dezembro de 2008, 31 Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs), 75 Unidades Descentralizadas de Ensino (UNEDs), 39 Escolas Agrotécnicas, 7 Escolas Técnicas Federais e 8 Escolas vinculadas a Universidades deixaram de existir e formaram os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. 5.

(18) 17. assinalados. Discute-se a educação profissional, científica e tecnológica no estado a partir de uma leitura da importância da profissionalização do ensino médio e seu diálogo com a economia e as perspectivas de empregabilidade para a juventude. É feito um resgate das iniciativas em instituições públicas e privadas com ênfase na história do IFRN em seus mais de 100 anos, focando o Campus Natal-Central como a “Escola”, referência a uma institucionalidade anterior, da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN). Por fim são apresentadas considerações finais onde se tecem comentários sobre dados da expansão da Rede Federal que chega a atingir 644 unidades de ensino profissionalizante, instaladas em 568 municípios em todos os estados do país. Faz-se ainda uma reflexão acerca do quadro político e educacional do país, diante o golpe parlamentar de 2016 e os consequentes impasses orçamentários e de disputa de modelos em curso. Caracteriza-se o atual momento da Rede Federal como de uma “escola em disputa”, não apenas a “escola” como referenciada no texto, o CNat do IFRN, mas nesse caso o que está em disputa são os rumos e o futuro de toda a Rede Federal. [...] O golpe de Estado militar de abril de 1964 foi uma tragédia que mergulhou o Brasil em vinte anos de ditadura militar, com centenas de mortos e milhares de torturados. O golpe de Estado parlamentar de maio de 2016 é uma farsa, um caso tragicómico, em que se vê uma cambada de parlamentares reacionários e notoriamente corruptos derrubar uma presidente democraticamente eleita por 54 milhões de brasileiros, em nome de “irregularidades” contabilísticas. (LÖWY, 2016, p. 65).. A exposição encerra-se relacionando as referências utilizadas e apresentando dois (02) apêndices, entre eles uma linha cronológica da trajetória da educação profissional no Brasil..

(19) 18. 1 UM OLHAR SOBRE OS CONTEXTOS POLÍTICO E EDUCACIONAL QUE ANTECEDERAM A NOVA INSTITUCIONALIDADE DE 2008. As Revoluções Burguesas (1640-1848)6 na Europa, baseadas nas ideias iluministas, afirmaram a liberdade, os direitos do homem, o livre mercado e se opuseram ao absolutismo dando origem a uma nova classe dominante, a burguesia. Na economia, a Revolução Industrial (1760-1830)7 acelera o processo de urbanização e as transformações científicas e tecnológicas fazem a transição dos métodos de produção artesanais para a produção por máquinas e a substituição da madeira pelo carvão mineral. Segundo Hobsbawm (1981), as condições econômicas, sociais, políticas e intelectuais que produziram a dupla revolução, política e econômica, foram suficientemente profundas e estabeleceram um domínio do globo por uns poucos regimes ocidentais que não têm paralelo histórico e modificaram a forma de produzir bens materiais e a forma de pensar e agir de toda humanidade. As palavras são testemunhas que muitas vezes falam mais alto que os documentos. Palavras como "indústria", "industrial", "fábrica", "classe média" ', "classe trabalhadora", "capitalismo" e "socialismo". Ou ainda "aristocracia" e "ferrovia", "liberal" e "conservador" como termos políticos, "nacionalidade", "cientista" e "engenheiro", "proletariado" e "crise" (económica). "Utilitário" e "estatística", "sociologia" e vários outros nomes das ciências modernas, "jornalismo" e "ideologia", todas elas cunhagens ou adaptações deste período. Como também A primeira delas, a Revolução Inglesa (1640-1688) compreende a Revolução Puritana, o Crommonwealth e a Revolução Gloriosa; em seguida ocorrem a Revolução Americana ou Guerra da Independência dos Estados Unidos (1776-1783), a Revolução Francesa (1789) que marca o começo da Era Contemporânea e as Revoluções Liberais (1830-1848) na Europa Ocidental ocorridas na França, Bélgica, Itália, Alemanha e Áustria. 6. A Revolução Industrial caracteriza-se pela substituição do trabalho artesanal, nas guildas, pelo trabalho assalariado e a utilização da energia do vapor como força motriz das máquinas na produção de bens de consumo e da sua própria reprodução, através das máquinas operatrizes.. 7.

