• Nenhum resultado encontrado

Afastamento do trabalho a partir do sistema de informação em saúde no contexto de uma instituição federal de ensino superior

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Afastamento do trabalho a partir do sistema de informação em saúde no contexto de uma instituição federal de ensino superior"

Copied!
99
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS INSTITUCIONAIS. FRANCIANE AMORIM DE OLIVEIRA LIMA. AFASTAMENTO DO TRABALHO A PARTIR DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE NO CONTEXTO DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR. NATAL, RN 2017.

(2) FRANCIANE AMORIM DE OLIVEIRA LIMA. AFASTAMENTO DO TRABALHO A PARTIR DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE NO CONTEXTO DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Gestão de Processos Institucionais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Mestre em Gestão de Processos Institucionais. Linha de Pesquisa: Inovação e bem estar no contexto das organizações. Orientadora: Prof.ª Dra. Denise Pereira do Rêgo.. NATAL, RN 2017.

(3) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas – SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN – Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCHLA Lima, Franciane Amorim de Oliveira. Afastamento do trabalho a partir do sistema de informação em saúde no contexto de uma instituição federal de ensino superior / Franciane Amorim de Oliveira Lima. - 2017. 97f.: il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação em Gestão de Processos Institucionais. Natal, RN, 2017. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Denise Pereira do Rêgo. 1. Saúde do trabalhador. 2. Afastamento do trabalho. 3. Sistema de Informação em Saúde. I. Rêgo, Denise Pereira do. II. Título. RN/UF/BS-CCHLA. CDU 331.47.

(4) FRANCIANE AMORIM DE OLIVEIRA LIMA. AFASTAMENTO DO TRABALHO A PARTIR DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE NO CONTEXTO DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Gestão de Processos Institucionais, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Mestre em Gestão de Processos Institucionais.. Aprovada em:____/______/____. BANCA EXAMINADORA. ________________________________________________________ Prof.ª Dra. Denise Pereira do Rêgo Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN (Presidente). ________________________________________________________ Prof.ª Dra. Cleonice Andréa Alves Cavalcante Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN (Examinador interno). _______________________________________________________ Prof.ª Dra. Elisângela Franco de Oliveira Cavalcante Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN (Examinador interno). _______________________________________________________ Prof. Dr. João Bosco Filho Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN (Examinador externo).

(5) Dedico esta dissertação aos servidores da UFRN, por representarem. a. maior. riqueza. da. instituição,. demandando desta, maior investimento em saúde e qualidade de vida no trabalho. “Foi o tempo em que dedicastes à tua rosa que a fez tão importante”. Pequeno príncipe.

(6) “Em Deus faremos proezas” Davi.

(7) AGRADECIMENTOS. A Deus, pelo dom da vida e por representar tudo para mim, sou grata pela força, graça e ajuda decisiva na concretização de mais um sonho: o mestrado. A minha mãe Francisca Amorim, mulher de fé, batalhadora. É aposentada da UFRN, e me deu a honra de auxiliar no regaste histórico da Junta médica, é meu exemplo maior. Ao meu amado esposo Alexandre Henrique, por tanto amor, companheirismo e paciência nessa jornada. Extensivo aos nossos amados filhos: Alexandre Felipe e André Felipe, pela compreensão, mesmo tão pequenos, se tornaram como grandes para entender os momentos de ausência e dedicação ao mestrado, vocês são o meu melhor. À família: irmãs Franciana, Francileide, Francilene, cunhados e sobrinhos, minha base. Agradeço especialmente à Prof.ª Drª. Denise Rêgo, minha orientadora, exemplo de humildade e sabedoria, por compartilhar de forma tão nobre seus conhecimentos, sempre procurando me tranquilizar nessa árdua jornada. Às minhas amigas professoras da Escola de Saúde/UFRN: Lúcia Macedo, Cleonice Andreia e Elisangela Franco, me ajudaram durante o mestrado, meus anjos. À Gilvânia Moraes, Coordenadora da Coordenadoria de Qualidade de Vida/UFRN, sua amizade e força foram primordiais para mim. Exemplo de perseverança. À Mirian Dantas, Pró-reitora de Gestão de Pessoas/UFRN, por seu incentivo e ajuda no momento em que as forças estavam se esgotando, me fazendo prosseguir. À família da Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor DAS/UFRN, em destaque, à equipe da perícia em saúde (Unidade SIASS-UFRN), pela colaboração e conhecimento partilhado no estudo, vocês são simplesmente especiais. Aos estimados mestres e colegas do PPGPI/ UFRN, pela amizade e construção coletiva do conhecimento. À UFRN, pelo investimento na qualificação profissional dos seus servidores. Aqui eu cresci, estudei e há vinte e dois anos faço parte do seu quadro funcional, uma honra..

(8) LIMA, Franciane Amorim de Oliveira. Afastamento do trabalho a partir do Sistema de Informação em Saúde no contexto de uma Instituição Federal de Ensino Superior. 2017. 95f. Dissertação (Mestrado em Gestão de Processos Institucionais) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.. RESUMO. O afastamento do trabalho por licença para tratamento da própria saúde ou absenteísmodoença destaca-se como relevante temática na área da saúde do trabalhador. Este estudo teve como objetivo analisar o afastamento do trabalho por absenteísmo-doença a partir do Sistema de Informação em Saúde e Segurança no Trabalho (SIAPE SAÚDE), no contexto de uma Instituição Federal de Ensino Superior. Buscou-se, assim, entender o funcionamento do Sistema de Informação em Saúde e sua contribuição para produção das informações sobre o absenteísmo-doença dos servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O estudo descritivo com procedimento multimétodo sequencial, com etapas quantitativa e qualitativa, foi realizado na sede da Unidade do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal (Unidade SIASS-UFRN), desenvolvido em duas fases. Inicialmente, uma pesquisa documental visando efetuar um mapeamento dos afastamentos dos servidores da instituição no ano 2016, através da consulta aos relatórios gerenciais disponíveis no sistema. Na segunda fase, foram realizadas entrevistas com a equipe da perícia em saúde para ampliar o conhecimento sobre o processo institucional dos afastamentos, notadamente, através de um olhar analítico do Sistema de Informação em Saúde. No tratamento dos dados foram utilizadas a estatística descritiva e a análise de conteúdo. Os resultados evidenciam que ocorreram 992 afastamentos por perícia, nos quais se destacam aqueles decorrentes de Transtornos Mentais e Comportamentais (CID F), que acometem servidores nos cargos de assistentes em administração, auxiliares de enfermagem e professores do magistério superior. Observou-se a prevalência de afastamentos entre o sexo feminino e nos Hospitais Universitários. Em relação à análise do processo de afastamento e seu registro no sistema, o SIAPE SAÚDE foi avaliado positivamente, principalmente por promover uma unificação do registro para todos os órgão federais. Entretanto, como ponto negativo, destaca-se a necessidade de avaliação contínua, atualização e melhorias, uma vez que trata-se de uma base de dados antiga. Conclui-se, então, que o sistema representa um avanço para análise dos afastamentos no nível local, porém, requer maior investimento da Administração Pública Federal visando o seu aprimoramento.. Palavras-chave: Saúde do trabalhador. Afastamento do trabalho. Sistema de Informação em Saúde..

