• Nenhum resultado encontrado

O esporte na educação física escolar: uma compreensão da produção do conhecimento

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O esporte na educação física escolar: uma compreensão da produção do conhecimento"

Copied!
68
0
0

Texto

(1)

UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA COMPREENSÃO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

JULIANO DA ROSA DE MOURA

Ijuí – RS 2012

(2)

JULIANO DA ROSA DE MOURA

O ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA COMPREENSÃO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Educação Física, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciatura em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Carlan

Ijuí – RS 2012

(3)

A Banca Examinadora abaixo-assinada aprova a Monografia:

O ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA COMPREENSÃO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

Elaborada por

JULIANO DA ROSA DE MOURA

como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Prof. Dr. Paulo Carlan

Orientador

__________________________________________ Prof. Esp. Mauro Bertollo

Examinador

(4)

Aos meus pais, Ilse da Rosa e Paulo Roberto Alves da Rosa, que sempre estavam por perto quando precisei, e me deram incentivo para estudar desde minha infância. E a minha esposa, Fabiélli Foguesato, que é a pessoa que me enche de esperança em crescer na vida e quem amo muito.

(5)

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pelas palavras de incentivo que estiveram presentes em todos os momentos de minha vida. E principalmente pelos exemplos que são e que com toda certeza me fazem seguir no caminho certo.

A minha esposa, pelas horas de apoio e preocupação com minhas incertezas de vários momentos de minha vida, e por estar sempre junto, tanto nos momentos ruins como bons.

Aos demais familiares, que próximos ou distantes, fazem diferença para mim e que de uma forma ou de outra me estimulam a pensar em um futuro melhor. A todos os amigos e colegas, que se encontram em minha vida de diferentes maneiras, e que fazem dela algo melhor e mais agradável.

A todos os professores que transmitiram conhecimento em todas as etapas de meus estudos e que mostraram o quanto o conhecimento acerca das coisas é importante para sermos sujeitos melhores e mais conscientes.

Ao meu orientador, professor Dr. Paulo Carlan, pelas palavras sábias e amigas dirigidas a mim durante toda construção deste trabalho. E pelas horas que sempre esteve presente quando eu precisava, obrigado pelo seu apoio.

(6)

“Aquilo que você mais sabe ensinar, é o que você mais precisa aprender...”

(7)

RESUMO

O estudo a seguir trata do esporte como conteúdo da Educação Física escolar, sendo este um fenômeno social que é abrangente em todas as relações sociais da população. O trabalho tem como objetivo analisar propostas de ensino dos autores

Elenor Kunz e Sávio Assis com as propostas do Referencial Curricular Lições do Rio Grande, através das categorias de análise: objetivo da Educação Física Escolar,

críticas ao esporte, conceito do esporte, objetivo do esporte na escola e metodologia de ensino dos esportes. Logo, realizar um diálogo com a produção do conhecimento com base nas categorias levantadas pelas bibliografias. Primeiramente, é levantado um pequeno histórico da produção do conhecimento em Educação Física e esporte. Segue com as abordagens pedagógicas da Educação Física escolar, trazendo também um pouco da disciplina ao longo do século XX, e como ela se apresenta na escola, através do esporte de alta competição e de rendimento, mostrando o esporte e suas representações sociais e o porquê do esporte ser escolarizado. Em seguida é feito o diálogo com as obras dos autores e o Referencial Curricular através das categorias de análise, concluindo com o levantamento da relação dos trabalhos expostos, para que o leitor “visualize” a importância e a perspectiva de associar propostas de ensino dos esportes de diferentes formas possíveis, com fim de adequá-lo à realidade de cada comunidade participante do fenômeno esportivo juntamente com a escola.

(8)

LISTA DE FIGURAS

(9)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Metodologia: trabalho interação e linguagem ... 36 Tabela 2 – Programa de trabalho: unidades e temas ... 46 Tabela 3 – Distribuição do porcentual: separando o esporte dos outros temas estruturadores da Educação Física ... 51

(10)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

CAPÍTULO I ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E METODOLÓGICA DA PESQUISA ... 13 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ... 13 1.2 OBJETIVO GERAL ... 13 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 13 1.4 TIPO DE PESQUISA ... 13 1.5 OBJETO DE ANÁLISE ... 14 1.6 PROCEDIMENTOS ... 14

CAPÍTULO II A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA ... 15

2.1 A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E NO ESPORTE ... 15

2.2 PENSAMENTO RENOVADOR PEDAGÓGICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA ... 16

2.3 ALGUMAS ABORDAGENS PEDAGÓGICAS ... 17

2.3.1 Abordagem Desenvolvimentista ... 17

2.3.2 Abordagem Construtivista ... 18

2.3.3 Abordagem Crítico-Superadora ... 18

2.3.4 Abordagem Crítico-Emancipatória ... 19

2.3.5 Abordagem da Psicomotricidade ... 19

2.4 EDUCAÇÃO FÍSICA COMO COMPONENTE CURRICULAR NA EDUCAÇÃO BÁSICA ... 20

2.5 O ESPORTE DE ALTA COMPETIÇÃO OU DE RENDIMENTO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ... 22

CAPÍTULO III DIALOGANDO COM AS OBRAS DE ELENOR KUNZ E SÁVIO ASSIS ... 27

3.1 TRANSFORMAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DO ESPORTE – ELENOR KUNZ ... 27

3.1.1 Objetivos da EF Escolar ... 27

3.1.2 Críticas ao Esporte ... 28

3.1.3 Conceito de Esporte... 33

(11)

3.1.5 Metodologia de Ensino dos Esportes ... 35

3.2 REINVENTANDO O ESPORTE. POSSIBILIDADES DA PRÁTICA PEDAGÓGICA – SÁVIO ASSIS ... 39

3.2.1 Objetivo da Educação Física Escolar ... 39

3.2.2 Críticas ao Esporte ... 40

3.2.3 Conceito de Esporte... 42

3.2.4 Objetivo do Esporte na Escola ... 43

3.2.5 Metodologia do Ensino dos Esportes ... 45

CAPÍTULO IV ANÁLISE DO DOCUMENTO REFERENCIAL CURRICULAR – LIÇÕES DO RIO GRANDE ... 48

CAPÍTULO V DIÁLOGO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO DA OBRA DE ELENOR KUNZ E SÁVIO ASSIS COM O REFERENCIAL CURRICULAR LIÇÕES DO RIO GRANDE ... 57

5.1 OBJETIVO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ... 57

5.2 CRÍTICAS AO ESPORTE ... 58

5.3 CONCEITO DE ESPORTE ... 60

5.4 OBJETIVO DO ESPORTE NA ESCOLA ... 61

5.5 METODOLOGIA DO ENSINO DOS ESPORTES ... 62

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 64

(12)

INTRODUÇÃO

O esporte está em foco nos dias atuais, isso acarreta uma vivência “enorme” por meio da população, quase todo mundo pratica ou pelo menos tem vontade de apreciar o fenômeno esportivo de diferentes formas, seja pela mídia, pelas representações socioculturais ou praticando-o. Com isso, está clara a importância ou pertinência do esporte ser tematizado nas aulas de Educação Física.

A escolha pelo esporte como tema desse trabalho se deu principalmente pela sua holística inserção na sociedade. O esporte gera um “movimento” intenso onde ele é manifestado, por isso, deve ser pensado e repensado dentro da escola, de modo que leve o aluno a vivenciá-lo e integrá-lo no decorrer de sua vida.

A produção científica nas propostas de ensino dos esportes poderia estar mais articulada, ou seja, o esporte ocupa praticamente 50% das aulas de Educação Física, sempre quando se fala em Educação Física é relacionado o esporte. Com isso, deve-se investir mais em trabalhos científicos que abordem a produção do conhecimento, das mais variadas formas de envolvimento da população com esse fenômeno cultural que é abrangente na sociedade contemporânea.

