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O FLUXO DE CAIXA INDIRETO É UMA FARSA

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Academic year: 2021

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O FLUXO DE CAIXA INDIRETO É UMA FARSA Introdução

É inacreditável, mas é verdade, a Lei 11.638/07 abandonou o Demonstrativo de Origem e Aplicação de Recursos (DOAR) que reputo como uma das mais importantes demonstrações financeiras por demonstrar como foi constituído o Capital de Giro do exercício e permitir, também, uma visão geral e imediata da liquidez financeira da empresa até o final do próximo período e adotou o Demonstrativo do Fluxo de Caixa, nos modelos Direto ou Indireto, cuja utilidade é zero.

Análise Comparativa

Para procedermos a nossa análise comparativa entre o Demonstrativo de Fluxo de Caixa – modelos Direto e Indireto – e o DOAR apresentaremos um exemplo bastante simples, porém esclarecedor e que deverá facilitar sobremaneira os entendimentos sobre nossos argumentos e pontos de vista.

A Cia. XYZ apresentava no ano 1 a sua posição financeira como está registrada a seguir:

CORRENTE 1.414.000 CORRENTE 604.000 Disponível 50.000 Empréstimo 100.000 Dupl. a Receber Liq. 964.000 Fornecedores 500.000 Dupl. a Receber 1.000.000 Outras 4.000 - PDD -36.000 PLC 900.000 Estoque 400.000 Capital 800.000

Móveis Líquidos 90.000 Lucros Acm. 100.000 Móveis 100.000

- Dep. Acumulada -10.000

1.504.000 1.504.000 Durante o exercício do ano 2, aconteceram os seguintes fatos:

1) As vendas do período atingiram 1.200.000: 70% à vista; 2) O Estoque anterior foi totalmente vendido;

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4) PDD: 3%;

5) Foi recebido de Duplicatas a Receber do ano anterior 90%; 6) Foi pago o empréstimo existente de 100.000;

7) Foi pago 90% do saldo anterior de Fornecedores;

8) O total de compras do ano foi 700.000, sendo pago 90%. 9) 60% das compras do ano foram vendidas, no mesmo ano. Lançamentos Contábeis: 1) D – Caixa 840.000 D - Duplicatas a Receber 360.000 C – Vendas 1.200.000 2) D – CMV C – Estoque 400.000 3) D – Depreciação C – Depreciação Acumulada 10.000 4) D – PDD (Fundos) C – Lucros Acumulados 36.000 D – PDD (Despesa) C – PDD (Fundo) 13.800 5) D – Caixa C – Duplicatas a Receber 900.000 6) D – Empréstimo C – Caixa 100.000 7) D – Fornecedores C – Caixa 450.000 8) D – Estoque 700.000 C – Caixa 630.000 C – Fornecedores 70.000 9) D – CMV C – Estoque 420.000

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ATIVO Ano 1 Ano 2 CORRENTE 1.414.000 1.336.200

Disponível 50.000 610.000 Duplicatas a Receber Liquidas 964.000 446.200

Duplicatas a Receber 1.000.000 460.000 - PDD -36.000 -13.800 Estoque 400.000 280.000 Móveis Líquidos 90.000 80.000 Móveis 100.000 100.000 - Depreciação Acumulada -10.000 -20.000 Total 1.504.000 1.416.200 PASSIVO CORRENTE 604.000 124.000 Empréstimo 100.000 - Fornecedores 500.000 120.000 Outras 4.000 4.000 PLC 900.000 1.292.200 Capital 800.000 800.000 Lucros Acumulados 100.000 136.000 Resultado do Ano - 356.200 Total 1.504.000 1.416.200 D R E I Receitas de Vendas 1.200.000 - CMV (820.000) Lucro Bruto 380.000 - Despesas: Depreciação (10.000) PDD (13.800) (23.800) Lucro Líquido 356.200

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Demonstração de Fluxo de Caixa Real (DFC Real)

Saldo Inicial 50.000 Do DREI:

Vendas à vista 840.000 Compra de mercadorias à vista (630.000) 210.000 Do Capital de Giro: Duplicatas a Receber 900.000 Estoque - Empréstimo (100.000) Fornecedores (450.000) 350.000 Caixa Gerado no Período 560.000 Saldo Final 610.000