(9) LIMA, Franciane Amorim de Oliveira. Removal of work from the Health Information System in the context of a Federal Institution of Higher Education. 2017. 95f. Dissertation (Master in Management of Institutional Processes) - Center of Human Sciences, Letters and Arts, Federal University of Rio Grande do Norte, Natal, 2017.. ABSTRACT The removal of work by license to treat their own health or absenteeism-disease stands out as a relevant issue in the area of worker health. The objective of this study was to analyze the absence of absenteeism-disease work from the Health and Safety Information System at Work (SIAPE SAÚDE), in the context of a Federal Institution of Higher Education. The aim was to understand the functioning of the Health Information System and its contribution to the production of information about the absenteeism-illness of the employees of the Federal University of Rio Grande do Norte. The descriptive study with a sequential multimethod procedure, with quantitative and qualitative steps, was carried out at the headquarters of the Federal Public Server Integrated Health Service Subsystem Unit (SIASS-UFRN Unit), developed in two phases. Initially, a documentary search to map the departures of the institution's servers in the year 2016, by consulting the managerial reports available in the system. In the second phase, interviews were conducted with the health expertise team to increase knowledge about the institutional process of withdrawal, notably through an analytical view of the Health Information System. Descriptive statistics were used in the treatment of the data. content analysis. The results evidenced that there were 992 departures for expertise, in which the ones due to Mental and Behavioral Disorders (CID F), that affect employees in the positions of administrative assistants, nursing assistants and teachers of the higher teaching profession, stand out. It was observed the prevalence of separation between the female sex and the University Hospitals. Regarding the analysis of the removal process and its registration in the system, SIAPE SAÚDE was evaluated positively, mainly for promoting a unification of the registry for all federal agencies. However, as a negative point, there is a need for continuous evaluation, updating and improvements, since it is an old database. It is concluded, therefore, that the system represents an advance for the analysis of departures at the local level, however, it requires more investment from the Federal Public Administration aiming at its improvement.. Keywords: Worker's health. Absence from work. Health Information System..

(10) LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Levantamento dos serviços e documentos envolvidos no processo institucional dos afastamentos do trabalho na Unidade SIASS-UFRN, em 2016....... 58.

(11) LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Organograma da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017........................................... 14. Figura 2 – Acesso ao SIAPEnet módulo saúde........................................................... 37. Figura 3 – Fluxograma – Etapas da pesquisa ............................................................. 39. Gráfico 1 – Ocorrências de afastamentos dos servidores da UFRN, por grupos da CID/10, no ano 2016................................................................................................... 42. Gráfico 2 – Número de dias de afastamento dos servidores da UFRN, por grupo da CID/10, no ano 2016.................................................................................................... 43. Gráfico 3 – Percentual de dias de afastamento dos servidores da UFRN por gênero, grupo F da CID/10, no ano 2016................................................................................. 45 Figura 4 – Organograma da Unidade SIASS-UFRN. PROGESP/DAS/COVEPS Módulo: Perícia Oficial em Saúde – Licença para tratamento da própria saúde............................................................................................................................ 53.

(12) LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Quantitativo de afastamentos entre as causas mais frequentes do grupo F da CID 10, no ano 2016............................................................................................................ 44 Tabela 2 – Distribuição da equipe da Unidade SIASS-UFRN, por gênero, no ano 2016...................................................................................................................................... 45. Tabela 3 – Quantitativo de afastamentos dos servidores da UFRN por setor, grupo F da CID/10, no ano 2016............................................................................................................ 46. Tabela 4 – Vínculo da equipe da Unidade SIASS-UFRN................................................... 59 Tabela 5 – Distribuição da equipe da Unidade SIASS-UFRN, por gênero, em Natal, RN........................................................................................................................................ 59 Tabela 6 - Tempo de trabalho da equipe na Unidade SIASS-UFRN................................... 59. Tabela 7 – Percepção dos entrevistados sobre o fluxo dos afastamentos na Unidade SIASS-UFRN, ano 2016, Natal, RN.................................................................................... 60. Tabela 8 – Conhecimento do registro dos afastamentos antes da Unidade SIASSUFRN................................................................................................................................... 60. Tabela 9 – Pontos considerados positivos no SIAPE SAÚDE/Unidade SIASS-UFRN, no ano 2016.......................................................................................................................... 61. Tabela 10 – Pontos considerados negativos no SIAPE SAÚDE/Unidade SIASS-UFRN, no ano 2016.......................................................................................................................... 61. Tabela 11 – Sugestões de melhorias no SIAPE SAÚDE/Unidade SIASS-UFRN, no ano 2016...................................................................................................................................... 62. Tabela 12 – Acompanhamento dos afastamentos do trabalho dos servidores da UFRN pela Unidade SIASS-UFRN, no ano 2016........................................................................... 63.

(13) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12. 2 O AFASTAMENTO DO TRABALHO A PARTIR DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE – SIS: APORTES TEÓRICOS ............................... 18. 2.1 TRABALHO E A SAÚDE DO TRABALHADOR................................................ 18. 2.2 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR .............................................. 23. 2.3 ADOECIMENTO E AFASTAMENTO DO TRABALHO ................................... 30 2.4 O SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)........................................... 32 3 INVESTIGANDO O AFASTAMENTO DO TRABALHO NO SIS: METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................... 39. 4 O AFASTAMENTO DO TRABALHO E O FUNCIONAMENTO DO SIS NO ÂMBITO DA UFRN: RESULTADOS OBTIDOS............................................ 42. 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS AFASTAMENTOS COM BASE NOS RELATÓRIOS PERICIAIS.......................................................................................... 42 4.2 O PROCESSO DE AFASTAMENTO NA UNIDADE SIASS-UFRN.................. 46 4.2.1 Resgate histórico do trabalho médico pericial na UFRN................................ 47. 4.2.2 O funcionamento da Unidade SIASS-UFRN................................................... 52 4.3 O SIAPE SAÚDE NA ÓTICA DOS PRINCIPAIS ATORES ENVOLVIDOS..... 58. 4.3.1 Os operadores do Sistema de Informação de Saúde e Segurança do Servidor Público Federal............................................................................................ 58 5. ENTENDENDO OS AFASTAMENTOS E O SIS: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................................................................... 64 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 75. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 78. APÊNDICES............................................................................................................. 87 APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista ..................................................................... 88. APÊNDICE B – Modelo proposto para Fluxo Interno do Servidor para concessão do afastamento na Unidade SIASS-UFRN................................................................. 89 APÊNDICE C – Modelo proposto para Planilha de Registro Interno dos Afastamentos na UFRN............................................................................................... 90. APÊNDICE D – Distribuição das principais informações do trabalho pericial na UFRN, entre os anos de 1960 – 2016.......................................................................... 91. ANEXOS.................................................................................................................... 92 ANEXO A – Folder Informativo da Unidade SIASS-UFRN..................................... 93.