(20) 19. "greve" e "pauperismo". Imaginar o mundo moderno sem estas palavras (isto é, sem as coisas e conceitos a que dão nomes) é medir a profundidade da revolução que eclodiu entre 1789 e 1848, e que constitui a maior transformação da história humana desde os tempos remotos quando o homem inventou a agricultura e a metalurgia, a escrita, a cidade e o Estado. Esta revolução transformou, e continua a transformar, o mundo inteiro. (HOBSBAWM, 1981, p. 11). Figura 3 - Modelo de Teares Mecânicos da 1ª Revolução Industrial. Fonte: Portal São Francisco ([2017]). Durante toda a segunda metade do século XVIII e século XIX houve na Europa, um deslocamento de camponeses para as cidades e nelas de trabalhadores das guildas8 para as fábricas. Marcada pelo rápido desenvolvimento cultural, científico e tecnológico, toda economia do planeta é impactada pela nova tecnologia da máquina a vapor e a sociedade pelas ideias que as acompanhavam. A dinâmica capitalista se. As guildas, corporações artesanais ou corporações de ofício, eram associações de artesãos de uma mesma atividade profissional. Tinham finalidade de proteger seus integrantes e ocorreram na Europa, onde cada cidade tinha sua própria corporação. 8.

(21) 20. expande rapidamente da Europa para os Estados Unidos e todo continente americano e em parte da Ásia e da África. No Brasil, essas mudanças começaram a ocorrer, timidamente, a partir da chegada da “família real” em 1808 e da adoção de medidas políticas com repercussão econômica na colônia portuguesa. Em 28 de janeiro de 1808, D. João assina, no senado da câmara em Salvador, a carta régia de abertura dos portos ao comércio de todas as nações amigas. Por decreto, em abril de 1808, passa a ser permitido o livre estabelecimento de fábricas e manufaturas no Brasil e, na educação, ainda em Salvador, é aprovada a criação da primeira escola de medicina do Brasil. Nunca algo semelhante tinha acontecido na história de qualquer outro país europeu. Em tempos de guerra, reis e rainhas haviam sido destronados ou obrigados a se refugiar em territórios alheios, mas nenhum deles tinha ido tão longe a ponto de cruzar um oceano para viver e reinar do outro lado do mundo [...] era, portanto, um acontecimento sem precedentes tanto para os portugueses, que se achavam na condição de órfãos de sua monarquia da noite para o dia, como para os brasileiros, habituados até então a serem tratados como uma simples colônia extrativista de Portugal. (GOMES, 2007, p. 30). Esse acontecimento modifica as relações políticas e econômicas na colônia. As novas necessidades de consumo e de comercialização exigiram novas habilidades e consequentemente a capacitação de pessoas para o trabalho. Durante todo o século XIX no Brasil Colônia, depois Império e República, busca-se a constituição de escolas públicas, sendo o ano de 1827, com a publicação da lei sobre instrução pública, um marco na oferta de aprendizagem das artes e ofícios. Segundo Saviani (1992), com o aparecimento de uma classe que não precisa trabalhar para viver, surge uma educação diferenciada. E é aí que está localizada a origem da escola. Esta educação diferenciada está no centro de todas as disputas em torno das concepções e nas mudanças de modelo, paradigmas e legislações educacionais ao longo da história da.

(22) 21. sociedade capitalista. O capitalismo possibilitou a classe dominante a socialização de crianças e adultos na escola, enquanto a educação geral era o próprio trabalho, aprender fazendo.. Dessa forma a escola não. profissionalizou os futuros trabalhadores em quantidades e com a qualidade necessárias a universalização do trabalho e da produção. Saviani (1992), afirma que após a revolução industrial, o sistema de ensino se bifurcou entre as escolas de formação geral e as escolas profissionalizantes. A sociedade industrial passou a requerer um trabalhador com um mínimo de qualificação ao invés do conhecimento específico e generalista do artesão. Na contradição inerente a evolução do capitalismo, a fábrica moderna passou a necessitar de especialistas em manutenção, pessoas capazes de operar máquinas e equipamentos já desenvolvidos e pessoas capazes de promover modificações e desenvolver novas máquinas e equipamentos. O reflexo destas necessidades na produção ao nível da escola é o surgimento dos cursos profissionalizantes. Refletir essa. bifurcação entre. a escola de. formação geral,. propedêutica e a escola profissionalizante, técnica e tecnológica nos remete ao ato de ensinar metodicamente a todos, homens e mulheres, ricos e pobres, da infância à fase adulta, através de uma educação escolar universal e continuada. Esse pensamento reafirma o sentido de uma educação integral, humanística e profissionalizante com oficinas de humanidade. Originalmente expostas por Comenius (2013), essas ideias são desenvolvidas por pensadores iluministas, socialistas e formuladores de um projeto de educação popular e voltada à libertação dos homens. Esse debate teórico subsidia a compreensão sobre a dualidade estrutural entre a educação profissional e a educação geral, propedêutica que o trabalho se propõe a analisar.. 1.1 A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL.