(5)

Demonstração de Fluxo de Caixa Indireto (DFCI) Saldo Inicial 50.000 Do DREI: Lucro Líquido 356.200

+ Depreciação 10.000 + PDD 13.800 380.000 Do Capital de Giro: Duplicatas a Receber 540.000 Estoque 120.000 Empréstimo (100.000) Fornecedores (380.000) 180.000 Caixa Gerado no Período 560.000 Saldo Final 610.000 Demonstração do Fluxo de Caixa Direto (DFCD)

Saldo Inicial 50.000 Do Capital de Giro: Recebimentos de Clientes 1.740.000 (1) Pagamentos a Fornecedores (1.080.000)(2) Pagamento de Empréstimo (100.000) 560.000 Saldo Final 610.000

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PARTE ll – Análise Comparativa: DFCR x DFCI x DFCD

Inicialmente, objetivando um melhor entendimento dos nossos pontos de vistas, faremos uma análise comparativa entre o DFCR e o DFCI.

DFC Real DFCI Diferença Saldo Inicial 50.000 50.000 -

Do DREI:

Vendas à vista 840.000 - Compra de mercadorias à vista (630.000) -

Caixa Gerado do DRE 210.000 380.000(1)(170.000) Do Capital de Giro: Estoque - 120.000 (120.000) Duplicatas a Receber 900.000 540.000 360.000 Empréstimo (100.000) (100.000) - Fornecedores (450.000) (380.000) (70.000) 350.000 180.000 170.000 Caixa Gerado no Período 560.000 560.000 0 Saldo do Final 610.000 610.000 0

(1) Lucro Líquido 356.200 + Depreciação 10.000 + PDD 13.800 Lucro Líquido Ajustado 380.000

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Explicações das Diferenças: DFCR X DFCI

Do DRE: DFCR DFCI Dif. Fluxo do Período:

Vendas (1) 840.000 1.200.000 (360.000) CMV (2) (630.000) (820.000) 190.000 Caixa Gerado do DRE 210.000 380.000 (170.000)

Do Capital de Giro:

Fluxo do Período Anterior:

(3) Duplicatas a Receber 900.000 540.000 360.000 (4) Estoque - 120.000 (120.000) (5) Empréstimo (100.000) (100.000) - (6) Fornecedores (450.000) (380.000) (70.000) Total 350.000 180.000 170.000 Caixa Gerado nos Períodos 560.000 560.000 - Saldo de Caixa: Inicial 50.000 50.000 - Final 610.000 610.000 -

Explicações Complementares:

(1) - Como o método Indireto – DFCI - usou o lucro ajustado para determinar a entrada de caixa do DRE, o valor de vendas considerado foi então 1.200.000, ou seja, o valor de vendas totais do ano. O DFCR considerou, devidamente, o valor de vendas à vista do ano que foi 840.000. Daí a diferença a menor apresentado pelo DFCR (360.000). (2) O DFCI usou o valor do custo contábil do CMV – 820.000 – contudo

este valor teve a seguinte formação: Comprado em dinheiro 630.000 e 190.000 foi proveniente do Estoque, daí a diferença de 190.000 para o apresentado pelo DFCR.

(3) A diferença entre o saldo de Duplicatas a Receber do ano anterior (1.000.000) e o atual (460.000), isto é 540.000, usada pelo DFCI, não retrata a realidade conforme podemos ver a seguir. Esta diferença foi

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assim constituída: recebimento de Duplicatas a Receber do ano anterior - 900.000 – e vendas a prazo do exercício consideradas como Duplicatas a Receber – 360.000 – perfazendo a diferença de 540.000. Devemos observar que o DFCR usou o valor correto de 900.000.

(4) O DFCI usa, como sempre, valores que não representam a realidade. Quem gera entrada de dinheiro é vendas à vista, estoque não. Esta diferença de 120.000 foi assim formada: do Estoque inicial no valor 400.000, 190.000 foi levado para o CMV. A empresa comprou mercadorias no valor total de 700.000, pagou 630.000, que foi para o CMV e o restante – 70.000 – que foi financiado por Fornecedores foi para o Estoque final, perfazendo o total de 280.000 (400.000-190.000+70.000). Finalmente Estoque inicial – 400.000 – Estoque final – 280.00 = 120.000. Como vimos, não houve nenhuma geração de dinheiro pelo Estoque, portanto, o DFCI está dando informações errôneas.