(14) ANEXO B – Modelo do Laudo médico pericial........................................................ 94 ANEXO C – Fluxo dos afastamentos na Unidade SIASS.......................................... 95. ANEXO D – Planilha de espera SIASS...................................................................... 96.

(15) 12. 1 INTRODUÇÃO A Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN é a maior Instituição Federal de Ensino Superior – IFES do Estado do Rio Grande do Norte. A partir da década de 1990, com a implementação do modelo da administração pública gerencial, as IFES passaram por um processo de adequação às novas demandas impostas, requerendo novo perfil da sua força de trabalho (polivalência, habilidade na resolução dos problemas, iniciativa e pró- atividade) e, a exemplo da iniciativa privada, passaram a priorizar a eficiência, justiça, celeridade dos processos, qualidade dos serviços e redução dos custos (OLIVEIRA, 2016). Nesse contexto, ocorreram mudanças na essência do trabalho realizado e na forma como este se organiza. Para Marx (1996), o trabalho resulta da interação entre o homem e a natureza. Assim, quando atua sobre a natureza e modificando-a, ao mesmo tempo, ele modifica a sua própria natureza. Trabalho é, portanto, esforço e resultado. Neste sentido, o trabalho origina-se de necessidades fisiológicas do ser humano, mas materializa-se essencialmente na relação entre os homens ou entre estes e o ambiente. Ocupando grande parte do espaço e do tempo na vida do ser humano, o trabalho não é considerado apenas meio para prover a subsistência e a satisfação das necessidades básicas, constitui-se, também, em fonte de realização pessoal e de autoestima (ZANELLI et al., 2014). As condições a partir das quais o trabalho é desenvolvido, bem como a relação do sujeito com sua produção, impactam em sua subjetividade, trazendo consequências diversas (NAVARRO; PADILHA, 2007; LIMA et al., 2012). Para Dejours e Abdoucheli (2014, p. 143), “o trabalho não é apenas um teatro aberto ao investimento subjetivo, ele é também um espaço de construção de sentido e, portanto, de conquista de identidade, da continuidade e historização do sujeito”. Nele, são contempladas as dimensões psicológica, social e econômica em cada conjuntura, voltadas para atender à lógica capitalista de produção e efetivada à custa de muito sacrífico, o que se reflete em menos qualidade de vida e saúde dos trabalhadores (MAGALHÃES, 2011). Partindo do princípio que o corpo vivencia essas transformações, a vida laboral, repleta de exigências e estresse, em muitos casos, propicia a perda da autonomia e potencializa o adoecimento e afastamento do trabalho. Fato é que, num contexto em que a precarização do trabalho cada vez mais atinge trabalhadores das mais diversas categorias, só aumentam as chances de se instalarem as doenças, dentre elas, as doenças mentais. Por conseguinte, o adoecimento e o afastamento são situações que podem comprometer todas as.

(16) 13. esferas da vida do indivíduo, principalmente o seu trabalho e a relação com familiares e amigos (COSTA, 2016). São muitas as formas de adoecimento direta ou indiretamente relacionadas ao trabalho. As Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhecem o estresse como a maior epidemia mundial do século devida à estimativa de que cerca de 25% de toda população irá experimentar sintomas deste agravo pelo menos uma vez na vida (SILVA; YAMADA, 2008). A OMS estima, ainda, que dentre os afastamentos dos trabalhadores, cerca de 30% estão relacionados aos Transtornos Mentais menores e, entre 5 a 10%, a transtornos mentais graves. A depressão grave configura-se, atualmente, como a principal causa de incapacidade em todo mundo, devendo se manter em tal patamar ou, no máximo, chegar a um segundo lugar nos próximos 20 anos (BRASIL, 2001). O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) também considera o afastamento por transtornos mentais e comportamentais como a terceira causa de afastamentos longos (mais que 15 dias) do trabalho no Brasil. Fazendo parte desta estatística, em primeiro lugar, estão os transtornos de humor (depressão), em segundo lugar, os transtornos neuróticos (transtornos ansiosos e reações ao estresse), em terceiro lugar, os transtornos por uso de drogas e álcool (MACHADO, 2012; CAMPELO, 2015). O afastamento do trabalho também é denominado absenteísmo e, sinteticamente, pode ser entendido como “a falta ao trabalho por parte do empregado”. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define o absenteísmo por enfermidade/doença como “o período de ausência laboral que se aceita como atribuível a uma incapacidade do indivíduo, exceção feita para aquela derivada de gravidez normal ou prisão” (OIT, 1989, p. 5). A sistematização dos dados sobre o afastamento do trabalho no serviço público federal se deu tardiamente, uma vez que as informações só foram efetivamente uniformizadas a partir do ano 2010, como a implantação do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal – SIASS. Eixos da assistência à saúde, a perícia oficial, a promoção e vigilância à saúde e o acompanhamento da saúde dos servidores, configuram a Política de Atenção à Saúde e Segurança do trabalho do Servidor Público Federal – PASS, estabelecida pelo governo federal (BRASIL, 2009a). O Sistema de Informação em Saúde – SIS, denominado Sistema de Informações de Saúde e Segurança no Trabalho da Administração Pública Federal – SIAPE SAÚDE é configurado como a base dos dados epidemiológicos que subsidia os três eixos de atuação do SIASS, caracterizando-se por ser o sistema informatizado da Administração Pública Federal que disponibiliza os dados relativos à saúde do servidor, transformando-os em informações.

(17) 14. gerenciais, de forma que as áreas de recursos humanos possam acompanhar os afastamentos, as aposentadorias por invalidez, os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais, dandolhes o tratamento adequado (BRASIL, 2017). No Rio Grande do Norte, o SIASS foi implantado na UFRN (Unidade SIASS – UFRN) em 2010 pelo Termo de Cooperação Técnica – ACT n° 003/2010, atendendo a maioria dos servidores públicos federais do Estado. Estes utilizam os serviços de perícia oficial de saúde para concessão dos seus direitos, a exemplo da Licença para Tratamento da Própria Saúde do servidor e, consequentemente, o seu afastamento do trabalho (CAMPELO, 2015; COSTA, 2016). A Unidade SIASS-UFRN localiza-se no campus central da UFRN, nas dependências da Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS), subordinada a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP/UFRN), através da Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Perícia em Saúde (COVEPS), conforme figura 1. Figura 1 – Organograma da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.. Legenda/Fonte: Adaptado do Organograma da PROGESP (MAGALHÃES, 2017). PROGESP: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas; CQVT: Coordenadoria de Qualidade de Vida no Trabalho. DAS: Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor; CAS: Coordenadoria de Atenção à Saúde do Servidor. COPS: Coordenadoria de Promoção da Segurança do Trabalho e Vigilância Ambiental. COAPS: Coordenadoria de Apoio Psicossocial ao servidor. COVEPS: Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Perícia em Saúde.. Na condição de servidora da UFRN há 20 anos, foi possível para a autora acompanhar as inúmeras mudanças e desafios vivenciados pela instituição ao longo dos últimos anos, principalmente no que se refere à implementação das políticas voltadas para a promoção da saúde e bem estar do trabalhador. Ao vivenciar a rotina do serviço público federal, notadamente na área da informação em saúde (destes, dezessete anos no Hospital.