(23) 22. São indígenas9 e africanos escravizados os primeiros aprendizes de oficio que, segundo Fonseca (1961), habituou a população livre da nova colônia a ver a educação profissional como destinada às camadas exploradas da sociedade. O registro das inúmeras experiências da formação escolar brasileira, como as iniciativas da Companhia de Jesus e uma série de registros de educação para o trabalho, antes e principalmente depois da chegada da família real no Brasil, encontram-se no apêndice A, linha cronológica da trajetória da educação profissional no Brasil. Após um primeiro momento de manufatura baseada no extrativismo mineral e na indústria açucareira, o desenvolvimento tecnológico no Brasil Colônia foi interrompido com a proibição da existência de manufaturas fabris pelo reino português, ameaçado pelos movimentos de independência econômica e suas consequências políticas. O Brasil é o país mais fértil do mundo em frutos e produção da terra. Os seus habitantes têm por meio da cultura, não só tudo quanto lhes é necessário para o sustento da vida, mais ainda artigos importantíssimos, para fazerem, como fazem, um extenso comércio e navegação. Ora, se a estas incontáveis vantagens reunirem as das indústrias e das artes para o vestuário, luxo e outras comodidades, ficarão os mesmos totalmente independentes da metrópole. É, por conseguinte, de absoluta necessidade acabar com todas as fábricas e manufaturas no Brasil. (FONSECA, 1961 apud BRASIL, [2010], p. 1).. D. João, por meio de decreto, cria em 23 de março de 1809 o “Collégio das Fabricas”10 no Rio de Janeiro. Em 1810 é assinado o tratado de cooperação e amizade através de regras de aliança, amizade, comércio e navegação beneficiando especialmente a Grã Bretanha. Esses são passos importantes para o Brasil deixar de ser colônia portuguesa e constituir-se como Reino Unido a Portugal e Algarves. A abertura dos portos no Brasil e o. 9. Necessário afirmar que antes da colonização europeia, toda uma cultura indígena se desenvolveu no território, hoje brasileiro, com suas tradições produtivas e intelectuais que não são objeto de relato nesse trabalho. 10 Parecer nº 16/99-CNE/CEB, citado por Moura (2017)..

(24) 23. tratado de amizade de 1810 são referências na história do liberalismo econômico internacional. Segundo Saviani (2007) a cafeicultura foi a base econômica para o processo de urbanização e industrialização no Brasil, exercendo importante papel na mudança da Monarquia para a República em 1889. Os cafeicultores ascenderam ao poder numa aliança entre os partidos republicanos paulista e mineiro. A política do café-com-leite na República Velha (1889-1930) só pode ser viabilizada com a garantia da autonomia das províncias e das elites locais que asseguravam o apoio de suas bancadas estaduais ao presidente da República. Nesse contexto, as províncias de São Paulo e Minas Gerais utilizavam seu peso econômico e demográfico para controlar as eleições presidenciais, já sendo observado um presidencialismo de coalisão. Necessário registrar que o Brasil não viveu a experiência da Revolução Industrial nos moldes europeus e que sua industrialização tardia ocorre de forma processual e tem, na origem, a dependência tecnológica. A força de trabalho necessária à indústria foi financiada pelo novo capital que migrava das atividades puramente agrícolas para um período préindustrial, que garantiu a compra de máquinas, abastecimentos dos centros urbanos com alimentos manufaturados e eletrodomésticos indispensáveis à reprodução da força de trabalho industrial. O Brasil que entrava para uma fase de capitalismo concorrencial, formando suas. primeiras. indústrias,. vivia um. momento de. grandes. preocupações com o ensino técnico, e “com certeza, isso motivou o governo federal a criar, em quase todos os Estados brasileiros, Escolas de Aprendizes Artífices, com finalidade de preparar o homem para o processo produtivo”. (SILVA, 1991, p.35). Em 23 de Setembro de 1909, o então Presidente Nilo Procópio Peçanha (1909-1910), que sucedeu Augusto Afonso Moreira Pena (19061909), falecido três meses antes, assinou o Decreto nº 7.566 que “Crêa nas Capitaes dos Estados da Republica Escolas de Aprendizes Artífices, para o.