Na primeira parte do trabalho foi realizada uma análise dos pensamentos renovadores da Educação Física brasileira, e são levantadas as abordagens pedagógicas que contribuem para o desenvolvimento da disciplina dentro do âmbito escolar. Logo, é abordada uma pequena reflexão sobre a produção do conhecimento, que traz o positivismo como um fator importante na constituição da pesquisa voltada para o entendimento histórico-social, esboçando assim a contribuição da ciência do esporte no desenvolvimento do mesmo.

(13)

Após essa reflexão, é tratado sobre a Educação Física como componente curricular na educação básica, que procura esclarecer o porquê da Educação Física estar incluído no currículo da escola, qual o seu sentido? O que é a Educação Física quando abordada dentro da escola? Que conhecimento deve ser tratado na disciplina?

Em seguida é apresentado como o esporte de alto nível ou de rendimento é manifestado nas aulas de Educação Física, levanta as formas de envolvimento dos alunos com o esporte, e deixa claro o quanto o esporte abrange a maioria do espaço das aulas da disciplina. Relaciona, também, como o esporte vem se manifestando dentro da sociedade, através da mídia e das relações sociais das pessoas que o praticam.

No terceiro capítulo é levantada a análise das obras através das categorias: objetivo da Educação Física escolar; críticas ao esporte; conceito de esporte; objetivo do esporte da escola e metodologia do ensino dos esportes. De duas obras

“Transformação didático-pedagógica do esporte” Elenor Kunz (2004) e, “Reinventando o esporte” Sávio Assis (2001), em seguida é levantada a análise do

Referencial Curricular Lições do Rio Grande (2009).

Após realizar esses levantamentos das categorias de análise, é feito análise final através de um diálogo relacionando as duas obras de Kunz (2004) e Assis (2001) com o Referencial Curricular, para dar um entendimento da produção do conhecimento transmitida através das propostas de ensino dos esportes dos autores.

(14)

CAPÍTULO I ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E METODOLÓGICA DA PESQUISA

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Com base nas análises feitas da produção do conhecimento do fenômeno esportivo tratado nas aulas de Educação Física escolar. Como a bibliografia está contribuindo com o desenvolvimento de propostas para o ensino dos esportes na aprendizagem do educando e constituição do cidadão?

1.2 OBJETIVO GERAL

Analisar a produção do conhecimento para o fenômeno esportivo tratado nas aulas de Educação Física escolar, levantando e observando as propostas de ensino das referidas bibliografias no processo de ensino aprendizagem do educando e na constituição do cidadão.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar as metodologias de ensino.

- Analisar se os autores apresentam uma proposta de intervenção do ensino dos esportes na Educação Física escolar.

- Relacionar as abordagens teóricas que embasam as obras dos autores analisados.

- Abordar a concepção de Educação Física escolar dos autores em análise.

1.4 TIPO DE PESQUISA

De acordo com Gil (2002) por ser uma pesquisa elaborada com base em material já publicado, se trata de uma pesquisa bibliográfica, do tipo qualitativa. Pois, discute um tema que autores debatem e trazem questionamentos sobre o mesmo. Trata-se também de ser uma pesquisa de natureza exploratória, pelo fato de ter levantamento bibliográfico.

(15)

1.5 OBJETO DE ANÁLISE

Análise do assunto e compreensão das ideias dos principais autores, Elenor Kunz (Transformação didático-pedagógica do esporte), Sávio Assis (Reinventando o esporte), Fernando Jaime Gonzáles e Alex Branco Fraga (Referencial Curricular Lições do Rio Grande) e outros autores que são citados para darem apoio bibliográfico à obra.

1.6 PROCEDIMENTOS

A pesquisa será desenvolvida através de leitura aprofundada sobre o assunto. Logo depois de várias leituras preliminares foi feita a elaboração do problema de pesquisa, objetivos e justificativas, refazendo uma revisão da literatura estudada bem mais aprofundada, a revisão de literatura uma vez que os dados são encontrados em livros que já fizeram uma análise do assunto.

Organizando as informações de acordo com a pesquisa do tipo descritiva, pois tem principal objetivo a descrição da variável (a produção do conhecimento na

(16)

CAPÍTULO II A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA

2.1 A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E NO ESPORTE

Um fator que contribui na história da produção do conhecimento foi o positivismo, que foi marcado pela sua [...] “corrente filosófica, fundada na França por Augusto Comte, que objetivava estabelecer uma racionalidade científica na condução do processo histórico-social, ou seja, organizar cientificamente a humanidade a partir de paradigmas das ciências da natureza” (GUIMARÃES, 1978, apud, FARINATTI, JUNIOR, 1992, p. 69).

No Brasil o positivismo se alargou, pois chegou em uma época que o país estava em profunda desorganização. Com o embasamento cientificista, no campo político, educacional, social e no religioso, o positivismo visava a reorganização social do país através da ciência.

Na Educação Física o positivismo englobava a ginástica, pelo fato de envolver o desenvolvimento do corpo. Também, o corpo fisicamente preparado contribuía para a sociedade industrial e moral, contudo a Educação Física dentro desse contexto pretendia-se objetivos direcionados à ludicidade, solidariedade e organização dos trabalhadores.

Os profissionais da área sentiram a necessidade de repensar a Educação Física na concepção crítica, na busca de melhorar o condicionamento físico e a inclusão da população nos esportes (FARINATTI, JUNIOR, 1992).

A produção científica da Educação Física ao longo da história se deu pelas tendências que a área iria desenvolver. As primeiras publicações foram os métodos de ginástica (alemã e sueca), jogos de Educação Física militar (esgrima, lições de arma, etc), atividades físicas vinculadas à área médica (FARINATTI, JUNIOR, 1992). No que a literatura se apoiava era na melhoria da educação rígida de jovens e crianças com a necessidade de defender a bandeira, isso ocorreu com a inserção da escola de Educação Física no exército. Logo, as maiores publicações foram a de artigo que desvendavam a enorme organização dos desportos da Educação Física nos países desenvolvidos. No início da década de 80, começou surgir a produção científica voltada para “temas ligados à formação do professor, à prática da

(17)

Educação Física nos sistemas formais e não formais de ensino, à análises de documentos oficiais que regem a prática da Educação Física a nível nacional, a utilização do desporto como meio de despolitização social (FARINATTI, JUNIOR, 1992, p. 89).

Com relação à pesquisa no esporte, devemos primeiramente entende-lo, todos sabemos que o esporte está situado dentro da sociedade com diferentes manifestações. O esporte é abrangente em qualquer lugar do mundo e representado culturalmente. Com isso, dentro da ciência do esporte, encontra-se o treinamento esportivo, que leva o ser humano a adquirir melhor performance esportiva. Porém, para conseguirmos o maior desempenho no esporte é investido em pesquisas, ou seja, no conhecimento científico, com ideologias relacionadas à fisiologia do exercício e a psicologia do esporte.

Hoje a Educação Física sente a necessidade de a comunidade científica investir mais em propostas de ensino para o fenômeno esportivo, quando tratado dentro da escola. Poucos autores investem seu tempo em propostas de ensino de um esporte que traga suas características de formação educativa, um esporte que contemple a perspectiva de formar um cidadão reprodutor do mesmo, enfim, um esporte da escola. Porém, para a pesquisa de treinamento esportivo de alto nível ou de rendimento, percebemos um alto investimento, tanto econômico como bibliográfico.

2.2 PENSAMENTO RENOVADOR PEDAGÓGICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA

No período em que os governos militares assumiram o poder do país, em março de 1964, investiram pesado no esporte para garantir êxito nas competições de alto nível. Entretanto, a influência do esporte no sistema de ensino educativo é tão forte que acaba não sendo o esporte da escola e sim o esporte na escola, e assim o professor-instrutor passando a ser professor-treinador (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

Esse modelo acabou sendo muito criticado na década de 80 pelos meios acadêmicos. Porém, a Educação Física foi muito valorizada pelos conhecimentos produzidos pela ciência, voltados para a motricidade humana.