(18) 15. Universitário Onofre Lopes – HUOL e os últimos cinco na Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor – DAS/UFRN), tornou-se comum para a pesquisadora ver o crescente número de profissionais comparecerem ao serviço da Perícia Oficial em Saúde buscando a concessão do direito em se afastar do trabalho devido ao adoecimento. Ao mesmo tempo, ao longo desta trajetória, foi-lhe possível se deparar com as limitações dos relatórios gerenciais do SIAPE SAÚDE, bem como os inúmeros problemas derivados da ausência de uma maior sistematização dos dados no âmbito local. O cotidiano do trabalho desenvolvido na DAS, levou a elaboração de vários questionamentos sobre como ocorre o processo institucional dos afastamentos do trabalho na instituição, em destaque para coleta, processamento e transformação destes dados em informações epidemiológicas para subsidiar a gestão no planejamento das ações de promoção à saúde e qualidade de vida no trabalho. Propiciou, ainda, uma reflexão sobre os problemas inerentes as limitações quanto à sistematização de dados sobre os afastamentos por motivo de saúde, ponto de partida para a investigação proposta. Assim, o desenvolvimento deste estudo orientou-se pela busca de respostas para as seguintes questões: Quais as causas do afastamento do trabalho entre os servidores da UFRN? Como ocorre a alimentação e retroalimentação do SIAPE SAÚDE na instituição? Diante das limitações do SIAPE SAÚDE, como a UFRN está acompanhando e realizando o diagnóstico dos afastamentos do trabalho na instituição? Quais os pontos positivos e negativos que exigem um ajuste visando à melhoria do SIAPE SAÚDE no âmbito da UFRN? A proposição de um estudo sistemático buscou problematizar como o SIAPE SAÚDE está contribuindo para a implementação da PASS e, principalmente, para o conhecimento e acompanhamento dos afastamentos no nível local. Considerando o importante papel que a informação em saúde tem em subsidiar a gestão na tomada de decisões, principalmente no que se refere ao absenteísmo-doença na instituição, busca-se neste trabalho, lançar um olhar analítico sobre o sistema de informação em saúde, de modo a ampliar o conhecimento sobre seu funcionamento, limites e possibilidades. Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo geral analisar o afastamento do trabalho por absenteísmo-doença a partir do Sistema de Informação em Saúde e Segurança no Trabalho – SIAPE SAÚDE no contexto de uma Instituição Federal de Ensino Superior, a UFRN. Como objetivos específicos, buscou-se:  Caracterizar os afastamentos a partir da disponibilidade dos relatórios gerenciais do referido sistema;  Descrever o funcionamento do SIAPE SAÚDE na Unidade SIASS-UFRN;.

(19) 16.  Identificar os pontos positivos e negativos do Sistema;  Apresentar sugestões visando melhorias do sistema para o nível local, notadamente no que se refere ao registro dos afastamentos. Levando em conta que o banco de dados do SIAPE SAÚDE é considerado a base para a produção do conhecimento sobre saúde e segurança dos servidores públicos federais (organizado em cinco módulos: perícias em saúde, exames médicos periódicos, promoção à saúde, vigilância dos ambientes e processos de trabalho, concessões de adicionais ocupacionais, exames para investidura em cargo público e informações gerenciais) e que os dados coletados e transformados em informações representam ferramentas, indicadores necessários para analisar eventos, bem como, subsidiar o planejamento das ações de prevenção e promoção à saúde, é fato que nem sempre tais informações são acessíveis. A limitação ou indisponibilidade dos dados do SIAPE SAÚDE (principalmente para o nível local) contraria o que recomenda as diretrizes do Sistema Único de Saúde – SUS para um Sistema de Informação em Saúde, uma vez que este deve possibilitar a análise da situação de saúde (interna), justamente por ser localmente que cabe a responsabilidade não apenas com a alimentação dos sistemas, mas também, com a sua análise, organização e gestão. Assim, o nível local deve dispor de maior número de variáveis para efetuar suas análises epidemiológicas, considerando que as informações devem ter oportunidade, atualidade e disponibilidade (BRASIL, 2009, p. 17). A exemplo do que ocorreu em todo pais, o primeiro módulo do SIAPE SAÚDE implantado na UFRN, em 2010, foi o da Perícia Oficial em Saúde. Nele, são registrados os atos periciais e, entre estes, o afastamento do trabalho por motivo de saúde. Hoje, a instituição é a que sistematiza o maior número de servidores públicos (com mais de 5.000) do Estado do Rio Grande do Norte, prestando um relevante serviço à sociedade potiguar. Entretanto, a experiência da autora mostrou que, no âmbito local, nem sempre há oportunidade, atualização e disponibilização de informações. Neste sentido, a investigação justifica-se pela necessidade de melhor entender como se dá o registro dos afastamentos do trabalho, de modo a ampliar a compreensão sobre o Sistema de Informação em Saúde no âmbito da UFRN. Mostrando-se relevante do ponto de vista institucional, uma vez que poderá contribuir com a melhoria de tal sistema, principalmente no que concerne à atualização e disponibilização de dados, conforme apregoado pelo SUS. O presente documento apresenta os resultados da investigação realizada, sendo estruturada em cinco capítulos. O primeiro capítulo discute o afastamento do trabalho a partir do SIS, destacando alguns aportes teóricos que permitem um maior entendimento sobre a.

(20) 17. saúde do trabalhador, o adoecimento e o afastamento do trabalho e o próprio SIS. O segundo capitulo apresenta a metodologia da pesquisa, descrevendo como se deu a investigação sobre o processo de afastamento do trabalho e seu registro no SIS. Em seguida, no capítulo três, são apresentados os resultados obtidos, com destaque para a caracterização dos afastamentos, conforme relatórios gerenciais do SIAPE SAÚDE, bem como dados derivados de observação e entrevistas com os servidores da Unidade SIASS-UFRN sobre o funcionamento do SIS no âmbito da UFRN. O capítulo quatro discute os resultados obtidos e nele são analisados o processo de afastamentos e as particularidades do funcionamento do SIS. Por fim, a título de conclusão do estudo, o capítulo cinco destaca os achados e as limitações da pesquisa, bem como as contribuições e proposições visando uma melhoria nos processos institucionais e ampliação do conhecimento sobre o tema..