(25) 24. ensino profissional primário e gratuito” (BRASIL, 1909), entre as quais a de Natal. Desde sua origem na sociedade industrial, a educação profissional e a relação entre escola e trabalho é conflituosa, sobrepondo-se objetivos e interesses pedagógicos e empresariais. No Brasil, as Escolas de Aprendizes e Artífices, em sua primeira fase, logo após sua implantação em 1909, tem na evasão escolar o mais grave problema. A maioria dos alunos abandonava o curso no fim da terceira série quando já dominavam os conhecimentos mínimos para trabalhar. A certificação pouco importava diante da perspectiva concreta de trabalho nas fábricas ou nas oficinas. Nosella (1998) relata que a política educacional da Primeira República, até 1930, pretendeu democratizar o ensino primário, tanto que universalizou a ideia de uma rede de ensino primário, público, gratuito e laico. Na virada do século XIX para o século XX havia, no Brasil que se urbanizava com a expansão da cafeicultura e a imigração de japoneses e europeus, rápida modernização da economia. Com a urbanização surge a necessidade de escolas para as camadas populares com objetivo de adestramento social, onde a higiene submeteu a educação escolar aos seus objetivos. Apresentando-a como "ciência integral" ou "ciência da escola", o movimento higienista11 conduziu o médico a condição de artífice da moralização dos colégios e da regeneração da infância e da juventude preparando-os para um Brasil moderno, onde a educação escolar é chamada a assumir um projeto civilizatório. Entretanto, o sistema criado foi insuficiente. Havia escassez de professores e de escolas. Apenas uma parte da população tinha acesso à instrução que servia para acumular capital, controlar o Estado e patrocinar a nação em sua entrada no novo sistema capitalista, já internacionalizado desde a primeira revolução industrial. 11. O “movimento higienista”, foi introduzido no Brasil no século XIX e teve por objetivo central a saúde pública. Esteve na origem do movimento sanitarista e mesmo considerado por muitos como encerrado na década de 1930, manteve-se presente através dos intelectuais da saúde e da educação física..

(26) 25. Parte da população brasileira passou a conviver com valores e modo de vida burguês e liberal. Enquanto isso uma imensa população analfabeta, sem participação política, viveu nos subúrbios, cortiços, favelas e nas pequenas. cidades. vendendo. sua. mão-de-obra. pouco. qualificada,. explorada no sistema de produção e apartada do capital. A função social da escola à época resumiu-se a fornecer os elementos para preparar a elite econômica à preencher os quadros da política e da administração pública. Segundo Fonseca (1961), as cidades crescem. com. a. presença. da. mão-de-. obra. livre,. formando-se. conglomerados de trabalhadores nas vilas operárias de tipo fordistas ou nos cortiços e favelas. O ensino das artes profissionais e dos ofícios passa a difundir-se nas capitais dos estados e cidades historicamente vinculadas ao trabalho, como Olinda, Ouro Preto e Santos. Figura 4 - Escola de Aprendizes e Artífices. Fonte: Brasil ([2009]).. No Rio de Janeiro, o Colégio Pedro II (fundado em 1837), criado para ser referência de ensino, foi protagonista da educação profissionalizante.

(27) 26. integrada por meio das ciências, das artes e da cultura na formação da nação brasileira e devido ao seu peso histórico foi assegurada, pelo artigo 242 da Constituição de 1988, sua permanência na estrutura federal da educação brasileira. Na dinâmica capital paulista, nas missões gaúchas e nas colônias de imigrantes outros modelos e modalidades de ensino foram praticadas. Contudo, esse ensino não era universal, nem presente em escolas formais, mas voltado aos órfãos pobres encaminhados para arsenais de marinha ou para o tiro de guerra no exército, mantendo-se o aspecto assistencial e de ordem moralista na educação profissional. [...] observa-se que nos primeiros momentos da história do ensino profissional no Brasil, a oferta desta modalidade de ensino se dá sob a ideologia assistencialista baseada, ora na ética cristã, ora na filosofia positivista - os ricos devem favorecer e, ou, proteger os pobres, uma vez que as desigualdades sociais são dadas naturalmente -; e, também, que, enquanto a sociedade vai se transformando ao longo do processo histórico surge nova cultura aflorada pela urbanização-industrial. (SILVEIRA, 2006, p.45). Com a industrialização, as décadas de 1920 e 1930 caracterizaram-se por profundas disputas na transição econômica e política do final da República Velha. A cafeicultura brasileira perdeu força econômica e poder político para a nova burguesia industrial emergente. A semana de arte moderna (1922), coluna Prestes (1925-1927), as revoluções de 1930 e 1932, o movimento comunista de 1935 e o golpe de estado de 1937, fazem dessas duas décadas um período de mudanças processuais que conduzem o Brasil a um novo paradigma: o nacional desenvolvimentismo12 do pós guerra.. 12. Processo de desenvolvimento pelo qual a economia brasileira, buscou incrementar políticas de desenvolvimento que visando garantir meios de integração à nova ordem econômica mundial. Essa tendência já se desenhava no período anterior. Segundo a obra O colapso do populismo no Brasil, de Octavio Ianni (1988), até 1930 a vida econômica do Brasil estava organizada segundo o modelo “exportador”, com predomínio da cafeicultura. Com a crise do modelo oligárquico agrário-exportador e o advento da chamada “Era Vargas”, um novo modelo se configura, sem romper, no entanto, as relações de dependência com o capital estrangeiro. Trata-se do modelo de substituições de importações iniciado nos anos.