(5) Por mera coincidência esta operação em dinheiro foi registrada corretamente pelo DFCI, aliás a única de todas as operações ocorridas no nosso exemplo.

(6) Mais uma operação registrada incorretamente pelo DFCI. Esta diferença de 380.000(500.000-120.000) em Fornecedores foi formada deste modo:

Saldo Inicial 500.000 Pagamento do período (450.000) Compra a prazo no período 70.000 120.000

Portanto, o valor a ser listado como movimento de Caixa é 450.000, como fez o DFCR, e não 380.000.

Conclusão:

Conforme vimos, pelos lançamentos contábeis das operações do nosso exemplo, o DFCR apresenta, de forma organizada, para atender as nossas necessidades de informações, todas as operações que, de fato, passaram pelo Caixa (Disponível), portanto, não existe nenhuma

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operação baseada em suposições ou deduções de lógica contábil, como é característica do DFC Indireto e Direto.

É, claramente, o retrato dos fluxos de caixa que foram registrados durante o período em foco (560.000), embora 210.000 tenham sido de operações, deste período, e 350.000 foram provenientes de operações do período anterior. O importante é que entraram no Caixa, no período, 560.000 provenientes das atividades de negócios da empresa, portanto, um recurso saudável que não tem data para devolução, como acontece com os recursos provenientes de financiamentos de longo prazo.

O DFCI, ao contrário do DFCR, apresenta números que não tem nenhum significado, são todos irreais, conforme pudemos demonstrar nas nossas explicações (acima) sobre as diferenças.

Este demonstrativo já começa com um erro grosseiro: lucro líquido ajustado como uma entrada de Caixa.

Nós, professores de contabilidade, de administração financeira, finanças, etc. nos deparamos, sempre, com a pergunta: Pode uma empresa lucrativa ter problemas financeiros e falir? E nos desdobramos para explicar que o lucro de hoje não é igual a caixa. No futuro este lucro, talvez, se realize totalmente como caixa.

E aí vem a Lei 11.638 e adota o DFCI começando como registro de entrada de caixa o Lucro Líquido Ajustado, ou seja, indiretamente afirmando que o lucro é caixa. Isto é um absurdo.

Esta adoção do DFCI só me fez confirmar a impressão que tive quando da publicação da Lei 6.404./76: os legisladores destas leis – 6.404 e 11.638 - são carentes de práticas contábeis.

Os números apresentados por este modelo de caixa – DFCI – não têm a mínima semelhança com a realidade e, por isso, não têm a menor utilidade. É um desperdício de tempo e de papel tratar deles, pois nenhuma decisão acertada, a respeito do futuro de uma empresa, pode ser tomada com base nestes números apurados “com conta de chegar” e, portanto, irreais.

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ANÁLISE COMPARATIVA: DFCR X DFCD

DFC Real DFCD Diferença Saldo Inicial 50.000 50.000 -

Do DREI:

Vendas à vista 840.000 - 840.000 Compra de mercadorias à vista (630.000) - (630.000)

210.000 - 210.000 Do Capital de Giro: Recebimentos de Clientes (1) - 1.740.000 (1.740.000) Pagamento a Fornecedores (2) - (1.080.000) 1.080.000 Duplicatas a Receber 900.000 - 900.000 Estoque - - - Empréstimo (100.000) (100.000) - Fornecedores (450.000) - (450.000) 350.000 560.000 (210.000) Caixa Gerado no Período 560.000 560.000 0 Saldo do Final 610.000 610.000 0 Explicações Complementares:

1) O valor apresentado como Recebimentos de Clientes – 1.740.000 – se refere a todo recebimento do período, não há distinção entre o recebido referente ao ano anterior (900.000) e o do período(840.000), como faz o DFCR.