(18)

A pesquisa científica está sendo vista como uma possibilidade de romper a estagnação e provocar mudanças, ao introduzir informações novas para os profissionais atuarem de forma que a Educação Física esteja articulada a uma tematização regulamentada pela escola.

Com base em algumas abordagens pedagógicas que foram sendo, discutidas e aprimoradas ao longo da história da Educação Física escolar por vários autores da literatura da área, pode-se perceber o propósito “real” da Educação Física dentro da escola na contribuição da constituição do individuo.

2.3 ALGUMAS ABORDAGENS PEDAGÓGICAS

2.3.1 Abordagem Desenvolvimentista

Essa abordagem é direcionada para crianças de quatro a quatorze anos, na perspectiva de desenvolver a progressão normal do crescimento físico, do desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social. A abordagem desenvolvimentista defende “a ideia que o movimento é o principal meio e fim da Educação Física, propugnando a especificidade de seu projeto” (DARIDO, 2011, p. 4).

Para Darido (2011) a Educação Física através dessa abordagem “deve privilegiar a aprendizagem do movimento, embora possam estar ocorrendo outras aprendizagens em decorrência das práticas das habilidades motoras” (p. 4).

A aprendizagem do movimento é relacionada ao conceito de habilidade motora, que é contemplado uma área de conhecimento de Educação Física, ou seja, o desenvolvimento motor da vida do ser humano.

A abordagem desenvolvimentista é o desenvolvimento do movimento do ser humano através das habilidades motoras, e na Educação Física escolar deve-se adequar essa abordagem nos níveis de crescimento da criança, para que ela possa “corresponder o nível de desenvolvimento motor à idade em que o comportamento deve aparecer” (DARIDO, 2011, p. 5).

(19)

2.3.2 Abordagem Construtivista

De acordo com Darido (2011), essa abordagem é apresentada em oposição à característica de rendimento máximo, sem considerar as diferenças individuais que tem o objetivo de selecionar os melhores, visando participar em competições de alto nível. Pelo contrário, a abordagem construtivista é orientada para a construção do conhecimento e “uma maior interação com uma proposta pedagógica ampla e integrada da Educação Física” (DARIDO, 2011, p. 6).

Nesse enfoque essa abordagem visa a participação total do aluno nos conteúdos e na prática do movimento, porém sem considerar a especificidade do objeto. De acordo com Darido (2011), o jogo tem papel privilegiado, enquanto conteúdo/estratégia. Pois, é considerado o principal modo de ensinar, é um instrumento pedagógico, um meio de ensino, pois a criança aprende enquanto joga.

2.3.3 Abordagem Crítico-Superadora

Essa abordagem também segue a oposição ao desempenho máximo do aluno, ou seja, ao modelo mecanicista. Considera que o aluno entenda como é adquirido o conhecimento e como ele pode ser transmitido. Aborda a metodologia de resgate de aspectos sócio-históricos para que o aluno compreenda a produção da humanidade nas diversas fases em que houve mudanças ao longo do tempo (DARIDO, 2011).

A pedagogia crítico-superadora tem características específicas. Ela é diagnosticada porque pretende ler os dados da realidade, interpretá-los e emitir um juízo de valor [...]. É judicativa porque julga os elementos da sociedade a partir de uma ética que representa os interesses de uma determinada classe social. Esta pedagogia é também considerada teológica, pois busca uma direção, dependendo da perspectiva de classe de quem reflete. [...] Esta reflexão pedagógica é comprometida como sendo um projeto político-pedagógico. Político porque encaminha proposta de intervenção em determinada direção e pedagógico no sentido de que possibilita uma reflexão sobre a ação dos homens na realidade, explicitando suas determinações (COLETIVO DE AUTORES, 1992, apud, DARIDO, 2011, p. 8).

A autora diz ser importante ressaltar na concepção dessa abordagem em relação aos conteúdos para as aulas de Educação Física, a relevância social, sua contemporaneidade e sua adequação às características sócio-cognitivas dos alunos,

(20)

para que ele comporte os conhecimentos do senso comum com o conhecimento científico.

2.3.4 Abordagem Crítico-Emancipatória

Esta abordagem esta focada em superar as desigualdades sociais, em uma Educação Física crítica que estaria atrelada às transformações sociais, econômicas e políticas. Na tentativa de romper o modelo hegemônico do esporte nas aulas de Educação Física escolar.

O ensino escolar deve basear-se numa concepção crítica, que deve ser um ensino de libertação de falsas ilusões, de falsos interesses e desejos, criados e construídos nos alunos para a visão de mundo que apresentam a partir do conhecimento. No ensino crítico os alunos passam a compreender a estrutura autoritária dos processos institucionalizados da sociedade e que formam as falsas convicções, interesses e desejos. Assim, a tarefa da educação crítica é promover condições para que estas estruturas autoritárias sejam suspensas, e o ensino encaminha no sentido de uma emancipação, possibilitado pelo uso da linguagem (KUNZ, 2004).

2.3.5 Abordagem da Psicomotricidade

O envolvimento da Educação Física com a psicomotricidade é direcionada à criança através dos “processos cognitivos, afetivos e psicomotores, ou seja, buscava atingir a formação integral do aluno” (SOARES, 1996, apud, DARIDO, 2011, p. 13). Esse processo surge a partir da década de 70 e “advoga por uma ação educativa, que deva ocorrer a partir dos movimentos espontâneos da criança e das atividades corporais, favorecendo a gênese da imagem do corpo, núcleo central da personalidade” (Le BOUCH, 1986, apud, DARIDO, 2011, p. 14).

O principal objetivo da abordagem psicomotora é levar:

[...] a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já estruturadas... O amigo horário

(21)

refletia uma concepção intelectualista que dava prioridade à matéria ensinada... (Le BOUCH, 1986, p. 25).

2.4 EDUCAÇÃO FÍSICA COMO COMPONENTE CURRICULAR NA EDUCAÇÃO BÁSICA

A Educação Física na escola como componente curricular na educação básica, sempre foi muito questionada. Perguntas e questionamentos de temas relacionados à cultura corporal de movimento que Fensterseifer e González (2010, p. 11) abordam serão analisadas:

- Não teríamos atividade física sem educação física na escola? - Não nos exercitaríamos sem educação física na escola? - Não nos socializaríamos sem educação física na escola? - Não haveria lazer sem educação física na escola?

- Não teríamos aptidão física sem educação física na escola?

- Não teríamos esporte, ginástica, dança, lutas, jogos... sem educação física na escola?

- Não teríamos saúde sem educação física na escola?

Sabemos que as respostas para essas perguntas seriam todas afirmativas. Mas o que surge agora através de um raciocínio relevante do fazer da Educação Física é de entender como ela trata os conteúdos e temas que já existem na escola. Os alunos na hora do intervalo praticam jogos, esportes, exercícios físicos, e quando estão indo para a escola ou indo pra suas casas, estão praticando atividade física e socializando com seus colegas. Então qual o sentido da Educação Física na escola?

Algumas respostas carecem de uma teorização mais ampla sobre os fundamentos da Educação Física escolar, como por exemplo: a) Educação Física é educação por meio das atividades corporais; b) Educação Física é educação pelo movimento; c) Educação Física é esporte de rendimento; d) Educação Física é educação do movimento; e) Educação Física é educação sobre o movimento [...] a Educação Física é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 50).

Nesse enfoque, podemos perceber o que realmente se trata nas aulas de Educação Física no âmbito escolar. Através da cultura corporal abordada (conteúdos

(22)

e temas trabalhados na disciplina), existem formas e metodologias utilizadas e construídas para melhor entender essas manifestações, que visam aprender a expressão corporal como linguagem, com o intuito de desenvolver habilidades e competências que usufruem daquilo que a Educação Física tem a oferecer.

