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Metodologias de serviços públicos de ATER: estudo em instituições do Rio Grande do Norte

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Academic year: 2021

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(1)1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO. ABDON SILVA RIBEIRO DA CUNHA. METODOLOGIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE ATER: ESTUDO EM INSTITUIÇÕES DO RIO GRANDE DO NORTE. AGOSTO/2012 NATAL.

(2) 2. ABDON SILVA RIBEIRO DA CUNHA. METODOLOGIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE ATER: ESTUDO EM INSTITUIÇÕES DO RIO GRANDE DO NORTE. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração, na área de Políticas Públicas.. Orientador: Washington José de Souza, Dr.. AGOSTO/2012 NATAL.

(3)  .

(4) 3. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO. METODOLOGIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE ATER: ESTUDO EM INSTITUIÇÕES DO RIO GRANDE DO NORTE SOB ORIENTAÇÃO DA NOVA ATER. ___________________________________ Abdon Silva Ribeiro da Cunha. Dissertação de Mestrado apresentada e aprovada em _____/_____/________ pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros:. BANCA EXAMINADORA. ______________________________________ Profº Washington José de Souza, Dr. Orientador - UFRN. _______________________________________ João Matos Filho Examinador Interno - UFRN. _______________________________________ Thiago Ferreira Dias Examinador Externo - UFERSA. Natal, _____ de ____________ de 2012.

(5) 4. AGRADECIMENTOS. Primeiramente a Deus, razão do meu existir, Senhor de todas as coisas, a Ele agradeço pela sabedoria concedida e pela realização desta conquista. Aos meus pais José Abdon e Sonia Maria pela força que sempre se dispuseram sem medir esforços para dar-me o melhor e deixando para mim o maior legado, a educação. Ao meu orientador Drº Washington José de Souza, que acima de um professor um grande amigo, pelo estímulo e confiança, que soube compartilhar seus vastos conhecimentos no transcorrer desta Dissertação, sempre se mostrando solícito a ajudar. Aos pesquisadores participantes do projeto “Metodologias inovadoras em ação: sistematização, análise e comparativo de metodologias de extensão rural agroecológica”, Dr° Thiago (UFERSA), Dr° Tarcisio (UFPE) Éder (UFPE) e Michelle (UFPE) pelo companheirismo nos dois anos de execução do projeto. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Administração PPGA/UFRN, pelos valiosos ensinamentos que contribuíram significativamente para minha formação. Ao CNPq por ter financiado meus estudos desde a época de minha graduação, com bolsa de pesquisa e bolsa de Pós-Graduação no período de meu mestrado. Aos colegas da turma 32 em especial, a Alex, Andesson e Carlos Eduardo (doutorado), pelas discussões, contribuições e parcerias na elaboração nos artigos e apresentação dos seminários. Aos amigos da base de pesquisa GERHQUAL em especial, Juarez, Denise e Valdo, pela ajuda e esclarecimentos nos momentos que minha capacidade se esgotava. Os meus amigos que fiz na época de graduação, em especial Pedro Siebra e Jamerson Oliveira. Aos funcionários do PPGA, Deuza, Thiago e Elizabete, sempre dispostos a nos ajudar no que foi preciso. Aos atores principais deste trabalho, AACC, Diaconia e EMATER-RN que abriram as portas e me acolheram, especialmente no tocante a coleta de dados..

(6) 5. Dedico esta dissertação aos meus pais José Abdon Ribeiro da Cunha e Sônia Maria Silva da Cunha como forma singela de retribuição esta conquista que me proporcionaram..

(7) 6. RESUMO. Em função da valorização da agricultura familiar pelo Governo Federal, a Assistência Técnica e Extensão Rural foi induzida a se reestruturar e a atuar de forma mais participativa, culminando na Politica Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER), alterando o perfil de transferência de tecnologias e conhecimentos (difusionismo) para uma ação que utiliza metodologias participativas centradas na troca de conhecimentos entre técnicos e agricultores. O processo de discussão das tendências da ATER fez surgir a Nova ATER, com o reconhecimento da agroecologia como orientação principal. Esta pesquisa teve como objetivo analisar metodologias de serviços públicos de ATER desenvolvidos por instituições do Rio Grande do Norte, sob orientação da Nova ATER. A pesquisa tem caráter qualitativo. Os dados secundários foram colhidos através de pesquisa documental e bibliográfica e os dados primários foram coletados através de roteiro de entrevistas aplicado a representantes das instituições públicas de ATER, a saber: EMATER-RN, Diaconia e AACC e a representantes de entidades que recebem ATER públicas. A pesquisa evidenciou dificuldades da EMATER-RN na implantação da Nova ATER na EMATER devido a dificuldades de infra estrutura e baixa aderência dos técnicos a nova forma de assistência técnica e extensão rural. Foi evidenciado também que a AACC e a Diaconia trabalham com ATER através de projetos com prazos de execução definidos, que muitas vezes interrompem a ATER quando as comunidades ainda estão demandando assistência.. Palavras-chave: Assistência Técnica e Extensão Rural, Agroecologia, Rio Grande do Norte..

(8) 7. ABSTRACT. Due to the appreciation of family farming by the Brazilian Federal Government, the Technical Assistance and Rural Extension was induced to restructure and act in a more participative way, culminating in the National Policy of Technical Assistance and Rural Extension (PNATER), changing the profile of technology transfer and knowledge (diffusionism) for an action that uses participatory methodologies focused on exchange of knowledge between farmers and technicians. The process of discussion of the trends of ATER brought the New ATER , with the recognition of agroecology as the main guidance. This research aimed to analyze methods of public ATER developed by institutions of Rio Grande do Norte, under the guidance of New ATER. The research is qualitative. Secondary data were collected through documental research and literature. Primary data were collected through a set of interviews applied to representatives of public institutions ATER, namely EMATER-RN, Diaconia and AACC and representatives of organizations that receive public ATER. The research showed the difficulties of EMATER-RN in implementing of New ATER due to lack of infrastructure and low adherence of the new form of technical assistance and rural extension. It was shown also that the AACC and Diaconia act with ATER through projects with implementation deadlines set, often interrupting ATER while communities are still in need of assistance.. Key-words: Technical Assistance and Rural Extension, Agroecology, Rio Grande do Norte..

(9) 8. LISTA DE ILUSTRAÇÕES. Opções para a provisão e financiamento de serviços pluralísticos de extensão......................................................................................... 18. Decretos presidenciais para criação de campos de demonstração e fazendas modelo................................................................................. 23. Quadro 3 -. Evolução do Sistema Brasileiro de Extensão Rural (1948-1954)...... 26. Quadro 4 -. Princípios dos principais métodos orgânicos de produção................. 28. Quadro 5 -. Organizações Pesquisadas.................................................................. 41. Quadro 6 -. Atributos da agroecologia.................................................................. 43. Figura 1 -. Estrutura hierárquica da EMATER-RN............................................. 47. Figura 2 -. Metodologia de ATER na EMATER-RN.......................................... 53. Figura 3 -. Metodologia de ATER na Diaconia................................................... 61. Figura 4. Metodologia de ATER na AACC...................................................... 69. Quadro 1 -. Quadro 2 -.