(28) 27. Na educação, o movimento renovador, através do manifesto dos pioneiros da educação nova, assinado em 1932, produziu a ideia da elaboração de um plano nacional de educação ao qual a Constituição Federal de 1934 faz uma primeira referência na legislação brasileira. O movimento afirmava a educação como provocadora da mudança social, sem contudo conseguir alterar a organização das escolas em moldes tradicionais. Diante da ausência de resultados, articula-se, na década de 1940, um novo movimento educacional, o tecnicismo. A intensificação do processo de urbanização, que tem como causa a industrialização crescente e a deterioração das formas de produção no campo, possibilitou a evolução de um modelo econômico agrário exportador para um outro modelo, parcialmente urbano-industrial, e fez surgir uma nova demanda social de educação. A pouca oferta de ensino não atendeu a procura de recursos humanos para ocupar as novas funções nos setores secundários e terciários da economia. O Estado Novo (1937–1945), período histórico da ditadura Vargas, produziu a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943. Com normas que haviam sido introduzidas ainda na década anterior no Brasil, o país passa a conviver com a carteira de trabalho, o salário mínimo, a jornada diária de 8 horas, o descanso semanal, as férias remuneradas. É criada a previdência social e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O país moderniza-se e estabelece de forma definitiva suas relações internacionais. A indústria precisa outro padrão de mão de obra. Um novo trabalhador, mais escolarizado, mais profissionalizado. A 2ª Guerra Mundial coloca o Brasil diante uma nova realidade econômica e tecnológica.. 30, que sem dúvida, está associado às grandes transformações políticas e institucionais desencadeadas pela Revolução de 1930 e pelo Estado Novo. (Verbete elaborado por Marco Antônio de Oliveira Gomes http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_nacional_desenvol vimentismo.htm).

(29) 28. Os acordos de Washington13 assinados logo após a entrada dos EUA na guerra, serviram como moeda de pressão sobre o Brasil para sua adesão aos aliados. Sucessivos acordos possibilitaram um empréstimo do governo brasileiro, junto ao Eximbank dos EUA, de 20 milhões de dólares. Tais valores permitiram investimentos e a criação, por decreto em 30 de janeiro de 1941, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e em 1942 da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), ambas empresas estatais. O Brasil fornece 200 milhões de dólares em minérios para a indústria bélica norte-americana, inclusive o tungstênio do Rio Grande do Norte e passa a produzir 45 toneladas de látex para as forças aliadas, impulsionando o ciclo da borracha na Amazônia. Em 28 de janeiro de 1943, a Conferência do Potengi reúne em NatalRN os presidentes do Brasil, Getúlio Vargas e dos EUA, Franklin Delano Roosevelt e dá origem à Força Expedicionária Brasileira (FEB), que envia 27 mil soldados a Itália e participa da vitória aliada. A indústria aeronáutica também é objeto de interesse nas negociações, com os EUA instalando bases aeronavais na costa brasileira com destaque para a base aérea de Parnamirim, no Rio Grande do Norte. Logo a pós a 2ª guerra mundial, em 1947, é instalado o Centro Técnico de Aeronáutica em São José dos Campos. Figura 5 - Getúlio Vargas e o Franklin Roosevelt em Natal (RN), 1943 durante a 2ª Guerra Mundial.. Conjunto de documentos assinados em Washington pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos no ano de 1942, os Acordos de Washington, possibilitaram o fornecimento de matérias-primas brasileiras à indústria norte-americana. Entre as matérias primas estavam: aniagem, algodão, babaçu, borracha manufaturada, café, cacau, castanha-do-pará, cera de carnaúba, cera de urucuri, cristal de rocha, flores de piretro, mamona, mica, rutilo, timbó e tungstênio. 13.

(30) 29. Fonte: Pinterest ([2016]). Simultaneamente aos acontecimentos da guerra, é na década de 1940 que são constituídos os Serviços Nacionais do Comércio e da Indústria, hoje integrantes do Sistema “S”14. No pós-guerra, o capitalismo ocidental. e o bloco socialista. monopolizaram a economia e a industrialização passou a ser acelerada pela ideologia funcional da sociedade, com os trabalhadores comparados a peças de uma mesma engrenagem e a educação utilizada para desenvolver práticas para inseri-los no mercado de trabalho. O fordismo associado ao taylorismo busca transforma a ciência em técnicas e repetições para a produção de lucro.. 1.2 DITADURA, REDEMOCRATIZAÇÃO E A LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL. 14. Organizações denominadas sistema “S”: Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Serviço Social do Transporte (SEST), Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SENAT), Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço Social do Comércio (SESC), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)..