(21) 18. 2. O. AFASTAMENTO. DO. TRABALHO. A. PARTIR. DO. SISTEMA. DE. INFORMAÇÃO - SIS: APORTES TEÓRICOS. 2.1 TRABALHO E A SAÚDE DO TRABALHADOR. A palavra trabalho deriva da expressão grega tripalium (instrumento de tortura) representando um sentimento de mal-estar, esforço demasiado e castigo que estava associado ao pensamento e as práticas escravistas do Império Romano. A concepção do que seja trabalho vai mudando de acordo como a dinâmica social, sendo a mudança mais visível aquela derivada do surgimento do capitalismo, por volta do século XVIII na Inglaterra, quando o trabalho passa a condição de aspecto fundamental no desenvolvimento do Estado moderno e manutenção da recém criada burguesia (ZANELLI et al., 2014). Segundo Zanelli et al. (2014), se na Grécia Antiga o trabalho era exercido por escravos ou pelos homens livres, os não cidadãos, estando associado à desonra e a desgraça e, do mesmo modo, na Renascença e início da Idade Moderna, estava reservado aos que não tinham poder ou dinheiro ou, no máximo, voltava-se exclusivamente para garantir a subsistência de servos e senhores feudais, na Idade Contemporânea, com o advento do Capitalismo Moderno, ele assume, enfim, um valor positivo. Engendrou-se, assim, uma concepção do trabalho que o exalta como central na vida das pessoas, como único meio digno de ganhar a vida, independentemente de seu conteúdo. Ainda para esses autores, nos primórdios do capitalismo, progressivamente se consolida a ideia de que o trabalho duro conduz ao sucesso econômico. Inicialmente, a fábrica ou a oficina representavam a única opção em relação ao campo (onde imperava a extrema falta de meios de sobrevivência) e nelas, a realidade do trabalho concreto era extremamente adversa. Sob o capitalismo, desponta o pensamento de Karl Marx, que assinalava o progressivo processo de alienação a que era submetido o trabalhador, dando visibilidade à luta de classes inerente a esse modo de produção, de um lado, a classe burguesa, detentora dos meios de produção e de outro, a classe do proletariado, que vendia sua força de trabalho como mercadoria em troca de um salário não justo (MARX, 1996). No sistema capitalista de produção, a criatividade é substituída pelo trabalho abstrato, em que o operário realiza sua tarefa e contribui com parte do produto de forma repetitiva e alienada, sem ter a noção do todo, atuando em ambientes fechados e insalubres, trabalhando por longas horas, potencializando o adoecimento e o afastamento do trabalho..

(22) 19. Naquele momento, o consumo da força de trabalho, resultante da submissão dos trabalhadores a um processo acelerado e desumano de produção, exigiu uma intervenção, sob pena de tornar inviável a sobrevivência e reprodução do próprio processo (MENDES; DIAS, 1991, p. 341).. Um conjunto de fatos socioeconômicos e políticos cria o contexto favorável às mudanças na forma de gerenciar o trabalho e leva à elaboração de uma sustentação científica para a concepção e organização deste. Surge, então, a Administração Científica, (que tem como expoentes Taylor e Fayol) que visava, basicamente, o controle absoluto do processo de trabalho a partir de um gerenciamento sistemático que instaura a divisão social do trabalho (quem planeja e quem executa) e reduzia o homem a uma máquina (LACAZ, 2014). Foucault (2001) assinala que o capitalismo redefiniu a relação social e subjetiva quanto ao controle sobre o corpo e sobre a saúde, até por que, para que pudesse se desenvolver, era fundamental moldar controladamente os corpos ao processo de produção. Alienado, sem nenhum controle ou autonomia em relação ao ritmo ou a forma como se apropriará do próprio trabalho, o trabalhador mais e mais adoece e é nesse momento que a medicina, enquanto principal encarregada de cuidar da saúde corporal (visando manter os empregados aptos) ganha espaço (MENDES; DIAS, 1991). Progressivamente, se instaura o esgotamento do modelo taylorista-fordista. Fatores tais como o declínio da hegemonia das superpotências, a diminuição da produtividade em decorrência da resistência organizada pelos trabalhadores, a internacionalização da economia, a recessão (baixas taxas de crescimento e altas taxas de inflação), a adoção de novas tecnologias na produção (informática e automação), a revolução dos meios de comunicação, a flexibilização do processo produtivo e a globalização, dentre outros, deram margem para o surgimento de novos estilos de gestão (LACAZ, 2014; HOEFEL; SEVERO, 2011). Reestruturação produtiva, redução dos postos de trabalho, surgimento de formas desregulamentadas de trabalho, precarização e inovação são as marcas do trabalho na contemporaneidade. A ameaça aos trabalhadores de ter sua força de trabalho dispensada a qualquer momento, a instabilidade e o estresse cotidiano, a submissão (por vezes consciente) a situações de risco, promovem uma explosão de novas queixas de saúde. É nesse território mutante, fluido e flexível da acumulação do capital que se configura o “novo” mundo do trabalho e no qual se desenha o perfil dos trabalhadores urbanos – e crescentemente dos rurais nos agronegócios – com reflexos sobre sua vida e sua saúde. É sob o capitalismo que o trabalho torna-se central para o homem, a ponto de ser tido como aspecto determinante na.

(23) 20. saúde e adoecimento dos sujeitos, mas como se instituiu e se desenvolveu o campo de estudos sobre as relações entre trabalho e saúde? A seguir, uma breve incursão sobre esse tema. Com a Revolução Industrial e o estabelecimento do capitalismo moderno, o gerenciamento do trabalho passou a se pautar na utilização, à exaustão, da força de trabalho disponível, o que propiciou o aumento dos casos de afastamento e adoecimento entre os trabalhadores e a consequente diminuição nos índices de produtividade e desempenho. A Medicina do Trabalho, como fruto da preocupação dos proprietários das fabricas pelo alto índice de adoecimento e absenteísmo dos seus operários, emerge como instrumento voltado para o ajustamento do trabalhador, visando reconduzi-lo ao trabalho, de modo a não comprometer os lucros e a produção da mais valia, portanto, inserida em um modelo médico privatista (MENDES; DIAS, 1991). Se vislumbrava uma nova era: os conhecimentos da "medicina científica", unicausal, com base na teoria microbiana, somavam-se ao reconhecimento dos conceitos da Medicina Social, onde aspectos como habitação, saneamento, trabalho e outros entram como cofatores determinantes na gênese do processo de doença. O modelo de serviços médicos dentro das empresas difundiu-se para vários países da Europa e de outros continentes, paralelamente ao processo de industrialização, e passou a ter um papel importante no controle da força de trabalho através do aumento da produtividade e regulação do absenteísmo (MENDES; DIAS, 1991, p. 341).. A Medicina do Trabalho, baseada na teoria da unicausalidade1, tinha como proposta central a adaptação do trabalhador ao trabalho por meio da manutenção da saúde deste, uma pratica que refletia o pensamento mecanicista (que fundou a própria medicina), o desenvolvimento da anatomopatologia e da fisiologia e, principalmente, Administração Científica do Trabalho (MENDES; DIAS, 1991). A prática da Medicina do Trabalho, após a segunda guerra mundial, abre espaço para uma nova forma de ação político-sanitária, denominada de Saúde Ocupacional. Baseada no modelo multicausal do processo saúde-doença2, tal proposição amplia o olhar sobre a concepção de saúde e doença, focando-se em intervenções nos ambientes de trabalho e no envolvimento de outros profissionais de saúde. Para Mendes e Dias (1991), a Saúde Ocupacional emerge ante a impotência da Medicina do Trabalho em responder aos problemas de saúde causados pelos processos de. 1. Unicausalidade: teoria que atribui as causas das doenças ser provenientes unicamente dos vírus e bactérias. Multicausalidade: teoria que atribui a causa das doenças ser advinda de diversos fatores como as características individuais, comportamentais, fatores de risco, estilo de vida, entre outras coisas. 2.