A escola traz em sua metodologia os planos de ensino, que por sua vez requerem ser pensados:

- o plano de estudo deve ser pensado com e para a escola;

- o plano de estudo requer justificativas explícitas sobre a escolha das competências a serem ensinadas e a organização do conhecimento a ser percorrida pelos alunos no trajeto escolar;

- o plano de estudo permite a articulação do trabalho coletivo, entre os professores de uma mesma instituição, ao longo dos anos escolares. No segundo conceito o escrito “organização do conhecimento”, nos da o alicerce para entender a finalidade da Educação Física enquanto disciplina da escola na preparação do aluno para seu desenvolvimento dentro da sociedade.

O esporte, as ginásticas, a dança, as lutas e as práticas de aptidão física tornam-se, cada vez mais, produtos de consumo e objetos de conhecimento e informações amplamente divulgadas para a população (grande público). Jornais, revistas, videogames, rádio e televisão difundem ideias sobre a CCM. [...] Nesse novo contexto, a concepção de EF deve assumir a responsabilidade de formar o cidadão capaz de posicionar-se criticamente diante de novas formas de cultura corporal, como o esporte de rendimento (esporte espetáculo), dos meios de comunicação, as atividades de academia, práticas alternativas, etc. [...] A EF é uma área de conhecimento e prática que são indissociáveis em nosso entendimento e são relativos à CCM. (BETTI, 1998, p. 17).

Betti (1998) destaca também, como tarefa da Educação Física preparar o aluno para ser um praticante lúdico e ativo, que introduza e integre-o na Cultura Corporal de Movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, para o aluno usufruir do jogo, do esporte, da dança e das ginásticas em benefício de sua qualidade de vida. E o professor de Educação Física deve auxiliar o aluno a compreender seu sentir relacionar-se à Cultura Corporal de Movimento.

Conforme Bracht (2000, p. 15) a Educação Física já esteve ameaçada em seu meio escolar, pelo seu próprio sistema esportivo. Pois, [...] “as escolinhas esportivas substituem com vantagens a Educação Física”. O autor levanta essa

(23)

questão, pelo fato de que o governo vem investindo nas ciências do esporte e, consequentemente nos centros de excelência (escolinhas esportivas), com fim de detectar novos talentos esportivos. Com isso, podemos observar que o esporte sem dúvida é um fenômeno de forte influência para que a Educação Física permaneça na escola como disciplina obrigatória.

2.5 O ESPORTE DE ALTA COMPETIÇÃO OU DE RENDIMENTO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O esporte surgiu no século XVIII na Europa, através de jogos populares que prevaleceram na Inglaterra nas escolas públicas que foram sendo regulamentadas tendo características e formas de esportes que conhecemos hoje, por exemplo: o futebol, o basquetebol, voleibol, atletismo, etc. No seu desenvolvimento o esporte adquiriu características básicas como competição e alto rendimento através de treinamento físico-técnico (BRACHT, 2003).

O fenômeno esportivo mobiliza a população mundial, através de sentimentos e emoções ao praticar uma determinada modalidade. O ato de praticar esportes tanto no rendimento como no lazer, desenvolvem no ser humano um sentimento de realização pessoal e comodidade do praticante, seja ela individual, coletiva, de esforço físico ou mental.

De acordo com Stigger (2001, p. 68):

[...] o esporte é identificado como elemento da cultura que encontra a sua orientação numa dimensão mais ampla da sociedade, a qual, de forma consensual, é fator determinante das suas características. Dessa maneira, o esporte passaria a desempenhar uma ou várias funções na sociedade, e seria um elemento de reprodução dessa mesma realidade.

Cada vez mais o esporte se torna parte de nosso mundo social. Ele se relaciona com a vida familiar, com a educação, política, economia, artes e religião. Com maior entendimento é possível mudá-lo de forma que mais pessoas se beneficiem das coisas positivas que ele tem a oferecer (BARBANTI, 2003).

Kunz (2000, p. 28) reflete que “o esporte constitui-se hoje, sem dúvida nenhuma, num dos mais importantes objetos de análise, não apenas das ciências do esporte, mas de múltiplas abordagens literárias”. Com isso, torna-se imprescindível questioná-lo quanto ao seu valor educativo no meio escolar.

(24)

Bracht (2000) levanta que o Instituto Nacional do Desenvolvimento do Esporte (INDESP), entendia que a forma de que o país crescesse em relação ao ganho de medalhas olímpicas era de investir na pesquisa de ciências do esporte, e consequentemente no esporte de rendimento. Desde já, a Educação Física escolar deveria “recuperar a dignidade pedagógica” do esporte de rendimento como tema de ensino.

Hoje em dia várias escolas adotam o esporte como principal conteúdo/objeto de ensino da Educação Física. Para que o aluno entenda o propósito de estudar o esporte de rendimento no ambiente escolar, torna-se imprescindível trazer para o chão da escola uma discussão sobre a metodologia a ser utilizada.

Nesse enfoque, a Educação Física como disciplina da escola deve se pautar no ensino de conteúdos que respeite as potencialidades, necessidades do aluno em todo o seu contexto. Desta forma, este componente curricular tem como propósito principal desenvolver junto aos alunos a vivência em grupo, de socialização, de vivências práticas individuais e coletivas, de superação de limites e da manifestação da Cultura Corporal de Movimento.

No meio escolar, o princípio de ter o fenômeno esportivo como principal conteúdo predominante na Educação Física, sem dúvida é de como ele vem sendo manifestado dentro da sociedade. Com isso, o esporte de rendimento sendo uma manifestação “visível” em todos os lugares do mundo, ou seja, que envolve os sentimentos da maioria dos praticantes, acarreta uma vivência de aspecto formativo para que o aluno tente chegar ao maior desempenho possível, através de ensino/aprendizagem para o educando. Porém, dentro da escola o esporte deve ser entendido além de suas estruturas competitivas, também como forma de lazer, de promoção à saúde e de forte influenciador em seu valor educativo, cultural e de inclusão social (BETTI, 1998).

Concordo plenamente com o autor, nessa perspectiva de tratar o esporte em seu meio escolar, mas quando se trata de competição esportiva (que é reproduzida no sistema do esporte de rendimento) sem dúvida é tematizado o esporte de rendimento em sua concepção de prática ou teórica, ou seja, podemos trabalhá-lo de forma que o aluno entenda sua estrutura de diferentes formas possíveis.

(25)

[...] não faz parte do mundo real das práticas esportivas de rendimento tamanha dimensão ou obsessão pela vitória, ainda mais se tratamos do esporte de crianças e jovens. Qualquer pai, mãe, professor, treinador, dirigente, atleta que tenha convivência em alguma comunidade esportiva sabe que o esporte de rendimento é uma escola de vida. Se apenas a vitória fosse objetivo final certamente não teríamos tantas crianças e jovens participando, pois é evidente que os vencedores constituem a minoria entre o universo dos atletas jovens (GAYA, 2000, p. 9).

O esporte de rendimento quando estudado dentro da escola, não teria como objetivo central formar/criar atletas, pois sabemos que para isso existem as “escolinhas” e instituições específicas.

Sendo uma produção histórico-cultural, o esporte subordina-se aos códigos e significados que lhe imprime a sociedade capitalista e, por isso, não pode ser afastado das condições a ela inerentes, especialmente no momento em que se lhe atribuem valores educativos para justificá-lo no currículo escolar. No entanto, as características com que se reveste - exigência de um máximo rendimento atlético, norma de comparação do rendimento que idealiza o princípio de sobrepujar, regulamentação rígida (aceita no nível da competição máxima, as olimpíadas) e racionalização dos meios e técnicas – revelam que o processo educativo por ele provocado reproduz, inevitavelmente, as desigualdades sociais. Por essa razão, pode ser considerado uma forma de controle social, pela adaptação do praticante aos valores e normas dominantes defendidos para a “funcionalidade” e desenvolvimento da sociedade. [...] Na escola, é preciso resgatar os valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, defendem o compromisso da solidariedade e respeito humano, a compreensão de que jogo se faz “a dois”, e de que é diferente jogar “com” o companheiro e jogar “contra” o adversário (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 70-71).