(10) 9. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS. AACC............................ Associação de Apoio às Comunidades do Campo do Rio Grande do Norte. AAOEV......................... Associação de Agricultores e Agricultoras Agroecológicos Oeste Verde. ABCAR......................... Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural. ACAR............................ Associação de Crédito e Assistência Rural. ANA............................... Articulação Nacional de Agroecologia. ANCAR......................... Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural. ASA-BRASIL................ Articulação no Semi-Árido Brasileiro. ASBRAER..................... Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural. ATER............................. Assistência Técnica e Extensão Rural. CNER............................. Campanha Nacional de Educação Rural. CONDRAF.................... Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e da Agricultura Familiar. CONTAG....................... Confederação Nacional e Trabalhadores da Agricultura. DATER.......................... Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural. EMATER....................... Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural. EMATER-RN................ Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte. EMBRATER................. Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural. ETA............................... Projeto Técnico de Agricultura. FASER........................... Federação das Associações e Sindicatos dos Trabalhadores de Assistência Técnica e Extensão Rural e Serviço Público do Brasil. FOPP.............................. Fórum de Participação Popular nas Políticas Publicas. INCRA........................... Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. MAARA........................ Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária. MARA........................... Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. MCT............................... Ministério da Ciência e Tecnologia. MDA.............................. Ministério do Desenvolvimento Agrário. MDS............................... do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. MTE............................... Ministério do Trabalho e Emprego. NEATES........................ Núcleo Estadual de Assistência Técnica em Economia Solidária.

(11) 10. OASIS............................ Organização de Aprendizagem e Saberes em Iniciativas Solidárias. PAADI........................... Programa de Apoio à Ação Diaconal das Igrejas PAAF............................. Programa de Apoio à Agricultura Familiar. PAIS............................... Produção Agroecológica Integrada e sustentável. PMCSA.......................... Programa Municipal de Convivência com o Semi-Árido. PNAE............................. Programa Nacional de Alimentação Escolar. PNATER........................ Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. PPCA............................. Programa de Promoção da Criança e do Adolescente PRONAF........................ Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. PRONATER.................. Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária. SAF................................ Secretaria da Agricultura Familiar. SAG............................... Secretaria de Agricultura. SDR............................... Secretaria de Desenvolvimento Rural. SDT................................ Secretaria de Reorganização Agrária. SEBRAE RN................. Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio grande do Norte SENAES........................ Secretaria Nacional de Economia Solidária SIBRATER.................... Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural. SRA................................ Secretaria de Reorganização Agrária.

(12) 11. SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12. 1.1 Contexto e Problema ....................................................................................................... 12. 1.2 Justificativa ...................................................................................................................... 13. 1.3 Objetivos ........................................................................................................................... 16. 1.3.1 Geral ............................................................................................................................... 16. 1.3.2 Específicos ...................................................................................................................... 16. 2 ASSISTENCIA TÉNICA E EXTENSÃO RURAL ......................................................... 17. 2.1 Conceituação de ATER ................................................................................................... 17. 2.2 Primeiros passos da ATER ............................................................................................. 19. 2.3 Fase difusionista da ATER no Brasil ............................................................................. 22. 2.4 Fase estruturante para uma Nova ATER - Preocupações com a sustentabilidade.... 26. 2.5 A conquista da Nova ATER – ênfase na agroecologia.................................................. 31. 2.5.1 A Agroecologia .............................................................................................................. 35. 3. ESTRATÉGIA METODOLOGICA DA PESQUISA .................................................... 40. 4. METODOLOGIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE ATER GRANDE DO NORTE.................................................................................................................................... 45. 4.1 ATER pública sob orientação agroecológica no Estado do Rio Grande do Norte........................................................................................................................................ 45. 4.1.1 EMATER/RN – Enfoque na ATER universal................................................................. 45. 4.1.2 Diaconia – ATER para convivência com o semi-árido................................................... 54. 4.1.3 AACC – ATER voltada para o feminismo...................................................................... 62. 4.2 Experiências fomentadas pelas instituições de ATER pública .................................... 70. 4.2.1 Associação dos Produtores e Produtoras Orgânicos de Ceará Mirim............................. 70. 4.2.2 Associação de Agricultores e Agricultoras Agroecológicos Oeste Verde ..................... 72. 4.2.3 Associação do Paraíso .................................................................................................... 75. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 78. REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 82. APÊNDICE ............................................................................................................................ 86. ANEXOS ................................................................................................................................ 88.

(13) 12. 1 INTRODUÇÃO. 1.1 Contexto e Problema. Em função da valorização da agricultura familiar pelo Governo Federal, a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) foi induzida a se reestruturar e a atuar de forma mais participativa, alterando o perfil de transferência de tecnologias e conhecimentos (difusionismo) para uma ação que utiliza metodologias participativas e centradas na troca de conhecimentos entre técnicos e agricultores. O investimento nesta forma de ATER está associado a demandas de preservação ambiental provindas do cultivo agroecológico, bem como da inserção da agricultura familiar em processos de geração de renda diferenciados. A transição vem sendo fomentada por ações de ATER de instituições públicas e organizações não-governamentais de apoio à agricultura familiar. Mesmo priorizando instituições públicas e oficiais de ATER, a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER) permite a contratação de serviços privados de forma contínua, com pagamento pela atividade mediante a comprovação da prestação de serviços. Através de chamadas públicas, cooperativas de técnicos, ONGs e outras instituições que trabalham com extensão rural podem se credenciar e atender às demandas, contribuindo para uma assessoria mais adequada às especificidades regionais (GRISA; WESZ JUNIOR, 2010). Vale salientar que, no Brasil, a produção agroecológica foi fomentada, inicialmente, por organizações não-governamentais e, posteriormente, obteve adesão de governos federais, estaduais e municipais. No âmbito federal, o fomento à agroecologia vem sendo promovido através de políticas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) via atividades de ATER, como estabelece o Decreto Nº 4.739, de 2003. A elaboração da Nova PNATER foi coordenada por um grupo de técnicos, por delegação da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF). Este processo levou à construção de alguns consensos e a um conjunto de acordos que redundou no documento que sintetiza a lei. Desde finais de 2003, seguindo as orientações desta Política a SAF/MDA, através do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (DATER), vem implementando esta nova proposta de ATER. Portanto, esta nova proposta da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural tem a seguinte função: (…) participar na promoção e animação de processos capazes de contribuir para a.

(14) 13. construção e execução de estratégias de desenvolvimento rural sustentável, centrado na expansão e fortalecimento da agricultura familiar e das suas organizações, por meio de metodologias educativas e participativas, integradas às dinâmicas locais, buscando viabilizar as condições para o exercício da cidadania e a melhoria da qualidade de vida da sociedade (MDA, 2004 citado por CAPORAL, 2006, p.1).. Esta política nacional tem ênfase em processos de desenvolvimento endógenos visando à adoção de abordagem multi e interdisciplinar estimulando a adoção de metodologias baseadas nos princípios da agroecologia (SÁNCHEZ DE PUERTA, 2004). A Nova ATER nasceu a partir da análise crítica de resultados da Revolução Verde e problemas evidenciados a partir de propostas convencionais de ATER que visa à construção de outros estilos de desenvolvimento rural e de agricultura que, além de social, ambiental e economicamente sustentáveis, possam assegurar uma produção qualificada de alimentos e melhores condições de vida para a população rural e urbana. A concepção da PNATER está também fundamentada em outros aspectos considerados básicos para a promoção do desenvolvimento rural sustentável e pretende estabelecer de forma sistêmica, articulando recursos humanos e financeiros a partir de parcerias eficazes, solidárias e comprometidas com o desenvolvimento e fortalecimento da agricultura familiar em todo o território nacional, é pois diante do exposto que o presente projeto de pesquisa assume o seguinte problema norteador: De que modo metodologias de serviços públicos de ATER de transição agroecológica, sob orientação da Nova ATER, são executadas por instituições do Rio Grande do Norte?. 1.2 Justificativa. Hoje parece inegável que o modelo de produção agrícola adotado pelo Brasil, embora tenha possibilitado notável de incremento da produção e da produtividade rural, gerou significativos problemas de ordem ambiental, social e de segurança alimentar. Nesse cenário, a agroecologia se mostra alternativa viável de manejo ecológico dos recursos naturais, que incorpora aspectos sociais, coletivos e participativos dos grupos interessados. É modelo de produção entendido como processo social, dinâmico, localmente reverenciado, adaptado a valores culturais, históricos valorizando modos de vida dos diferentes grupos sociais, étnicos e/ou raciais. Não se trata, portanto, de uma nova onda associada ao movimento ambientalista,.