(24) 21. produção. A ênfase é na higiene industrial, visando controlar os riscos, principalmente os de natureza ambiental. “Saúde Ocupacional” surge, sobretudo, dentro das grandes empresas, com o traço da Multi e interdisciplinaridade, com a organização de equipes Progressivamente multiprofissionais, e a ênfase na Higiene "industrial", refletindo a origem histórica dos serviços médicos e o lugar de destaque da indústria nos Países "industrializados (MENDES; DIAS, 1991, p. 343).. Ainda segundo esses autores, no fim da década de 1970, com a crise do capitalismo mundial e o esgotamento do modelo de acumulação taylorista/fordista, da administração keynesiana e do Estado de bem-estar social, ocorre à remodelação das estruturas de poder. Na medida em que novas formas de organização flexível ganham cada vez mais espaço, um novo perfil da classe trabalhadora é exigido. O modelo toyotista, caracterizado pela flexibilização da produção (ou adequação da estocagem dos produtos conforme a demanda, em oposição à premissa básica do sistema anterior - o fordismo, que defendia a máxima acumulação dos estoques) e do próprio trabalho (ao longo do processo produtivo, um mesmo trabalhador realiza diversas funções, diferentemente do fordismo, em que o trabalho era mecânico e repetitivo), bem como o fenômeno da terceirização, por exemplo, impuseram uma mudança no modo de trabalho e de vida, agora sustentados “na volatilidade, efemeridade e descartabilidade sem limites”, como assinalam Antunes e Druck (2015, p. 20). Neste contexto, tem-se uma hegemonia da “lógica financeira” e aspectos como a terceirização, informalidade e a precarização são vitais à preservação e ampliação dessa lógica que, cada vez mais se consolida: É a lógica do curto prazo, que incentiva a “permanente inovação” no campo da tecnologia, dos novos produtos financeiros e da força de trabalho, tornando obsoletos e descartáveis os homens e mulheres que trabalham (ANTUNES; DRUCK, 2015, p. 20).. A reestruturação produtiva (flexibilização, novas tecnologias, novos modelos de gestão, globalização), a democracia e maior participação dos trabalhadores nas questões de saúde e segurança, as novas políticas sociais e leis de proteção, assinalam um progressivo desenvolvimento na forma de lidar com as questões relacionadas à saúde nos contextos de.

(25) 22. trabalho, ancorado em uma mudança na perspectiva sobre o processo saúde-doença, agora baseada na teoria da determinação social das doenças3. Na nova teoria saúde ou doença são uma expressão, ao nível individual, das condições coletivas de vida (produção, trabalho e perfil de consumo) e das condições favoráveis e desfavoráveis de saúde e de sobrevivência Baseado em tal perspectiva, fica cada vez mais evidente que os riscos não se restringem a fatores ambientais, mas também à organização do trabalho e tudo que ela compreende (uso de novas tecnologias e modificações nos processos de trabalho, por exemplo), conforme assinalam Mendes e Dias (1991). Tendo como referência um conceito ampliado de saúde, surge o movimento sanitário brasileiro, que reivindica condições dignas de trabalho e a criação de políticas de saúde para a população (HOEFEL; SEVERO, 2011). A Saúde do Trabalhador no Brasil emerge no início dos anos de 1980, no período da transição democrática, buscando explicação sobre o adoecer e o morrer das pessoas, em destaque dos trabalhadores. Ainda para Mendes e Dias (1991), refere-se a um campo que busca entender as relações entre o trabalho e o processo saúde/doença através da realização de estudos dos processos de trabalho, de forma articulada com o conjunto de valores, crenças e ideias, das representações sociais e da possibilidade de consumo de bens e serviços na moderna civilização urbano-industrial. Saúde e doença são vistos como processos dinâmicos que refletem a história, o desenvolvimento político, econômico e social, sendo o ambiente de trabalho tido como um fator que contribui diretamente no adoecimento do trabalhador (BRASIL, 2001). Assim, o campo da Saúde do Trabalhador se foca no processo saúde e doença dos grupos humanos em sua relação com o trabalho, visando compreender como e porque ocorrem, e ainda, buscando alternativas de intervenção que levem à transformação em direção à apropriação pelos trabalhadores, da dimensão humana do trabalho. Ganha o corpo um novo pensar sobre processo saúde-doença, e o papel exercido pelo trabalho na sua determinação. Há o desvelamento circunscrito, porém inquestionável, de um adoecer e morrer dos trabalhadores, caracterizado por verdadeiras “epidemias”, tanto de doenças profissionais clássicas (intoxicação por chumbo, mercúrio, benzeno e silicose), quanto de novas doenças relacionadas ao trabalho, como a LER (Lesões por Esforços Repetitivos), por exemplo. (MENDES; DIAS, 1991 p. 348).. 3. Teoria da determinação social das doenças: Paradigma que trabalhou no sentido de construir um método capaz de abordar a questão da saúde-doença numa perspectiva de totalidade, ressaltando o seu duplo caráter, biológico e social..

(26) 23. O campo da Saúde do Trabalhador busca compreender o processo saúde-doença como determinação social. Seu desenvolvimento se consolidou nas discussões da VIII Conferência Nacional de Saúde de 1986 e na realização da I Conferência Nacional de Saúde dos Trabalhadores, nos quais foi discutido um conceito ampliado de saúde, posteriormente incorporado à Constituição Federal de 1988 – CF/88, que no artigo 196, assinala: Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988).. O texto da Lei toma por base um conceito ampliado de saúde em que está se caracteriza como resultante das condições de alimentação, educação, habitação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde, em consonância com o que diz o texto da VIII Conferência Nacional de Saúde, no qual: À saúde é um conceito abstrato, mas que se define num dado momento histórico de determinada sociedade e em dado momento de seu desenvolvimento, devendo ser conquistada pela população em suas lutas cotidianas (CNS, 1986).. O adoecimento decorrente de aspectos diretamente relacionados aos contextos de trabalho vem crescendo nas últimas décadas em todo o mundo. As relações estabelecidas entre algumas doenças físicas e psíquicas e determinados contextos de trabalho ganham destaque e, de modo geral, a saúde do trabalhador passa a estar diretamente vinculada à valorização do ser humano, aspecto essencial em qualquer contexto de trabalho. Esse entendimento (ou o não reconhecimento do referido preceito), se expressa na legislação, que, por sua vez, se modifica e reproduz o momento histórico, conforme pode ser identificado a partir da breve exposição a seguir.. 2.2. VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR. No Brasil, a evolução da preocupação com a saúde do trabalhador se expressa nas inúmeras leis que foram sendo criadas visando atender as demandas sociais e que são um indicativo das progressivas conquistas obtidas nessa área. Com a publicação do Decreto-Lei n° 2.865, de 12 de dezembro de 1940, por exemplo, observam-se avanços em relação à administração pública, pois além de tratar de aspectos relativos à previdência social,.