2) Acontece a mesma coisa em relação ao valor apresentado como Pagamento a Fornecedores (1.080.000). Ou seja, não há distinção entre

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valores pagos do exercício (630.000) e os referentes ao período anterior (450.000)

Conclusão:

Podemos, ainda, observar que embora os valores apresentados pelo DFCD sejam facilmente explicáveis, ao contrário dos apresentados pelo DFCI que são irreais, eles não permitem uma análise mais detalhada do fluxo de caixa, como o faz o DFCD.

Portanto, a adoção dos modelos de fluxo de caixa – DFCI e DFCD – para substituírem o DOAR foi totalmente equivocada, errônea e inexplicável.

PARTE lll – DEMONSTRATIVO DE ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS A apresentação obrigatória do DOAR, no Brasil, passou a ser exigida com o advento da Lei 6.404 – a Nova Lei das S.A. - editada em 15.12.1976.

Originariamente, as empresas americanas denominavam esta demonstração Origens e Usos de Fundos, nome largamente utilizado, principalmente nos estudos de projetos econômicos. Contudo, o Accounting Principles Board Opinion no. 19(Dez de 1970) recomendou que esta demonstração passasse a ser denominada Demonstração das Mudanças na Posição Financeira (Statement of Changes in Financial Position) devido ao conceito amplo utilizado para determinação de fundos. No Brasil, contudo, a denominação de DOAR continuou a mesma.

Somos de opinião que existe uma falta de entendimento completo, por parte dos profissionais que atuam nesta área, do que é e para que serve esta demonstração. Tal inteligibilidade começa pelo seu nome: Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos. Este nome é vago, e, por isso, não diz absolutamente qual é o seu objetivo básico.

O DOAR é uma demonstração que tem por objetivo básico mostrar como o Capital de Giro de uma empresa evoluiu de um período para o outro. Analogamente, da mesma maneira que o DRE demonstra as operações, do

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negócio da empresa, que durante o período aumentaram ou diminuíram o seu patrimônio líquido.

Evidentemente, o DOAR começou a ser elaborado e utilizado na era pré-computador e é por esta razão que a sua elaboração começa com o Lucro Líquido. Ora, elaborado o Balanço Patrimonial e o Demonstrativo de Resultado Econômico (DRE) e sabendo-se que receitas e despesas afetam o Capital de Giro, por que não começar o DOAR com o resultado já apurado pelo DRE? Desta maneira, se evitaria o trabalho dobrado de pesquisar nos registros contábeis, novamente (lembrem-se: as operações não eram digitalizadas). Mas tinha um problema: nem todas as despesas e receitas afetam o capital de giro. Por exemplo, as despesas de depreciação. A solução encontrada foi colocar o Lucro Líquido e estornar dele as receitas e despesas que não alteram o capital de giro. Exemplo clássico:

D O A R

Lucro Líquido 10.000 + Depreciação 2.000 Fundo proveniente das atividades operacionais 12.000

Esta forma clássica de elaboração, do DOAR, significa que o fundo gerado, pelas atividades operacionais, que foi incorporado ao capital de giro da empresa, no período, foi de 12.000, supondo-se que houve uma despesa de depreciação de 2.000 no cálculo do lucro líquido.

Esta solução, embora inteligente, gerou muita discussão, muitos trabalhos e gasto de papel para explicar que a depreciação não gera fundo como parece, à primeira vista, pelo modelo de elaboração acima.

Naquele contexto, em que o registro das operações não era digitalizado, este modelo do DOAR era perfeitamente aceitável, apesar das enormes dificuldades que apresentava e ainda apresenta:

a) A elaboração do modelo atual do DOAR exige conhecimentos profundos de Contabilidade. É tamanha a dificuldade para a sua elaboração que, de uma maneira geral, as empresas que contam com empresa de auditoria

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externa, delegam (ou delegavam) a elaboração anual do DOAR para elas. E é esta a razão porque as empresas não apresentam esta demonstração mensalmente e, com isso, deixam de contar com um excelente instrumento de acompanhamento da posição financeira da empresa.

b) Para que o computador produza o DOAR, repetindo o modelo manual ou mecânico, precisa de um programa cuja elaboração exige, do programador, conhecimentos aprofundados de Contabilidade e, ainda, que este profissional seja orientado por um contador extremamente competente. Esta é a razão porque praticamente não existem programas de contabilidade incluindo o DOAR e os que existem (que conheci) não conseguem apresentar as operações, desta demonstração, corretamente.