(15) 14. mas, de um novo enfoque para o desenvolvimento rural sustentável em todas as suas dimensões (THEODORO; DUARTE; ROCHA 2009). No campo acadêmico, o modelo de ATER convencional passou a ser questionado. Dias et al (2008) demonstram que devem ser inseridos na extensão rural conhecimentos que visem à promoção social e ao desenvolvimento mais humano e ambientalmente sustentável que dialoga com mobilizações e movimentos sociais. A academia passou, então, a discutir a extensão rural de modo a aproximá-la das mudanças necessárias reclamadas por agricultores que ficaram à margem dos processos de modernização. Nesse cenário, houve uma expansão do campo acadêmico que comunga com os princípios da agroecologia. Em relatório de pesquisa publicado acerca do estado da arte do ensino da extensão rural do Brasil, Callou et al, (2008) sistematiza o crescimento de temas relacionados a este construto. O estudo mostra que a agroecologia aparece entre os principais temas nos projetos de pesquisa em extensão de Instituições de Ensino Superior no Brasil. A estratificação dos temas se dão da seguinte forma: Agricultura Familiar 20,40%, Desenvolvimento Local 19,90%, Agroecologia 10,95% e Movimentos Sociais 10,95 %. Em se tratando de projetos de extensão rural, os relacionados à agroecologia também aparecem entre os principais, com 10,85%. Outras temáticas relacionadas à extensão rural aparecem da seguinte forma: 19,38% Desenvolvimento Local, 19,38% Agricultura Familiar e 7,5% Movimentos Sociais. Como política pública, a temática da agroecologia vem ocupando elevada relevância e há interesse na prática agroecológica, a exemplo, em 2004 foram firmados 101 convênios com entidades de ATER nos 27 estados da Federação, no valor de R$ 42,1 milhões. Com isto, a SAF, em parceria com o DATER, contribuíram, decisivamente, para que a abrangência dos serviços de ATER pudesse chegar, direta ou indiretamente, a um total aproximado de 1,6 milhões de unidades familiares de produção. Cabe destacar que, em 2004, as entidades estaduais de ATER contrataram mais de 2.400 novos profissionais. Como estratégia de resposta positiva do Governo Federal, destinada a fortalecer as entidades estaduais de ATER, o DATER vem ampliando o apoio técnico-financeiro às organizações, sempre, quando os governos tomam iniciativas neste sentido. Espírito Santo, Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Norte, foram alguns dos estados que se beneficiaram desta estratégia (CAPORAL, 2005a). Em 2003, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) passou a ser responsável pelas atividades de ATER (que comunga com os princípios da agroecologia), como estabelece o Decreto Nº 4.739, de 13 de junho daquele ano. Por delegação SAF, um grupo de técnicos coordenou a elaboração da PNATER (MDA, 2004). Em 2004, outras ações na esfera Federal foram realizadas para inserir a extensão rural na pauta da política nacional. Em Brasília, foi.

(16) 15. realizada a Conferência Nacional de ATER, com representação de quase todos os estados. Em paralelo, o DATER organizou uma exposição sobre a História da Extensão Rural no Brasil (disponível em www.pronaf.org.br) e contou com a colaboração e participação ativa de organizações de ATER governamentais e não-governamentais de vários estados brasileiros. No Nordeste do Brasil, são vastas as experiências de fomento à agricultura agroecológica desenvolvidas por organizações governamentais e sociais. No Rio Grande do Norte instituições como a Coopervida, Terra Viva, Centro Feminista 8 de Marco (CF8), Diaconia, Serviço de Apoio aos Projetos Alternativos Comunitários (SEAPAC), Associação de Apoio às Comunidades do Campo do Rio Grande do Norte (AACC), Centro Padre Nefs e Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte) são exemplos de instituições que desenvolvem ações no âmbito da ATER agroecológica. É pertinente citar investimentos da SAF/DATER no campo da pesquisa e extensão universitária. Neste sentido, em 2004 foi realizado um acordo entre a SAF/DATER e o MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia). Através de dois editais foram acolhidos projetos para a disponibilização de tecnologias adaptadas à agricultura familiar e tecnologias de base ecológica. Foram financiados projetos no valor total de R$ 5 milhões para entidades de pesquisa e outros R$ 5 milhões para grupos de professores que atuam em extensão universitária. Participaram dos editais entidades públicas de pesquisa, de âmbito nacional e estadual, além de pesquisadores vinculados a atividades de Extensão Universitária das Universidades Públicas. Em ambos os casos houve articulação com entidades de representação dos agricultores e/ou entidades executoras de serviços de ATER. Como resultado desta iniciativa, foram aprovados projetos e firmados contratos e convênios com universidades e instituições de pesquisa. A maior parte dos recursos foi destinada às regiões Nordeste e Norte. Esta ação teve ampla e positiva repercussão nos meios científicos e acadêmicos, quer pela inovação, quer pelo conteúdo dos editais. Em 2005, foi aberto outro edital, com a mesma parceria, no valor total de R$ 4 milhões destinados ao financiamento de projetos para disponibilização de tecnologias de base ecológica (CAPORAL, 2005a). A relevância acadêmica do tema, portanto, reside tanto neste contexto nacional de incentivo à agroecologia, quanto pelo mérito da aprovação, junto ao CNPq, de um projeto de pesquisa intitulado “Metodologias inovadoras em ação: sistematização, análise e comparativo de metodologias de extensão rural agroecológica” através do edital 33/2009 - chamada 1 - da linha temática “Realização de Estudos e Pesquisas sobre Metodologia e Prática da Extensão Rural Agroecológica (anexo A) ao qual o autor desta dissertação se vinculou. Tal projeto assumiu como objetivo “Sistematizar, analisar e traçar comparativos das metodologias de.