Não podemos deixar de lado a questão da reprodução do esporte de rendimento com fator de exclusão social do aluno. O ensino dos esportes só se torna educativo quando for trabalhado com igualdade entre as condições dos praticantes, para que todos tenham um entendimento de como o esporte é vivenciado nas relações sociais da população. Contudo, uma das formas que podemos trabalhar o esporte de rendimento nas aulas de Educação Física seria especificando-o como manifestação cultural do esporte, ou seja, da cultura corporal de movimento.

Vários autores debatem para que o ensino dos esportes dentro da escola seja reformulado. Gaya (2000) diz não concordar com a ideia de que o esporte quando tratado dentro da escola seja reformulado, principalmente em suas características centrais, como o rendimento e a competição. Sendo assim, pode-se dizer que o autor concorda em transportar as manifestações (características) do esporte para dentro das aulas de Educação Física, e tratá-las da mesma forma

(26)

como elas se apresentam na sociedade. Porém, a Educação Física escolar deveria encontrar formas de aprendizagem adequadas ao ensino dos alunos.

Bracht (2000, p. 18) aponta a questão “porque o esporte foi escolarizado? [...] um dos interesses foi a do próprio sistema esportivo com o objetivo de socializar consumidores e produzir futuros e potenciais atletas”. Com isso, pode-se dizer que o autor concorda com o tema esporte de rendimento inserido nos conteúdos da Educação Física escolar como forma de estudo.

Nós, profissionais da área devemos entender o princípio do ensino dos esportes dentro da escola, para saber seu valor educativo. Devemos entender que esse fenômeno está presente no mundo todo, com diferentes formas de envolvimento da população.

As manifestações do esporte dentro da sociedade podem ser divididas em esporte de alto rendimento (espetáculo) como competição e alcance de resultados, sendo que o praticante faz do mesmo o seu meio de trabalho e sobrevivência, aprimorando e ampliando seu desenvolvimento físico corporal. E o esporte enquanto atividade de lazer, que por sua vez a prática é ligada à saúde, o prazer de jogar e a sociabilidade (BRACHT, 2003).

Outra forma de tratar/estudar, ou seja, especificar o esporte de rendimento nas aulas de Educação Física, seria diferenciá-lo com o esporte praticado para o lazer, de modo que o aluno entenda a prática de cada uma dessas manifestações representadas dentro da sociedade. Vários são as metodologias que os educadores de Educação Física podem utilizar para tematizar essas manifestações, tanto práticas como teóricas.

O esporte como fenômeno cultural destaca na sociedade suas manifestações. Portanto, o esporte de rendimento sendo uma das manifestações hegemônicas com forte influência da mídia, pode ser tematizado dentro da escola se comprometendo com um ensino de como ele se destaca como fenômeno de nossa cultura (BRACHT, 2007). Mas ainda o autor complementa, [...] “o esporte enquanto prática corporal deveria ser mais o esporte praticado a partir do sentido do prazer, da cooperação e da saúde” (BRACHT, 2009, p. 176).

Sendo assim, compreende-se que o esporte de rendimento é um tema de estudo da EF escolar, que não pode ter caráter principal de formação de atletas, mas que os alunos entendam e conheçam-no dentro da sociedade, vivenciando-o e interagindo com o seu propósito (GONZÁLEZ; FRAGA, 2009).

(27)

Para Santin (1994, p. 35; 41; 52):

O rendimento não é um fenômeno que possa ser isolado de um contexto maior onde encontra suporte a apoio. O rendimento encontra suas raízes filosóficas e ideológicas na própria dinâmica interna das ciências e da técnica; ele faz parte da imensa paisagem construída pelos homens da sociedade industrial. Portanto, o esporte de rendimento não pode ser entendido apenas como uma ação esportiva, mas como uma manifestação total da criatividade humana e, mais, em todas as suas implicações culturais possíveis”. "O que se deve levar em consideração não é o rendimento, mas o valor simbólico que a ele é atribuído pelas diferentes culturas". "[...] é bom lembrar que toda a ação humana não elimina em nenhum momento a perspectiva de rendimento. O que deve ser observado é o significado ou a valor que ele adquire no desenvolver a atividade.

Acredito que nos profissionais da área não devemos ignorar esses fatores ou características que o esporte de alta competição e de rendimento tem em comum. Pelo fato de o esporte ser um fenômeno que tem várias características tanto para sua inclusão social como para um interesse tecnológico e de rendimento, isso voltado para a ciência que esta à sua disposição.

(28)

CAPÍTULO III DIALOGANDO COM AS OBRAS DE ELENOR KUNZ E SÁVIO ASSIS

Em seguida são levantadas as categorias de análise das obras dos autores Elenor Kunz (2004) e Sávio Assis (2001), para refletir sobre o ensino do esporte na Educação Física escolar. O objetivo não é realizar uma relação entre os dois autores, pois isso ocorrerá no próximo capítulo com o Referencial Curricular Lições do Rio Grande (2009). O que realmente será exposto é um levantamento das categorias de análise de cada obra.

3.1 TRANSFORMAÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DO ESPORTE – ELENOR KUNZ

3.1.1 Objetivos da EF Escolar

Kunz (2004) traz em sua obra a apresentação de uma proposta didático-pedagógica para a Educação Física escolar, voltada para o ensino dos esportes. Entende que a Educação Física brasileira nos últimos anos, vem crescendo gradativamente em relação a sua prática. Porém, ainda não apresenta propostas teórico-práticas adequadas ao desenvolvimento do aluno dentro do âmbito escolar, e consequentemente acaba ficando “fraca” sua importância na contribuição da formação do cidadão, e quando exercida como componente curricular da escola.

Com a proibição da introdução do aluno às metodologias de ensino voltadas para o esporte de alta competição emitida pelo MEC (1980) antes da quinta série ou dos dez anos de idade, a Educação Física escolar teve de abolir um modelo metodológico diferente de ensino. Consequentemente, se descobriu um modelo no exterior de como ensinar a Educação Física nas séries iniciais, onde desenvolvesse as habilidades motoras básicas sem que direcionasse somente a uma modalidade esportiva.

Foi assim que a psicomotricidade efetivou-se por alguns anos nos planos de estudos dos professores de Educação Física das séries iniciais, fazendo com que o movimento faça parte do processo educacional do individuo “completo”, ou seja, integral. Mas que ainda não consagrou a comunidade crítica do esporte e da Educação Física brasileira.

(29)

Kunz (2004) diz que o professor deve usar de seu poder, que acima de tudo é o poder do esclarecimento, de quem é adulto e sério, de quem está ali para ajudar e ensinar e sempre sabe mais. Porém, esse poder deve ser usado para dar alegria ao aluno, para ter prazer em aprender a realizar as atividades propostas pelo professor, efetivando assim o trabalho, interação e linguagem na metodologia de ensino da Educação Física.

[...] O professor deve constantemente desafiar o aluno ao diálogo, deve constantemente perguntar e esperar uma resposta individual ou coletiva. Como vocês aprenderam isso? O que foi útil para que as dificuldades pudessem ser superadas? Como vocês podem me descrever isso? Como se poderia chegar a outras soluções? Essas são as questões que constantemente devem surgir e desafiar os alunos. Devem haver perguntas, também, em que as respostas devem ser alcançadas através de uma pesquisa por parte dos alunos e apresentadas e discutidas em aula. Sobre a expressão verbal, o professor deve orientar os alunos sobre o que falar, ajudá-los a preparar uma situação de fala (KUNZ, 2004, p. 144).