(27) 24. destacava-se também uma preocupação com a assistência e a saúde do trabalhador (COSTA, 2012; CAMPELO, 2015). Em 1943, com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a questão da Segurança e Medicina do Trabalho ganha destaque com a Criação das Comissões Internas de Prevenção de Acidente – CIPAS (VASQUEZ-MENEZES, 2012). A saúde do trabalhador é uma conquista institucionalizada na Constituição Federal de 1988, no seu artigo 200 que define como competências do SUS, dentre as suas atribuições, “executar as ações de saúde do trabalhador, colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho” (BRASIL, 1988). A Saúde do Trabalhador tem por objetivo o estudo e intervenção nas relações entre o trabalho e a saúde, atuando na promoção e proteção da saúde através da realização de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes de trabalho, das condições de trabalho oferecidas, dos agravos à saúde, da organização e assistência aos trabalhadores (BRASIL, 2001). A Lei Orgânica da Saúde n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, que institui o Sistema Único de Saúde (SUS). O art. 3° assinala: A Saúde do Trabalhador se refere a um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho. Visa à recuperação e a reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho (BRASIL, 1990a).. As atividades relacionadas a saúde do trabalhador, conforme a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, compreendem: a assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho; a participação em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho; a participação da normatização, fiscalização e controle das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador, assim como a avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde, a informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional (BRASIL, 1990a)..

(28) 25. Com a publicação da Lei Orgânica da Saúde, em 1990, observa-se uma preocupação com a participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas. Nela, sugere-se a revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho (tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais), bem como, a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores (BRASIL, 1990a). Ainda em relação à Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, vale ressaltar que, com a incorporação da Saúde do Trabalhador às ações do SUS, são estabelecidas as bases para a Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT)4, através da Portaria n.º 3.120, de 1º de julho de 1998. A VISAT tornou-se um componente do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, conforme descrição da Portaria GM/MS nº 3.252, de 22 de dezembro de 2009, com vistas à promoção da saúde e à redução da morbimortalidade da população trabalhadora, por meio da integração de ações do SUS com as Vigilâncias – sobretudo com a Sanitária (VISA), Epidemiológica (VE) e Saúde Ambiental (VSA) - e as redes assistenciais. Em 2013 foi instituída a Portaria n° 1.378, de 9 de julho de 2009 (revogando a Portaria n° 3.252, de 22 de dezembro de 2009), definindo as diretrizes para execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde5, e as competências da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS)6 e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) com a vigilância da saúde do trabalhadores (BRASIL, 2013). A Portaria/MS nº 3.120, de 30 de outubro de 1998, que estabelece procedimentos para orientar e instrumentalizar as ações e serviços de saúde do trabalhador no SUS, no seu artigo 1º discorre sobre o objetivo de orientar e instrumentalizar a realização das ações de saúde do 4. A Vigilância em Saúde do Trabalhador compreende uma atuação contínua e sistemática, ao longo do tempo, no sentido de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e ambientes de trabalho, em seus aspectos tecnológico, social, organizacional e epidemiológico, com a finalidade de planejar, executar e avaliar intervenções sobre esses aspectos, de forma a eliminá-los ou controlá-los (BRASIL, 1998). 5 Art. 2º A Vigilância em Saúde constitui um processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde, visando o planejamento e a implementação de medidas de saúde pública para a proteção da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e doenças, bem como para a promoção da saúde. Art. 3º As ações de Vigilância em Saúde são coordenadas com as demais ações e serviços desenvolvidos e ofertados no Sistema Único de Saúde (SUS) para garantir a integralidade da atenção à saúde da população (BRASIL, 2013). 6 Art. 6º Compete à SVS/MS: I – ações de vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis, a vigilância e prevenção das doenças e agravos não transmissíveis e dos seus fatores de risco, a vigilância de populações expostas a riscos ambientais em saúde, gestão de sistemas de informação de vigilância em saúde de âmbito nacional e que possibilitam análises de situação de saúde, as ações de vigilância da saúde do trabalhador e ações de promoção em saúde (BRASIL, 2013)..

(29) 26. trabalhador e da trabalhadora (urbano e rural), pelos Estados, o Distrito Federal e os Municípios, as quais devem nortear-se pelos pressupostos básicos da universalidade e equidade7, integralidade das ações8, direito à informação sobre a saúde9, utilização do critério epidemiológico e de avaliação de riscos no planejamento e na avaliação das ações, no estabelecimento de prioridades e na alocação de recursos e, ainda, configuração da saúde do trabalhador como um conjunto de ações de vigilância e assistência, visando à promoção, à proteção, à recuperação e à reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos a riscos e agravos advindos do processo de trabalho (BRASIL, 1998). O reconhecimento da relação entre trabalho e o processo saúde doença dos trabalhadores ficou estabelecido na Portaria nº 1.339, de 18 de novembro de 1999, com a edição da Listagem de Doenças Relacionadas ao Trabalho e a relação de agentes ou fatores de riscos de natureza ocupacional, com as respectivas doenças que podem estar relacionadas com eles10. Documento que também foi adotado pelo Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) para uso clínico e epidemiológico (BRASIL, 1999). Somando-se a legislação voltada para uma assistência integral à saúde do trabalhador brasileiro, em 2002 o Ministério da Saúde criou a Portaria GM/MS nº 1.679, de 19 de setembro de 2002, que dispões sobre a estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), tendo como uma das suas estratégias, a organização e implantação de redes sentinelas, como a dos Centros de Referências em Saúde do Trabalhador (CRST/CEREST), organizados estadual e regionalmente (SILVA, 2012). A Portaria nº 777, de 28 de abril de 2004, dispõe sobre os procedimentos técnicos para a notificação compulsória de onze agravos à saúde do trabalhador 11, no Sistema de 7. Universalidade e equidade: todos os trabalhadores, urbanos e rurais, com carteira assinada ou não, empregados, desempregados ou aposentados, trabalhadores em empresas públicas ou privadas, devem ter acesso garantido a todos os níveis de atenção à saúde 8 Integralidade das ações: tanto em termos do planejamento quanto da execução, com um movimento constante em direção à mudança do modelo assistencial para a atenção integral, articulando ações individuais e curativas com ações coletivas de vigilância da saúde, uma vez que os agravos à saúde, advindos do trabalho, são essencialmente preveníeis 9 Direito a informação sobre a saúde: acesso e o repasse de informações aos trabalhadores, sobretudo os riscos, os resultados de pesquisas que são realizadas e que dizem respeito diretamente à prevenção e à promoção da qualidade de vida 10 Doenças Relacionadas ao Trabalho (DRT) consiste na doença em que a atividade laboral é fator de risco desencadeante, contributivo ou agravante de um distúrbio latente ou de uma doença preestabelecida (BRASIL, 2014). 11 I - Acidente de Trabalho Fatal; II - Acidentes de Trabalho com Mutilações; III - Acidente com Exposição a Material Biológico; IV - Acidentes do Trabalho em Crianças e Adolescentes; V - Dermatoses Ocupacionais; VI Intoxicações Exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados); VII Lesões por Esforços Repetitivos (LER), Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT); VIII Pneumoconioses; IX - Perda Auditiva Induzida por Ruído – PAIR; X - Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho; e XI - Câncer Relacionado ao Trabalho (BRASIL, 2004)..