Esta constatação nos levou a desenvolver, juntamente com a MULTMEDIA DESIGN STUDIO Sérgio Mariz – o Selftest Contábil – software que a partir do lançamento contábil gera, automaticamente, todas as demonstrações financeiras atuais – Demonstração da Posição Financeira, Demonstração do Resultado Econômico, Demonstração das Mutações Financeiras, Demonstração do Fluxo de Caixa e, inclusive, a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), todas totalmente corretas. Este software foi desenvolvido para o ensino de contabilidade. (Se você é professor de contabilidade e tiver interesse no Selftest Contábil entre em contato com o Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira: Fones – (21) 99998-8672 e 2249-4437).

c) O modelo atual do DOAR apresenta enormes dificuldades para ser ensinado e ser aprendido, a consequência disto é que a maioria esmagadora dos profissionais, responsáveis pela Contabilidade da empresa, não sabe como fazê-lo e não tem uma ideia exata para que serve este modelo.

Contudo, com a chegada e evolução da informática que permitiu a digitalização das operações contábeis e possibilitou que a elaboração da DOAR fosse feita através de cada operação que efetivamente modifique o capital de giro, nova forma de elaboração, mais perfeita, que possibilite uma análise mais refinada das mudanças no capital de giro deverá ser adotada, conforme sugeri no meu livro “Contabilidade Digital é Mais Fácil” – Capítulo 8 – Contabilidade Digital.

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Para melhor esclarecimento e entendimento, vejamos o DOAR elaborado com os dados do exemplo, deste nosso trabalho, nos modelos Pré-Computador e Pós-Pré-Computador:

DOAR (Pré-Computador)

Lucro Líquido do período 356.200 + Depreciação 10.000 + Estorno do PDD 36.000 Fundos provenientes das atividades operacionais 402.200 Variação do Capital de Giro

Saldo: Inicial 810.000

Final 1.212.200 402.200

DOAR (Pós-Computador) Do DRE:

Fundos provenientes das atividades operacionais (1) 402.200 Variação do Capital de Giro

Saldo: Inicial 810.000

Final 1.212.200 402.200

(1) Este é o valor que apareceria no DOAR como fundos provenientes das atividades operacionais.

As contas a seguir que resultaram no valor de 402.200 são um exemplo de instruções introduzidas num programa de computador para calcular o total dos fundos, gerado pelo DRE, proveniente das atividades operacionais. Desta maneira, só colocamos o valor do fundo proveniente

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do DRE porque, estas contas constam do DRE e seria uma repetição se as colocássemos no DOAR. Do DRE: Vendas 1.200.000 - CMV (820.000) PDD: Estorno 36.000 Do período (13.800) 22.200 Fundos provenientes das operações 402.200 Variação do Capital de Giro

Saldo: Inicial 810.000

Final 1.212.200 402.200

De fato, a única diferença notável, neste nosso exemplo, entre os modelos pré e pós-computador é a depreciação no valor de 10.000. Contudo ela é determinante entre um modelo e o outro.

No modelo pré-computador ela aparece duas vezes, corretamente como despesa no DRE e, também corretamente, como estorno no DOAR, já que esta despesa não afeta o capital de giro, mas o permanente. No entanto, no modelo pós-computador, ela não aparece nenhuma vez. Primeiro porque o programa do computador está instruído para considerar somente as operações que afetem o capital de giro e, segundo, porque a despesa de depreciação, como já sabemos, não provoca mudanças no capital de giro. De imediato vemos duas grandes vantagens do modelo pós-computador sobre o pré: 1) Como no modelo pós não aparece o estorno da depreciação, não haverá possibilidade de se cometer este erro de considerar a depreciação como fato gerador de recursos financeiros. 2) Listar somente

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as operações que afetam o capital de giro, como faz o modelo pós-computador, torna a elaboração do DOAR mais fácil e a interpretação do que ocorreu na mudança do capital de giro, mais fácil ainda.

Começar a elaboração do DOAR com o lucro líquido, como faz o modelo pré, e depois estornar ou acrescentar valores para extrair o montante que realmente alterou o capital de giro é um tanto complicado e muito trabalhoso.