Como podemos perceber, o autor diz ser muito importante o diálogo sobre o conteúdo tematizado nas aulas, perguntas individuais e coletivas, com debates e discussões sobre o que esta sendo tratado. Enfim, cabe ao professor mediar a corrente da transformação do aluno em um sujeito que organiza suas ideias.

3.1.2 Críticas ao Esporte

O autor tem vários apoios teóricos para a execução de sua obra. Destaca a obra “Ensino & Mudanças”, que publicou em 1991, e que também foi um dos alicerces para a execução desse trabalho. Nesse livro (Ensino & Mudanças), Kunz (2004) defende a necessidade de introduzir uma nova metodologia de desenvolvimento da Educação Física na escola, e em especial dos esportes. Pelo fato de existir problemas, polêmicas, discussões e divergências que envolvem o esporte de alta competição ou de rendimento em suas características internas.

Outro modelo de crítica é direcionado ao ensino dos esportes no processo de aprendizagem no âmbito escolar, questiona a precocidade do ensino de modalidades esportivas para as crianças das séries iniciais. Kunz (2004) relaciona essa crítica com a obrigatoriedade de ter profissionais de Educação Física qualificados na área para atuarem nas séries iniciais. Esses profissionais tinham formação concentrada nos ensinos dos esportes de alta competição, e assim

(30)

acabava não “ensinando” a Educação Física das diversas práticas corporais, e sim ensinando a especificidade do fenômeno esportivo com evolução no rendimento.

Em 1991, foram aprofundadas as pesquisas voltadas ao ensino dos esportes. Com isso, o esporte começa a passar por uma transformação didático-pedagógico, para atender a todos os participantes de todos os diferentes níveis de habilidades motoras. Nesse momento, Kunz (2004) realiza análise de obras realizadas no inicio da década de 90, que colaboraram de certa forma para as propostas metodológicas de ensino da Educação Física, e em especial dos esportes que abrange o seu maior campo.

Não vou levantar aqui todas as obras que o autor citou em seu livro, porém algumas carecem ser de fundamental apoio para esse trabalho. A principal trata-se do livro Metodologia do Ensino da Educação Física, organizado por um coletivo de autores (1992).

Entretanto, trago aqui o levantamento e análise que Kunz (2004) realiza perante esse trabalho.

A preocupação desse trabalho é com as questões epistemológicas e metodológicas da Educação Física, ou seja, que conhecimento deve compor o conteúdo e como transmiti-lo? Nesse sentido propõe os autores que o conteúdo da Educação Física é o conhecimento de uma área que denominamos de “Cultura Corporal”, onde se incluem entre outras práticas, o jogo, a ginástica e a dança (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p, 61-62, apud KUNZ, 2004, p.19).

Na análise introdutória do livro quando Kunz (2004) analisa a questão referida acima “que conhecimento deve compor o conteúdo e como transmiti-lo”? Creio que essa questão é o suporte para entender a importância do ensino dos esportes na Educação Física escolar. Deve-se relacionar o conhecimento tratado com o objetivo do conteúdo proposto, ou seja, do esporte.

Analisa ainda:

O esporte é para esses autores, uma prática social de origem histórico-cultural definida e que precisa ser questionada como conteúdo pedagógico, especialmente em relação às “suas normas, suas condições de adaptação à realidade social e cultural da comunidade que o pratica, cria e recria” (p. 71). [...] Para tanto é necessário no contexto escolar “desmitifica-lo”, através de conhecimentos que permitam aos alunos, “criticá-lo dentro de um determinado contexto sócio-econômico-político-cultural”. O mesmo conhecimento deverá, também, capacitar os alunos para a compreensão “de que prática esportiva deve ter significado de valores e normas que assegurem o direito à prática do esporte” (p.72) (KUNZ, 2004, p.20).

(31)

Kunz (2004) diz que para formar um aluno capaz de “criticar o esporte para poder compreendê-lo” (p. 21) o conteúdo deve ser transmitido de forma que traga informações a respeito do referido trabalho. Por exemplo, no atletismo encontram-se as habilidades motoras de correr, saltar e arremessar/lançar. Em uma proposta metodológica crítica, deve-se aprimorar o conhecimento em relação a essas habilidades para que o aluno sinta a necessidade de estudá-las, conhecê-las e criticá-las de acordo com sua execução prática.

Por outro lado, o autor traz questionamentos em relação aos problemas que o esporte de alta competição, ou de rendimento apresenta em suas características, ou seja, a comparação objetiva entre os alunos, “quem é melhor que o outro”; seleção dos que tem mais capacidade motora, individualismo, entre outros. Fatores esses que normatizam e padronizam cada vez mais o movimento pelo esporte, e impede assim que um horizonte de outras possibilidades práticas de movimentos possam ser realizadas.

Em relação à ciência para o esporte para o rendimento.

Essa ciência torna os indivíduos praticantes desse esporte como objetos de manipulação, objetos à sua disposição, para “trabalhá-los” de forma externa a eles próprios, ou seja, sem a sua participação efetiva na busca de soluções para o aperfeiçoamento físico-técnico. A participação subjetiva dos praticantes do esporte de alta performance física cada vez mais reduzidos aos atletas de elite, conforme a dinâmica das “fábricas de campeões”, que são os modernos centros de treinamento esportivo (KUNZ, 2004, p. 23).

O que o autor traz em sua obra nesse momento é os questionamentos em relação às características que a ciência do esporte repercute na prática do esporte de alto rendimento, ou seja, “o homem torna-se ele próprio uma máquina de rendimento” (KUNZ, 2004, p. 24). Entretanto, sem poder criar possibilidades criativas, ficando assim instrumentalizado.

Completa Kunz (2004, p. 25)

Assim os aspectos que devem ser criticamente questionados no esporte atualmente, são: o rendimento (para qual rendimento?), a representação (institucional [clube, escola], nacional, estadual), o esporte de tempo livre (as influências que vem sofrendo) e o comércio e consumo no esporte e seus efeitos [...] Chegar enfim ao questionamento sob quais condições e de que forma o esporte deve e pode ser praticado na escola?

(32)

Apesar disso, os profissionais de Educação Física ainda estão “iludidos” com a “falsa consciência” que o esporte de rendimento ou de alta competição traz em sua metodologia de ensino, ou seja, [...] “o esporte, para ser praticado nos padrões e nos princípios de alto rendimento, requer exigências de que cada vez menos pessoas conseguem dar conta, mesmo assim ele é o modelo que todos querem seguir” (KUNZ, 2004, p. 34).

Em um momento de sua obra, Kunz (2004) levanta dois problemas sociais que englobam o Esporte de Rendimento: o treinamento esportivo precoce e o

doping. O autor trata o esporte de rendimento como “um tipo de esporte que é

sistematicamente treinado com o objetivo de participar periodicamente em competições esportivas” (KUNZ, 2004, p. 48).

Das várias críticas que Kunz (2004) engloba sobre o esporte de rendimento destaca a principal, onde crianças e jovens sacrificam sua infância para se dedicarem a uma possível possibilidade de se tornar um atleta “aceito” na sociedade, ou seja, que absorva as características do esporte de rendimento (maior desempenho, resultados significantes, conquistas, medalhas, entre outros).

Kunz (2004) acredita em vantagens sobre esse tipo de esporte, pois os resultados aparecem de certa forma, o “sacrifício” vale a pena. Porém, pensando na humanização da constituição da vida do ser humano, não se pode sacrificar a infância especialmente nesse sentido, criando ai um debate infinito de questões.

Pelo fato do esporte de rendimento trazer em sua estrutura interna, características inumanas referentes à sua prática (treinamento precoce e doping) corre o risco de levar “à sua autodestruição, bem como a de seus participantes” (KUNZ, 2004, p. 48).