(31) 30. O suicídio do presidente Getúlio Vargas tem uma motivação nas disputas políticas locais e nas denúncias de corrupção. Contudo, há uma base econômica internacional, a partir das pressões norte-americanas sobre a política mineral do governo brasileiro, nesse gesto que marca a história do Brasil. Após seu primeiro período na presidência (1930-1945), Getúlio Vargas é eleito em 1950 com 48,7% dos votos populares. Buscando desconstruir a imagem do ditador, Vargas limitou as remessas de lucros de empresas estrangeiras a 8%, instituiu o monopólio estatal da exploração e produção do petróleo. Criou a Petrobrás, após a campanha popular “o Petróleo é Nosso”, o Banco Nacional de Desenvolvimento (atual BNDES), o Banco do Nordeste (BNB) e o Instituto Brasileiro do Café (IBC). Buscou a constituição da Eletrobrás que só veio a materializar-se em 1961, e colocou em funcionamento a Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso em 1954, havendo ainda iniciado a rodovia Fernão Dias, ligando São Paulo a Belo Horizonte. Getúlio Vargas foi protagonista das negociações do Brasil com os EUA para a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) ainda no “Estado Novo”, o que significou para a economia nacional o ingresso brasileiro no comércio internacional do ferro e do aço. Seu governo termina com seu suicídio em Agosto de 1954. Juscelino Kubistchek assume o governo federal (1956-1961), após o curto período do potiguar Café Filho (24 de Agosto de 1954 - 08 de Novembro de1956) na presidência. Num momento em que o sistema partidário havia se consolidado nacionalmente, mesmo com restrições às organizações sindicais e de esquerda, visto que o Partido Comunista permaneceu na ilegalidade, desde 1948, o ambiente de golpe e de instabilidade institucional, é minimizado a partir da sua posse. Com uma agenda otimista, o governo JK apresentou um Plano de Metas que incluiu no item 30 a orientação da educação para o desenvolvimento. através. da. formação. de. pessoal. técnico.. Com. compromissos de manter a democracia e avançar no desenvolvimento, esse plano relega a educação a um lugar subalterno e vê reacender o debate.

(32) 31. da Escola Nova, iniciado com o manifesto dos pioneiros citado na página 26 deste trabalho. Após 21 anos de tramitação, em 20 de dezembro de 1961 foi aprovada a Lei nº4.024, com as Diretrizes e Bases da Educação (LDB). O longo percurso de debates se deveu à polarização entre os setores católicos, proprietários de instituições privadas de ensino com forte representatividade na política nacional e os educadores da escola pública. A vitória dos setores conservadores e privatistas trouxe prejuízos à criação de novas oportunidades à educação pública brasileira. A nova legislação permitiu a autorização legal para o governo oferecer apoio financeiro à rede privada e às instituições confessionais. Contraditoriamente ao seu conservadorismo econômico, a nova LDB trouxe a equivalência dos cursos técnicos ao nível secundário abrindo a possibilidade de ingresso nas universidades para os egressos dos cursos técnicos. Entretanto, numerosas resoluções e principalmente os acordos de âmbito internacional levaram a equivalência entre o ensino profissional e o secundário a naufragar com as reformas da ditadura militar na década de 1970. A primeira LDB do país delegou ao Conselho Federal de Educação a elaboração de um Plano Nacional de Educação. Segundo Saviani (2007) em sua primeira parte o referido plano procurou traçar as metas e, numa segunda parte, estabeleceu normas para aplicação de verbas públicas junto aos fundos do ensino primário, médio e superior. Segundo Galeano (1992) o governo brasileiro contrariou interesses norte-americanos com a venda de minério de ferro para países do leste europeu no segundo período de governo Vargas. Essa relação conflituosa entre os interesses minerais do Brasil com os EUA se ampliam quando o presidente Jânio Quadros (31 de janeiro a 25 de agosto de 1961) anulou licenças de exploração do minério do ferro concedidas a empresa norteamericana Hanna Mining Co. Poucos dias depois dessa anulação, Jânio alega pressão das forças ocultas para renunciar à presidência da República e colocar o país diante de uma grave crise política. O vice presidente João.