(17) 16. extensão rural agroecológica das experiências desenvolvidas nos Estados do RN, CE e PE, bem como, avaliar os resultados gerados ao público beneficiado pelas metodologias”. É pretensão deste estudo, assim, contribuir com o debate acadêmico nesse campo produzindo conhecimento acerca da assistência técnica e extensão rural públicas no Rio Grande do Norte, tema tratado de modo restrito na academia, de forma sistemática, especialmente na Administração. Além da experiência no referido Projeto, que tratou da temática da agroecologia, considere-se a proximidade do mestrando com temáticas relacionadas à área que pesquisa, através da atuação no campo da economia solidária, do desenvolvimento sustentável, da educação popular, da educação para a sustentabilidade e da agroecologia, atuando em uma incubadora da UFRN denominada OASIS – (Organização de Aprendizagem e Saberes em Iniciativas Solidárias). Merece registro, ainda, a inquietação do mestrando em compreender como instituições que atuam na assistência técnica e extensão rural no Rio Grande do Norte, fomentam a PNATER, no tocante à agroecologia, e, ao observar que algumas instituições obtêm maior efetividade na prática de metodologias agroecológicas em detrimento de outras.. 1.3 Objetivos. 1.3.1 Geral Analisar metodologias, fomentadas por organizações do Rio Grande do Norte, na execução de serviços públicos de transição agroecológica sob orientação da Nova ATER.. 1.3.2 Específicos. a) Sistematizar a trajetória dos serviços públicos de ATER no Brasil; b) Identificar influências da Nova ATER na concepção de metodologias de ATER pública; c) Caracterizar atributos de práticas agroecológicas em serviços públicos de ATER; d) Comparar metodologias de ATER pública praticada por organizações não governamentais e governamental no Rio Grande do Norte; e) Captar a percepção de beneficiários das metodologias de ATER, sob perspectiva agroecológica..

(18) 17. 2 ASSISTENCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL. 2.1 Conceituações da ATER [...] a extensão rural difere conceitualmente da assistência técnica pelo fato de que esta não tem, necessariamente, um caráter educativo, pois visa somente resolver problemas específicos, pontuais, sem capacitar o produtor rural. (PEIXOTO, p. 15, 2008). Os conceitos de extensão rural evoluíram ao longo do tempo. O termo “extensión education” foi pela primeira vez utilizado na Inglaterra, em 1873, para denominar a atividade de ensino que funcionava fora do espaço da universidade. Fonseca (1985), afirma que o termo “extensão” foi utilizado nos Estados Unidos por professores das Universidades Estaduais que trabalharam em parceria com o departamento Federal de Agricultura dos Estados Unidos. A expressão, foi, então, adotada em vários idiomas e exprime um conceito que se relaciona a elevação dos meios e medidas para elevar o meio de vida rural. Há pelo menos três formas de conceituar o termo: como processo, como instituição e como política. Como processo, o termo extensão rural significa o ato de “estender, levar ou transmitir conhecimentos de sua fonte geradora ao receptor final, o público rural” (PEIXOTO, 2008). No entanto, em um sentido amplo e atualmente mais aceito, extensão rural pode ser entendida como um processo educativo de comunicação de conhecimentos de qualquer natureza, sejam conhecimentos na dimensão técnica ou em outra dimensão. Neste caso, a extensão rural difere conceitualmente da assistência técnica por esta não ter, necessariamente, caráter educativo. Está mais focada em resolver problemas específicos, pontuais, sem capacitar o produtor rural. É por ter um caráter educativo que o serviço de extensão rural é normalmente, desempenhado por instituições públicas de ATER, organizações não governamentais, e cooperativas, mas que também prestam assistência técnica. As indústrias produtoras de equipamentos e fornecimento de insumos, as revendas agropecuárias e as agroindústrias processadoras de matéria prima agropecuária, em geral, prestam serviços melhor caracterizados como assistência técnica através de suas atividades de vendas, pósvendas ou de compras. Portanto, seu público alvo é composto, em geral, por médios e grandes produtores rurais, mais capitalizados, com bom nível de escolaridade formal, que utilizam tecnologias de base mecânicas, químicas e biológicas que se enquadram na categoria de agricultores patronais e empresariais..

(19) 18. No segundo sentido, como instituição ou organização, a extensão rural refere-se às “organizações estatais, prestadoras dos serviços de ATER” (PEIXOTO, 2008). A expressão extensão rural, neste caso, é entendida como a instituição, entidade ou organização pública prestadora de serviços de ATER nos Estados. Como política pública, o termo extensão rural refere-se às políticas públicas de extensão no campo, traçadas pelos governos (federal, estaduais ou municipais) ao longo do tempo, através de dispositivos legais ou programáticos, mas que podem ser executadas por organizações públicas e/ou privadas. Há relação entre a política e o modelo de extensão rural resultante, adotado por um país, e as estruturas institucionais que se formam. Conforme uma ou outra forma de prestação do serviço seja privilegiada (pelo Estado e/ou pela sociedade), é possível identificar, em linhas gerais, o modelo adotado, que pode ser público ou privado, pago ou gratuito. Nesse sentido, quatro modelos básicos podem coexistir: público e gratuito; público e pago; privado e gratuito e; privado e pago. No Brasil privilegiou-se, ao longo do tempo, o primeiro modelo (público e gratuito), hoje direcionado prioritariamente para os agricultores familiares e exercido pelas instituições estaduais de ATER (PEIXOTO, 2008). Quadro 1: Opções para a provisão e financiamento de serviços pluralísticos de extensão. Fonte: Anderson (2007) traduzido por Peixoto (2008, p. 10).

(20) 19. A extensão rural como processo, faz uso de métodos pedagógicos construídos e consagrados ao longo do tempo. Quanto ao número de produtores participantes, os métodos de ATER se dividem em métodos individuais, grupais e de massa (PEIXOTO, 2008). Os métodos individuais são aqueles em que os técnicos extensionistas vão até as propriedades para prestarem assistência e/ou acompanhamento ao produtor rural. Os métodos utilizados são as visitas técnicas, o contato pessoal e as unidades de observação, que são experimentos realizados na propriedade dos agricultores. Os métodos grupais são os que os extensionistas reúnem grupos de produtores rurais e promovem encontros, palestras, conferencias ou demonstrações práticas de técnicas ou métodos, demonstração de resultados de alguma técnica, unidade demonstrativa, curso, excursão, dia de campo, propriedade demonstrativa, etc. Por sua vez, os métodos de massa são os que atingem grande número de produtores rurais, compostos por exposições ou feiras, semana especial, concursos, campanhas e programas de rádio.. 2.2 Primeiros passos da ATER. Segundo Jones (1988), o primeiro sistema de ATER foi instituído na Irlanda, em meados do século XIX, durante uma crise econômico-social motivada por uma doença que atingiu as plantações de batata, conhecida como a “ferrugem da batata” entre os anos 1845 e 1850. Este evento foi calamitoso para a sobrevivência de pequenos lavradores, pelo fato dessa cultura ter sido à época um produto essencial como fonte de sobrevivência. Diante de tal crise, governantes determinaram-se a minimizar a situação emergencialmente, com a participação de grupos que atuavam para amortecer os pesados sofrimentos advindos da ausência de alternativas alimentares. Em 1847, o Conde de Clarendon, Governador da Irlanda, enviou ao presidente da Real Sociedade de Melhoramento Agrícola de Irlanda, uma carta manifestando a idealização de um projeto de treinamento prático na agricultura para os pequenos produtores rurais, atingidos pela fome: (...) venho colocar a Vossa consideração um plano através do qual, eu acredito, muito bem poderá ser feito e dada uma valiosa assistência à classe agricultora no presente momento (CARENDON, 1847, apud SILVA FILHO, 2005, p. 74,)..