Kunz (2004, p. 50) aborda em sua obra os maiores problemas que um treinamento esportivo precoce provoca sobre a vida de uma criança.

- Formação escolar deficiente, devido à grande exigência em acompanhar com a carreira esportiva; - a unilaterização de um desenvolvimento que deveria ser plural; - reduzida participação em atividades, brincadeiras e jogos do mundo infantil, indispensáveis para o desenvolvimento da personalidade na infância. Em dias que a criança treina, pode-se, grosso modo, dividir o plano de atividades da seguinte forma: de manhã das 8h as 12h, escola, a tarde das 13h30min as 15h30min estudo e tarefas escolares e das 16h as 18 h treinamento.

(33)

O autor diz que dessa forma acarreta uma carga de trabalho de 8h diárias, [...] “naturalmente, também, a própria saúde física e psíquica são atingidas num treinamento especializado precoce” (KUNZ, 2004, p. 50).

Outra crítica ao treinamento esportivo precoce é a causa do problema de ordem psíquica. Que seria a “derrota” em uma certa modalidade esportiva praticada pelo atleta, ou seja, tanto esforço e sacrifício para no fim dar em nada. Isso acarreta em desamino por parte da criança/atleta, que [...] “se sente excluído do mundo esportivo” (KUNZ, 2004, p. 51).

Conclui o autor baseando-se nos aspectos positivos e negativos que o treinamento esportivo precoce engloba, que, [...] “os que buscam mostrar com veemência os aspectos positivos da prática desse esporte para crianças na verdade concentram seus esforços mais no sentido de salvar o esporte do que a criança que o pratica” (KUNZ, 2004, p. 54).

Kunz (2004, p. 61) ainda lança a questão em relação ao talento esportivo na escola: [...] “é pedagogicamente correto, ou melhor, qual é a responsabilidade sócio-cultural no encaminhamento de atletas (talentos encontrados na Educação Física Escolar) para a prática do Esporte de Rendimento?”.

A escola não pode preparar os alunos para a função de se aperfeiçoar em uma modalidade esportiva, ou seja, isso leva o aluno a um trabalho intenso que por sua vez obriga o aluno a renunciar sua vida social normal. “O máximo que a Educação Física pode fazer, é tematizar criticamente os problemas inerentes ao esporte de alto rendimento, seus princípios e sua comercialização” (KUNZ, 2004, p. 71).

Na Educação Física Escolar não é só o desenvolvimento das ações do esporte, deve-se propiciar e compreender criticamente as diferentes formas de envolvimento com o esporte, ou seja, seus interesses e seus problemas sociopolíticos, isso de forma teórica. E na prática desenvolver somente aquilo que é relevante, observando assim o sujeito, o mundo do movimento esportivo, as diferentes modalidades esportivas e o sentido/significado dos esportes.

Voltando para a tematização do esporte nas aulas de Educação Física nas escolas, e esse quando é ensinado como cópia irrefletida do esporte de competição e de rendimento, Kunz (2004, p. 125) diz que [...] “só pode fomentar vivências de sucesso para a minoria e o fracasso ou a vivência de insucesso para a maioria”, diz também ser uma “irresponsabilidade pedagógica por parte de um profissional

(34)

formado para ser professor”. Que pedagogia de ensino é essa que visa seguir os princípios básicos da “sobrepujança” e das “comparações objetivas” que o esporte de rendimento segue?

A transformação didático-pedagógica do esporte se dá inicialmente pela identificação do significado de um determinado movimento de cada modalidade esportiva. Se trabalharmos apenas o movimento executado, não estaríamos trabalhando a modalidade, e sim o se-movimentar do individuo, mas mesmo assim estaríamos envolvendo uma metodologia de ensino adequada ao desenvolvimento do/s aluno/s.

3.1.3 Conceito de Esporte

O esporte está em todo o lugar se apresenta de diferentes formas e se manifesta com toda sua representação, mesmo sem praticá-lo nos envolvemos com ele. Kunz (2004, p. 22) acredita que pelo fato do “Brasil fazer parte da elite mundial do futebol, do voleibol, do basquete, do judô e de certas modalidades do atletismo e da natação”, influência nos conteúdos que podem ser trabalhados quando estudado o fenômeno esportivo na Educação Física escolar.

3.1.4 Objetivo do Esporte na Escola

O esporte tematizado na Educação Física escolar poderia ser voltado para o desenvolvimento do aluno em relação a determinadas liberdades, ou seja, que o sujeito seja autônomo e participe integralmente nas diferentes formas de execução de uma determinada modalidade.

Kunz (2004, p. 36) quando trata do esporte:

[...] numa concepção crítico-emancipatória, deverão ser incluídos conteúdos de caráter teórico-prático que além de tornar o fenômeno esportivo transparente, permite aos alunos melhor organizar a sua realidade do esporte, movimentos e jogos de acordo com suas possibilidades e necessidades.

A discussão de como o sujeito deve compreender o esporte nesta mesma dimensão abrange também

(35)

[...] 1. Ter a capacidade de saber se colocar na situação de outros participantes no esporte, especialmente daqueles que não possuem aquelas “devidas” competências ou habilidades para a modalidade em questão; 2. Ser capaz de visualizar componentes sociais que influenciam todas as ações socioculturais no campo esportivo (a mercantilização do esporte, por exemplo); 3. Saber questionar o verdadeiro sentido do esporte e por intermédio dessa visão crítica poder avaliá-lo (TREBELS, 1979, apud, KUNZ, 2004, p.29).

Com certeza todo esse processo de formação é amplamente importante para a constituição de um individuo que possa intervir na sociedade crítica do esporte. Com isso, através desse envolvimento com o conhecimento, o indivíduo se relaciona, também, com o mundo social, político, econômico e cultural.

Em relação ao resgate dos aspectos positivos do treinamento infantil, deixando de lado o “fanatismo” pela conquista do melhor resultado e imediato, Kunz (2004) levanta em sua obra a elaboração de um “documento de esclarecimento” feito em 1983 pela confederação alemã de esportes que visava o rumo do desenvolvimento do esporte no país.

E para quem treina de maneira correta são lentados os seguintes aspectos:

1. O fenômeno ao desenvolvimento corporal, psíquico e social.

2. A transmissão de experiências e meios que fomentam a auto-valoração e o reconhecimento das capacidades individuais próprias, assim como, a influência positiva sobre sua auto-imagem e sua concepção de vida. 3. Permitir vivências coletivas e estimular a atuação social.

4. Ampliar o horizonte de vivências e experiências enquanto atividades de tempo livre (BENTO, 1989, apud, KUNZ, 2004, p. 52).

O esporte analisado em uma perspectiva pedagógica para um ensino crítico-emancipatório, deve tematizar conteúdos que compreendam amplamente o fenômeno sócio-cultural e histórico, ou seja, Kunz (2004) diz que o esporte sendo tematizado com esses aspectos darão suporte para um maior entendimento do surgimento das diferentes modalidades esportivas.

Completa Kunz (2004), como objeto da pedagogia da Educação Física e dos esportes, dessa forma:

[...] se entende ao se movimentar do homem, o que não implica num homem abstrato, mas ao homem que tem história, que tem contexto, que tem vida, que tem classe social, enfim, um homem com inerente necessidade de se-movimentar (p. 67). [...] Nesse sentido, a pedagogia que estuda os esportes para a Educação Física deve estudar o homem que se movimenta, relacionando a todas as formas de manifestação deste se-movimentar, tanto no campo dos esportes sistematizados, como no mundo

(36)

do movimento, do mundo vivido, que não abrange o sistema esportivo (p. 68)

Deve-se ensinar o esporte para o aluno de forma atrativa, ou seja, para que o aluno inclua a sua efetivação no decorrer de sua vida. Nesse enfoque, pode-se perceber que Kunz (2004) acredita que o principal objetivo do esporte na escola é que todos tenham condições de vivenciarem e entrarem no mundo esportivo, de forma integral, ou seja, praticando-o, criticando-o, recriando-o, transformando-o e outros. Enfim, fazendo que o esporte faça parte de sua vida. Essa seria a transformação didático-pedagógico do esporte para a sua tematização escolar [...] em vez de copiar as possibilidades preestabelecidas do movimento nos esportes, professores e alunos são desafiados a transformar didático-pedagogicamente o

esporte” (KUNZ, 2004, p. 129).