(33) 32. Goulart assumiu a presidência sob forte pressão, somente após aceitar a mudança de regime, sendo o parlamentarismo instalado no Brasil15. As reformas de base, apresentadas pelo presidente João Goulart após o reestabelecimento do presidencialismo por plebiscito em janeiro de 1963,. soaram. como. provocação. aos. conservadores. que. dirigiram. politicamente a classe média. O golpe civil e militar teve um claro sentido de classes, no qual os proprietários, os sacerdotes e os militares aliaram-se a interesses econômicos norte-americanos e instituíram a ditadura militar por 20 anos. O fracasso do projeto nacional populista deve-se ao sentimento anticomunista muito bem disseminado na igreja católica e na classe média urbana e rural do país. Apesar de o Brasil não ser uma colônia americana, nem haver aqui um sentimento antiamericano, a comparação das ações do governo de João Goulart com a revolução cubana de 1959 foi largamente difundida, construindo bases sociais e ideológicas para o golpe. Não havia no Brasil um sentimento antiamericano, pelo contrário, a maioria do povo brasileiro tinha profunda admiração pelos EUA e seu desejo era poder, algum dia, atingir a algo parecido com o modo de vida norte americano. Essa ideia foi difundida no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), mas estagnou no curtíssimo governo de Jânio Quadros e na ascensão de João Goulart e seus projetos nacionalistas. Em 1964, o Brasil viveu um golpe civil - militar preventivo. O mesmo se insere num contexto de disputas econômicas e ideológicas da guerra fria. Sob a ditadura, a portaria ministerial n° 331 de junho de 1968, possibilitou que. 15. A solução para a crise instalada no Brasil com a renúncia do presidente Jânio Quadros, foi o parlamentarismo. A ideia vinha sendo defendida desde 1946 pelo deputado federal Raul Pilla, da UDN. Ele apresentou cinco emendas à Constituição, sem sucesso. Em 1961, o parlamentarismo foi aprovado rapidamente. O novo sistema possibilitou a posse de João Goulart na presidência da República. Tancredo Neves assume o cargo de primeiro-ministro. Com os poderes limitados, João Goulart voltou ao Brasil e assumiu o cargo com a concordância dos ministros militares que admitiram essa solução negociada..

(34) 33. as instituições da rede federal oferecessem cursos de nível médio profissionalizante, encerrando-se assim o antigo ginásio industrial. Simultaneamente a estas alterações na política educacional, o país viveu um período auto denominado de milagre econômico. Houve o fortalecimento. da. indústria. automobilística. em. especial. na. região. metropolitana de São Paulo, denominada de ABCD16 e, em 1969, foi fundada a Embraer como uma sociedade de economia mista, vinculada ao Ministério da Aeronáutica.. Figura 6 - Militares ao lado do Presidente João Goulart. Fonte: Governo ([2006]).. Na ditadura, o sistema “S”, que dá suporte aos interesses das entidades patronais com a ideologia de oferecer o bem estar social aos trabalhadores, é bastante fortalecido. Em 1973 foi criado o Sebrae (Serviço. ABCD por abrigar as cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema que poucos anos adiante serão o berço do novo sindicalismo que terá papel determinando na queda da ditadura militar. 16.

(35) 34. Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) como entidade privada para promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável de micro e pequenos empreendimentos. Constituídos como um “terceiro setor”, o sistema tem um formato público porém não estatal, com financiamento direto dos fundos públicos, mas com gestão privada. Em São Paulo foi criado, em 06/10/1969, o Centro Paula Souza como autarquia estadual. Hoje o centro conta com Escolas Técnicas e Faculdades de Tecnologia atuando em mais de 300 municípios com 290 mil matriculas. Nas Escolas Técnicas, oferta-se o ensino técnico, médio e integrado nos setores industrial, agropecuário e de serviços. Nas Faculdades, cursos de graduação, pós-graduação, atualização tecnológica e extensão. A reforma do ensino de 1º e 2º graus por meio da Lei nº 5.692 de 11 de agosto de 1971, além de regulamentar o ensino destes níveis, aglutinou o antigo ensino primário com o ginasial ampliando a obrigatoriedade para oito anos e criou como continuidade do 1º grau um 2º grau profissionalizante para. todos.. Gradativamente,. e. sem. um. processo. sistemático. de. acompanhamento e avaliação, as diretrizes estabelecidas na Lei nº 5.692/71 foram sendo flexibilizadas e esquecidas, de maneira que, por ocasião do processo que resultou na promulgação da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o 2º grau profissionalizante no país era apenas residual na maioria dos sistemas estaduais de educação, a exceção feita apenas para o estado de São Paulo. Este. movimento. de. fortalecimento. da. educação. profissional. vinculado a industrialização, segundo Saviani (2007), desenvolve-se no Brasil, mais uma vez, tardiamente, na década de 1960 em especial com a ditadura militar. A partir de 1969 e principalmente com as reformas educacionais da década de 1970, o ensino profissional tecnicista, compatível com a ideologia militarista, é imposta às escolas. Assim, a escola, além de formar mão de obra para o capital, atua como agente da ordem, utilizando-se de técnicas comportamentais e regras competitivas, próprias do militarismo..