(21) 20. Ele alegou que as condições precárias dos produtores empobrecidos poderiam ser parcialmente vencidas se os mesmos fossem treinados, aconselhados e persuadidos a melhorar suas práticas de elevagem e a plantar outras culturas, além da batata. Na referida carta, o governador ressaltou pormenores acerca dos conteúdos de treinamentos específicos e a forma de atuação dos instrutores que deveriam participar do projeto. Estas ações estariam relacionadas ao aperfeiçoamento de práticas agrícolas conforme a tecnologia existente à época. Para esta população [agricultores atingidos pela calamidade] um pequeno número de preleções em cada localidade seria o suficiente. Vossa Senhoria pode possivelmente considerar três preleções indicando respectivamente as vantagens de: 1° drenagem e aração (sub-soiling) 2° rotações e colheita (gren cropping) 3° adubação racionalizada (house-feeding), sendo estas informações de grande utilidade prática para a agricultura. (CARENDON, 1847, apud SILVA FILHO, 2005, p. 75). O documento também sugeriu a seleção de um grupo de pessoas (chamados “instrutores itinerantes”) que tivesse conhecimentos práticos para a agricultura na Irlanda e descreveu também a forma de comunicação que as tecnologias seriam passadas para os agricultores atingidos pela crise. (...) tomo a liberdade de sugerir a Vossa Excelência que um grupo de pessoas deva ser escolhido, possuidoras de um sólido conhecimento prático dos sistemas aperfeiçoados de agricultura aplicáveis a Irlanda e de uma educação geral que as permita comunicar oralmente aquela informação de modo satisfatório e que tais pessoas sejam empregadas para visitar certos distritos da Irlanda, conforme Vossa Senhoria decidir para fazer preleções sobre práticas agrícolas à população rural (CARENDON, 1847, apud SILVA FILHO, 2008, p. 75).. Igualmente ressaltou que a extensão seria dirigida para aspectos de capacitação, persuasão e aconselhamento de agricultores trazendo também orientações quanto à metodologia empregada. Vossa senhoria concordará provavelmente comigo que é muito importante que estas preleções não devam ser concedidas ou proferidas no estilo abstrato ou puramente científico, inadequado aos hábitos de pensamentos e estado de educação das classes agricultoras; as mesmas devem ser formuladas numa linguagem simples e clara e podem, em alguns casos, ser ilustradas por demonstrações práticas (CARENDON (apud SILVA FILHO, 2005, p. 76).. Relacionados à execução da ação, Clarendon descreveu o público alvo e os locais de intervenções: Onde existe uma comunidade agrícola, as lideranças em conjunção com os proprietários vizinhos devem arrumar um lugar para a reunião e anunciá-la de maneira a assegurar uma presença satisfatória dos agricultores. (...) Nos lugares onde não existe uma comunidade agrícola e onde, por esse mesmo motivo, a necessidade.

(22) 21. de instrução é maior no sentido de assisti-la a promover o bem público, a nobreza local pode organizar a reunião na escola, informando, aconselhando e explicando aos seus inquilinos da importância de tais treinamentos. (...) recomendaria a princípio que na presente ocasião, não se dirijam os esforços para aquelas localidades que já possuem algum conhecimento e ardentemente desejam mais, mas para aqueles distritos menos favorecidos onde nem mesmo um conhecimento imperfeito tem penetrado (CARENDON, apud SILVA FILHO, 2008, p. 77).. Jones (1988) e Silva Filho (2005) ressaltam a importância do pioneirismo de Clarendon em ações de ATER, embora a quase totalidade dos teóricos faz referência os Estados Unidos, a carta de Clarendon já exprime uma Extensão Rural em linhas metodológicas básicas. Silva Filho (2005) destaca que a concepção do serviço de extensão rural, na parte ocidental da Europa, era um complemento do processo educacional dos jovens, em nível de educação técnica, havendo interesse no associativismo, o que, na essência, tratava da organização de grupos de interesses, ou seja, do aspecto reivindicatório de natureza política. Nos Estados Unidos, a extensão rural surgiu na raiz da crise agrária que se seguiu à Guerra Civil, em um contexto de desenvolvimento acelerado das forças produtivas e de mudança profunda nas relações capitalistas de produção, passando a constituir-se em uma ferramenta de política destinada a diminuir os efeitos prejudiciais que aquele modelo de desenvolvimento causava nas comunidades rurais. As ações de ATER nos Estados Unidos tiveram pontapé inicial com a criação do Departamento de Agricultura na sede do Governo, em 1862, através de lei orgânica votada e aprovada pelo Congresso, para atender as pressões exercidas pela Sociedade Agrícola daquele país. De acordo com Kelsey e Hearn (1966), a Extensão Rural nos Estados Unidos adotou duas modalidades de atuação. A primeira modalidade teve por objetivo promover o desenvolvimento das comunidades, denominada Extensão Universitária ou Geral e a segunda com o objetivo de proporcionar instrução e demonstração de práticas agrícolas, economia doméstica e assuntos correlatos às pessoas sem acesso à educação formal, desenvolvida pelo Serviço de Extensão Cooperativa. A Extensão Universitária teve a preocupação com temas de interesse da sociedade rural, onde se inseriram noções necessárias de agricultura, com demonstrações práticas e aspectos da economia doméstica – que consiste na aplicação de técnicas e conhecimentos para melhorar a qualidade de vida de indivíduos e comunidades. Tal atividade foi iniciada em 1885, mediante um trabalho de professores em projetos de educação de adultos voltados para o desenvolvimento de comunidades (SILVA FILHO, 2005). O Coorporative Extension Service, adotou como objetivo elevar o padrão técnico dos agricultores através de um tipo de educação informal, a partir de programas elaborados com.

(23) 22. base nos interesses das famílias rurais e da Farm Securit Administracion, cujo propósito foi a reabilitação, através de crédito supervisionado de propriedades em vias de falência, devido a crise de 1929. A extensão rural nos Estados Unidos nasceu, assim, com clara inclinação por "estudos de comunidade", o que estabeleceu as bases teórico-metodológicas para o posterior Serviço Cooperativo de Extensão Rural. O modelo institucionalizado partia de alguns pressupostos determinados pelas políticas gerais do desenvolvimento capitalista que estava em marcha. Entre estes, destacava-se a lógica do modelo de desenvolvimento urbanoindustrial, segundo a qual se faria necessário uma forte transformação na agricultura para que este setor pudesse oferecer suporte ao desejado crescimento industrial. Este modelo adotava a suposição de que a urbanização era um caminho único e irreversível, de modo que o meio rural deveria integrar-se ao meio urbano, como forma de se alcançar um desenvolvimento homogeneizado.. 2.3 Fase difusionista da ATER no Brasil. No Brasil, o Governo Federal iniciou as atividades de extensão rural de forma rudimentar em meados do século XIX. Entre 1859 e 1860 foram criados 4 institutos imperiais de agricultura, que possuíam atribuições de pesquisa, ensino agropecuário e difusão de informações: Imperial Instituto Baiano de Agricultora, Imperial Instituto Pernambucano de Agricultura, Imperial Instituto de Agricultura Sergipano e Imperial Instituto Fluminense de Agricultura. Os estatutos dos institutos imperiais eram quase idênticos e previam a realização de exposição, concursos e a publicação de periódicos com os resultados das pesquisas (PEIXOTO, 2008). Os estatutos previam, também, a atuação de Comissões Municipais de Agricultura, com a responsabilidade de realizar levantamentos estatísticos rurais e estudar as necessidades de lavoura nos respectivos municípios. Segundo Baiardi (1999), o Imperial Instituto Baiano de Agricultura possuía laboratórios e campos experimentais, na localidade de São Bento das Lages, em 1874 e foi a primeira instituição, stricto sensu, de pesquisa e de ensino superior agropecuário no Brasil, tendo formado 273 engenheiros agrônomos até 1904, sendo extinta em 1911. O Decreto n° 1.067, de julho de 1860, por decisão da Assembleia Legislativa, criou a Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, que é considerada o embrião do Ministério da Agricultura. A estrutura da Secretaria era reduzida,.