No modelo pós-computador elaboramos um programa de contabilidade com todas as informações possíveis sobre as transações que afetam o capital giro e a forma de apresentação que achamos necessária para a nossa análise e só, o computador faz o resto.

PARTE lV – Análise Comparativa: DOAR x DFCR

Já fizemos as devidas comparações entre o DFCR e os DFCI e DFCD e chegamos à conclusão que o DFCI é, no mínimo, uma farsa contábil, uma demonstração que apresenta números pretensiosos e errôneos, sem a mínima verossimilhança com a realidade das mudanças que ocorrem no capital giro.

O DFCD apresenta números do interesse do tesoureiro: ele quer saber quanto recebeu e quanto pagou num determinado período, não importa se se o valor recebido ou pago se refere às operações do passado ou do presente.

Por outro lado o DFCR apresenta os valores monetários que afetaram o capital de giro, inclusive o total recebido ou pago no exercício subdividido em valores do passado e do presente.

Portanto, o DFCR é o demonstrativo de fluxo de caixa que nos permite observar e analisar o que aconteceu e o que vai acontecer com o capital de giro da empresa. Desta maneira, só o DFCR é válido para uma comparação com o DOAR.

Conforme vimos o DOAR, no seu modelo de elaboração pré-computador, é muito complicado e amplia as chances de profissionais não especialistas em contabilidade a cometerem muitos erros de avaliação e interpretação

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da situação financeira da empresa. Contudo, conforme vimos, a digitalização das operações contábeis proporcionam a elaboração de um DOAR que é muito mais fácil de ser elaborado, analisado e interpretado. E que fez a Lei 11.638? Abandonou o DOAR e adotou a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) com o modelo problemático de elaboração pré-computador. Dá para entender? Não dá.

Poderia se admitir que ela substituísse o DOAR por um modelo que fosse mais fácil de ser elaborado, analisado e interpretado, mas não pelo DFC que é muito mais complicado de ser elaborado, interpretado e analisado.

Tenho sempre a impressão de que quem determina as normas e procedimentos contábeis são os financistas (Economistas, Engenheiros, Matemáticos, Estatísticos, etc., que atuam em áreas onde a informação contábil é fundamental: Administração Financeira, Mercado de Capitais, etc.) porque sempre percebo que são confusas as normas a respeito dos aspectos econômicos e financeiros das operações contábeis. Esta confusão, creio eu, é originada de uma falta de conhecimento aprofundado de contabilidade, natural entre os financistas. Na realidade, eles não gostam de contabilidade e até mesmo a desprezam. E, por isso, pagam um preço enorme: nunca vão conhecê-la profundamente.

Conforme vimos, o importante para a saúde financeira da empresa é o aspecto financeiro de suas operações. Contudo, os financistas mais uma vez começaram a confundir “alhos com bugalhos”, isto é, financeiro com monetário, e começaram a afirmar coisas absurdas, como: o importante é o Caixa, o Caixa é Rei e, assim por diante.

Em função disso, a Lei 11.638 sugeriu que as empresas de capital aberto publiquem o Demonstrativo de Caixa em detrimento do Demonstrativo de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) e isto é um absurdo como veremos a seguir.

Quando estudamos Fundos de Investimentos, aprendemos que a rentabilidade passada, de um fundo, não diz muita coisa sobre a sua rentabilidade futura. Quando estudamos análise de balanço das empresas,

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aprendemos, também, que a sua rentabilidade não é um indicador seguro dos seus resultados econômicos futuros.

O que então aprenderemos a respeito do Fluxo de Caixa do período passado para utilizar na sua projeção futura ou compreender o que vai acontecer com a liquidez da empresa no futuro? Praticamente nada, por isso não vejo nenhuma vantagem na apresentação do Demonstrativo do Fluxo de Caixa. Aliás, muito pelo contrário, o DOAR é muito mais útil para a análise e decisão a respeito da situação de liquidez da empresa a curto prazo porque demonstra como o Capital de Giro foi modificado, durante o exercício findo, e permite uma visão sobre a capacidade da empresa para o próximo período.