(36) 35. A marginalidade é vista como um problema social e a educação, que dispõe de autonomia em relação à sociedade, estaria, por essa razão, capacitada a intervir eficazmente na sociedade, transformando-a, tornando-a melhor, corrigindo as injustiças; em suma, aprofundando a equalização social. (SAVIANI, 1984, p.17).. Nessa perspectiva, o tecnicismo busca trazer o funcionamento e o ritmo da fábrica para a escola contribuindo para gerar, no ambiente educacional a fragmentação e a descontinuidade. Não há trabalho pedagógico quando a perspectiva é o micro ensino, a instrução programada. por. máquinas. operando. na. ideologia. dos. tempos. e. movimentos próprios do fordismo/taylorismo. Segundo Silva (2004), as propostas pedagógicas devem levar em consideração o que se passa no mundo do trabalho, sem contudo ser uma referência única ou preponderante. A escola tem por função uma formação mais geral do ser humano, seja para o trabalho ou para as ciências, a cultura e a vida. Em qualquer tempo, o trabalhador necessita não apenas de uma especialização estreita, mas de uma larga formação que lhe permita fazer uma leitura do mundo, compreender os modos pelos quais o conhecimentos científicos e tecnológicos influenciam a organização do trabalho e da produção (SILVA, 2004, p.81). Após mais de uma década de regime autoritário, o processo de abertura política no Brasil ocorre a partir de 1977/78 em diversas frentes e com estratégias e táticas diversas. Movimentos de resistência na igreja Católica; retomada do sindicalismo autentico; reconstrução da União Nacional dos Estudantes e dos Diretórios Centrais nas Universidades; luta pela anistia ampla, geral e irrestrita; presença dos movimentos de mulheres e por moradias nos centros urbanos; luta pela terra e pela defesa do meio ambiente, são expressões que se encontram nas grandes mobilizações populares que levaram o país ao fim da ditadura militar..

(37) 36. A campanha pelas Diretas Já (1983/4)17, constituiu-se num momento simbólico decisivo. As mobilizações massivas e contínuas, por mais de seis meses em todas a grandes cidades, foram esvaziadas com a derrota no Congresso Nacional da emenda constitucional 05/1983, do Deputado Dante de Oliveira, e a realização de eleições indiretas para a presidência em 15 de janeiro de 1985. Através do colégio eleitoral são eleitos Tancredo Neves, Primeiro Ministro no curto parlamentarismo brasileiro (setembro de 1961 a fevereiro de 1963) e José Sarney, presidente nacional do Partido Democrático Social (PDS), sucessor da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) que durante 20 anos havia dado sustentação parlamentar a ditadura militar. Sem poder tomar posse, Tancredo Neves entra para a história como o Presidente da República que nunca exerceu as funções, tendo José Sarney governado a chamada “Nova república” diante um país em disputa aberta pelo futuro que está por vir. Na educação profissional, entre as intenções e a realização das políticas públicas, sempre houve um imenso hiato de tempo. O Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Técnico Agrícola e Industrial do Ministério da Educação, denominado PROTEC, teve seu lançamento no governo José Sarney (1985-1990) em julho de 1986 exatamente nas vésperas das eleições que. iriam. constituir o futuro congresso constituinte.. Nele, previa-se. investimentos na ordem de 20 milhões de dólares a partir de empréstimos contraídos ainda da ditadura militar junto ao Banco Mundial. O Programa previa a instalação de 200 escolas técnicas, industriais e agrotécnicas, em acréscimo as 57 existentes [...]. Nos anos seguintes, entretanto, a ameaça de privatização ou estadualização rondará as escolas da rede Federal de Educação Profissional, resultando no atraso do cronograma 17. A campanha das Diretas Já, mobilizou milhões de manifestantes em grandes comícios com presença de músicos, atores e atletas em verdadeiros shows, que articularam a política institucional com cultura em manifestações populares com até um milhão e duzentas mil pessoas. A emenda constitucional n° 05/1983, conhecida como “Emenda Dante de Oliveira”, foi derrotada em 25 de Abril de 1984 e o colégio eleitoral reuniu-se em 15 de Janeiro de 1985 elegendo a chapa Tancredo Neves e José Sarney..

Referências

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