(24) 23. contando com, aproximadamente, 50 servidores, incluindo os diretores, não tendo como desempenhar suas funções a contento (PEIXOTO, 2008). Em 1906, o Governo Afonso Pena recriou o Ministério dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio que havia sido extinto na segunda metade do século XIX, tendo sob seu cargo “o estudo e despacho de assuntos relativos à agricultura e indústria animal” com atribuições relativas à comunicação de informação, propaganda, publicidade, e divulgação de assuntos relacionados à agricultura, indústria comércio exterior e no exterior (PEIXOTO, 2008, p.13). Após a edição do Decreto n° 8.319/10, que criou e regulamentou o ensino agronômico no país, vários decretos foram publicados nos anos seguintes, instituindo campos de demonstração e fazendas modelo de criação, conforme síntese no Quadro 2, abaixo.. Quadro 2: Decretos presidenciais para criação de campos de demonstração e fazendas modelo Decreto presidencial. Objeto do decreto. Decreto n. 9.333 - de 17 de janeiro de 1912. Fazenda Modelo de Criação na fazenda de Santa Monica, município de Valença, Estado do Rio de Janeiro. Decreto n. 9.613, de 13 de junho de 1912. Campos de Demonstração na fazenda Alta-Mira, município da Villa do Conde, Estado da Bahia.. Decreto n. 9.868 - de 13 de novembro de 1912. Fazenda Modelo de Criação no município de Uberaba, Estado de Minas Geraes. Decreto n. 10.075 - de 19 de fevereiro de 1913. Fazenda Modelo de Criação no município de Caxias, no Estado do Maranhão. Decreto n. 11.875 - de 12 de janeiro de 1916. Fazenda Modelo de Criação na ilha de Marajó, Estado do Pará. Decreto n. 11.876 - de 12 de janeiro de 1916. Fazenda Modelo de Criação no município de Ponta Grossa, Estado do Paraná. Decreto n. 11.882 - de 12 de janeiro de 1916 Fonte: Peixoto, (2008, p. 15). Fazenda Modelo de Criação, no Estado de Pernambuco. Em 1916, a Lei n° 3.089, por meio do artigo 74, autorizou o uso de recursos com instruções de caráter prático de interesse da agricultura, aquisição e encadernação de livros, revistas e jornais científicos de interesses agrícolas, através do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio; autorizou a compra ou aluguel, tratamento e arreamento de animais para o serviço, fundação e custeio de novos campos de demonstração ou estações experimentais e também, autorizou o Serviço de Industria Pastoril do Ministério a realizar despesas com postos zootécnicos e fazendas de modelo de criação (PEIXOTO, 2008)..

(25) 24. Eventos de extensão rural no Brasil, comumente citada na bibliografia, é a Semana do Fazendeiro, realizada pela primeira vez em 1929, pela Escola Superior de Agricultura de Viçosa (atual Universidade Federal de Viçosa), com diversos cursos de extensão e palestras e ocorre até os dias atuais anualmente. Na década de 1940, foram criados, sob os auspícios do Ministério da Agricultura, mais de 200 Postos Agropecuários, com a finalidade de constituírem-se como pequenas fazendas demonstrativas de tecnologias agropecuárias. A estrutura mínima dos postos era de um agrônomo e um veterinário. Esta experiência não foi bem sucedida, tendo os mesmos, duração muito curta. Em 1960 os postos foram doadas a prefeituras, cooperativas e a empresas particulares (OLINGER, 1996). O Decreto-Lei n° 7.449, sancionado pelo Presidente Vargas, em 1945, dispôs sobre a organização da vida rural. Este Decreto foi uma tentativa de tutela pelo Estado do processo de organização dos produtores rurais, ao obrigar cada município a possuir uma associação rural, composta de proprietários de estabelecimentos rurais. O Decreto, dentre outras obrigações, no artigo 14 previa: l) realizar a difusão de ensinamento agro-pecuários, visando, principalmente, a melhoria das condições do habitat rural; m) promover a aprendizagem agro-pecuária, sempre que possível em cooperação com órgãos oficiais; n) manter na sede um museu com os tipos padrões dos produtos locais de expressão econômica, pugnando pela aplicação das medidas oficiais relativas à padronização e classificação[...] t) realizar, em colaboração com o Governo, periodicamente, exposições-feiras distritais, municipais ou regionais, estas últimas em colaboração com as congêneres; (PEIXOTO, 2008, p. 16, 2008, grifo nosso). Ainda em 1945, foram feitas algumas alterações na redação do Decreto-Lei n° 7.449 (através do Decreto-Lei n° 8.127)- que assim previa a organização das associações em federações estaduais e estas na Confederação Rural Brasileira (fundada efetivamente em 1951): g) manter serviços de assistência técnica, econômica e social em benefício dos sócios; j) difundir noções de higiene visando, principalmente a melhoria das condições do meio rural; l) promover o ensino profissional de interêsse agro-pecuária diretamente ou em cooperação com os órgãos oficiais; (PEIXOTO, 2008, p. 18, grifo nosso). Queda (1987) registra que, nos primeiros anos da década de 1950 existiam 511 Associações Rurais e, em 1958 existiam mais de 1.500 Associações Rurais no Serviço de.

(26) 25. Economia Rural do Ministério da Agricultura, concentrando-se a maior parte delas em Minas Gerais (221 associações), São Paulo (173 associações), Ceará (105 associações) e Rio Grande do Sul (100 associações). Outra iniciativa, proposta em 1949, e patrocinada pelo então Ministério da Educação e Saúde, sob a orientação da Igreja Católica e do Serviço Social, foi à criação das Missões Rurais de Educação. Pautadas nas experiências das Missões do México, baseavam-se na filosofia do desenvolvimento de comunidades por processos educativos e assistenciais, e eram compostas por equipes multidisciplinares, constituídas de agrônomos, médicos, sociólogos, psicólogos e assistentes sociais. As missões rurais duraram pouco, mostrando-se onerosas e pouco úteis (OLINGER, 1996). Porém, uma dessas missões rurais foi implantada no município de Itaperuna – RJ e com grande êxito servindo de modelo para a criação da Campanha Nacional de Educação Rural (CNER), em 1952. Apesar da CNER ter mantido até 18 missões em funcionamento, principalmente no Nordeste, os resultados foram pouco visíveis, sendo extinta em 1963 (FONSECA, 1985). Foi firmado, em 1948, convênio entre o Brasil e os Estados Unidos, culminando na implantação do Programa Piloto de Santa Rita do Passa Quatro, no Estado de São Paulo, como serviço experimental, que foi objeto de grande fracasso. Ainda no mesmo ano, surgiu, em Minas Gerais, mediante convenio firmado entre o governo daquele Estado, a Associação de Crédito e Assistência Rural (ACAR) – entidade civil, sem fins lucrativos com a finalidade de prestar serviços de extensão rural e elaboração de projetos técnicos para obtenção de crédito junto aos agentes financeiros - mediante missão americana no Brasil do senhor Nelson Rockefeller. A atuação da ACAR-MG se voltava para pequenos produtores e visava elevar o padrão de renda da comunidade e aumentar a sua produção e produtividade, tendo como suporte básico o crédito rural supervisionado (FONSECA, 1985). Normalmente, os estudos e textos d a história da ATER no Brasil partem da criação da ACAR-MG como atividade pioneira na área. Conforme visto, desde os anos 1859 e 1860 já havia ações legalmente estabelecidas do Governo Federal no intuito de institucionalizar ações de ATER, com a criação de missões, institutos de pesquisa e difusão do conhecimento. Baseado nos bons resultados obtidos pela ACAR-MG, o então presidente Juscelino Kubitschek assinou um acordo com o governo norte-americano, em 1954, para uma cooperação técnico-financeira para execução de projetos de desenvolvimento rural, entre os quais se destacava a coordenação das ações de extensão rural. Através deste acordo, foi criado o Projeto Técnico de Agricultura (ETA) com escritórios espalhados em diversos estados, sendo os embriões de cada ACAR Estadual. Em 1956, o presidente Juscelino Kubitschek.