O Capital de Giro, como engloba as contas do ativo e passivo corrente – conjunto de contas, inclusive o Caixa, que têm um significativo relacionamento entre elas – é, sem sombra de dúvidas, a demonstração financeira mais importante para a administração financeira da empresa. O administrador financeiro só estará apto e seguro para tomar decisões a respeito da situação financeira da empresa, se tiver respostas para as três mais importantes questões financeiras da empresa:

1) Quanto temos no disponível?

2) Quanto temos a receber no curto prazo? 3) Quanto temos a pagar no curto prazo?

E onde encontrar estas respostas? No Fluxo de Caixa do exercício que passou´? É claro que não. Quem nos dá estas respostas é o DOAR.

Na realidade, a evidência empírica nos mostra que o caixa tem cada vez menos importância no mundo globalizado, particularmente, após o advento da Internet.

A economia mundial estava apresentando um ritmo de desenvolvimento, pelo menos de 2000 até 2007, talvez sem precedentes na história da economia mundial, quando entrou em crise. Qual foi um dos principais motivos deste desenvolvimento, se não o principal? Foi o desenvolvimento do crédito imobiliário nos EUA, afirmam os economistas mais talentosos e

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experientes. E qual foi o motivo da nova crise da economia mundial? A crise do crédito imobiliário (subprimes) americano, o mesmo que foi responsável pelo grande desenvolvimento recente da economia mundial.

Portanto, afirmar que o caixa é Rei agride o nosso bom senso e inteligência, evidentemente.

Podemos concluir afirmando que no mundo atual, globalizado e wireless, quem é Rei é o crédito, e o caixa e, no máximo, um príncipe adorado.

CONCLUSÃO GERAL E FINAL

A conclusão mais geral que chegamos é que a contabilidade brasileira está atrasada tecnologicamente, isto é, está usando o computador como uma máquina de escrever.

Em relação à Demonstração do Fluxo de Caixa, por que a Lei 11.638 sugere o modelo Indireto, que é exatamente o modelo de elaboração do DOAR na era pré-computador, o mais complicado e o que jamais registrará o movimento real do fluxo de caixa do período? É incrível, não dá para entender. Quem são os responsáveis por esta aberração contábil?

É mais difícil ainda de entender quando sabemos, por experiência própria, que o Demonstrativo do Fluxo de Caixa Real, isto é, aquele elaborado através da listagem das operações de caixa diretamente, é a demonstração contábil mais fácil de ser elaborada, digitalmente. Por que a Lei 11.638 não sugeriu o DFCR? Será que esta Lei está sugerindo dificuldade para vender facilidade? Será que o objetivo é criar mais empregos para os contadores? Realmente, não tenho a menor ideia sobre esta sugestão tão estapafúrdia. E o pior é que não vejo nenhuma contestação desta aberração, muito pelo contrário, tenho visto e lido alguns livros dedicando capítulos à explicação destas demonstrações inexplicáveis. Na realidade vejo estes modelos de demonstrações de caixa – direto e indireto - como se a própria empresa precisasse fazer deduções contábeis para chegar ao valor monetário real. Isto é uma maluquice.

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Para acabar com este “samba do crioulo doido” basta sugerir que as empresas apresentem a Demonstração do Fluxo de Caixa Real e o resto, é resto.

Outro problema da nossa contabilidade que demonstra claramente o atraso tecnológico da nossa contabilidade é o Balancete que pressupõe a apuração de resultados econômicos, periodicamente.

Não é mais admissível que vivamos num mundo altamente tecnológico e ainda usemos o balancete. Esta demonstração foi uma solução brilhante na era pré-computador, mas atualmente deve ser, o mais rápido possível, aposentada e enviada para um museu.

A tecnologia está aí, todas operações contábeis são registradas digitalmente e, portanto, podemos e devemos apurar resultados econômicos instantaneamente. E fazendo desta maneira, os resultados econômicos se tornam mais fáceis de serem apurados, entendidos e interpretados.

É difícil entender porque esta solução tão vantajosa, inclusive porque reduz custos, não foi ainda sugerida vigorosamente pelos legisladores da contabilidade.

E, finalmente, acho que os processos contábeis atuais precisam sofrer uma revisão completa, visando atualizá-los, adaptando-os aos registros das operações contábeis digitalizadas.

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