Como exemplo da transformação didático-pedagógica do esporte, Kunz (2004, p. 129) diz:

Para o atletismo, mais uma vez, vale para o professor oportunizar experiências práticas do correr, do saltar, e do lançar, ou arremessar. Isso não tem nada a ver com o ensino técnico desses elementos na forma requerida em competições de atletismo. Não se perde, no entanto, a atração e o estímulo na realização prática dessas atividades. Porém, a compreensão do sentido e a descoberta de novos sentidos no esporte não pode ser alcançado pelo simples “fazer”, ou pela experiência prática dessa atividade. Deve ser oportunizada a reflexão e o diálogo sobre essas práticas para conduzir a uma verdadeira superação do ensino tradicional pelas destrezas técnicas.

O que torna o esporte tão atrativo e que deve permanecer em seu ensino é que [...] “todos os alunos, independente de cada um, terão possibilidades de atualizar experiências em movimentos esportivos que somente um “expert” consegue realizar” (TREBELS, 1989, apud, KUNZ, 2004, p. 128). E isso se consegue com os arranjos matérias, que auxiliam muito na pratica esportiva.

3.1.5 Metodologia de Ensino dos Esportes

Kunz (2004, p, 36), diz que ao invés de tratar o esporte direcionando para o “simples desenvolvimento de habilidades e técnicas do esporte, numa concepção crítico-emancipatória, deverão ser incluídos conteúdos de caráter teórico prático”.

(37)

Com certeza a teoria se relaciona com a prática de forma geral, ou seja, trabalha o fenômeno esportivo de uma forma que permita aos alunos melhor organizarem a sua vivência e capacidade de conhecer, estudar e entender as modalidades esportivas, movimentos e jogos de acordo com suas possibilidades e necessidades.

Nesse mesmo enfoque, Kunz (2004) traz uma adaptação das possibilidades metodológicas de ensino, voltadas para o trabalho produtivo de treinar habilidades e técnicas:

[...] interação social que acontece em todo o processo coletivo de ensinar e aprender, mas que deve ser tematizado enquanto objetivo educacional que valoriza o trabalho coletivo de forma responsável, cooperativa e participativa. [...] outro aspecto importante a ser considerado é a própria linguagem. Na Educação Física a tematização da linguagem, enquanto categoria de ensino, ganha importância maior, pois não só a linguagem verbal ganha expressão, mas todo o “ser corporal” do sujeito se torna linguagem, a linguagem do “se movimentar-se” enquanto diálogo com o mundo (p. 37).

Essa adaptação é relacionada “na constituição de um processo de ensino, com conteúdos, métodos e objetivos do ensino” (KUNZ, 2004, p. 38).

Tabela 1 – Metodologia: trabalho interação e linguagem

Trabalho Interação Linguagem

Aspecto dos conteúdos Ter acesso a conhecimentos e informações de relevância e sentido para a aquisição de habilidades ao esporte de acordo com o contexto.

Ter acesso a relação esportivo-culturais, vinculadas à cultura do movimento do contexto social. Ter acesso a conteúdos simbólicos e linguísticos que transcendem o contexto esportivo.

Aspectos do métodos Possibilitar o acesso a estratégias de aprendizagem, técnica, habilidades específicas e capacidades físicas. Capacitação para assumir conscientemente papéis sócias e possibilidade de reconhecer a inerente possibilidade de se-movimentar Aperfeiçoamento das relações de entendimento de forma racional e organizada.

Aspecto dos objetivos Capacitar para o mundo dos esportes, movimentos e jogos de forma efetiva e

autônoma com vistas à vida futura relacionada ao lazer e ao tempo livre.

Capacitar para um agir solidário, cooperativo e participativo. Desenvolver capacidades criativas, explorativas, além da capacidade de discernir e julgar de forma crítica.

Competência Objetiva Social Comunicativa

(38)

Baseando-se nesse modelo metodológico de ensino que Kunz (2004) constituiu, com apoio teórico de Mayer (1987) e Habermas (1981), conclui:

Vê-se assim, que o conteúdo para o ensino dos esportes na Educação Física não pode ser apenas prático. A realidade do esporte deve constantemente ser problematizada para tornar transparente o que ela é e saber decidir sobre o que ela poderia ser. Por isso, além de análises críticas do esporte, deve ser oferecida a oportunidade de tematizar o esporte de diferentes formas, através de programas e outros cursos específicos. Isso, naturalmente, traz exigências novas. O ensino aqui pretendido não é um ensino “fechado” que se concentra na aprendizagem de destrezas técnicas para o rendimento esportivo e nem ensino “aberto” para atender, na maior parte, os interesses do aluno – que são reais. [...] Esse deve ser um ensino que se movimenta constantemente em um “abrir” e “fechar” de suas relações metodológicas (p. 39).

Kunz (2004), diz ser muito importante observação da linguagem nas aulas de Educação Física, tanto a linguagem do movimento (expressão corporal), quanto à linguagem comunicativa verbal. “O uso da linguagem no processo de ensino deve ser orientada para que o aluno aprenda a passar do nível de “fala comum”, para o nível do discurso” (KUNZ, 2004, p. 42).

E no discurso “[...] devem ser partilhadas as chances de participação nas ações de fala, onde todos têm as mesmas chances de expressar suas ideias, suas intenções e seus sentimentos” (HABERMAS, apud, KUNZ, 2004, p. 42).

Quando Kunz (2004) aborda a competência comunicativa, diz que através da linguagem o aluno vai entender, interpretar e criticar o fenômeno esportivo, que se insere na sociedade de maneira aberta à possibilidades de inserção do individuo no meio social.

Em uma concepção de problematização de ensino voltado para a Educação Física escolar, Kunz (2004, p. 74) destaca quais aspectos devem ser observados:

1. Evidenciar e esclarecer o problema básico na encenação do esporte; 2. Destacar a importância das situações de encenação e seu significado

individual e coletivo;

3. Favorecer a responsabilidade individual e coletiva no processo de encenação do esporte;

4. Aceitar diferentes soluções para as diferentes situações de encenação; 5. Orientar-se nas vivências e experiências subjetivas dos participantes,

Referências

Documentos relacionados

Buscando contribuir para a composição do estado da arte da pesquisa contábil no Brasil, a investigação lançou mão de técnicas de análise bibliométrica para traçar o perfil

e declaradas, como se de cada huma fizesse individual mençao e por verdade pedi a Francisco dos Santos Souza que este por mim fizesse, e como testemunha assignasse eu me assigno com

A prova do ENADE/2011, aplicada aos estudantes da Área de Tecnologia em Redes de Computadores, com duração total de 4 horas, apresentou questões discursivas e de múltipla

“O Orçamento do Estado é o documento no qual estão previstas as receitas a arrecadar e fixadas as despesas a realizar num determinado exercício económico e tem por objecto a

na Albânia], Shtepia Botuse 55, Tiranë 2007, 265-271.. 163 ser clérigo era uma profissão como as restantes, que a fé era apenas uma política e nada mais do que isso e deitou

A proporçáo de indivíduos que declaram considerar a hipótese de vir a trabalhar no estrangeiro no futuro é maior entle os jovens e jovens adultos do que

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Estudos sobre privação de sono sugerem que neurônios da área pré-óptica lateral e do núcleo pré-óptico lateral se- jam também responsáveis pelos mecanismos que regulam o