(27) 26. criou a Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural (ABCAR), constituindo um sistema nacional articulado com as ACARs nos estados (BARBOSA, 2009). O método de ação das ACARs foi inspirado no modelo norte-americano de extensão rural, mas os serviços não eram prestados diretamente por universidades, e sim pelas associações. Todavia, o crédito supervisionado por um serviço de assistência técnica foi uma inovação no modelo brasileiro que estava sendo implantado, uma vez que nos EUA os produtores rurais já estavam habituados a se relacionarem com instituições que fornecessem crédito. As demais ACAR foram surgindo em cada estado, nas duas décadas seguintes, conforme o Quadro 3 abaixo.. Quadro 3: Evolução do Sistema Brasileiro de Extensão Rural (1948-1954) Ano de Fundação 1948 1954 1955 1956 1957 1958 1959. Entidade-Estado. ACAR-MG ANCAR - (CE, PE,BA) ASCAR-RS, ANCAR (RN, PB) ABCAR, ACARESC ACAR – ES ACAR – RJ ACAR – GO, ACARPA Transformação dos programas Estaduais da ANCAR 1962 em associações autônomas, a primeira em SE 1963 ACARs: autonomia de RN, AL, MA e BA 1964 ANCARS: autonomia de PE, PB e CE 1965 ACAR-Pará, ACAR-MT 1966 ANCAR-PI, ACAR-AM 1967 ACAR-DF 1968 ACAR-AC 1971 ACAR-RO 1972 ACAR-RR 1974 ACAR-AP Fonte: Peixoto, (2008, p. 19). Em meados da década de 1970, o governo do presidente Ernesto Geisel “estatizou” o serviço implantando no país, o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural (SIBRATER), coordenado em nível nacional pela Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER) e executado nos estados pelas Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER)..

(28) 27. 2.4 Fase estruturante para uma Nova ATER – Preocupações com a sustentabilidade. No fim da década de 70, em decorrência das críticas à falta de sustentabilidade ambiental e socioeconômica do padrão tecnológico do modelo modernizador, somadas ao recrudescimento do movimento ambientalista, começou a ressurgir o movimento da agricultura alternativa (que se subdivide nas correntes orgânica, natural, biológica e biodinâmica). Este movimento sofreu grande resistência de diversos setores (do Estado e dos meios acadêmicos [que prezavam pelos pacotes tecnológicos] e empresarial), só vindo a tomar força a partir do primeiro e segundo Encontro Brasileiro de Agricultura Alternativa, realizados em 1981, em Curitiba-PR e em 1984, em Petrópolis-RJ. Com o fim do regime militar e o advento da Nova República, em 1985, os debates acadêmicos sobre agroecologia (...) começaram a tomar corpo. (PEIXOTO, 2008, p. 25). Foi com o advento da redemocratização do país que surgiu um movimento social de extensionistas organizado na Federação das Associações de Sindicatos dos Trabalhadores de Assistência Técnica e Extensão Rural e Serviço Público do Brasil (FASER). Na década de 1980, a EMBRATER optou por “apoiar modelo de desenvolvimento ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo”, e por estimular, dentro do SIBRATER, ações voltadas prioritariamente para os pequenos produtores e assentados rurais, além de novas metodologias de capacitação extensionistas, baseadas na pedagogia da alternância (PEIXOTO, 2008). Segundo Godinho (2008), a pedagogia da alternância é entendida como o processo que envolve ensino-aprendizagem que ocorre em espaços diferenciados e alternados, sendo o primeiro deles o espaço familiar e a comunidade de origem; em segundo lugar, temse a escola, onde o educando partilha os diversos saberes científicos ou não e pratica a reflexão do que foi aprendido, seja na comunidade ou na propriedade. Em 1988, a Constituição Federal no Art. 187, IV citou, pela primeira vez a participação, evolvendo os produtores e trabalhadores rurais: (...) politica agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente (...) (IV) a assistência técnica e extensão rural.. Após a Constituição de 1988, a Lei Agrícola de 1991, Capítulo V, trouxe concepções acerca da participação dos agricultores na ATER, embora, ainda, sob o difusionismo. É importante também pontuar que o termo tecnologias alternativas foi utilizado pela primeira vez, em seu Art. 17, sem nomear formas: Art. 16. A Assistência técnica e extensão rural buscarão viabilizar, com o produtor rural, proprietário ou não, suas famílias e organizações, soluções adequadas a seus problemas de produção, gerência, beneficiamento, armazenamento,.

(29) 28. comercialização, industrialização, eletrificação, consumo, bem-estar e preservação do meio ambiente.[grifo nosso] Art. 17. O poder Público manterá serviço oficial de assistência técnica e extensão rural, sem paralelismo na área governamental ou privada, de caráter educativo, garantindo atendimento gratuito aos pequenos produtores e suas formas associativistas, visando: I – difundir tecnologias necessárias ao aprimoramento da economia agrícola, à conservação dos recursos naturais e â melhoria das condições de vida no meio rural; [grifo nosso] II – estimular e apoiar a participação e a organização da população rural respeitando a organização a unidade familiar bem como as entidades de representação dos produtores rurais; [grifo nosso] III – identificar tecnologias alternativas juntamente com instituições de pesquisa e produtores rurais; [grifo nosso]. Nesse cenário, a exigência de novos enfoques de desenvolvimento rural e de estratégias e políticas, condizentes com os objetivos de sustentabilidade, levaram à busca de conceitos de desenvolvimento rural sustentável e, por conseguinte, modelos de agricultura sustentável. São componentes consensuais à agricultura sustentável (THEODORO; DUARTE; ROCHA, 2009): manutenção no longo prazo dos recursos naturais e da produtividade agrícola; mínimo de impactos ao meio ambiente; retornos adequados aos produtores; otimização da produção com um mínimo de insumos externos; satisfação das necessidades humanas de alimentos e renda; atendimento às necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais. O consenso refere-se, portanto, à necessidade de padrão produtivo que permita melhorar a qualidade de vida dos produtores, alcançar o crescimento econômico e preservar os recursos naturais. Entretanto, apesar desse campo de consensualidade, a noção de agricultura sustentável permanece cercada de imprecisões, oriundas, tanto das diferentes correntes que chegaram ao Brasil na década de 1970, denominadas de agricultura biodinâmica, agricultura orgânica, agricultura biológica e agricultura natural, quanto daqueles que postulam um simples ajuste tecnológico no padrão produtivo e os que almejam mudanças mais radicais, incluindo transformações estruturais e/ou civilizacionais (DUARTE, 2004). No início do século XX, surgiram as primeiras correntes alternativas ao modelo convencional de agricultura. Segundo Tate (1994, citado por DAROLT, 2002) o avanço de forma lenta dos movimentos alternativos e a repercussão prática ocorreram em função de grupos de interesse da agricultura química ligada a interesses econômicos de uma agricultura moderna em construção. O Quadro 4 a seguir mostra os princípios básicos e particulares das atuais correntes de agricultura alternativa..