(30) 27. Informação dos Agravos de Notificação (SINAN), considerando que a gravidade do quadro de saúde dos trabalhadores brasileiros está expressa, entre outros indicadores, pelos acidentes do trabalho e doenças relacionadas ao trabalho; assim como, considerando a necessidade da disponibilidade de informação consistente e ágil sobre o perfil dos trabalhadores e a ocorrência de agravos relacionados ao trabalho para orientar as ações de saúde, a intervenção nos ambientes e condições de trabalho, subsidiando o controle social (BRASIL, 2004). A Política Nacional de Promoção à Saúde (PNPS), foi implantada através da Portaria nº 687 MS/GM, de 30 de março de 2006, trazendo como conceito para a promoção da saúde: Apresenta-se como um mecanismo de fortalecimento e implantação de uma política transversal, integrada e Inter setorial, que faça dialogar as diversas áreas do setor sanitário, os outros setores do Governo, o setor privado e nãogovernamental, e a sociedade, compondo redes de compromisso e corresponsabilidade quanto à qualidade de vida da população em que todos sejam partícipes na proteção e no cuidado com a vida (BRASIL, 2006).. A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), instituída por meio do Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011, traz como objetivos a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes e de danos à saúde relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso dele, por meio da eliminação ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho (BRASIL, 2011). A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNST), foi instituída por meio da Portaria MS n º 1.823, de 23 de agosto de 2012, tendo como finalidade (Art. 2º) definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observados pelas três esferas de gestão do SUS, para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, visando à promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos. Dentre os objetivos descritos no capítulo II, Art. 8º, destacam-se, entre outros, o fortalecimento da Vigilância em Saúde do Trabalhador e a integração com os demais componentes da Vigilância em Saúde; Promover a saúde e ambientes de trabalho saudáveis; Garantir a integralidade na atenção à saúde do trabalhador; Incorporar a categoria trabalho como determinante do processo saúde-doença dos indivíduos e da coletividade, incluindo-a nas análises de situação de saúde e nas ações de promoção em saúde (BRASIL, 2012). A Portaria nº 1.823, de 23 de agosto de 2012, por fim, abrange todos os trabalhadores, priorizando pessoas e grupos em situação de maior vulnerabilidade, como os que estão inseridos em atividades ou em relações informais e precárias de trabalho, em atividade de.

(31) 28. risco para saúde, na perspectiva de superar desigualdades sociais e de saúde (BRASIL, 2012b). De modo geral, a legislação tem evoluído de modo a atender as novas demandas derivadas dos contextos de trabalho. No âmbito do serviço público federal, a Lei n° 8.112, de dezembro de 1990, que representa o Regime Jurídico Único dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, dispõe, em seu artigo 230, sobre a assistência dos servidores e de sua família (que compreende assistência médica hospitalar, odontológica, psicológica e farmacêutica), tendo como diretriz básica o implemento de ações preventivas voltadas para a promoção da saúde (BRASIL, 1990b). Na tentativa de criação de uma política especifica, o Governo Federal cria em 2003, a Coordenação Geral de Seguridade do Servidor (CGSS), dentro da estrutura da Secretaria de Recursos Humanos (SRH) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Em 2006, como desdobramento, por meio do Decreto nº 5.961, de 13 de novembro de 2006 e a Portaria nº 1.675, de 6 de outubro de 2006, é proposto um projeto piloto denominado Sistema Integrado de Saúde Ocupacional do Servidor Público (SISOSP), visando uniformizar as informações da área de perícia, promoção e assistência à saúde dos órgãos da Administração Pública Federal (APF) que, sem uma sistematização, procediam cada um a seu modo (SILVA, 2009; COSTA, 2016). Silva (2009) e Costa (2016), pontuam que durante a operacionalização do processo do SISOSP foi notado sinais de retrocesso que o inviabilizou, sendo retomado o processo em 2007, com debates em nível nacional para a redefinição dos objetivos propostos pelo sistema e no sentido de atender a complexa realidade do serviço público. Durante esse processo, surge a nova denominação para a política, o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor SIASS. A Política de Atenção à Saúde e Segurança no Serviço Público Federal (PASS), surge portanto, organizada através dos três eixos de atuação do SIASS, conforme Decreto n° 6.833, de 29 de abril de 2009, art. 3º (BRASIL, 2009a): I – assistência à saúde: ações que visem à prevenção, a detecção precoce e o tratamento de doenças e, ainda, a reabilitação da saúde do servidor, compreendendo as diversas áreas de atuação relacionadas à atenção à saúde do servidor público civil federal; II – perícia oficial: ação médica ou odontológica com o objetivo de avaliar o estado de saúde do servidor para o exercício de suas atividades laboratoriais; III – promoção e vigilância à saúde: ações com o objetivo de intervir no processo de adoecimento do servidor, tanto no aspecto individual quanto nas relações coletivas no ambiente de trabalho (BRASIL, 2009a)..

Referências

Documentos relacionados

Este era um estágio para o qual tinha grandes expetativas, não só pelo interesse que desenvolvi ao longo do curso pelas especialidades cirúrgicas por onde

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

Foi membro da Comissão Instaladora do Instituto Universitário de Évora e viria a exercer muitos outros cargos de relevo na Universidade de Évora, nomeadamente, o de Pró-reitor (1976-

Certain it is, this was not the case with the redoubtable Brom Bones; and from the moment Ichabod Crane made his advances, the interests of the former evidently declined:

Os dados descritos no presente estudo relacionados aos haplótipos ligados ao grupo de genes da globina β S demonstraram freqüência elevada do genótipo CAR/Ben, seguida

Não podemos deixar de dizer que o sujeito pode não se importar com a distância do estabelecimento, dependendo do motivo pelo qual ingressa na academia, como

Outro ponto importante referente à inserção dos jovens no mercado de trabalho é a possibilidade de conciliar estudo e trabalho. Os dados demonstram as