(30) 29. Quadro 4: Princípios dos principais métodos orgânicos de produção MOVIMENTO OU CORRENTE. Agricultura Biodinâmica. Agricultura Biológica. Agricultura Natural. Agricultura Orgânica. PRINCÍPIOS BÁSICOS. PARTICULARIDADES. É definida como uma "ciência espiritual", ligado à antroposofia, em que a propriedade deve ser entendida como um organismo. Preconizam-se práticas que permitam a interação entre animais e vegetais; respeito ao calendário astrológico biodinâmico; utilização de preparados biodinâmicos, que visam reativar as forças vitais da natureza; além de outras medidas de proteção e conservação do meio ambiente. No início o modelo era baseado em aspectos socioeconômicos e políticos: autonomia do produtor e comercialização direta. A preocupação era a proteção ambiental, qualidade biológica do alimento e desenvolvimento de fontes renováveis de energia. Os princípios da AB são baseados na saúde da planta, que está ligada à saúde dos solos. Ou seja, uma planta bem nutrida, além de ficar mais resistente a doenças e pragas, fornece ao homem um alimento de maior valor biológico.. Na prática, o que mais diferencia a ABD das outras correntes orgânicas é a utilização de alguns preparados biodinâmicos (compostos líquidos de alta diluição, elaborados a partir de substâncias minerais, vegetais e animais) aplicados no solo, planta e composto, baseados numa perspectiva energética e em conformidade com a disposição dos astros.. O modelo apresenta uma vinculação religiosa (Igreja Messiânica). O princípio fundamental é o de que as atividades agrícolas devem respeitar as leis da natureza, reduzindo ao mínimo possível a interferência sobre o ecossistema. Por isso, na prática não é recomendado o revolvimento do solo, nem a utilização de composto orgânico com dejetos de animais. Aliás, o uso de esterco animal é rejeitado radicalmente. Baseado na melhoria da fertilidade do solo por um processo biológico natural, pelo uso da matéria orgânica, o que é essencial à saúde das plantas. Como as outras correntes essa proposta é totalmente contrária à utilização de adubos químicos solúveis. Os princípios são, basicamente, os mesmos da agricultura biológica.. Não considerava essencial a associação da agricultura com a pecuária. Recomendam o uso de matéria orgânica, porém essa pode vir de outras fontes externas à propriedade, diferentemente do que preconizam os biodinâmicos. Segundo seus precursores, o mais importante era a integração entre as propriedades com o conjunto das atividades socioeconômicas regionais. Este termo é mais utilizado em países europeus de origem latina (França, Itália, Portugal e Espanha). Segundo as normas uma propriedade "biodinâmica" ou "orgânica", é também considerada como "biológica". Na prática se utilizam produtos especiais para preparação de compostos orgânicos, chamados de microrganismos eficientes (EM). Esses produtos são comercializados e possuem fórmula e patente detidas pelo fabricante. Esse modelo está dentro das normas da agricultura orgânica.. Apresenta um conjunto de normas bem definidas para produção e comercialização da produção determinadas e aceitas internacionalmente e nacionalmente. Pode ser considerado como sinônimo de agricultura biológica e engloba as práticas agrícolas da agricultura biodinâmica e natural.. Fonte: Adaptado a partir de Darolt (2004). Mesmo prevista, na Constituição Federal de 1988, a extensão rural foi “esquecida” pelo Estado brasileiro durante o período de 1990 a 2002, comprometendo a oferta desses serviços, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Em 1990, sob uma nova orientação para o desenvolvimento nacional (política do “Estado Mínimo”), o governo do presidente Fernando Collor de Melo extinguiu a EMBRATER, desativando o SIBRATER, e abandonou alguns dos esforços antes realizados para a existência de serviços de ATER no país.

(31) 30. (BARBOSA, 2009). A resposta das instituições estaduais de ATER a este ato foi à criação, no mesmo ano, da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (ASBRAER). Todavia, a instituição só veio a desempenhar papel relevante de articulação dos serviços de ATER nos anos seguintes. Nos anos subsequentes a extinção da EMBRATER, houve desorganização em todo o sistema oficial de ATER, provocando nos estados extinções, fusões, mudanças de regime jurídico, sucateamentos e, principalmente, a perda de organicidade e de articulação entre as diversas instituições executoras do serviço. Confirmando a intensão em não atuar na área e aparentemente deixando a competência a cargo dos estados e municípios, em março de 1990, o Governo Federal sancionou o Decreto n° 99.180 que dispôs sobre a reorganização e o funcionamento dos órgãos da Presidência da Republica e dos Ministérios e criou o Ministério da Agricultura e Reforma Agrária (MARA) e excluiu as competências de assistência técnica e extensão rural. No entanto, ainda no mesmo ano, os Decretos 99.244 e 99.621 manteve a mesma atribuição ao Ministério, que em 1992 foi transformado em Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária (MAARA) mantendo entre suas competências, a ATER. No ano de 1993, foi criada a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e em 1994 foi modificada sua estrutura e criado o Departamento de Assistência Técnica Rural (DATER) através do Decreto n° 1.261. Vale ressaltar que o DATER não conseguiu exercer suas funções com êxito, devido a limitações políticas e reduzida representatividade política (PEIXOTO, 2008). Em 1995, ações do Movimento dos Sem-Terra e do movimento sindical dos trabalhadores (organizados na Confederação Nacional e Trabalhadores da Agricultura – CONTAG) legitimaram a categoria agricultura familiar. O conceito de agricultura familiar passou a influenciar significativamente as políticas públicas no restante dos anos 1990, sendo criado, em 1999, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Secretaria de Agricultura Familiar (SABOURIN, 2009). Dentre as atribuições do MDA, o inciso II do Art. n° 17 prevê a promoção do desenvolvimento sustentável do segmento rural constituído pelos agricultores familiares (MDA, 1995). Este inciso é um importante avanço na discussão de uma ATER visando o desenvolvimento sustentável, já que prevê a institucionalização da discussão em suas atribuições. Paradoxalmente, em meados da década de 1990, o Governo Federal reconhece a importância do Terceiro Setor no campo de atuação ATER. Inicia-se toda uma discussão a respeito da execução de políticas públicas e programas governamentais através do Terceiro Setor (composto por organizações não governamentais, sindicatos, associações), que naquele momento entrava em crise, em virtude das agencias internacionais mudarem suas prioridades e começarem a voltar sua ajuda financeira para países do Leste Europeu e do Terceiro.

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